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Universidade de Brasília Faculdade de Direito. Teoria Geral do Processo II Professor Vallisney Oliveira

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Academic year: 2021

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Universidade de Brasília Faculdade de Direito

Teoria Geral do Processo II Professor Vallisney Oliveira

Aluna: Marina Novetti Velloso Matrícula: 11/0132386

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ACÓRDÃO

RECURSO ESPECIAL Nº 1.152.669 - SP (2009/0132959-9)

RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES

RECORRE NTE

: COOPERATIVA DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE DE NÍVELSUPERIOR - COOPERPAS SUP 4

ADVOGAD O

: MÔNICA DE OLIVEIRA FERNANDES E OUTRO (S)

RECORRID O

: MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

PROCURA DORES

: JOSÉ DE ARAÚJO NOVAES NETO

MARIA REGINA FERRO QUEIROZ PENTEADO E OUTRO (S)

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. JUSTIÇA GRATUITA. CONCESSAO DO BENEFÍCIO. PESSOA JURÍDICA. ALEGAÇAO DE SITUAÇAO ECONÔMICA-FINANCEIRA PRECÁRIA.

NECESSIDADE DE COMPROVAÇAO MEDIANTE APRESENTAÇAO DE

DOCUMENTOS. INVERSAO DO ONUS PROBANDI .

1. A jurisprudência desta Corte tem entendido que o benefício da assistência judiciária gratuita pode ser deferido às pessoas jurídicas, sendo imprescindível, contudo, distinguir duas situações: (i) em se tratando de pessoa jurídica sem fins lucrativos (entidades filantrópicas ou de assistência social, sindicatos etc.), basta o mero requerimento, cuja negativa condiciona-se à comprovação da ausência de estado de miserabilidade jurídica pelo ex adverso; (ii) já no caso de pessoa jurídica com fins lucrativos, incumbe-lhe o onus probandi da impossibilidade de arcar com os encargos financeiros do processo.

2. A parte recorrente enquadra-se na hipótese (i), sendo, pois, bastante o simples requerimento.

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3. Recurso especial provido.

ACÓRDAO

Vistos, relatados e discutidos esses autos em que são partes as acima indicadas,acordam os Ministros da SEGUNDA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas, o seguinte resultado de julgamento:

"A Turma, por unanimidade, deu provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator, sem destaque."

Os Srs. Ministros Cesar Asfor Rocha, Castro Meira, Humberto Martins (Presidente) e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator.

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COMENTÁRIOS

O presente acórdão trata do benefício da assistência judiciária gratuita deferido à pessoas jurídicas em duas situações: (i) em se tratando de pessoa jurídica sem fins lucrativos (entidades filantrópicas ou de assistência social, sindicatos etc.), bastando o mero requerimento, cuja negativa condiciona-se à comprovação da ausência de estado de miserabilidade jurídica pelo ex adverso; (ii) já no caso de pessoa jurídica com fins lucrativos, incumbe-lhe o onus probandi da impossibilidade de arcar com os encargos financeiros do processo. Nesse caso, a requerente encontra-se na situação (i) e teve seu recurso provido.

Porém, o intuito desse trabalho é analisar o onus probandi, ou seja, o ônus da prova. O ônus da prova é o encargo, atribuído a uma das partes, de demonstrar a existência ou inexistência daqueles fatos controvertidos no processo, necessários para o convencimento do juiz. Simplificando, é da incumbência de uma das partes de provar para o juiz o fato alegado.

Não se deve, portanto, confundir o ônus da prova com uma obrigação. A parte detentora do ônus que tem o interesse de cumpri-lo para não sofrer as consequências da não provação, não a obrigação de fazê-lo.

Segundo Marcus Vinicius Rios Gonçalves, "o ônus da prova pode ser encarado sob o aspecto subjetivo e o objetivo". Subjetivo referente à divisão do ônus às partes e somente a elas sendo de interesse. Essa divisão é feita segundo o artigo 333 do Código de Processo Civil.

Art. 333 - O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;

II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.

Parágrafo único - É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova quando:

I - recair sobre direito indisponível da parte;

II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.

Já o aspecto objetivo trata do interesse do magistrado no ônus. Cabe a ele prezar pela veracidade dos fatos para tomar uma decisão acertada e justa, independente de prévia iniciativa das partes. Disso também é tratado no artigo 130 do Código de Processo Civil.

Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias.

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Marcus Gonçalves, a respeito desse aspecto dúbio do ônus da prova, elucida que "o juiz deve usar primeiro os poderes que o CPC, art. 130, outorga-lhe e só supletivamente, em caso de impossibilidade de apuração da verdade real, valer-se dar regras do art. 333".

Entretanto, outro aspecto relevante do ônus da prova merece ser ressaltado. Tratemos sobre sua inversão.

A inversão do ônus da prova significa que o disposto no já supracitado artigo 333 do Código de Processo Civil será invertido. Essa inversão pode ocorrer em três tipos: convencional, legal e judicial.

Na inversão convencional, temos um acordo de vontade das partes. Ou seja, a elas cabe a decisão do titular do direito ao ônus. Isso só não será possível nos termos do parágrafo único do referido artigo. A inversão legal é aquela quando há presunção relativa de um fato, a fim de provar fato contrário. Também ocorre nos casos de responsabilidade pelo fato do produto e do serviço, por norma expressa dos artigos 12, § 3º e 13, § 3º, do Código de Defesa do Consumidor. Já a inversão judicial ocorre por decisão do juiz, com base em texto legal contido no artigo 6º, VIII do Código de Defesa do Consumidor, na Lei nº 8.078/90.

Pode-se alargar a interpretação do Código de Defesa do Consumidor para o caso concreto, e o juiz pode inverter o ônus da prova, desde que no caso tenha ou a verossimilhança da alegação ou a hipossuficiência do consumidor.

A hipossuficiência do consumidor não precisa ser necessariamente econômica. Pode ser também técnica. Sempre que o consumidor tiver dificuldades ou impossibilidade de produzir a prova em razão da falta de conhecimento técnico, caberá ao fornecedor produzi-las, até mesmo porque é ele quem detém todas as informações a respeito do produto que comercializa.

Além disso, para que o juiz aplique o referido dispositivo legal, é necessário que esteja presente a relação de consumo.

Poderia se chegar à conclusão de que a distribuição do ônus da prova somente seria diversa da regra geral nas situações supracitadas de inversão do ônus. Mas não é assim. É possível que o ônus da prova seja distribuído de forma diversa da contida no artigo 333 do Código de Processo Civil, excepcionalmente, mesmo em relações que não sejam de consumo, ainda que não haja hipótese de presunção relativa ou convenção das partes, com base na integração normativa, utilizando-se uma interpretação sistemática e sociológica do ordenamento processual civil moderno, unido à teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova. Essa teoria consiste em atribuir o referido

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ônus à parte que possui melhores condições de produzir a prova, independentemente de quem alega os fatos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DINAMARCO, Cândido Rangel; GRINOVER, Ada Pellegrini; CINTRA, Antonio Carlos de Araujo. Teoria Geral do Processo, São Paulo: Malheiros, 2011.

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo Curso de Direito Processual Civil, São Paulo: Saraiva, 2011.

Recurso Especial nº 1.152.669 - SP (2009/0132959-9). Disponível em:

http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/19089008/recurso-especial-resp-1152669-sp-2009-0132959-9/inteiro-teor-19089009. Acessado em 24/9/2013.

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