cENTRo
sÓc|o-EcoNoM|co
~ _cuRso
DE
Pós-GRADUAÇÃO
EM,ADM|N|sTRAÇ¿›.o
ÁREA
DE
coNcENTRAÇÃoz
Po|.mcAs
E
GESTAO
|NsT|Tuc|oNA|.
DISSERTAÇAO
A PERcEPçÃo Do
DEsE|v|PENHo
oRGAN|zAc|oNAL
E
PEssoALz
u|v|EsTuDo
DE
cAso Nos
sERv|ços
Púsucos
DE
PREVENÇÃO
E Ass|sTENc|¿\
EM
A|Ds
No
MuN|cíP|o
DE
.
|=|.oR|ANoPoL|s
ANDREIA
COSTA
TOSTES
PEssoAi.:
um
Esruoo
DE
cAso
Nos
sERviÇ0s
Pusucos
DE
PREvENçÃo
E
Assis1¬ÊN.ciA.EM
Adios
No
|viuN.|cíP|o
E
FLoRrANÓl:=oLi.sE
YANDREIA
.COSTA
TOSTES
Esta dissertação
foijulgada
adequada
para
a
obtenção
do
títulode
mestre
em
Administração
(Area
de
Concentração:
Pol‹íticas`e
Gestão
institucional)e aprovada
em
sua
forma
final
pelo
Curso
de
Pós
-Graduação
em
Admini
tração. P» of.Nelson
Eolossiz, Dr.
_oordenad`oÍr
do
Curso
Apresentada à
Comissão
Examinadora,
integrada
pelos
professores:
¢z>J/K
.Px
Prof.
José
Carlos
Zanelli, Dr.Orientador
‹›¿~»¿-z.
Prof.
José
Baus,
Dr. Mz-zumbro r`
ujâzlzm
P
of z Mari-asHelena
Bittencourt
Westrupp-,~E
.
Membro
\
àg
‹/
Prof.
L"
ntonio
dos
San
s-M-ont-e-iro,Msc.
"(...)
esperamos
que
istotorne
possível
distinguir,de
forma
mais
clara,os
esboços
daquilo
que
representa
simultaneamente
uma
filosofia
e
uma
políticada
Aids.
No
verdade,
esperamos que
se
torne
visívelque
filosofia
e
políticaestäo estreitamente
ligadas
-que
uma
não
pode
existir
sem
a
outra.
Assim
como
não
há
nenhuma
resposta
adequada
ao
HIV/Aids
sem
engajamento
político, talengajamento
é
impossível
sem
simultaneamente
conceituar
a
base
epistemológica
para
agir
no
mundo.
Sem
uma
base
política
e
conceitual,
soluções tecnocráticas
para
a
epidemia
falharam
em
todos
os
sentidos
-e
em
todos
os lugares
onde
foram
experimentados.
Enquanto
os
tecnocratas "administram" a
epidemia,
não
oferecem
nenhuma
esperança de
derrotá-la.
Nem
mesmo
a
ciência
nada oferece
se não
estiver
baseada
na
reflexão
críticae'
no
comprometimento
político.Contra esta
postura,
Betinho
oferece
a
única
alternativa
possível
-o
que,
segundo
Rorty,
poderíamos descrever
como
uma
epistemologia
de
solidariedade
".Ao
meu
amado
pai,que não pode
me
acompanhar
fisicamente
em
toda
estacaminhada,
mas
soube,
em
meus momentos
de
desânimo
ecansaço,
enviar-me muita
luzamigo,
que
com
sua
forma
italianade
serpossibilitou-me vivenciar
esteimportante
AGRADECIMENTOS
O
caminho
percorridono
desenvolvimentode
uma
dissertação éabrilhantado pela conquista
de
cada
etapa, pelo coloridodos
amigos
e pelanova
percepção
que
se adquireda
realidadeem
que
se vive, influència tantoda
pesquisa
em
si,como
da
experiênciaacadêmica
vivenciada.Porém,
nestecaminho não
seencontram
só os louros,os
obstáculossão
muitos eo
que
nos
anima sempre
a superá-lossão
àspessoas e
instituiçõesque das formas mais
diversas contribuem para a
chegada
final.Desejo
nestemomento,
deixar aqui registradomeus
agradecimentos:Ao
Prof. Dr.José
Carlos Zanelli, pela ricae
sábia orientação cedida;Ao
Prof. Dr.José
Baus, por contribuirde forma
tão preciosacom
seus
serviços;À
Prof 8. Dra. MariaHelena
Westrupp, por colaborarcom
seus conhecimentos
científicos
e
técnicosde
longosanos na
áreada
saúde
públicae
especialmenteem
Aids;Ao
doutorando
Prof. Luiz Antoniodos Santos
Monteiro, pela transcriçãodas
fitase co-orientação, evidenciada por
meio
de
suas
críticas,sugestões
e
principalmente pelos incentivos manifestados
em
horas tão preciosas;Ao
doutorando
Prof. Narbal Silva,que
muitasvezes
incentivou-me e apoiou-me,fazendo-me
crerque
seria possível cumprirmais
esta etapaem
meu
desenvolvimento acadêmico;Ao
Prof. Dr.Nelson
Colossi, pelaatenção
sempre
dispensada
durante estatrajetória;
À
TaniaRegina
de
Oliveira, pela parte inicialdas
transcrições;À
Silvia Volpato (bibliotecáriado
CPGA),
pela disponibilidadee
gentilezasempre
presentes;À
turma
do
NIECHO
'pelos incentivose encorajamento no
sentidode
superarmais
esta batalha;Ao CNPQ,
pela cedênciada
bolsa durante o cursosem
a qual seria muito difícilconcluir esta empreitada; ,
'
Aos
funcionáriosdo
CPGA,
pelo suporte técnico - administrativo oferecido;À
Secretaria Estadualde Saúde
eao
Programa
Estadualde
Controle eprofissional
concedida
pormeio da
liberação(sem
vencimentos) para arealização
do
mestrado; 'Aos
entrevistados, pela receptividade e colaboraçãono
desenvolvimentoda
pesquisa;À
Elma
Fiorda
Cruz,que
soube
valorizar esta empreitadaconcedendo-me,
tantoa liberação para afastamento,
como
os
"diasde
foIga" tão úteis, naquelesmomentos
finais tão complicados;Aos
colegasde
mestrado,em
especial, àAna
Paula Ribeirode
Vasconcellos,que
soube
em
muitosmomentos
escutar-me eaconselhar-me
de
forma
tão valiosa eao Afonso Lima
que
muito gentilmente ofereceu-separa
formatar astransparências para a apresentação;
À
Joséte Florenciodos
Santos,da
Universidade Federalde
Pemambuco
que
tãogentilmente
cedeu
o
modelo
das
transparências utilizadasna
defesa.Àqueles
que
contribuíramcom
importantes subsídios para a pesquisa: EnfermeiraLuciane Zappelini (do Ambulatório
de
DST/Aids
do
HospitalNereu Ramos),
aAnita Hinkel, a
Debora de
Bona Pamato
e aNadmari
CeliGrimes
(todasda
Diretoria
de
Vigilância Epidemiológica);À
minha
família,que
apesar
de pequena,
souberam de
diferentesformas
suMÁR|o
LISTA
DE
SIGLAS
... ..X
LISTA
DE
FIGURAS
... .. XiRESUMO
... .. xiiABSTRACT
... .. xiii 1INTRODUÇÃO
... .. 1 <o×i'o>-› 1.1Tema
e problema
de
pesquisa ... ..1.2 Objetivos
da
Pesquisa
... .. 1.3 Justificativa Teórica e Prática ... ..1.4 Caracterização
da Pesquisa
... _.1.5
Definição
de
termos ... ._ 101.5.1
Definição
de
termos principais ... ._ 101.5.2
Definição
de
termoscomplementares
... .. 112
A
EPIDEMIA
DA
AIDS
... ..13
2.1
Breve
históricoda
AIDS
no
Brasil eem
Santa
Catarina ... _.13
3
o
s|sTEMA DE
sAúoE
PÚBLICA
... ._2o
3.1
Algumas
considerações sobre asOrganizações
Públicasde
Saúde
... ..20
3.2
As
característicasdas Organizações
Públicase do
SetorSaúde
... ..23
3.3
As
très esferasgovernamentais
... ..29
4
O
DESEMPENHO
ORGANIZACIONAL
SOB
O
ENFOQUE DA
EFICACIA
... ..33
4.1
Os
contextosdo ambiente
eda
tecnologia ... ..39
4.2
O
contextodas
relaçõeshumanas:
odesempenho
pessoalsob o enfoque da
percepção
... ..49
5
|v|ÉTooo
... ..58
5.2
Unidades
organizacionais e participantesda
pesquisa ... ..60
5.3 Instrumentos
de
coletade
dados
... .. 615.4
Organização
e interpretaçãodos conteúdos
das
entrevistas ... ..63
6
OS
SERVIÇOS DE
PREVENÇÃO
E
ASSISTÊNCIA
DE
AIDS
.... ..67
6.1 Esfera Federal: Ambulatório
de DST/Aids da
Universidade Federalde Santa
Catarina ... _.67
'62
Esfera Estadual:Programa
Estadualde Prevenção e
Controledas
DST
e
Aids ... ..68
6.3 Esfera Estadual: Ambulatório
de DST/Aids
do
HospitalNereu
Ramos
... _.70
6.4 Esfera Municipal:Programa
Municipalde Prevenção
e Controledas
DST
e Aids ... ._73
6.5 Esfera Municipal: Ambulatóriode
DST/Aids
do
Centrode
Saúde
ll ... ..74
6.6 Esfera Municipal: Centro
de Testagem
e
Aconselhamento
-CTA
... ..75
~ ~ r 4
7
APRESENTAÇAO
E
DISCUSSAO
DOS CONTEUDOS
DAS
ENTREVISTAS
... ..- ... ..77
7.1
Desempenho
organizacionalna
esfera federal ... ..77
7.2
Desempenho
organizacionalna
esfera estadual ... ._82
7.3Desempenho
organizacionalna
esfera municipal ... ..87
7.4
Desempenho
pessoalna
esfera pública federal ... ..93
7.5
Desempenho
pessoalda
esfera estadual ... _.97
7.6Desempenho
pessoalna
esfera municipal ... ..102
7.7
Aspectos
comparativosdos
desempenhos
nas
très esferasgovernamentais
... ..107
8
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
... ..115
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
... ..122
ANEXO
... ..129
ACSII
-Ambulatório
de
DST/Aids
do
Centro de
Saúde
IIAHNR
-Ambulatório
de
DST/Aids
do
HospitalNereu
Ramos
AIDS
-Síndrome
de
Imtmodeficiência
Adquirida
CDC
-Center
forDiseases
Control(Centro de Controle de
Doenças)
CMC
- Centralde
Marcação
de Consultas
CN
-DST/Aids
-Coordenação
Nacional de
DST
eAids
CTA
-Centro de
Testagem
eAconselhamento
DST
-Doenças
Sexualmente
TransmissíveisGPA
-Programa
Global de
Aids
HIV
-Vírus
da Imunodeficiência
Humana
HTLV-III
-Human
Tumor-
celllymphotropic
vinls type IIILAV
-lymphoademopathy
Associated
Vims
M.S.
- Ministérioda
Saúde
OMS
-Organização
Mundial
de
Saúde
ONG
-Organização
Não
Govemamental
PE
-DST/Aids
-Programa
Estadualde Controle
ePrevenção
das
DST/Aids
PN
-DST/Aids
-Programa
Nacional de
DST/Aids
POA
-Plano Operativo
Anual
'
SASC
- Serviçode
Atenção
àSaúde da
Comunidade
UniversitáriaSES
- Secretaria Estadualde
Saúde
SMS
- SecretariaMunicipal de
Saúde
LISTA
DE
FIGURAS
Figura 1 - Configuração temática
da
pesquisa ... ..64Figura 2 -
Esquema
básicoda
orientaçãoseguida
paraa apresentação e
discussão
do
conjuntode dados
da
pesquisa ... ..66Figura 3 -
Organograma
sintéticoda
Secretariade
Estado de
Saúde
de Santa
Catarina ... ..69
Figura
4
-Organograma
extra-oficialda
Secretariade
Saúde
e Desenvolvimento
RESUMO
Esta pesquisa objetivou configurar
nas
três esferasgovernamentais
(federal,estadual
e
municipal),o
desempenho
organizacionale o
desempenho
pessoalnos
Serviçosde
Prevenção e
Assistênciada
Aidsdo
Sistemade
Saúde
Públicaem
Florianópolis,na percepção
de
seus
profissionais.O
modo
de
investigaçãoadotado
foio
estudode
caso,do
tipo descritivo-exploratório,
em
uma
abordagem
qualitativa.A
população
deste estudo foiconstituída
de
profissionais 'da saúde, selecionados pormeio
de
amostras
intencionais, pelo critério
da
experiência profissional.A
entrevista semi-estruturada foi
o
principal instrumentode
coletade dados
e
para a interpretaçãodos
relatos obtidos foi utilizada a técnicade
análisede
conteúdo.Os
aspectosque
configuram
odesempenho
organizacionalabordados
nesteestudo
sob os enfoques de
Steers (1975)e Lima
(1996)apresentaram nas
trêsesferas
observadas os
seguintes pontosem
comum:
a
faltade
integração destas, tantoem
nível internocomo
externo,fluxo
de
comunicação
lentoe
truncadoe
predomínio
das ações de
assistênciaem
detrimentodas
preventivas.Desta
forma,
parecem
sugerirum
certo isolamentonas ações dos
setoresde
saúde
pública
que
lidamcom
a
Aidsno
municípiode
Florianópolis.Como
existeum
certo predomínio
das
atividadesde
assistênciaem
relaçãoàs
de
prevenção,pode-se
suporque
é
baixo o controleda
transmissãodo
vírus neste município.As
atividadesde
assistência apresentam,também,
falhasno processo
de
comunicação
agravadas,em
alguns casos, pela faltade
kits para osexame
anti-HlV
e medicamentos, o
que pode
indicar prováveisdanos
aos
pacientes HIV/Aidsem
aconselhamento/tratamento.Desta
forma,há
indíciosde
pouca
eficáciano
desempenho
destas unidades pela ausênciade ações
congruentescapazes
de
enfrentar
a epidemia
da
Aids.Quanto
aos elementos
que configuram
o
desempenho
pessoal, enfocado-se aperspectiva
de
Schein (1982), revelampequena
parcelade
profissionaisbem
qualificados
e
uma
outra,em
maiornúmero,
pouco
atualizada parao
exercícioda
função; equipe reduzida
de
pessoas; sobrecargade
atividades; baixaremuneração nas
unidadesdo
setor público estaduale
municipal,estendendo
ajornada
de
trabalhoem
mais
de
uma
organização,o que
implicana redução do
tempo
disponível paraa
famíliae o
lazer;a
contrataçãode
algumas
chefiascom
competência
técnicainadequada
para geriros
serviçosde
prevenção e
assistênciada
Aids,e a
ausênciade
acompanhamento
psicológico para aquelesque
lidamcom
o aconselhamento
ao
paciente HIV/Aids. Tais elementos,portanto,
encontram-se mais
ou
menos
acentuados
nestas unidades,o
que pode
refletir
no
desempenho
pessoaldaqueles
que
ali atuam.Por
outro lado, registra-se
que
os
profissionaisdas
três esferas manifestam-se satisfeitoscom
o
trabalho,ABSTRACT
This research
has aimed
at delineating,on
allgovernment
levels (federal,state
and
municipal), organizationaland
personalperformances
in theAIDS
Prevention
and
Assistance Services of the Public HealthSystem
in Florianópolis,as perceived
by
its professionals.The
investigationmethod
adopted has
been
thecase
study characterizedby
a qualitative- descriptive-exploratory approach.The
population of this study ismade
up
of health professionals selected through intentional sampling for theirwork
experience.A
semi-structured inten/iewwas
themain
instrument for datagathering,
and
for interpretation of the reports obtained the analyses of contenttechnique
has
been
used.The
aspects outlining the organizationalperformance approached
in this studyunder
the focuses of Steers (1975)and
Lima
(1996) in theobserved
threegovernment
levels, present the followingcommon
features: lack of integration, inboth internal
and
external levels; slowand
truncatecommunication
flow;and
prevalence of assistance actions in detriment to prevention actions. Therefore,
they
seem
to suggest a certain isolation in the actions performed by the publichealth sectors dealing with
AIDS
in thetown
of Florianópolis. Since there is acertain prevalence of assistance activities in relation to prevention activities,
we
can
suppose
that virus transmission control is low in Florianópolis.The
assistanceactivities also present deficiencies in the
communication
process,which
areaggravated, in
some
cases, by a shortage ofAIDS
examination kitsand
medicine.This, in turn, could indicate possible
harm
toHIVIAIDS
patients undergoingcounseling
and
treatment.Hence,
there are indications of low efficacy in theperformance
of these unitsdue
to theabsence
of congruent actions capable ofcoping with the
AIDS
pandemic.As
to the elements outlining personal performance, focused the perspectiveof Schein (1982), they reveal,
as
a
whole,a
smallgroup
of professionalswho
arewell qualified for the tasks they are to perform,
and
another group, larger,who
do
not
have
thesame
level of preparedness.They
also reveal staff shortage, activityoverload, low
pay
in the units of the stateand
municipal public sectors, long work-hours in several organizations,
which has
the result of reducing not only theworker's Ieisure time but also the time spent with hislher family, hiring of
management
with inadequate technical skills to handle services related toAIDS
assistance
and
prevention,and absence
of psychological counseling for thosedealing with
HIV/AIDS
patients.These
elements
are, therefore,somewhat
accentuated in these units,
and
they are likely to reflecton
personalperformance
of the staff.
On
the otherhand
we
find, throughout the threegovemment
levels,the profissionals of staff, gathered in cohesive
groups
engaged
in thecause
of1
INTRODUÇAO
“Não
basta voltar esforços para a luta oontrao
vírus biológico,
é
preciso neutralizaro
vírusideológico
da
Aids."Marta
Rovery
de
Souza
Neste
capítuloapresentam-se os
aspectos gerais pertinentes àepidemia
da
Aidsno
Brasile no
mundo,
à situaçãodos
serviços públicosno
país,culminando
com
os
propósitose
característicasda
presente pesquisa.1.1
Tema
e
problema
de pesquisa
Em
1981,o
Centrode
Controlede
Doenças
dos Estados Unidos
da
América
começa
a
registraros
primeiroscasos
de
uma
doença
desconhecida e
letal,que
posteriormente foi
designada
porSíndrome de
Imunodeficiência Adquirida(Acquired
lmmuno
Deficiency
Syndrome
- AIDS).Os
primeiroscasos
notificadosocorreram
em
Los
Angeles
em
homossexuais.
Nesta
mesma
época,médicos na
Bélgica
e na França observaram o
aumento de
clientes procedentesdo
Zaire,Ruanda
e
outros países africanoscom
inabituais infecções.A
principalcaracterística nestes
casos é
que
se
tratavamde
homens
com
práticashomossexuais
(Brasil, 1995).Em
1982, diantedo
crescentenúmero de
casos,o
CDC,
aindadesconhecendo
a
causa da
doença, definiu-acomo
uma
patologiaque
apresentava sintomasde
um
defeitode
imunidade
celular.Na
França,em
meados
de
1983,Luc
Montagnier identificouo agente
etiológico
da
Aidse o
denominou
de
LAV
(lymphoademopathy
associated virus)e
nos Estados Unidos da
América, Robert Gallo, isolando pela terceiravez
um
retrovírushumano,
denominou-o
por HTLV-Ill(Human T
- cel/ /ymphotropic virustype III).
Em
1988,o Comitê
Internacional paraTaxomania de
Virus,ao
observaras
características similaresdos
vírus encontradosna França e nos
EUA,
constatou tratar-se
do
mesmo
vírus, decidindo então, denominá-loHIV
(Human
lmmunodeficiency
Virus)(BRASIL,
1995).A
pandemia
da
Aids afeta todos os continentes habitados.Encontram-se
relatadoscasos
oficiaisem
164
paísese
existem registrosda
infecção peloHIV
na
maioriadas
cidadesdo
mundo
(Mann
e
organizadores, 1993).Conforme Programa
Globalde
Aids(GPA/WHO)
apud
BRASIL
(1998a),o
Brasil situa-se entre
os
très primeiros paísesdo
mundo,
em
termos
de
casos
notificados,
sendo
os
primeiros osEstados Unidos da
América
eo
Quênia.Conforme
estimativas realizadas pelaCoordenação
Nacionalde Doenças
Sexualmente
Transmissíveis(DST)
e
Aids,aproximadamente 500.000 pessoas
encontram-se
infectadas peloHIV no
país.Em
Brasil (1998a)é
salientadoque
aepidemia
vem
apresentando
consideráveis
mudanças
em
seu
perfil epidemiológicoapontando o
períodode
1987
a 1991,como
a faseem
que, simultaneamente, ocorreuum
processo
de
“juveniIização”, “pauperização"e
“interiorização”dos casos de
Aidsno
pais.Além de
seruma
doença
epidëmica, a Aidsé
caracterizadacomo
uma
“Síndrome
do
Preconceito”, excluindo todos aqueles infectados pelo vírus HIV.Em
princípio,a
Aidsficou conhecida
como
a “peste gay", representandoa
marginalidade, a vergonha,o
castigo, a promiscuidadee a
morte.Destacam-se
na
históriada
humanidade, algumas
doenças
e
fatos carregadosde
preconceitos“assim
como
a /epra,a
tuberculose,a
gripe espanhola,o
genocídiode
judeus,Portanto, os
mais
variadoscomportamentos emergiram
com
esta doença.Havia aqueles
que
não
acreditavam;uns
outrosque
revelavam atitudesextremas
de
preconceitoe
discriminação;chegando
àquelesque
nitidamentedemonstravam
medo
e
pavor dianteda
doença
ou
do
doente da
Aids.Para
algumas
outras pessoas, a Aids serviu para reaflrmarsuas
crençasfundamentadas
em
mitose
medos
antepassados, significandoum
“castigo divino”para purificar o
mundo.
Após
dezessete
anos
de
epidemia da
Aids, constata-seque
estadoença
continua
aumentando
seus
indicesde
vulnerabilidade globalde
formaprogressiva
e ameaçadora.
Destaca-seque
apropagação
do
vírusHIV
é
tantomais
ampla
quanto
possa
encontrarcampos
férteis parasua expansão.
Atualmente,
a
Aids atinge indiscriminadamentehomens, mulheres e
crianças.Assim,
há o reconhecimento
generalizadode
que
com
a
Aids surge amais
gravecrise
de saúde
públicado
século.A
Conforme
Mann
e
organizadores (1993), “apandemia de
Aids exigeuma
nova
visãode
saúde,não apenas
como
resposta auma
doença
epidêmica,mas
também
para
orientare
inspiraro
trabalho individual, comunitárioe
global pelasaúde no
próximo
milênio” (p.9).Deste
modo,
registram os autores, lidarcom
a
Aids exige
a superação das abordagens
tradicionaisde
proteçãoda saúde
pública, pois trata-se
de
uma
doença que
desafia o
sistema sociale
de
saúde
vigentes.
Em
1982,começam
a surgiros
primeiros diagnósticosde
Aidsno
Brasil(Varella et al, 1989;
Mann
e
orgs.,1993 e
Parker, 1994).Em
1984, o Ministérioda
Saúde
deste país incorpora a Aidsà
Divisão Nacionalde
DermatologiaSexualmente
Transmissíveis(DST) e
como
a Aids era consideradauma
DST,
foiincluída neste setor.
Apenas
em
1985
cria-seo Programa
Nacionalde
Combate
à Aids, incorporado a Divisão Nacional
de
Controlede
DST-Aids, inseridono
referido Ministério. Ressalta-se
que
o
surgimento destePrograma
foi motivadopela
grande pressão
intemacional sofrida pelo governo.Somente
em
1986
é
que
esta
nova
divisãocomeçou
a funcionar,com
a principalincumbência
de
orientaro
Ministérioda
Saúde
no
que
se refere aepidemia
(Parker, 1994).Entre outros encargos, este
Programa
fica responsável porum
sistemade
notificação
de casos de
Aidse
divulgaçãomensal
de
um
boletim epidemiológico.Desde
então, osdados
deste boletim auxiliamna confecção
do
perfilepidemiológico
da
Aidsno
país (Varella et al, 1989).No
primeiro boletim,em
agostode
1985, foram resgatadas415
notificações
de casos
confirmados de
AIDS.No
iníciode
1989,o
Brasil atingiua
cifra
de
6.857casos
a
partirdo
primeirocaso
notificado oficialmenteao
Ministérioda
Saúde
(Varella et al, 1989).O
combate
à
Aids requer aadoção de
um
novo
perfil para asaúde
pública.É
necessário maior divulgaçãoe democratização
das
informações para formar aopinião pública.
Neste
sentido,Souza apud
Parker e organizadores (1994),ao
referir-se
às
políticasde
saúde
no
Brasil, adverte que:“Não
bastam
métodos, técnicase elementos supereficazes
isoladamente considerados para prevenir
ou
curar estaenfermidade,
é
necessárioque
sejaassegurado a
todaa
população
o
acesso mais
eqüitativoaos
sen/içosde saúde
onde
sejam
aplicados taismétodos;
ademocratização
e
a
socialização
da
informaçãoé
a
únicaarma
possível contraa
Salienta-se ainda,
que
a
epidemiada
Aidsno
Brasil "tem sidomarcada
pelo re/ativo fracasso
das
autoridadesgovernamentais
em
desenvolver políticase
programas
coerentesem
respostaà
Aids” (Parker, 1994, p.87), aexemplo
do
que
ocorre
em
outras áreasdo
setorde
saúde
pública brasileiro.Convém
lembrar a distância considerável entre oque
estádeterminado
na
Constituiçãodo
país (1988),no
tocanteà educação,
àsaúde
e à segurança
eas
reais condições
do
efetivo exerciciodesses
direitos.Barbosa
(1992), analisando os serviços públicos, destacao
clientelismopolítico, a corrupção,
o
nepotismo,a
burocraciaexacerbada
como
característicaspeculiares
das
instituições brasileiras, principalmente asgovemamentais. Deste
modo,
_“qualquer mobilidade interna ocorreou
por
relações pessoais e/oupor
antigüidade,quase nunca
por
desempenho"
(p.123).Porém,
o direitoà
saúde
é
fundamental parao
exercicioda
cidadaniae
está garantido pela Constituição,com
vistasa
superar aconcepção
limitada eindividualista
de
setores sociais privilegiadose
retrógrados,que
reduziaos
cuidados
de
saúde
à ofertade
serviços médico-hospitalares,onde
os mais
ricoscomprariam e os mais
pobres receberiam precariamentecomo
um
favordo
Estado
(Carvalhoe
Santos, 1995).Com
o
objetivode
melhoraro
desempenho
do
Sistema
Nacionalde
Saúde
Pública foi proposta
a sua
reorganização administrativa pormeio da
descentralização
do
SUS
(Sistema Únicode Saúde)
decorrenteda necessidade
de
eficiènciae
eficáciaem
suas
ações.Neste
contexto, surgeo
interesse desta pesquisa, relacionadoao
de
Prevenção e
Assistênciada
AIDS
em
Florianópolis, vinculados às três esferasgovernamentais
(municipal, estadual e federal).Acrescenta-se,
também,
que
a autorado
presente trabalho possuidoze
anos
de
atuação no
setorde
saúde
pública,dos
quais seisobservando o
comportamento
eas
atividades desenvolvidas pelos profissionais atuantesna
Prevenção e na
Assistênciada
AIDS
em
Florianópolis, vivenciandoas
dificuldades ali enfrentadas, levando-a
ao
seguinte questionamento:-
Quais aspectos
configuram
o
desempenho
organizacionale
o
desempenho
pessoal
nos
Serviços
de Prevenção
eAssistência
da
AIDS
do
Sistema
de
Saúde
Públicaem
Florianópolis,na percepção de seus
profissionais?
1.2
Objetivos
da Pesquisa
Para responder
ao
problema de
pesquisa proposto, estabeleceu-secomo
objetivo geral, analisar
as percepções
dos
profissionais responsáveis
pelaPrevenção
e Assistência
em
AIDS no
município
de
Florianópolisquanto
ao
desempenho
organizacionale
ao
desempenho
pessoal
no
Sistema
de
Saúde
Pública,remetendo aos
seguintes objetivos específicos:a)
Descrever os
Serviçosde
Prevenção e
Assistênciaem
AIDS
no
Sistema
de
Saúde
Públicaem
Florianópolis;b) ldentificar
os
aspectos percebidosdo
desempenho
organizacionale
do
Prevenção e
Assistênciaem
AIDS
no Sistema
de
Saúde
Públicaem
Florianópolis;
c)
Configurar o
desempenho
organizacionale
pessoalnos
Serviçosde Prevenção
e
Assistênciaem
AIDS, no Sistema
de Saúde
Públicaem
Florianópolisa
partir
dos
aspectos identificados;d)
Comparar
nas
três esferas governamentais, tantoo
desempenho
organizacional
como
o
desempenho
pessoalnos
Serviços Públicosde
Prevenção e
Assistênciaem
AIDS
no
municipiode
Florianópolis.1.3 Justificativa
Teórica
e
PráticaA
Organização
Mundialde
Saúde
estimaque
no
ano
2.000, a maior partedas
ocorrênciasda
Aidsno
mundo
será registradanos
paísesem
desenvolvimento (Brasil, 1997). '
Em
termos
de
incidênciada
Aids,o
Brasil situa-se entreos
quatro paísesdo
mundo
com
maiornúmero de
casos
registrados'passando
aocupar
entrea
40° e a 50° posição
no
ranking mundial,quando
são
consideradasas
incidênciasrelativas
em
termos
de
casos
xpopulação (Chequer e
Castilho,apud
Brasil,1997).
Neste
contexto,o
estadode Santa
Catarina possui três municípioscom
amaior incidência
da doença
no
Pais,assim
distribuída: primeiro lugar,a
cidadede
Itajaí
com
754,2; segundo, BalneárioCamboriú
com
680,4,e
em
quarto lugar,Florianópolis,
com
514,9casos
por100.000
habitantes(Gomes,
1998). Estesdados, por si só, revelam a gravidade
da
situação neste estado, evidenciando anecessidade
de
esforços conjuntos para contero avanço
desta doença.1
Observando-se o
paíscomo
um
todo, verifica-se aescassez
de
mecanismos
políticos para conter aepidemia
da
Aids. Portanto,seu
impactocontemporâneo e a
perspectivade
progressãoameaçam
suas
estruturas sociais,econômicas e
politicas.Segundo
Rodrigues Filho (1990),mesmo
com
os
razoáveis recursosdispendidos para investigar
o
setorsaúde
“équase
inexistenteo número de
pesquisas destinadas
a
identificar fatoresque
influenciam
o seu desempenho"
(p.273).
Em
termos
de
análise organizacional, destaca-sea
carência bibliográficarelativa
aos
aspectos administrativosque
caracterizama
áreade
saúde
públicano
país.No
âmbitoda
administração públicaas
limitações, tanto conceituaiscomo
metodológicas,não
se restringemapenas ao
Brasil.Nos
Estados Unidos
ocorrem inúmeros debates
com
a
finalidadede
ressaltaraos
pesquisadores aimportância destes
temas
para pesquisa eda necessidade
de
maior
rigorcientífico
no
desenvolvimentode
trabalhos voltadosà
áreade
administraçãopública (Souza, 1998).
Segundo
Coutinhoe
Campos
(1996),“em tempo algum da
históriaa
necessidade
de
se
trabalhara
respeitoda
missão,da
liderançae do
desempenho
das
organizaçõessem
fins
lucrativos foi tão urgentecomo
nos
dias atuais” (p.03).Salienta-se
que
estudaro
desempenho
das
instituições responsáveis pelo Controlee a Prevenção da
Aids,bem
como
o
desempenho
de
seus
profissionais,é algo singular, haja vista
que
atéo
presenteprevalecem os
estudos pertinentesaos
aspectosda
patologiaem
si.Em
termos
práticos, pretende-se gerar informaçõesconsistentes sobreo
a
aquisiçãode novos conhecimentos
sobreseu funcionamento e
organizaçãopara
o
combate
e
aprevenção da
Aidsno
municipiode
Florianópolis.1.4
Caracterização
da Pesquisa
Partindo
do
pressupostode
que
o
método
selecionado parauma
pesquisadeve
serdeterminado
pela naturezado problema ou
peloseu
nivelde
aprofundamento
(Richardson, 1985),pode-se afirmar
que
a
presente pesquisacaracteriza-se por ser
de
naturezapredominantemente
qualitativa.Para
Triviños (1987) "a pesquisa qualitativacom
apoio teóricona
fenomeno/ogia
é
essencialmente descn'tiva" (p.128).Nesta
perspectiva encontra-se
o
objetodo
presente estudo, qual seja,o
desempenho
pessoale
organizacional
do
Sistemade
Saúde
Públicana
visãodos
profissionaisvinculados
aos
Sen/içosde
Prevenção e
Assistênciada
AIDS
em
Florianópolis.Optou-se
pelo estudode
caso
por considerar-seo
modo
de
pesquisamais
adequado
parase
atingiro
objetivo proposto.O
principal propósitode
um
estudode caso é
analisarprofundamente
uma
determinada unidade
social,que
tantoretrata
uma
realidade,quanto
revela acomplexidade
de
aspectos globais,presentes
em
uma
dada
situação (Chizzotti, 1991).A
perspectivado
estudo foi sincrônica,com
corte transversal,na
medida
em
que
analisao
eventoem
certo período, qual seja,dezembro de
1997
a abril1.5
Definição de termos
Definem-se
a seguiros
termos utilizadosna
pesquisa, tanto os principaiscomo
os complementares,
para clarificarao
leitoro
sentidoadotado no
presenteestudo.
1.5.1
Definição de tennos
principais-
Desempenho
pessoal
- atode
execução das
tarefas organizacionais pelosindivíduos
sob
a óticada
percepção,observando-se as
crenças,os
motivose os
valores (Schein, 1982).-
Desempenho
organizacional -execução
do
trabalho desenvolvidona
organização
sob
a óticada
eficácia,sendo
observado
pelo graude
congruènciaentre
os
contextodo
ambiente,da
tecnologiae das pessoas
(Steers, 1975),analisados
de
acordo
com
a configuração estabelecida porLima
(1996).-
Serviços
de Prevenção
e Assistência
da
Aids
- conjuntode
serviçosresponsáveis pelas áreas
de prevenção
da
população e
da
assistênciaao
paciente
com
HIV/Aids(BRASIL/FNS,
1993).-
Sistema
de Saúde
Pública - conjuntode
órgãos
de
ação
govemamental
responsáveis pelo exercício legitimado
da
medicina,da
odontologiae
outrasatividades afins, visando preservar
ou
restaurar asaúde
da população
-
Percepção
- processode
codificação cognitiva pelo qualse
captaa
significaçãode
um
objeto(uma
pessoa,uma
ação,um
sucesso
ou
uma
coisa) aplicando-lheum
determinado
esquema
ou
categoria (Martin-Baró, 1985).1.5.2
Definição de termos complementares
-
Epidemia: é a
manifestação,em
uma
coletividadeou
região,de
um
grupo
de
casos de alguma enfermidade
que
excede
claramentea
incidência prevista.O
número de
casos
que
indica a existênciade
uma
epidemia
variacom
o agente
infeccioso,o
tamanho
e
as
característicasda população
exposta,sua
experiência préviaou
faltade
exposiçãoà enfermidade e o
locale
aépoca do ano
em
que
ocorre.
Por
decorrência, a epidemicidadeguarda
relaçãocom
a freqüênciacomum
da enfermidade na
mesma
região,na população especificada e na
mesma
estaçãodo
ano.O
aparecimentode
um
únicocaso
de doença
transmissível
que
duranteum
lapsode
tempo
prolongadonão
havia afetadouma
população,
ou
que
invade pela primeiravez
uma
região, requer notificaçãoimediata
e
uma
completa
investigaçãode campo;
doiscasos dessa
doença
associados
no
tempo ou
no espaço
podem
ser evidência suficientede
uma
epidemia (BRASIL,
1994).-
Pandemia:
epidemia de
uma
doença que
afetapessoas
em
muitos paísese
continentes
(BRASIL,
1994).- Incidência:
número de
casos
novos
de
uma
doença
ocorridosem
uma
- Prevalência:
número de
casos
clínicosou
de
portadores existentes,em um
determinado momento,
em
uma
comunidade,
dando
uma
idéia estáticada
ocorrência
do
fenômeno.
Pode
serexpressa
em
números
absolutosou
em
coeficientes(BRASIL,
1994).-
Portador
do
vírus HIV: indivíduos portadoresdo
vírusque
aindanão
desenvolveram
sinaise
sintomasda
infecção,mas
que
podem
transmiti-lo aoutras
pessoas
(VarelIa; Escaleirae
Varella, 1989).-
Doente de
Aids: indivíduos portadoresde
infecçãoavançada
pelo HIV,com
repercussão
no
sistema imunológicoe
ocorrênciade
sinaise
sintomascausados
pelo próprio
HIV ou
conseqüente a
doenças
oportunistas,como
a
pneumonia
porPneumocystis
carinii e/ou certos tiposde
câncer,como
o
Sarcoma de
Kaposi2
A
EPIDEMIA
DA
AIDS
"Triste
época!
Mais
fácil desintegrarum
átomo
que
um
preconceito".Albert Einstein
O
presente capítulo apresentaum
resgate históricoda
Aidsno
Brasil,destacando-se
os
aspectos relevantesque configuram
esta enfermidade,culminando
com
o seu
perfil epidemiológicono
estadode Santa
Catarina.2.1
Breve
históricoda AIDS no
Brasile
em
Santa
CatarinaA
históriada
Aidsno
Brasilcomeça
na
década de
oitentacom
as primeirasnotícias advindas
dos Estados Unidos
eo aparecimento do
primeiro caso,na
cidade
de
São
Paulo (Varella et al, 1989; Parker, 1994;Mann
e
organizadores,1993)
De
acordo
com
Parker (1994),no
iníciodos
anos
oitenta a Aids aindanão
era considerada
como
uma
epidemia
-“com
o
país aindadevastado por
endemias
'tradicionais'e
epidemias
cíclicas,essa
doença
'pós-moderna'não
aparecia
no
quadro
de
prioridadesdas
autoridades sanitárias brasileiras” (p.20).Assim
sendo,no
princípio, asações
voltadas à Aidsestavam
limitadasas
Secretariasde
Saúde
das
unidades federadasmais
afetadas,como São
Paulo.A
abrangência nacional destasmedidas
ocorreem
meados
de
1985,com
as
atividades
de
prevenção e
controleda
referidadoença
atribuídas à Divisãode
Saúde.
A
partirde
entãoo governo
começa
ademonstrar preocupação
com
o
impacto epidemiológico
e
socialda
Aidsno
país (Brasil, 1998b).Segundo
publicaçãodo
Ministérioda
SaúdelCoordenação
Nacionalde
DSTlAids
(Brasil, 1998b),o Programa
Nacionalde
DST
e
Aids foi oficialmentecriado
em
1988,com
amissão
institucionalde
coordenar, elaborarnormas
técnicas
e
formular políticas públicas para contero avanço
destadoença
no
país.Quanto
aos
recursos financeiros necessários parasua
agilização registra que:“Em
1994,o Governo
Brasileiro celebrouum
Acordo
de
Empréstimo
com
o
Banoo
Mundial,o
que
permitiuum
avanço
considerávelna
implementação
de ações de
prevenção e
tratamento,e de
uma
redede
alternativasassistenciais;
e o
fomento
de
uma
ampla
participaçãoda
sociedade
civil,por
meio
de
organizaçõesnão-
governamentais
e
comunitárias, vistascomo
parceriasefetivas
e
imprescindíveisno
combate
à epidemia
e na
assistência
a
portadoresdo
HIV
e
doentes
de
Aids” (p.07).A
Aids foi identificada pela primeiravez no
paísem
1982,quando
foidiagnosticada a
presença do
virusHlV
em
sete pacientesde
práticahomo/bissexual.
Antes
disso,em
1980,houve
um
caso
no
estadode
São
Paulo,que
foi reconhecido posteriormente.Considerando-se o
períodode
incubação
do
HIV,
pode-se
inferirque
a entradado
virusno
Brasil ocorreuna
década de
70.Observa-se,
também, que
sua propagação
ocorreuno Sudeste
brasileiro,nas
principais áreas metropolitanas.
Provavelmente na
metade da década de
80,aconteceu
adisseminação
paraas
diversas macrorregiões (Brasil, 1997).Analisando-se
os
dados
epidemiológicos pertinentesa
Aids, observa-seque
há
registrode casos
em
todosos
estados,porém
constata-seque
a epidemia
não
se
distribuide
formahomogênea
vez
que, a maioriadas
ocorrênciasRessalta-se neste
momento,
a importânciada
epidemiologia -que
constituia principal
base
técnicade
orientaçãodas
decisões referentesao
setorsaúde
para avaliar a efetividade
do
sistema.Além
disso, é a partirdas
informaçõestraçadas
no
perfil epidemiológico (decada
regiãodo
país)que
são
realizados osencaminhamentos de
recursos financeiros pelogovemo.
Serra (1998) destaca
em
seu
discursode posse no
Ministérioda Saúde, a
importância
da
descentralizaçãodo Sistema de
Saúde
Pública,e
sobretudo, anecessidade de
organizaçãoda
administração,do gerenciamento e
da
informação.
Para
tanto,é
necessário “melhoraros levantamentos
epidemiológicos
e
controles estatísticosde
toda natureza,além de
estruturare
operacionalizar critérios
que
permitam
controlar a eficiênciados
serviços, aqualidade
para
o
usuárioe
seus
custos" (p.32).Deste
trechodo
discursoconvém
salientaro
papel relevante atribuídoà
epidemiologia.
Um
perfil epidemiológicofidedigno
com
a realidade, resultaprincipalmente,
em
medidas
preventivase
de
controles eficazes,o
que
nem
sempre
é observado
na
prática (Venturada
Silva, 1995).Em
1975, porrecomendação
da
5° Conferência Nacionalde
Saúde,
foiinstituído
o Sistema
Nacionalde
Vigilância Epidemiológica -SNVE,
responsável porcondensar os
dados
epidemiológicosde
todoo
país.Em
1976
foiincorporado a este sistema
de
informaçõeso
conjuntode doenças
transmissíveispor ser considerado
de extrema
relevância sanitária parao
país.Buscava-se
assim, integrar as estratégias
de ações
desenvolvidas para controlardeterminadas
doenças, pormeio
de
programas
articulados.Ainda
hoje,observa
Gomes
(1998),há
um
grande
número de
casos
atribuídosà
categoriade
transmissão ignorada, decorrentesde
"falhasna
investigação epidemiológica
ou
preenchimento
incompletodo
prontuário médico,entre outros
problemas"
comprometendo
assim,a
qualidadedos
dados
coletados(p. 5).
Outro fato
preocupante é a
ocorrênciado
vírusHIV
no
interiordo
país.Gomes
(1998)afirma que
o
totalde
casos
de
Aids espalha-se por todasas
27
capitais
e
em
2.912 municípios,o
que
indicaum
avanço da
epidemia
parao
interior
do
país.Acrescenta-se
também, que
a epidemiade
HIV/AIDS
vem
manifestando
mudanças
em
seu
perfil epidemiológico,avançando
nos
indivíduos usuáriosde
drogas
injetáveis (UDI) infectados pelouso
compartilhadode
seringase
agulhas.Gomes
(1998) retrata tal situaçãoexpondo
que
a
partirde
1983
surgiramas
primeiras notificações entre UDl'sdo
sexo
masculino.Os
casos
femininoscomeçaram
a
despontar a partirde
1985.No
ano
de
1984,7%
dos casos
de
AIDS
por transmissão sangüínea,eram
atribuídosao
uso
de
drogas
injetáveis.Em
1994,ou
seja,dez
anos
após, este percentual elevou-se para88%. Quanto
adistribuição geográfica, torna-se evidente
a predominância
de
ocorrênciasde
UDl's
no
Centroe
Suldo
país, representando81%
do
totalde
casos
registrados,destacando-se os
estadosde
São
Paulo,Santa
Catarina,Paraná e
Mato
Grosso
do
Sul.Neste
contexto,a
região Sul apresenta a maior taxade
crescimentoda
epidemia
da
Aidsno
país.Preocupado
com
este quadro,em
agostode 1998 o
Ministério
da Saúde,
pormeio da
Coordenação
Nacionalde
DST
e
Aidsem
Curitiba,
montou
uma
Oficinade
Trabalhocom
o
objetivode
elaborarum
Planode Ações
Emergenciais
da Região
Macro-Sul.Para se
teruma
idéiada
de
1,33novos casos
paracada
100mil habitantes,enquanto
que
na
regiãoSudeste, detentora
do
maiornúmero de
casos
registradosno
País,aponta
um
crescimento
médio
anualde
0,55novos casos
paracada 100
mil habitantes.A
região Sul notificou até
novembro de
1997, 14.908casos
de
Aids,dos
quais3.982
no
estadodo
Paraná, 4.317 em'Santa
Catarinae
6.609no
RioGrande do
Sul
(Gomes,
1998).Conforme
análisedos
dados
epidemiológicos, esteaumento
progressivoda
epidemiadeve-se
principalmente,ao
uso
de
drogas
injetáveise
pelaconseqüente
transmissãodo HIV
parapessoas
com
práticas heterossexuais.Realizando,
um
comparativo entreas
médias dos casos
notificados porcompartilhamento
de
seringasno
país, observa-seque
Santa
Catarina representa36,5%
deste total. Outro aspecto agravante _éque
o uso
de
drogas
injetáveisé
também
fator diretono
aumento do
número de
casos
de
Aids entre mulheres.Deste modo,
vem
se
configurando,ao
longodos
anos, amudança
no
perfilepidemiológico
da
Aids.Gomes
(1998)aponta
trèsgrandes
fasesna evolução da
doença.
A
primeira, considerada a fase inicial, caracterizada principalmente, pelainfecção entre
homens
que
fazem sexo
com
homem
(HSH) e de
pacientescom
Aids,
com
alto nívelde
escolaridade.A
segunda
fase, peloacréscimo
de
casos
em
razãoda
transmissãodo
vírus poruso
de
drogas injetáveis,com
aconseqüente
diminuiçãodo
grupo
etárioe
uma
maiorpropagação
entreos
heterossexuais
e a
terceira fase,quando
seobserva
uma
intensapropagação
do
HlV e da
Aids entre heterossexuais, principalmentenas
mulheres,destacando-se
também,
um
avanço
progressivoem
municípiosnovos
e pacientescom
baixa escolaridade.Em
1984,com
o
surgimentodos
primeiroscasos
de
Aidsem
Santa
Catarina, foi criadoo
Programa de DSTIAIDS.
Inicialmente, este subordinava-seao
Serviçode
Dermatologia Sanitária, jáque
o
mesmo
tratavadas
doenças
sexualmente
transmissíveis.A
Não
houve
registrode
casos
em
1985.No
ano de
1986, foram registradosoito casos;
em
1987, 17 casos;em
1988, 51 casos;em
1989,92
casos;chegando
a1990
com
216
casos.Nos
anos
seguintes,a
incidênciade
casos
passou
aaumentar
progressivamentez,Em
1987, foi implantada extra-oficialmentea
Coordenação
Estadualdo
Programa de
DST/AIDS,
vinculadaà
Diretoriade Assuntos
Básicosde
Saúde
da
Secretariade Estado da Saúde.
De
acordo
com
o
Relatóriodo
Projeto Aids I,de
1998,a
partirda
reformaadministrativa
no Sistema
de
Saúde do
Estado,em
1991,o governo
subordinouo
referido
Programa à
Diretoriade
Vigilância Epidemiológica.Somente
em
1994,foi criada a Gerência
de
DST/Aids.Em
1998,com
a posse do novo
governo,foram adotadas medidas
para racionalizar amáquina
burocrática determinando- seque
algumas
gerências retornariamà
posiçãode programas e a
Gerênciade
DSTIAids
foiuma
delas.Quanto
ao
perfil epidemiológicode
Santa
Catarina, atémarço de
1998
foram
registrados 5.020casos
de
AIDS,sendo que 49,7%
jáforam a
óbito.A
maior parte destes
casos
incidiram sobreo grupo
etáriode
13à
49
anos.Ressalta-se porém,
que
mais
importantedo que
o
número
totalde
casos é o
crescimento progressivo
em
todasas
suas
regiões, salientando-se trêsmunicípios
com
a maior incidênciada
doença
no
país, quais sejam: Itajaícom
2