PE
427
DIANA
OLIVEIRA TEIXEIRA
DOENÇA
DE
CROHN
NA
CRIANÇA.
REVISÃO
DA
LITERATURA
E
APRESENTAÇÃO
DE
CASOS
Trabalho apresentado à Universidade
Federal de Santa Catarina, para a
Conclusão no Curso de Graduação
em
Medicina.FLORIANÓPOLIS
DIANA
OLIVEIRA
TEIXEIRA
DOENÇA
DE
CROHN
NA
CRIANÇA.
REVISÃO
DA
LITERATURA
E
APRESENTAÇÃO
DE
CASOS
Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, para a
Conclusão no Curso de Graduação
em
Medicina.Presidente do Colegiado do Curso: Dr. Edson Cardoso
Orientador: Dr. Luiz Alberto Gastaldi
FLORIANÓPOLIS
Trabalho de conclusão no Curso de Graduação em Medicina - Universidade
Federal de Santa Catarina.
AGRADECIMENTOS
Em
especial aosmeus
pais e àminha
irmã, pelacompreensão
e apoio frentea todas as dificuldades e alegrias destes anos de curso.
Ao
Dr. Luiz Alberto Gastaldi, pela disponibilidade e atenção dispensadas.À
Daniela Alves pela amizade.A
todos que deuma
forma
diretaou
indireta contribuiram para a realização1.
INTRODUÇÃO
... _. 2.OBJETIVO
... ._ 3.MÉTODO
... .. 4.REVISÃO
DA
LITERATURA
... .. 5.DISCUSSÃO
... .. ó.REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
NORMAS
ADOTADAS
RESUMO
SUMMARY
ANEXO
1.
INTRODUÇÃO
A
Doença
deCrohn
descobertahá 56
anosl fora caracterizada pela presença deum
processo inflamatórioque
acometia adultos jovensna
regiãodo
íleo terminal, sendo por este
motivo
denominada
IleíteT
ermínal _ Posteriormentepercebeu-se que poderia acometer outras regiões
do
tubo gastrointestinal, delgadoou
cólons,ou
atémesmo
ter apresentação extra-intestinal tendo característica crônica, recorrente ecom
grande tendência a complicações. Crohnz associou adoença
afonnação
de granulomas3 _Retocolite Ulcerativa lnespecífica
(RCUI)
e aDoença
deCrolm (DC)
são asDoenças
Inflamatórias lntestinais (DII).A
incidênciana
faixa etária pediátrica é de 3,5 pacientes por 100.000 habitantes3.Sua
manifestaçãocostuma
ter início(20-25%)
em
pacientes adolescentesou
adultos jovens (10-19 anos),com
idademédia
de 13 anos e igual incidência paraambos
os sexos4 _Acomete
mais
crianças
da
raça branca, parecendo sermais
comum
em
judeus eem
populações de áreasmais
desenvolvidass_A
etiologia é ainda desconhecida, concordânciaem
gêmeos
monozigóticos, manifestação mais precoce emais
agressiva nos familiares de primeiro grau de pacientes sabidamente diagnosticadoscom
aDoença
deCrohn
doque
na
população
em
geralvêm
sugerindo a forte influência deum
padrão genético”.A
presença de marcadores
como
auto anticorpos para células caliciformesou
anticorpo citoplasmático anti-neutrófilo
(ANCA),
conduzem
aomesmo
~
A
hipóteseda
influência de fatores ambientais e comportamentaisnao
estádescartada por
não
havercomprovação da
presença de diferenças clínicas significativas entre os casos esporádicosna
população e o dos familiares de pacientescom
DC
H” 12' 13.Tem-se
atribuído importância ao aspecto emocional,como
responsávelno
desencadeamento
ou
agravamentodo
processo inflamatório,uma
vezque
oestresse altera os níveis
honnonais
sistêmicos e a resposta imunológica3.A
patogênese mais aceita é queum
estímulo antigênico, (endotoxinasbacterianas, diversos outros microorganismos, antígenos
da
dieta), atuando sobrea
mucosa
intestinal acionaria o sistema imune.No
pacientenão
pré-disposto a agressão seria controladasem
que houvesse danos teciduais.No
hospedeirosusceptível ,(aquele
com
pré-disposição genética, epitélio enfraquecido,danos
prévios
da
mucosa), a agressãonão
é controlada,havendo
entãouma
maior
estimulação
da
cascata inflamatória, (maior liberação de citocinas, eicosanoides e metabólitos reativosdo
oxigênio), a qualconduz
aodano
tecidual representados pela ileíte, colite, fistulas e fibroses.Os
eventosimunes
em
sua grande parte são secundários ao processo inflamatório, a ativaçãodo complemento
(C3)guarda
relaçãocom
a atividadeda
doença, sendoque
a normalização dos valores estápresente nas fases de remissão
da mesmas.
Clinicamente diarréia crônica, tumorações abdominais, febre,
emagrecirnento, dificuldade para crescer, anorexia
podem
conduzir ao diagnóstico deDC
em
sua apresentação típica, porém, manifestações extra-intestinais, (uveíte, eritema nodoso, artrite, colangite, litíase, anemia),
não
sãoincomuns
nos pacientes pediátricos.Três casos de
DC
pediátrica são apresentados neste trabalho, enfatizando a conduta neles realizada (diagnóstico e manejo).2.
OBJETIVOS
Este trabalho
tem
como
objetivo:CASO
1C.A.C., 13 anos, masculino, branco, peso corporal 34.000g, estatura
154cm,
natural e procedente de Caçador, foiencaminhado no
dia 30/07/98 ao Serviço deGastroenterologia Pediátrica devido à história de
há
6meses
vir apresentandoaftas
em
cavidade oral e diarréia semi-líquida altemandocom
semi-pastosa,fétida, 6 eliminações diárias,
com
presença de sangue.Há
4meses
referiu piorado
quadro diarrêico, impossibilitando as atividades escolares.Negava
febre,vômitos. Referia perda de peso.
Nesta
ocasião Coprológico Funcional (CF)apresentava leucócitos +l¬L/4, hemácias 4-1-1+/4,
muco
4-I-1+/4.Em
14/05/98Colonoscopia evidenciava intensa
inflamação da mucosa,
friável ao toquedo
aparelho, ao nível
do
cólon descendente, sigmóide e reto.Não
foi realizada aprogressão
do
aparelho até o íleo tenninal devido ao grande risco de perfuraçãointestinal. Conclusão:
Doença
lnflamatória Intestinal (DII)como
RetocoliteUlcerativa Inespecífica.
Em
25/05/98 a biópsia intestinal revelou colite severaextremamente
ulcerada, o aspecto inespecífico sugeria considerar DII tipoCrohn
em
franca atividadeou
colite associada a antibiótico.Não
foram
encontradasevidências de etiologia viral
ou
protozoária.Em
02/06/98 seusexames
demonstravam Mucoproteína
12,6, Anti-estrepto lisinaO
(ASLO)
400, Látex -,Hemograma: Ht 34%,
Hb
l0,9g/dl, leucócitos 10.400(16%
bastões,47%
segmentados), Alfa-1 Anti-tripsina 6,5, Velocidade de
Hemossedimentação
8
Procurou inúmeros médicos, sendo tratado
com
antibióticosna
maioria dasvezes.
O
último tratamento incluíaMETICORTEM®, AZULFIN®
eBENZETACIL®
(história de Febre Reumática).No
dia 30/07/98, foiencaminhado
deCaçador
para tratamento do quadro dediarréia crônica severa e
do
déficit pondo-estatural, relatandoemagrecimento
de l2.000g desde o início dos sintomas, apresentando-se aoexame
fisicoem
regular estado geral(REG),
desidratado +/4, hipocorado +/4, emagrecido,sem
dor à palpação abdominal,sem
visceromegalias palpáveis.A
condutana
ocasião foi aprescrição de Prednisona l,75mg/kg/dia, Sulfasalazina 88mg/kg/dia,
Ácido
Fólico
5mg/dia
em
dias altemados, plano nutricionalcom
dieta hiperprotêica e hipercalóricasem
resíduos associada à suplementação oral.Em
01/08/98 apresentou peso de 30.500g, febre de 38°, evacuaçãocom
sangue e os seguintes exames:VHS
75rmn,Albumina
2,2,CF com
pesquisa deleveduras H-I-+, leucócitos +'f, Pesquisa de
Sangue
Oculto(PSO)
4+!-t,Hemograma:
HT
31%,
Hb
9,9g/dl, leucócitos 4.400, plaquetas 276.000.Na
data de 03/08/98retomou
o peso de 34.000g, apresentava-se assintomático parao
trato gastrointestinal.
A
pesquisa parao
Clostridium difficile foi negativa.Trânsito de delgado
demonstrando
alteraçãoem
íleo terminal e ceco, relacionadacom
aDoença
de Crohn.Em
05/08/98 realizou avaliação imunológicacom
IgA
4l6,3mg/dl,IgG
2034mg/dl,IgM
l22,2mg/dl,Anti-HIV
1 e 2não
reagentes.No
dia l3/08/98 oVHS
era de55mm,
Hemograma com
Ht 35%,
Hb
1l,lg/dl, leucócitos 6.800, plaquetas 493.000.A
revisãoda
lâmina (biópsia anterior)demonstrava processo inflamatório crônico e agudo,
com
laudo inconclusivo devido escassezdo
material para análise.Nova
Colonoscopia foi realizadaem
20/08/98demonstrando
aspecto granuloso, hiperemiado ecom
úlceras aflóides extensasem
região de íleo,úlceras aftóides extensas e confluentes, pseudopólipos e áreas
com
aspecto de calçamento de pedrasem
todo o cólon, aspectos compatíveiscom
Doença
deCrohn
do
íleo tenninal, ceco e sigmóide.No
mesmo
dia recebeu alta hospitalar, utilizando Prednisona, Sulfasalazina eÁcido
Fólico.Em
retomo no
dia 10/09/98,pesando
45.000g, apresentava fásciesCushingóide, acnes e alopécia (Figura 1). Estava
em
uso de60mg
de corticóide por dia. Foi iniciada retiradado
corticóideno
seguinte esquema:30mg
pelamanhã
e20mg
pela noite por 7 dias,20mg
pelamanhã
e20mg
pela noite por 7dias,
20mg
pelamanhã
el5mg
pela noite por 7 dias,20mg
pelamanhã
e10mg
ànoite por 7 dias,
20mg
pelamanhã
e5mg
pela noite por 7 dias,20mg
por dia por 7 dias.Mantendo
as doses de Sulfasalazina edo
ácido Fólico.No
retomo do
dia 16/10/98, pesava49.500g
emedia 151cm,
aindacom
fáscies Cushingóide, estrias
em
quadril bilateralmente (Fig. 2).Hemograma: Ht
43%,
Hb
14g/dl, leucócitos 7.000,VHS
22mm,
Albumina
3,9,Transaminase
Glutâmico-Oxalacético
(TGO)
22, Transaminase Glutâmico-Pirúvico(TGP)
17.A
conduta foi amanutenção
deMETICORTEM®
20mg
por dia durante2
semanas, reduzindo-se a dose para
20mg
por diaem
dias alternados. Orientado10
CASO
2
M.
F., 9 anos, feminino, branca, peso corporal de22.500g
, estatural27cm,
natural e procedente de Florianópolis, foi
encaminhada
ao Serviço de Gastroenterologia Pediátricaem
10/03/97 devido à história dehá
8meses
estarapresentando dor
abdominal
recorrenteem
hipogástrio, distensão abdominal,melhora
com
a evacuação (fezessem
fonna,com muco
e recentementecom
sangue vivo), assaduras e fissurasem
região perianal, importante perda de peso (i 10 Kg), dor articularem
ambos
os tomozelos, febre recorrente (37,5 -38,5 °C). História familiar tio paterno
com
DC.
Ao
exame
fisico, diminuiçãodo
tecido celular sub-cutâneo
(TCSC)
4+/4, hipotonia muscularH/4,
palidezcutânea.
Abdome
plano, doloroso à palpação profundaem
flanco
esquerdo.Ânus
com
discreta hiperemia. Durante este período procurou vários médicos,o
últimoreceitou Ceftriaxona e Prednisona por 5 dias.
Na
ocasiãoda
primeira consultatrazia os seguintes exames:
Hemograma com
Hb
11,9g/dl,Ht 39%,
leucócitos10.900, plaquetas 707.000.
VHS
79mm,
Alfa-1 glicoproteina ácida237,3%,
Amilase
37, Helicobacter pylori 0,38, Coprológico funcional +1-1+/4 leucócitos.Ultra-sonografia
(USG)
deabdome
normal, Seriografia esofagogastroduodenal(SEGD)
com
Refluxo
gastroesofagiano(RGE)
importante (usando Cirnetidina,Cisaprida e Anti-ácido).
O
Trânsito deDelgado (TD)
demonstrou: duodeno,jejuno, 1/3 proximal e
médio
do
íleo nonnais. Íleo terminalcom
calibreligeiramente diminuído sugerindo perda
da
elasticidade,não
houve
distensãodo
ceco (Fig. 3). Foi indicada Colonoscopia (Fig. 4, 5 e 6) que revelou retocom
úlceras serpiginosas cobertas
com
fibrina, sigrnóide preservado, descendente etransverso
com
ulcerações múltiplas.Do
ângulo hepáticoem
diante, presença de pseudopólipos, estreitamento e emijecimento. Válvula íleo-cecalnão
foiA
conduta terapêutica baseou-sena
orientação de dieta rigorosasem
irritantes
(AL
110, carne branca, arroz,sem
gorduras,sem
doces). Foi prescritoROCEFIN®
por 5 dias,ZENTEL®
10ml
por 3 dias,METICORTEM®
20mg
2x/dia,
FLAGYL®
se necessário.Em
07/04/97 encontrava-seem bom
estado geral(BEG),
afebril,sem
doresarticulares e
com
considerávelaumento do
peso corporalem
3.500g.Os
exames
laboratoriais
demonstravam
reduçãodo
VHS
para55mm.
A
conduta foi a observaçãodo
quadro e solicitação denovo
VHS
para posteriorremanejamento
da
dose de corticóide.No
dia 25/04/97:Hemograrna
com
HT
33%,
Hb
l0,6g/dl, leucócitos 13.900, plaquetas 563.000.VHS
20mm,
Pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSO), Alfa-1 Anti-tripsina fecal <3.A
dosedo
corticóide foi reduzida para30mg/dia
porum
mês.Um
mês
após (28/05/97),em
BEG,
assintomática para o trato gastrointestinal epesando
34.300g (ganho de 8.000g), introduziu-seuma
dietacom
leite devaca
comum
e a dosedo
corticóide foimodificada
paral5mg
pelamanhã
el0mg
ànoite, que deveria ser utilizada
em
dias altemados.Em
24/07/97sem
queixas gastrointestinais epesando
38.500g (ganho de 4.200g), teve a dosedo
corticóide reduzida para20mg
lx/diaem
dias alternados duranteuma
semana, passando então paral5mg
lx/diaem
dias altemados pormais
7 dias sendo orientada para retomar as atividades de educação fisica emanter
um
controle de peso semanal.Reavaliada
em
07/08/97,mantendo
boa
remissãodo
quadro, teve a dose deMETICORTEM®
reduzida paral5mg
lx/dia de2
em
2 dias.O
VHS
da
ocasiãofoi de
25mm,
Alfa-1 Anti-tiipsina fecal normal, Coprológico funcional12
Em
01/12/97, jásem
corticoterapia, reinicioucom
dores abdominais fracas e episódios discretos de diarréia.O
pesona
consulta era de37.000g
(emagrecimento de 1.500g) , estatura de
l32cm
(crescimento de 5cm),VHS
de20mm,
Coprológico Funcional,Exame
Parcial deUrina
QPU),
Exame
Parasitológico de Fezes (EPF), Alfa-1 Anti-tripsina fecal,
Hemograma
normais.A
conduta foi retomar a corticoterapiana
dose del5mg
lx/dia de 2em
2 dias sehouvesse necessidade.
No
dia 13/01/98, as dores abdominais ainda persistiam, (eram aliviadascom
a eliminação de gases e vômitos e
pioravam
com
a alimentação). Apresentavaanorexia, fezes amolecidas
com
presença demuco,
peso 33.700g (perda de 3.300g) e estatura de133cm.
VHS
de31mm, Exame
Coprológico Funcionalcom
PSO
+, Giardia lamblia 4-1+ e demais laboratoriais,(EPU,EPF,
Alfa-1 Anti-tripsina fecal), nomiais.
Hemograma com
HT
41%,
Hb
13,2g/dl, leucócitos 12.200, plaquetas 562.000. Suspeitou-se deDC
recidivada.A
condutano
momento
foi a prescrição dePARASIN®
(5 vidros).O
coiticóide foi prescrito se necessário. Foi então solicitadanova
Endoscopia
DigestivaBaixa
caso apresentasse piora significativada
sintomatologia eretomo
em
ambulatório regularmente.CASO
3
P.R.F., 12 anos, masculino, branco, peso corporal 33.000g, estatura l50,5cm,
natural e procedente de
São
José, foiencaminhado
ao GastroenterologistaPediátrico
em
02/04/97com
história dehá
3 anos dor epigástrica de inícioespontâneo, tipo cólica, duração
média
de 10 minutos, associadacom
palidez,sudorese e náuseas.
Há
4meses
apresentou episódio de dor intensa intermitentecom
duração de três dias, sendo acordado à noite devido a dor e náuseas contínuas desencadeadas pela alimentação.Nesta
ocasião procurou várias vezes o Serviço deEmergência
Médica. Queixava-setambém
de diarréia altemadacom
episódios de constipação, anorexia, fissuras anais, doresem
regiãolombar
eem
regiãodo
tomozelo esquerdo.Ao
exame
fisico apresentava-seemagrecido
(Fig. 7), pálido, palpação epigástrica indolor, dor a palpação de fossa iíaca
direita e
flanco
esquerdo. Procurou inúmeros médicos, diagnosticadocom
venninose, tratado,
sem
melhora do
quadro.Devido
à artralgia (Fig. 8 e 9) teve diagnóstico de Febre Reumática, fez tratamentocom
BENZETACIL®,
realizouEcocardiograma
(resultado normal).Os
exames na
primeira consultademonstravam
Hemograma: Ht 31%,
Hb
10,3g/dl, leucócitos 5.600, plaquetas 545.000. Parasitológico de fezes nonnal,Amilase
44,TGP
4,TGO
16, Ferrosérico 56, Reticulócitos
1%,
VHS
26m1n, Alfa-1 Anti-tripsina fecal 14.USG
abdominal normal,
SEGD
demonstrando
RGE
com
clearance,Endoscopia
Digestiva Alta
(EDA)
com
esôfago,estômago
eduodeno
normais.Estudo
anatomopatológico revelando gastrite leve. Trânsito de
Delgado
em
08/04/98 demonstrava estreitamentodo
íleo tenninal (Fig. 10).A
condutano
momento
foia
manutenção do
DIGESAN®
eNOR[PURUM®,
solicitação de colonoscopia, devido à suspeita deacometimento do
sigmóide e íleo terminal.14
Em
consultano
dia 19/05/97,pesando
32.500g, ainda apresentandosintomatologia, trouxe resultado
da
colonoscopia que evidenciouinflamação
muito intensa junto à válvula íleo-cecal que
não
pennitiu apassagem do
colonoscópio (Fig. 11 e 12), o
exame
anatomopatológicoconfinnou
quadro
histológico de
Doença
de Crolm. Iniciou-secom
METICORTEM®
na
dose delmg/Kg/dia
eTEREGRAN®
5ml
2x/dia.Em
09/06/97, assintomático para o trato gastrointestinal (Fig. 12),apresentava peso corporal de 37.000g
(aumento
de 4.000g). Seusexames
demostravam
Alfa-1 Anti-tripsina fecal de 3,VHS
de 14, Coprocultura,EPF
nonnais.
Hemograma:
HT
33%,
Hb
10,8g/dl, leucócitos 12.900, plaquetas 689.000. Estudo radiológico de idade óssea compatívelcom
10 anos de idade. Iniciou-se a retirada gradualdo
corticóideno
seguinteesquema:
METICORTEM®
20mg
2x/dia por20
dias, após as doses seriam reduzidas para20mg
pelamanhã
el5mg
à noite por 1 semana, reduzindo para20mg
pelamanhã
e10mg
à noite pormais
uma
semana
e20mg
pelamanhã
eSmg
à noitena
semana
seguinte,retomando
após o término desteesquema
para reavaliação.Em
30/06/97 as dosesdo
corticóideforam
reduzidas para20mg/dia
poruma
semana
e20mg
a cada 2 diasna
semana
seguinte.Na
reconsultado
dia 14/07/97,sem
queixas alimentares, apresentava peso de 37.500g e estatura de151cm.
Seusexames tinham
os seguintes valores:Hemograma: Ht 35%,
Hb
1l,4g/dl, leucócitos 8.900. Alfa-1 Anti-tripsina,Coprológico funcional normais e
VHS
de10mm.
O
1\/1ETICORTEM®
teve sua dose mantida durante 2 meses. Foi prescritoCLUSIVOL®
Sm]
2x/dia.Em
08/09/97 apresentandoBEG
e peso de 38.000g, estatura de153cm
teve a conduta mantida.Em
consultano
dia 21/11/97, referia dispepsia, náuseas, dor epigástrica,anorexia (plenitude precoce), fezes inalteradas,
edema
e dorem
tomozelo
esquerdo.
O
peso era de 35.400g (emagrecimento de 2.600g), a estatura del54cm.
Hemograma com
Ht
de33%,
VHS
de25mm,
Coprológico Funcional,EPF,
EPU
nonnais.Quando
questionado durante a história clínica descobriu-seum
fator de estresse (provasna
escola). Foimantida
terapêuticacom
corticóidenas
mesmas
dosesda
última consulta.O
paciente foi orientado para retomar regulannente, para controle ambulatorial.4.
REVISÃO
DA
LITERATURA
Desde
os relatos descritos pelo próprioCrohn”
, aDC
vem
sendo alvo paradiversos estudos e pesquisas
em
todo omundo,
na
tentativa demelhor
compreendê-la.
Do
ponto de vista anatomopatológico aDC
pode
apresentar-seem
qualquer áreado
Trato Gastrointestinal, sendo demais
freqüente localizaçãono
íleoterminal e cólon direito.
É
uma
inflamação
caracterizada por áreas demucosa
normal
intermediadas por áreas deinflamação
ativa (lesões salteadas), oque
lheconfere
um
aspecto estenosado e enrijecido das porções acometidas, inclusiveo
mesentério correspondente à área
inflamada
quefica
espessado e edemaciado.Os
gânglios linfáticos mesentéricosaumentam
eficam
endurecidosformando
massas
abdominais palpáveisem
algumas
ocasiões (fusões).A
alteraçãoque
surge mais precocemente denomina-se úlcera aftóide, sinalpatognomônico da
colite de Crohn, que representa a protusão dos folículoslinfóides
da
submucosa
na
mucosa
colônica.As
diversas úlceras geralmente aprofundam-se econfluem,
tomando
um
aspecto linear que, se muito proftmdas,entremeando
áreas deinflamação,
acabam
gerando a aparência de calçamento de pedras arredondadas (clobbestoníng) quetambém
épatognomônico da
colite deCrolm.
Estas fissuras,
somadas
à intensainflamação
circundante,podem
promover
aformação
de fistulas, que gerahnenteterminam
em
fundo
cego (o que poderiaconduzir a
formação
de abscessos intra-abdominais),como também
para a bexiga, útero, vagina, pele e outras alças” .Microscopicamente, tem-se o
acometimento
transmural (todas ascamadas do
tubo).Há
presença deedema
e fibrose, hiperplasia linfóideem
todas as camadas, ulcerações, fissuras e fistulas.Todo
o processo inflamatório é constituído portecido de granulação, infiltrado inflamatório inespecífico linfoplasmocitário e granulomas
não
caseosos de células epitelióides e células gigantes(nem
sempre
presentes)
na
submucosa
e serosam .Quanto
ao quadro clinico, as manifestaçõesvão
de acordocom
a localizaçãoda doença
em
atividade. Lesõesna
cavidade oral jáforam
relatadas,porém
sãobastante raras”,
podem
manifestar-secom
sangramento gengival resistente aotratamento tópico
ou
à antibioticoterapia sistêmica, cuja biópsia demonstrarágranuloma não
caseoso.Em
estudocom
230
pacientes portadores deDC,
30%
deles
tinham acometimento
de esôfago,estômago ou duodeno
(3%
com
doença
restrita ao Trato Gastrointestinal superior), cujas manifestações clínicas
mais
freqüentes
foram
a dispepsia, dorabdominal
pós-prandial, náuseas, vômitos,aftas
na
cavidade oral associadas aemagrecimento”
.Assim
como
outroestudo”
relata a importância
do
rastreamentoda
DC
em
pacientes que iniciemcom
sintomas de gastrite focal erosiva
(como
indicativo de manifestação primária).Aproximadamente
50-60%
dos pacientes pediátricos afetadostêm
envolvimentodo
íleo terminal eum
segmento
variáveldo
cólon (cólonascendente).
Cerca
de30-35%
têm
acometimento do
intestino delgado apenas(íleo tenninal). J á
10-15%
das criançastêm
adoença
limitada ao cólons_Na
sua grande maioria, os sintomas constituem de diarréia(com
evacuações pastosas, semi-líquidas,sem
sangue aparente), febre, emagrecimento, astenia, dorabdominal
súbita(podendo
simular apendicite)ou
tipo cólica (por suboclusão mtesrmailg .18
O
acometimento
perianal (fissuras, flstulas, abscessos), tende a terum
desenrolar reservado
na doença
severa,pode
ser refratária ao tratamento clínico,necessitando de cirurgias 18.
As
criançascom
doença
perianal leve àmoderada
têm
prognóstico melhor.MARKOWITZ
et col” descreveram,em
estudo realizadocom
149 criançascom
DC,
que49%
delas tinhaacometimento
perianal, sendo que destes49%,
73%
estavam associadoscom
íleocolite e63%
tinham
como
manifestaçãoprincipal a
inflamação
retal, evidenciando que pacientescom
DC
do cólon teriammaior
tentência a estas complicações perianais.As
complicações nutricionais relacionam-secom
dores abdominais,disfagias, náuseas, vômitos,
má
absorção intestinal pelo processo inflamatórioda
mucosa,
(principahnente de vitaminaBl2
e sais biliaresno
íleo comprometido).Há
bloqueiodo
círculo êntero-hepático, gerando manifestações clínicas deesteatorréia e diarréia secretora.
Pode
ocorrer proliferação bacteriana e lesãona
parede intestinal
com
deficiência de lactase e intolerância à lactose,também
pode
ocorrer
hipoalbuminemia
devido à perda constante de proteínas” .Em
crianças e pré-púberes aDC
pode
causar falência de crescimento21,não
devido à falta
do honnônio
de crescimento esim
por deficiências vitamínicas,calóricas e protêicas.
O
estudo realizadono
JohnsHopkins
Hospital, Baltimore”,acompanhou
a velocidade de crescimentoem
50
criançascom
DC
e destas,44
jáapresentavam decréscimo
da
velocidade de crescimento anterior ao diagnóstico(antes de surgirem os primeiros sintomas intestinais),
demonstrando que
esteNos
pacientes pediátricos deve-se estar atento para sintomatologia extra-intestinal.
A
DC
pode
manifestar-secomo
febre deorigem
obscura”,como
colangite esclerosante primária”, artrite de articulações
(como
tomozelos,joelhos, cotovelos, quadril)25, espondilite anquilosante, fraturas vertebrais por
compressão
(dor persistente e severaem
região lombar), ocorrendo devido àmarcada
reduçãoda
densidade óssea nestes pacientes26”27 e uveíte29.As
fistulaspodem
evoluir para abscessos crônicosna
cavidade abdominal,podendo
gerar manifestações clínicas de peritonite e infecção urinária.O
sangramento retal é
comum
apenasna
DC
do
reto28.A
relaçãocom
neoplasias é 10 vezesmais
freqüentedo que na
populaçãoem
geral,
na maior
parte das vezes, guarda relaçãocom
o tratamento cirúrgico (cotosanastomóticos) e
com
um
tempo
de evoluçãoaproximado
de20
anos depós
operatório3.
Na
presença de clínica digestiva é importante o encontro de:hipoalbuminemia
(pela enteropatia perdedora de proteínas)2°,aumento do
VHS
(velocidade de
Hemossedimentação)e
leucocitosena
fase ativa, trombocitose,anemia
microcítica (por perda de sangue oculto contínua) e às vezes macrocítica (por falta de vitamina Bl2).O
exame
Coprológico funcional poderá demonstrarSUDAM
+
(indicandoesteatorréia), a prova
da
D.xilose estará alterada e haveráuma
diminuiçãona
prova de função
da
lactase (ou testedo
Hidrogênio Expiradocom
Lactose)29.O
estudo contrastadodo
tubo digestivo (avaliação radiológica), é de grandeutilidade,
demonstrando
a alteração das pregas intestinais (peloedema
einfiltrado inflamatório) e espessamento das regiões acometidas (aspecto salteado)
sendo visualizado
como
um
discretofio
de contraste por entre a área estenosada, o que é conhecidocom
Sinaldo
Cordão.20
Pela técnica
do
duplo contraste toma-se possível observar as úlceras aftóides e aimagem
de úlceras profundasentremeando
amucosa
inflamada, lembrando
um
calçamento de pedras.Toma-se
possíveltambém
a visualização de trajetosfistulosos.
Cabe
relembrar revisõesque concluem não
haver correlação entre a severidadeou fieqüencia
de anormalidade radiológicas presentesno
intestinocom
a duraçãoda
doença,também
ressaltando que oexame
radiológico falhouna
detecção de alterações gastrointestinais altasem
18,8%
dos pacientesque
àEndoscopia
e biópsia apresentavam anormalidades características,demonstrando
que
aEndoscopia
e a histologia evidenciariam lesões altasdo
tratogastrointestinal naqueles casos
em
que
havia ausência de sintomas clínicosou
evidências radiológicas”.
Com
o objetivo deexaminar
a cavidadeabdominal
e determinar a possível presença de coleçõesou
espessamentodo
mesentério aUSG
e aTomografia
Computadorizada (TC)
têm
sido de grande valor”.Nos
pacientescom
DC
é de fundamental importância oexame
proctológico,para detectar complicações perianais (abscessos, flstulas, fissuras).
A
colonoscopia toma-se necessária se houver sangramento retal.
O
estudo deSTEFFEN
et col”demonstrou que
V: dos pacientes pediátricoscom
DC
tinham
esta indicação para a colonoscopia.
A
biópsia retal demonstrana
grande maioriadas vezes
um
infiltrado inflamatóriocom
granuloma
de células gigantes”.Alguns
estudossugerem
o controle seriadoda
densidade mineral óssea nos pacientes pediátricos,uma
vezque
a baixa desta densidade seriaum
indicativoO
tratamentoda
DC
baseia-seem
2 etapas:O
tratamento clínico eo
cirúrgico.
Os
principais objetivos sãozl.Manter
a remissão da doença; 2.Conigir as deficiências nutricionais; 3. Restabelecer a velocidade de crescimento
pondo-estatural (a falência de crescimento ocorre
em
20-65%
das criançascom
DC,
dependendo da
medida
utilizada).A
terapêutica de orientação nutricionalpermanece
aindacomo
uma
grandearma
para a correção das carências nutricionais, restabelecendo as perdas eestimulando o crescimento” _ Para obtenção de resultados favoráveis estudos
demonstram
a necessidade deuma
dieta contendo150%
do
total da quantidadeenergética e protêica diária
recomendada
para a idade.Nos
casos leves, evita-sealimentos celulósicos e alimentos que
desencadeiem
a sintomatologia33.Nos
casosmoderados
a graves a dieta deve ser balanceada,com
suplementação oralou
parenteral de vitaminas e sais minerais (magnésio, ferro,zinco, cálcio, ácido Fólico, potássio, vitaminas
D,
K
e BI2).Nos
casos deesteatorréia a substituição das gorduras por triglicerídeos de cadeia
média
e arestrição de gorduras é eficaz, a diarréia osmótica produzida pelos sais biliares é prevenida
com
a utilização de colestira1nina34”35”36 _A
nutrição parenteraltem
sidouma
importanteopção
terapêutica nos pacientescom
DC
que
apresentam falênciada
atividade intestinal.É
recomendada
com
o objetivo de restabelecer as condições nutricionaisdo
paciente, afim de que, este possa ser submetido posteriormente ao tratamentocirúrgico”.
O
tratamento clínicomedicamentoso
estáfimdamentado
no uso
de22
Os
corticóides são indicados para o tratamento sintomático de pacientesque
apresentem
doença acometendo
0 intestino delgado e o cólon (isoladamenteou
conjuntamente), manifestações sistêmicas e extra-intestinais.
Teriam
efeitoinibitório
na
proliferação de células T,promoveriam
a diminuiçãoda produção
de interleucina I pelos macrófagos, a diminuição
da produção
de interleucina IIpelas células T,
da produção
de leucotrienos pelosmacrófagos
e monócitos,da
expressão de moléculas de adesão pelas células endoteliais e redução
da
penneabilidade vascular, proporcionando
uma
menor
migração
de neutrófilosda
corrente sangüínea para o sítio
da
inflamaçãos.O
esquema
baseia-sena
administração diária de Prednisonaou
Metilprednisolona (l-2mg/Kg/dia para ambas), por via oral nos casos de
doença
leve
ou
moderada.Nos
casos graves a via deverá ser endovenosa.Após
a obtençãoda melhora
clínica as doses sofrem redução semanal até os valores de 0,2-0,5mg/Kg/dia,quando
então de dias consecutivos passa-se a administração adias alternados. Estudos
demonstram
que só após esteesquema
de redução gradual o corticóide deverá ser retirado completamente,mostrando
que
se os sintomasretomarem
as doses de corticóidedevem
ser reintroduzidass.Complicações
pelo uso dos conicosteróidesforam
observadas.Em
altasdoses,
mascaram
perfurações intestinais e sepse intra-abdominal.A
interrupçãoda
velocidade de crescimento, depressão, hipertensão arterial, necrose assépticada
cabeça femoral, fraturas de vértebras por diminuiçãoda
densidade óssea mineral, catarata subcapsular posterior, hirsutismo, estrias, fásciesem
lua-cheia,A
Sulfasalazina (apresenta molécula de sulfapiridina e de ácido 5- aminossalicílico(5-ASA)
ligadas poruma
azoligação), impediria apropagação
do
mecanismo
da
inflamação.A
presençado
5-ASA
produziriaum
efeitoinibitório sobre a lipooxigenase, proporcionando
uma
menor
produção
deleucotrienos
B4
emaior
de prostaglandinas,além da
atuação sobre os radicaislivres
do
oxigênio (produzidos pelosmacrófagos
e granulócitos) e inibiçãoda
produção de anticorpos pelos plasmócitos, fator de ativação plaquetário e interleucina I.
A
molécula de sulfapiridina é a causada
maioria dos efeitoscolaterais
(como
náuseas, vômitos, anorexia, pirose, diarréia, erupções cutâneas,pancreatite, iridociclite, hepatite, taquicardia, neuropatia, alteração da fertilidade
no
homem),
por este motivo, trabalhostêm
descritonovos
agentes5-ASA
(Mesalamina
e Mesalazina).As
doses diárias destes agentes seriam de 50mg/Kg/dia,demonstrando
eficácia para a
doença
colônica leve amoderada
na forma
de supositório eenemas.
A
doença acometendo
0 intestino delgadocostuma
ter resposta ao tratamentocom
Mesalamina
e Mesalazina,porém
omesmo
não tem
ocorridocom
a utilizaçãoda
Sulfasalazina5'37.A
Sulfasalazina e osnovos
agentes5-ASA
têm
sido usadosna manutenção
do
estado de remissão. Pesquisasdemonstram
terem efeito significativo nestamanutenção
secomparada
à utilização de placebo, principahnente seem
pacientescom
DC
íleocecal-colônica edo
sexo feminino”.Outros
medicamentos
com 5-ASA
para administração via oralcomo
aOlsalazina
(DIPENTIUM®),
oPENTASA®,
oCLEVERSAL®,
oSALOFALK®
e oASACOL®
vêm
sendo utilizadoscom
boa
resposta,porém
a24
Nos
pacientes quedemonstram
dependência ao tratamentocom
esteróides,para
manutenção da
remissão, outros agentesdevem
ser utilizadoscomo
recursoopcional, dentre eles os imunossupressores, pois
proporcionam
redução nas doses dos coiticóides se utilizadosem
associação.A
6-Mercaptopurina,que
éo
metabólito ativo
da
Azatioprina, nas doses de 1,5-2mg/Kg/dia,quando
utilizadaem
criançascom
doença
refratária ao tratamento inicial, criançascom
doença
cuja sintomatologia é severa
ou
crianças apresentando fortes efeitos colateraisdos esteróides,
demonstrou melhora
significativado
quadro4°”41 _A
supressãoda
medula
óssea e a pancreatite são os doismais
importantes efeitos colateraisobservados. Outros imunossupressores,
como
o Metotrexate e a Ciclosporinatambém
são utilizadoss.O
Metronidazol (antibiótico utilizado para flora anaeróbia),tem
sido administradona
DC
perianal,com
alguma
resposta favorável nas doses de 20mg/Kg/dia. Seus efeitos adversos seriam a neutropenia, ardência uretral e vaginal, glossite, dispepsia, gosto metálico e neuropatia periféricas”.Em
relação ao tratamento cirúrgico, estudos relatamque
num
período de 10-15 anos após o diagnóstico,
aproximadamente
50-70%
das crianças necessitamde cirurgia, sendo as indicações
em
ordem
decrescente de freqüencia: l. Falênciado
tratamento clinico (piorada
qualidade de vida, efeitos colaterais doscorticóides, sintomas intratáveis); 2. Retardo
do
crescimento; 3. Perfuração (livreou
fechadacom
aformação
de abscesso); 4. Obstruçãoaguda ou
crônica; 5.Fistulas; 6.
Hemorragias
(lesõesdo
intestino grossoou
delgado, colite fuhninantecom
ou
sem
megacólon
tóxico); 7.Apendicectomia
de exploração diagnóstica; 8.O
principal objetivoda
terapêutica cirúrgica seria restaurar a funçãointestinal e descartar 0 uso dos corticóides e supressores.
As
cirurgias propostassão as seguintes: 1. Íleocolectomia; 2. Colectomia
com
ileostomia; 3.Ressecção
do
intestino delgado; 4. Fistulectomia; 5. Proctocolectomia; 6. Estricturoplastia.É
sempre
ressaltado que os procedimentos cirúrgicosnão
são curativos,uma
vezque o curso
da doença tem
caráter imprevisível, muitas vezes requerendocirurgias
com
intervalos muitopequenos
umas
das outras5°42°43.Trabalhos realizados
em
hospitais de Londres,demonstram
haver relaçãoentre o sítio
da doença
eo
curso pós-operatório.Em
5 anos de avaliação, ogrupo
de crianças
com
doença
panentérica apresentou recidiva, o grupocom
doença
localizadano
intestino delgado apresentouboa
remissão,porém
nos pacientescom
doença
de localização íleocecal a remissão foi intermediária.O
grupo decrianças
com
colite respondeu deforma
diferenciada.Os
queforam
submetidos àressecção colônica
com
anastomose primária apresentarammn
número
considerável de recidivas, nos que
foram
submetidos à colectomia subtotalassociada à ileostomia a remissão foi boa/44.
Com
o objetivo de proporcionarum
aumento da
luz intestinal estenosada, aEstricturoplastia
vem
sendo realizada,melhorando
o trânsito intestinal eproporcionando 0
ganho
de peso45_Outro
gmpo
de pesquisadoresvem
preconizando a utilizaçãoda
GastrostomiaEndoscópica
Percutânea, por esta apresentarmelhor
aceitação pelos pacientesdo
que asonda
nasogástrica,além
deum
menor
índice de complicações”.Nos
pacientescom
DC
perianalHYAMS
et col46 relataramnão
haveralteração entre a
doença
nesta regiãocom
a ressecçãoda doença abdominal ou
26
~
As
complicaçoesque decorrem
dos procedimentos cirúrgicos estão relacionados principalmentecom
problemas anastomóticos, obstruções, hemorragias, recidivasdo
quadro48”52.O
procedimento cirúrgiconão
deve ser evitado caso sejabem
indicado,havendo
trabalhosque
comprovam
amelhora
na
qualidade de vida dos pacientescom
DC
após a cirurgia,mesmo
havendo
a possibilidadeda
ocorrência decomplicações48”49,
demonstrando
que a maioria dos pacientes apresentavam grandes intervalos de remissão.O
controle emanutenção da
remissãoda
DC
é fator primordial para a qualidade de vida, a utilização dosexames
laboratoriaiscomo
marcadores deatividade
da
doença, assimcomo
o
controle endoscópico e radiológico,com
o
objetivo de evidenciar precocemente a recorrência
da doença
toma-se importante, pois muitas vezes, pacientescom
doença
mínima
podem
apresentar-seclinicamente assintomáticoss 051.
A DC
na
criança é então caracterizada poruma
altamorbidade
e baixamortalidade52“53”54.
Em
estudo realizadona
Clínica Mayoss, foi observado urnasobrevida de
98%
nos 5 anos que se seguiram a operação e de89%
nos20
anos após o procedimento cirúrgico.Nos
casos analisados,comparando-os
com
os dados obtidosna
literatura,algumas
observaçõespodem
ser feitas. Faixa etária: 9, 12 e 13 anos. Sexo:2
masculino, l feminino. Raça: branca.
Condizendo
com
a literatura,que
descreveas primeiras manifestações
da
Doença
deCrohn
em
pacientes adolescentesou
adultos jovens, igual incidência para
ambos
os sexos emaior acometimento
de indivíduosda
raça branca4 .Etiologia: desconhecida.
A
pacientedo
caso 2 apresentavaem
sua HistóriaMórbida
Familiar(HMF)
tio apresentando amesma
doença, sugerindo influências genéticas” _O
pacientedo
caso 3 apresentou episódio de reativaçãoda doença
durante situação de estresse,lembrando
a interferênciado
fatoremocional
no comportamento da
doença3 .Clinica: todos apresentavam diarréia de evolução crônica, dor
abdominal
(que acordava os pacientes durante a noite), febre intermitente, anorexia,
emagrecimento
importante, dificuldade de crescimento e liinitação paraatividades fisicas. Estes são sintomas e sinais típicos de
doença
orgânica,que
alertam para a possibilidade de
Doença
lnflamatória Intestinal (DII).Os
pacientes apresentavam
também
manifestações extra-intestinais (artrite degrandes articulações), que
não
sãoincomuns
em
criançascomo
foi citadoanteriormentes ,
houve
a suspeita de FebreReumática
em
dois deles (casos l e 2)28
Um
dado que
chama
atenção nas três histórias é oda
demora
diagnóstica.Antes dos pacientes
serem
encaminhados
ao Serviço de GastroenterologiaPediátrica, já
haviam
procurado inúmeras vezeso
Serviço Médico,sem
que
houvesse suspeita de DII.
Mesmo
na
presença de sintomatologia característica,na
maioria destas vezes, aDoença
deCrohn
não
foi consideradacomo
diagnóstico diferencial.O
caso 1 apresentavaacometimento
do
íleo terminal, cólon, ceco e sigmóide,o caso 2 apresentava o íleo terminal, cólon e reto acometidos e
no
caso 3acometimento do
íleo terminal, o que foi compatívelcom
a literatura,que
relatamaior
incidênciada
Doença
deCrohn na
localizaçãodo
íleo terminal juntamentecom
segmento
variáveldo
cólon.Os
casos 2 e 3 apresentavamtambém
acometimento
perianal (fissuras)5 .Dos
exames
laboratoriais a Velocidade deHemossedimentação
(VHS)
aumentada
durante a fase de atividadeda doença
foi observada nos três relatos.A
trombocitose esteve presenteem
dois dos casos (casos 2 e 3).A
leucocitose(caso 2),
anemia
(caso 3), oExame
Coprológico Funcionalcom
pesquisa deleucócitos (casos 1 e 2) e Pesquisa de
Sangue
Oculto (casos 1 e 2) positivasforam
observadas” .Diagnóstico: o
exame
radiológico contrastado foi realizado nos casos 2 e 3(Trânsito de Delgado),
que
evidencioucomo
relatado anteriormentena
revisão,diminuição
do
calibre e perdada
elasticidadedo
íleo.Em
todos os casoshouve
indicação deEndoscopia
DigestivaBaixa
associada à biópsia intestinal para estudo anatomopatológico.No
caso 1 os achados colonoscópicos encontradosforam
mucosa
friável,inflamação
imensa, aspecto granuloso, úlceras aftóides extensasem
ileo e úlcerasextensas e confluentes, pseudopólipos e áreas
com
aspecto de calçamento de pedrasem
todo o cólon.No
caso 2 evidenciou-se retocom
úlceras serpiginosas,cobertas
com
fibrina, sigmóide preservado, cólon descendente e transversocom
múltiplas ulcerações, pseudopólipos, estreitamento e enrijecirnento.No
caso 3 foiobservado
inflamação
intensa junto à válvula íleo-cecal.No
caso lficou
irnpossibilitada a progressão
do
colonoscópio devido ao risco de perfuraçãointestinal
(mucosa
friável) e nos casos 2 e 3,o
intenso processo inflamatóriodeformando
as estruturas anatômicas impossibilitou a visualizaçãoda
válvulaíleo-cecal19*3°'31 _
A
Endoscopia
Digestiva Alta foi realizadaem
duas crianças (casos 2 e 3),com
diagnóstico deRefluxo
Gastroesofagiano importante e Gastrite leverespectivamente, alertando quanto à possibilidade
da
sintomatologiagastrointestinal alta nos pacientes
com
DIIIÕ _Tratamento: a terapêutica nos três casos baseou-se
na
orientação nutricionalcom
dietas hipercalóricas e hiperprotêicas,sem
resíduosou
irritantes gástricos,associada à suplementação oral” _
Os
corticóides e a Sulfasalazinacomo
já foirelatado,
têm
importante efeitona
inibiçãodo
mecanismo
inflarnatório, assim,iniciou-se
com
corticóide (Prednisona l-2mg/Kg/dia) para as três crianças eSulfasa1azina(88mg/Kg/dia)
no
caso 1.Os
pacientesresponderam
bem
aos medicamentos, apresentandouma
evolução inicial boa.30
Assim
que
foi obtida a estabilizaçãodo
quadro clínico as dosesdo
corticóideforam
reduzidas gradualmentes .No
caso 1 as dosesda
Sulfasalazinaforam
mantidas,
uma
vez que se tratada
droga de escolha para amanutenção da
remissão
da doença”
_É
importante ressaltar que a evolução daDoença
deCrohn
a longo prazo émarcada
por reagudizações (alta morbidade) etambém
porcomplicações relacionadas aos
medicamentos
utilizadosem
seu controle5°*5 152A
fáscies Cushingóide (casos 1 e 3), acnes, alopécia, estrias (caso l),que
sãocomplicações
do
uso crônico dos corticóidesforam
observadas5”37 _O
Metronidazol foi prescritono
caso 2em
decorrênciado acometimento
perianal5”37 _
Os
imtmossupressoresnão foram
prescritos devido aboa
respostados três casos à corticoterapia (medicação de primeira linha).
Da
mesma
fonna,não houve
indicação para o tratamento cirúrgico,como
falênciado
tratamentoclínico, retardo importante
do
crescimento, perfuração, obstrução, hemorragiasintestinais, fistulas5°42 .
O
controle visando a avaliação clínica, oremanejamento
das doses dosmedicamentos
e amanutenção do
estado de remissãovem
sendo realizado ambulatorialmentecom
o pacientedo
caso l.Os
casos 2 e 3 estãosem
acompanhamento
após a regressãodo
corticóide à dose de manutenção.A
Doença
deCrolm
éuma
doença
rara,marcada
por manifestações clínicas significativas de acometimento orgânico.Mesmo em
sua apresentação oligossintomática (artrite), a manifestação é de organicidade.Atualmente
existem formas diagnósticas que facihnenteconfirmam
a presençada
doença,como
oRX,
a Colonoscopia e a Biópsia,demonstrando
então, que a única justificativa para a
demora
diagnóstica énão
pensarna
Doença
deCrohn
como
diagnóstico diferencial para as muitas situações clínicas,Crohn
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