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Departamento Jurídico Sector Jurídico e de Contencioso

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CP 20/2010 SJC

Assunto: Cessão de créditos – emolumentos – actualidade da doutrina expendida no parecer proferido no âmbito do P.º CP20/2010 SJC-CT -

1. A Sr.ª Conservadora ...., vem solicitar a apreciação destes serviços relativamente às seguintes questões:

a) Começa por questionar se, apesar da recente revisão do Regulamento Emolumentar dos Registos e do Notariado (de ora em diante designado abreviadamente por RERN), operada pelo Decreto-lei n.º 99/2010, de 2 de Setembro, deve manter-se a doutrina expendida no parecer proferido no âmbito do P.º CP 20/2010 SJC-CT e aplicar-se aos registos de transmissão de créditos, tratando-se de prédios urbanos, o emolumento previsto no n.º 2.12 do artigo 21.º do Regulamento tantas vezes quantos os créditos/as hipotecas transmitido(a)s;

b) Ou se, ao invés, estará correcta a interpretação, efectuada por alguns serviços de registo, no sentido de que a transmissão de créditos garantidos por hipoteca dá lugar à liquidação do emolumento previsto no mencionado 2.12 apenas uma vez, acrescendo o emolumento previsto no 3.2.21 por cada prédio para além do segundo, sujeitando o acto ao limite emolumentar previsto no n.º 1.2 do referido artigo 21.º;

c) Solicita ainda resposta para a questão de saber se, em qualquer das situações – descritas em a) e b) – será de aplicar aos registos de transmissão de vários créditos/hipotecas, titulados num mesmo documento, o limite previsto no n.º 1.2 do artigo 21.º do RERN.

Termina a exposição fazendo ressaltar a necessidade de divulgar a apreciação que sobre as presentes questões for efectuada, junto dos demais serviços de registo, por forma a que se alcance uma uniformidade de procedimentos no que concerne ao tratamento desta matéria na perspectiva emolumentar.

1

Supomos que a indicação deste normativo pode advir de mero lapso porquanto o mesmo prevê um

acréscimo ao emolumento previsto para os actos de alteração ou de modificação dos factos a que se

refere a verba 2.15 – que são a constituição da propriedade horizontal, do direito real de habitação

periódica, de empreendimentos turísticos e de operações de transformação fundiária, que obviamente

nada têm a ver com a matéria aqui em tabela -, lavrados por inscrição ou por averbamento previsto no

(2)

2. Enunciado o problema de forma sumária, cumpre informar.

Uma vez que está em causa a “actualidade“ da doutrina expendida no parecer proferido no P.º CP20/2010 SJC-CT, por comodidade e rigor na exposição, acompanharemos de perto a fundamentação ali assente, confrontando-a com as alterações que ao RERN foram introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 99/2010, de 2 de Setembro, na perspectiva de assim podermos dar resposta ao que nos foi solicitado.

Ali começou por considerar-se oportuno fazer uma observação sobre os termos da formulação da consulta que deu origem ao citado parecer e que, a propósito da então mencionada escritura de cessão de créditos, referia que se mostrava necessário alterar o nome do credor hipotecário inscrito. E aí se disse, a este propósito, o seguinte:

“(…) as questões surgem, não exactamente por causa da simples alteração do nome, que pode ocorrer independentemente de qualquer transmissão do referido crédito, bastando para tal que se mantenha a identidade do respectivo credor hipotecário inscrito que, não obstante a eventual mudança de firma, por alteração do contrato ou dos estatutos, continua a ser o mesmo ente social, a mesma pessoa jurídica, não determinando a referida alteração nenhuma transmissão dos direitos inscritos a seu favor, antes dando causa à actualização da inscrição correspondente – prevista no n.º 1 do artigo 100.º do Código do Registo Predial e a efectivar por averbamento, nos termos do n.º 4 do mesmo preceito -, o qual encontra assento emolumentar, isento de dúvidas, no n.º 3 do artigo 21.º do RERN (€ 100) - a menos que o averbamento em causa haja sido promovido por via electrónica, caso em que, nos termos previstos no n.º 27 do art.º 28.º do RERN, beneficiará da redução emolumentar de 20% -, desde que a inscrição em causa não diga respeito apenas a prédios rústicos, caso em que o emolumento a cobrar, por força do n.º 2.14 do mesmo art.º 21.º, é de € 50, emolumento este que é o devido pelos pedidos de registo de quaisquer factos relativos somente a prédios daquela natureza, registados por inscrição, subinscrição ou averbamento à inscrição.”.

Actualmente, a tributação do averbamento à inscrição faz-se pelo mesmo valor (100€) embora por via da aplicação do n.º 3.2 do artigo 21.º do RERN, beneficiando da mesma redução emolumentar sempre que o acto seja requerido por via electrónica.

n.º 1 do artigo 101.º do Código do Registo Predial, no montante de 25€ por cada descrição subordinada,

(3)

Por sua vez, a tributação dos prédios rústicos está também agora prevista no nosso Regulamento de forma diversa, aplicando-se a redução de 60% sobre o valor dos emolumentos previstos no citado artigo 21.º sempre que o facto respeite apenas a prédios rústicos de valor global inferior a 25 000€ (cfr. artigo 28.º, n.º 33)2.

Prossegue o aludido parecer dando conta de que:

“3- Esta autonomização das noções de simples averbamento à inscrição e de subinscrição a que andam associados tratamentos igualmente diversos, do ponto de vista jurídico, e, consequentemente, do emolumentar, só pode significar que tais conceitos já não se ficam apenas pela sua relevância doutrinal – área onde tiveram a sua génese – tendo antes alcançado alguma sorte de projecção normativa.

Assim, sem prejuízo de técnica e tabularmente se apresentarem como normais averbamentos às inscrições, as designadas subinscrições são, substancialmente, inscrições, mediante as quais se definem determinadas situações jurídicas sujeitas por lei a registo, tal como resulta do texto legal (art.º 91.º, n.º 1, do C.R.P.) que, ao referir-se às inscrições, lhes comete o objectivo de definir a situação jurídica dos prédios, mediante extracto dos factos a eles referentes, dispondo ainda (no número 2 seguinte) que as mesmas só podem ser lavradas com referência a descrições genéricas ou subordinadas, às quais, por seu turno, incumbe, nos termos legais (art.º 79.º, n.º 1, do C.R.P.), a identificação física, económica e fiscal dos prédios.

É, pois, mediante esta interligação da descrição à inscrição ou inscrições sobre ela eventualmente incidentes que o registo predial fica habilitado a publicitar, como, por lei, é seu objectivo, a situação jurídica dos prédios identificados nas tábuas. Quando, excepcionalmente, a lei

2

Sobre o regime de tributação de prédios rústicos versou a orientação dos serviços, sobre a qual recaiu

despacho de concordância do Sr. Presidente, em 30.09.2010 e no âmbito da qual se assentou que: “Os

emolumentos devidos pelo registo de factos respeitantes a prédios rústicos de valor inferior a 25 000€

são reduzidos em 60%. Trata-se de uma redução emolumentar determinada por razões económicas e

sociais. Se o registo incidir sobre prédio ou prédios rústicos subsumidos ao aludido valor e a solicitação

do registo for por via electrónica, duas reduções emolumentares concorrem entre si: a prevista no artigo

28.º, verba 33, e a prevista nas verbas 26 e 27 do mesmo artigo. Neste caso apenas é aplicável a mais

favorável, conforme decorre do artigo 7.º, n.º 2, do Decreto-Lei n.º 322-A/2001, de 14.12, isto é, a

redução é de 60%. Se o facto respeitar a um prédio ou a uma pluralidade de prédios cujo valor global

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permite que a notícia da situação jurídica do prédio seja publicitada não por via da inscrição – em princípio a idónea para o efeito -, mas por averbamento a uma inscrição preexistente, deparamos com uma figura híbrida, cuja natureza é a da inscrição e a forma é a do averbamento.3

Neste sentido, têm-se pronunciado alguns autores para os quais o comando legal se apresenta simultaneamente como norma excepcional, do ponto de vista da inscrição, e como norma especial, do ponto de vista do averbamento. Visão que, face ao nosso direito registral, parece revelar-se como adequada, já que, em regra, os prédios se descrevem e os direitos se inscrevem, sendo, portanto, na inscrição que, em princípio, deverá ser publicada a situação jurídica dos prédios.4

seja igual ou superior a 25 000€ não haverá já aplicação do benefício que decorra do valor do prédio ou

prédios, mas apenas o que decorre do meio electrónico usado. (…)”.

3 “Citando Rocheta Gomes, refere Mouteira Guerreiro, in “Noções de Direito Registral”, a págs. 230, que as

subinscrições, que substancialmente são inscrições que “de averbamento só têm o hábito (…) são verdadeiras figuras híbridas com a natureza de inscrição e a forma de averbamento, (…) são, por assim dizer, inscrições satélites, inscrições subordinadas a outras inscrições.”.

Por seu turno, Catarino Nunes, no seu “Código do Registo Predial Anotado”, de 1967, diz, em comentário ao artigo 192.º, correspondente ao actual artigo 101.º, que “Os direitos definem-se, do ponto de vista tabular, por inscrição ou por averbamento. Por inscrição, se incidem directamente sobre os bens; por averbamento se sobre direitos. Todas as situações que se traduzem em direitos sobre direitos são levados aos livros através de averbamento (subinscrição, como regra normal).”.

Já Gama Vieira, in “ Código do Registo Predial”, de 1967, referia, a pág. 181, em comentário ao mesmo artigo 192.º, que é ”Normalmente pela inscrição que se define a situação jurídica dos prédios descritos, se assentam e se dá publicidade aos factos sujeitos a registo referentes ao mesmo prédio. Todavia, neste artigo 192.º o legislador afastou-se de tal regra e expressamente preceituou o registo dos factos na mesma disposição mencionados por meio de averbamento às respectivas inscrições, averbamentos estes geralmente conhecidos por subinscrições. Os averbamentos enumerados no art.º 192.º devem satisfazer não só os requisitos gerais especiais do art.º 200.º, mas também, na parte aplicável aos especiais do art.º 182.º.”.

4 “Afirma, a este respeito, Mouteira Guerreiro, in ob. cit., que os casos de subinscrição (averbamentos especiais),

apesar de já terem alguma tradição no nosso direito, não são, nem nunca foram, coincidentes com os direitos sobre direitos, como pretendia Catarino Nunes, defendendo ainda que a aludida excepcionalidade da norma do art.º 101.º do C.R.P. – sujeita à epígrafe de “Averbamentos especiais” – que apenas se perspectiva do ponto de vista da inscrição, não irá colidir com a possível aplicabilidade da figura de subinscrição a algum caso em tudo semelhante a alguma das alíneas do n.º 1. As subinscrições não constituem, em seu entender, casos individuais ou exclusivos, pelo que “poderá, assim (dentro da alínea), haver interpretação analógica.”.

(5)

Assumindo a subinscrição, deste modo, uma verdadeira natureza de inscrição, também a lei admite que ela possa ter um ingresso tabular provisório. Trata-se, aliás, do único caso, conforme resulta do disposto no n.º 3 do citado artigo 101.º, em que o averbamento pode ser lavrado provisoriamente.

Assim, as ditas subinscrições elencadas nas diversas alíneas do n.º 1 daquele artigo podem, nos termos do disposto no n.º 3, ser sempre registados provisoriamente por dúvidas e provisoriamente por natureza 5 “… os averbamentos de factos constantes do mesmo número que

tenham de revestir esse carácter quando registados por inscrição.”.

Por sua vez, os outros averbamentos especiais, que, todavia, não se enquadram no conceito de subinscrição, encontraram o seu lugar nas diversas alíneas do n.º 2 do preceito em causa.

E a diferenciação entre uns e outros dos referidos averbamentos especiais reflecte-se também no âmbito dos requisitos a observar na respectiva feitura, de tal sorte que aqueles que correspondem a inscrições – as faladas subinscrições identificadas nas várias alíneas do citado n.º 1 - devem conter não apenas os requisitos gerais estabelecidos no artigo 102.º, mas também os requisitos fixados no n.º 1 do artigo 95.º (requisitos especiais das inscrições), na parte aplicável (n.º 1 do art.º 102.º, C.R.P.).

3.1 - Entre as aludidas subinscrições conta-se, na alínea b) do n.º 1 do citado artigo 101.º do Código do Registo Predial, a transmissão e o usufruto dos créditos garantidos por hipoteca, isto porque, em geral, e de acordo com o disposto no artigo 582.º do Código Civil, a cessão do crédito implica a transmissão da garantia e é esta que há-de ter tradução no registo, por averbamento.

3.2 - A figura jurídica da cessão de créditos acha-se prevista nos artigos 577.º e segs. do

Código Civil, e consiste numa forma de transmissão do crédito que se efectiva por meio de um negócio jurídico, habitualmente um contrato celebrado entre o credor e o terceiro. Como resulta do citado art.º

5 “Trata-se de uma inovação introduzida pelo actual Código do Registo Predial, já que no anterior Código de 1967,

assim como no precedente de 1959, as referenciadas subinscrições só podiam ser lavradas como provisórias por dúvidas, quando, a terem de ser lavradas por inscrição, devessem assumir esse carácter.”

(6)

577.º não se exige, para a cessão de créditos, o consentimento do devedor, a quem não é demandada a prestação de qualquer colaboração em vista da ocorrência de tal cessão. O crédito configura, de facto, uma situação jurídica susceptível de transmissão negocial, sem que para isso o devedor tenha que outorgar ou colaborar de algum modo no negócio transmissivo.

A cessão de créditos processa-se por intermédio de um negócio jurídico que leve a efeito a transmissão da totalidade ou parte do crédito – negócio que pode consistir numa compra e venda, numa doação, numa sociedade, numa dação em cumprimento ou num acto de constituição de garantia. A cessão de créditos apresenta-se, assim, como um efeito desse mesmo negócio, no qual se integra. Por isso é que a lei determina expressamente que os requisitos e efeitos da cessão entre as partes se definem em função do tipo de negócio que lhe serve de base, nos termos do qual, seja oneroso ou gratuito, é garantida pelo cedente ao cessionário a existência e a exigibilidade do crédito, ao tempo da cessão. Será, pois, através do negócio-base que se irá determinar qual a forma e o regime aplicável à cessão de créditos.

Quando os créditos a que a cessão respeite estejam garantidos por hipoteca, a lei exige (n.º 2 do art.º 578.º, C.C.), quando não se mostre feita em testamento, que a mesma necessariamente conste de escritura pública ou documento particular autenticado. Exigência esta que se explica não só pela transmissão da hipoteca, como acessório do crédito, mas também pela necessidade do registo desta para que produza efeitos, mesmo entre as partes (art.º 687.º, C.C.).

Normalmente, o negócio jurídico que serve de base à cessão será um contrato, para cuja formação se mostram necessárias as declarações negociais do cedente e do cessionário, o que não invalida que a cessão de créditos possa resultar de negócio jurídico unilateral, nas situações em que este é admitido, como sucede quando a lei expressamente o prevê no caso do testamento que, como é sabido, é um negócio jurídico unilateral “mortis causa.

O negócio que serve de base à cessão é sempre causal, o que significa que a cessão de créditos não constitui uma forma de transmissão abstracta do crédito. Conclusão esta que decorre não só da remissão efectuada pelo n.º 1 do artigo 578.º para o tipo negocial que lhe serve de base, pelo qual se molda o regime da cessão de créditos, mas também do teor do art.º 585.º quando, ao permitir ao devedor opor ao cessionário todas as excepções de que dispunha contra o cedente, conduz a que a posição jurídica obtida pelo cessionário através do negócio transmissivo seja delimitada pela posição jurídica inicial do cedente.

(7)

4 - Considerações todas estas que desaguam na ideia de que, sendo o imediato objecto

registral não o crédito cedido mas a garantia hipotecária que lhe está associada (como expressamente resulta do citado artigo 582.º, n.º 1, do Código Civil :“… a cessão do crédito importa a transmissão para o cessionário das garantias e outros acessórios do direito transmitido, que não sejam inseparáveis da pessoa do cedente.”), a aludida unidade negocial da cessão de créditos não permite concluir que esta cessão constitua, por si própria, um facto único sujeito a registo.

Isto porque essa unidade, fundada, ao que se supõe, num mesmo título (uma só escritura) e na igual identidade dos respectivos contratantes (cedentes dos créditos transaccionados e respectivos cessionários), desconsidera, tendo-a por irrelevante, a diversidade de objectos, esquecendo que estes não são, à semelhança dos prédios, meras entidades materiais, antes consistem em verdadeiros direitos (de crédito), cuja importância para o registo decorre da garantia real – hipoteca – que lhes anda associada e que, no seu todo, consubstancia uma unidade inscritiva, sujeita ao princípio da especialidade. Não pode, por esta razão, vir a garantir outra obrigação, nem ser ampliada ou modificada quer quanto ao capital quer quanto aos fundamentos, a não ser mediante nova inscrição, o que, de resto, se conjuga com a disciplina própria da cessão de créditos segundo a qual a posição jurídica adquirida pelo cessionário através do negócio de transmissão é delimitada pela posição jurídica inicial do cedente – que assim a distingue na sua singularidade de facto autónomo sujeito a registo.

Não podem, destarte, as diversas e distintas inscrições hipotecárias que garantem os créditos cedidos ser consideradas como o mesmo facto sujeito a registo; consequentemente também o averbamento de transmissão de tais créditos não pode consubstanciar um mesmo e único facto que a todas abranja, por forma a que, nos termos previstos no artigo 13.º do RERN, esses averbamentos – subinscrições – a efectuar a inscrições diferentes, porventura lavradas em fichas diversas, possam ser consideradas um acto único, para efeitos emolumentares. No mesmo sentido milita, aliás, a própria letra do artigo 102.º, n.º 1, alíneas a) e b), quando se ocupa dos elementos que devem constar dos averbamentos. (sublinhado nosso)

(8)

4.1 – Igualmente, não nos parece possível encarar aqui uma qualquer outra solução que

passe, por exemplo, pelo recurso à ideia, por demais invocada, do escalpelizado conceito de processo de registo, tendo em vista a cobrança de um emolumento único, através da eventual conexão dos actos de registo envolvidos.

Não se verificam aqui, a nosso ver, os requisitos de que legalmente depende a sua perfilhação – desde logo, porque não se verifica a existência de um facto principal, relativamente ao qual os demais possam ser havidos como decorrentes e conexos, a justificar a cobrança de um emolumento único.

Mas, mesmo que tal fosse de admitir, o previsto regime não seria de aplicar na situação em apreço, porquanto a interpretação vigente a este propósito, veiculada que foi pelo Despacho do PIRN n.º 74/2008, de 18 de Julho, vai no sentido da exclusão do mesmo das chamadas subinscrições, como expressamente decorre do n.º 4 do ponto 1, cujo teor nos permitimos transcrever na parte que, para o efeito, apresenta interesse : “ … devem sempre considerar-se incluídos no emolumento único a cobrar pelo pedido de registo, por decorrência ou conexão … a abertura de descrições genéricas e/ou subordinadas, os averbamentos à descrição e os averbamentos de cancelamento de hipoteca ou outros averbamentos às inscrições, desde que, neste último caso, não se tratem de subinscrições.” (Sublinhados nossos).

Até aqui, e com excepção das observações que acima deixamos escritas, verificamos que o entendimento que resulta do transcrito parecer mantém, no essencial, plena actualidade.

Não podem as diversas e distintas inscrições hipotecárias que garantem os créditos cedidos ser consideradas como o mesmo facto sujeito a registo; consequentemente também o averbamento de transmissão de tais créditos não pode consubstanciar um mesmo e único facto que a todas abranja, por forma a que, nos termos previstos no artigo 13.º do RERN, essas subinscrições – a efectuar a inscrições diferentes -, porventura lavradas em fichas diversas, sejam consideradas um acto único, para efeitos emolumentares.

(9)

Serão tantos os factos consoante as hipotecas cujos créditos foram cedidos, e por cada um deles haverá de cobrar-se o emolumento previsto no n.º 2.12 do artigo 21.º do RERN6.

Por outro lado, hoje não tem qualquer pertinência sequer invocar o conceito de conexão ou decorrência de vários actos incluídos “num mesmo processo registral”, em que assentava o RERN, na redacção que lhe foi dada pelo Decreto-lei n.º 116/2008, de 4 de Julho e que veio a ser abandonada pelo Decreto-lei n.º 99/2010, de 2 de Setembro, em favorecimento de uma ideia de densificação do princípio da proporcionalidade

Por outro lado, no aludido parecer deixou-se ainda escrito que:

“5 – (…) no que concerne ao número de prédios abrangido por cada uma das hipotecas e,

como corolário, por cada uma das cessões de créditos, tal facto nenhuma repercussão há-de ter no montante do emolumento a cobrar, uma vez que, face ao disposto no citado art. 13.º, desde que se trate do registo do mesmo facto, são considerados como um acto único, para efeitos emolumentares, as inscrições ou averbamentos a inscrições lavrados em fichas diversas, sendo certo que esse acto único já não sofre hoje o agravamento que antes decorria do n.º 2.9 do artigo 21.º do RERN, uma vez que o sistema de tributação, introduzido pelo Decreto-Lei n.º 116/2008, de 4 de Julho, por força da Declaração de Rectificação n.º 46/2008, de 25/08/2008, deixou de levar em conta o número de prédios sobre os quais cada facto é registado, cobrando-se, portanto, o mesmo quantitativo, independentemente do número de prédios contido no pedido.”

Ora, nesta parte o entendimento ali fixado não pode deixar de ter-se por ultrapassado, em face das recentes alterações ao nosso regulamento emolumentar.

Com efeito, e conforme ressalta do preâmbulo do referido Decreto-lei, subjacente a esta última alteração do nosso Regulamento Emolumentar esteve a necessidade de o actualizar “em função da modernização em curso do sistema de registos português [...] ajustando-o aos custos decorrentes dos serviços efectivamente prestados“, e de consolidar a regra da proporcionalidade “enquanto princípio estruturante“ do RERN“

6

Sujeito à redução prevista no n.º 27 do artigo 28.º do RERN se forem requeridos por via electrónica ou

à redução consagrada no n.º 33 do artigo 28.º se respeitarem apenas a prédios rústicos cujo valor global

seja inferior a 25000€.

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Donde ao emolumento único preconizado no artigo 21.º, n.º 1 do RERN podem acrescer agora outras quantias, designadamente as previstas no n.º 1.1 e 1.2.

Termos em que por força da al. a) do n.º 1.1 do artigo 21.º acrescem à conta do acto de que dependem, na sequência da aludida densificação do princípio da proporcionalidade, os emolumentos devidos em função do n.º de prédios abrangidos pelo facto.

Estabelecendo aquele n.º 1.2 que “o facto que respeite a diversos prédios é cobrado por inteiro relativamente ao primeiro, acrescido de €50 por cada prédio a mais para além do segundo, até ao limite de €50007“.

Pelo que por um averbamento de transmissão de crédito garantido por hipoteca que abranja, por exemplo, 20 prédios, haverá que cobrar o emolumento previsto no artigo 21.º 2.12 com o acréscimo previsto no n.º 1.2 do mesmo artigo.

Sendo certo que sendo cedidos créditos garantidos por hipotecas distintas, registadas a coberto de inscrições diversas, haverá de proceder-se a tantos averbamentos quantas as inscrições em causa, sendo que por cada um deles se cobrará a verba prevista no n.º 2.12 do artigo 21.º do RERN, a que pode acrescer, por cada averbamento, o emolumento previsto no n.º 1.2 do mesmo artigo, sempre que este abranja 3 ou mais prédios.

7

Sobre os limites ao valor a cobrar pelo registo de factos respeitantes a uma pluralidade de prédios

versou a orientação dos serviços sobre a qual recaiu despacho de concordância do Sr. Presidente em

30.09.2010. Aí se firmou, sobre esta matéria, o seguinte entendimento: “São várias as normas que fixam

limites ao valor a cobrar pelo registo de factos respeitantes a uma pluralidade de prédios. A previsão de

tais normas assenta no pressuposto de que o facto é único, que dá origem a uma única conta e que o

acréscimo emolumentar ocorre a partir de um determinado número de prédios ou fracções. Isso significa

que o valor do acréscimo tem de se encontrar no volume de trabalho ou na maior complexidade, seja do

acto de execução material seja do acto de qualificação com o âmbito moldado pelo princípio da

legalidade. O limite máximo funciona, pois, para aqueles actos cujo número nos obriga a reponderar o

custo do acto em produção. Dentro destes limites máximos estão contidos os emolumentos devidos pela

realização do registo em singelo e ainda os devidos em função do número de prédios. O cumprimento

fora de prazo da obrigação de promoção do registo dá origem à entrega do valor do emolumento em

dobro. Neste valor não se inclui o acréscimo devido em função do número de prédios abrangidos pelo

facto, isto é, o valor do agravamento corresponde ao emolumento devido pelo acto em singelo,

(11)

Recordemos, ainda, a este propósito que sobre aquele acréscimo versaram as orientações destes serviços de 30.09.2010 e 12.11.2010, sobre as quais recaiu despacho de concordância do Sr. Presidente e onde se assentou que:

“(...) o âmbito da previsão normativa da verba 1.2 permite-nos ter por certo que esta regra de liquidação emolumentar tanto vale para inscrições como para averbamentos a inscrições (...).“

“As verbas 1.2 e 2.16 do artigo 21.º do RERN estatuem um acréscimo emolumentar em função do número de prédios abrangidos pelo facto submetido a registo.

Tendo em vista a densificação do princípio da proporcionalidade constante do artigo 3.º do RERN, nos termos do qual a tributação emolumentar deverá ser calculada com base no custo efectivo do serviço prestado, tendo em conta a natureza dos actos e a sua complexidade, o legislador entendeu agravar o emolumento previsto para os actos de registo em geral (verba 1.2) e para os registos de aquisição com base em habilitação de herdeiros, partilha da herança ou de património conjugal fora do procedimento simplificado de sucessão hereditária e de partilha do património conjugal (verba 2.16), em função do número de prédios abrangidos.

Tais agravamentos não têm, porém, aplicação por si só, antes se associando sempre a um acto de registo em concreto, do qual necessariamente dependem. Daí que o próprio artigo 21.º, n.º 1.1 esclareça que acrescem à conta do acto de que dependem, designadamente, os emolumentos devidos em função do número de prédios abrangidos pelo facto.

Nesta medida, a sorte de tais emolumentos não poderá deixar de acompanhar a do emolumento fixado para o acto de registo em causa, o que equivale a dizer que os acréscimos emolumentares devidos em função do número de prédios abrangidos pelo facto submetido a registo, enquanto associados e intrinsecamente ligados a um acto de registo em concreto, devem beneficiar das mesmas reduções previstas para este último“.

Na perspectiva de termos dado resposta às questões equacionadas de acordo com uma visão actualizada da doutrina expendida no parecer proferido no âmbito do P.º CP 20/2010 SJC-CT, em face das recentes alterações legislativas, damos por terminada a nossa informação

(12)

Conclusões:

I- Na cessão de créditos hipotecários, sendo o imediato objecto registral não o crédito cedido mas a garantia hipotecária que lhe está associada, não podem as diversas e distintas inscrições hipotecárias que garantem os créditos cedidos ser consideradas como o mesmo facto sujeito a registo.

II- Consequentemente, também o averbamento de transmissão de tais créditos não pode consubstanciar um mesmo e único facto que a todas abranja, por forma a que, nos termos previstos no artigo 13.º do RERN, essas subinscrições – a efectuar a inscrições diferentes -, porventura lavradas em fichas diversas, sejam consideradas um acto único, para efeitos emolumentares.

III- Serão tantos os factos consoante as hipotecas cujos créditos foram cedidos, e por cada um deles haverá de cobrar-se o emolumento previsto no n.º 2.12 do artigo 21.º do RERN.

IV- Ao indicado emolumento acrescerá, por cada averbamento, o emolumento previsto no n.º 1.2 do referido artigo 21.,º sempre que este abranja 3 ou mais prédios.

Sobre esta informação recaiu despacho de concordância do Sr. Vice-Presidente em substituição em 06.04.2011

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