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Ir. Clementina Copia (CONSELHO GERAL)

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Academic year: 2021

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Senhor me levou para a África pela terceira vez, nesta terra ainda bastante jovem e fascinante. Na minha última viagem fiz a experiência de um senso mais profundo de pertença a esta terra, como se uma porta me tivesse sido aberta para uma maior compreensão e apreço da realidade da Tanzânia. O que continua a me tocar, desde a primeira vez que pus os pés na África, é o sorriso do povo e sua extraordinária capacidade de acolhimento. Isto é verdade, mesmo no mais pobre e no mais incapacitado. Se eles não têm nada mais para oferecer, pelo menos o sorriso deles é seu mais sincero acolhimento.

Toda gente sabe que a Tanzânia é um dos países mais pobres do mundo: 60% de seu povo não

têm eletricidade e 40% não tem acesso à água potável. Poucas famílias têm água em casa, e a maioria delas têm que caminhar quilômetros até a fonte de água. Em geral, esta tarefa de buscar água é reservada às crianças ou adolescentes, que fazem isto depois das aulas e, com frequencia, lavam a roupa da família quando estão pegando água. Trago ainda no meu

coração a imagem de uma criança de 6 anos que levava para casa uma balde cheio de água na cabeça e o carregava com grande força e até com ligeireza; quando nos viu e chegou perto de nós, pôs no chão o balde e nos deu um grande sorriso de alegria. Esta criança mostrou-me muita força e coragem. Eu me lembro de outro menino que nos disse que alguns

S u m á r i o

O Pobre que nos Evangeliza

continua na pág. 5

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Congregação das Irmãs

de São José de Chambéry

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Viver Nosso Carisma em Quetta

pág. 2

Estar Atenta a Todas as Pessoas

pág. 3

Vivendo o Carisma das Irmãs

pág. 4

ESTADOSUNIDOS: Cuidar do que

nos rodeia no Universo

pág. 8

SÃOPAULO: Oficina de Memória

Viva...

pág. 5

ITÁLIA: Congregações trabalham

para a Sustentabilidade...

pág. 6

MOÇAMBIQUE: Água, Fonte de Vida

pág. 10

REGIÃON/NE: Filarmônica Irmãs

de São José

pág. 12

PARANÁ: Trabalho Missionário

em Guaraqueçaba

pág. 14

SNEHALAYA: Dia Mundial do Meio

Ambiente

pág. 15

NIRMALA: Uma Porta que Conduz à

Arte de Escrever

pág. 16

MOÇAMBIQUE: Crianças, flores que

nunca murcham

pág. 17

ESTADOSUNIDOS: Alimentando

o Faminto nos Estados Unidos

pág. 18

SÃOPAULO: A gente quer comida,

diversão e arte!

pág. 19

LAGOAVERMELHA: Formação que

Faz a Diferença

pág. 20

Ir. Clementina Copia

(CONSELHOGERAL)

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a comunidade de Quetta, localizada no Baluquistão, que é conhecida como uma área atrasada e tipicamente terrorista, as Irmãs são sinais visíveis de esperança, amor, justiça e unidade. Ir. Catherine, a Coordenadora da nossa Região, é responsável pela Escola Infantil Feminina Montessori que é propriedade das Irmãs e dirigida por elas. Há estudantes de diferentes religiões e de diferentes níveis econômicos. Ainda que a maioria das famílias esteja financeiramente bem, algumas só podem mandar suas crianças para esta escola graças à gratuidade concedida. Como a escola é bem conhecida na cidade, muitos pais querem mandar suas filhas para lá. Isto dá às Irmãs que lecionam na Escola a oportunidade de

promover não só uma educação valorizada, mas também o carisma de amor, paz e de

aceitação entre todas as religiões das estudantes e de seus pais. Como Diretora, Ir. Catherine

enfrenta muitos acidentes com os pais que são frequentemente menos do que delicados. Nestes momentos, ela tem a chance de mostrar a eles o grande amor de Deus e uma atitude de justiça para todos.

Muitos pais se dirigem à Irmã e partilham seus problemas e dizem que têm todas as coisas

materiais, mas a paz do coração e das mentes está faltando em suas vidas. A Irmã os encoraja a passar mais tempo em casa, com sua família e também a pensar no pobre da redondeza e ajudá-los em suas necessidades. Este é um meio de chegar a eles para ajudar os necessitados, pois entre os pais das alunas há pessoas importantes na cidade e muitos deles tiveram as Irmãs como suas professoras.

Cada Domingo as Irmãs vão com o Padre visitar alguns lugares onde as famílias cristãs não têm muito conhecimento de sua religião. Como as distâncias são grandes e há somente alguns padres em todo o Baluquistão, a presença das Irmãs é importante para ajudar estas famílias e entenderem a mensagem de Cristo e ajudá-las a serem firmes

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Viver Nosso Carisma em Quetta

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Ir. Catherine com as mulheres paquistanesas

Ir. Sana Thomas

(PAQUISTÃO)

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osso Carisma está orientado para um único fim: “Buscar a união das pessoas entre si e conosco, mas tudo em Jesus e em Deus, seu Pai”. Neste estágio da minha vida, minha missão consiste em primeiro lugar, cuidar da minha tia de 91 anos que é, em grande parte, dependente. Preciso da ajuda do Senhor a fim de estar a escuta de seus desejos, mesmo os menores deles, e amá-la como ela é, com as exigências que isto acarreta. Como Santa Teresa, digo com frequência a mim mesma: “Só por hoje”.

Em minha missão, o trabalho pela Justiça e Paz é estar atenta, tanto quanto possível, a cada uma das pessoas que cruza meu caminho, para ouvir, para dizer “Bom dia”, para estar em diálogo, para sorrir, para ajudar, para acolher... Com frequência recebo as confidências

de um e de outro, da minha família e de meus amigos, dos meus vizinhos, dos participantes do meu grupo de estudo da Bíblia onde a escuta, o respeito, a amizade são experiências reais.

Eu visito as pessoas idosas da minha vizinhança, nas casas de repouso e na cidade, onde me pedem apenas para me esquecer, para ser paciente e aberta aos sofrimentos por causa da velhice, onde eles repetem cem vezes a mesa coisa. Eu me encontro com meus antigos alunos e me correspondo com eles e, algumas vezes, com seus pais e com antigos colegas que se tornaram meus amigos. Todas estas pessoas me fazem partilhar de suas alegrias, mas também de suas preocupações e dificuldades. Eu as tenho em minhas orações e, se posso, ofereço minha ajuda.

Ofereço minha disponibilidade e minha escuta, vividas

concretamente, aos membros de minha grande família. De vez em quando, posso ajudar as pessoas e os membros de minha família a se reconciliarem. Por exemplo, convidei para um almoço duas primas que não se falavam há muito tempo. Tento acalmar as coisas durante uma discussão e,

principalmente, tento não tornar a conversa mais exacerbada enquanto conversamos, mesmo quando não temos a mesma opinião. Ninguém tem a verdade absoluta.

Devo dizer que recebo alegrias de volta; elas vão direto ao meu coração: seriam numerosas para citar! Ouvir, rezar, esperar, amar... como Deus nos ama e, sobretudo com a sua graça! O Essencial nesta vida é o AMOR!

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Estar Atenta a Todas

as Pessoas

Marcelle Leotard,

Leiga Consagrada (FRANÇA)

na fé através da oração. Ir. Carmeline, uma Irmã indiana aposentada, que se naturalizou

paquistanesa, ajuda muito em todos os assuntos por causa dos seus 61 anos de serviço no Paquistão. Além dos anos que ela tem, através dos seus

relacionamentos, mas de um modo muito quieto, ela tem ajudado muitos pobres a conseguirem emprego. Ela tem agora 85 anos, mas continua a ser uma presença de nosso Carisma não só em seus relacionamentos com o povo, mas também na ajuda que ela dá às nossas jovens Irmãs em seus estudos.

No ano passado as Irmãs também estavam dando esperança ao povo que foi atingido pelas enchentes, ajudando as pessoas com alimento e roupa. Deste modo as Irmãs partilham seu amor, alegria e preocupação com todos os pobres.

Nossas Irmãs no Paquistão estão respondendo às necessidades do nosso tempo. Elas alargaram suas tendas e foram para as fronteiras pelo simples ato de abrir seus corações e suas portas para o querido próximo. Elas vivem pelo princípio de que a

educação e a prática da fé de cada um é direito de todos os seres humanos. À luz do nosso Carisma, nossas missões e

ministérios na Região do Paquistão estão

florescendo com a sempre crescente energia da Justiça e da Paz.

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que significa que os seres humanos são criados à imagem de Deus? É realmente uma ideia gigantesca que tira o fôlego da gente a menos que se enfrente o desafio e comece a agir. Sim, ação é a resposta para a centelha divina em nossa natureza... Nascemos para crescer, para nos expandir – alguns de nós como enfermeiros, outros como professores, outros ainda como religiosos, alguns como

funcionários e assim por diante. Minha vocação como jovem foi ser ator, e eu me tornei ator e, mais tarde, tornei-me professor. Estes dois trabalhos, ator e professor, vão muito bem juntos e, o que é mais, ser ator e ser professor são meios perfeitos para tornar vivo e vibrante o Carisma das Irmãs de São José. Eu me converti ao Catolicismo

em 1987 e sabia com certeza que nunca seria professor na Escola Católica Santa Sunniva, pois eu estava

profundamente envolvido no trabalho da minha paróquia. Ser membro da Equipe da Paróquia, ler os textos das Escrituras durante a Missa, promover eventos culturais na Igreja – era suficiente. Mas, num belo dia de Verão, quando estava esperando o ônibus para voltar para casa, minha mente estava

absolutamente vazia de tudo e plena apenas da paz e da harmonia da natureza. Neste momento de paz, uma voz dentro de mim disse: “Você deve candidatar-se a um emprego em Santa Sunniva.” Isto era exatamente o oposto do que eu mesmo havia decidido, mas fiz como a voz disse e me candidatei a um emprego em Santa Sunniva. Dois meses mais tarde eu estava contratado como professor na única escola católica em Oslo e comecei uma carreira que foi guiada por uma orientação interior, que eu penso ser a mesma divina inspiração que me falou naquele dia maravilhoso de Verão quando esperava o ônibus. Eu não só leciono em Santa Sunniva. Comecei um processo de formar os professores no Catolicismo; escrevi várias peças evangélicas e as dirigi para serem usadas nas Missas e, juntamente com a Diretora da Escola, Ir. Marie-Kristin, tomei também a iniciativa, em nome da Equipe, de viajar para Roma e para

Chambéry.

Alguns anos atrás as Irmãs começaram um movimento para as pessoas que queriam ser Associadas das Irmãs de São José e desejavam viver o Carisma delas. Eu me tornei membro deste grupo e, cada mês, nós temos um encontro onde estamos estudando as Máximas do Padre Médaille. No momento estamos fazendo um curso online sobre o Padre Médaille e

conversamos sobre o seu conteúdo e como isto toca as nossas vidas.

Eu disse que a minha vocação era atuar como ator e as Irmãs de São José me ofereceram uma

interessante ocasião de fazê-lo. Elas me pediram que escrevesse uma peça sobre a história delas, o que eu fiz com grande alegria. Nós também tivemos a

oportunidade de apresentá-la no palco e de apresentar esta peça em várias paróquias na Diocese de Oslo e, assim, espalhar o Carisma das Irmãs para muitos fiéis que conheciam pouco ou nada sobre a vida e

espiritualidade das Irmãs. E quem assumiu os papéis na peça? Sim, foram as próprias Irmãs: as sete Postulantes do Vietnã e quatro Irmãs que estão na Congregação há muitos anos. Todas elas atuaram bem e o público respondeu com grande

entusiasmo. Eu fui o contador da história que dei unidade às várias cenas da peça e senti que atuar no palco foi um modo efetivo de tornar conhecido o Carisma das Irmãs ao público.

Vivendo o Carisma

das Irmãs de São José

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Oddmund Berg

Oddmund Berg

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Oficina de Memória Viva: memórias

de uma das participantes do curso

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dias antes tinha ficado estudando à luz de vela quando pegou no sono pelo cansaço. A vela caiu e a casa pegou fogo. Quando o garoto veio para as Irmãs, suas mãos estavam tão queimadas que era difícil abri-las. Mesmo com a dor e a perda da casa, ele

continuou a sorrir e a mostrar paciente aceitação desta nova realidade que, de acordo com ele, tinha sido permitida por Deus. Parece-me claro que,

pela dignidade e promoção do povo da Tanzânia. Fazem isto com simplicidade e coragem,

tolerando, quando necessário, as profundas contradições e

ambiguidades da cultura do povo tanzaniano. Posso dizer que, assim como Moisés teve um contato face a face com Deus na sarça ardente, eu vi o Senhor face a face no encontro com estes pobres e na partilha de vida e de serviço de nossas Irmãs no meio do povo.

mesmo na situação mais difícil e de grande sofrimento, todas nós podemos receber a luz e a graça que nos ajudam em nosso seguimento de Deus e no empenho em construir o seu Reino.

Para mim, estes dias na Tanzânia, foram uma oportunidade de uma nova experiência espiritual. Eu me senti revigorada em meu serviço e estimulada com o testemunho de nossas Irmãs que estão em contato diário com este povo. Elas oferecem suas vidas

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ra o dia 10 de maio e estávamos no segundo encontro da Oficina da Memória Viva, ocorrida todas as terças-feiras do mês de maio de 2011, na Casa Provincial de São Paulo. A oficina é ministrada pela professora Vera Brandão,

pedagoga e doutora em Ciências Sociais e é promovida pela Província de São Paulo, Brasil. A maioria de nós trouxe, nesse dia, sua árvore genealógica, montada como tarefa resultante do

primeiro encontro. Cada participante observava com admiração a criatividade e o trabalho das outras Irmãs. Eram memórias de vidas que

começavam a ser expressas de diferentes formas. Percebi uma árvore diferenciada: uma fotografia colada no centro de uma folha sulfite, ao seu redor, alguns escritos. A imagem da foto era a de um imenso tronco de uma árvore e diante dele, de corpo inteiro, a Irmã Delta Toyama.

Após expressarmos os nossos

sentimentos, ao realizar a elaboração da nossa árvore genealógica, seguiram-se as apresentações sobre cada árvore, os familiares ali presentes e as lembranças que nela havia. Histórias tão diversificadas quanto às árvores montadas. E em cada narrativa, feita com o jeito de cada uma de nós, eram perceptíveis as emoções do passado que eram retomadas e novamente revividas naquele momento.

Chegou a vez de Irmã Delta Toyama fazer sua apresentação. Ela começa justificando que aquele tronco representava a árvore de sua família, a única que havia. Lê um poema que conta a história de seus pais desde que saíram do Japão, deixando seu único filho com dez meses com seus avôs para dar continuidade à tradição familiar. A cada frase dita íamos nos comovendo e

entrando no cenário da trajetória de sua família no Brasil. Com seu jeito simples, tranquilo e

equilibrado ia dando vida a cada palavra dita pausadamente. Ao ouvir sua história e de sua família - que se encontra uma continuação da página 1

Ir. Vera Lúcia dos Santos

(SÃOPAULO, BRASIL)

parte no Brasil e outra no Japão, em Niigata, lado oposto a

Fukushima, onde em março deste ano teve início uma série de tsunamis que ainda assolam o país - considerei importante partilhar com toda a

Congregação uma das muitas histórias de família que estamos, aos poucos, reconstituindo e, como nos diz Vera Brandão, refazendo dentro de nós.

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s tempos em que vivemos têm trazido grandes mudanças nos sistemas econômicos, tanto nas macro-áreas e sua repercussão nas micro-áreas, e na nossa vida diária, mesmo se não nos damos conta disto. Nesta era Pós-Moderna, as diferenças econômicas e sociais entre os povos, e no meio deles, têm crescido. Tudo o que importa são eficiência e consumismo, em detrimento do equilíbrio da vida das pessoas. O que importa se os direitos das pessoas são

sacrificados em favor de lucros sempre maiores? Estas questões relacionadas com justiça e respeito pelos direitos

fundamentais das pessoas e do meio ambiente são importantes para a Federação Italiana das Irmãs de São José. Como posso ser uma pessoa ativa em nosso país, neste tempo atual, tão cheio

de incoerências? Como posso desmascarar, onde é possível, as falsidades que a rotina ou as nossas aceleradas atividades produzem, a menos que

estejamos vigilantes em manter a nossa consciência crítica?

Buscando respostas para estas questões, a Federação pediu ajuda ao Professor Stefano Zamagni, economista italiano e Professor na Universidade de Bolonha. Ele destacou bons exemplos de organizações que já estão

trabalhando nesta área. Entre elas, há organizações, movimentos e associações que trabalham na área da economia, subvertendo o critério clássico: em primeiro lugar, não eficiência e extrema competição, mas promover a sustentabilidade e a solidariedade. “Isto é possível, existe, dá certo” diz Zamagni, que trabalhou com o Papa na elaboração da Encíclica Caritas in Veritate. “Funciona,

mesmo se as leis não favorecem e tornam difícil este percurso virtuoso”.

Uma voz lúcida oferece

encorajamento, como a de Bento XVI nas palavras de Caritas in Veritate. Isto é interessante porque toca na economia, uma área que parece distante da Igreja. Precisamos apenas lembrar que a doutrina social da Igreja, falando de salvação, nunca negligenciou a importância da economia e do trabalho. Voltando no tempo, vemos que São Bento, com o seu lema “Ora e Labora”, já havia destacado os elos entre cuidar da vida espiritual e da vida material. O próprio Jesus ensinou que antes de evangelizarmos os grupos e as pessoas, temos que lhes dar segurança física (as curas, as multidões famintas por pão...). A fim de progredir, avançar, desenvolver-se no seu sentido mais verdadeiro, a pessoa deve ter uma vida que seja material e economicamente digna. Caritas in Veritate disse uma coisa

verdadeiramente nova: levar a Fraternidade para dentro do agir econômico. Mais ainda, o Papa sugere meios concretos para fazê-lo, nas áreas legal, econômica e financeira.

O que nós, simples cidadãos, podemos fazer sobre este

assunto? Uma primeira implicação prática é que devemos trabalhar para mudar as leis. “Precisamos pedir aos legisladores, usando todos os meios ao nosso alcance”, diz o Professor Zamagni. “A denúncia explícita de injustiças é um meio, mesmo se não está

Economista italiano Stefano Zamagni, que trabalhou com o Papa na elaboração da Encíclica Caritas in Veritate

Congregações trabalham para a

Sustentabilidade e Segurança Global

Ir. Alessandra Chiarini

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muito na moda fazê-lo, especialmente quando não queremos sujar nossas mãos ou se usa muita etiqueta. Entretanto, o que fizeram os grandes Santos, no correr do tempo? Eles não falavam alto quando viam coisas que não estavam bem?”

Há um segundo meio prático. Nos Estados Unidos, em Nova York, as Irmãs Franciscanas compraram ações de cinco multinacionais famosas. Por quê? As leis

consentem o direito de falar nas reuniões que votam sobre

balanços e podem fazer perguntas aos executivos. As Irmãs que compraram ações foram às reuniões e disseram: “Parece que as subsidiárias que operam na Índia e na China usam trabalho infantil e exploram os direitos fundamentais. É verdade ou não? Se é verdade, pedimos que o Diretor – o CEO – tome medidas contra isto, porque não é legal...” Isto se chama investimento socialmente responsável ou investimento crítico. “O efeito da denúncia é notável”, diz o

Professor Zamagni, “Se se torna conhecido no mundo mais amplo que a multinacional está violando os direitos humanos

fundamentais, suas ações na Bolsa

caem e a companhia é obrigada a mudar seu comportamento. Possibilidades de agir existem, mas temos que crer”.

Uma terceira implicação é a respeito do consumo crítico. Em Caritas in Veritate, no Capítulo 5º, com o importante título “A Cooperação da Família Humana”, o parágrafo 66 afirma: “A

interligação mundial fez emergir um novo poder político: o dos consumidores e das suas associações. (...) É bom que as

pessoas ganhem consciência de que a ação de comprar é sempre um ato moral, além de

econômico. Por isso, ao lado da responsabilidade social da empresa, há uma específica responsabilidade social do consumidor. Este há de ser educado sem cessar, para o papel que exerce diariamente e que pode desempenhar no respeito dos princípios morais, sem diminuir a racionalidade

econômica ao ato de comprar. (...) Um papel mais incisivo dos consumidores, desde que não sejam eles próprios manipulados por associações não

verdadeiramente representativas, é desejável como fator de

democracia econômica.” Finalmente, ainda falando de finanças, a última área onde se pode ter influência é a criação de um Banco Social, criando um mercado de capital que sirva para financiar trabalhos com bons objetivos. “Mais do que no passado, dinheiro é necessário para fazer boas obras.”, conclui o Professor Zamagni. A grande Santa Teresa de Ávila já estava convencida disto. Também nós queremos acreditar e, então, trabalhar, assumindo novas responsabilidades.

Leigos/as participam na conferência

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encontro com suas reflexões sobre a importância de

relacionamentos saudáveis como os blocos básicos na construção do universo. Ela cativou a

imaginação de todos os presentes com a parábola dos antigos do povo Hopi (líderes de um dos povos nativos dos

Estados Unidos) que

comparavam a vida com um rio rápido. Eles nos desafiaram a não ter medo e a não ficar na

margem, mas nos lançarmos no centro do rio e manter a cabeça acima das águas, isto é, ficar no meio da ação, totalmente presente no momento atual e

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uase 900 Irmãs de São

José e Associados reuniram-se de 9 a 13 de julho no Hotel Millenium, em Saint Louis, para o Evento da Federação Americana. Este “Evento”, que ocorre somente uma vez a cada cinco anos, teve como tema “Zelo para cuidar do Universo Sagrado de Deus”. Ainda que a maioria dos participantes fosse membro da Federação Americana, este ano houve rostos de dezenove países dos cinco continentes: Canadá, México, Brasil, Bolívia, Peru, Japão, Inglaterra, Irlanda, Noruega, França, República Checa, Grécia, Índia, Paquistão, Gana, Tanzânia, Senegal e Burkina Fasso.

O grande salão, que foi o local de reunião para o encontro, estava cheio de mesas redondas com oito participantes. Cada grupo de mesa ficou junto e procurou se conhecer durante os momentos de oração e de

partilha durante os quatro dias. Novos relacionamentos foram formados e as velhas amigas se encontraram de novo, todas tendo o zelo inflamado pelas apresentações, pelo processo e ação pela justiça.

Todos os presentes ouviram as palavras inspiradas, partilharam sua sabedoria e se levantaram em apoio a Elizabeth Johnson, CSJ, teóloga, grande pesquisadora e autora. Os Bispos americanos questionaram a ortodoxia de seu livro Quest for the Living God (Busca do Deus Vivo) sem dialogar com ela. O grupo em Saint Louis mostrou seu apoio por uma declaração pública e ficou de pé para ovacioná-la. Margaret Wheatley, conhecida escritora e oradora, abriu o

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Cuidar do que nos rodeia

no Universo

Ir. Barbara Bozak

(ESTADOSUNIDOS)

Katie Rhoades, sobrevivente do tráfico e ativista

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atentos às relações.

No segundo dia, Kathy Nerney, CSJ (Philadelfia), ofereceu aos participantes a oportunidade de refletir se estamos querendo aprofundar nossa capacidade de sermos mais contemplativas, de tomarmos decisões baseadas em nossa percepção de estarmos conectadas a toda a criação e de agirmos com compaixão para com todos os que precisam. Esta reflexão deu o tom para o que seria o testemunho público da Federação no dia seguinte. Nenhum dos presentes poderia ter imaginado as poderosas imagens, palavras e ações que ocuparam a terceira manhã. O assunto foi como acabar com o tráfico humano e culminou com a direção do hotel assinando publicamente o Código de Conduta para a Proteção das Crianças contra a Exploração Sexual em Viagem e Turismo, desenvolvido pela ECPAT, uma organização internacional. Por esta assinatura, na presença das Irmãs, funcionários e da

imprensa, o hotel se

comprometeu a treinar todos os seus funcionários para estarem atentos aos sinais de tráfico e como relatá-los. Mesmo que muita gente pense que as vítimas de tráfico estão escondidas nos becos, Katie, uma jovem

americana que tinha sido traficada, contou ao grupo que

ela foi levada não só a hotéis na região da ‘luz vermelha’, mas para hotéis caros, cinco estrelas. Seu testemunho foi poderosa lembrança de que a exploração de pessoas vulneráveis é escondida em lugares onde menos se espera. Durante o longo processo de planejamento que chegou até ao Evento, tanto a direção do hotel como a

companhia que ajudou a planejar e fazer funcionar o encontro estavam conscientes do alcance do tráfico humano e fizeram o

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compromisso de incluir esta nova percepção em todos os seus negócios daqui para frente. Muitas sentiram que o painel de discussões que precederam à assinatura pública, e a própria assinatura em si, foram as partes mais importantes do Evento de 2011. Através deste ato

aparentemente pequeno, a Federação Americana das Irmãs de São José trouxe à consciência o que “sanará tudo o que nos rodeia do universo sagrado de Deus”.

Atrás: Sr Elizabeth (Estados Unidos), Cecilia (Caxias), Annette (Noruega), Susan (Estados Unidos), Sally, Elzira (Porto Alegre), Agnes, Barbara Mullen (Estados Unidos) Dolores (Estados Unidos), Rita (Lagoa Vermelha), Antonia (Bolívia), Marita (Estados Unidos): Frente: Elisabete (São Paulo), Marian (Estados Unidos), Paula (Estados Unidos), Sadaf (Paquistão), Ann Philomena (Estados Unidos) Barbara Bozak (Estados Unidos)

Ir. Luiza Catarina Canzi (82) PORTOALEGRE 30 de junho 2011

Ir. Isabel Dos Anjos (83) PORTOALEGRE 30 de junho 2011

Ir. Vitorina Maria Miola (99) PORTOALEGRE 1 de junlho 2011

Ir. Maria Elisa Roncato (88) PORTOALEGRE 4 de junlho 2011

Ir. Maria Eugenia Benetti (98) LAGOAVERMELHA 13 de junlho 2011

Ir. Jeanne Thérèse Duchosal (85) FRANÇA 13 de junlho 2011

Ir. Marie Louise Souvignier (98) FRANÇA/BÉLGICA 19 de junlho 2011

Ir. Candida Isabel Acauan (79) LAGOAVERMELHA 27 de junlho 2011

Ir. Carlinda Pivatto (94) CAXIAS DOSUL 28 de junlho 2011

Ir. Osvaldina De Toni (90) CAXIAS DOSUL 4 de agosto 2011

Ir. Marie Angélique Béroud (94) FRANÇA 11 de agosto 2011

Ir. Mary Paul Mason (97) ESTADOSUNIDOS 12 de agosto 2011

Ir. Irène Luychx (97) FRANÇA 18 de agosto 2011

Novas

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lamento diário, a dor das mulheres da Terceira Idade, o cansaço visível, a preocupação em prover

alimentos para a família, a carência de água, a frágil saúde das crianças, o escasso bem estar, as longas caminhadas até as machambas – pequenas propriedades agrícolas – e o sofrimento diante das necessidades... Olhando e ouvindo essa realidade foi possível detectar que a situação climática traz sérios problemas familiares, principalmente em relação à falta de água.

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Água, Fonte de Vida

Ir. Inez Ramos

(MOÇAMBIQUE)

Mulheres auxiliando na construção da cisterna

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As mulheres em Mocimboa da Praia, Moçambique, fazem longas caminhadas nas madrugadas, outras passam a noite cavando a terra à espera de que jorre água. Outras correm risco de vida, enfrentando animais selvagens e expostas a assédios sexuais ou o perigo de acidentes nas estradas. Diante dessa problemática, conversamos com as Comunidades das aldeias e percebemos ainda, outras situações: queimadas descontroladas,

desmatamento, coleta do lixo, necessidade de replantar árvores frutíferas etc. Todas essas situações, quando sanadas, ajudarão a combater a escassez de água. É urgente o compromisso com o futuro das gerações que estão à espera de um mundo melhor. Após várias reflexões surgiu a ideia da construção de cisternas para recolher água de chuva. Fizemos o projeto e o enviamos a várias entidades, amigos benfeitores e

empresários locais. Foram as Sisters of Saint Joseph of the U.S. Federation que

acolheram o projeto e estão colaborando conosco. Com a ajuda da Federação Norte-americana, dos amigos, de alguns empresários e da própria Comunidade, foi possível construir duas cisternas, que já se estão em pleno funcionamento, coletando água da chuva. Estamos com outras duas cisternas encaminhadas; a previsão é de estarem prontas no final do ano e acolher as chuvas da próxima

temporada.

A comunidade beneficiada se organiza e assume colocar seus dons a serviço, independente da crença. É lindo ver crianças, jovens,

mulheres ajudando a tirar a Todos ansiosos pela concretização do sonho: a água

Fase de construção: preparação da laje

terra, cavando com os homens, carregando água, fazendo a argamassa, hospedando o mestre de obras e seu ajudante, enfim todos contribuem de alguma forma.

É emocionante ver o sorriso no rosto das mulheres e elas dizendo: “Agora estamos com mais tempo para a família e para fazer nossas machambas, graças ao precioso líquido da chuva, agora temos água boa para beber, sem necessitar e esforço, os hóspedes podem chegar a qualquer hora que teremos água para oferecer, não vamos sofrer

mais indo à noite a procura da água”.

E nós, Irmãs de São José,

acreditamos que através da ajuda recebida e das parcerias

estabelecidas, conseguiremos construir mais cisternas e o povo poderá continuar a dança em volta das cisternas cantando: “Tunkukulombolela,

Tunkukulombolela, Humu!”, que significa “Vamos agradecer ao Senhor!” Acreditamos ainda, que sempre haverá água boa para saciar a sede de nosso povo: A Cisterna - Água, Fonte de Vida, jorrará para todos.

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o rezar este Salmo e vendo tantas crianças,

adolescentes e jovens com voz e habilidades para cantar, dançar e empregar o tempo de forma diferente, foi que senti a inspiração de ajudá-las a cultivar-se e a decultivar-senvolver estes talentos. O povo do município de

Remanso, bem como de todo estado da Bahia, tem a música nas veias. É um povo festivo,

entusiasta. Deus caprichou, com muito amor e carinho, na

distribuição dos dons a cada pessoa e permitiu nossa presença na cidade de Remanso, nordeste brasileiro, para ajudá-los. Assim, objetivamos auxiliar o

aperfeiçoamento destes dons e iniciamos, com crianças e adolescentes, a estudar cantos, interpretá-los e criar coreografias. Aproveitando estes encontros para aprofundar e exercer as boas maneiras, aprimorar a convivência em grupo, acolher os novos em pequenos grupos, realizamos visitas em escolas para ensinar cantos aprendidos e convidamos outras pessoas para participarem. Partindo das crianças e dos adolescentes, trabalhamos as famílias, através de reuniões com apresentações do que já tinham aprendido e, assim, fortificando os grupos e levando-os a assumir responsabilidades, sendo

pequenos missionários.

Como se manifestaram diversos talentos para a música, canto e interesse em aprender, foram contratados profissionais para ensinarem violão. Como a maioria dos alunos é de famílias carentes, convidamos diversas pessoas da sociedade civil e comerciantes para apadrinharem estas crianças, adolescentes e jovens,

adotando-Filarmônica Irmãs de São José

Ir. Joana Margarida Gasparin

(REGIÃON/NE DOBRASIL)

A primeira turma de adolescentes que aprenderam a tocar flauta A Irmã Joana Margarida ensinando cantos para crianças da creche

Louvai a Deus tocando trombeta,

louvem a Ele com cítara,

harpa, tambor e flauta.

Todo ser que respira, louve a Javé.

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as como afilhados de música. A iniciativa deu certo e começou a despertar as outras pessoas para entrarem nesta ciranda de ajuda. Hoje, como fruto destas parcerias, há o grupo “Sensação Musical”, que alegra o povo e divulga Remanso na região e mesmo fora dela, participando de eventos e animando a Comunidade sempre que são convidados. O resultado deste trabalho também se deve ao incentivo dado pelas Irmãs de São José da Região Norte e Nordeste, através de vários projetos,

desenvolvidos com o dinheiro vindo das Irmãs de São José da Dinamarca.

O povo de Remanso, vendo a necessidade de ampliar este trabalho, também colaborou. Outras parcerias foram estabelecidas, preços dos instrumentos musicais

negociados e integração de toda a Comunidade através de muitas doações. Nasceu assim a

Filarmônica Irmãs de São José, e paralela a esta, a Escola de Música De Luca, organizada pela

Prefeitura Municipal. São atendidas hoje 258 pessoas, muitas delas tiradas das ruas para estarem em segurança,

desenvolvendo seus talentos naturais e sendo apoiadas pelas famílias. O aluno de música, além de aprender, tem a tarefa de ensinar mais três pessoas, na teoria e na prática, o

funcionamento do instrumento. Em pouco tempo, em média três meses, os alunos já conseguem dominar qualquer partitura e a consequente mudança de comportamento é vista sem dificuldades. Os alunos colaboram nas celebrações, comemorações e em eventos das entidades religiosas e civis. Podemos afirmar que a música ajuda a se compenetrar, conscientizar e sentir que são importantes, capazes de ajudar outras pessoas e descobrir que Deus deu a cada um dons que devem, com a ajuda de outros, ser desenvolvidos e colocados a serviço da vida, da família, da Comunidade, realizando-se e sentindo-se felizes e úteis. O interesse em cuidar dos

instrumentos, o respeito mútuo, a alegria de tocar

harmoniosamente, leva o grupo a se transformar e a querer ser sempre mais e melhores. Muitos pais, professores e a Comunidade

que acompanham afirmam: “A música trouxe para nós paz, alegria e tranquilidade.” Trouxe a Paz, porque enquanto se

entretêm com a música, não sonham com drogas ou outras atrações perigosas e pouco construtivas. Trouxe a Alegria, por ser a própria música alegria, sustento do astral positivo e elevação da mente. E a tranquilidade também se faz presente, pois enquanto estão estudando e tocando, não se interessam com o que destrói e desarmoniza a vida, a família e a sociedade.

Dois jovens professores de violão e de teclado estão desde o início auxiliando: Adalberto Batista e Maria de Lourdes Antunes Bastos. Eles nunca mediram esforços em seu trabalho e com isto a semente foi germinando, crescendo e frutificando. Juntos, continuamos a incentivar esses pequenos e promissores talentos. Atribuímos tudo isto a Deus, à Congregação das Irmãs de São José e ao povo que nos apóia, valoriza e atua conosco. Que esta sementinha encontre sempre terreno bom e produza muitos frutos, é nosso grande desejo.

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Ano 2011 - n.3

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Trabalho Missionário em Guaraqueçaba

O

município de

Guaraqueçaba tem uma população de 7.870 habitantes, situa-se na região litorânea do Estado do Paraná, Sul do Brasil, e faz divisa com o Oceano Atlântico. A Paróquia Senhor Bom Jesus dos Perdões, situada em Guaraqueçaba, é formada por 23 Comunidades, sendo 13 nas Ilhas e 10 no

Continente. O município tem três unidades de conservação

ambiental: Área de Proteção Ambiental, Estação Ecológica e Parque Nacional.

No início de 2006, a pedido do Pároco, uma equipe de sete voluntários, leigos e religiosos ligados ao Centro de Estudos Bíblicos do Paraná, tendo como coordenadora, Ir. Neuza Maria Delazari, ISJ, iniciou, na Ilha Superagui, um trabalho de formação bíblico-pastoral de lideranças para adultos e crianças, visando a organização do povo, a preservação ambiental e a promoção integral dos

nativos.

A equipe, ao começar o trabalho, sentiu que a Comunidade tinha resistências e receios,

imaginando que fosse mais uma proposta que não iria prosperar. Para vencer essa desconfiança e resistência, foi utilizada a mística bíblica do povo de Deus,

partindo do início de sua organização até as primeiras comunidades cristãs com suas práticas comunitárias, dentro do contexto atual e da realidade da própria Ilha, incluindo estudo bíblico na metodologia popular, celebrações participativas, práticas concretas junto ao meio ambiente, com as crianças e adultos, e reivindicações de políticas públicas com

alternativas viáveis, junto aos órgãos governamentais, ambientais e técnicos.

Em 2009, houve a solicitação de expansão do trabalho para

atender a comunidade da Ilha das Peças e, em 2010, para as demais Ilhas e Comunidades do

Continente. Assim, para atender todas as localidades,

organizaram-se quatro setores: Ilha Superagui, Ilha Rasa, Tagaçaba e Matriz. O objetivo deste projeto tem duas finalidades: formação e

capacitação das lideranças das comunidades envolvidas e

animação bíblico-pastoral e social dos moradores das respectivas comunidades, especialmente dos jovens, das crianças e das

lideranças em vista de sua autopromoção integral.

Atualmente, a Equipe trabalha nas comunidades, passando pelos setores duas vezes por ano, em finais de semana. Nas visitas, e sempre que possível, as

comunidades do setor se reúnem para refletir um conteúdo bíblico e há um momento para reuniões com as lideranças, jovens e crianças. Quando necessário, buscam-se alternativas viáveis, junto aos órgãos governamentais, ambientais e técnicos. Neste sentido, destacam-se

algumas das

atividades que vem sendo realizadas com as comunidades: Investimento na formação espiritual, intelectual e profissional da juventude para que construa alternativas viáveis e,

consequentemente, deixe a ociosidade e não entre pelo caminho das drogas

e da violência, bastante presentes nas comunidades;

desenvolvimento de atividades com as crianças, visando crescer na consciência da conservação do meio ambiente, e na

importância do progresso saudável em todos os sentidos; capacitação de lideranças para uma melhor atuação nas pastorais catequética, litúrgica, do dízimo, da ação caritativa e na

administração patrimonial e financeira; capacitação de dois jovens para a animação do grupo de jovens; encaminhamentos de reivindicação para órgãos públicos do Estado e Município. O processo é lento e progressivo, mas com o envolvimento e a participação dos ilhéus e dos membros das comunidades, a autopromoção está sendo

possível. Já se percebem algumas iniciativas em relação à

organização coletiva, à

elaboração de projetos em vista do bem comum e à capacitação de lideranças para trabalhos técnicos junto ao meio ambiente. A Equipe que articula o projeto tem consciência de que o processo é participativo,

inclusivo, progressivo e que trará os frutos necessários e desejados, somente, em longo prazo.

Ir. Neuza Delazari e lideranças durante almoço

Ir. Neuza Delazari

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Dia Mundial do Meio Ambiente

O

Dia Mundial do Meio Ambiente foi celebrado na Igreja de Martin Nagar, Nagpur, no dia 5 de junho de 2011, em torno do tema deste ano “Florestas: a Natureza ao seu serviço”.

Dois juízes do Tribunal Distrital de Nagpur foram os principais oradores que se dirigiram ao público sobre a responsabilidade de preservar a natureza e o seu dever de proteger o Meio Ambiente. Todos foram

estimulados a salvar as árvores, salvar todo tipo de vegetação, assim como salvar os animais e todo tipo de seres vivos.

O Juiz Civil falou sobre os recursos naturais, estimulando os pais a aprender e a ensinar seus filhos sobre a importância de economizar água, óleo, gasolina, gás. Ele

observou que, em nome do progresso, temos levado muitos animais à beira da extinção e temos tratado o planeta como depósito de lixo. Isto é visto no fato de poluirmos o ar, causarmos o derretimento das geleiras e continuarmos a violar a terra em seus recursos naturais. Se

desejarmos nos salvar e a todos os seres vivos, devemos pensar e reorganizar a nós mesmos neste planeta.

O Sistema Internacional de Comércio e Finanças permitiu que recursos monetários fossem deslocados ao redor do mundo à vontade, resultando em grandes lucros e dinheiro fácil para alguns. Isto é frequentemente baseado em mão de obra barata que explora o pobre e o necessitado. O lucro individual causa prejuízo público. O uso da mercadoria bruta e especuladores podem mergulhar milhões na pobreza e na fome, com base em uma lógica que tem o mercado como seu único objetivo e são, muitas vezes, apoiados por propaganda

mascarada de ciência econômica. Economias baseadas na ganância, com seus slogans de produção e de consumo, têm esgotado os recursos naturais que foram feitos para o uso de todos.

Ir. Philomena dirigiu-se ao público falando sobre o que a Constituição da Índia diz sobre a proteção do meio ambiente. Ela afirma que “o Estado deve envidar esforços para

proteger e salvaguardar as florestas e a vida selvagem do país”. Ela também coloca responsabilidade pelo meio ambiente nos ombros de cada cidadão, dizendo: “deve ser o dever de cada cidadão da Índia proteger e promover o ambiente natural incluindo as florestas, lagos, rios e vida selvagem e ter compaixão pelas criaturas vivas”. Ir. Philomena também elaborou alguns meios práticos para envolver as pessoas do local como o plantio de árvores e de hortas nos espaços

disponíveis. Ela deu o exemplo de um grupo de mulheres que usou um espaço público vago e plantou tulsi e árvores de nim. A área foi cercada com a ajuda da Prefeitura e as próprias mulheres tomaram a responsabilidade não só pelo plantio das árvores, mas também por cuidá-las e aguá-las.

As palavras da Bíblia, dando aos humanos o domínio sobre a criação, chamam todas as pessoas para engajar sua vida em atividades sustentáveis porque partilhamos o poder de Deus para manter a criação, não simplesmente poder sobre a criação. Logo, é importante preservar as árvores assim como promover em nossas gerações mais novas o amor e o carinho pela criação. Isto levará à preservação das florestas e das áreas úmidas que manterão, por sua vez, a eco-estabilidade.

Esta mensagem foi reforçada por um grupo de crianças da Paróquia que atuou numa peça enumerando os méritos do plantio de árvores e da preservação das florestas. Elas também presentearam as pessoas com mudas e elas as plantaram no terreno ao redor da Igreja – o que deu ao programa uma agradável conclusão.

Ir. Philomena Pichappilly

(SNEHALAYA, ÍNDIA)

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O

mês de maio não é um tempo favorável para ir ao Sul da Índia, com a temperatura subindo. Pode-se facilmente descartar a ideia de um curso de pouca duração num lugar como Chennai. Um convite para participar de um curto Curso de Treinamento em Escrita e Redação tomou conta da minha imaginação. Eu não tinha ideia do que encontraria quando fui para Madras para participar no treinamento. Mesmo assim eu tinha decidido fazer o melhor durante as duas semanas do programa de treinamento para que ele fosse uma experiência muito útil. Vinte e três

participantes, de diferentes partes de Madras, se

matricularam para este curso, a maioria religiosos, padres e Irmãs.

“Esta não é uma experiência que vai torná-los escritores”, falou o Sr Leo Fernandes, professor de Jornalismo na Universidade de Madras, na primeira colocação do primeiro dia. Suas palavras me aturdiram, assim como aos outros. Ele continuou, “a boa

nova é que vocês conseguirão grandes resultados se aplicarem suas mentes no que vocês irão fazer aqui neste treinamento”. Um senso de alívio passou por nós. Ele tinha toda a nossa atenção quando nos deu uma introdução à escrita e à redação usando apresentações em Power Point. Seu conhecimento teórico no campo do jornalismo estava evidente nas suas aulas, mas igualmente evidente era a excelência de seus escritos. Ficamos muito impressionados com os seus escritos

característicos, alguns dos quais eram usados como exemplos em nossas aulas.

Professores, escritores, redatores, e outros peritos, que nos deram aulas específicas, aproveitavam de suas capacidades para desenvolver o nosso conhecimento.

Um Professor Sênior da

Faculdade Loyola, Chenai, tratou de assuntos políticos, nacionais e sociais. Estas aulas davam-nos novas percepções em como escolher um assunto e um conteúdo para escrever. Aulas

sobre a arte de entrevistar, deram-nos percepções dos estágios de preparação e falaram sobre a importância das notícias nas entrevistas. A importância de redigir as notícias foi aprendida da Sra Keerthana, uma revisora do jornal The Hindu. Palestras sobre redação de revistas, juntamente com aulas de habilidades editoriais e design editorial, deram-nos boa

bagagem para sermos aspirantes de redatores. Uma sessão de meio dia sobre fotografia

transmitiu a importância do papel que a fotografia tem nas histórias das notícias. As características da escrita foi outro assunto que chamou a nossa atenção. Durante o meio dia de trabalho de campo que tivemos, eu entrevistei um garoto que tinha sido admitido em um hospital e escrevi uma história sobre as suas experiências. Uma coisa que eu ainda lembro vivamente foi fazer um questionário de notícias cada dia, o que levou cada estudante a ler diariamente o jornal.

Atribuições diferentes e

parafrasear escritos eram também parte de nossas atividades diárias. Um projeto que nos foi

designado nos últimos três dias do curso foi preparar uma revista à nossa escolha, aplicando as regras básicas da escrita, redação e publicidade. Isto pareceu ser uma tarefa fenomenal para muitos no grupo, ainda que não houvesse escolha a não ser realizá-la com a nossa capacidade. O que foi mais fascinante para todos nós foi que os estudantes prepararam o projeto desta revista sobre um

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Uma Porta que Conduz à Arte de Escrever

Ir. Fabiyola recebe o certificado depois do curso

Ir. Fabiyola Morris

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Julho - Agosto

N

esta terra de contrastes, onde a miséria, em todos os sentidos da palavra, predomina e vive perto de nós, é possível encontrar a esperança no sorriso e na simplicidade das crianças. É contagiante contemplar a criança no seu dia a dia: do nada fazem tudo. Contentam-se com aquilo que a natureza lhes oferece. Vivem num mundo mágico, só delas.

O dia 1º de Junho é esperado com ansiedade e grande expectativa. As crianças não conseguem dormir; acordam a noite e perguntam: “Já é 1º de Junho?”. Nesse dia todas as pessoas se voltam para a criança. Mães e pais ajuntam os míseros centavos para comprar roupas novas, sandálias, chinelos, sapatos, ternos, mechas para os cabelos,

missangas, maquiagens, enfim, o visual da criança é transformado.

Este é o dia em que algumas crianças têm o privilégio de tomar

refrigerante, ganhar pirulito e ter a alimentação

melhorada, podendo receber pão no lugar da mandioca seca. No período da tarde, a Vila ganha um colorido deslumbrante e inesquecível: crianças passeando felizes pelas ruas e praça exibindo seus trajes coloridos, cabeças criativamente trançadas e ornamentadas com missangas, meninos de sapatos novos ou tênis e gravatas.

Nessa data, a criança tem o direito de ser ela mesma: todos os

olhares, desde os dos governantes ao menor dos moçambicanos, estão voltados para a Criança, e ela, radiosa e toda falante, nos

comprova que: “Crianças, são flores que nunca murcham”. Vale à pena apostar neste ser frágil e pequeno, que se extasia diante de um simples gesto de carinho e se cala, se apaga, às vezes pelo resto da vida, diante das injustiças e sofrimentos que lhes são impostos. Vale investir e ousar libertar as crianças desta cadeia que os

adultos lhes impõem. É urgente fazer prevalecer e ser respeitado os Direitos da Criança todos os dias. Se unirmos nossas forças e sonhos chegará o dia que independente de raça, cor, sexo, língua, religião, condição social ou nacionalidade, a Criança não necessitará de um dia especial, para se sentir amada, protegida, alimentada,

compreendida, pois todos os dias serão seus. Que toda criança possa sonhar, acreditar e lutar para que um mundo novo e diferente se torne possível. Queira Deus que este dia esteja próximo.

Nós, Irmãs de Mocimboa da Praia, renovamos cada dia nosso ardor missionário e procuramos levar em frente esta missão, pois aqui tudo é intenso: são intensas as cores, os odores e todos os sentimentos; são imensas as paisagens, as

dificuldades, a pobreza, as dores e os sofrimentos; tudo isso se torna impregnado de muita alegria, dança e festa, e a vida se torna branda, recobrando o ânimo de viver. Vamos lutar e resgatar a Criança que existe em nós, para nos comprometer com um

Moçambique e com uma África de Comunhão e de Vida em

abundância.

Comunidade de Mocimboa da Praia, Moçambique

Crianças, flores que nunca murcham

Lema do Dia Nacional da Criança Moçambicana

tópico em que eles estavam trabalhando ou, pelo menos, bem familiar. O projeto de cada um foi trabalhado meticulosamente de acordo com o básico da

publicação de uma revista. Nós ficamos ainda mais surpresos enquanto ouvíamos cada

estudante apresentar a sua revista para toda a classe e dizendo o porquê ele escolheu um tema particular e qual era o seu objetivo para com o público. O

padre que coordenava o

treinamento e os professores que nos treinaram, ficaram surpresos com o excelente trabalho feito pelos estudantes.

Este treinamento deu-me maior confiança quando eu aprendi que escrever é uma arte que pode ser adquirida através de prática consistente. Em minha

experiência limitada eu senti que escrever é um trabalho difícil, requer muita energia, se o autor

deseja um bom resultado. Isto significa reescrever mais de uma vez para dar uma boa forma à palavra escrita. O que uma pessoa lê como resultado final é o resultado de uma redação cuidadosa feita muitas vezes. Perseverança, então, é a chave que abre as portas para uma escrita inovadora e criativa que possa capturar a atenção daqueles que a leem.

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É

chocante que nos Estados Unidos, o país que está entre os mais ricos do mundo, haja muita gente que carece de

alimentação adequada. Há mais de trinta anos, as Irmãs Maureen Faenza e Theresa Fonti decidiram responder à situação da fome em Hartford, Connecticut, abrindo a Casa do Pão (House of Bread). O início foi muito simples – uma xícara de café e uma rosquinha oferecida ao sem teto e ao faminto. As Irmãs pensavam que estavam tratando de uma

necessidade temporária, que o Governo resolveria o problema da fome em alguns anos e assim o trabalho delas seria necessário por apenas um curto período de tempo.

Ainda que o problema da fome nos Estados Unidos tenha se tornado pior nestes últimos anos, o ministério de alimentar o faminto continua a crescer, com o aumento de 30% de pessoas em muitas cozinhas públicas (soup kitchen) e na distribuição de alimentos (food pantries).

No dia 15 de junho de 2011, a Casa do Pão

celebrou a abertura oficial de uma nova cozinha e um refeitório maior para ser possível servir a mais pessoas cada dia. Este aumento foi muito necessário porque a Casa do Pão serve, em seu refeitório, uma média de 200 refeições por dia, sete dias da semana. Quem chega é bem vindo, seja ele sem teto,

trabalhadores pobres ou aquelas pessoas que simplesmente não têm dinheiro suficiente para comida. Além de alimentar o faminto na cozinha pública, há cinco anos a Casa do Pão começou um novo programa: o Café das Crianças (Kids’ Café) – que continua a crescer. Através desta iniciativa, refeições saudáveis à tarde foram distribuídas cinco dias por semana a 120 crianças em diferentes lugares da cidade de Hartford. Agora, o programa cresceu e, cada dia, atinge 470 crianças que, de outro modo iriam para a cama com fome. Se os recursos permitissem, muito mais crianças poderiam ser atingidas. O fato triste é que uma em cinco crianças no Estado de Connecticut, um dos Estados mais ricos nos Estados Unidos, não tem alimento suficiente.

A expansão da cozinha serve a uma necessidade que vai além de alimentar os que têm fome. Com o aumento do tamanho, este local pode continuar a educação na preparação de alimentos que ele oferece. Este serviço está dando esperança àquelas pessoas que não têm habilitação para o trabalho. Muitas das pessoas que receberam seu certificado de final de curso encontraram emprego

na indústria de alimentos e são capazes de cuidar melhor de si mesmos e de suas famílias. A necessidade continua a crescer: de alimento, de abrigo, de

moradia, de educação. A Casa do Pão cresce junto com as

necessidades. Ela oferece abrigo por um dia, onde os sem teto podem vir para ter um lugar para sentar e conversar, receber ajuda médica, tomar um banho de chuveiro, ter uma refeição. Ela tem vários prédios onde oferece alojamento temporário e

permanente para os que estão em necessidade. E o programa de educação que oferece às

mulheres ajuda para conseguir o diploma de segundo grau tem tido grande sucesso.

Em muitas ocasiões Irmã Theresa Fonti tem dito: “Esta é uma daquelas coisas que a gente gostaria de sair, de deixar o negócio, mas isto não aconteceu”. Em vez disto, planos para mais programas estão sendo

desenvolvidos; entre eles, uma empresa de serviços,

especialmente de alimentos, onde os que receberam certificado de treinamento no serviço de

alimentos podem ter um primeiro emprego e aprendem a ter

oportunidades para a vida que os ajudam a ir para a frente.

Trinta anos atrás ninguém teria sonhado que a Casa do Pão serviria a tantas pessoas durante tantos anos. Ela continua a tocar muitas vidas graças não só à visão das Irmãs Maureen e Theresa, mas também a de muitas mulheres e homens que dão apoio como voluntários. Todos estes e muitas outras pessoas se uniram para celebrar a abertura da nova cozinha e do refeitório onde a Casa do Pão responde ao apelo de alimentar o que tem fome.

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Alimentando o Faminto nos Estados Unidos

Ir. Barbara Bozak

(ESTADOSUNIDOS)

Ir. Mary Kelly e Ir. Theresa Fonti com uma amiga na cerimônia de abertura

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A

legria. Dedicação. Inclusão. Essas são algumas das características marcantes dos voluntários e das pessoas atendidas pela Unidade 05 da Associação Cidadania São José (ACSJ). Localizada no Conjunto Habitacional Jova Rural, Zona Norte de São Paulo, Brasil, a Unidade 05 da ACSJ nasceu há pouco mais de dois anos, a partir de um grupo de inserção nos meios populares. A unidade é coordenada pelas Irmãs Maria Sizilio e por Irmã Irma Aparecida de Sousa. No local são

desenvolvidas diversas atividades com o objetivo do exercício da cidadania, geração de renda, formação e reinserção na sociedade. Essas metas são atingidas através de oficinas, que visam atender todas as faixas etárias. A Oficina da Trança, por exemplo, capacita pessoas para desenvolverem profissionalmente o trabalho como cabeleireiras. A técnica utilizada nos cabelos é inspirada na tradição

afrodescendente e oportuniza geração de renda, uma vez

concluído o curso. De acordo com a professora, as novas profissionais são procuradas para exercerem o trabalho em salões de beleza da cidade ou atuam como autônomas. A Alfabetização Solidária, atende um grupo de adultos que foram impossibilitados de realizarem o ensino regular ou que não o concluíram. Na expressão dos alunos, o horário do fim da tarde, oferecido pela ACSJ, favorece porque podem realizar seu

trabalho profissional ou outras atividades e dedicarem tempo para o estudo. O horário normalmente oferecido pelos cursos de

alfabetização do município é à noite. “O mundo ficou mais claro!”, “Eu entendo o que

acontece na minha volta...”, “Posso ler na Igreja!”, são algumas das expressões utilizadas pelos alfabetizandos, que não medem esforços para formarem as palavras e compreenderem o seu

significado. A ACSJ disponibiliza ainda a Dança da Capoeira, que tem como adeptos crianças e adolescentes que, inspirados pelo canto e pelos movimentos do corpo, aprendem a disciplina, a convivência em grupo e o respeito pelas diferenças. O grupo dos capoeiristas mirins tem em média 20 alunos, na faixa etária dos oito a 12 anos. O professor salienta que durante a capoeira os valores humanos podem ser trabalhados e o bom rendimento escolar é um dos critérios para permanecer na capoeira. O olho brilhando, o sorriso estampado e a energia contagiante dos movimentos demonstram o entusiasmo que sentem pela arte. Os participantes, ainda que crianças, empenham-se para que suas atitudes na escola e na família contribuam para serem bons esportistas. A Unidade 05 oportuniza, também, a organização do Grupo da Terceira Idade. A convivência, o lazer e a confecção de artesanato são assumidos pelas

idosas, que se reúnem todas as semanas. Além dos trabalhos manuais o grupo cultiva a espiritualidade, bem como

estimula a integração, a escuta e o apoio mútuo.

A reinserção social ocorre,

também, através da Pena Solidária, nome dado para quem cumpre um mandato judicial em liberdade, realizando um voluntariado em alguma entidade. Na ACSJ de São Paulo, a pessoa sob mandato colabora na organização física do espaço, no atendimento às pessoas que chegam no local e nas oficinas desenvolvidas. “Quando concluir a pena, que será de três anos, vou continuar aqui, porque amo o trabalho desenvolvido na ACSJ, bem como, através da capoeira, sinto que esse local foi uma porta aberta para mim”, conclui a jovem que cumpre a Pena Solidária. Todas as pessoas envolvidas na Unidade 05 da ACSJ, tanto nas oficinas como na manutenção do espaço físico, na organização do alimento para os participantes, na coordenação do local, mantém o ideal de tornar o Conjunto Habitacional Jova Rural um espaço mais feliz de viver, uma vez que a dignidade das pessoas é mantida e as habilidades e aptidões pessoais são desenvolvidas.

Acreditam que a proposta da Associação Cidadania São José promove a participação efetiva na sociedade, e pelo exercício da cidadania incorpora as pessoas no cotidiano da comunidade.

Agente

quercomida,

diversãoearte!

Ir. Simone Ramos

(SÃOPAULO, BRASIL)

Aula de Capoeira

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Ano 2011 - n.3

EDIÇÃO Barbara Bozak Andréia Pires TRADUÇÕES Joyce Baker Margherita Corsino Agnès Moussière M. Elisabete Reis Marie-Kristin Riosianu Monica Sammartano PROJETOGRÁFICO Mariaelena Aceti DISTRIBUIÇÃO Rosalia Armillotta E-MAIL csjournal@csjchambery.org

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O

mundo em que vivemos

exige do ser humano formação sólida baseada em princípios evangélicos e éticos que colocam a pessoa no centro do processo formativo e seja agente de sua própria história. Pensando em um processo educativo que não vise só a competitividade, através do aprendizado de conteúdos e conhecimentos acadêmicos, mas na formação integral do

educando, de modo especial, como cidadão comprometido com as causas humanas, sociais e a formação de atitudes, valores e virtudes que justificam a sua existência, é que as Irmãs de São José, da Província de Lagoa Vermelha, Brasil, firmaram uma parceria com a Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus.

Com esta parceria as escolas continuam crescendo e a filosofia das Irmãs de São José se

expandindo. Um trabalho que sensibilizou a comunidade de Vacaria, região da serra do Rio Grande do Sul, foi o lançamento do Projeto Virtudes, no Salão Nobre do Colégio Bom Jesus - São José, no dia 16 de julho de 2011. O Projeto visa responder o desafio da formação humana, propondo o cultivo de virtudes e a formação de cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres.

O lançamento foi vivenciando com muita alegria e dinamismo junto às famílias, alunos e instituições convidadas. Tendo como referência as pessoas de São Francisco de Assis e de São José, todas as turmas, desde a Educação Infantil ao Ensino Médio, partilharam de forma criativa (teatro, paródias, imagens,

mensagens, canto, slides) a virtude da série, ficando, deste modo, o convite da Unidade Bom Jesus - São José para entrarmos em sintonia nesta grande ciranda do cultivo das virtudes: amor, gratidão, união, confiança, fraternidade, sabedoria,

solidariedade, diálogo, disciplina, humildade, perseverança e prudência.

O Projeto tem o apoio dos professores-regentes que assumem a responsabilidade de desenvolver com os educandos uma virtude por ano/série. Os jovens e crianças têm

demonstrado muito empenho e dedicação em vivenciar a virtude da série. Para concretizá-la, são realizadas parcerias com

diferentes grupos e entidades da sociedade civil, visando melhorar a qualidade de vida das pessoas carentes, idosos, crianças, doentes e necessitados.

O trabalho tem recebido a adesão dos pais que se empenham para que seus filhos possam

concretizar o verdadeiro sentido da virtude assumida no ano. Nesta ciranda pais, educandos,

educadores e Irmãs buscam ser

protagonistas do novo que surge no dia a dia, procurando escrever e reescrever a história de um mundo possível para todos. Como em São José e em São Francisco, as virtudes

progressivamente tomam conta do ser e do fazer da comunidade escolar e local. A coordenação do Projeto Virtudes está sob a responsabilidade de Ir. Edivânia Rodrigues, ISJ.

Formação que Faz a Diferença

Ir. Adelide Canci

(LAGOAVERMELHA, BRASIL)

Referências

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