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IMPACTOS SÓCIOAMBIENTAIS DECORRENTES DO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO SOFRIDOS PELA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO ITAPIRACÓ, SÃO LUÍS-MA

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Gislan Azevêdo Mafra (Geografia - UFMA)gislanmafra@yahoo.com.br Ricardo Everton Lima (Geografia - UFMA)ricardo.everton@yahoo.com.br Orientador: Prof. Dr. Juarez Soares Diniz (DEGEO - UFMA)juarezsd@yahoo.com.br

IMPACTOS SÓCIOAMBIENTAIS DECORRENTES DO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO SOFRIDOS PELA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO

ITAPIRACÓ, SÃO LUÍS-MA 1. INTRODUÇÃO

Desde o surgimento da humanidade, o homem vem atuando como agente modificador da paisagem, por possuir um caráter inacabado e em constante formação, o ser humano necessita de mudanças, e suas necessidades recaem sobre a natureza para satisfazê-las.

Porém, a natureza começa a indicar sinais de saturação e insatisfação de todo o ocorrido ao longo do tempo; as temperaturas começam a se elevar, o nível do mar sofre aumento, as geleiras iniciam um processo de derretimento, algumas espécies vegetais e animais desaparecem, o efeito estufa intensifica-se com a destruição da camada de ozônio.

A urbanização é uma das principais fontes de devastação e destruição do meio natural atualmente. Esta, quando não acompanhada de planejamento prévio, pode proporcionar danos de tamanhos incalculáveis e irreparáveis.

O grande aumento demográfico e o crescimento, sem precedentes, da indústria, intensificaram a tão conhecida poluição, que, segundo BONELLI, MANO e PACHECO (2005) é toda alteração das propriedades naturais do meio ambiente que seja prejudicial à saúde, à segurança ou ao bem-estar da população sujeita aos seus efeitos, causada por agente de qualquer espécie.

Há uma relação entre a distribuição da população brasileira e os problemas ambientais. As questões sociais e ambientais de maior significado concentram-se onde existe maior densidade econômica e demográfica (MARTINE, 1993).

No caso da Área de Proteção Ambiental do Itapiracó, situada entre os municípios de São Luís e São José de Ribamar, ambos no estado do maranhão, podemos

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verificar que a expansão demográfica é a principal fonte de modificação da paisagem e de degradação, já que, o crescimento urbano vem avançando rumo ao interior da região, gerando a devastação da cobertura vegetal nativa e a extinção de algumas espécies da fauna, e a mesma serve como receptora de resíduos sólidos orgânicos e inorgânicos de grande parte da população circunvizinha, além de coletar esgotos dos bairros ao seu entorno.

Em virtude disso, faz-se necessário um levantamento sobre o crescimento populacional urbano e suas conseqüências neste sistema ambiental. Desse modo, a pesquisa analisa o processo de ocupação, bem como suas consequências no que tange a APA e a própria população residente dentro e fora da mesma.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Analisar o processo de ocupação da Área de Proteção Ambiental do Itapiracó e os impactos socioambientais auferidos pela mesma.

2.2 Objetivos Específicos

 Descrever o processo de criação do Parque Estadual do Itapiracó;  Compreender o processo de ocupação da área em estudo;

 Identificar as degradações ocorridas na APA nos últimos anos;  Avaliar os efeitos dos impactos ambientais na APA para a população.

3. METODOLOGIA

Para obter os resultados do presente trabalho, foram aplicados os métodos hipotético-dedutivo e fenomenológico.

Na elaboração do referido estudo, o método hipotético-dedutivo auxiliou na busca informações escritas para posterior confirmação das mesmas em outros anexos e em campo. A fenomenologia subsidiou a conclusão do estudo ao passo em que a interpretação dos levantamentos foi necessária.

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O trabalho seguiu etapas que garantissem o melhor desenvolvimento do mesmo, que são:

- levantamento de obras bibliográficas na Biblioteca Central da Universidade Federal do Maranhão, no Núcleo de Documentação e Pesquisa em Estudos Geográficos – NDPEG e de artigos na internet;

- levantamento de imagens aéreas no Instituto da Cidade;

- 03 visitas à área de estudo, nas datas 16/05/2009, 23/05/2009 e 16/08/2009, para comprovação dos dados obtidos e registros fotográficos;

- conversas informais com moradores residentes no interior e no entorno da APA do Itapiracó;

- reuniões entre os autores para discussão, interpretação dos dados e elaboração do texto final.

4. CARACTERÍSTICAS DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO ITAPIRACÓ

2..1Localização

Segundo Santos (2006, p. 23) a área de proteção ambiental do Itapiracó localiza-se ao norte da Ilha do Maranhão entre os municípios de São Luis e São José de Ribamar, abrangendo uma área de 322 hectares tendo com coordenadas geográficas limítrofes as seguintes:

 2° 31’ 00”S ; 44° 11’ 19” W  2º 31’ 58”S ; 44º 13’ 69” W

A APA do Itapiracó limita-se ao Norte com o conjunto do Parque Vitória; ao Sul com o condomínio Itapiracó; a Oeste com o conjunto Ipem Turu e a Leste com o Cohatrac e Loteamento Soterra (Figura 01).

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Figura 01: Área de Proteção Ambiental do Itapiracó Fonte: Ferreira, 2006

4.2 SNUC e Área de Proteção Ambiental do Itapiracó

De acordo com o SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza), criado pela Lei n.º 9985, de 10 de Julho de 2000, Unidade de Conservação é:

[...] espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (BRASIL, 1988) .

Essas Unidades de Conservação dividem-se em dois grupos: as Unidades de Proteção Integral e as Unidades de Uso Sustentável. As Unidades de Proteção Integral, compostas de: Estação Ecológica; Reserva Biológica; Parque Nacional; Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre, atuam na preservação da natureza, possibilitando apenas o uso indireto de seus recursos naturais.

Já, as Unidades de Uso Sustentável tem como objetivo atrelar a conservação da natureza ao uso de forma sustentável de parte dos recursos naturais dispostos em sua área.

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Dentro deste setor podemos encontrar: Área de Proteção Ambiental (foco do referido estudo); Área de Relevante Interesse Ecológico; Floresta Nacional; Reserva Extrativista; Reserva de Fauna; Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e Reserva Particular do Patrimônio Cultural.

O SNUC conceitua APA, como:

[...] é uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar da população humana, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais (BRASIL, 1988).

A APA do Itapiracó serviu por muitos anos, mais precisamente até a década de 60, de estação experimental do Ministério da Agricultura. Experimentos agropecuários, além de uma estação meteorológica são exemplos da atuação do ministério.

A partir daí, com o termino dos experimentos, iniciou-se o processo de devastação na área com a retirada de parte da cobertura vegetal nativa, com aterros nas proximidades das nascentes e depósito de resíduos sólidos, devido à ocupação intensiva que se instalava no local. Visando a contenção desse processo, o Governo do Estado do Maranhão, através do Decreto 3.150 de 09 de Julho de 1993 criou o Parque Estadual do Itapiracó. Porém, em 1997 estudos verificaram que de acordo com inciso I do artigo 2º da Lei 4.771 e no Decreto 84.017, para se caracterizar um parque, a área deve conter 80% da cobertura nacional nativa – e no Itapiracó só existia 70% - e uma área com no mínino 1000 hectares.

Dessa forma neste mesmo ano a então governadora do estado Roseana Sarney cria a Área de Proteção Ambiental do Itapiracó, através do Decreto 15.618 de 13 de Julho de 1997 (CASTRO e NERY, 2008).

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A Unidade de Conservação em estudo, por se tratar de uma categoria que visa manejo sustentável dos elementos bióticos e abióticos a elas associados, pode sofrer uma perda generalizada do seu potencial ecológico caso nada seja feito no intuito de se disciplinar os processos de apropriação de parcelas espaciais da APA do Itapiracó que são convertidos

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em espaços para moradias, para dejeção de efluentes líquidos e para estupros, homicídios (assassinatos e “desovas”) que semanalmente ocorrem naquele lócus (SANTOS, 2006).

Ao analisarmos o que são as APA’s do ponto de vista jurídico, podemos observar que a lei permite certo grau de interferência humana, não deixando claro qual a margem limítrofe dessa ação, o que configura uma brecha jurídica para o atual estágio em que se encontra a maior parte das APA’s existentes no Brasil.

Partindo desse ponto, observa-se na APA do Itapiracó que as práticas antrópicas estão presentes de diferentes maneiras e em elevadíssimo grau. É notória nessa área a existência de um grandíssimo contingente de ocupações internas (Figura 02), além de loteamentos e conjuntos habitacionais no seu entorno, como conseqüência disso, a APA vem sofrendo uma série de irregularidades e desrespeito ambiental, tais como o desmatamento, a disposição irregular de resíduos sólidos, a prática de aterros e de efluentes domésticos.

Figura 02: Construções no interior da APA do Itapiracó. Fonte: Os autores.

No interior da referida APA foi instalada uma estação experimental do Ministério da Agricultura, para tal construção, ocorreu à prática do desmatamento que, teve prosseguimento pelas constantes ocupações humanas ocorridas ao longo dos anos. Assim, a mata ciliar foi retirada e, teve como principal conseqüência o assoreamento do rio Itapiracó.

De acordo com o IBAMA (1992), o desmatamento é uma prática que só deve ocorrer para a implantação de atividade agro-silvo-pastoris, abertura de estradas,

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implantação de grandes obras de infra-estrutura e de reflorestamento com espécies exóticas. No entanto, verifica-se na APA uma não conformidade com o disposto pelo órgão, o que há em tese é desmatamento desordenado, trazendo consigo uma série de irregularidades, tais como, a retirada madeireira para fins comerciais, a retirada a cobertura vegetal nativa para configuração campos de futebol dentro da Unidade de Conservação, além dos desmatamentos para a construção de casa e de estabelecimentos comerciais.

A poluição do rio Itapiracó é outro dano bastante evidente na APA. De acordo com observações feitas e segundo os relatos de alguns moradores, o rio Itapiracó já foi frequentemente utilizado para a pesca e para o lazer. Entretanto, a dejeção de efluentes líquidos e sólidos no interior da área contribui aceleradamente para que o rio sofra um intenso processo de degradação. As águas das chuvas e de esgotos escoados para a APA do Itapiracó carregam consigo muitos sedimentos poluentes e não biodegradáveis contribuindo, também, para o desgaste da biota natural.

Ao longo dos limites da APA encontra-se uma grande quantidade de resíduos sólidos, isso ocorre devido a ausência de fiscalização efetiva, do não cumprimento da lei e da falta de consciência dos moradores do entorno (Figura 03).

Figura 03: Resíduos sólidos na Av. Joaquim Mochel no Cohatrac IV. Fonte: Os autores.

Dessa forma, é de fundamental importância aplicar medidas de proteção paisagística e ecológica que venha elucidar e considerar a natureza dos elementos bióticos e abióticos locais.

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Na produção do projeto abordou-se situações e elementos que construíssem, e que evidenciem como o crescimento urbano afeta e reproduz o ambiente da APA do Itapiracó, e questiona-se como a ocupação e o uso do solo modifica o meio.

É perceptível que apesar da existência da delimitação da Unidade de Conservação, os impactos dentro e no entorno da mesma são constantes, e que o histórico da ocupação teve um significado econômico, onde foi encontrado a instalação de áreas agrícolas, e a apropriação de espaços para a extração de produtos naturais, que consequentemente contribuíram de maneira significativa para a degradação do solo, poluição e desmatamento da APA do Itapiracó, além de prejudicar a biota animal da localidade.

Dessa forma, é notável que a área de estudo tem grande expressão natural, e de valor econômico, o que tende-se a concluir que, medidas de proteção mais veementes devem serem tomadas, para que o ambiente da APA, não sofra maiores danos e degradações mais acentuadas, oriunda, sobretudo, do crescimento urbano, e de suas partes integrantes.

REFERÊNCIAS

BERVIAN, Pedro Alcino; CERVO, Amado Luiz; SILVA, Roberto da. Metodologia

Científica. 6ª Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

BONELLI, Cláudia M. C.; MANO, Eloísa Biasotto; PACHECO, Élen B. A. V.. Meio

Ambiente, poluição e reciclagem. 1ª Ed. – São Paulo: Edgard Blücher, 2005.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 26ª Ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2000.

CARVALHO, Kalib Machado de. Avaliação de impactos ambientais na Área de

Proteção Ambiental do Itapiracó, suas consequências e seu entorno. São Luís, 2004.

CASTRO, Hugo Fernando R.; Nery, Sonadson Diego de Paula. Degradação e

Revitalização: estudo de caso na Área de Proteção Ambiental do Itapiracó. São Luís,

2008.

COSTA, Naylanda France Abreu da; CASTRO, Antônio Carlos Leal de; COSTA, Nytia Nanda Silva. Efeitos da urbanização na Área de Proteção Ambiental do Itapiracó, São

Luís, MA. São Luís, 2008.

CUNHA, Sandra Baptista da; GUERRA, Antonio Jose Teixeira. Avaliação e Perícia

Ambiental. 9ª Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.

FERREIRA, Elida Rejane de Jesus. Área de Proteção Ambiental do Itapiracó:

revitalização e importância ambiental. São Luís, 2006.

IBAMA. 1992. Roteiro Técnico para a Elaboração de Planos de Manejo em Áreas

Protegidas de Uso Indireto. Brasília – DF. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. Secretaria de Meio Ambiente da Presidência da República, 47p.

MARTINE, G. (org). População, meio ambiente e desenvolvimento: verdades e

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MARTINS JUNIOR, Osmar Pires. Uma cidade ecologicamente correta. Goiânia: AB, 1996.

NERY, Sonadson Diego de Paula. Alterações ambientais decorrentes da urbanização

na costa norte ludovicense. São Luís, 2007.

SANTOS, Márcio Aurélio. Análise da Degradação Ambiental da APA do Itapiracó. São Luís, 2006.

SANTOS, Rozely Ferreira dos. Planejamento ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de Textos, 2004.

Referências

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