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IDEOLOGIA EM KARL MARX E LOUIS ALTHUSSER

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Academic year: 2021

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IDEOLOGIA EM KARL MARX E LOUIS ALTHUSSER

Daniel Féo Castro de Araújo1 Mestrando em Sociologia - UFU Daniel.feo@gmail.com RESUMO:

Esse artigo tem como objetivo debruçar sobre a importância do conceito de ideologia nos pressupostos teórico-metodológicos de Karl Marx e Louis Althusser. Na primeira parte do artigo circunscrever considerações sobre a “noção” de ideologia na obra de Marx por Althusser. Segundo momento, a questão da ideologia foi tratada com base nas reflexões de Louis Althusser na discussão sobre os Aparelhos Ideológicos de Estado fundamental para a compreensão da ideologia com base nas condições materiais de existência. Metodologia inicia-se com uma revisão bibliográfica, voltada ao entendimento da dinâmica a ser estudado, bem como para construir um referencial teórico baseado na ideologia em Marx e Althusser. Esse levantamento foi feito por meio de livros e artigos. Na conclusão apontamos que o conceito de ideologia em Althusser mantém-se atual no campo do pensamento crítico, não somente no que concerne aos aspectos reprodutores, mas também transformadores das relações de poder.

Palavras - Chave: Ideologia. Karl Marx. Louis Althusser.

ABSTRACT:

This article aims to study the importance of the concept of ideology according to the theoretical and methodological assumptions described by Karl Marx and Louis Althusser. In the first part of the article, we circumscribe considerations about the "notion" of ideology as it appears in work of the referred authors. In the second part, we use Louis Althusser's reflections to contemplate the question of ideology as part of the discussion about the “State’s Ideological Dispositives”, a very important discussion to understand ideology basing on the material conditions of existence. Our methodology starts with a bibliographical review focused on understanding of the dynamics to be studied and on constructing a theoretical reference based on the idea of ideology as described by Marx and Althusser. This survey was done using books and articles. In conclusion, we point out that the concept of ideology in Althusser is still current in the field of critical thinking, concerning to the reproductive and transforming spects of power’s relations.

Keywords Ideology. Karl Marx. Louis Althusser. INTRODUÇÃO

A ideia desse texto emerge do desenvolvimento da Disciplina Teoria Sociológica junto ao programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de

1 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia UFU.

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Uberlândia (PPGCS-UFU). A oferta dessa disciplina pela professora Rafaela Cyrino Peralva Dias tem ocorrido em 2017, com participação de estudantes do mestrado em Ciências Sociais. Os capítulos que constituem esse texto, portanto, tem sua origem nas reflexões no debate metodológico e epistemológico concernentes à validade e ao alcance que a discussão sobre a ideologia para se pensar sociologia, pois essa discussão dessa temática potencializa a problematização sobre o real, ele mesmo indeterminado e complexo.

Antes de enfrentar o tema proposto para o presente texto – o conceito de ideologia no pensamento de Marx e Althusser cabe primeiramente deixar assinalado a partir de que pressuposições teóricas isso será realizado. Não somente pela obvia razão de que nenhuma aproximação conceitual carece de pressuposições, mas, acima de tudo , em razão da complexidade inerente ao marxismo como correte teórica – pratica.

Karl Marx deixou suas contribuições teóricas e conceituais e alguns intelectuais se apropriaram de sua analise e fizeram sua reflexão sobre o conceito de ideologia e entre eles está Althursser que souber desfrutar de grande aporte teórico. Entretanto, foram selecionadas obras cujo conteúdo problematiza a questão da ideologia, tais como A Ideologia Alemã, Os Manuscritos Econômico-Filosóficos e o Manifesto do Partido Comunista. Ambas foram escritas por Karl Marx com a colaboração de Friedrich Engels. Do filósofo franco-argelino Louis Althusser foi selecionada sua conhecida obra Aparelhos Ideológicos de Estado.

Sendo assim, este estudo, buscou apresentar e analisar os pressupostos teórico-metodológicos do conceito de ideologia na perspectiva de Karl Marx e Louis Althusser.

Na primeira parte do texto cabe tecer algumas considerações referentes a questões de ideologia e ainda, enfatizar os aspectos que significa o aperfeiçoamento do conceito a partir da obra de Althusser, momento em que o filosofo Frances implica na construção da sociedade apoiada na percepção marxista. Segundo momento, a questão da ideologia foi tratada com base nas reflexões de Louis Althusser na discussão sobre os Aparelhos Ideológicos de Estado fundamental para a compreensão da ideologia com base nas condições materiais de existência.

A metodologia que procuramos desenvolver se inicia com uma revisão bibliográfica para o entendimento da dinâmica do fenômeno ser estudado e também para construir um referencial teórico baseado em Karl Marx e Louis Althusser. Esse

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levantamento foi feito através de livros, teses, dissertações, periódicos, e demais documentos que se fizerem pertinentes à temática da Ideologia em sentido stricto.

Apesar da diferença de contextos históricos é imprescindível encontrar elementos de convergência na obra dos autores à reflexão sobre a ideologia e, ainda, enfatizar os aspectos que significa o aperfeiçoamento do conceito a partir da obra de Althusser.

1. IDEOLOGIA EM MARX

Karl Marx não foi o primeiro teórico a situar uma conexão entre conhecimento e contexto social, mas sua análise foi uma das que mais influência teve no campo da Sociologia. É complexo estabelecer quando o autor consagra este modo de ver a relação entre pensamento e realidade.

No prefácio da obra A Ideologia Alemã – Feuerbach, a contraposição materialista entre os modos partículas de perceber o mundo, o materialista e idealista, a primeira assertiva a ser considerada por Marx e Engels é a seguinte:

Os homens, até hoje, sempre tiveram falsas noções sobre si mesmos, sobre o que são ou deveriam ser. Suas relações foram organizadas a partir de representações que faziam de Deus, do homem normal, etc. O produto de seu cérebro acabou por dominá- lo inteiramente (2010, p. 35).

Articular de imediato e estabelece uma límpida compreensão sobre o elemento que Marx e Engels criticam. Podemos afirmar, em maior ou menor grau, que as “falsas impressões” e ao mesmo tempo “as representações de Deus” e do “homem normal”, caracterizam por si mesmas um ponto de questionamento sobre a ideologia. Seguramente a presunção não estaria fora de questão.

Sendo assim, “as falsas impressões” corresponderiam a uma “impressão” errada ou superficial de algo, que no caso em particular, trata-se da realidade concreta. Em constante, “as representações de Deus” e do “homem normal” articulam uma máxima, conjeturar, uma verdade absoluta e inconteste, que se mantém ao longo da história.

A crítica colocada está direcionada aos neo-hegelianos, particularmente aos pensadores Bruno Bauer, Max Stirner e Ludwig Feuerbach, representantes, diz Marx e Engels, da filosofia alemã e de um socialismo ideologizado por “profetas”. Claramente, a questão da crítica envolve ao mesmo tempo um conjunto de influências em que se acha fortemente presente na Alemanha, o pensamento de Hegel.

Compreendendo e fazendo uma crítica direcionada aos “filosóficos”, que cultuam a abstração como resposta às questões da existência humana e das coisas. Para superar esta

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ideologia ou falta de uma compreensão “sensível” da existência humana e do resto das coisas, é importante,

Libertemo-los, portanto, das ficções do cérebro, das ideias, dos quais definham. Rebelemo-nos contra o domínio das ideias. Eduquemos a humanidade para substituir suas fantasias por pensamentos condizentes à essência do homem, diz alguém; para comportar-se criticamente diante delas, diz outro; para expulsá-las do cérebro, diz um terceiro – e a realidade existente desmoronará (MARX; ENGELS, 2010, p. 35).

A partir do que foi colocado, percebemos que as primeiras citações acerca do conceito de ideologia em Marx, decorrem elucidativamente por uma crítica no plano do materialismo dialético, sendo que, no seio da perspectiva do pensamento hegeliano e de seus “discípulos”, enriquece as atividades abstratas provenientes do pensamento e das ideias.

E importante que compreenda que a ideologia na perspectiva de Marx seria um “falseamento” da realidade concreta; uma “ilusão” criada da invenção do cérebro. Há um alargamento, uma “distorção” da realidade segundo aspecto defendido por Marx. Nesse sentido, tem-se que:

A ideologia é então para Marx um bricolage imaginário, puro sonho, vazio e vão, constituído pelos “resíduos diurnos” da única realidade plena e positiva, a da história concreta dos indivíduos concretos, materiais, produzindo materialmente sua existência (ALTHUSSER, 1992, p. 83).

A particularidade acentuada da ideologia nada mais é, de acordo com o exposto, suas partes que compõem um todo ilusório, opaco, sem sentido prático e concreto. Incluir que, a partir disto, um elemento central que compõe o sentido que se destina a ideologia. Sua tática está no sujeito, porém, um sujeito que é obra das ideias soltas, produto de abstrações e compreensões vazias de concretude.

Analisando a centralidade do sujeito, suas ações práticas e concretas constituídas com a sociedade, a natureza e o mundo do trabalho; avaliando também a sua existência enquanto resultado de influências externas, sentidas, com efeito, pelo mundo material ao qual pertence e interage mutuamente, este “sujeito” concreto diverge dos animais, não por sua racionalidade, mas sim, pela competência que tem de produzir ele mesmo sua própria existência.

Marx enfatiza sobre o elemento ideológico e desvenda uma noção de que as questões do pensamento não podem sobrepor às estruturas econômicas, políticas e sociais que determina a vida em sociedade. Refletir sobre isso seria uma inversão dos elementos

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que definem as relações sociais estabelecidas por meio de uma prática assentada nas condições materiais de existência.

Sendo assim, podemos apresentar uma “visão de mundo” apontada no materialismo. A história da humanidade se organiza deste modo, e segundo esta percepção, na esfera das relações e modos de produção; das estruturas e instituições; das relações de trabalho e alienação. É uma ótica para entender e articular materialismo. O adverso, ou seja, a ideologia como argumento explicar para o verdadeiro sentido da existência humana não propiciaria o entendimento correto e aceitável da realidade social.

Partir-se dessa suposição explicar a vida e suas implicações, é como deve primar por uma concepção de mundo que sustentada sobre bases reais, negando, de tal modo, os dogmatismos, as falsas impressões, as ideias abstratas, entre outros. É uma crítica à ideologia que julga, entre outras coisas, constituir padrões universais a maneira como a história deva ser construída.

Esses pressupostos são os indivíduos reais, sua ação e suas condições materiais de vida, tanto aquelas que eles já encontraram elaboradas quanto aquelas que são resultado de sua própria ação. Esses pressupostos são, pois, verificáveis empiricamente (MARX; ENGELS, 2010, p. 44).

Entre, outrossim, são o pressupostos, a base capital de qualquer busca baseado na experiência é, sem dúvida, o indivíduo em sua base real, partícipa de uma determinada classe social e sob determinadas condições históricas. Assim, podemos aprontar que não é a ideologia que reproduz ou referir-se à materialidade, ao concreto e real. Ao contrário, a ideologia é concebida; é resultado das condições materiais de existência. Portanto, “não de explicar a práxis a partir da ideia, mas de explicar as formulações ideológicas a partir da práxis material” (MARX; ENGELS, 2010, p. 65)

No conteúdo desses elementos, podemos refletir a sociedade a partir de dois conceitos importantes para a compreensão de todo o pensamento de Karl Marx: Infraestrutura (base econômica) e Superestrutura (níveis, instancias jurídicas, política, ideológica). Sendo assim, ele explica a sociedade através da estrutura social, empregando uma metáfora em relação de um edifício para explicar seu conceito: um prédio de dois andares precisa de uma base para sustentar-se, manter-se firme, esta base, para o filosofo alemã, é a infraestrutura, isto é, a base econômica da sociedade, sob a qual se constrói os andares de cima que constituem a superestrutura. Segundo Althusser, (1992, p.60), a “metáfora” (espacial do edifício) tem como objetivo primeiro representar “determinação em ultima

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instancia” pela base econômica, isto é, o que acontece, na base econômica, acaba definindo o que ocorre na superestrutura.

Para Marx, a infraestrutura trata-se das forças de produção, compostas pelo conjunto formado pela matéria-prima, pelos meios de produção e pelos próprios trabalhadores (onde se dá as relações de produção: empregados-empregados, patrões-empregados). Trata-se da base econômica da sociedade, onde se dão, segundo Marx, as relações de trabalho, estas marcadas pela exploração da força de trabalho no interior do processo de acumulação capitalista. A superestrutura é fruto de estratégias dos grupos dominantes para a consolidação e perpetuação de seu domínio. Trata-se da estrutura jurídico-política e a estrutura ideológica (Estado, Religião, Artes, meios de comunicação, entre outros.).

Para essa consolidação e perpetuação da dominação das classes dominantes estes utilizam de estratégias que demandam ora uso da força, ora da ideologia (MARX, 1993). Um exemplo de um instrumento de uso da força é o Estado, o qual possui o uso da força legitimado pela ideologia. Para Marx, o Estado está sempre à serviço da classe dominante, buscando manter o status quo.A ideologia é a tática de tornar certas ideias como verdadeiras e aceitas pela sociedade, sendo elas criada pela classe dominante de acordo com seus interesses. Como dizia Marx,

“As ideias da classe dominante são, em cada época, as ideias dominantes; isto é, a classe que é a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua força espiritual dominante. A classe que tem à sua disposição os meios de produção material dispõe também dos meios de produção espiritual, de modo que a ela estão submetidos aproximadamente ao mesmo tempo os pensamentos daqueles aos quais faltam os meios de produção espiritual. As ideias dominantes nada mais são que a expressão ideal das relações materiais dominantes, são as relações materiais dominantes apreendidas como ideias; portanto, são a expressão das relações que fazem de uma classe a classe dominante, são as ideias de sua dominação” (MARX, 1993, p. 72).

O uso da força, muitas vezes, deve ser justificado por ideias coletivamente aceitas; por esse motivo a classe dominante busca produzir e disseminar ideias que legitimem as ações do Estado em prol de seus interesses. Da mesma forma, a ideologia cumpriria o papel de justificar as relações de trabalho e a existência das desigualdades sociais, bem como da exploração do homem sobre o homem.

Para Karl Marx,

“é evidente que eles o fazem em toda a sua extensão, portanto, entre outras coisas, que eles dominam também como pensadores, como produtores de ideias, que regulam a produção e distribuição das ideias de seu tempo; e, por

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conseguinte, que suas ideias são as ideias dominantes da época” (MARX, 1993, p. 72).

Nesse sentido, a superestrutura seria responsável pela manutenção das relações sociais existentes na infraestrutura e esta possibilita a sua existência, pois toda a riqueza necessária para manter a superestrutura seria, segundo Marx, produzida na infraestrutura por meio das nas relações de produção e de troca.

Marx entende a construto da sociedade – relação e interdependência entre infra e superestrutura - como é o caso do sistema social capitalista, passando agora a refletir sobre a percepção de Alhtusser sobre os Aparelhos Ideológicos de Estado (AIEs) e Aparelhos Repressivos de Estado (AREs). Nesta perspectiva, o filosofo Frances avança na concepção marxista de sociedade, sobretudo, na ocasião que retoma e amplia o conceito de ideologia

Para ele, toda a formação social tem um modo de produção dominante que põe em movimento as forças produtivas, e isso deve ser reproduzido. Todavia, o movimento da reprodução não deve ser entendida apenas no plano econômico, pois trata-se de um processo mais amplo, que ser analisado criticamente. Essas contribuições são importantes, ainda hoje, para reflexões sobre a reprodução da sociedade.

Ou seja, a metáfora espacial (do edifício) de Marx, conforme Alhtusser visa mostrar que o que ocorre nos andares de cima, em ultima analise é determinado pela eficiência da base econômica, pois a infraestrutura afeta superestrutura, justamente “por diferentes índices de eficácias), (ALHTUSSER, 1992, p. 61). Havendo assim, uma ação de retorno que a superestrutura exerceria sobre a infraestrutura de forma continua e evolutiva.

Na filosofia marxista, Alhtusser, nos diz sobre a existe duas maneiras de refletir sobre o índice de eficiência. “1) a existência de uma “autonomia relativa” da superestrutura em relação a base; 2) a existência de uma “ação retorno” da superestrutura sobre a base.” (Alhtusser, 1992, p.61). Esses elementos ajudam ao autor a analisar e avançar no que diz respeito aos “problemas do tipo de eficácia derivada próprio da superestrutura”, Sendo assim, o autor não nega, nem refuta a metáfora espacial proposto por Marx, apesar disso, podemos perceber é que tal representação permanece puramente descritiva em relação ao funcionamento da sociedade, em termos de terminação econômica referenciado.

Althusser tem como base a clássica filosofia marxista, e se utiliza dela acima descrito e busca supera-la em termos conceituais, apontando e respondendo questões sob outra perspectiva. Entre, outrossim, o autor, fez uma descrição da teoria marxista e depois oferece uma possibilidade de compreender, com base na produção, o fundamento da

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“existência e natureza da superestrutura”. Sendo assim, o autor passa analisar o Direito, o Estado e a ideologia, tendo como ponto de partida a reprodução simultaneamente lança mão, de um lado, “da pratica e da produção” e também “da reprodução.”, (ALHTUSSER, 1992, p. 62).

Pensando na formulação do conceito de Estado, Althusser parte do legado de Marx, Engels e Lênin para compreensão desses autores que é descritiva e que apesar de conter elementos essenciais para a concepção do Estado numa sociedade de classes é necessário avançar em sua formulação. Com relação aos pontos essenciais dos clássicos a respeito do Estado, Althusser os enumera.

1. O Estado é o Aparelho (repressor) de Estado; 2. É necessário estabelecer a distinção entre o Poder de Estado e o Aparelho de Estado; 3. O objetivo da luta de classes diz respeito à posse do Poder de Estado e, por conseqüência, à utilização do Aparelho de Estado pelas classes (ou aliança de classes ou frações de classes) detentoras do poder de Estado, em função de seus objetivos de classe; 4. O proletariado deve assenhorear-se do Poder de Estado para destruir o aparelho de Estado burguês existente e, em uma primeira fase, a da ditadura do proletariado, substituí-lo por um Aparelho de Estado completamente diferente, proletário, e depois, nas fases ulteriores, instalar um processo radical, o da destruição do Estado (fim do poder de Estado e de qualquer Aparelho de Estado). (ALTHUSSER , 1999, p. 101)

Segundo Autor, os clássicos do marxismo tinham uma apreensão do Estado como uma realidade mais complexa do que a descrita por eles, citada acima, e afirma que a “prática política da luta de classes proletária” já tinha levado os clássicos do marxismo à compreensão da complexidade do Estado.

Marx pensava que o essencial estava nos aparelhos – repressivo – de Estado, conectado ao mecanismo do poder da luta de classe dominante e sobre a classe dominada em prol da mais – valia. Estabelecido a função do Estado manter as condições sócias existência é, manter a produção dessa realidade. Alhtusser nos coloca uma discussão pertinente entre o (“poder do Estado e aparelho de Estado” ), (ALHTUSSER, 1992, p. 65). Pra autor, alem do aparelho repressivo de estado, há outro aparelho o ideológico. Dito isso, podemos retornar a teoria marxista descritiva do Estado, propondo avançar nesta abordagem, acrescentando um recurso teórico e aprofundando, de tal modo que acaba dividindo e distinguindo os mecanismos do Estado em Aparelhos Ideológico de Estado.

2.APARELHOS IDEOLÓGICO DO ESTADO

O filósofo francês marxista, Louis Althusser, baseou-se no trabalho do Karl Marx para entender a função da ideologia na sociedade, ele afastou-se das antigas formas

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de compreensão marxista da Ideologia no intuito de obter uma nova compreensão para o seu tempo. Em seu livro Aparelhos Ideológicos do Estado o autor trata de sua relação com os Aparelhos Repressivos do Estado – para logo em seguida, discutir a questão da ideologia.

Em primeiro lugar, é importante salientar a noção de ideologia para Althusser. Em linhas gerais, pode-se afirmar que ideologia consiste em “... um sistema de ideias, de representações que domina o espírito de um homem ou de um grupo social” (ALTHUSSER, 1992, p. 81). Os elementos ideológicos comportam um “sistema” de ideias e representações que são impostos sobre o espectro da “consciência” do homem, e, sobretudo da sociedade.

A partir dessas afirmações o autor se propõe a esboçar uma teoria correspondente a esse conhecimento acumulado pela experiência das lutas de classes e já reconhecido pelos clássicos, mas não teorizada. Em sua proposta de formulação teórica, Althusser inicia apresentando a tese;

(...) “é indispensável levar em consideração não só a distinção entre Poder de Estado (e seus detentores) e Aparelhos de Estado, mas também uma outra “realidade” que se encontra, manifestamente, do lado do Aparelho repressor de Estado, mas não se confunde com ele; corremos o risco teórico de designá-la por Aparelhos ideológicos de Estado. O ponto preciso de intervenção teórica diz respeito, portanto, a esses Aparelhos ideológicos de Estado na sua diferença em relação ao Aparelho de Estado, no sentido de Aparelho repressor de Estado” (ALTHUSSER , 1999, p. 102)

Então, a partir dessa tese, o autor passa a designar Aparelho repressor de Estado, o que os clássicos designavam por Aparelho de Estado, e Aparelhos ideológicos de Estado esta realidade da superestrutura, que faz parte do Estado, e que se distingüe do aparato repressor. É sobre a “nova” realidade, AIE, que ele se debruça para formular sua contribuição no desenvolvimento da teoria marxista do Estado.

De acordo com essa concepção, o autor propõe examinar os Aparelhos ideológicos de Estado, é lista vários aparelhos (aparelho escolar, familiar, religioso, político, sindical, da informação, da edição-difusão e o cultural) e faz três observações a respeito desses aparelhos.

Primeira observação. Pode-se notar, empiricamente, que a cada AIE corresponde o que se chama de “instituições” ou “organizações”... Segunda observação. Para cada AIE, as diferentes instituições e organizações que o constituem formam um sistema. Terceira observação. Constatamos que as instituições existentes em cada AIE, seu sistema e, portanto, cada AIE, embora definido como ideológico, não é redutível à existência de “idéias” sem suporte real e material. Com isso, não quero dizer somente que a ideologia de cada AIE é realizada em instituições e práticas materiais, isso é evidente. Quero dizer outra coisa: que essas práticas

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materiais estão “ancoradas” em realidades não-ideológicas. (ALTHUSSER , 1999, p. 103)

É importante assinalar a diferença singular entre o aparelho ideológico de Estado e o aparelho repressivo de Estado. O elemento que distingue se dá a partir de uma categoria: “a violência”. Podemos dizer que os aparelhos ideológicos usam da ideologia, os aparelhos repressivos utilizam da violência, física ou não. Entretanto, o aparelho ideológico não se reproduz ou se mantém sem o exercício prático do aparelho repressivo. O oposto é verdadeiro. O aparelho repressivo não se desempenha sem o aparelho ideológico. Contudo, podemos elencar esses dois elementos: aparelhos ideológicos e repressivos de Estado, dão forma e conteúdo aos “aparelhos de Estado”, logo à noção de Estado em Louis Althusser.

Althusser define o que são os Aparelhos ideológicos de Estado.

Um Aparelho ideológico de Estado é um sistema de instituições, organizações e práticas correspondentes, definidas. Nas instituições, organizações e práticas desse sistema é realizada toda a Ideologia de Estado ou uma parte dessa ideologia (em geral, uma combinação típica de certos elementos). A ideologia realizada em um AIE garante sua unidade de sistema “ancorada” em funções materiais, próprias de cada AIE, que não são redutíveis a essa ideologia, mas lhe servem de “suporte” (ALTHUSSER , 1999, p. 104)

Notemos que, na teoria marxista, o aparelho de Estado (AE) compreende: o governo, a administração, o exército, a polícia, os tribunais, as prisões, entre outros, que compõem o que chamaremos a partir de agora de aparelho repressivo de Estado. Repressivo quer dizer que o aparelho de Estado em questão funciona através da violência - ao menos em situações limites (pois a repressão administrativa, por exemplo pode revestir-se de formas não físicas) (ALTHUSSER, 1992, p. 67-68).

As ressalvas e a definição, acima referidas, dos Aparelhos ideológicos de Estado não aparecem na publicação do texto do início da década de 70. Também há que se notar que as observações e a própria definição, no texto “Sobre a Reprodução”, referem-se aos Aparelhos ideológicos de Estado como um sistema formado por instituições e organizações. Importante salientar a formulação dos AIE como um sistema, em que cada instituição ou organização é uma peça do sistema, uma peça do aparelho ideológico e não o próprio aparelho.

O último argumento, em defesa de seu conceito de Aparelho ideológico de Estado, Althusser reafirma que o argumento “juridicista” diz consideração a instituições e de que uma instituição não é um Aparelho ideológico de Estado.

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O que faz um Aparelho ideológico de Estado, é um sistema complexo que compreende e combina várias instituições e organizações, e respectivas práticas. Que sejam todas públicas ou todas privadas, ou que umas sejam públicas e outras privadas, trata-se de um detalhe subordinado, já que o que nos interessa é o sistema que constituem. Ora, esse sistema, sua existência e sua natureza não devem nada ao Direito, mas a uma realidade completamente diferente que designamos por Ideologia de Estado. (ALTHUSSER , 1999, p. 108)

Para poder compreender os Aparelhos ideológicos de Estado, nosso autor indica a necessidade de se admitir “o seguinte fato paradoxal: não são as instituições que ‘produzem’ as ideologias correspondentes; pelo contrário, são determinados elementos de uma ideologia (a ideologia de Estado) que ‘se realizam’ ou ‘existem’ em instituições correspondentes, e suas práticas” (ALTHUSSER , 1999, p. 109).

Assim, podemos compreender que não é o elemento ideológico que define ou determina a “base”, ou seja, o concreto, a realidade, as condições materiais. Ao contrário, a ideologia é pela base (condições materiais) determinada.

Esses explicações com relação aos Aparelhos ideológicos de Estado, vão levar Althusser a reafirmar, mais uma vez, a tese de que “os Aparelhos ideológicos de Estado são a realização, a existência de formações ideológicas que os dominam.” ALTHUSSER, 1999, p. 112).

Assim sendo, o que está reafirmando é que as classes dominantes, ou frações de classe, no Poder de Estado, executam sua política de classe por meio dos Aparelhos repressores e ideológicos, mas isso não se realiza sem contradições “e que, em particular, as subformações ideológicas, ‘produzidas’ no interior dos Aparelhos por sua própria prática, façam, por vezes, ‘ranger as engrenagens’” ALTHUSSER, 1999, p. 114).. Nesse trecho de seu texto, Althusser, abre uma nota de rodapé chamando a atenção para “nos lembrarmos da influência exercida aí pelos efeitos da luta de classes para ‘produzir’ essas subformações ideológicas” (ALTHUSSER, 1999, p. 114).

A existência das subformações ideológicas, no interior dos AIE, a multiplicidade desses e a ausência de um comando centralizado, pode levar à falsa ideia de fragilidade dos aparelhos. Com relação à luta de classes e o Estado, Althusser aponta a luta de classes política pela posse do poder de Estado, que essa posse é sempre a posse do poder de Estado por uma classe social que dá o poder sobre os Aparelhos de Estado, sendo que estes compreendem dois tipos de Aparelhos: o Aparelho repressor de Estado, que se constitui em um corpo único e centralizado e os Aparelhos ideológicos de Estado, que são constituídos de múltiplos aparelhos.

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Althusser reafirma a unidade geral do sistema de conjunto dos Aparelhos de Estado e seu papel em garantir as condições de exploração, através do Aparelho Repressor de Estado, e a reprodução das relações de produção dessa exploração pelos AIE, “Portanto, tudo repousa sobre a infra-estrutura das relações de produção, isto é, das relações de exploração de classe. A base, a infra-estrutura do Estado de classe, é efetivamente, como dizia Lenin, a exploração”. (ALTHUSSER, 1999, p. 119).

Para compreendermos, ao nosso juizo, o papel de instituições e organização que se contrapõe a ideologia dominante na sociedade, da classe dominante, no interior dos Aparelhos Ideológicos de Estado podemos refletir sobre as referências que Althusser faz às organizações proletárias, ao Partido e ao sindicato na França, que são peças do sistema político e sindical, ou seja, são peças dos Aparelhos ideológicos de Estado. Ao se referir a existência de organizações proletárias, nos respectivos AIE burguês, essa presença,

(...) “não compromete radicalmente a natureza do sistema. A ideologia proletária não “ganhou” o sistema do AIE político ou sindical: pelo contrário, é sempre a Ideologia do Estado burguês que domina aí. É evidente que, em certas circunstâncias, tal situação irá criar “dificuldades” para o “funcionamento” dos AIE político e sindical burgueses. Mas, a burguesia dispõe de toda uma série de técnicas já comprovadas para enfrentar tal perigo.” (ALTHUSSER, 1999, p. 122).

Ainda sobre a presença do Partido e do sindicato dos trabalhadores, no interior dos AIE, esse travam a luta de classes nas formas legais, e a prática da luta de classes corre o risco de se pensar a luta de classes nos limites do interior dos AIE, nos limites e nas formas legais. Segundo Althusser, esse equívoco leva as organizações proletárias ao colaboracionismo de classe.

(...) “A luta de classes que impôs a presença do Partido e do sindicato proletários nos AIE correspondentes supera infinitamente a luta de classe muito limitada que eles venham a travar nesses AIE. Nascidas de uma luta de classe exterior aos AIE, amparadas por ela, encarregadas de ajudá-la e ampará-la por todos os meios legais as organizações proletárias que figuram nos citados AIE trairiam sua missão se reduzissem a luta de classe exterior, que se limita a se refletir sob formas muito limitadas na luta de classe travada nos AIE, a essa luta de classe interior aos AIE.” (ALTHUSSER, 1999, p. 122).

Nesse sentido é indicado pelo autor a possibilidade de existência de organizações e de instituições de ideologias antagônicas à Ideologia do Estado, no interior dos AIE. As organizações e instituições, de ideologias subordinadas à do Estado, são impostas pela luta de classes, do exterior para o interior dos AIE. Althusser mesmo admitindo a possibilidade dessas instituições aponta para os seus limites e para a própria razão de existirem como elementos que possam contribuir na luta de classes que se trava no exterior dos AIE.

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(...) ”Nos aparelhos ideológicos de Estado político e sindical, trata-se da luta de classes. Mas, cuidado: não se trata nem de toda a luta de classes, nem tampouco do terreno em que está enraizada a luta de classes. Trata-se de um campo em que a luta de classes reveste suas formas legais, cuja conquista tem a ver com uma história da luta de classes forçosamente exterior a essas formas legais. Uma vez que estas são conquistadas, a luta de classes exerce-se aí, nos limites mais ou menos reduzidos dessas formas, de qualquer modo, em seus limites rigorosamente definidos, ao mesmo tempo que se desenrola de maneira maciça fora dessas formas” ALTHUSSER, 1999, p. 123).

Essas referências à luta de classes que se trava no interior do AIE político podem ser referências para compreensão dos vários AIE e a luta de classes, no interior das instituições e organizações, que as compõem.

Apesar das lacunas que um trabalho de natureza precedente possa conter, certo é que a leitura da obra de Marx e de Althusser permite profundas conexões, como o conceito de ideologia. Implica concordar que Althusser encontra, em Marx, os fundamentos para sua reflexão acerca da ideologia, de tal maneira que os Aparelhos Ideológicos de Estado permitem, cada qual a seu modo, um papel fundamental na intervenção entre o modo como se organizam as forças produtivas e os fundamentos das relações sociais de produção. Contudo, os Aparelhos Ideológicos de Estado são imprescindíveis na manutenção e reprodução da sociedade burguesa, seus valores e suas formas de dominação e opressão do trabalhador.

É importante levar em conta a dinâmica das instituições, do Estado, das relações de produção e de trabalho, da alienação e da luta de classes. As dinâmicas que redefinem a vida em sociedade firmemente, inclusive no processo de construção da cultura, só podem ser percebidas de quando se toma como peça de julgamento as condições concretas sobre as quais os homens erguem, enquanto classe, sua existência. Na perspectiva dessa compreensão, o conceito de ideologia, exposto no ponto de vista de dois pensadores de grande envergadura, é um caminho do qual não se pode legitimar aquilo que se esforça no exercício de apreensão da sociedade contemporânea, seus valores, suas clivagens de poder, formas de domínio e de resistência.

CONCLUSÃO

Podemos concluir, conforme assegurado nas linhas inicias, que o conceito de ideologia trata-se de um conceito extremamente complexo, impossibilitado de ser esgotado em um artigo. Diante dessa complexidade, abrir mão de seu tratamento, impede que se tenha a necessária compreensão dos fenômenos sociais do mundo contemporâneo. No inicio do século XXI, de crescimento acelerado das tensões políticas, sociais e econômicas,

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a ideologia se torna um ampliador constantemente ativado para a demarcação das relações de poder e de acomodação do pensamento hegemônico. Assim podemos dizer que, no artigo em questão, fez-se necessária a recuperação dos escritos de Marx e de Althusser acerca da ideologia, na clara intenção de se problematizá-la à luz do materialismo histórico dialético.

Elencamos, em primeira instância, das reflexões de Karl Marx sobre a ideologia, deixando claro que este procurou destacar o elemento ideológico como falsa impressão do real. O que importa para Marx é a realidade concreta das condições reais de existência. Nada pode ser ditado por aparatos ideológicos ou de mesma categoria. Sendo assim, podemos dizer em outras palavras, que a ideologia não existe em si mesma e nem fora de si. Ela é um “produto do cérebro”. Sobretudo, é o material que determina as ações humanas. É pelo trabalho que o homem realiza e consegue estabelecer sua existência.

Entretanto, Althusser, adotando como fundamental as contribuições de Marx, avança no conceito, compreendendo a ideologia a partir de uma materialidade encarnada nas condições gerais de produção e na centralidade ocupada pelo Estado. Podemos enunciar que Marx não trata a ideologia em seu sentido mais vasto, reunida à relação entre as forças produtivas – bases materiais da sociedade - e suas relações sociais de produção, Althusser a analisa somente como resultado das condições materiais de existência. Talvez resida aí o único ponto em que a ideologia não contenha a mesma significado entre ambos os pensadores. Contudo, para estima de uma possível leitura que pretensiosamente queira colocá-los em posições antagônicas, Althusser seguramente não teria condições de explorar com tamanha importância o conceito de ideologia sem que tivesse legitimado suas reflexões na obra de Marx. Com resultado, a compreensão do Estado em Althusser deve seus fundamentos à obra de Marx.

Podemos concluir que para Althusser o Estado é um “aparelho de Estado”. Isto nos diz que a ideologia ocupa lugar como um aparelho de Estado: um aparelho ideológico de Estado. Althusser assegura que a ideologia é determinada por uma base (infraestrutura) que exerce a função de reproduzir na sociedade a ideologia dominante. Por isso que, a ideologia dominante não estaria no poder de Estado se não fosse o aparelho repressivo de Estado. Em resumo, é correto afirmar que as contribuições de Marx e de Althusser acerca da ideologia se complementam em grande medida, esforço a que se propôs demonstrar o artigo, o que, acredita, tenha sido adquirido com relativa eficiência.

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REFERÊNCIAS

ALTHUSSER, L. Aparelhos Ideológicos de Estado. Rio de Janeiro : Edições Graal , 1992.

ALTHUSSER, L. Sobre a reprodução. Petrópolis: Editora Vozes, 1999. MARX, K. A ideologia Alemã. São Paulo : Hucitec, 1993.

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