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A POLÍTICA DE CRÉDITO RURAL NO ARQUIPÉLAGO DO MARAJÓ, ESTADO DO PARÁ: UMA ANÁLISE DO PERÍODO

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SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO RURAL on line – v.7, n. 4– Nov – 2013. ISSN 1981-1551

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A POLÍTICA DE CRÉDITO RURAL NO ARQUIPÉLAGO DO MARAJÓ, ESTADO DO PARÁ: UMA ANÁLISE DO PERÍODO 2000-2010

Marcos Antônio Souza dos Santos1 Antônio Cordeiro de Santana2 Fabrício Khoury Rebello3

RESUMO: O artigo avalia a política de crédito rural no Arquipélago do Marajó, estado do Pará. Entre 2000-2010 aplicou-se um montante de R$ 7,4 bilhões em crédito rural no estado do Pará sendo que, apenas, 1,09% foi alocado nos municípios do Marajó, caracterizando-a como a região de menor nível de acesso a financiamentos agropecuários na economia paraense. A principal fonte de recursos é o Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), responsável por 62,12% do total financiado. As operações têm atendido, principalmente, os pequenos produtores, com valor médio de R$ 3.060,75 por operação. As principais atividades financiadas foram o manejo e o cultivo do açaí, aquicultura, fruticultura, pesca e o cultivo de mandioca. O perfil das aplicações é marcado por intensa flutuação, evidenciando a descontinuidade da política que tem deixado de atender diversos municípios e limitado a modernização e o desenvolvimento da produção agropecuária. Um dos fatores que dificulta a ampliação dos financiamentos é a baixa capilaridade do sistema financeiro. Existem apenas 12 agências bancárias, concentradas em cinco dos 16 municípios, sendo que apenas seis delas realizam operações de crédito rural. Estes resultados indicam o desempenho incipiente da política de crédito rural no Arquipélago do Marajó e a necessidade de se estabelecer uma estratégia articulada entre os agentes públicos e privados das diversas esferas de poder com atuação na área, com vistas a fomentar o capital físico, financeiro, social e institucional imprescindíveis para a promoção do desenvolvimento rural.

Palavras-chave: Política Agrícola, Desenvolvimento Rural, Financiamentos Agropecuários, Concentração de crédito, Amazônia.

ABSTRACT: The article evaluates rural credit policy in the Archipelago of Marajó, Pará. Between 2000 and 2010, a sum of R$ 7,4 billion reals had been used in rural credit in the State of Pará, however only 1.09% was allocated to the municipalities of Marajó, determining it as a region with the lowest level of access to agricultural financing in the economy of the state. The main source of capital resources is the Constitutional Financing Fund of the North of Brazil (FNO), responsible for 61.12 of all resources available for financing of investments. These operations have met local needs, especially those of small farmers who borrow an average of R$ 3.060,75 for each of their operations. The main activities receiving financing are açaí management and growing, fishing, fruit and cassava growing. The profile of investments is marked by intense fluctuation, showing a discontinuity of the credit policy leaving many municipalities neglected with little modernization and development of their agricultural production. One of the factors which makes it difficult to expand financing is the low capacity of the financial system. There are only 12 bank agencies concentrated in five of the 16 municipalities, and only six of them offer rural credit. These results indicate the incipient performance of the rural credit policy in the Archipelago of Marajó, and a need to set an articulated strategy among private and government agents of the various spheres of power present in the area in order to foster physical, financing social and institutional investments indispensable to promote rural development.

Keywords: Agricultural policy, Rural development, Agricultural financing, Credit concentration, The Amazon. Classificação JEL: Q1, Q14, Q18.

1 Engenheiro Agrônomo; Mestre em Economia; Professor do Instituto Socioambiental e dos Recursos Hídricos (ISARH) da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). CEP: 66.077-530. Caixa Postal: 917. Belém/PA. E-mail: marcos.santos@ufra.edu.br

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Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia Rural; Professor do Instituto Socioambiental e dos Recursos Hídricos (ISARH) da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). CEP: 66.077-530. Caixa Postal: 917. Belém/PA. E-mail: acsantana@superig.com.br

3

Economista; Doutor em Ciências Agrárias; Técnico Científico da Coordenadoria de Estudos Macroeconômicos e Regionais do Banco da Amazônia. Av. Presidente Vargas, n. 800, CEP: 66.017-000. Belém/PA. E-mail: fabriciorebello@hotmail.com

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1. INTRODUÇÃO

No Arquipélago do Marajó, o setor agropecuário é de extrema importância na ocupação da mão de obra, geração de renda e alimentos para as populações. Em 2009, segundo dados do IBGE (2011a), respondeu por 15% do Produto Interno Bruto (PIB), além de fornecer matérias primas para o funcionamento do setor agroindustrial, sobretudo, o processamento de frutas como o açaí e cupuaçu, a indústria madeireira, laticínios, frigoríficos e pescado.

Apesar da relevância da produção agropecuária, o sistema de uso do solo é tradicional e o crescimento da produção depende, quase que exclusivamente, dos recursos naturais já que o nível tecnológico é incipiente. Segundo dados do Censo Agropecuário de 2006, no Marajó apenas 3,24% dos estabelecimentos realizam adubação química, 0,80% efetuam o controle de pragas e doenças e apenas 1,60% empregam tração mecânica nas atividades. Também é reduzido o acesso à energia elétrica (13,91%) e a adoção de práticas agrícolas (10,17%). Estes indicadores, em grande parte, devem-se ao pouco acesso dos produtores aos recursos de crédito rural que, naquele ano, foi utilizado por apenas 2,73% dos estabelecimentos recenseados, valor bem inferior à média do estado do Pará que foi de 8,69%. A assistência técnica rural também é um fator altamente limitante, pois em 75% dos municípios a parcela de estabelecimentos rurais assistidos por estes serviços é inferior a 6%, valor inferior à média estadual que é de 9,83% (IBGE, 2011b).

A política de crédito rural e a disponibilidade de recursos e linhas de crédito direcionadas ao atendimento de demandas dos produtores rurais em regiões como o Marajó é fundamental para alavancar o desenvolvimento local, na medida em que fortalece os nexos entre o setor agropecuário e os demais setores da economia. Entretanto, há carência de pesquisas quanto ao desempenho dos financiamentos agropecuários nesta Região. Neste sentido, o objetivo deste artigo foi avaliar a política de crédito rural nos municípios do Arquipélago do Marajó, estado do Pará, no período 2000-2010. Estes resultados são importantes, pois podem contribuir para o aprimoramento da política no Arquipélago do Marajó.

O artigo é composto por quatro seções, incluindo esta introdução. Na segunda seção descreve-se sucintamente a metodologia do trabalho, caracterizando a área de estudo, as fontes de dados e os procedimentos de análise. Na terceira seção constam os resultados do trabalho em que se analisa o acesso ao crédito rural, evidenciando os níveis de coberturas das aplicações em cada um dos municípios, a destinação dos recursos e as causas que limitam o acesso dos produtores aos financiamentos. Também é analisada a evolução das aplicações no período 2000-2010, especificando a destinação dos recursos entre agricultura e pecuária, a distribuição entre os municípios e o valor médio das operações. A seguir analisa-se o perfil das aplicações do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) que, atualmente, é a principal fonte de recursos de crédito rural no Marajó. A quarta seção expõe as considerações finais do trabalho.

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2. METODOLOGIA 2.1 Área de estudo

O Arquipélago do Marajó (Figura 1), classificado pelo IBGE como mesorregião do Marajó, é composto por 16 municípios agregados em três microrregiões: Arari (Cachoeira do Arari, Chaves, Muaná, Ponta de Pedras, Salvaterra, Santa Cruz do Arari e Soure), Furo de Breves (Afuá, Anajás, Breves, Curralinho e São Sebastião da Boa Vista) e Portel (Bagre, Gurupá, Melgaço e Portel), totalizando uma superfície de 104.140 km² (BRASIL, 2007) e uma população de aproximadamente 488 mil habitantes (IBGE, 2011a).

Figura 1: Localização do Arquipélago do Marajó, Estado do Pará.

A economia rural marajoara é, sobretudo, extrativista. Em 2010 (IBGE, 2012), o Valor Bruto da Produção (VBP), excluindo a pecuária de corte e a pesca, foi da ordem de R$ 214,6 milhões, onde o extrativismo participou com 83,25% desse valor. Nesse segmento, as principais atividades são a extração de madeira em tora (66,94% do valor do extrativismo) e a comercialização do açaí (28,30%). A área total cultivada é de 5.466 ha, sendo 79,64% com as culturas permanentes e 20,36% com as temporárias. Na pecuária cabe mencionar que o rebanho bubalino, com cerca de 282 mil cabeças, responde por 61,64% do plantel paraense e no caso dos suínos, com 182 mil cabeças, responde por 24,77%. Quanto ao rebanho bovino, no entanto, participa com 1,74% do plantel do estado.

Com um PIB per capita médio da ordem de R$ 2.942,95, encontra-se no último lugar do ranking entre as mesorregiões paraenses, atingindo, apenas, 37,45% do valor do PIB per

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capita do estado do Pará. Os municípios de Salvaterra (R$ 3.835,49) e Bagre (R$ 2.020,57) respondem, respectivamente, com a melhor e pior posição nesse indicador (IBGE, 2012).

2.2 Dados utilizados e procedimentos de análise

No desenvolvimento do trabalho utilizou-se três base de dados. Os dados do Censo Agropecuário de 2006 (IBGE, 2011b) que foram utilizados na caracterização geral do acesso ao crédito, envolvendo variáveis como: o número de estabelecimentos que obtiveram acesso a financiamentos agropecuários, destinação dos recursos e motivos que limitaram o acesso ao crédito em cada um dos municípios.

Nos Anuários Estatísticos de Crédito Rural do Banco Central do Brasil (BACEN, 2011a), extraiu-se o número e valor das operações de crédito agrícola, pecuário e total contratado nos 16 municípios que compõem o Arquipélago do Marajó, abrangendo o período de 2000-2010. Do Banco da Amazônia, obteve-se os dados sobre os valores das operações de financiamento rural com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) em cada um dos municípios do Marajó, discriminados por atividade. Os dados do FNO abrangem o período 2000-2009 (BASA, 2010).

Para eliminar o efeito da inflação sobre os valores nominais das operações de crédito rural e permitir uma análise comparativa da evolução dos financiamentos, utilizou-se o Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas (FGV, 2011). A fórmula utilizada no cálculo do valor real das operações de financiamento é especificada abaixo:

Em que:

VRi = Valor real das operações de crédito rural no ano i, em R$;

VNi = Valor nominal das operações de crédito rural no ano i, em R$;

IGPDI = Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna do ano i, (Base: dez. 2010 = 100).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Acesso ao crédito rural

Os municípios do Marajó são os que possuem o nível mais baixo de acesso a financiamentos agropecuários no estado do Pará. Santos, Rebello e Santana (2011), analisando os dados do Censo Agropecuário 2006 do IBGE, verificaram que, em média, 8,69% dos estabelecimentos agropecuários paraenses receberam financiamentos naquele ano. Os municípios do Sudeste Paraense foram os que obtiveram a maior participação, onde 12,73% foram contemplados com crédito rural. A participação do Marajó foi a pior, quando, apenas, 2,41% dos seus estabelecimentos foram beneficiados com crédito rural, ou seja, 97,59% dos produtores não têm acessado os recursos para financiar suas atividades (Tabela 1).

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Tabela 1: Percentual de estabelecimentos agropecuários que obtiveram financiamento no Arquipélago do Marajó, 2006. Municípios Nº total de estabelecimentos agropecuários Nº de estabelecimentos que

obtiveram financiamento Percentual (%) Afuá 2.049 19 0,93 Anajás 1.736 16 0,92 Bagre 746 31 4,16 Breves 2.674 40 1,50 Cachoeira do Arari 628 12 1,91 Chaves 863 5 0,58 Curralinho 2.516 91 3,62 Gurupá 2.422 32 1,32 Melgaço 945 18 1,90 Muaná 2.358 62 2,63 Ponta de Pedras 3.030 15 0,50 Portel 2.180 36 1,65 Salvaterra 411 22 5,35

Santa Cruz do Arari 200 1 0,50

São Sebastião da Boa Vista 2.012 193 9,59

Soure 89 6 6,74

Arquipélago do Marajó 24.859 599 2,41

Fonte: Elaborado a partir do Censo Agropecuário 2006 (IBGE, 2011b).

Este percentual variou de um mínimo de 0,50% em Ponta de Pedras, a um máximo de 9,59% em São Sebastião da Boa Vista. As grandes distâncias e as dificuldades de deslocamento representam fator limitante para ampliar o acesso dos produtores ao crédito e a outros instrumentos de política agrícola. Em Portel, por exemplo, que é município de maior extensão territorial do Marajó, as comunidades rurais estão distribuídas às margens de quatro grandes rios (Acuti-Pereira, Anapu, Camarapi e Pacajá) cuja extensão dentro do território de Portel se aproxima de 620 km. Existem, também, agricultores desenvolvendo suas atividades no entorno da cidade e às margens da estrada que liga Portel ao município de Tucuruí.

Efetuar a cobertura desses produtores tanto com serviços de crédito rural quanto de assistência técnica é tarefa difícil, pois existem comunidades cujo deslocamento, partindo da sede de Portel, pode durar até 36 horas de barco, ou seja, mais de duas vezes o tempo que se leva de barco da cidade de Belém, capital do Pará, até Portel. Em função disso, apenas 1,65% dos estabelecimentos agropecuários do município obteve acesso ao crédito rural naquele ano (Tabela 1).

Há de se destacar, também, que essa mesorregião possui a pior cobertura de serviços de assistência técnica e extensão rural do estado do Pará. Segundo dados do IBGE (2011b), 3,83% dos estabelecimentos rurais recebe esse tipo de atendimento entre as várias modalidades existentes (pública, própria, cooperativa, ONG entre outras), contra uma cobertura média de 9,83% dos estabelecimentos no conjunto do estado. Isso, de alguma forma, acaba por influir na ação do crédito de fomento.

Considerando todos os municípios do Marajó, constatou-se que os principais motivos da não obtenção de crédito, de acordo com os produtores foram: a) não precisaram de recursos; b) medo de contrair dívidas; c) existência de muita burocracia; e, d) não sabem

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como conseguir (Tabela 2). A representatividade da resposta “não precisou”, em todos os municípios, gerou uma média para o Marajó de 49,76%, dado o baixo nível tecnológico dos sistemas de produção agropecuários, em que o desempenho das lavouras e criações depende quase que exclusivamente da fertilidade natural dos solos e da mão de obra familiar. Assim, devido ao baixo uso de insumos, mecanização, equipamentos, instalações e também pela baixa capacidade de gestão da unidade de produção, os produtores, sobretudo os pequenos, mostram-se pouco interessados em acessar os recursos de crédito rural.

O “medo de contrair dívidas” figurou como o segundo motivo mais importante. Este item é muito presente, sobretudo entre os pequenos agricultores em função da pouca experiência e relacionamento com o sistema financeiro o que gera grande preocupação em não ter condições de saldar o empréstimo. O terceiro motivo mais representativo mencionado pelos agricultores refere-se à burocracia (12,45%) e o quarto à falta de informações sobre os programas de financiamento (11,91%).

Tabela 2: Motivos de não obtenção de financiamento apontados pelos produtores rurais do Arquipélago do Marajó, 2006. (Percentual - %) Municípios Falta de garantia pessoal Não sabe como conseguir Burocracia Falta de pagamento do empréstimo anterior Medo de contrair dívidas Outro motivo Não precisou Afuá 2,41 3,60 11,33 0,10 9,11 4,53 68,92 Anajás 5,52 6,74 10,00 0,06 16,98 5,81 54,88 Bagre 0,28 2,80 5,17 2,94 9,37 20,00 59,44 Breves 6,49 11,58 12,87 0,30 21,30 3,83 43,62 Cachoeira do Arari 0,00 0,49 7,95 2,11 1,62 0,97 86,85 Chaves 3,15 8,97 12,24 0,35 15,15 12,12 48,02 Curralinho 3,84 24,12 15,71 0,54 19,55 13,32 22,93 Gurupá 2,55 6,78 17,28 0,33 4,81 23,35 44,90 Melgaço 0,43 14,46 2,80 0,00 5,18 7,12 70,01 Muaná 2,48 7,14 12,24 0,61 10,93 11,85 54,75 Ponta de Pedras 3,65 5,37 9,52 0,07 17,31 3,48 60,60 Portel 1,03 31,86 15,30 0,84 6,25 8,54 36,19 Salvaterra 0,26 2,31 14,14 1,54 19,54 13,11 49,10 Santa Cruz do Arari 0,00 29,65 6,03 0,00 6,53 7,04 50,75 São Sebastião da Boa Vista 1,98 18,53 15,94 0,55 15,83 7,09 40,08

Soure 0,00 0,00 18,07 0,00 15,66 8,43 57,83

Arquipélago do Marajó 3,00 11,91 12,45 0,49 13,10 9,29 49,76

Fonte: Elaborado a partir do Censo Agropecuário 2006 (IBGE, 2011b).

Nos estabelecimentos agropecuários, os recursos de crédito rural são aplicados em itens de custeio, visando cobrir despesas do processo de produção; investimento para aquisição de máquinas, equipamentos, instalações; comercialização quando cobre despesas pós-ciclo produtivo e também para manutenção do estabelecimento. Na Figura 1 observa-se a destinação dos recursos de crédito rural segundo as microrregiões que compõem o Marajó (Arari, Furos de Breves e Portel) e para o Marajó como um todo. A maior parcela foi destinada a investimento, representando 57,31% dos recursos. A microrregião com o percentual mais elevado foi Portel (66,67%) e o menor do Arari com 50,77%. A modalidade de custeio representou apenas 17,69% do total e se mostrou inferior aos percentuais para manutenção do estabelecimento 21,10%. O menor percentual foi relativo à comercialização, apenas 3,90% do total (Figura 1).

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Investimento Custeio Comercialização Manutenção do estabelecimento Arari 50,77% 27,69% 8,46% 13,08% Furos de Breves 56,56% 16,39% 3,01% 24,04% Portel 66,67% 10,83% 1,67% 20,83% Marajó 57,31% 17,69% 3,90% 21,10% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% P er ce ntua l ( %)

Figura 1: Distribuição percentual dos financiamentos agropecuários nas microrregiões do Arquipélago do Marajó, segundo a finalidade, 2006.

Fonte: Elaborado a partir do Censo Agropecuário 2006 (IBGE, 2011b).

Os principais investimentos realizados pelos produtores foram voltados à aquisição de bens imóveis, envolvendo instalações e benfeitorias (36,29%), sobretudo na microrregião de Breves cujo percentual foi de 62,30%. A aquisição de animais para reprodução e trabalho absorveu 23,32% dos recursos. Outros dois itens também destacados foram aquisição de veículos e tratores que, em conjunto, totalizaram 19,86% dos recursos (Tabela 3).

Tabela 3: Distribuição percentual dos investimentos realizados nos estabelecimentos agropecuários do Arquipélago do Marajó, segundo a microrregião, 2006.

Microrregiões Destinação Portel Furos de

Breves

Arari Marajó

Aquisição de terras 4,01 10,13 3,69 4,64

Bens imóveis 24,14 62,30 35,66 36,29

Novas culturas permanentes 0,49 7,37 8,51 6,49

Novas matas plantadas 0,35 1,65 0,38 0,57

Novas pastagens 27,37 2,03 2,46 6,42

Aquisição de veículos 24,69 9,97 8,75 11,13

Máquinas e implementos 0,00 5,21 2,00 2,40

Tratores novos 11,79 0,00 2,30 8,73

Animais para reprodução e/ou trabalho 7,15 1,34 36,24 23,32

Total 100,00 100,00 100,00 100,00

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Estes resultados mostram que mesmo considerando o baixo nível de acesso dos produtores ao crédito rural aqueles que estão tomando financiamentos destinam os recursos, prioritariamente, para a dotação de infraestrutura e mecanização das atividades.

3.2 Aplicações de crédito rural no período 2000-2010

A partir da base de dados do Anuário Estatístico de Crédito Rural do Banco Central do Brasil foi possível verificar o comportamento das aplicações de crédito rural ao longo do período 2000-2010. Com base nestes dados, visualiza-se a aplicação total de todas as fontes de crédito rural. No período como um todo e considerando os 16 municípios, foram contratadas 26.309 operações, sendo 15.764 de crédito agrícola e 10.545 de crédito pecuário. Isto correspondeu a um valor acumulado de R$ 80,53 milhões. Esses valores representam apenas 4,72% do número de operações e 1,09% do valor contratado em todo o estado do Pará neste período. Os cinco municípios com maior volume de aplicações foram Soure (15,50%), Salvaterra (14,40%), Afuá (11,06%), Cachoeira do Arari (7,61%) e São Sebastião da Boa Vista (6,77%). Ou seja, em conjunto absorveram 55,34% do total de recursos (Tabela 4).

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Tabela 4: Quantidade e valor das operações de crédito rural contratadas nos municípios do Arquipélago do Marajó e no Estado do Pará, 2000-2010.

Crédito Agrícola Crédito Pecuário Total

Município Nº Operações Valor Nº Operações Valor Nº Operações Valor

Quant. % R$ Milhões % Quant. % R$ Milhões % Quant. % R$ Milhões % Afuá 1.644 10,43 8,71 18,11 22 0,21 0,19 0,60 1.666 6,33 8,91 11,06 Anajás 745 4,73 2,12 4,41 162 1,54 0,12 0,35 907 3,45 2,24 2,78 Bagre 1.965 12,47 3,41 7,09 206 1,95 0,48 1,49 2.171 8,25 3,89 4,83 Breves 1.130 7,17 2,68 5,57 229 2,17 0,50 1,56 1.359 5,17 3,18 3,95 Cachoeira do Arari 366 2,32 1,25 2,59 2.290 21,72 4,88 15,06 2.656 10,10 6,13 7,61 Chaves 32 0,20 0,29 0,59 245 2,32 3,02 9,31 277 1,05 3,30 4,10 Curralinho 2.016 12,79 3,73 7,75 793 7,52 1,11 3,41 2.809 10,68 4,83 6,00 Gurupá 736 4,67 2,29 4,77 413 3,92 1,34 4,14 1.149 4,37 3,63 4,51 Melgaço 805 5,11 1,07 2,22 225 2,13 0,30 0,93 1.030 3,92 1,37 1,70 Muaná 688 4,36 1,77 3,67 542 5,14 0,85 2,63 1.230 4,68 2,62 3,25 Ponta de Pedras 713 4,52 2,22 4,61 924 8,76 1,61 4,98 1.637 6,22 3,83 4,76 Portel 1.337 8,48 3,57 7,42 113 1,07 0,37 1,13 1.450 5,51 3,94 4,89 Salvaterra 1.225 7,77 8,52 17,71 401 3,80 3,08 9,50 1.626 6,18 11,60 14,40 Santa Cruz do Arari 0 0,00 0 0,00 1.791 16,98 3,12 9,61 1.791 6,81 3,12 3,87 São Sebastião da Boa Vista 1.911 12,12 3,97 8,24 1.026 9,73 1,49 4,59 2.937 11,16 5,45 6,77 Soure 451 2,86 2,53 5,25 1.163 11,03 9,96 30,72 1.614 6,13 12,49 15,50 Marajó (A) 15.764 100,00 48,10 100,00 10.545 100,00 32,42 100,00 26.309 100,00 80,53 100,00

Estado do Pará (B) 216.446 2.104,95 341.067 5.271,58 557.513 7.376,53

(A/B) - Percentual (%) 7,28% 0,02 3,09% 0,62% 4,72% 1,09%

Fonte: Elaborado a partir de dados do Banco Central do Brasil (BACEN, 2011a).

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Os dados da Tabela 4 mostram que a maior parcela dos recursos foi alocada na atividade agrícola, com valor de R$ 48,10 milhões, sendo que as aplicações na pecuária foram de R$ 32,42 milhões. Apenas nos municípios de Cachoeira do Arari, Chaves, Santa Cruz do Arari e Soure, houve predominância do crédito destinado à pecuária. Estes municípios estão localizados na microrregião do Arari, onde a produção pecuária possui maior expressão econômica.

Entre 2000 e 2010 pode-se observar uma tendência de crescimento nos valores financiados. A taxa de crescimento real dos valores contratados foi de 13,28% ao ano para o total de crédito rural, sendo que no crédito pecuário o crescimento foi maior (15,35% ao ano), comparativamente à agricultura (12,31% ao ano). Apesar dessa tendência, ocorreram grandes flutuações na série tanto para o crédito agrícola quanto para o crédito pecuário (Figura 2). Os coeficientes de variação foram elevados, sendo de 45,01% para o crédito agrícola e 52,14% para o crédito pecuário. Considerando o total dos recursos, o coeficiente de variação foi de 46,78%. Este comportamento deixa evidente que houve forte descontinuidade da política de crédito nesses municípios, o que incrementa a componente de risco do processo de modernização do setor agropecuário como um todo.

2.000.000,00 4.000.000,00 6.000.000,00 8.000.000,00 10.000.000,00 12.000.000,00 14.000.000,00 16.000.000,00 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 V a lo r C o n tr a ta to (R $ )

Crédito Pecuário Crédito Agrícola

Figura 2: Evolução do valor das contratações de crédito rural (agrícola e pecuário) no Arquipélago do Marajó, Estado do Pará, 2000-2010.

Fonte: Elaborado a partir de dados do Banco Central do Brasil (BACEN, 2011a).

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O valor médio das operações contratadas foi de R$ 3.060,75 (Tabela 5). As operações de crédito agrícola variaram entre um mínimo de R$ 2.134,64 (microrregião de Portel) e um máximo de R$ 4.766,30 (microrregião do Arari). No caso da pecuária variou entre um mínimo de R$ 1.526,51 (Furo de Breves) e um máximo de R$3.605,58 (Arari).

Tabela 5: Valor médio das operações de crédito rural (agrícola e pecuário) contratadas no Arquipélago do Marajó, Estado do Pará, 2000-2010.

Microrregiões Crédito Agrícola (R$ 1,00) Crédito Pecuário (R$ 1,00) Média Geral (R$ 1,00) Arari 4.766,30 3.605,58 3.977,99 Furo de Breves 2.847,50 1.526,51 2.542,85 Portel 2.134,64 2.604,08 2.212,09 Arquipélago do Marajó 3.051,47 3.074,63 3.060,75

Fonte: Elaborado a partir de dados do Banco Central do Brasil (BACEN, 2011a).

Nota: valores corrigidos para R$ Mil (Base: dez./2010) pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Esse baixo valor médio dos contratos deve-se à predominância de operações destinadas à agricultura familiar, envolvendo recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Grupo B (Pronaf B). Essa modalidade de crédito é também denominada de Microcrédito Produtivo Rural e financia valores entre R$ 1.000,00 e R$ 5.000,00, por operação, com taxa efetiva de juros de 0,5% ao ano e bônus de adimplência de 25% (vinte e cinco por cento) sobre cada parcela da dívida paga até a data de seu vencimento. O prazo de reembolso é de até dois anos para cada financiamento (BACEN, 2011b).

3.3 Aplicações do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) no Arquipélago do Marajó

A partir da década de 1990, o FNO tem se constituído numa das principais fontes de recursos da política de crédito rural na região Norte. Os dados disponíveis do período 2000-2009 mostram que foi responsável por 62,12% do volume total de recursos. Ou seja, de cada R$ 1.000,00 aplicado no setor agropecuário do Marajó, R$ 621,20 foram do FNO. Nesse período o valor financiado totalizou um montante de R$ 41,5 milhões. Com base na Figura 3, mostra-se que as aplicações do FNO no Marajó também apresentaram elevada flutuação ao longo do período, sendo que apenas a partir de 2005 observa-se uma tendência de crescimento mais acentuada nessas aplicações (Figura 3).

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SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO RURAL on line – v.7, n. 4– Nov – 2013. ISSN 1981-1551 www. inagrodf.com.br/revista 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Outras Fontes 757 1.103 1.598 1.350 3.941 2.815 6.004 4.031 231 3.500 FNO 5.763 1.965 2.305 1.269 4.511 1.267 3.552 5.468 7.837 7.606 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 R $ M il

Figura 3: Evolução das aplicações de crédito rural no Arquipélago do Marajó, por fonte de recursos, 2000-2009.

Fonte: Elaborado a partir de dados do Banco da Amazônia (BASA, 2010) e do Banco Central do Brasil (BACE, 2011a).

Nota: valores corrigidos para R$ Mil (Base: dez./2010) pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A Tabela 6 mostra o perfil distributivo das aplicações de crédito rural do FNO, segundo município e também a frequência dos financiamentos ao longo do período 2000-2009. Observa-se que Salvaterra, Cachoeira do Arari, São Sebastião da Boa Vista e Soure, são os quatro municípios com maior volume de aplicações. Ainda na Tabela 6 pode-se observar que em apenas dois municípios (Salvaterra e Soure) foram contratadas operações em todos os 10 anos analisados. Nesse período, um total de 10 municípios ficou desassistido por financiamento do FNO por pelo menos 3 anos, sendo que existem municípios como Melgaço e Anajás, onde as aplicações ocorreram em apenas 4 anos e Afuá, onde se aplicou recursos apenas em 3 dos 10 anos compreendidos entre 2000 e 2009.

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Tabela 6: Perfil distributivo das aplicações de crédito rural do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) no Arquipélago do Marajó, 2000-2009.

Ordem Municípios Valor das aplicações (R$) Percentual (%) Nº de anos em que ocorreram contratações 1 Salvaterra 6.331.968,08 15,24 10 2 Cachoeira do Arari 3.904.140,14 9,40 9 3 São Sebastião da Boa Vista 3.855.354,01 9,28 9 4 Soure 3.824.982,34 9,21 10

5 Curralinho 3.283.994,80 7,91 6

6 Ponta de Pedras 3.043.405,14 7,33 8

7 Afuá 3.017.780,08 7,26 3

8 Bagre 2.606.205,48 6,27 9

9 Santa Cruz do Arari 2.273.531,16 5,47 6

10 Breves 2.055.400,60 4,95 5 11 Chaves 1.956.415,75 4,71 6 12 Gurupá 1.551.604,46 3,74 5 13 Muaná 1.403.681,04 3,38 5 14 Portel 1.077.465,64 2,59 7 15 Melgaço 1.023.597,41 2,46 4 16 Anajás 332.441,27 0,80 4 - Arquipélago do Marajó 41.541.967,38 100,00 -

Fonte: Banco da Amazônia (2010).

Nota: valores corrigidos para R$ (Base: dez./2010) pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Este contexto deve-se a baixa capilaridade do sistema financeiro no Marajó que é mais uma das faces da exclusão social a que esta região está submetida. Atualmente existem 12 agências bancárias, concentradas em apenas cinco dos 16 municípios. Destaca-se que apenas seis dessas agências operam com crédito rural. Nos demais municípios o que existem são Postos Avançados de Atendimento (PAA), vinculados a essas agências, funcionando com um ou dois funcionários, efetuando o recebimento de contas diversas e o pagamento dos vencimentos das prefeituras municipais, instituições públicas estaduais e empresas locais (BACEN, 2012).

No caso particular dos recursos do FNO que são operacionalizados pelo Banco da Amazônia a ampliação tem sido ainda mais limitada, pois dispõe de apenas uma agência, localizada no município de Soure. Assim, a maior parcela das operações tem sido contratada por agências localizadas em Belém. Este distanciamento dificulta substancialmente as ações daquela instituição financeira no Arquipélago, pois o custo de deslocamento dos produtores até Belém se torna proibitivo, principalmente, para os pequenos produtores.

Quanto ao perfil das aplicações do FNO por atividade, os dados da Tabela 7 indicam que o açaí foi o produto que absorveu o maior volume dos recursos, aproximadamente um terço de todo o valor aplicado entre 2000 e 2009. Em segundo lugar vem a aquicultura a qual tem ocupado espaço nos últimos anos, principalmente por conta da redução dos estoques pesqueiros que sustentavam a pesca artesanal e também por estar representando uma alternativa de diversificação produtiva em relação à crise vivida pelo setor madeireiro (SANTOS, OLIVEIRA e SANTANA, 2012), esta atividade absorveu 20,86% dos recursos aplicados. A fruticultura, a pesca artesanal e o cultivo da mandioca também receberam aporte financeiro do FNO, em conjunto totalizaram 20,70% dos recursos aplicados.

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Tabela 7. Distribuição das aplicações do crédito rural do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) no Arquipélago do Marajó, segundo atividade, 2000-2009.

Ordem Atividades Valor das aplicações (R$) Percentual (%) 1 Açaí 12.904.928,38 31,06 2 Aquicultura 8.664.998,20 20,86 3 Fruticultura 4.235.605,43 10,20 4 Pesca 2.605.002,08 6,27 5 Infraestrutura rural 1.932.045,69 4,65 6 Mandioca 1.759.140,84 4,23 7 Máquinas e implementos 1.575.210,83 3,79 8 Bovinocultura 1.434.844,14 3,45 9 Bubalinocultura 1.409.305,00 3,39 10 Aquisição de veículos 587.839,92 1,42 11 Tratores 568.079,67 1,37 12 Criação de pequenos animais 399.609,04 0,96 13 Outras culturas 223.819,51 0,54 14 Outras aplicações 3.241.538,66 7,80 - Arquipélago do Marajó 41.541.967,38 100,00%

Fonte: Banco da Amazônia (2011).

Nota: valores corrigidos para R$ (Base: dez./2010) pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

4. CONCLUSÕES

O Arquipélago do Marajó é a região do estado do Pará com menor nível de acesso aos recursos da política de crédito rural. A ausência de agências bancárias na maioria dos municípios, assim como dos serviços de assistência técnica pública em número e aparelhamento adequado, combinada com as grandes distâncias que provocam o isolamento dos produtores e o baixo nível tecnológico dos sistemas de produção contribui para a manutenção de uma agricultura e pecuária fortemente atrelada à exploração dos recursos naturais.

Na última década a política de crédito rural exibiu desempenho incipiente no Marajó. Afinal apenas 2,41% dos estabelecimentos obtiveram acesso ao crédito rural, sendo que foram aplicados apenas R$ 80,53 milhões nos 16 municípios, o que representou 1,09% de todo o volume de crédito rural aplicado no estado do Pará. Isto corresponde a uma aplicação média anual de apenas R$ 7,32 milhões que, caso fosse distribuída equitativamente entre os municípios, representaria um pouco mais de R$ 457 mil para cada município por ano. Entretanto o crédito ainda é fortemente concentrado, já que mais da metade dos recursos foi aplicado em apenas cinco municípios. Houve intensa flutuação nas aplicações ao longo do tempo, sendo que em muitos anos diversos munícipios não registraram nenhuma operação contratada.

Mantendo-se esse contexto, o setor agropecuário do Arquipélago do Marajó continuará sua trajetória itinerante de exploração dos recursos naturais. Há, portanto, a necessidade de integração de esforços dos atores e instituições envolvidas com o processo de desenvolvimento rural em cada município e também nas demais esferas do poder público (estadual e federal). Esse processo é importante não apenas para aprimorar os resultados da política de crédito rural, mas, potencializar, outros

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instrumentos de política disponíveis que contribuam para que as populações possam galgar patamares mais elevados de qualidade vida e atenuar a pobreza rural.

REFERÊNCIAS

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BANCO CENTRAL DO BRASIL. Anuário Estatístico do Crédito Rural. Disponível em:< http://www.bacen.gov.br>. Acesso em: 12 out. 2011a.

________. Manual de Crédito Rural. Disponível em: <http://www4.bcb.gov.br /NXT/ gateway.dll?f=templates&fn=default.htm&vid=nmsGeropMCR:idvGeropMCR>. Acesso em: 12 out. 2011b.

________. ESTBAN – Estatística Bancária por município. Disponível em: <http:// www4.bcb.gov.br/fis/cosif/estban.asp>. Acesso em: 12 out. 2012.

BRASIL. Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável do Arquipélago do Marajó. Brasília: Ministério da Integração Nacional, 2007. 296 p.

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. FGVDADOS: Informação Econômica On-line. Disponível em: < http://fgvdados.fgv.br >. Acesso em: 01 nov. 2011.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo

Agropecuário 2006. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 12 out. 2011b.

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________. Sistema de Contas Nacionais. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/ home/estatistica/economia/pibmunicipios/2005_2009/defaulttab.shtm>. Acesso em: 04 set. 2012.

SANTOS, M. A. S., REBELLO, F. K., SANTANA, A. C. Evolução e espacialização das aplicações de crédito rural no estado do Pará na primeira década do século 21 In: V Simpósio Internacional de Geografia Agrária e VI Simpósio Nacional de Geografia Agrária, 2011, Belém (PA). Anais... v.1. p.1-15.

SANTOS, M. A. S., OLIVEIRA, C. M., SANTANA, A. C. Características socioeconômicas da atividade madeireira. In: SANTANA, A.C. (Org.). Valoração econômica e mercado de recursos florestais. Belém: Edufra, 2012, p.105-120.

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