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2ª FEIRA DE CONHECIMENTO REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESCOLA MUNICIPAL SANTA MARIA GORETTI ESTUDE COMO UMA GAROTA:

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Academic year: 2021

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2ª FEIRA DE CONHECIMENTO REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

ESCOLA MUNICIPAL SANTA MARIA GORETTI ESTUDE COMO UMA GAROTA:

PRÁTICAS DE ORALIDADE, LEITURA E ESCRITA COM BIOGRAFIAS FEMININAS NA ESCOLA

Josinaldo C. L. Bernardo¹; Kawany C. S. Santana²; Queila G. Carmo³; Larissa V. S. Fernandes4

RESUMO

O projeto apresenta um conjunto de atividades de natureza teórico-prática presentes no cotidiano da sala de aula de um professor-alfabetizador e que foram vivenciadas ao longo do primeiro semestre de 2019, com um grupo de 18 crianças do 3º Ano do Ensino Fundamental, da Escola Municipal Santa Maria Goretti, no Bairro do Vasco da Gama (RPA 3, Secretaria Municipal de Educação do Recife). O objetivo das atividades foi trabalhar a produção de textos, orais e escritos, a partir do gênero textual Biografia. Neste sentido, foram trabalhadas 15 biografias de mulheres que se destacaram e contribuíram para o desenvolvimento da literatura, das ciências, das artes, das culturas e na promoção dos direitos humanos. Para alcançar o objetivo foram propostas e vivenciadas um conjunto de atividades que exploraram os eixos da linguagem numa perspectiva alfabetizadora, a saber: a ORALIDADE, através de rodas de conversas e debates mediados por vídeos sobre a biografia que seria estudada, que auxiliaram no desenvolvimento da capacidade argumentativa das crianças; a LEITURA, por meio do contato de obras escritas como as biografias das personagens em estudo, letras de músicas e notícias da internet; e da ESCRITA, com atividades de produção de textos. As atividades vivenciadas em sala de aula de forma lúdica proporcionaram as crianças a construção de um espaço de diálogo, de troca de experiências e de produção de novos conhecimentos, além de uma melhor compreensão do Sistema de Escrita Alfabética. O tema da igualdade de gênero fora ´experienciado` de forma natural através da delicadeza pedagógica da linguagem presente nos momentos de debate e nas produções. Foi possível perceber, através de um processo avaliativo, que esse conjunto de experiências, saberes e práticas pedagógicas ajudaram as crianças, através dos trabalhos coletivos, no desenvolvimento de práticas do convívio social como o diálogo com os colegas, o respeito aos turnos de fala e principalmente na construção de um ambiente harmônico e solidário na escola.

Palavras Chave: Produção Textual; Biografias; Mulheres; Linguagens; Artes;

Alfabetização e Letramento.

¹Professor I da E. M. Santa Maria Goretti, Licenciado em Pedagogia, Mestre em Educação Profissional em Saúde pela FIOCRUZ, Prefeitura Municipal do Recife. josinaldobernardo@gmail.com

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Introdução

O projeto “Estude como uma Garota” surgiu a partir da inquietação de um grupo de estudantes do 3º Ano, dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, que não se contentaram em conhecer apenas as obras de mulheres como o exemplo de Cecília Meireles e Ana Maria Machado, e quiserem aprofundar suas perguntas através de pesquisas sobre a história de vida dessas mulheres. Com base numa série de questionamentos, iniciamos um intenso processo de pesquisa sobre biografias femininas e quais estratégias pedagógicas poderiam ser utilizadas para trabalhar esse gênero textual com uma turma de crianças em processo de alfabetização.

Inicialmente, realizamos pesquisas na internet, livros, filmes, curtas, animações e documentários, que foram, naturalmente, me conduzindo aos temas do machismo, feminismo e da (des)igualdade de gênero.

Ao refletir sobre essas questões, fomos levados a problematizar os desafios que pudessem surgir ao longo do desenvolvimento do projeto. O desafio estava em levar para as crianças um material que ao mesmo tempo fosse de qualidade e que tivesse uma linguagem acessível, sem diminuir o conhecimento científico. Para isso utilizou-se da base de conhecimento científco através da iniciação à pesquisa, fundamentando-se em Demo (1996).

Foram utilizadas um conjunto de estratégias pedagógicas que foram desdobrando-se em atividades que tinham como foco trabalhar com as crianças o gênero textual biografia, seus elementos constitutivos e a apropriação do Sistema de Escrita Alfabética com base nos conteúdos dos Componentes Curriculares da área de Linguagens, sobretudo das disciplinas de Língua Portuguesa e Artes.

Nesses caminhos possíveis para trabalhar os conteúdos, procurou-se abordar de diferentes formas a história de vida dessas mulheres, estimulando os estudantes a uma nova maneira de ver e pensar o papel das mulheres, além dos “lugares” que ocuparam e ocupam na sociedade como forma de superação dos preconceitos e discriminações.

Esses conhecimentos encontram-se fundamentados com as Competências Gerais e as Competências Específicas da Área de Linguagens da Base Nacional Comum

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Aprendizagem e Conteúdos das disciplinas de Língua Portuguesa e Artes dispostos na Política de Ensino da Rede Municipal do Recife (RECIFE, 2014).

Assim, o projeto pretendeu refletir sobre a vida e a obra de um conjunto de 15 mulheres no decorrer do 1º Semestre de 2019, sendo 14 brasileiras e 01 estrangeira, que, divididas em suas áreas de atuação, compuseram 04 categorias de estudos: Literatura, Artes Plásticas, Música e Direitos Humanos.

Objetivos

➢ Trabalhar o gênero textual biografia para conhecer, por meio de diferentes

linguagens, as histórias de vida de mulheres que contribuíram para o desenvolvimento das ciências, da literatura, das artes e na promoção dos direitos humanos;

➢ Estimular a pesquisa científica com base na observação, registro e comprovação de hipóteses sem simplificar a linguagem (competências 2 e 5 da BNCC);

➢ Promover debates através de rodas de conversa sobre diversos temas que possam surgir a partir das pesquisas das biografias, com vistas a mapear os conhecimentos prévios dos estudantes por meio da oralidade;

➢ Promover atividades de trabalhos em grupos, duplas e individuais com vistas a garantir o debate, a pluralidade de ideias, o respeito aos turnos de fala, sistematizando a experiência coletiva e individual através de relatos e textos com base nos conhecimentos construídos a partir do gênero biografia (competências 7 e 10 da BNCC), (BRASIL, 2017);

➢ Produzir textos coletivos, sínteses e outros relatos, sistematizados em forma de cartazes, pequenos textos nos cadernos e em formatos digitais;

➢ Socializar a experiência com os membros da comunidade escolar com o objetivo de apresentar o percurso da pesquisa, bem como as produções textuais e artísticas dos estudantes.

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Conteúdos Curriculares

Os conteúdos listados foram trabalhados a partir da Área de Linguagens com base nos Componentes Curriculares de Língua Portuguesa e Artes.

Língua Portuguesa Eixo: Oralidade

Relato de experiência pessoal, debate regrado, entrevista, palestra, seminário: tema, articulação de ideias, conceitos e opiniões, objetividade, consistência argumentativa, sujeitos da interlocução, linguagem formal;

Poema, canção popular, cantiga de roda: rima, ritmo e sonoridade, tema e ideias centrais;

Notícia: tema, sequência lógico-temporal dos fatos, elementos textuais constitutivos do meio de comunicação;

Eixo: Leitura

Cartaz, notícia, gráfico: disposição do texto no papel, em função dos objetivos comunicativos, significados, sentidos das palavras e grafia das palavras; Poemas, contos, obras literárias;

Biografias;

Eixo: Sistema de Escrita Alfabética

A concordância do nome com seus modificadores e determinantes. Flexão das palavras e concordância: plural, tempo e pessoas verbais. Adequação vocabular à produção de sentido;

Pontuação;

Princípios básicos do sistema de notação alfabética. Conhecimentos metafonológicos: semelhanças e diferenças sonoras entre as palavras, valores sonoros convencionais das letras;

Eixo: Textos Escritos

A pontuação;

Mensagem por cartas, e-mail e/ou redes socais: elementos constitutivos do gênero: destinatário, remetente, objetivo do texto;

Refacção textual (aspectos discursivos e formais: adequação do vocabulário, da pontuação, dos elementos coesivos, tomando como modelo os gêneros textuais estudados);

Biografias e Relatos de Experiência vivida, entrevista: estrutura do gênero, convenções gráficas (orientação, alinhamento, segmentação);

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Artes

Música: aspectos multiculturais, diversidades, estilos e escrita musical;

Dança: vivência corporal a partir da dança (ciranda) – Dinâmicas do movimento: tempo, espaço, peso e fluência; Os relacionamentos: aproximação, distanciamento, entrelaçamento;

Desenhos e Pinturas (superfícies planas e bidimensionais); Esculturas e Escultoras: estilos e técnicas;

Metodologia

A Escola Municipal Santa Maria Goretti está localizada no Bairro do Vasco da Gama na cidade do Recife-PE, sendo uma das Unidades de Ensino que integra a Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura da Cidade do Recife. Este bairro tradicionalmente formado por um conjunto de morros e escadarias, compõe a paisagem urbana da periferia desta metrópole. Durante muito tempo ficou notadamente conhecido pelos autos índices de violência e tráfico, acentuando assim a vunerabilidade social e afetiva das crianças atendidas pela escola.

É nesse contexto social que se insere o desenvolvimento deste projeto. Ao trabalhar com as poesias de Cecília Meireles e as obras literárias de Ana Maria Machado as crianças espontaneamente entraram num estágio de curiosidade pedindo para que eu falasse um pouco mais sobre a história de vida dessas autoras. Foi a partir daí que dei início a um intenso processo de pesquisa e seleção de quais biografias iria trabalhar com as crianças.

Temas como: ‘proibição’, ‘machismo’, ‘feminismo’, ‘lugar de mulher’, ‘coisa de menina e coisa de menino’, ‘violência doméstica’ e ‘(des)igualdade de gênero’, apresentaram-se como o principal desafio dessa trama pedagógica. Superado os desafios do processo, foram sendo propostas para as crianças que o estudo sobre a vida de Malala. Foi a partir daí que o projeto conseguiu um nome e tomou forma. As crianças ficaram tão empolgadas em conhecer a vida daquela jovem Paquistanesa, que quase perdera a vida para ir para escola, que chegaram a escrever cartas, desenhos e pequenos textos em forma de cartazes colocando em evidência a coragem de Malala, tomando-a como exemplo.

Foi assim que semana após semana começamos a estudar a vida e obra de um conjunto de 15 mulheres, todas brasileiras, com exceção de Malala. As crianças

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iniciaram o processo de pesquisas também em casa com a ajuda de um adulto, e foram escrevendo em seus cadernos aquilo que mais chamava atenção na vida daquela mulher, onde morava ou morou, se ainda estava viva, o que fez e deixou de importante.

No começo poucas crianças traziam as pesquisas, mas logo do desenvolvimento do projeto foram sendo incentivas a participar dos debates em sala e no final do processo mais de 90% da turma já sabia alguma coisa da mulher que seria estudada naquele dia ou ao longo da semana.

Nesse trabalho com biografias alguns passos foram fundamentais. Além das pesquisas, foram apresentadas as crianças as características do gênero textual biografia com o objetivo de identificar a finalidade do gênero e promover a leitura e interpretação de biografias de mulheres conhecidas ou não por eles. Apontou-se a necessidade de pesquisar em diferentes sites e, quando havia um site oficial de uma das mulheres pesquisadas, os mesmos foram acessados em sala de aula apresentando através do projetor multimídia. Além disso, destacou-se que as biografias poderiam aparecer em diferentes formatos como textos pequenos na internet, livros biográficos, autobiografias e a produção de documentários, filmes, vídeos e músicas inspirados a partir da vida e obra daquela mulher que estava sendo estudada.

Foram utilizadas diversas linguagens para promover a consolidação dos conhecimentos e o que mai nos ajudou no processo de didatização da leitura, na condução das rodas de conversa e nos trabalhos em grupo foram os vídeos e textos que foram sendo encontrados na internet. Coincidentemente entre os meses de março e abril de 2019, o programa Fantástico da Rede Globo produziu um quadro intitulado: “Mulheres Fantásticas”, e essas pequenas histórias audiovisuais também foram utilizadas em sala de aula.

Cada aula, ou melhor dizendo, o estudo de cada biografia, deu um tom diferente e dinâmico nas aulas de língua portuguesa e artes. Após dialogar com as crianças, em roda de conversa, “a história da mulher que vamos trabalhar hoje”, era proposto a leitura do resumo da biografia e em seguida a produção de um trabalho.

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Resultados e Discussão

No segundo mês do projeto, em março de 2019, a Secretaria Municipal de Educação da Cidade do Recife, tomou ciência do projeto atravês de uma apresentação com os dados preliminares do projeto no IX Seminário de Gênero, promovido pelo Grupo de Estudos de Educação e Sexualidade – GTES, realizado aqui na Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Educadores do Recife – Professor Paulo Freire – EFER no dia 14 de março de 2019. A partir desse momento foram realizadas algumas articulações pela Secretaria de Educação com a imprensa local. A divulgação do projeto ocorreu através de reportagens ao vivo e matérias com jornais locais, que podem ser acessadas logo abaixo:

Matéria escrita no site do G1 e reportagem ao vivo no programa Bom Dia PE da Rede Globo Nordeste:

https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2019/03/25/estude-como-uma-

garota-projeto-busca-incentivar-igualdade-de-genero-em-escola-municipal-do-recife.ghtml

Matéria escrita divulgada no site da Secretaria Municipal de Educação do Recife:

http://www.portaldaeducacao.recife.pe.gov.br/groups/estude-como-uma-garota-no-m-s-da- mulher-experi-ncia-de-igualdade-de-g-nero-tem-feito-sucesso

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Matéria escrita e vídeo gravado pelo Jornal LeiaJá:

http://www.leiaja.com/carreiras/2019/04/05/conheca-o-projeto-estude-como-uma-garota/

Nesse processo, os vídeos, filmes, curtas, animações, documentários, músicas, trabalhos manuais, danças, poemas, textos informativos e instrucionais, notícias e infográficos, imagens e obras literárias contribuíram de forma significativa para ampliar o repertório cultural e linguístico das crianças além de promover à iniciação à pesquisa científica.

As aprendizagens foram consolidadas através do contato com linguagens e gêneros textuais. Os trabalhos variavam a partir da história de vida de cada mulher. Por exemplo, quando foi estudada a vida e obra de Cecília Meireles, foram trabalhados os poemas do livro: “Ou Isto ou Aquilo” e desenvolvida uma sequência didática com o poema ‘Leilão de Jardim’. Nessa mesma perspectiva, quando trabalhada a biografia de Ana Maria Machado foram apresentadas as crianças um conjunto de obras literárias dessa autora e vivenciados momentos de contação de histórias, leituras dirigidas e

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leituras espontâneas explorando o ‘Cantinho da Leitura’ na sala de aula. Também foi desenvolvida um conjunto de atividades de leitura e escrita a partir da obra ‘Mico Maneco’.

Após estudar a vida e obra de Ana das Carrancas, importante ceramista Pernambucana, as crianças puderam vivenciar uma oficina de argila. Quando estudada a obra de Tarsila do Amaral as crianças produziram telas inspiradas nos quadros desta artista e a montegem de algumas tela no LegoEducation. Além disso, forma produzidos pequenos textos, frases e lista de palavras a partir da leitura das imagens dos quadros.

Ao final da leitura de trechos da obra “Quarto de Despejo: diário de uma favelada” de Carolina Maria de Jesus, as crianças (re)produziram em dupla o trecho que mais havia chamado sua atenção.

Ao estudar sobre a ciranda de Lia de Itamaracá fomos até o pátio da escola dançar uma ciranda.

Quando trabalhada a vida de Dandara dos Palmares as crianças puderam ler e vivenciar a música “Dandara” da cantora e compositora negra Nina de Oliveira.

O trabalho que foi comum a todas as biografias foi o de escrita coletiva. No final do estudo e vivência de cada biografia um texto era construído de maneira coletiva. Nesses momentos fui o escriba, sistematizando, hora no notebook, projetando no quadro através do projetor multimídia, hora escrevendo no quadro branco, o resumo da biografia que era construída oralmente pelas crianças. Nesse trabalho de escrita trabalhávamos simultaneamente os elementos do gênero textual, a análise linguística e a

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apropriação do Sistema de Escrita Alfabética.

No momento de finalização, os textos foram reunidos em transcritos para o tecido. Compondo um livro de tecido que percorreu a casa das 18 crianças desta turma. A ideia do livro de tecido foi para mostrar que textos escritos podem ser construídos em diferentes suportes, sejam eles tradicionais, como impressos no papel, digitais, em placas, muros, painéis, etc.

Tecnologia utilizadas

As principais ferramentas de tecnologia utilizadas na sala de aula foram: notebook, projetor multimídia e caixas de som. O projeto também contou com outras ferramentas utilizadas pelas crianças em suas casas nos momentos das pesquisas das biografias, como: smartphones e tablets, conforme relatado pelas crianças. O principal objetivo dessas ferramentas foi pesquisar junto com os estudantes os portais, sites, blogs, canais e plataformas stream como o caso do Youtube e da Netflix, para apresentar e discutir as diferenças entre eles, além de analisar de forma crítica a autenticidade dos conteúdos pesquisados nesses portais e plataformas digitais.

Esse trabalho de utilização de tecnologias e mídias digitais em sala de aula possibilitaram o alinhamento do projeto com a competência número 5 da BNCC, que trata da “utilização de tecnologias de comunicação e informação de forma crítica ao se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas”.

Participantes envolvidos

Efetivamente os participantes envolvidos de forma direta com esse projeto foram os 18 estudantes do 3º Ano B da Escola Municipal Santa Maria Goretti, bairro do Vasco da Gama – Recife-PE, que estiveram sob a orientação do professor regente da turma. De forma indireta os pais, responsáveis ou familiares que auxiliaram as crianças com as pesquisas em casa, e a equipe pedagógica da escola.

Envolvimento das famílias

Os pais foram convidados para participar de dois momentos na escola: o primeiro momento no início do projeto foi para conhecer as linhas gerais de ação e

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como eles poderiam participar em casa no estímulo e na organização das pesquisas e nos hábitos de leitura, criando, assim, uma rotina de estudos em casa; o segundo momento foi para o lançamento do livro (de tecido) com os textos coletivos produzido pelas crianças com o resumo das biografias das mulheres que foram estudadas no decorrer das atividades do projeto em sala de aula. O objetivo do lançamento do livro na escola foi para apresentar o mesmo e para que pudesse "rodar" nas casas das 18 crianças do 3º Ano B, proporcionando um momento de leitura coletiva com sua família durante um (01) dia até que o livro seja trazido de volta para escola e levado para casa por outra criança.

Alunos com Necessidades Educacionais Especiais

Nesse grupo há uma criança com necessidade especial que precisa de um acompanhamento mais efetivo, trata-se de uma menina de 9 anos com laudo de transtorno de mudança de comportamento esquizofrênico. E há crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem mas que não possuem laudo, dentro da perspectiva de uma avaliação pedagógica podem estar associadas a hipóteses patológicas cognitiva e/ou fonaudiológica, além de fatores de ordem social em que encontram-se inserida.

Todas participaram das etapas do projeto e não houve necessidade de adaptar as atividades práticas, com exceção da criança especial com laudo que em alguns momentos precisou do auxílio da monitora e dos próprios estudantes que a incluíram no processo. Contribuiu com os debates, rodas de conversa e nas produções coletivas dos textos. Os trabalhos manuais como produção de cartazes, escultura e pintura da tela foram os que mais gostou de fazer.

Avaliação

A avaliação dos estudantes foi realizada de maneira processual e formativa, com base nos conteúdos, objetivos, orientações didáticas e em três momentos: uma avaliação prévia para diagnosticar quem e quais histórias os estudantes já conheciam com base no gênero biografia; a avaliação durante as situações de aprendizagens: nos momentos das rodas de conversa, debates, participação nos trabalhos em grupo e nos momentos de produção textual e artística; e uma avaliação no final do conjunto de atividades para analisar como ocorreu a aprendizagem e o que de concreto conseguimos produzir nessa trajetória.

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Os registros dessas aprendizagens foram através de relatos, cartas, textos em forma de cartazes e digitais, produção de um livro e e-book, fotografias, áudios, vídeos e produções artísticas. Esses instrumentos, produzidos pelas crianças, revelaram a admiração das crianças pelas histórias de vidas dessas mulheres, como também uma autonomia criativa na oralidade, argumentação e produção dos textos escritos verbais e não-verbais.

Considerações Finais

Ouvir; pesquisar e planejar. Essas foram as principais aprendizagens que conseguimos consolidar nessa trajetória pedagógica.

Esse projeto surgiu a partir da tentativa de buscar uma resposta para pergunta de uma criança: “quem foi Cecília Meireles? Por que o senhor não chama ela pra vir conversar com a gente?”. Inicialmente fui em busca de histórias de mulheres que “pudessem ser lidas nas escolas para as crianças”. Movido por uma ingenuidade pedagógica e talvez por um sentimento de medo de repressão, fui procurando “aquelas mulheres menos revolucionárias” ou “menos transgressoras”. Felizmente, consegui chegar a um estágio de conscientização do meu papel pedagógico antes mesmo de sistematizar as atividades e de propor o que iríamos estudar em sala.

A sala de aula é o espaço da pluralidade dos debates, das ideias e do conhecimento de mundo. Na escola e na sala de aula cabem todas as mulheres, inclusive aquelas que, historicamente, não tiveram a oportunidade de estar.

Esse projeto mudou a vida dessas crianças que hoje são mais leitoras e produtoras de textos do que no início dessa jornada e mudou a minha vida, me ajudando a compreender melhor ‘os lugares’ e o papel da mulher na construção de nossa sociedade, me tornando um homem mais humano e mais feminista. Colocou-me num estágio permanente de pesquisa e ‘perguntação’ da minha prática pedagógica. Comprei mais livros, li mais sobre o feminismo e suas vertentes, conheci, admirei e me emocionei com as histórias de vida de mulheres muito conhecidas e outras que foram sendo invisibilizadas ao longo da nossa história. Investi tempo, compromisso e muita dedicação, mas faria tudo novamente.Estude como uma Garota foi, e espero que continue sendo, uma experiência científica e pedagógica com a intenção de conhecer a história de vida de mulheres como:Malala, Cecília Meireles, Clarice Lispector,

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Ana Maria Machado, Carolina Maria de Jesus, Ana das Carrancas, Tarsila do Amaral,

Chiquinha Gonzaga, Lia de Itamaracá, Dona Ivone Lara, Nise da Silveira, Maria Quitéria, Maria da Penha, Dandara e Marielle Franco².

Mulheres que estão presentes com histórias inspiradoras e fantásticas, que mudaram a minha vida e a vida de um grupo de crianças da periferia do Recife. Ao sistematizar e socializar essa experiência com professoras e professores que trabalham com crianças pequenas e, especificamente, que trabalham com crianças em processo de alfabetização, tenho como objetivo propor uma reflexão sobre o nosso trabalho pedagógico com a aquisição de linguagem oral e escrita e, ao mesmo tempo como trabalhar com temas que são, supostamente, “delicados” de serem trabalhados com crianças.

Neste sentido, para nós, professoras e professores de crianças pequenas, faz-se necessário refletir sobre a importância do planejamento, do registro, da sistematização e da socialização de atividades como estas. De igual forma urge pensar na necessidade de se manter práticas educativas permanentes e que não estejam vinculadas apenas a celebrações pontuais e datas comemorativas, a fim de que se promova permanentemente o fortalecimento do caráter emancipatório dos sujeitos na perspectiva da sua formação para o exercício da cidadania.

²Mulheres Negras (com esse recorte também pude trabalhar a questão de igualdade racial e

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Referências

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Educação Infantil e Ensino Fundamental. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2017.

DEMO, P. Educar pela Pesquisa. Campinas: Autores Associados, 1996.

RECIFE. Secretaria de Educação. Política de Ensino da Rede Municipal do Recife: subsídios

para atualização da organização curricular. / Élia de Fátima Lopes Maçaira (Org.), Katia

Marcelina de Souza (Org.), Marcia Maria Del Guerra (Org.). – 2 ed. -- Recife: Secretaria de Educação, 2014.

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ANEXO I

Diário de Fotos

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Referências

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