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AÇÃO POPULAR. Prof. Karol Araújo Durço

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Texto

(1)

AÇÃO POPULAR

(2)

Considerações Gerais

• Regulação da “coisa pública” a partir dos

princípios da legalidade e moralidade: Art. 5º,

LXXIII, da CF: “Qualquer cidadão é parte legítima

para propor ação popular que vise anular ato

lesivo ao patrimônio público ou de entidade de

que

o

Estado

participe,

à

moralidade

administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio

histórico e cultural, ficando o autor, salvo

comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do

ônus da sucumbência”.

• Lei

nº.

4.717/65

regulamenta

dispositivo

constitucional.

(3)

Conceito

• Hely Lopes Meirelles: “Ação popular é o meio

constitucional posto a disposição de qualquer

cidadão para obter a invalidação de atos ou

contratos administrativos – ou a estes

equiparados – ilegais e lesivos do patrimônio

federal, estadual e municipal, ou de suas

autarquias, entidades paraestatais e pessoas

jurídicas subvencionadas com dinheiro público”

(4)

Natureza Jurídica

• Controvérsia na doutrina: a) “instrumento de

defesa da coletividade por meio do qual não se

amparam direitos individuais próprios, mas sim

interesses da coletividade, sendo o beneficiário

da ação não o autor, mas a coletividade, o

povo” (Hely Lopes); b) “pertence ao cidadão,

que, em nome próprio e na defesa de seu

próprio direito – participação na vida política

do Estado e fiscalização da gerência do

patrimônio público, poderá ingressar em juízo”

(Alexandre de Morais e José Afonso da Silva)

(5)

Finalidade

• Conferir ao cidadão um meio, democrático e

direto, de fiscalização e controle da gestão da

coisa pública.

• Poderá ser utilizada de forma preventiva ou

repressiva: será preventiva se visar impedir a

consumação de um ato ilegal ou imoral lesivo

ao patrimônio público; será repressiva quando

visar a reparar um dano já causado ao

patrimônio público. Ex.: destruição de bens de

valor histórico-cultural; lesão à originalidade de

uma obra artística

(6)

Objeto da Ação Popular

• Genericamente: ato ilegal e lesivo ao patrimônio público;

• Ato: concepção ampla abrangendo: lei, decreto, resolução, portaria, atos administrativos típicos, contratos etc. que tenham efeitos concretos lesivos ao patrimônio público. Síntese: qualquer manifestação lesiva da administração, danosa aos bens e interesses da comunidade, podendo não haver dano efetivo mas apenas potencial. Ex.: publicação de um edital tendencioso.

• Incluem-se, também, as omissões ilegais

• Síntese: corrigir a ação estatal (finalidade corretiva) bem assim para obrigar uma atuação do gestor público (finalidade supletiva da inatividade do Poder Público)

(7)

Ação popular de fins políticos

partidários

• Crítica: utilização da Ação Popular como meio

de oposição política de um governo a outra tem

enfraquecido esse importante e democrático

instituto de fiscalização da coisa pública. Ex.: o

candidato do partido político “A”, por meio de

seus correligionários, propõe uma infinidade de

ações populares contra a administração do

candidato do partido “B”, com vistas, tão

somente, a denegrir sua imagem política. Daí

vem “não votem no candidato “B” porque

existem mais de 30 AP contra sua

administração.

(8)

Ação Popular e Mandado de Segurança

• Ação popular não pode ser confundida com mandado

de segurança.

• Jurisprudência do STF, súmula 101: mandado de

segurança não substitui ação popular. “Cada um tem

objetivo próprio e específico: o mandado de

segurança presta-se a invalidar atos de autoridade

ofensivos de direito individual ou coletivo, líquido e

certo; a ação popular destina-se à anulação de atos

ilegítimos e lesivos ao patrimônio público. Por aquele

se defende direito próprio; por esta se protege o

interesse da comunidade, ou como modernamente se

diz, os interesses difusos da sociedade” (Hely Lopes)

(9)

Ação popular e ADin

• Ação popular não se presta a atacar lei em tese, ou

seja, que regulam situação genérica e abstrata;

• É viável contra lei de efeitos concretos, ou seja,

aquela que traz em si consequências imediatas de sua

incidência, por possuir destinatários certos e objeto

particularizado.

Ex.:

desapropriação;

isenção

tributária individual;

• “O julgamento de Lei em tese, em sede de ação

popular, por juiz de primeiro grau, implica usurpação

da competência do STF para o controle concentrado

acarretando a nulidade do respectivo processo” (STF,

Recl. 434-1)

(10)

Requisitos da Ação Popular

• a) Condição de cidadão: pessoa humana no gozo dos seus direitos cívicos e políticos (eleitor). Brasileiro nato ou naturalizado e o português equiparado, desde que seja eleitor. Não podem propor os estrangeiros, os inalistáveis e inalistados, os partidos políticos, as organizações sindicais e quaisquer outras pessoas jurídicas, bem assim aquelas pessoas naturais que tiverem suspensos ou declarados perdidos seus direitos políticos

• Obs.: só cidadão vota; só cidadão fiscaliza;

• b) ilegalidade do ato: ato contrário ao direito, infringente das normas legais específicas que regulam sua prática, ou destoante dos princípios gerais da Administração Pública (art. 37, CF), podendo ser de caráter formal ou substancial, de um ato comissivo ou omissivo;

(11)

Requisitos da Ação Popular

• C) lesividade do ato: além de ilegal o ato tem de ser lesivo. Resp 111.527/DF, STJ. Lesiva é a conduta que por ação ou omissão desfalca o Poder Público ou prejudica a Administração, bem assim aquela que ofende bens e valores artísticos, culturais, ambientais ou históricos da sociedade. Abrange o patrimônio material, mas também o moral, estético, histórico e ambiental. Ex.: anulação de concessão de aumento abusivo de subsídios dos vereadores pela respectiva Câmara Municipal; anulação de venda fraudulenta de bem público; anulação de contratação superfaturada de obras e serviços; anulação de edital de licitação pública que apresenta flagrante favoritismo a determinada empresa; anulação de isenção fiscal concedida ilegalmente; anulação de autorização de desmatamento em área protegida; anulação de nomeação fraudulenta de servidores para cargo público

(12)

Legitimidade passiva

• A) todas as pessoas jurídicas, públicas ou privadas, em

nome das quais foi praticado o ato ou contrato a ser

anulado;

• B)

todas

as

autoridades,

funcionários

e

administradores que houverem autorizado, aprovado,

ratificado ou praticado pessoalmente o ato ou firmado

o contrato a ser anulado, o que por omissos

permitiram a lesão;

• C) todos os beneficiários diretos do ato ou contrato

ilegal

• Litisconsortes passivos necessários: falta de citação

nulidade absoluta da ação popular (REsp 13.493-0/RS)

(13)

Legitimidade passiva: encampação do

pedido. Transmudação de pólo

• Art. 6º Lei AP: pessoa jurídica chamada a

contestar a ação pode encampar o pedido do

autor, desde que se afigure útil ao interesse

público.

• Pessoa jurídica: confissão tácita = revelia;

confissão expressa = passa a atuar em prol do

pedido inicial

(14)

Atuação do Ministério Público

• O MP atua como fiscal da lei tendo papel peculiar

junto a ação popular competindo-lhe:

• A) como parte pública autônoma: velar pela

regularidade do processo e correta aplicação da lei,

opinando pela procedência ou improcedência da ação;

• B) como ativador das provas e auxiliar do autor:

apressar produção de provas pelo sujeito ativo da AP;

• C)

como

responsável

pela

promoção

da

responsabilidade dos réus: esferas civil e/ou criminal;

• D) como substituto e sucessor do autor: na hipótese

de omissão ou abandono da ação pelo sujeito ativo, se

reputar de interesse público seu prosseguimento

(15)

Competência

• Definida pela origem do ato a ser anulado:

• A) Ato de agente de órgão da União ou entidades por

ela subvencionadas: juiz federal da Seção Judiciária

em que se consumou o ato;

• B) Estadual: Juiz estadual conforme organização

judiciária de cada Estado

• C) Municipal: Juiz estadual ao qual pertencer o

Município.

• Prevenção: a ação popular prevenirá a jurisdição do

juízo para todas as ações que forem posteriormente

intentadas contra as mesmas partes e sob os mesmos

fundamentos. “Juízo Universal” (CComp 19.686/DF)

(16)

Competência

• Em geral os Tribunais Superiores não tem competência

originária para julgamento da Ação Popular.

• Ainda que proposta contra o Presidente ou

Governador, por exemplo, será processada e julgada

perante a Justiça de primeiro grau

• É do STF, porém, a competência para julgar ação

popular que pela sua natureza peculiar, possa gerar

decisão capaz de criar conflito entre um Estado e a

União (STF, Recl. 424-4/RJ)

(17)

Procedimento

• Procedimento ordinário definido no CPC com algumas

modificações:

• Despacho inicial: a) citação de todos os responsáveis

e intimação do MP; b) requisição de todos os

documentos necessários fixando prazo de 15 a 30 dias;

c) citação nominal, por edital, dos beneficiários do

ato, se o autor requerer; d) decisão sobre a suspensão

liminar do ato impugnado, se for pedida

• Possibilidade de mudança de polo da pessoa jurídica

• Prazo de contestação de 20 dias, prorrogável por mais

20, frente a dificuldade em obter prova documental

pela defesa

(18)

Procedimento

• Sentença proferida dentro de 15 dias da conclusão dos

autos, sob pena de ficar o juiz impedido de promoção,

durante 2 anos e, na lista de antiguidade, ter

descontados os dias de atraso, ressaltando a

possibilidade de justificativa comprovando os motivos;

• Isenção de custas e honorários, salvo comprovada

(19)

Sentença

• Natureza preponderantemente constitutiva negativa (desconstitutiva) pois visa desconstituir o ato impugnado, ilegal e lesivo.

• Subsidiariamente condenatória

• Julgada procedente: a) decretará a invalidade do ato impugnado; b) determinará as restituições devidas (responsáveis pela prática do ato e solidariamente os benefciários); c) condenará os réus aos ônus da sucumbência.

• Ficará para ser apurada em ação específica (ação regressiva) a responsabilidade dos eventuais servidores envolvidos e que não integraram o polo passivo da AP (art. 37, § 6º da CF = culpa ou dolo)

(20)

Sentença

• Natureza tipicamente civil, não abrange condenações de índole política, administrativa e criminal.

• Além da invalidação do ato e da condenação de ressarcimento ao erário a sentença da AP não poderá impor nenhuma outra sanção aos réus.

• Ao final do processo, o juiz de ofício ou a requerimento do MP remeterá as peças processuais devidas para instauração da persecução penal e administrativa.

• A sentença de improcedência ou de carência de ação é sujeita a remessa necessária, além do recurso voluntário de apelação em qualquer caso

(21)

Coisa Julgado

• Sentença definitiva: a) procedência, com exame do mérito; b) improcedência, com exame do mérito; c) improcedência, por insuficiência de provas, sem exame do mérito.

• Nos dois primeiros casos “a” e “b”, há coisa julgada material oponível erga omnes.

• No caso da letra “c”, havendo novas provas é possível ingressar com outra ação idêntica.

(22)

Execução

• Execução Popular:

• Art. 14, § 4º: a parte condenada a restituir bens ou valores, ficará sujeita a sequestro e penhora desde a prolação da sentença condenatória;

• Podem promover a execução: a) o autor da ação; b) qualquer outro cidadão; c) o MP; d) as entidades chamadas na ação, mesmo que tenham contestado o mérito.

• No caso da legitimação do MP a mesma é subsidiária e condicionada, há que se aguardar o prazo de 60 dias do transito em julgado com a inércia de todos os demais legitimados. Passado esse prazo deve, contudo, promovê-la nos próximos 30 dias sob pena de falta grave

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