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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA ELTON LUIS SILVA DA SILVA

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

ELTON LUIS SILVA DA SILVA

CADASTRO DE BENEFICIÁRIOS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA: O CASO DA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA CUINARANA

(MAGALHÃES BARATA – PA)

Belém/PA 2019

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ELTON LUIS SILVA DA SILVA

CADASTRO DE BENEFICIÁRIOS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA: O CASO DA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA CUINARANA

(MAGALHÃES BARATA – PA)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Eng. Cartográfica e de Agrimensura da Universidade Federal Rural da Amazônia como requisito para obtenção do grau de Engenheiro Cartógrafo e Agrimensor.

Área de Concentração: Cadastro Técnico. Orientadora: MSc. Tabilla Verena Leite.

Co-orientadora: Dr. Ruth Helena Cristo Almeida.

Belém/PA 2019

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Bibliotecária-Documentalista: Letícia Lima de Sousa – CRB2/1549

Silva, Elton Luis da

Cadastro de beneficiários de unidades de conservação da natureza: o caso da reserva extrativista marinha cuinarana (Magalhães Barata – PA) / Elton Luis Silva da Silva. – Belém, 2019.

82 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Cartográfica e de Agrimensura) – Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém, 2019.

Orientadora: MSc. Tabilla Verena Leite.

1. Meio ambiente – Pará 2. Unidades de conservação 3. Preservação – Meio ambiente I. Tabilla, Verena Leite (orient.) II. Título.

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Dedico à minha companheira, parceira e melhor amiga, Eurilene Santos por toda a dedicação, amor, carinho e paciência que foram primordiais durante esses cinco anos de curso. Muito obrigado mesmo!

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AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos a professora Tabilla Leite por toda a dedicação durante a orientação, também à professora Ruth Almeida por toda orientação e ajuda. Ao analista ambiental Rodrigo Moraes por todas as dúvidas suprimidas, oportunidade e dicas realizadas. Aos meus pais Luiz e Néa por todo apoio, dedicação, amor e estrutura essenciais durante o percurso de cinco anos do curso. E um agradecimento muito especial à comunitária e amiga Mônica Pinheiro de Sousa (futura Eng. de Pesca) e sua família por toda ajuda e acolhimento que me deram, agradeço a todos vocês que contribuíram para este trabalho.

Agradeço também aos demais professores por todo o conhecimento passado ao longo do curso, aos colegas de classe e aos amigos que fiz durante esses cinco anos pela convivência e discussões sobre diversos assuntos que me fizeram crescer e amadurecer e principalmente a “panelinha” formada para desenvolver os trabalhos e estudos para as provas, Artur Trindade, Cendy Monteiro, Isaac Souza, Jefferson Santos, Jones Vale e Rafael Ferraz agradeço demais a todos vocês que contribuíram para que eu chegasse até aqui e concluísse essa etapa da minha vida.

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RESUMO

Neste trabalho avaliou-se as etapas de planejamento e execução do cadastro de beneficiários de uma Reserva Extrativista Marinha (REM) e sua relevância para esses indivíduos. A avaliação foi feita com o acompanhamento do levantamento de dados socioeconômicos pelo ICMBio, órgão gestor da Unidade de Conservação da Natureza (UC) alvo da pesquisa. Também foi realizada pesquisa bibliográfica sobre as Unidades de Conservação da Natureza visando avaliar a importância do trabalho de cadastro dos beneficiários baseando-se em regulamentações a respeito da mesma e buscando fazer uma sugestão de aproveitamento dos dados levantados para a criação de um Cadastro Técnico Multifinalitário (CTM). A pesquisa teve como alvo uma das dezesseis comunidades no entorno da UC, a qual foi alvo das entrevistas para o levantamento de dados socioeconômicos. Após a escolha da comunidade alvo fez-se um planejamento para o levantamento geodésico visando espacializar os dados do levantamento feito pelo ICMBio e posterior criação do CTM da comunidade escolhida. Conclui-se que para se ter um CTM tem-se que relacionar informações pertinentes para as finalidades a que este CTM se propõe com dados geodésicos para espacialização de tais informações. Espera-se que este trabalho auxilie o ICMBio na gestão da REM e inspire novos estudos com este tema.

Palavras chave: Reserva Extrativista Marinha Cuinarana; Cadastro Técnico

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ABSTRACT

In this work, it was evaluated the steps of planning and execution of the recipients cadaster of a Navy Extractive Reservation (in portuguese REM) and its relevance to this people. The evaluation has consisted in keep up with social and economic ICMBio data survey, agency that manages the Unity of Nature Conservation (in portuguese UC) target of this research. A bibliographic research about UCs was also made aiming to evaluate the importance of the recipient cadaster based in the regiments of data surveyed to create a Technical Multipurpose Cadaster (in portuguese CTM). The research target one of the sixteen communities next to the UC, in this one it was made interviews to survey social and economic data. After the community has been chosen, a planning to survey geodesic data was made aiming to spatialize the surveyed data made by ICMBio in purpose to create the CTM of the chosen community. It has been concluded to generate a CTM it is necessary to connect relevant information to the CTM's goals with geodesic data to this informational spatialization. It is expected this work may help ICMBio to REM management and inspire new researches about this subject.

Keywords: Navy Extractive Reservation Cuinarana; Technical Multipurpose

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

APA Área de Proteção Ambiental.

ARIE Área de Relevante Interesse Ecológico.

AUREMAC Associação dos Usuários da Reserva Extrativista Marinha Cuinarana. AUREMLUC Associação dos Usuários da Reserva Extrativista Marinha Mestre Lucindo. CCDRU Contrato de Concessão de Direito Real de Uso.

Censipam Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia . CF Constituição Federal.

CTM Cadastro Técnico Multifinalitário.

EMATER Empresa de Assistencia Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará. ESEC Estação Ecológica.

FIG Federação Internacional de Geõmetras. FLONA Floresta Nacional.

GNSS Sistema Global de Navegação por Satélite. GT Grupo de Trabalho.

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. IBGE Instituto Brasileiro de Geográfia e Estatística.

ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. IFPA Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará . IN Instrução Normativa.

MMQ Método dos Mínimos Quadrados. MN Monumento Natural.

NUMA Núcleo de Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará.

PA Pará.

PARNA Parque Nacional.

PMMB Prefeitura Municipal de Magalhães Barata.

PNPCT Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais. RBMC Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo.

RDS Reserva de Desenvovimento Sustentável. REBIO Reserva Biológica.

REF Reserva de Fauna.

REM Reserva Extrativista Marinha. Resex Reserva Extrativista.

REVIS Refúgio da Vida Silvestre.

RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural. SEMMA Secretaria Municipal de Meio Ambiente . SIG Sistema de Informações Geográficas.

SISFamílias Sistema de Informaçõe das Famílias em Unidades de Conservação Federais. SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza.

UC Unidade de Conservação.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 10

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 13

2.1 Unidades de Conservação no Brasil ... 13

2.1.1 Sistema nacional de unidades de conservação da natureza - SNUC ... 15

2.1.2 Grupos de Unidades de Conservação ... 17

2.1.3 Reserva extrativista (Resex) ... 18

2.2 Cadastro técnico multifinalitário (CTM) ... 23

2.3 Levantamento geodésico ... 25

3 ÁREA DE ESTUDO ... 26

4 METODOLOGIA ... 29

4.1 Pesquisa bibliográfica e documental ... 29

4.2 Participação em reuniões ... 30

4.2.1 Reunião do Conselho Deliberativo. ... 30

4.2.2 Reunião do grupo de trabalho (GT) ... 33

4.3 Levantamento dos dados socioeconômicos das famílias ... 34

4.3.1 Treinamento dos entrevistadores ... 34

4.3.2 Aplicação dos questionários ... 37

4.4 Utilização dos dados levantados ... 40

4.5 Espacialização das informações adquiridas junto ao ICMBio ... 40

4.5.1 Relacionando os dados obtidos ... 41

4.5.2 Processamento dos pontos ... 42

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 44

5.1 Avaliação quanto ao cadastro do ICMBio... 44

5.2 Produtos gerados ... 47

5.2.1 Sobre a REM Cuinarana... 47

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6 CONCLUSÃO ... 65 REFERÊNCIAS ... 67 ANEXO A – INSTRUÇÃO NORMATIVA DO ICMBIO Nº 35/2013 ... 72 ANEXO B – DECRETO DE CRIAÇÃO DA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA CUINARANA ... 77

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1 INTRODUÇÃO

De acordo com Blachut (1974 apud PEREIRA, 2009), independente da forma ou característica, um cadastro tem suporte originário de duas fontes: O Estado, para propósitos de planejamento e administração e o indivíduo, que procura uma definição clara e efetiva de seus direitos sobre a propriedade imobiliária. O aspecto de multifinalidade deve-se exatamente aos aspectos levantados, à riqueza e importância das informações e aos usos a que o cadastro pode servir.

O Cadastro Técnico Multifinalitário (CTM) nesse contexto contempla vários aspectos na formulação de um cadastro, com destaque para a delimitação espacial da área onde os dados do cadastro foram levantados. Essa atividade é bastante abordada na Engenharia Cartográfica e de Agrimensura. O CTM pode ser aplicado para diversos fins, como cadastro ambiental rural (CAR), cadastro demográfico, cadastro de pessoas físicas e jurídicas, cadastro de UC e de beneficiários de UC.

No entanto se tratando de aspectos metodológicos para elaboração do CTM encontramos material específico mais voltado para o cadastro de imóveis e planejamento urbano, quando se trata de metodologia aplicada para cadastro em UC e entorno, materiais de cunho metodológico ainda são pouco explorados, com poucos procedimentos estudados e poucos estudos de casos, mas é uma parcela do território que tem necessidade de criação de tais estudos e por isso com tendência promissora.

Desta forma para encontrar referencias específicas de cadastro para o estudo realizado, esta pesquisa baseou-se principalmente em legislações dos órgãos voltadas para esse tipo de cadastro, assim como em trabalhos de cadastro similares e também materiais e leis aplicados na gestão de UC e mais especificamente nas do grupo de Uso Sustentável e da categoria Reserva Extrativista, estando essas divisões de grupos e categorias contida no Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC).

O SNUC veio integralizar regras a respeito das UC, as quais ainda eram bem precárias antes desse dispositivo legal. Nunes (2016) relata que o SNUC foi criado com o objetivo de se planejar, criar e administrar de forma integrada as UC do Brasil, para uma valorização da importância dessas unidades.

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As UC são de extrema importância para as populações tradicionais que vivem no seu território ou em seu entorno, pois é da UC que essas pessoas tiram a maior parte do seu sustento e desde muito antes do SNUC.

O presente trabalho tem como propósito destacar as etapas da definição do perfil dos beneficiários de uma UC de Uso Sustentável, mais especificamente a categoria Reserva Extrativista (Resex). Esta pesquisa expõe os procedimentos para o cadastro desde a primeira reunião do Conselho Deliberativo1 da UC até a definição do perfil de seu beneficiário, e como procederá o posterior cadastro desses beneficiários no Sistema de Informações das Famílias em Unidades de Conservação Federais (SISFamílias2), fazendo uma avaliação da maneira como foi planejado e executado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

De maneira geral quando se pesquisa sobre cadastro, encontra-se cadastro referente a imóveis com a finalidade de cobrança de impostos. Como em UC o objetivo do cadastro não é para este fim, a forma de levantamento e posteriormente espacialização dos dados deve ser diferente, mais voltada para gestão da UC. Desta forma para iniciar as atividades de pesquisa foi necessário acompanhar in loco a realização do cadastro - feito pelo ICMBio – das pessoas que moram nas comunidades ao redor da Reserva Extrativista Marinha (REM).

A finalidade do cadastro é auxiliar na gestão dos recursos naturais da UC, de identificar pessoas para o recebimento de benefícios de programas do Governo Federal e como gerir as informações coletadas para formação de dados espaciais formando uma ferramenta mais completa (com a espacialização) para administrar a área.

A área de estudo será a REM Cuinarana, criada em 10 de outubro de 2014 no município de Magalhães Barata, o qual situa-se na zona fisiográfica do Salgado no estado do Pará. Este município já pertenceu em tempos passados ao Município de Marapanim-PA (PMMB, 201-).

Tem-se uma maneira padrão de realizar o cadastro dos beneficiários de uma Resex, a instrução normativa (IN) do ICMBio nº 35/2013, no entanto esta maneira

1 Conselho Deliberativo é um grupo formado por órgão ou instituições parceiras do órgão gestor e por representantes da sociedade civil/população tradicional do entorno da área para que se tenha discussão, negociação, deliberação e gestão da UC e sua área de influência referente a questões sociais, econômicas, culturais e ambientais.

2 O SISFamílias é um sistema de banco de dados do ICMBio para auxílio na gestão, ele gerencia informações socioeconômicas das famílias de populações tradicionais que se encontram em UCs de uso sustentável - Resex, FLONA e RDS.

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sofre algumas adaptações para a realidade da área de estudo e desta forma foi feito o cadastro dos beneficiários da REM Cuinarana. Uma das etapas deste trabalho foi um estudo de caso mostrando como foi feito esse cadastro para que possa servir como modelo para futuros cadastros com esta finalidade e estudos referentes aos beneficiários dessa categoria de UC.

O objetivo geral é criar um banco de dados espaciais como sugestão para auxiliar na gestão da UC, a partir das informações coletadas pelo ICMBio.

Assim os objetos específicos desta pesquisa foram: o entendimento das etapas realizadas no cadastro dos beneficiários, assim como a importância do levantamento socioeconômico para esse cadastro, descrever as dificuldades encontradas e espacializar as informações coletadas em uma das comunidades para criar o CTM da mesma.

O trabalho foi estruturado com a definição do tema, pesquisa bibliográfica sobre este, contato com o ICMBio e participação nas reuniões deste a respeito ao cadastro dos beneficiários da REM Cuinarana.

Com a participação nas reuniões pude me candidatar para participar das entrevistas/aplicação dos questionários como integrante da equipe de entrevistadores e assim acompanhar in loco toda a primeira etapa do levantamento e conhecendo uma parte das comunidades da UC.

Com o conhecimento adquirido sobre a área defini a comunidade alvo da sugestão de CTM a ser produzido usando três critérios: proximidade com a sede municipal, número de pessoas entrevistadas e a existência de uma moradora desta comunidade na equipe de entrevistadores que esteve disposta a ajudar na próxima etapa do meu trabalho.

Desta forma fiz o planejamento do levantamento geodésico dos pontos das extremidades dos imóveis dos entrevistados, necessários para a espacialização das informações, após o levantamento dos pontos fez-se a definição das informações mais pertinentes para a gestão da área da comunidade alvo e criação dos mapas constituintes do CTM da comunidade.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Para um melhor entendimento da avaliação feita é de suma importância a compreensão dos termos relacionados a realização do cadastro e da avaliação, assim como os relacionados a espacialização dos dados.

2.1 Unidades de Conservação no Brasil

Geralmente, ao se apresentar um histórico acerca das UC, inicia-se com a criação do Parque Nacional de Yellowstone em 1872, nos Estados Unidos, ainda que iniciativas semelhantes já tenham se dado em outros lugares do mundo, como, por exemplo, as reservas de caça da realeza europeia. Foi, entretanto, da evolução do conceito de Parque Nacional, na forma instituída em Yellowstone, que surgiram os sistemas de UC reproduzidos mundialmente (MORSELLO, 2001 apud MACIEL, 2011).

Tendo em vista o que foi informado, a criação do Parque Nacional de Yellowstone foi muito importante para a evolução da conservação da natureza no mundo, a esse respeito Brito ressalta:

Foi a criação de Yellowstone, em 1872, o marco fundamental com relação ao estabelecimento dos sistemas de áreas naturais protegidas. Desde então, a nomenclatura “parque nacional” passou a ser conhecida mundialmente, mudando seu conceito com o passar do tempo, o que implicou a utilização do termo em situações diversas em alguns países (BRITO, 2003, p 19).

No Brasil, foi somente no ano de 1937 que foi criado o primeiro parque nacional, o Parque Nacional de Itatiaia, no Rio de Janeiro. Este parque foi fundado com base no Código Florestal de 1934. A iniciativa de criação de parques nacionais se espalhou por vários países como Canadá, Nova Zelândia, África do Sul e Austrália, diversificando-se com o passar do tempo, passando desse modo a receber a denominação genérica de Unidades de Conservação da Natureza (SCHENINI; COSTA; CASARIN, 2004).

A partir do fim da segunda metade do século XIX, a criação de UC firmou-se, no mundo e no Brasil, como a principal e mais amplamente disseminada estratégia de proteção da natureza (DORST, 1973; NASH, 1982 apud MANETTA et al, 201-).

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Segundo Pádua (1978, não paginado apud SCHENINI; COSTA; CASARIN, 2004) “as primeiras UC foram criadas sem nenhum tipo de critério técnico e científico, ou seja, foram criadas meramente em razão de suas belezas cênicas, por algum fenômeno geológico espetacular ou por puro oportunismo político”.

Dentre as leis que mais têm importância no avanço a respeito de conservação da natureza no Brasil, podemos citar o Serviço Florestal criado pelo Decreto Legislativo nº 4.421 em 1921. Depois foram criados os Códigos de Águas, o de Minas e o Florestal Brasileiro em 1934 (MACIEL, 2011; PETERS, 2003 apud MACIEL, 2011) até se chegar na Constituição Federal de 1988 (CF/1988).

Nesse contexto também encontramos outra referência a cerca de meio ambiente que tem relação da importância das UC a CF/1988 que dispõe no seu art. 225 que “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo” (Brasil, 1988, não paginado).

Na CF/1988 são definidas algumas obrigações ao Poder Público, para que seja assegurado esse direito, como no art. 225, parágrafo 1º, inciso III o qual estipula que uma dessas obrigações é:

Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção (BRASIL, 1988, não paginado).

Então a criação desses espaços faz parte das obrigações do Poder Público para que ajude a garantir o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as gerações futuras (DERANI, 2001b, p. 232 apud MACIEL, 2011). Além de garantir o meio ambiente protegido as UC são mais importantes, no caso as de uso sustentável, para as pulações tradicionais que vivem dentro ou no entorno delas, pois tiram grande parte ou toda a sua subsistência dos recursos naturais dessas UC, mantendo suas tradições e modo de vida naquele ambiente.

As populações tradicionais são povos ou comunidades diferenciadas culturalmente e que se reconhecem assim, essas populações têm seus próprios costumes, estilo de vida e organização social adequados ao território com recursos naturais onde vivem e ocupam (BRASIL, 2007).

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As populações tradicionais são muito importantes na conservação da UC, pois como elas vivem dentro ou ao redor dessas unidades o seu modo de vida causa ou não um impacto no território das UC e por causa dos costumes e atividades passados de geração para geração adequados aquele local tende a haver uma conservação dos recursos naturais deste, que são usados de forma sustentável já que na maior parte são apenas para o consumo das famílias dessas populações (MUNDIM, 2014; SILVA JUNIOR, et al, 2014; Bahia de Aguiar, Moreau e Fontes, 2011).

As UC junto dessas populações são um meio para garantir uma vida saudável para a geração atual e para as futuras, por ser a flora um purificador do ar que respiramos, tão poluído – principalmente em áreas urbanas – além de equilibrar o ambiente onde a UC se encontra, protegendo-o ou obrigando o uso sustentável dos recursos naturais daquele lugar e ainda preservando a fauna, impedindo o desequilíbrio por uma possível extinção de espécies, desta forma mantendo o mínimo que seja o equilíbrio ecológico que foi por tanto tempo deixado de lado. Outro fato importante para garantir essa proteção e equilíbrio da natureza foi a criação do SNUC no ano 2000 (MUNDIM, 2014; SILVA JUNIOR, et al, 2014; Bahia de Aguiar, Moreau e Fontes, 2011).

2.1.1 Sistema nacional de unidades de conservação da natureza - SNUC

No Brasil, o processo evolutivo a respeito da criação das UC acompanhou de certa forma o internacional, tendo apresentado, entretanto, particularidades que podem ser aferidas pelo desenrolar de nossa história, como a importância que foi dada as UC de lei em lei, passando pela CF/1988 até se chegar no SNUC no ano 2000.

A criação da Lei 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o SNUC, criou também vários critérios e normas, visando o correto estabelecimento e gestão das UC, isso após mais de 8 anos de estudos e propostas e consequente tramitação no Congresso Nacional (SCHENINI; COSTA; CASARIN, 2004).

O SNUC, no seu art. 2º, inciso I, define unidade de conservação como:

[...] espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com

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objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (BRASIL, 2000, p. 5).

Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), as UC são definidas como:

Porções do território nacional, incluindo as águas territoriais, com características naturais de relevante valor, de domínio público ou propriedade privada, legalmente instituídas pelo poder público, com objetivos e limites definidos, e sob regimes especiais de administração, às quais se aplicam garantias adequadas de proteção (IBAMA, 200-, não paginado apud SCHENINI; COSTA; CASARIN, 2004).

Mas o que é conservação da natureza? É o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural. Dentre essas formas de conservação está o uso sustentável que consiste na exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos (BRASIL, 2000).

As UC constituem formas complexas de relações entre grupos sociais, território e ambiente, cujas estratégias podem acarretar possibilidades de resistência à destruição dos ecossistemas naturais ameaçados (GUERRA E COELHO, 2009).

Cavalcante (2017) Guerra e Coelho, no seu livro (Unidades de Conservação: abordagens e características geográficas), compreendem UC como:

Territórios “vividos” e “usados” e do campo de proteção da biodiversidade, a partir dos estudos de grupos sociais (que para sobreviverem necessitam se territorializar e se organizar) e da investigação de estratégias, práticas sociais e exercícios de poder, incluindo contradições, conflitos e negociação entre os atores e grupos sociais e esses espaços territoriais protegidos (CAVALCANTE, 2018, p. 371-372).

Segundo Nunes (2016) o SNUC foi criado com o objetivo de se planejar, criar e administrar de forma integrada as UC do Brasil, para uma valorização da importância dessas unidades.

As UC apresentam grande importância ambiental, estética, histórica ou cultural, além de serem importantes na manutenção dos ciclos ecológicos, e demandam regimes especiais de preservação e ou exploração (COZZOLINO, 2004). Então podemos dizer que com o passar do tempo foram agregados diversos objetivos às UC, que se desdobraram em diversas categorias, para atender a

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objetivos distintos dentro da meta mais geral de proteção à natureza e essas categorias foram divididas em grupos (BRITO, 2000).

2.1.2 Grupos de Unidades de Conservação

As UC são divididas em dois grupos, as de proteção integral, as quais têm o objetivo de preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais - com exceção dos casos previstos em lei - e as de uso sustentável, cujo objetivo básico é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais (BRASIL, 2000).

O SNUC ainda divide as UC sem 12 categorias, sendo 5 do grupo de proteção integral e 7 do grupo das de uso sustentável, todas mostradas na tabela a seguir:

Quadro 1 – Divisão das unidades de conservação segundo o SNUC

Categoria da UC Grupo da UC Características da UC

Estação Ecológica

(ESEC) Proteção Integral Tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas.

Reserva Biológica

(REBIO) Proteção Integral

Tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais.

Parque Nacional

(PARNA) Proteção Integral

Tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica,

possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação

ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.

Monumento Natural

(MN) Proteção Integral

Tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica.

Refúgio de Vida Silvestre (REVIS)

Proteção Integral

Tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de

espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória.

Área de Proteção Ambiental (APA)

Uso Sustentável

Tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a

sustentabilidade do uso dos recursos naturais. É uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana.

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Área de Relevante Interesse Ecológico

(ARIE)

Uso Sustentável

Tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos

de conservação da natureza. É uma área em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação

humana.

Floresta Nacional

(FLONA) Sustentável Uso

Tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas. É

uma área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas.

Reserva Extrativista (Resex)

Uso Sustentável

Tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. é uma área utilizada por

populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se principalmente no extrativismo.

Reserva de Fauna

(REF) Sustentável Uso

É uma área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo

econômico sustentável de recursos faunísticos.

Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS)

Uso Sustentável

É uma área natural que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e

que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica Reserva Particular

do Patrimônio Natural (RPPN)

Uso Sustentável

É uma área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica.

Fonte: SNUC adaptado pelo Autor, 2018.

O quadro mostra um resumo das descrições feitas pelo SNUC, que divide as UC em grupos e categorias para atender as peculiaridades delas e para alcançar os objetivos de suas criações descritos no SNUC.

2.1.3 Reserva extrativista (Resex)

As Resex são regulamentadas pelo Decreto nº 98.897 de 30 de janeiro de 1990, o qual dispõe sobre as Reservas Extrativistas, dá outras providencias e no seu art. 1º define-as como “espaços territoriais destinados à exploração autossustentável e conservação dos recursos naturais renováveis, por população extrativista” (BRASIL, 1990, não paginado).

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O poder executivo criará reservas extrativistas em espaços considerados de interesse ecológico e social. Serão considerados espaços territoriais com essas características as áreas que possuam características naturais ou exemplares da biota que possibilitem a sua exploração autossustentável, sem prejuízo da conservação ambiental (BRASIL, 1990).

Hoje as UC são estabelecidas pelo SNUC, dentre as do grupo de uso sustentável está a categoria Reserva Extrativista ou simplesmente Resex que o SNUC no seu art. 18 define como:

[...] uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade (BRASIL, 2000, p. 12).

O SNUC também indica que a Resex deve ser gerida pelo Conselho Deliberativo e esse presidido pelo órgão gestor, além disso estabelece que:

A Resex é de domínio público, com o uso concedido às populações extrativistas tradicionais, devendo ser desapropriadas as áreas particulares incluídas em seus limites e será gerida por um conselho deliberativo presidido pelo órgão responsável por sua administração” (BRASIL, 2000, p.13).

Brito (2000, p. 70) afirma que as Reservas extrativistas:

São área naturais ocupadas por populações tradicionalmente extrativistas que as utilizam como fonte de subsistência para a coleta de produtos da biota nativa, segundo formas tradicionais de atividade econômica sustentável, de acordo com planos de utilização previamente estabelecidos e aprovados pelo IBAMA.

A Resex é uma categoria de UC que permite a utilização de recursos ambientais por populações tradicionais de modo sustentável. A criação desse tipo de reserva surgiu com as reivindicações do movimento de seringueiros, no estado do Acre, que protestavam contra os desflorestamentos e a expansão extensiva de pastagens nos seringais (ALLEGRETTI, 1989).

“A proposta surge juntamente com a consciência empírica dos seringueiros e de todos aqueles que dependem de atividades florestais para sobreviver na Amazônia” (Allegretti, 1989, p. 23). O extrativismo vegetal (coleta de látex, castanhas, açaí, palmito, óleos etc.) e animal (caça e pesca) eram atividades históricas de populações tradicionais. Em 1990, surgiram as primeiras Resex nos estados Acre, Amapá e Rondônia e naturalmente, as atividades extrativistas foram

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vistas como prioritárias, enquanto as dinâmicas agrícolas e a criação de animais de pequeno porte foram consideradas atividades complementares (ALLEGRETTI, 1992).

As Resex são regulamentadas pela Lei nº 7.804/1989 e pelo Decreto nº 98.897/1990. Após isso surgiram o SNUC (Lei nº 9.985/2000), a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável das Populações Tradicionais (Decreto 6.040/2007) e o ICMBio (Lei nº 11.516/2007). As pressões nacionais e externas decorrentes do assassinato do líder sindical Chico Mendes em 22 de dezembro de 1988 favoreceram a criação das Resex como sendo a grande alternativa ambiental brasileira (FREITAS et al, 2017).

A Resex é gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área (BRASIL, 2000).

As Resex hoje são classificadas pelo SNUC como UC, as quais podem ser de recursos florestais – chamadas de reservas extrativistas amazônicas, reservas extrativistas florestais, apenas reserva extrativista ou simplesmente Resex - ou de recursos pesqueiros, neste último caso são chamadas de Reservas Extrativistas Marinhas, Resex Marinha ou simplesmente REM.

2.1.3.1 Reserva Extrativista Marinha (REM)

Segundo Bahia de Aguiar, Moreau e Fontes (2011) identificam no Brasil uma subdivisão das Resex em duas modalidades: “as Resex amazônicas, ou seja, aquelas criadas dentro do território da Amazônia Legal e as Resex Marinhas que são aquelas criadas em áreas de interação com o ambiente marinho”.

Carlos Edegard de Deus, Secretário de Meio Ambiente do Acre em 2011 afirmou que:

A Resex da Amazônia é o mesmo que Reservas Extrativistas que surgiram em decorrência de violentos conflitos sobre legitimidade e regularização fundiária na Amazônia em relação às terras historicamente habitadas por populações tradicionais. A Reserva Extrativista Marinha é uma subcategoria específica e recente de Unidade de Conservação de uso sustentável, com foco nas populações tradicionais e recursos naturais do litoral, abrangidas pela definição do Artigo 18 do SNUC que define as Resex (GLOBO ECOLOGIA, 2011, on-line).

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“As Reservas começaram a surgir no final da década de 1980. Primeiramente em áreas florestais, mais tarde, o modelo foi estendido para as áreas costeiras, as Resex Marinhas, em comunidades pesqueiras” (SILVA JUNIOR, et al, 2014, não paginado). Silva Junior et al. (2014) diz que isso foi influenciado também por já se ter um quadro global no planeta de forte declínio dos principais estoques pesqueiros.

Segundo Pinto da Silva (2007, não paginado) “as comunidades de pesca em pequena escala em todo o mundo têm desenvolvido há muito tempo procedimentos de gestão local que controlam os recursos litorâneos com base no conhecimento ecológico tradicional”. Tais procedimentos como limitação quanto ao acesso ao recurso, equipamentos e restrições sazonais, fornecem soluções sustentáveis a região.

Já está divulgado que esses procedimentos são soluções sustentáveis em termos ambientais e localmente relevantes no que diz respeito a degradação dos recursos naturais na região pesqueira de comunidades tradicionais. Neste caso encaixa-se a participação a longo prazo dos usuários e/ou beneficiários3 dos recursos (PINTO DA SILVA, 2007).

A Reserva Extrativista Marinha é um território de conservação brasileiro que objetiva democratizar o acesso aos recursos naturais, via gestão participativa e outro passo importante para a valorização dos recursos naturais é a consideração das representações sociais das populações tradicionais da região (SILVA JUNIOR, et al, 2014).

Segundo Pinto da Silva (2007) a conservação marinha surgiu ultrapassando o protecionismo, as REM são um recente tipo de gerenciamento colaborativo das áreas de proteção marinha, sendo definidas a fim de proteger tais áreas e seus recursos facilitando o sustento das comunidades tradicionais usuárias que dependem desses recursos.

No que se refere ao processo de criação/implantação de REM, este vem em contínuo aperfeiçoamento e crescimento, pois as REM estão inseridas em contextos socioculturais e de ecossistemas diferenciados quando comparadas as Resex mais

3 Beneficiário é o indivíduo que compõe população tradicional, que atende aos critérios de definição de perfil de beneficiário da UC, reconhecida pela comunidade e pelas instâncias de gestão da unidade como detentora do direito ao território compreendido na UC e acesso aos seus recursos naturais e às políticas públicas voltadas para esse território. Usuário é o indivíduo que pode ter acesso ou usufruir diretamente de algum recurso da UC e não se encaixa no perfil de beneficiário.

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antigas, também chamadas Resex amazônicas ou Resex florestais (BAHIA DE AGUIAR; MOREAU; FONTES, 2011).

Dentre as REM existentes no estado do Pará está a REM Cuinarana, a qual segundo informa o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC) é gerida pelo ICMBio, com o bioma Amazônico, área de 11.036,41 hectares e criada pelo Decreto S/N de 10/10/2014, o qual no seu art. 1º diz que tem os objetivos de:

I. Garantir a conservação da biodiversidade dos ecossistemas de manguezais, restingas, dunas, várzeas, campos alagados, rios, estuários e ilhas fluviais; e

II. Assegurar o uso sustentável dos recursos naturais e proteger os meios de vida e a cultura das comunidades tradicionais extrativistas da região (BRASIL, 2014, p. 1).

A REM Cuinarana, após 4 anos de criação, não tem plano de manejo criado e este, segundo o SNUC, deve ser elaborado no prazo de 5 anos a partir da data de criação da UC. Esse é um dos motivos da realização do cadastro dos beneficiários, pois serão eles que receberão o contrato de concessão de direito real de uso (CCDRU)4 que objetiva limitar as pessoas que poderão utilizar os recursos naturais da UC, sendo entregue a associação que represente esses beneficiários.

O manejo é “todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas” e por isso é de extrema importância para o uso sustentável dos recursos da UC (BRASIL, 2000, p. 6). Segundo o SNUC, no seu art. 2º, inciso XVII:

Plano de manejo: documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade (BRASIL, 2000, p. 6).

O cadastro dos beneficiários é importante também para o recebimento de benefícios para essas pessoas pertencentes a populações tradicionais, como investimentos por meio de políticas públicas, programas e cooperações técnicas com organizações governamentais e assistência técnica extrativista que são importantes para a subsistência dessas pessoas e para a preservação da área por,

4 Termo de compromisso firmados com populações tradicionais das Reservas Extrativistas e Reservas de Uso Sustentável, devem estar de acordo com o Plano de Manejo, devendo ser revistos, se necessário.

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dentre outros motivos, ensinarem técnicas mais modernas para o manejo dos recursos da UC.

2.2 Cadastro técnico multifinalitário (CTM)

Erba (2005, p.17) afirma que “não há consenso no mundo sobre a definição da palavra cadastro e suas funções”, esta definição será feita de acordo com a legislação local e a finalidade do cadastro a ser realizado.

Segundo o Dicionário AURÉLIO da Língua Portuguesa, cadastro deriva do termo francês cadastre que significa registro público dos bens imóveis de determinado território ou registro de bens privados de um determinado indivíduo. Ainda hoje existem diferentes filosofias e visões de cada nação com relação à aplicação do cadastro, mas há consenso em relação à sua multifinalidade. As principais diferenças são quanto à importância jurídica atribuída ao cadastro ao longo do tempo, a qual depende da técnica aplicada e da finalidade do mesmo (LOCH; ERBA, 2007).

De acordo com Blachut (1974 apud PEREIRA, 2009), independente da forma ou característica, um cadastro tem suporte originário de duas fontes: O Estado, para propósitos de planejamento e administração; e o indivíduo, que procura uma definição clara e efetiva de seus direitos sobre a propriedade imobiliária. O aspecto de multifinalidade deve-se exatamente aos aspectos levantados, à riqueza e importância das informações e aos usos a que o cadastro pode servir.

Desta forma, conforme houve mudanças na estrutura administrativa e na legislação de vários países, o cadastro técnico foi ganhando importância. Um dos fatos que se destaca nesse contexto é a Resolução aprovada em 1992 na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, a qual “deixou clara a importância da informação territorial confiável para apoiar os processos de tomada de decisões para a preservação do meio ambiente e promover o desenvolvimento sustentável” (ERBA, 2005, p. 19).

Apesar da multifinalidade do cadastro, Pereira (2009) indica que a principal característica de um CTM é o suporte para o conhecimento do território, através da informatização de um banco de dados públicos sobre as propriedades municipais ou outra esfera, permitindo visualização de forma gráfica e organizada em um sistema que pode servir como importante ferramenta para a gestão do território ao qual se

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refere, partindo do pressuposto de que o conhecimento é a força decisiva na reorganização da produção e do espaço.

Assumindo essa característica existem diversos cadastros, sendo sua estrutura mudada de acordo com o seu propósito, suas funções foram ampliadas à medida que foram evoluindo a administração e legislação de vários países, cada vez mais passando a ser usado como ferramenta para gestão, inclusive de áreas ambientais como as UC (DANTAS, 2009).

O tipo de cadastro nas Resex também muda, mesmo sendo em todas para a definição do perfil das populações tradicionais beneficiárias, pois esse não é universal. Ele será traçado de acordo com as características das atividades exercidas e pelos costumes tradicionais destas populações. Por este motivo uma das etapas do cadastrado dos beneficiários da UC é pesquisa por meio de questionários aplicados a essas populações (BRASIL, 2013).

O cadastro das famílias de populações tradicionais beneficiárias de Resex é de suma importância para o órgão gestor, principalmente para a fiscalização da área quanto ao uso sustentável dos recursos naturais da UC e no que tange a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT) da UC (MUNDIM, 2014; BRASIL, 2007).

Para o caso das Resex, o cadastro das famílias beneficiárias é fundamentado pela IN 35/2013 do ICMBio, criada para nortear esse tipo de cadastro, definindo conceitos a serem levados em consideração para esse cadastro/reconhecimento, a importância da obtenção de informações socioeconômicas e discussões com a população tradicional, levando em conta o que diz a lei, sobre as características imprescindíveis para o indivíduo ser definido como pertencendo a população tradicional da área (Brasil, 2013).

“A Federação Internacional de Geômetras (FIG) define cadastro como um sistema de informações da terra, atualizado, baseado em parcelas contendo um registro dos interesses que ocorrem sobre ela” (BEDÊ, 2009, p. 40). Pode-se dizer também que o cadastro consiste numa descrição geométrica de parcelas de terra ligadas a outros tipos de registros que descrevem a natureza dos seus interesses de uso e de propriedade, ou o controle desses interesses (BEDÊ, 2009).

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2.3 Levantamento geodésico

O posicionamento de um objeto significa lhe atribuir coordenadas com relação a um referencial específico (MONICO, 2008). Para isso, essas coordenadas precisam ser determinadas utilizando algum tipo de informação, como dados dos satélites do Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS) ou de aparelhos topográficos como Estação Total. Com o avanço das técnicas espaciais de posicionamento, surgiram diversos receptores GNSS, eles são bastante utilizados em levantamentos batimétricos, geodésicos e topográficos, com as vantagens da boa precisão, rapidez e baixo custo (BAPTISTA et al., 2008; FERREIRA et al., 2014; TANAJURA et al., 2011).

As técnicas de posicionamento classificam-se como estáticos e cinemáticos, dependendo do movimento da antena, bem como em tempo real e pós-processado, que está relacionado com a disponibilidade das coordenadas. Além destas, também podem ser divididas quanto à metodologia adotada, ou seja, utilizando ou não uma estação de referência, sendo denominadas de posicionamento relativo e posicionamento por ponto preciso (IBGE, 2008).

Então conclui-se que o levantamento geodésico é a atribuição de coordenadas a um ou mais pontos em relação a um referencial específico, nele considera-se a curvatura da terra e por isso é muito usado para a obtenção dos limites de grandes áreas.

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3 ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo é a REM Cuinarana, criada através do Decreto S/N de 10 de outubro de 2014, tem o bioma amazônico com aproximadamente 11.037 ha de área e 214.753m de perímetro e situa-se no município de Magalhães Barata, o qual encontra-se na zona fisiográfica do Salgado no estado do Pará (PMMB, 201-).

Os fundamentos históricos de Magalhães Barata são desconhecidos. Sabe-se, porém, que em 1936, já figurava como distrito judiciário de Marapanim, com o nome de Cuinarana, perdurando essa situação até 1938 quando, perdendo o predicado anterior, passou a integrar a zona do distrito-sede de Marapanim, donde foi restaurado no mesmo ano (PMMB, 201-).

“Cuinarana foi elevada à categoria de município, em 1961, com a denominação de Magalhães Barata, em homenagem ao líder político paraense, do período republicano, Joaquim de Magalhães Cardoso Barata” (PMMB, 201-, não paginado). Abaixo o mapa (Mapa 1) com a localização da REM Cuinarana.

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O mapa de localização (Mapa 1) descreve a localização da REM Cuinarana no estado do Pará, mostrando a sua localização em relação ao município de Magalhães Barata, o município em relação a Microrregião do Salgado Paraense e essa em relação ao estado do Pará. Além da localização da REM o mapa mostra sede municipal, rodovias estaduais que atravessam Magalhães Barata e a hidrografia de toda a Microrregião do Salgado.

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4 METODOLOGIA

Neste capitulo iremos mostrar como ocorreram os procedimentos para a execução do trabalho de definição do perfil de beneficiário da REM Cuinarana e a avaliação da maneira como ela ocorreu. Será mostrado uma sequência de procedimentos que devem ser realizados antes da discussão para a definição do perfil e a importância do levantamento geodésico dos imóveis dos entrevistados da comunidade alvo para a espacialização e posterior criação do CTM.

A metodologia deste trabalho acompanhou, em parte, a programação do ICMBio que foi o órgão que realizou o cadastro em estudo. Posteriormente foi feito um cronograma para coleta de dados geodésicos para obter a localização dos imóveis dos entrevistados e desenvolver a espacialização de algumas das informações levantadas pelo ICMBio, considerando que a Resex foi criada a pouco tempo e se têm poucas informações sobre ela.

4.1 Pesquisa bibliográfica e documental

Várias etapas foram necessárias para o desenvolvimento desta pesquisa. Dentre elas a pesquisa bibliográfica e documental como: teses, dissertações, livros, revistas cientificas, artigos, leis, resoluções, decretos, notas técnicas, instruções normativas e relatórios técnicos sobre unidades de conservação. Em especial a categoria reserva extrativista, também sobre cadastro técnico, gestão de unidades de conservação, conversas com o gestor da unidade entre outros temas relevantes para o trabalho. Como destaque temos os autores Loch, Erba, a lei 9.985 de 18 de julho de 2000 e o decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002.

Outra publicação de suma importância para o desenvolvimento do trabalho foi a IN do ICMBio nº 35 de 27 de dezembro de 2013, a qual disciplina as diretrizes e procedimentos administrativos para a elaboração e homologação do perfil da família beneficiária em Resex, RDSs e FLONAs, com populações tradicionais e em seu artigo 2º disciplina que:

I - População Tradicional: populações culturalmente diferenciadas e que se reconhecem como tais, que tem no extrativismo dos recursos naturais renováveis o meio de reprodução física e social essencial para seu modo de vida, utilizando de forma sustentável o ambiente que vivem, garantindo a conservação dos ecossistemas, com formas próprias de organização social.

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II - Família: unidade básica da sociedade, formada por indivíduos com ancestrais em comum ou ligados por laços afetivos, que se auto reconhecem como um núcleo familiar.

III - Perfil da Família Beneficiária: descrição das características que identificam a população tradicional de cada Unidade de Conservação - UC, servindo como parâmetro para o reconhecimento da família beneficiária da Unidade de Conservação (BRASIL, 2013, não paginado).

Na parte documental, além da IN nº 35/2013 consultou-se outras legislações que abrangem o conteúdo do tema deste trabalho para verificar a maneira correta de executar o trabalho. Assim pode-se traçar uma linha de raciocínio e depois verificar se esta estava de acordo com a traçada pelo ICMBio, comparando-as e já iniciando a avaliação do trabalho em estudo. Só foi possível essa comparação devido a participação, como ouvinte, nas reuniões do ICMBio referentes a REM Cuinarana, as quais foram a etapa posterior do trabalho.

4.2 Participação em reuniões

Nesta etapa da pesquisa o objetivo foi entender como funciona a dinâmica da gestão da área de estudo, principalmente no que se refere aos recursos naturais da UC. Para isso foi necessário participar das discussões desenvolvidas pelo ICMBio, como órgão gestor, nesta etapa a participação nas reuniões do Conselho Deliberativo foi muito importante para entender como funciona a delegação das responsabilidades a respeito das ações que devem ser tomadas na UC segundo a citadas na etapa anterior, assim como o auxílio do gestor da UC, para levantar informações relevantes acerca da própria gestão assim como a formação do GT responsável pelo cadastro, etapas e prazos deste, beneficiários, usuários e etc. 4.2.1 Reunião do Conselho Deliberativo.

O Conselho Deliberativo é um grupo formado por órgãos ou instituições parceiras do órgão gestor e por representantes da sociedade civil/população tradicional do entorno da área para que se tenha discussão, negociação, deliberação e gestão da UC e sua área de influência referente a questões sociais, econômicas, culturais e ambientais.

No caso da REM Cuinarana o Conselho Deliberativo é composto da seguinte forma:

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Quadro 2 – Integrantes do Conselho Deliberativo da REM Cuinarana.

Integrante Sigla Tipo

Instituto Chico Mendes de Conservação da

Biodiversidade ICMBio Gestor

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do

Estado do Pará EMATER Parceiro

Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Magalhães

Barata SEMMA Parceiro

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do

Pará IFPA (campus Castanhal) Parceiro

Núcleo de Meio Ambiente da Universidade Federal do

Pará NUMA/UFPA Parceiro

Universidade Federal Rural da Amazônia UFRA Parceiro

Câmara Municipal de Magalhães Barata CMMB Parceiro

Associação dos Usuários da Reserva Extrativista Marinha

Cuinarana AUREMAC Sociedade Civil

Associação dos Usuários da Reserva Extrativista Marinha

Mestre Lucindo AUREMLUC

Sociedade Civil

Colônia de Pescadores - Sociedade Civil

Representantes do polo 1 - Sociedade Civil

Representantes do polo 2 - Sociedade Civil

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Representantes do polo 4 - Sociedade Civil

Fonte: O Autor, 2019.

Entendi que o Conselho Deliberativo é formado por pessoas (físicas e jurídicas) que estejam envolvidos com a UC a qual será responsável, de forma que as decisões a respeito da UC passarão por este conselho, ou seja, serão colocadas em discussão nas reuniões dele. Desta forma ouve-se tanto as pessoas que vivem e dependem da área, como os órgãos responsáveis por gerir aquela área para que sejam tomadas decisões considerando o que determinam as regulamentações e ao mesmo tempo adequando essas determinações para a realidade da comunidade civil residente dentro ou no entrono da UC (ICMBio, 2014).

O presidente do conselho é o analista ambiental do ICMBio e gestor da REM Cuinarana, as reuniões não acontecem em lugar fixo, o local é combinado de acordo com a disponibilidade de locais e qual deles tem melhor localização para os constituintes do Conselho Deliberativo.

Nessas reuniões são traçados planos de ação para a gestão da UC e para verificar se os prazos dos planos traçados estão sendo respeitados ou se precisa adequá-los, isso de acordo com a disponibilidade de recursos necessários para a realização desses planos.

Foto 1 – Plano de ação para o cadastro apresentado na reunião do Conselho Deliberativo

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Pude participar da reunião do Conselho Deliberativo em 2018 (quando foi apresentado o plano de ação acima), a qual formou o GT responsável pelo plano de ação e execução deste para definir o perfil dos beneficiários da REM Cuinarana. 4.2.2 Reunião do grupo de trabalho (GT)

A criação desse GT está prevista no art. 8º, inciso II da IN do ICMBio nº 35/2013. A formação é decidida em reunião do Conselho Deliberativo e a função do GT é planejar e executar a forma de definir o perfil dos beneficiários da UC.

O GT foi formado pelos representantes da EMATER, UFRA, SEMMA de Magalhães Barata, AUREMAC, AUREMLUC e pelos representantes dos 4 polos comunitários do município.

Na primeira reunião entre os participantes do GT (em 2018) foram definidas as estratégias de levantamento dos dados das famílias beneficiárias da UC. Ficou decidido que seriam formadas e treinadas duas equipes para o levantamento dos dados socioeconômicos dessas famílias, contendo 1 coordenador, 4 entrevistadores e 2 guias cada.

A estratégia foi os representantes dos 4 polos comunitários divulgarem, previamente ao treinamento, que seriam feitas entrevistas pelo ICMBio para o levantamento de dados socioeconômicos das comunidades no entrono da UC. Sem deixar o entendimento por parte dos possíveis beneficiários de que essas informações prestadas trariam algum ganho futuro.

Na estratégia feita ficou decidido que seriam entrevistadas 16 das 22 comunidades existentes no entorno da UC, pois em pesquisa realizada junto a PMMB obteve-se a informação de que apenas essas 16 tinham relação com a pesca e extração de caranguejo. Nestas comunidades seriam indicados pescadores ou caranguejeiros por líderes comunitários contatados pelos representantes dos polos, para que fosse dada prioridade de entrevistar essas pessoas caso não fosse possível entrevistar todos os residentes da comunidade.

Nesta etapa o intuito foi participar da reunião do GT e candidatar-me a equipe de entrevistadores5 para acompanhar o planejamento e execução das etapas para a realização do cadastro, pois a participação no treinamento dos entrevistadores e

5 Na reunião do Conselho Deliberativo obteve-se a informação que seria formado duas equipes para levantamento dos dados socioeconômicos na reunião do GT.

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posteriormente nas entrevistas/aplicação dos questionários proporcionaria um melhor embasamento para avaliar a execução da estratégia traçada.

4.3 Levantamento dos dados socioeconômicos das famílias

Nesta etapa houve o treinamento das equipes que realizariam o levantamento dos dados socioeconômicos das famílias beneficiárias da UC e a execução das etapas posteriores a ele, conforme planejado na reunião do GT.

4.3.1 Treinamento dos entrevistadores

O treinamento foi realizado no município de Magalhães Barata-PA por um técnico do órgão gestor da UC, nele ficou definido que as entrevistas seriam feitas seguindo um questionário padrão criado pelo ICMBio e já usado em outras UC com pequenos ajustes para a realidade da REM Cuinarana.

O questionário padrão contém 8 módulos e a partir dele seriam criados 2 tipos de questionários, um contendo os 8 módulos (chamado amostral) e um outro contendo apenas os módulos 1, 2, 4 e 7 (chamado censitário). Definiu-se também que o questionário amostral seria aplicado apenas em 20% das pessoas entrevistadas em cada comunidade e o questionário censitário seria aplicado nos 80% restantes.

Foi mostrado no treinamento que os questionários estariam em um aplicativo desenvolvido pelo ICMBio e seriam usados tablets do próprio órgão ao invés de papel. O treinamento consistiu em apresentar a interface do aplicativo, a maneira de uso deste e dos tablets, a forma de abordagem na hora de iniciar e durante as entrevistas principalmente e principalmente em padronizar os preenchimentos das respostas às perguntas sem alternativas, ou seja, àquelas cuja respostas eram muito especificas do entrevistado, o treinamento foi realizado com o seguinte cronograma (Quadro 3):

Quadro 3 – Programação do treinamento para o levantamento das informações das famílias da Resex Marinha Cuinarana.

Dia 08/10 Atividade

15h00min Rodada de apresentações

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Foto 2 – Treinamento da equipe de entrevistadores

Fonte: Equipe de entrevistadores, 2018.

16h00min Apresentação sobre os objetivos do levantamento, resultados diretos e indiretos e demais informações relacionadas com a atividade. 16h30min Intervalo

17h00min Leitura do manual do usuário 18h00min Dúvidas?

19h00min Encerramento do dia

Dia 09/10 Atividade

08h00min Passo a passo de como preencher o questionário no tablet: Atividade prática (entrevistas) em duplas 08h30min Quais as dificuldades encontradas?

09h00min Orientações sobre o trabalho de campo (gestor da UC) 10h00min Aplicação do questionário em campo

12h00min Intervalo almoço

14h00min Backup dos arquivos (coordenador de campo)

15h00min Quais as dificuldades encontradas durante as entrevistas em campo? (sistematização de informações) 18h00min Encerramento do dia

Dia 10/10 Atividade

08h00min Aplicação do questionário em campo 12h00min Intervalo para almoço

14h00min Backup dos arquivos (coordenador de campo)

15h00min Quais as dificuldades encontradas durante as entrevistas em campo? (sistematização de informações); Balanço das atividades. 18h00min Encerramento do dia

Dia 11/10 Atividade

08h00min Reforço da mobilização informando sobre o levantamento nas 16 comunidades 12h00min Encerramento das atividades

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Foto 3 – Treinamento da equipe de entrevistadores

Fonte: Equipe de entrevistadores, 2018.

Foto 4 – Parte prática do treinamento da equipe de entrevistadores

Fonte: Equipe de entrevistadores, 2018.

As fotos 2 e 3 exibem o registro da apresentação da localização da REM Cuinarana e de uma das discussões sobre a padronização para as perguntas sem opção de resposta do questionário, respectivamente, enquanto a foto 4 exibe a parte

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prática do treinamento da equipe, a qual consistiu em uma aplicação em dupla do questionário do tipo amostral.

Após o treinamento da equipe houve o planejamento do período para realização das entrevistas conforme a disponibilidade de recursos financeiros do ICMBio, a primeira etapa foi realizada duas semanas após o treinamento, utilizando o questionário padrão, aplicativo e tablets próprios do ICMBio e será detalhado a seguir.

4.3.2 Aplicação dos questionários

Após o período de treinamento houve a primeira etapa de entrevistas com a aplicação dos questionários (em outubro de 2018) pelas equipes formadas na reunião do GT e posteriormente treinadas. Foram aplicados os 2 tipos de questionários (figura 1 e figura 2) destrinchados durante o treinamento. Conforme passado no treinamento nunca seriam aplicados os dois questionários na entrevista de uma mesma família e todas as 16 comunidades teriam que ter pelo menos 20% dos questionários aplicados sendo do tipo amostral.

O fluxograma abaixo mostra a divisão em módulos do questionário do tipo padrão (chamado amostral) aplicado nas entrevistas para o levantamento dos dados socioeconômicos, cada um dos 7 módulos é referente a um tipo de informação, como membros, renda e educação da família. O formulário é extenso, podendo conter até 270 perguntas, pois dependendo da resposta a uma pergunta se ativa ou não uma pergunta posterior relacionada a esta para se obter uma resposta mais precisa, como por exemplo, no módulo 2 (caracterização da área de moradia e uso) tem-se a pergunta se o entrevistado é dono da área de moradia, se a resposta for não ativa-se a pergunta: qual o vínculo do entrevistado com o proprietário da área de moradia, ao passo que se a resposta a primeira pergunta for sim essa segunda pergunta não será ativada, o tempo médio para a aplicação dele foi de 40 minutos a 1 hora por família entrevistada.

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Figura 1 – Divisão em módulos do formulário do tipo amostral aplicado.

Fonte: ICMBio, 2018

O fluxograma abaixo mostra a divisão em módulos (1, 2, 4 e 7) do questionário do tipo censitário aplicado nas entrevistas para o levantamento dos dados socioeconômicos das famílias beneficiárias da REM Cuinarana. Vale ressaltar que a maioria, aproximadamente 80%, das famílias das 16 comunidades foram entrevistadas utilizando esse tipo de questionário. O questionário censitário contém bem menos perguntas do que o amostral e levou de 25 a 30 minutos em média para ser aplicado em cada família entrevistada.

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Figura 2 – Divisão em módulos do formulário do tipo censitário aplicado.

Fonte: ICMBio, 2018

As entrevistas ocorreram em 3 etapas. Porém, a pesquisa envolve apenas as atividades realizadas durante a primeira etapa. Após o término da primeira etapa, os dados levantados foram enviados para o escritório do ICMBio em Brasília para serem analisados, exportados do formato do aplicativo usado para o do software excel antes de serem liberados e posteriormente enviados para uso e prosseguimento do trabalho do GT.

Foto 5 – Aplicação de questionário na comunidade Calafate

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Nesta foto têm-se o registro da abordagem para a aplicação do questionário durante a segunda etapa do levantamento socioeconômico. Uma observação a ser feita é que até a data de apresentação deste trabalho de conclusão de curso (TCC) o trabalho do GT está parado na etapa do levantamento socioeconômico. Desta maneira resolvi descrever o que entendi a respeito das etapas posteriores a essa até se chegar no cadastramento dos beneficiários da REM Cuinarana.

4.4 Utilização dos dados levantados

Logo após o recebimento desses dados será feito um relatório do trabalho de campo e serão feitas reuniões do GT com os representantes das comunidades para discussões sobre o perfil dos beneficiários da REM Cuinarana até se chegar em um consenso sobre o perfil. Chegando a esse consenso deve ser definido o perfil dos beneficiários da unidade. Após a definição, o GT deverá formalizar junto ao ICMBio o perfil dos beneficiários. Posteriormente ele ter sido aceito e decretado finalmente será feito o cadastramento dessas pessoas no SISFamilias.

Foi disponibilizado pelo ICMBio grande parte dos dados e assim foi desenvolvido a análise do cadastro segundo o que consta na IN 35/2013, na IN 2/2007 e no decreto 6.040/2007 até a etapa das entrevistas. Após a avaliação feita foram elaborados mapas retratando a localização das comunidades e dos polos comunitários da REM Cuinarana com enfoque a área de estudo. Para a sugestão de CTM foi escolhida uma das comunidades alvo das entrevistas, nela foi feito o levantamento geodésico dos imóveis dos possíveis beneficiários para se fazer a espacialização destes imóveis contendo informações adquiridas pelo ICMBio que foram consideradas mais pertinentes para o banco de dados criado.

4.5 Espacialização das informações adquiridas junto ao ICMBio

Nesta etapa do trabalho o intuito foi o levantamento de pontos no campo para espacializar os imóveis dos possíveis beneficiários entrevistados. Foi escolhido como alvo apenas a comunidade Fazendinha por sua proximidade com a sede municipal, pela facilidade na abordagem aos entrevistados para ter acesso aos imóveis tendo ajuda de uma moradora da comunidade e por ter um número de

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entrevistados compatíveis com o tempo e com o objetivo que se tinha para esta parte do trabalho.

4.5.1 Relacionando os dados obtidos

O levantamento socioeconômico é a obtenção de informações socioeconômicas (neste caso por meio de entrevistas com a aplicação de questionários do ICMBio) das famílias que residem no interior ou no entorno da área da UC. Essas informações são adquiridas para que se possa traçar um perfil das famílias tradicionais seguindo o decreto nº 6.040 de 7 de fevereiro de 2007, que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais.

Para a criação do CTM da área além do levantamento socioeconômico teve-se que realizar o levantamento geodésico das extremidades dos imóveis escolhidos para integrar o CTM criado, teve-se como alvo 50% dos possíveis beneficiários da comunidade Fazendinha.

No levantamento geodésico coletou-se 45 pontos e para isto teve-se que coletar 4 pontos para servir como bases, isto foi necessário pela distância dos imóveis até a estação da RBMC mais próxima (BELE) ser entre 100 e 500 km e neste caso teriam que ser 240 minutos de coleta para cada ponto (Quadro 4), então coletou-se as 4 bases para agilizar o trabalho, já que com as bases coletadas os outros pontos poderiam ter um tempo de coleta entre 30 e 45 minutos cada.

Quadro 4 – Características técnicas para o posicionamento relativo estático

Referências

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