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Relatório da Missão de Observação das Eleições Parlamentares e Presidenciais nos Estados Unidos da América. 31 de Outubro a 6 de Novembro de 2008

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DELEGAÇÃO À ASSEMBLEIA PARLAMENTAR DA OSCE

Relatório da Missão de Observação das Eleições Parlamentares e Presidenciais nos Estados Unidos da América

31 de Outubro a 6 de Novembro de 2008

A Assembleia Parlamentar da OSCE organizou uma Missão de Observação por ocasião das eleições parlamentares e presidenciais norte-americanas a convite do Congresso dos Estados Unidos. Participaram os Deputados João Soares (PS), Presidente da AP OSCE e da Delegação portuguesa – que chefiou esta Missão internacional – e António Almeida Henriques (PSD), Vice-Presidente da Delegação portuguesa.

Esta missão teve início em Setembro de 2008 com a realização de um Seminário no Congresso dos EUA, em Washington DC, onde participaram mais 50 parlamentares. A missão prosseguiu, em meados de Outubro, com uma pré-avaliação dos Estados onde as eleições se previam ser mais disputadas. Esta missão foi chefiada pela Vice-Presidente da AP OSCE Pia Christmas-Moller da Dinamarca.

A missão de observação propriamente dita iniciou-se a 31 de Outubro em Washington DC e contou com a participação de 94 observadores em representação de 28 países. Estes observadores estiveram presentes em 9 Estados: Florida, Carolina do Norte, Virgina, New Hampshire, Ohio, Missouri, Novo México, Colorado e em Washington DC.

O briefing de dia 31, que foi dirigido pelo Deputado João Soares, contou com a participação dos seguintes oradores: Frank Fahrenkopf, antigo Presidente do Partido Republicano; Donald F. McGanh II, Presidente da Comissão Federal de Eleições; Jean-Pierre Kingsley, Presidente da Fundação Internacional para os Sistemas Eleitorais; Donetta Davidson, Vice-Presidente da Comissão de Assistência Eleitoral; Steny Hoyer, líder da maioria na Câmara dos Representantes; Jon Greenbaum, Director do “Voting Rights Project”; Tom McMahon, Director Executivo do Comité Nacional do Partido Democrático; Carl Cannon, jornalista do “National Journal”; e Brent McMillan, Director Político do Partido Verde.

As intervenções destes oradores, e as perguntas dos membros da missão de observação, centraram-se sobretudo em duas vertentes: a singularidade do sistema eleitoral norte-americano (cada Estado tem o seu sistema; o Colégio Eleitoral, o peso dos dois grandes partidos, os métodos de votação que podem ser diferentes de condado para condado); e as particularidades desta eleição (o voto jovem, a inscrição de novos eleitores, a mobilização através da internet, o financiamento das campanhas e as ideias dos candidatos).

No final deste dia o Embaixador de Portugal em Washington, Dr. João de Vallera, ofereceu uma recepção a todos os membros da missão de observação da AP OSCE. A delegação da Assembleia da República, para além de Washington DC, deslocou-se ainda aos Estados da Carolina do Norte e da Virginia. Estas deslocações revelaram-se

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bastante úteis para a compreensão do tecido social norte-americano e para as especificidades das eleições ao nível estadual.

Em Raleigh, na Carolina do Norte, a Delegação contactou – juntamente com a equipa da AP aí sedeada – com um conjunto de individualidades (membros dos principais Partidos, comentadores políticos, professores universitários e jornalistas) que falaram acerca da vida política neste Estado. Destacaram a possibilidade da vitória do candidato do Partido Democrático chamando a atenção, sobretudo, para algumas mudanças demográficas e para o esforço feito ao nível da inscrição de novos eleitores. Foi ainda debatido o sistema do “winner takes it all” e a comparação com os sistemas da Europa continental.

Em Richmond, no Estado da Virgínia, a Delegação da AR teve uma reunião de trabalho com o Mayor Douglas Wilder, o primeiro afro-americano eleito Governador deste Estado. O Mayor Wilder foi um dos primeiros apoiantes da candidatura do Senador Barack Obama à Presidência, tendo-o aconselhado a seguir uma estratégia “nacional”, isto é devia lutar para vencer em todos os 50 Estados da União e não apenas nos Estados onde o Partido Democrático teria algumas hipóteses de triunfar. A Virginia – tal como a Carolina do Norte – era um dos Estados onde os Democratas tinham dificuldades em vencer uma eleição presidencial.

Foram ainda mantidos contactos com elementos ligados ao Governo do Estado, sobretudo para entender a mecânica do voto, o sistema de inscrição de eleitores, o financiamento dos partidos e as dificuldades ligadas à votação antecipada (calcula-se que na Virginia cerca de 1/3 dos eleitores votaram antecipadamente) e à votação electrónica. Contudo, foi-nos garantido que a maioria dessas dificuldades foi ultrapassada e que o sistema era totalmente fiável. Tinham também previsto um maior afluxo de eleitores tendo, para tal, adquiridos mais máquinas de votação electrónica.

Estes briefings e reuniões enquadraram a situação política nos EUA e foram fundamentais para se entender a realidade no terreno.

Em relação a outras missões de observação da AP OSCE, existiu a vantagem de, nos EUA, os observadores da OSCE terem assistido a eventos de campanha nos nove Estados em que estiveram presentes.

A Delegação da AR assistiu a dois comícios: um do Senador John McCain em Springfield (Virginia) onde estiveram presentes cerca 4.000 apoiantes; e outro do Senador Barack Obama em Manassas, também na Virginia, onde estiveram presentes cerca de 80.000 apoiantes. Tratou-se do último comício do Senador Obama antes do dia das eleições. Participaram ainda em ambos os comícios alguns candidatos dos dois Partidos à Câmara do Representantes e ao Senado pelo Estado da Virginia.

No dia das eleições, 4 de Novembro, a Delegação da AR visitou mesas de voto em Manassas, no Estado da Virginia, onde reside uma grande comunidade portuguesa. Para além da visita aos locais de voto os Deputados portugueses tiveram oportunidade de falar com alguns emigrantes portugueses residentes naquela área.

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Foram ainda visitadas mesas de voto na zona norte de Washington DC, uma área predominantemente afro-americana onde a afluência às urnas aumentou, em alguns casos, mais de 100% relativamente a 2004.

Durante o dia das eleições a delegação da AR contou com o apoio da Embaixada de Portugal em Washington.

A Delegação teve acesso a todas as mesas de voto visitadas. O processo de votação decorreu com total normalidade e liberdade quer na Virginia, onde foi utilizada a votação electrónica (o eleitor faz a sua escolha através do toque num ecrã não havendo registo em papel desse voto), quer em Washington, onde os eleitores assinalavam a sua escolha numa folha de papel que era posteriormente colocada num aparelho de leitura óptica onde ficava registado o voto.

No momento da identificação os eleitores da Virginia tinham que apresentar um documento “federal” que poderia não ter fotografia. Em Washington DC os eleitores não necessitavam de nenhum documento para votar: bastava dizerem o seu nome e morada e o voto era descarregado no caderno eleitoral.

Apesar das fragilidades inerentes a este sistema não foi registada nenhuma queixa de voto duplo ou de alguém que não tenha sido autorizado a votar.

O Senador Barack Obama foi eleito Presidente dos Estados Unidos com 52,7% dos votos (365 votos no Colégio Eleitoral) contra 45,9% do Senador John McCain (173 votos no Colégio Eleitoral).

No Estado da Virginia e em Washington DC, locais onde a delegação da AR efectuou a sua observação, o Senador Obama venceu o escrutínio com 52,7% e 92,9% respectivamente.

Os debrifings, no qual participaram as equipas da AP OSCE que efectuaram a observação nos 9 Estados, decorreram no dia a seguir às eleições. A grande maioria dos observadores considerou que estas eleições foram livres e justas e que os resultados reflectem a vontade do povo norte-americano.

Foram apenas registados pequenos problemas devido às longas filas nas primeiras horas da manhã à porta das assembleias de voto. Em dois casos, na Virginia e na Florida, os observadores da AP OSCE não foram autorizados a entrar nos locais onde decorria a votação.

A conferência de imprensa onde foram anunciadas as conclusões desta missão de observação decorreu no dia 6 de Novembro no National Press Club em Washington DC. O Deputado João Soares, na sua qualidade de Presidente da AP OSCE e chefe desta missão de observação, afirmou:

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DELEGAÇÃO À ASSEMBLEIA PARLAMENTAR DA OSCE

“A AP OSCE monitorizou as eleições presidenciais e parlamentares norte-americanas de 2008 em conformidade com os compromissos da OSCE tal como estão definidos no Documento de Copenhaga de 1990, o qual foi subscrito pelos EUA.

Esta Missão teve início com um Seminário a 22 e 23 de Setembro no Congresso dos EUA no qual participaram 43 parlamentares. Em Outubro foi enviada uma missão de avaliação a cinco Estados. A missão de observação de curto-prazo incluiu um total de 94 observadores dos quais 76 são parlamentares em representação de 28 países. Estes parlamentares foram enviados para nove Estados: Florida, Carolina do Norte, Virgina, New Hampshire, Ohio, Missouri, Novo México, Colorado e Washington DC.

Nos últimos anos existiu uma falta de confiança em muitas partes do mundo em relação ao sistema eleitoral dos EUA, mas as eleições de 4 de Novembro foram exemplares e a confiança no sistema eleitoral foi recuperada.

As eleições norte-americanas foram uma demonstração significativa do compromisso com a democracia. Num ambiente altamente competitivo a votação reflectiu claramente a vontade dos cidadãos. Foram registados pequenos problemas pelos parlamentares que monitorizaram este acto em nove Estados cruciais. Os eleitores tiveram a oportunidade de fazer a sua escolha de forma livre e informada.

No seguimento do processo de inscrição nos cadernos eleitorais de 150 milhões de americanos, estas eleições registaram uma taxa de participação recorde, nalguns casos de mais de 90%. O voto antecipado, disponível em mais de 30 Estados, permitiu que esta taxa de participação fosse tão elevada. Calcula-se que cerca de 30% dos eleitores tenham decidido votar desta forma.

Apesar de existirem receios de que a elevada taxa de participação pudesse prejudicar o processo de votação, o elevado número de votos antecipados permitiu que o dia das eleições decorresse sem problemas de maior. Contudo, ainda persistem algumas dificuldades que foram sentidas por muitos eleitores ao esperaram em filas, durante várias horas, para exercer o seu direito.

O sistema eleitoral, diverso e descentralizado, não tem critérios uniformes criando, desta forma, vulnerabilidades nomeadamente no que respeita à integridade do processo de inscrição de eleitores, identificação de eleitores e máquinas de votação electrónica.

O crescente uso de boletins de papel e scanners de leitura óptica é um passo positivo. No entanto, a configuração dos boletins em alguns Estados é bastante complicada e, por vezes, atrasa o processo de votação.

A presença frequente de observadores de partidos políticos e de ONGs, onde se incluem milhares de voluntários que poderiam prestar assistência legal aos eleitores, também foi avaliada de forma positiva embora possa ser considerada como um reflexo da complexidade do sistema.

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O acesso dos observadores internacionais é regulado por leis estaduais. Nalguns casos os observadores parlamentares não tiveram acesso ao interior da assembleia de voto. Este problema foi normalmente resolvido através da boa vontade dos responsáveis pela condução do processo eleitoral nos diversos Estados. Não poderia deixar de agradecer a todos eles a ajuda que nos foi concedida.

Gostaria também de agradecer aos nossos colegas norte-americanos que são membros da Assembleia Parlamentar, nomeadamente aos Co-Presidentes da Helsinki Commission: Representante Alcee Hastings e Senador Benjamin Cardin. Enquanto anfitriões destas eleições não participaram no processo de observação, mas todos os seus colegas e os seus funcionários deram-nos um aconselhamento e um encorajamento sem limites.

Finalmente gostaria de agradecer ao Governo dos Estados Unidos pelo convite à Assembleia Parlamentar da OSCE para observar estas eleições. Tal como após as eleições de 2004, gostaria de apelar novamente no sentido de que se torna necessário aprovar nova legislação que permita o acesso, sem limitações, dos observadores internacionais aos locais de voto.”

No decorrer desta missão de observação a Delegação da AR foi entrevistada por diversos órgãos de comunicação social portugueses: SIC, Antena Um, Rádio Renascença, RCP e LUSA.

ANEXO: News from Copenhagen 276

AR, 25 de Novembro de 2008

O Técnico Superior

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