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Saúde Coletiva ISSN: Editorial Bolina Brasil

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Academic year: 2021

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DE CASSIA GARCIA, RITA

Controle de populações de cães e gatos em área urbana: uma experiencia inovadora na Grande São Paulo

Saúde Coletiva, vol. 2, núm. 5, 2005, pp. 24-28 Editorial Bolina

São Paulo, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84220707005

(2)

24 Saúde Coletiva 2005;02 (5):24-28 Saúde Coletiva 2005;02 (5):24-28 25

Introdução

Os seres humanos convivem com animais há milha-res de anos. Essa convivência se faz também nas cida-des, onde a disponibilidade de água, alimento e abri-go ofertados sem restrição, favorecem o crescimento da população de diferentes espécies animais, como roedores, insetos, pombos, morcegos e, também, os animais de estimação1.

Mantidos pelo homem devido aos mais variados motivos - como guardas de propriedades, pastores de rebanhos ou simplesmente, como animais de compa-nhia - estima-se que a população canina mundial seja de 500 milhões de animais2. No Estado de São

Pau-lo estima-se que as populações canina e felina sejam de 8.100.003, e na cidade de Taboão da Serra 51.300,

tendo 1 cão para cada 5,14 habitantes e 1 gato para 30,57 habitantes4. Na maioria dos casos, os cães e

ga-tos são tidos como animais de companhia, integrando e vivendo intimamente com a família5.

Devido à falta de conscientização sobre a proprie-dade responsável dos cães e gatos e

à procriação elevada dos mesmos, o excesso de animais tem sido um grande problema de saúde pública na maioria dos centros urbanos. Animais errantes, com ou sem proprietários, podem causar acidentes de trânsito, agressões aos seres humanos, trans-missão de doenças e contaminação ambiental, entre outros6.

Mesmo convivendo intimamente com os seres humanos, é grande o desconhecimento sobre o

comporta-mento desses animais, resultando em cães e gatos “mal criados”, isto é, animais não educados e socializados da maneira e na idade certas. Como conseqüência, a maior parte das agressões ocorre com os cães da própria famí-lia e as crianças são as vítimas mais frequentes7.

Embora não eficazes por atuarem apenas na conse-qüência do problema do abandono e excesso de ani-mais, as atividades de remoção e eliminação de cães e gatos são utilizadas aleatoriamente até os dias atuais, mesmo na inexistência de focos de raiva8,9.

A proposta deste artigo é apresentar o panorama mundial sobre o controle das populações de animais de estimação e a experiência de Taboão da Serra em tal atividade.

Descrevendo o Controle de Animais como Im-portante Ação de Saúde Pública

O controle das populações de animais de estimação de-senvolve-se por métodos racionais, protetores e diferen-ciados para os quais é importante a participação ativa

O

trabalho apresenta um panorama geral do controle das populações de cães e gatos no Brasil e no Mundo e re-lata a experiência da primeira cidade brasileira - Taboão da Serra, na Grande São Paulo, sobre a implantação de um programa efetivo para o controle dessas populações, envolvendo clínicos veterinários particulares, entidades de proteção animal e a Prefeitura do município. O registro e identificação dos cães e gatos, o controle da reprodução, a conscientização sobre a propriedade responsável dos animais de estimação e a legislação municipal pertinente são os pilares do Programa de Controle das Populações de Cães e Gatos. O artigo ressalta a experiência de estimulo à pro-priedade responsável, com identificação dos animais bem como o controle da reprodução, onde foi utilizada a esterili-zação cirúrgica para machos, fêmeas, tanto para adultos como para os filhotes.

Descritores: Controle de populações de cães e gatos, Controle de zoonoses, Propriedade responsável

T

his work presents a general panorama of dogs and cats populations control in Brazil and in the World and tells the experience of the first Brazilian city - Taboão da Serra, in São Paulo city, about the implantation of an effective program for the control of those populations, involving doctors private veterinarians, entities of animal protection and the City hall of the municipal district. The registry and identification of the dogs and cats, the control of the reproduc-tion, the consciousness about the responsible property of the estimate animals and the pertinent municipal legislation are the pillars of the Dogs and Cats Populations Control Program. The article points out the experience of a stimulus to a responsible property, with identification of the animals as well as the control of the reproduction, where the surgical sterilization was used for males, females, so for adults as for puppies and kitties.

Descriptors: Control of dogs and cats populations, Zoonoses control, Responsible property

E

l trabajo presenta un panorama general del control de las poblaciones de perros y gatos en Brasil y en el Mundo y relata la experiencia de la primera ciudad brasileña - Taboão da Serra, en la Grande São Paulo, sobre la implantación de un programa eficaz para el control de esas poblaciones, involucrando los medicos veterinarios de clinicas privadas, entidades de protección animal y la coordinación municipal. El registro e identificación de los perros y gatos, el control de reproducción, la comprensión sobre la propiedad responsable de los animales de estimación y la legislación municipal pertinente, son los pilares del Programa de Control de las Poblaciones de Perros y Gatos. El artículo señala la experiencia de estimulo a la propiedad responsable, con la identificación de los animales, así como el control de la reproducción, dónde la esterilización quirúrgica se usó para machos y hembras, tanto para los adultos como para las crias.

Descriptores: Control de poblaciones de perros y gatos, Control de zoonoses, Propiedad responsable RITADE CASSIA GARCIA

Médica Veterinária. Mestre em Epidemiologia para o Controle de Zoonozes pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universi-dade de São Paulo. Assessora Técnica da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo. Responsável Técnica pelo Instituto Nina Rosa “Projetos por Amor à Vida”. Coordenadora Executiva do Instituto

Técnico de Educação e Controle Animal (ITEC). Consultora da World Society for the Protection of Animals (WSPA).

Controle de populações de cães e gatos

em área urbana: uma experiência

inovadora na Grande São Paulo

(3)

24 Saúde Coletiva 2005;02 (5):24-28 Saúde Coletiva 2005;02 (5):24-28 25

Introdução

Os seres humanos convivem com animais há milha-res de anos. Essa convivência se faz também nas cida-des, onde a disponibilidade de água, alimento e abri-go ofertados sem restrição, favorecem o crescimento da população de diferentes espécies animais, como roedores, insetos, pombos, morcegos e, também, os animais de estimação1.

Mantidos pelo homem devido aos mais variados motivos - como guardas de propriedades, pastores de rebanhos ou simplesmente, como animais de compa-nhia - estima-se que a população canina mundial seja de 500 milhões de animais2. No Estado de São

Pau-lo estima-se que as populações canina e felina sejam de 8.100.003, e na cidade de Taboão da Serra 51.300,

tendo 1 cão para cada 5,14 habitantes e 1 gato para 30,57 habitantes4. Na maioria dos casos, os cães e

ga-tos são tidos como animais de companhia, integrando e vivendo intimamente com a família5.

Devido à falta de conscientização sobre a proprie-dade responsável dos cães e gatos e

à procriação elevada dos mesmos, o excesso de animais tem sido um grande problema de saúde pública na maioria dos centros urbanos. Animais errantes, com ou sem proprietários, podem causar acidentes de trânsito, agressões aos seres humanos, trans-missão de doenças e contaminação ambiental, entre outros6.

Mesmo convivendo intimamente com os seres humanos, é grande o desconhecimento sobre o

comporta-mento desses animais, resultando em cães e gatos “mal criados”, isto é, animais não educados e socializados da maneira e na idade certas. Como conseqüência, a maior parte das agressões ocorre com os cães da própria famí-lia e as crianças são as vítimas mais frequentes7.

Embora não eficazes por atuarem apenas na conse-qüência do problema do abandono e excesso de ani-mais, as atividades de remoção e eliminação de cães e gatos são utilizadas aleatoriamente até os dias atuais, mesmo na inexistência de focos de raiva8,9.

A proposta deste artigo é apresentar o panorama mundial sobre o controle das populações de animais de estimação e a experiência de Taboão da Serra em tal atividade.

Descrevendo o Controle de Animais como Im-portante Ação de Saúde Pública

O controle das populações de animais de estimação de-senvolve-se por métodos racionais, protetores e diferen-ciados para os quais é importante a participação ativa

dos proprietários9.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a remoção sistemática e eliminação de cães em grande escala, são utilizadas em várias partes do mun-do em função mun-do desconhecimento sobre a composi-ção e dinâmica da populacomposi-ção canina10. A retirada

ale-atória de cães e gatos de uma determinada área sem que se alterem as condições ambientais favoráveis (como a disponibilidade de abrigo, água e alimento) e sem levar em consideração a relação desse animal junto à comunidade, propicia à rápida reposição de novos indivíduos susceptíveis, não permitindo, dessa maneira, a formação de uma barreira de proteção na-tural representada por animais imunizados11.

Estudo realizado nas Filipinas mostra que a atividade de remoção de animais errantes cuidados pela comu-nidade apresentou pequeno impacto sobre o controle da raiva, ao mesmo tempo em que não era aceito pela mesma12. Em Guayaquil, Equador, somente a eliminação

de Cães se mostrou ineficaz e contraproducente: depois de três campanhas de eliminação de cães errantes, o número de cães com raiva não diminuiu, ao contrário au-mentou13.

Também, a alta renovação dos cães e gatos (altas taxas de natalidade e mortalidade) faz com que a popu-lação tenha uma idade média baixa, ao redor de dois a três anos. Esse fato interfere diretamente no controle da raiva desses animais, uma vez que a vacina Fuenzalida Palácios utilizada nas campanhas de vacinação contra a raiva, somente produz imunidade, na grande maioria dos casos, após três ou quatro doses, permitindo a exis-tência de suscetíveis aos vírus entre a maior parte da população que é composta pelos animais jovens14,15,16.

Experiências de vários países demonstram que o in-vestimento no controle da reprodução animal e em pro-gramas educativos para a população é o meio mais efeti-vo para o controle das populações de cães e gatos10.

A indicação da OMS em relação aos programas de controle da raiva de cães e gatos já inclui, além da imunização, a remoção e eliminação de cães e gatos errantes, o controle reprodutivo para a diminuição do crescimento da população animal, pois a grande den-sidade de cães e sua alta taxa de reprodução ajudam a manter a raiva17.

Devido à fecundidade dos cães e gatos, a superpo-pulação de animais não desejados permanece como um problema até que programas efetivos envolvendo o controle da reprodução sejam instituídos18,19 20.

Nos Estados Unidos da América, no início da década

O

trabalho apresenta um panorama geral do controle das populações de cães e gatos no Brasil e no Mundo e re-lata a experiência da primeira cidade brasileira - Taboão da Serra, na Grande São Paulo, sobre a implantação de um programa efetivo para o controle dessas populações, envolvendo clínicos veterinários particulares, entidades de proteção animal e a Prefeitura do município. O registro e identificação dos cães e gatos, o controle da reprodução, a conscientização sobre a propriedade responsável dos animais de estimação e a legislação municipal pertinente são os pilares do Programa de Controle das Populações de Cães e Gatos. O artigo ressalta a experiência de estimulo à pro-priedade responsável, com identificação dos animais bem como o controle da reprodução, onde foi utilizada a esterili-zação cirúrgica para machos, fêmeas, tanto para adultos como para os filhotes.

Descritores: Controle de populações de cães e gatos, Controle de zoonoses, Propriedade responsável

T

his work presents a general panorama of dogs and cats populations control in Brazil and in the World and tells the experience of the first Brazilian city - Taboão da Serra, in São Paulo city, about the implantation of an effective program for the control of those populations, involving doctors private veterinarians, entities of animal protection and the City hall of the municipal district. The registry and identification of the dogs and cats, the control of the reproduc-tion, the consciousness about the responsible property of the estimate animals and the pertinent municipal legislation are the pillars of the Dogs and Cats Populations Control Program. The article points out the experience of a stimulus to a responsible property, with identification of the animals as well as the control of the reproduction, where the surgical sterilization was used for males, females, so for adults as for puppies and kitties.

Descriptors: Control of dogs and cats populations, Zoonoses control, Responsible property

E

l trabajo presenta un panorama general del control de las poblaciones de perros y gatos en Brasil y en el Mundo y relata la experiencia de la primera ciudad brasileña - Taboão da Serra, en la Grande São Paulo, sobre la implantación de un programa eficaz para el control de esas poblaciones, involucrando los medicos veterinarios de clinicas privadas, entidades de protección animal y la coordinación municipal. El registro e identificación de los perros y gatos, el control de reproducción, la comprensión sobre la propiedad responsable de los animales de estimación y la legislación municipal pertinente, son los pilares del Programa de Control de las Poblaciones de Perros y Gatos. El artículo señala la experiencia de estimulo a la propiedad responsable, con la identificación de los animales, así como el control de la reproducción, dónde la esterilización quirúrgica se usó para machos y hembras, tanto para los adultos como para las crias.

Descriptores: Control de poblaciones de perros y gatos, Control de zoonoses, Propiedad responsable RITADE CASSIA GARCIA

Médica Veterinária. Mestre em Epidemiologia para o Controle de Zoonozes pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universi-dade de São Paulo. Assessora Técnica da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo. Responsável Técnica pelo Instituto Nina Rosa “Projetos por Amor à Vida”. Coordenadora Executiva do Instituto

Técnico de Educação e Controle Animal (ITEC). Consultora da World Society for the Protection of Animals (WSPA).

Controle de populações de cães e gatos

em área urbana: uma experiência

inovadora na Grande São Paulo

Recebido: 01/10/2004 Aprovado: 11/02/2005

“A FALÊNCIA DO VÍNCULO

ENTRE O SER HUMANO

E O SEU ANIMAL DE

ESTIMAÇÃO SE DÁ

PRINCIPALMENTE DEVIDO À

FALTA DE CONHECIMENTO

DOS PROPRIETÁRIOS SOBRE

OS ANIMAIS QUE POSSUEM”.

(4)

26 Saúde Coletiva 2005;02 (5):24-28 Saúde Coletiva 2005;02 (5):24-28 27 de 70, estimava-se que a cada hora nasciam de 3.000 a

10.000 filhotes de cães e gatos, comparados com 415 crianças21. Duas gatas e seus descendentes podem gerar

174.760 filhotes em 7 anos e, duas cadelas em 6 anos podem gerar 67.000 novos filhotes18.

A esterilização cirúrgica permanece como opção vi-ável para prevenção e término de gestações não dese-jadas, diminuindo o futuro número de animais a serem abandonados, principalmente quando nenhuma cria for permitida ao animal. De acordo com um estudo feito em Massachusetts, em 500 lares com animais de compa-nhia, 73% e 87% respectivamente de todos os cães e ga-tos tinham sido esterilizados. Todavia, aproximadamente 20% de todos animais esterilizados já haviam tido crias antes da esterilização, propagando, dessa maneira, a su-perpopulação de cães e gatos18.

Para a saúde publica, a esterilização cirúrgica dos cães assume importância não apenas para a questão de controle animal, mas, também, para reduzir o número de agressões a seres humanos, uma vez que os animais esterilizados mordem 3 vezes menos

do que os não esterilizados22. Cidades

que não possuem programas eficien-tes para o controle animal registram três vezes mais mordeduras por cães do que naquelas que possuem pro-gramas já implantados23.

A educação e a conscientização da propriedade responsável são pila-res de programas de controle de po-pulações animais. A falência do

vín-culo entre o ser humano e o seu animal de estimação se dá principalmente devido à falta de conhecimento dos proprietários sobre os animais que possuem24, gerando

um contingente de animais abandonados e que já tive-ram um lar, isto ao redor de 70%25.

O registro e identificação animal, sistema de dados que relaciona os animais com seus proprietários, são essenciais para o sucesso de programas de controle de populações de cães e gatos10, sendo o sistema

per-manente de registro e identificação de cães e gatos por meio da “microchipagem” o recomendado pela Euro-pean Convention for the Protection of Pet Animals em 198726. Este método é o que melhor auxilia na

constru-ção de uma cultura de propriedade responsável. Cida-des que utilizam a “microchipagem” diminuíram em 60% o número de animais eutanasiados, representando uma economia de mais de 1 milhão de dólares anuais. A “microchipagem”, assim como a identificação por meio de plaquetas e coleira, auxilia na identificação dos pro-prietários de animais errantes, propiciando a devolução desses animais, além da cobrança de multas. Coleiras e plaquetas são necessárias para a identificação externa,

embora possam ser perdidas, retiradas ou roubadas. O melhor método é a associação da identificação perma-nente por meio de “microchipagem” associada com a identificação externa (plaqueta e coleira)26.

Em Bristol, depois de 6 anos de promoção da “mi-crochipagem”, 80% dos cães errantes removidos es-tavam identificados e foram devolvidos aos seus pro-prietários27. Na França, Holanda, Alemanha, onde o

registro é obrigatório, o problema com animais erran-tes é pequeno. Esses países têm baixos índices de eu-tanásia e o resgate de animais removidos é elevado. Na Grécia e Portugal, onde o registro não é obrigatório, há um elevando número de animais errantes: a Gré-cia possui 28% do total da população canina errante e Portugal 38%. Esses dois países eliminam, respectiva-mente, 75% e 85% da população errante anualmente. Na Suíça onde o registro também é obrigatório, 90% dos animais removidos das ruas são devolvidos a seus proprietários27.

Ser um proprietário responsável inclui adotar pro-cedimentos que garantam não só a saúde e o bem-estar do animal como também a todos de seu convívio. Cui-dados como vacinação, vermifugação, domiciliação, socialização, educação, higiene e o controle reprodutivo são indispensáveis na prevenção de zo-onoses, e outros agravos, bem como do abandono de animais. O investi-mento, portanto, em um programa de saúde animal gera resultados diretos para a saúde humana, prevenindo doenças e agravos à população e promovendo a saúde28.

No México, faz parte da política nacional de saúde o controle reprodutivo dos cães e gatos, além da edu-cação sobre a propriedade responsável. A Secretaria Na-cional da Saúde mexicana fornece kits cirúrgicos para os municípios e instituições parceiras realizarem cirur-gias de esterilização. Estão também testando esteriliza-ção química nos machos. Neste mesmo país, a implanta-ção do Programa Nacional de Controle das Populações de Cães e Gatos representa 10 milhões a menos de cães a serem vacinados anualmente, diminuição do risco de agressão e enfermidades, bem como a diminuição da contaminação ambiental28.

Na Costa Rica, também faz parte da política nacional de saúde, o programa de propriedade responsável e faci-litação geográfica e econômica aos métodos cirúrgicos de esterilização29.

Sobre esterilização química para as fêmeas, ainda não existe nenhum método que seja permanente após uma aplicação e que não cause complicações que compro-metam a saúde e bem estar dos animais. A esterilização

cirúrgica é o método escolhido por ser permanente e necessitar apenas de uma intervenção18.

No Brasil, a introdução dos conceitos sobre proprie-dade responsável foi feita em 1995 por meio da World Society of the Protection of Animals (WSPA) em parce-ria com o Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo e a Organização Pan-Americana da Saúde30.

A Experiência de Taboão da Serra Grande São Paulo

Em 1996, a cidade de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, inicia programa de controle das populações de cães e gatos por meio da educação, registro e identi-ficação, esterilização cirúrgica e legislação pertinente. Entre 1997 e 1998, outros municípios realizam Cam-panhas e/ou implantam Programas, como por exem-plo: Jundiaí e Guarulhos.

Hoje são dezenas de municípios espalhados em todo o Brasil que realizam alguma ação para o controle das populações de cães e gatos, contando apenas com es-forços do poder público municipal

ou com parcerias envolvendo entida-des de proteção animal e Faculdaentida-des de Medicina Veterinária. Exemplos são as Prefeituras de Guarulhos e São Paulo. Na primeira, o novo Centro de Controle de Zoonoses inaugurado em 2004 já apresenta um Centro Cirúrgi-co de Esterilização de Cães e Gatos.

Em São Paulo foi implantado o Programa Saúde do Animal em 2001

com o propósito principal de controlar as populações de cães e gatos e diminuir os riscos que possam repre-sentar ao ser humano e meio ambiente. Mais de 50 mil animais já passaram pelo Programa, com um custo médio de R$30,00 por cadela. Por outro lado, relatório realiza-do pelo Centro de Controle de Zoonoses sobre os custos com a remoção e eliminação de animais, aponta que cada cão eliminado custa R$62,00 ao poder público municipal e um gato R$45,0031, mais as taxas de incineração que

são ao redor de R$60,00 para um cão de 15 kg.

Mas muitos outros municípios ainda não implan-taram atividades para o controle das populações de animais de estimação devido à falta de informações. Neste aspecto, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, já recomenda as ações de controle da re-produção, educação humanitária, registro e identifi-cação permanente e legislações que apóiem todas essas atividades32.

Segundo Montebello 2004, o Ministério da Saúde tem como uma das estratégias para a eliminação da raiva humana transmitida por cães, a conscientização sobre a posse responsável dos animais de estimação33.

“DE ABRIL DE 1996 ATÉ

DEZEMBRO DE 2003,

PASSARAM PELO PROGRAMA

12.284 CÃES E GATOS,

CERCA DE 20% DA

POPULAÇÃO ANIMAL

ESTIMADA DO MUNICÍPIO”.

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26 Saúde Coletiva 2005;02 (5):24-28 Saúde Coletiva 2005;02 (5):24-28 27 embora possam ser perdidas, retiradas ou roubadas. O

melhor método é a associação da identificação perma-nente por meio de “microchipagem” associada com a identificação externa (plaqueta e coleira)26.

Em Bristol, depois de 6 anos de promoção da “mi-crochipagem”, 80% dos cães errantes removidos es-tavam identificados e foram devolvidos aos seus pro-prietários27. Na França, Holanda, Alemanha, onde o

registro é obrigatório, o problema com animais erran-tes é pequeno. Esses países têm baixos índices de eu-tanásia e o resgate de animais removidos é elevado. Na Grécia e Portugal, onde o registro não é obrigatório, há um elevando número de animais errantes: a Gré-cia possui 28% do total da população canina errante e Portugal 38%. Esses dois países eliminam, respectiva-mente, 75% e 85% da população errante anualmente. Na Suíça onde o registro também é obrigatório, 90% dos animais removidos das ruas são devolvidos a seus proprietários27.

Ser um proprietário responsável inclui adotar pro-cedimentos que garantam não só a saúde e o bem-estar do animal como também a todos de seu convívio. Cui-dados como vacinação, vermifugação, domiciliação, socialização, educação, higiene e o controle reprodutivo são indispensáveis na prevenção de zo-onoses, e outros agravos, bem como do abandono de animais. O investi-mento, portanto, em um programa de saúde animal gera resultados diretos para a saúde humana, prevenindo doenças e agravos à população e promovendo a saúde28.

No México, faz parte da política nacional de saúde o controle reprodutivo dos cães e gatos, além da edu-cação sobre a propriedade responsável. A Secretaria Na-cional da Saúde mexicana fornece kits cirúrgicos para os municípios e instituições parceiras realizarem cirur-gias de esterilização. Estão também testando esteriliza-ção química nos machos. Neste mesmo país, a implanta-ção do Programa Nacional de Controle das Populações de Cães e Gatos representa 10 milhões a menos de cães a serem vacinados anualmente, diminuição do risco de agressão e enfermidades, bem como a diminuição da contaminação ambiental28.

Na Costa Rica, também faz parte da política nacional de saúde, o programa de propriedade responsável e faci-litação geográfica e econômica aos métodos cirúrgicos de esterilização29.

Sobre esterilização química para as fêmeas, ainda não existe nenhum método que seja permanente após uma aplicação e que não cause complicações que compro-metam a saúde e bem estar dos animais. A esterilização

cirúrgica é o método escolhido por ser permanente e necessitar apenas de uma intervenção18.

No Brasil, a introdução dos conceitos sobre proprie-dade responsável foi feita em 1995 por meio da World Society of the Protection of Animals (WSPA) em parce-ria com o Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo e a Organização Pan-Americana da Saúde30.

A Experiência de Taboão da Serra Grande São Paulo

Em 1996, a cidade de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, inicia programa de controle das populações de cães e gatos por meio da educação, registro e identi-ficação, esterilização cirúrgica e legislação pertinente. Entre 1997 e 1998, outros municípios realizam Cam-panhas e/ou implantam Programas, como por exem-plo: Jundiaí e Guarulhos.

Hoje são dezenas de municípios espalhados em todo o Brasil que realizam alguma ação para o controle das populações de cães e gatos, contando apenas com es-forços do poder público municipal

ou com parcerias envolvendo entida-des de proteção animal e Faculdaentida-des de Medicina Veterinária. Exemplos são as Prefeituras de Guarulhos e São Paulo. Na primeira, o novo Centro de Controle de Zoonoses inaugurado em 2004 já apresenta um Centro Cirúrgi-co de Esterilização de Cães e Gatos.

Em São Paulo foi implantado o Programa Saúde do Animal em 2001

com o propósito principal de controlar as populações de cães e gatos e diminuir os riscos que possam repre-sentar ao ser humano e meio ambiente. Mais de 50 mil animais já passaram pelo Programa, com um custo médio de R$30,00 por cadela. Por outro lado, relatório realiza-do pelo Centro de Controle de Zoonoses sobre os custos com a remoção e eliminação de animais, aponta que cada cão eliminado custa R$62,00 ao poder público municipal e um gato R$45,0031, mais as taxas de incineração que

são ao redor de R$60,00 para um cão de 15 kg.

Mas muitos outros municípios ainda não implan-taram atividades para o controle das populações de animais de estimação devido à falta de informações. Neste aspecto, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, já recomenda as ações de controle da re-produção, educação humanitária, registro e identifi-cação permanente e legislações que apóiem todas essas atividades32.

Segundo Montebello 2004, o Ministério da Saúde tem como uma das estratégias para a eliminação da raiva humana transmitida por cães, a conscientização sobre a posse responsável dos animais de estimação33.

Somente a remoção e eliminação de animais erran-tes, com ou sem proprietários, não resolvem o proble-ma dos aniproble-mais soltos em vias públicas, abandonados e passíveis de adoecer e transmitir doenças. É necessário atuar na causa do problema: a procriação animal exces-siva e a falta de conscientização dos proprietários dos animais10 e na sensibilização dos seres humanos quanto

ao respeito a todas as formas de vida.

Em 1996, foi implantado na cidade de Taboão da Serra, município da Grande São Paulo, o “Programa de Controle das Populações de Cães e Gatos”, com assessoria da ONG de proteção animal ARCA Brasil. A Prefeitura cede os medicamentos, anestésicos, mate-riais descartáveis, coleiras, plaquetas e vacinas contra a raiva para as clínicas veterinárias, que, por sua vez, realizam gratuitamente o registro e identificação e va-cinação contra a raiva e, as esterilizações cirúrgicas a preços viáveis para a população. Atuando na raiz do problema, o programa é uma alternativa para a pro-criação descontrolada e conseqüente eliminação

des-ses animais pelo poder público. Ao congregar poder público, cli-nicas veterinárias particulares e co-munidade e, ao inserir no contexto da Saúde Pública atividades diferen-tes das tradicionalmente praticadas, o Programa de Taboão da Serra ob-teve repercussão nacional e inter-nacional, sendo modelo para ações semelhantes em outras cidades e reconhecido em sua validade e pioneirismo na América do Sul, pela Organização Pan-Americana da Saúde.

De abril de 1996 até dezembro de 2003, passaram pelo Programa 12.284 cães e gatos (cerca de 20% da população animal estimada do município). A progres-são geométrica mostra que esses animais e seus des-cendentes poderiam ter gerado mais de 1 milhão de filhotes nesses sete anos.

Considerações Finais

O controle das populações de cães e gatos é fundamtal para o controle das zoonoses e demais agravos en-volvendo esses animais, além de auxiliar na promoção da saúde humana e ambiental.

A dinâmica populacional de animais da comunidade deve ser melhor estudada para que outras ações de con-trole desses animais sejam testadas.

A construção de uma cultura de propriedade responsá-vel e assim como ações que permitam a elevação da idade média dos cães e gatos devem ser testadas, uma vez que a renovação elevada prejudica o controle de zoonoses.

Por fim, as atividades de captura e eliminação de

“A DINÂMICA POPULACIONAL

DE ANIMAIS DA

COMUNIDADE DEVE SER

MELHOR ESTUDADA PARA

QUE OUTRAS AÇÕES DE

CONTROLE DESSES ANIMAIS

(6)

28 Saúde Coletiva 2005;02 (5):24-28

animais soltos pelas ruas não controla as populações de cães e gatos, necessitando de ações efetivas de tra-balho em conjunto com toda a sociedade para a cons-trução de um mundo melhor e mais saudável para se-res humanos e animais.

Dada a experiência apresentada, é hoje gratifican-te constatar que muitos municípios, inclusive a cidade de São Paulo se inspiram nessas iniciativas para con-trolar o problema. Ao compartilhar a experiência de Taboão da Serra, esperamos que ela sirva de estímulo para novas ações em prol de um mundo melhor para homens e animais.

Referências

1. Hardt, LG; Paranhos, NT; Garcia, RC Participação da Comunidade em Programas de Saúde. Revista de Educação Continuada. Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo, 2004.

2.Wandeler, AI; Matter, HC; Kappeler A; Budde, A The ecology of dogs and canine rabies: a selective review. Rev. Sci. Tecxh. Off. Int. Epiz., 1993, 12(1), 51-71.

3. Instituto Pasteur. Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo, Progra-ma Estadual de Raiva: Dados preliminares, fevereiro de 2005. 4. Dias, RA; Garcia, RC; SILVA, DF et al. Estimativa de populações cani-na e felicani-na domiciliadas em zocani-na urbacani-na do Estado de São Paulo. Rev. Saúde Pública, ago. 2004, v.38, n.4, p.565-570.

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