Mestrado
em
Ciências
Médicas
nai-'asa
Púsucà
ni:nissmzmçào
oi;Masmàno
T
No
dia vinte e três de outubro de mil novecentos e noventa e oito, às nove horase trinta minutos, no Anfiteatro do Hospital Universitário da UFSC, a aluna do Curso de
Pós-Graduação (Mestrado)
em
Ciências Médicas- ROSEMERI
MAURICIDA
SILVA, submeteu-se à defesa de sua Dissertação de Mestrado intitulada"PNEUMOPATIAS
EM
PACIENTES-
POSITIVOS
AO
VÍRUS
DA
IMUNODEFICIÊNCIA
HUMANA: AVALIAÇÃO
DE
TÉCNICAS
DlAGNÓSTICAS", ocasiãoem
que foram emitidos os seguintes conceitos pela Banca Examinadora:NOME
CONCEITO
Prof. Mário Sérgio S.A. Coutinho «
A
1?
Prof. Carlos Cézar Fritsher
L
Prof. Emílio Pizzichini
A
Í.
Prof. Artur Smânia Júnior
CONCEITO
FINAL:/4
Florianópolis, 23 de outubro de 1998.
/
M'
.sf
./19Ifá
Presidente da Comissão Examinadora
_,--_-z....'._.~z..¡‹,.
-‹ ›
;`
Hospital Universitário - Andar Térreo - Campus Universitário CEP 88040-970 Florianópolis - SC - Brasil
"
â
I
Mestrado
em
Ciênclas
Mcdicas
ÀTÀ
DE
DEFESA
DE
DISSERTÀÇÃO
CÀNDÍDÀTÀI
ROSEMERI
MÀURÍCÍ
DÁ
SILVÀA
partir das nove horas e trinta minutos do dia vinte e três de outubro demil novecentos e noventa e oito, no Anfiteatro do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, a Comissão Examinadora, constituida pelos Professores Mário Sérgio Soares de Azeredo Coutinho, Carlos Cézar Fritsher, Emílio Pizzichini, Artur
Smânia Júnior e Antônio César Cavallazzi
como
suplente, procedeu aoexame
daDissertação de Mestrado apresentada pela Dra.
ROSEMERI
MAURICIDA
SILVA,intitulada
"PNEUMOPATIAS
EM
PACIENTES POSITIVOS
AO
VÍRUS
DA
IMUNODEFICIÊNCIA
HUMANA: AVALIAÇÃO DE TÉCNICAS
DIAGNÓSTICAS".
Apósexplanação feita pela candidata, a
mesma
foi argüida pela Comissão Examinadora, nos termos da Resolução “010/CUn/97 e Regimento lntemo do Curso de Pós-Graduaçãoem
Ciências Médicas.A
aprovação, no entanto, ficou condicionada à apresentação de nova versão da Dissertação, dentro do prazo de trinta dias a contar da presente data,contendo as modificações exigidas pela Comissão Examinadora.
A
nova versão deveráser referendada pelo Professsor-Orientador.
NOME:
ASI VU
CONCEITO
Prof. Mário Sérgio S.A. Coutinho ... ._ _ ...
Prof. Carlos Cézar Fritsher ... ...
Prof.
Emmo
Pazziomni ....~__""'
...Prof. Artur
smâma
Júnior .... ...CONCEITO
FINAL: ... ... ..Florianópolis, 23 de
7ubro
de 1998.ÂÓLw‹Á\
.Presidente da Comissão Examinadora
z
.
.-..>.-o....z.~›~‹«-.
Hospital Universitário - Andar Térreo - Campus CEP 88040-970 F7oriano'polis - SC - Brasil
CURSO DE
MESTRADO
EM
CIÊNCIAS
MÉDICAS
'
1 .›
ROSEMERI MAURICI
DA
SILVA
. _, 01v
PNEUMOPATIAS
EM
PACIENTES
POSITIVOS
AO
VÍRUS
DA
IMUNODEFICIÊNCIA
HUMANA
Avaliação
de
técnicasde
coletapor
broncofibroscopia.'
‹
Dissertação submetida à Universidade Federal de Santa Catarina para obtenção
do
grau de Mestre
em
CiênciasMédicas
Florianópolis-SC
UNIVERSIDADE
FEDERAL
DE
SANTA CATARINA
cENTRo
DE
CIÊNCIAS
DA
SAÚDE
CURSO DE
MESTRADO
EM
CIÊNCIAS
MÉDICAS
PNEUMOPATIAS
EM
PACIENTES
POSITIVOS
AO
VÍRUS
DA
IMUNODEFICIÊN
CIA
HUMANA
Avaliação de
técnicasde
coletapor broncofibroscopia.
Dissertação apresentada ao
Curso
deMestrado
em
CiênciasMédicas da
Universidade Federal deSanta Catarina,
como
requisito parcial à obtençãodo
título de Mestreem
Ciências Médicas.Orientador: Prof. Dr.
Mário
Sérgio Soares deAzeredo
Coutinho.Co-orientadora: Profa
Dra
Márcia
MargaretMenezes
Pizzichjnni.ROSEMERI
MAURICI
DA
SILVA
Florianópolis“O
intelecto humano...secomove
mais
por afirmações
do que
por
negações.”Agradeço
especialmente aos pacientes que,no anonimato,
possibilitaram a realização deste trabalho, constituindo, sobretudo, a
AGRADECIMENTOS
Minha
gratidão a todos que contribuíram diretaou
indiretamente paraa realização deste traballio, e
em
especial aDr.
Mário
Sérgio Soaresde
Azeredo
Coutinho,meu
orientador.Seu
estímulo, compreensão, paciência e hiunildade sãomn
exemplo
a seguir.Dra.
Márcia Margaret Menezes
Pizzichinni,minha
co-orientadora, por suacobrança silenciosa e espírito científico.
Marili Vanzuita, professora de Ciências, por contribuir para a
minha
paixão pela.A .
CICIICI3.
Maria Madalena
da
Luz, pela palavra de apoio e o porto seguro nas horas dificeis desta caminhada.Sany Donald da
Silva eEunice
Anna
Maurici
da
Silva,meus
pais, por suadedicação constante.
Tânia Regina Tavares Fernandes,
secretáriado Curso
deMestrado
em
CiênciasMédicas, por seu otimismo contagiante.
Valdemar
Garcia
Filho, técnico de enfermagem, pelas horas dispensadas à realização dos exames.SUMÁRIO
Introdução ... _. Objetivo ... ._ ... ..O1 ... ..06 Palticipantes eMétodos
... ..07 Resultados ... .. Discussão ... ..Anexos
... .. Referências Bibliográficas . . . - . . . . . . . . . . › › › › . z . . . . . . . z . . . - . . . .. ... ..12 ... ..21 ... ..31 ... ..40LISTA
DE
TABELAS
Tabela
1 - Características dos participantes ... ..12Tabela
2 - Diagnósticos feitos pelo lavado broncoalveolar, escovado brônquico,biópsia
puhnonar
transbrônquica epadrão
de referência ... .. 13Tabela
3 - Distribuição dos resultadosdo
lavado broncoalveolar,em
comparação
com
opadrão
de referência ... _. 14Tabela
4 - Distribuição dos resultadosdo
escovado brônquico,em
comparação
com
opadrão
de referência ... _. 15Tabela
5 - Distribuição dos resultadosda
biópsiapulmonar
transbrônquica,em
comparação
com
opadrão
de referência ... .. 15Tabela
6 - Distribuição dos resultados da associaçãodo
escovado brônquico eda
biópsia
pulmonar
transbrônquica,em
comparação
com
opadrão
dereferência ... ..16
Tabela
7 - Distribuição dos resultados da associaçãodo
lavado broncoalveolar eda
biópsiapulmonar
transbrônquica,em
comparação
com
opadrão
de referência... ..17
Tabela
8 - Sensibilidade das técnicas utilizadas ..... 17
Tabela
9 - Concordância das técnicas utilizadas,comparadas
com
opadrão
dereferência ... ..18
Tabela
10 - Concordância das técnicascomparadas
entre si ... ..19Tabela
11 - Concordância intra-observador ..... 19
Tabela
12 - Concordância entre observadoresRESUMO
O
uso da broncofibroscopiacom
realização de lavado broncoalveolar,escovado brônquico e biópsia
pulmonar
transbrônquica destaca-secomo
método
útil
no
diagnóstico das afecções puhnonaresem
pacientes infectadoscom
o vírusda imunodeficiência
humana
(HIV). Contudo, os dados referentes à acurácia dessas técnicas são conflitantes.A
fim
de estimar a sensibilidadedo
lavado broncoalveolar, escovado brônquico e biópsiapulmonar
transbrônquicano
diagnóstico de afecçõespulmonares
em
pacientes infectadoscom
oHIV em
nosso meio,foram
estudados consecutivamente 71 pacientes, a maioriacom
sintomatologia respiratória,superior a 15 dias (58%), e alterações radiográficas
do
tipo intersticial (62%).A
sensibilidade foi calculada tomando-se
como
referênciaum
padrão-ouroconstruído, que consistiu nos resultados
combinados
das três técnicas utilizadas.As
sensibilidadesdo
lavado broncoalveolar,da
biópsiapulmonar
transbrônquica e
do
escovado brônquicoforam
de86%,
43%
e5%,
respectivamente.A
associação de lavado broncoalveolar e biópsiapuhnonar
transbrônquica atunentou a sensibilidade para
100%.
O
índice de complicações observado foi de3%.
Estes resultados
sugerem
que, nessa população: (1) a broncofibroscopiacom
realização de lavado broncoalveolar, escovado brônquico e biópsiapuhnonar
transbrônquica é procedimento seguro ecom
bom
rendimentodiagnóstico; (2) o lavado broncoalveolar foi a técnica isolada
com
maior rendimento diagnóstico, sendo que o lavado broncoalveolar e a biópsiapulmonar
transbrônquica
foram
técnicas complementares; (3) a associação de lavadobroncoalveolar isolado; e (4) o uso
do
escovado brônquico,na
seqüência utilizadaBronchoscopy
with bronchoalveolar lavage, bronchial brushand
transbronchial biopsy are useful
methods
for the diagnosis ofpulmonary
diseasesin patients infected with the
human
immunodeficiency
virus (HIV).However,
dataon
accuracy of these techniques are conflicting.In order to estimate the sensitivity of the bronchoalveolar lavage, bronchial brush
and
transbronchial biopsy inpulmonary
disease diagnosis inpatients infected with
HIV,
we
studied 71 consecutive patients,most
ofthem
withrespiratory
symptoms
up
to 15 days(58%) and
radiologic signs of interstitialinfiltrates (62%).
The
sensitivitywas
calculated taking as reference a constructed gold-standard, representedby
thesum
of all three techniques combined.Sensitivities for bronchoalveolar lavage, transbronchial biopsy
and
bronchial brush
were
86%,
43%
and
5%,
respectively.The
association ofbronchoalveolar lavage
and
transbronchial biopsy reached the sensitivity to100%,
reflectinghow
the gold-standardwas
constructed.The
complication rate of theprocedures
was
3%.
These
results suggest that, in this population: (1)bronchoscopy
withbronchoalveolar lavage, bronchial brush
and
transbronchial biopsy are secureprocedures with
good
diagnosisperfomance;
(2) bronchoalveolar lavage alonehas reached the highest sensitivity, whereas both bronchoalveolar lavage
and
transbronchial biopsy can
be
consideredcomplementary
techniques; (3) theassociation of bronchoalveolar lavage
and
transbronchial biopsy performed better than bronchoalveolar lavage alone;and
(4) the use of bronchial brush, in thesequence used in this protocol, did not have any influence
on
the diagnosisINTRODUÇÃO
Em
1981 0 Center for Disease Control(CDC-
Atlanta -EUA)
recebeu os primeiros relatos de casos depneumonia
causada por Pneumocystiscarinii
em
homossexuais masculinos.O
surgimento dessa doença, associadocom
o
aumento do número
de casos desarcoma
de Kaposi,além do
isolamento de patógenos intestinaisincomuns
nestamesma
categoria de pacientes, alertaram osclínicos para a presença de
nova
entidade, que seriadenominada
síndromeda
imunodeficiência adquirida
(AIDS)
1.A
partir das primeiras descrições deAIDS,
onúmero
de casos relatadosaumentou
rapidamente 2.Segundo
projeções da OrganizaçãoMundial
da
Saúde, durante a década de90
ocorrerão dez vezes mais casos deAIDS
do
que
em
toda a década de 80 3.No
Brasil, esta tendência mostrou-se similar,com
526
casos deAIDS
relatadosem
1985 e 19.378 casos relatadosem
1997
4.A
AIDS
é causada pelo vírus da imunodeficiênciahumana
(HIV),um
retrovírus que infecta principalmente linfócitosCD4+
(LT4)ou
linfócitos-auxiliares (helper cells), e macrófagos. Tal infecção acarreta diminuição
progressiva
do
níunero eda
função dosLT4,
com
consequentecomprometimento
da
imunidade celular, o quetoma
o indivíduo susceptível auma
série de infecções oportunistas e processos neoplásicos 3' 5, 6* 7. Estas sãoas causas mais importantes
de morbimortalidade
em
pacientes infectados peloHIV.
A
maior parte das infecções e neoplasiasno
portadordo
vírus apresenta-secomo
afecçõespulmonares, as quais acarretam grande impacto na sobrevida e
na
qualidade devida. Estima-se que,
em 65%
dos pacientes infectados peloHIV,
o acometimentodesses indivíduos
tenham alguma
manifestaçãopuhnonar no
cursoda doença
5.Existe grande variabilidade
na
incidência das afecções pulmonares, relatadas pordiferentes autores. Por exemplo: avaliando 1067 pacientes
com
AIDS, Murray
e colaboradores 8 observaram que41%
destes apresentaram problemas pulmonares.Stover e colaboradores 9,
no
período de quatro anos de observação de 130pacientes
com
AIDS,
descreveram que47%
destes pacientes apresentaramafecções puhnonares.
As
manifestações puhnonares dos pacientescom
AIDS
são encontradasem
todos os estágiosda
doença, eenglobam
causas infecciosas e não-infecciosas 3.O
espectro clínico das pneumopatias é muito semelhante paraos diferentes agentes etiológicos, o que dificulta
em
muito o diagnóstico baseado somenteem
sinais e sintomas 1° `13. Por este motivo, aconfirmação
diagnóstica éfeita mediante isolamento
do
agente etiológico, o que raramente é conseguidoatravés de técnicas de coleta não-invasivas 14* 15.
A
necessidade de tratamento específico das inúmeras causas de doenças puhnonares quepodem
acometer o paciente portadordo
vírus, justifica o uso de técnicas invasivas para o seu diagnóstico.Além
disso, o tratamento empíricopode
resultarem
perdada
oportunidade diagnóstica e,conseqüentemente,
da
possibilidade de tratamento efetivo, influindona
morbimortalidade e
na
qualidade de vida destes pacientes 16.Em
adição, amultiplicidade de agentes etiológicos detenninantes de pnetunopatias, muitas
vezes
com
associações de microorganismos, fazdo
diagnóstico etiológico corretoum
elemento insubstituívelem
tennos de prognóstico 17.Dentre as técnicas de coleta invasivas utilizadas
no
diagnóstico daspneumopatias de pacientes
com
AIDS,
destacam-se a broncofibroscopiacom
transbrônquica, e a biópsia
pulmonar
a céu aberto 18.Cada
uma
destas técnicasapresenta vantagens e desvantagens.
Além
disso, os dados relatadosna
literaturaquanto a sua acurácia são conflitantes.
2
Rosen
e colaboradores 19, por exemplo,defendem
o usoda
broncofibroscopia
como
o primeirométodo
diagnóstico invasivo para a avaliaçãode complicações pulmonares
na
AIDS,
por sua efetividade e índice relativamente baixo de complicações. Orenstein e colaboradores 2° relatam que o lavado broncoalveolar apresenta positividade de85%
para todos os patógenos,podendo
aumentar para
98%
se adoença
estudada for somente apneumonia
por P. carinii.Já a sensibilidade
do
escovado brônquico eda
biópsiapuhnonar
transbrônquica, reportada por estesmesmos
autores 2°, foi de42%
e74%,
respectivamente.Por
outro lado, outros autores 21' 22 acreditam que a biópsiapuhnonar
transbrônquicanão
contribui apreciavehnente para o diagnóstico; portanto, seu usonão
seriajustificado, especialmente se analisado seu alto índice de complicações.
Todas
estas técnicas, segundo
Baughmann
23, seriam complementares entre si, apesar deum
ou
outro procedimento mostrar-se superior para determinadas afecções.Resultados encontrados por Satué e colaboradores 24
confirmam
quea broncofibroscopia
com
lavado broncoalveolar e biópsiapuhnonar
transbrônquica é
uma
técnica segura,com
sensibilidade global de82%
e especificidade de85%,
para o diagnóstico de afecções pulmonaresem
pacientescom
AIDS.
Da mesma
maneira, consenso de 1984 25 revelou quehá
controvérsias a respeitoda
melhorabordagem
para o diagnóstico de pneumopatiasem
pacientesimunossuprimidos, e sugere que a broncofibroscopia,
com
lavado broncoalveolar e biópsiapuhnonar
transbrônquica, seriaum
procedimento seguro ecom
bom
O
escovado brônquico é considerado técnica depouco
valor diagnóstico por alguns autores 26 ' 28. Já Finley e colaboradores 29,demonstraram
contribuição substancial deste método. Resultados similares
foram
descritos porHartmann
e colaboradores 3°.Contudo, sabe-se que técnicas envolvendo broncofibroscopia
não
são totahnente isentas de risco, o quetoma
obrigatória a definiçãodo método
a ser utilizado 31 ' 33.A
biópsiapuhnonar
transbrônquica é a técnica que introduz maiormorbidade
e mortalidade,com
índice depneumotórax
em
tomo
de5%,
ecomplicações hemorrágicas
em
tomo
de4%.
O
risco de hemorragia nos imunossuprimidospode
aumentar até25%
34.A
incidência de complicaçõessérias na broncofibroscopia,
sem
a realização de biópsiapulmonar
transbrônquica, é muito baixa, estandoem
tomo
de0,1%
35.O
lavado broncoalveolarpode
estarassociado a complicações
como
a hipoxemia,embora
seja procedimentorelativamente seguro,
mesmo
em
pacientescom
diáteses hemorrágicas 36.Até
outubro de 1997,4193
casos deAIDS
foram
notificadosno
Estado de Santa Catarina 37.
O
HospitalNereu
Ramos,
em
Florianópolis, é o centro de referência paramanuseio
de tais casos, atendendoaproximadamente
70%
da
demanda
de todo o Estado.Nesta
instituição, o tratamento de afecçõespulmonares dos pacientes infectados
com
oHIV
é realizado,na
maioria das vezes, de maneira empírica.Além
disso, as técnicas diagnósticasnão
estão padronizadas. ** Comunicação pessoal feita pela Dra.
Ivete Ioshiko Masukawa, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital
Como
os resultadosdo
tratamento desses pacientes, e sua sobrevida,dependem
do
correto diagnóstico dos agentes etiológicos,propusemos
realizar, neste centrode referência, estudo sobre a acurácia das técnicas diagnósticas das afecções
pulmonares que
ocorrem
em
pacientes infectadoscom
o I-IIV.Neste
estudo,examinamos
a sensibilidadedo
lavado broncoalveolar,do
escovado brônquico eda
biópsiapuhnonar
transbrônquica, tanto utilizados isoladamente, quantoem
associação. Adicionalmente, descrevemos os agentes etiológicos e a freqüência das pneurnopatias diagnosticadas por essas técnicas.
OBJETIVO
Estimar a sensibilidade
do
lavado broncoalveolar,do
escovadobrônquico, e
da
biópsiapuhnonar
transbrônquica,no
diagnóstico de afecçõesPART1cn>ANTEs
E
MÉTODOS
No
período de 1° de janeiro de 1996 a 1° de janeiro de 1998,foram
avaliados todos os pacientes
com
idade superior a 14 anos, infectados peloHIV,
atendidos
no
HospitalNereu
Ramos
(Florianópolis-SC).Foram
incluídosno
estudo aqueles indivíduos que apresentavam manifestações clínicas
do
aparelho respiratório há pelomenos
7 dias, associadasou não
a sinais radiológicos deafecção puhnonar.
Também
foram incluídos aqueles indivíduos assintomáticosdo
ponto de vista respiratório,
mas
que apresentavam alterações radiológicaspuhnonares.
Os
critérios de exclusãoforam
os seguintes: a) tratamento empíricopara a condição
puhnonar
por mais deuma
semana; b) uso de tratamento profilático para tuberculose e/oupneumonia
por P. carinii; c) caquexia ecomprometimento
extremodo
estado geral, refletidos porum
índice deKamofski
entre
20
e30 (Anexo
1); d) alterações da consciência (obnubilaçãoou
coma); e)alterações
da
coagulação (atividade protrombínica<
60%
e/outempo
detromboplastina parcial ativada
>
40
segundosou número
de plaquetas inferior a50.000/mm3); Í) pressão parcial de oxigênio
<
80mmHg,
usando
oxigênio viacatéter nasal (2 l/minuto) 35' 38* 39.
Todos
os pacientes quepreencheram
os critérios de inclusãoforam
convidados a participar, sendo orientados quanto ao estudo e ao
método
diagnóstico, e todos assinaram
um
consentimento informado(Anexo
2).Após
talprocedimento, os pacientes foram admitidos
na
unidade hospitalar, submetidos a avaliação clínico-laboratorial e cadastradosem
ficha
de inclusão(Anexo
3).escovado brônquico e biópsia
pulmonar
transbrônquica.O
protocolo foi aprovadopela
Comissão
de Éticado
HospitalNereu
Ramos
(Anexo
4).Métodos
Clínicos e LaboratoriaisA
observação clínica consistiu: a)do
registroda
presença de sinaise/ou sintomas respiratórios por
meio
de questionário estruturado; b) da avaliaçãodo
estadiamentoda doença
e; c)do
Índice de Kamofski.Os
sinais e/ou sintomas respiratórios pesquisados foram: a tosse (produtivaou
irnprodutiva), dispnéia e estertores crepitantesou
subcrepitantes localizados à ausculta puhnonar.O
estadiamento
da doença
foi feitocom
base nos critériosdo
CDC
(Anexo
5) 7.Posterionnente, os participantes realizaram
exames
laboratoriais, que incluíramtempo
de atividade protrombínica,tempo
de tromboplastina parcial ativada,contagem
de plaquetas, gasometria arterial econtagem
de linfócitosCD4+.
A
gasometria arterial foi realizada iniciahnente
em
ar ambiente.Quando
a pressão parcial de oxigênio foi igualou
inferior a60
mmHg,
a gasometria foi repetidacom
o paciente
usando
oxigênio via catéter nasal,com
fluxo
de 2 l/min.Broncofibroscopia
A
broncofibroscopiacom
realização de lavado broncoalveolar,escovado brônquico e biópsia
pulmonar
transbrônquica foi executada utilizando- se broncofibroscópiomarca
FuginonYL2®
ou
PentaxBF-30®,
ambos
com
diâmetro de 2,6
mm.
Todas
as broncofibroscopias foram realizadasobedecendo
a seguinte técnica deexame
32: apósjejmn
de 12 horas, o paciente recebeuorientação pré-exame,
com
esclarecimento sobre a técnica e possíveis complicações. Foi então colocadoem
decúbito dorsal e recebeu oxigênio via catéter nasal,com
fluxo
de 2 l/min.A
seguir, procedeu-se a anestesia localcom
lidocaína geléia a
4%
aplicada nas narinas e lidocaína spray a10%
aplicadana
orofaringe, seguida de gargarejo e deglutição.
O
broncofibroscópio foi introduzidopor via transnasal, preferencialmente, e,
em
caso de dificuldade, por via transoral.O
procedimento prosseguiucom
a anestesia das cordas vocais,com
2ml
delidocaína a
1%
sem
Vasoconstrictor, e verificação da sua mobilidade pormanobras
de fonação, após a qual realizou-se anestesiada
carina traquealcom
2ml
de lidocaína a1%
sem
vasoconstrictor. Foi feita a inspeção bilateralda
árvore respiratória e anestesiacom
2ml
de lidocaína a1%
sem
Vasoconstrictor, se necessário.Nesse momento,
realizou-se a trocado
firasco coletor, seguidado
lavado broncoalveolar, após encravamento
do
broncofibroscópioem
subsegmento
brônquico (onde houvesse maior alteração radiológica;
ou no
lobomédio ou
língula, se o
exame
radiológico fosse normal).O
lavado broncoalveolar foi feitopor instilação de solução salina a 0,9%,
em
alíquotas de20
ml, por cinco vezes, e aspiração até recuperação de 50 a75%
do volume
instilado.Após
esta fase,novamente
procedeu-se à trocado
frasco coletor, seguidada
realização de escovado brônquico.Com
o materialforam
feitos 3 esfregaços, sendo as lâminascolocadas
em
frasco apropriadocom
álcool a 90°.Após
o escovado brônquico,foram obtidas 3 amostras de tecido
puhnonar
por biópsiapuhnonar
transbrônquica, realizada
com
pinça de biópsia padrãonúmero
9. Concluídos osprocedimentos de retirada de material, foi feita a inspeção
do
campo
pós-biópsia, retirando-se a seguir o broncofibroscópio.Quatro horas após a broncofibroscopia,foi realizado
exame
radiográficodo
tórax para diagnóstico de eventuais complicações, especialmente o pneumotórax.Também
foram monitoradas outras potenciais complicações,como
hemorragia e insuficiência respiratória.O
fluidodo
lavado broncoalveolar foi divididoem
duas partes, as quaisforam
encaminhadas, respectivamente, ao Laboratório de Análises Clínicas e ao Serviço deAnatomia
Patológica dentro de,no máximo,
2 horasapós
arealização
da
broncofibroscopia.O
exame
desse material foi feitocom
desconhecimento das características clínicas
do
paciente, exceto sua condição deHIV
positivo.No
Laboratório de Análises Clínicas, a amostrado
lavado broncoalveolar foi centrifugada durante 10 minutos, a 2.500 rpm, seguindo-se aconfecção de
4
esfregaçosem
lâmina.Foram
feitas colorações de Zihel-Nielsen para pesquisa de bacilos álcool-ácido resistentes;Giemsa
para pesquisa de P. carínii, citomegalovírus e parasitas; lâmina a frescocom
hidróxido de potássio, para pesquisa de fungos; e bacterioscopia pelométodo
deGram
para pesquisa debactérias.
Ainda
foram realizadas culturas para fungos, bacilos álcool-ácidoresistentes, e cultura semiquantitativa para outras bactérias,
em
meios
apropriados 4° ' 43.
No
Serviço deAnatomia
Patológica, após centrifugaçãodo
fluidodo
lavado broncoalveolar por 10 minutos, a 2.500 rpm,
foram
feitos 6 esfregaçosem
lâminas, que foram coradas pela técnica de Zihel-Nielsen para pesquisa de bacilos álcool-ácido resistentes;Groccot
para pesquisa de P. carinii e outros fungos; e hematoxilina-eosina, para pesquisa de células neoplásicas e citomegalovírus,num
total de 2 lâminas para cada coloração 4° ` 43.
Processamento
do
escovado brônquico eda
biópsiapulmonar
transbrônquicaAs
lâminasdo
material obtido pelo escovado brônquico e asServiço de
Anatomia
Patológica após a coloração pelosmétodos
de Zihel- Nielsen,Groccot
,Gram,
e Hematoxilina-Eosina4° `43.
Confirmados
os resultados, ao fnaldo
estudoforam
sorteados 12 casos para reanálise pelomesmo
patologista, a fun de se estimar a variabilidade intra-observador.O
mesmo
material foiexaminado
porum
segundo patologista, para estimar a variabilidade entre observadores 44' 45.Análise estatística
As
variáveisdemográficas
e laboratoriaisforam
sumarizadascomo
percentagemou média quando
apropriado (Tabela 1). Foi determinada asensibilidade das técnicas diagnósticas utilizadas, isoladamente,
ou
em
combinação, para o diagnóstico etiológico das pneumopatias 44' 45.
Devido
à inexistência deum
padrão-ouro universahnente aceito para o diagnóstico etiológico das afecções pulmonaresem
pacientescom
AIDS,
optamos
por utilizarmn
padrão-ouro construído, quedenominamos padrão
de
referência. Assim, opadrão
de referência foi considerado positivo, quando,em
pelomenos
um
dos 3testes realizados, fosse identificado
um
agente rnicrobianoou
uma
alteração anátomo-patológica. Desta forma, construiu-seum
critério de anormalidadecom
base nos resultadoscombinados
das três técnicas diagnósticas.O
índice de concordânciaKappa
das técnicas utilizadas,isoladamente
ou
em
associação,foi calculadoem
relação aopadrão
de referência, e para as técnicas entre si.Também
foi estimado o índice de concordânciaKappa
para concordância intra-observador e entre observadores 44' 45.
Os
valores deRESULTADOS
Setenta e oito pacientes
preencheram
os critérios de inclusão eassinaram o consentimento informado.
Um
paciente foi excluído pornão
colaboração
no
momento
do
exame
de broncofibroscopia, e 6 pacientes porapresentar coagulopatia.
As
características clínicas dos pacientes incluídosno
estudo estão descritasna
tabela abaixo (Tabela 1).Tabela
1 - Características dos participantesn (%)
Idade
em
anos *Sexo masculino
Cor
branca SintomáticosDuração dos sintomas 37 - 15 dias
>
1:5 dias Estadiamento PortadorAIDS
Contagem de linfócito sT
CD4+
35,1 (1s,45) 60 (ss) 63 (89) 66 (93) 25 (38) 41 (62) 12 (17) 59 (83)<
200 células/mma 45 (63)>
200 células/mm3 26 (37) Índice de Kzmofski * 7o (5o,9o) *Média
(mínimo,máximo) n=
71Também
analisamos as radiografias de tórax dos 71 participantes.difuso (62%), seguido pelo padrão alveolar (18%).
Nenhuma
alteraçãoradiográfica foi observada
em
10%
dos participantes.A
distribuição dos diagnósticos feitos pelo lavado broncoalveolar,escovado brônquico, biópsia
puhnonar
transbrônquica e pelopadrão
dereferência encontra-se descrita
na
Tabela
2.Tabela
2 - Diagnósticos feitos pelolavado
broncoalveolar,escovado
brônqui-co, biópsia
pulmonar
transbrônquica epadrão
de
referência` Diagnóstico
LBA
EB
BPTB
PR
ll Il ll ll Mtuberculosis 16 1 4 16 - 2 - 8 1 1 10 Outros fungos 6 1 2 7 M. avíum-intracellulare 2 - Outras bactérias 9 - P. carinii 8 1 Citomegalovírus 2 Parasitas 1PINE
- PIL - Associações 4 2 3 2 3 1 3 1 5 Total 48/71 3/71 24/71 56/71LBA=Iavado
broneoalveolarEB
=
escovado brônquicoBPTB
=
biópsia pulmonar transbrônquicaPR
=
padrão de referênciaPIL
=
pneumonite intersticial linfocitáriaM
tuberculosis foi identificadoem
16 casos, sendo queem
8 deles odiagnóstico foi estabelecido apenas por cultura da micobactéria.
Pneumotórax
ocorreuem
apenas 2 casos (3%),sem
necessidade de drenagem.Pelo
menos
uma
das técnicas diagnósticas foi positivaem
56 pacientes (79%).Nenhuma
das técnicas foi positivaem
15 pacientes (21%).O
lavado broncoalveolar foi positivoem
48
casos (68%), assim, a sensibilidadedo
lavado broncoalveolar foi de86%.
A
relação dos resultadosdo
lavado broncoalveolar
em
comparação
com
opadrão
de referência encontra-sedemonstrada
na
Tabela
3.Tabela 3
- Distribuição dos resultadosdo
lavado
broncoalveolarem
comparação
com
opadrão
de
referênciaLavado broncoalveolar Padrão de referência Padrão de referência Total
positivo negativo
Positivo 48 O0 48
Negativo 08 15 23
Total 56 15 71
O
escovado brônquico foi positivoem
apenas 3 casos (4%), e sua sensibilidade foi de5%.
A
comparação
dos resultadosdo
escovado brônquicoTabela 4
-Distribuição dos resultadosdo
escovado brônquico
em
comparação
com
opadrão
de
referênciaEscovado brônquico Padrão de referência Padrão de referência Total
positivo negativo
Positivo 03 00 03
Negativo 53 15 68
Total 56 15 71
A
biópsiapuhnonar
transbrônquica foi diagnósticaem
24
casos(34%).
Em
um
caso a amostra não foi representativado parênquima
puhnonar.A
sensibilidade desta técnica foi de
43%.
A
relação dos resultados da biópsiapuhnonar
transbrônquicaem
comparação
com
opadrão
de referência encontra-sedemonstrada
na
Tabela
5.Tabela
5 -Distribuição dos resultadosda
biópsiapulmonar
transbrônquica
em
comparação
com
opadrão
de
referênciaBiópsia pulmonar Padrão de referência Padrão de referência Total transbrônquica positivo negativo
Positivo 24 00 24
Negativo 32 15 47
A
associação dos resultadosdo
lavado broncoalveolar edo
escovadobrônquico apresentou resultados idênticos aos
do
lavado broncoalveolar isolado.A
associação dos resultadosdo
escovado brônquico e da biópsiapuhnonar
transbrônquicademonstrou
resultados positivosem
25 casos (35%). a sensibilidade desta associação foi de45%.
A
relação dos resultadosda
associação
do
escovado brônquico e da biópsiapulmonar
transbrônquica,em
comparação
com
opadrão
de referência, está demonstrada naTabela
6.Tabela
6 - Distribuição dos resultadosda
associaçãodo
escovado brônquico
e
da
biópsiapulmonar
transbrônquica
(BPTB),
em
comparação
com
0
padrão
de
referênciaEscovado brônquico + Padrão de referência Padrão de referência Total
BPTB
positivo negativoPositivo 25 O0 25
Negativo 3 1 l 5 46
Total 56 l5 71
A
associação dos resultadosdo
lavado broncoalveolar eda
biópsiapuhnonar
transbrônquica mostrou resultados positivosem
56
casos (79%).A
sensibilidade
da
associação dos resultadosdo
lavado broncoalveolar eda
biópsiapulmonar
transbrônquica foi de100%,
sendo,em
síntese, o própriopadrão
de
referência, urna vez que o escovado brônquico
não
contribuiu para o construto deste estudo.A
relação dos resultados da associaçãodo
lavado broncoalveolar eda
biópsiapulmonar
transbrônquica,em
comparação
com
opadrão
de referência, encontra-se demonstrada naTabela
7.Tabela
7-Distribuição dos resultadosda
associaçãodo
lavado
broncoalveolare
da
biópsiapulmonar
transbrônquica(BPTB),
em
comparação
com
o
padrão
de
referênciaLavado broncoalveolar + Padrão de referência Padrão de referência Total
BPTB
positivo negativoPositivo 56 00 56
Negativo 00 15 15
Total 56 15 71
A
sensibilidade das técnicas diagnósticas empregadas, isoladas ecombinadamente, está apresentada
na
Tabela
8.Tabela 8
- Sensibilidadedas
técnicas utilizadasTécnica Sensibilidade (%)
Padrão de referência 100 Lavado broncoalveolar
+
Biópsia puhnonar transbrônquica 100Lavado broncoalveolar 86
Lavado broncoalveolar
+
Escovado brônquico 86 Escovado brônquico+
Biópsia puhnonar transbrônquica 45Biópsia pulmonar transbrônquica 43
A
Tabela
9resume
os achadosem
termos de concordância entre as técnicas utilizadas e opadrão
de referência.Tabela
9 -Concordância
entre as técnicas utilizadas,comparadas
com
o
padrão
de
referênciaTécnicas * Concordância
Kappa
LBA+BPTB
1 1LBA
0,89 0,72LBA+EB
0,89 0,72BPTB+EB
0,56 0,25BPTB
0,55 0,24EB
0,25 0,02*
LBA
= lavado broncoalveolarEB
= escovado brônquicoBPTB
= biópsia pulmonar transbrônquicaA
concordância foi total entre a associação de lavado broncoalveolarcom
biópsiapulmonar
transbrônquica e opadrão
de referência, seguida pelo lavado broncoalveolar isolado, e a associação de lavado broncoalveolar eescovado brônquico.
Os
demais índices não indicaramboa
concordância,em
comparação
com
opadrão
de referência(Kappa
<
0,6). Já entre as técnicasisoladas
não houve boa
concordância, sendo que o lavado broncoalveolar,em
comparação
com
a biópsiapuhnonar
transbrônquica, apresentou índice de concordânciaKappa =
-0,01 (Tabela 10).Tabela
10 -Concordância das
técnicascomparadas
entre siTécnicas* Concordância
Kappa
LBA
x
BPTB
0,44 - 0,01LBA
x
EB
0,37 0,04EB
x
BPTB
0,68 0,08*
LBA
= lavado broncoalveolarEB
= escovado brônquicoBPTB
= biópsia pulmonar transbrônquicaA
adiçãodo
escovado brônquico a qualqueruma
das técnicasnão
alterou os resultados encontrados.
Avaliando-se a concordância intra-observador e entre observadores,
após seleção aleatória de 12 casos, observou-se para
ambos
inn índice de concordânciaKappa
=
0,8, consideradobom;
apenasum
resultado discordante foiencontrado
em
cada categoria estudada.As
Tabelas
ll e 12mostram
osnúmeros
da
análise de concordância intra e entre observadores.Tabela
11 -Concordância
intra-observadorSegunda observação
Primeira observação positiva negativa Total
Positiva 08 01 09
Negativa 00 03 03
Total 08 04 12
Observador2
Observador 1 positivo negativo Total
Positivo 08 01 Negativo 00 03 09 03 Total O8 04 12
K=0,8
D1scUssÃo
Os
resultados deste estudodemonstram
que o usodo
exame
do
fluido obtido por lavado broncoalveolar foi o
método
isolado mais sensível para odiagnóstico etiológico de afecções pulmonares
em
pacientescom
AIDS.
A
associação de lavado broncoalveolarcom
biópsiapuhnonar
transbrônquica apresentou maior sensibilidadedo
que as duas técnicas isoladas.O
escovadobrônquico
não
contribuiu substanciahnente para o diagnóstico de pneumopatiasneste grupo de pacientes. ~
Nossos
achadosconfnmam
observações publicadasna
literatura, eestendem
sua relevância por representaremuma
realidade local. Isto é importanteporque demonstra que,
embora
invasivo, oexame
do
fluido obtido por lavado broncoalveolar émétodo
acurado para diagnosticar afecções puhnonaresem
pacientes
com
AIDS,
em
nosso meio.Os
resultados deste estudopodem
ser considerados relevantes porvários motivos. Primeiro: o uso de amostra representativa de situação
comum
aos pacientes infectadoscom
oHIV, composta
por grupo de 71 pacientes, a maioriacom
sintomatologia respiratória superior a 15 dias, ecom
alterações radiográficasdo
tipo intersticial; nos quaisnenhum
diagnósticopôde
ser feito pormétodos
não-invasivos.
Segimdo: o uso de
um
padrão-ouro construído, utilizando acombinação
dos resultados dos 3 testes, sendo quequando
um
ou
mais fossepositivo, teríamos
um
verdadeiro-positivo, equando
todosfossem
negativos, teríamosum
verdadeiro-negativo.Como
a positividade dos testes estavaobservadas por
métodos
anatomopatológicos, sua detecção, associada às alterações radiográficas e/ou clínicas confirmaria a presença de pneumopatia.O
padrão-ouro constnuído éopção
paraquando não
se dispõe de padrão-ourouniversalmente aceito 44' 46.
Para minimizar os resultados falso-negativos, restaria a possibilidade de realizar biópsia
pulmonar
a céu abertoou
necrópsia.A
biópsiapulmonar
a céu aberto, contudo, seria reservada somente aos pacientes cujo diagnósticonão
fosse feito pela broncofibroscopia.Além
disso, segundo Nishio e colaboradores 49, esta técnica resulta diagnósticaem
55 a65%
dos casos; cifias estas quenão
acolocam
como
padrão-ouroem
relação à broncofibroscopiacom
lavado broncoalveolar, escovado brônquico e biópsia
puhnonar
transbrônquica,que
alcançam
o diagnósticoem
até 80 a90%
dos casos.Convém
ressaltar ainda a necessidade de anestesia geral e tubo de toracostomia,além do
potencial paracomplicações operatórias 49. Já a possibilidade de realização de necrópsia
como
padrão-ouro introduziriaum
viés, por excluir os pacientescom
doença puhnonar
de
menor
gravidade,ou
seja, aqueles quenão
evoluíssem para o óbito. Istoselecionaria
um
grupo particularmente grave de pacientes, o que iria contra osobjetivos
do
estudo.I
Terceiro: a possibilidade de contaminação foi grandemente
minímizada pela troca
do
frasco coletor,ficando o
conteúdodo
lavado broncoalveolar restrito às vias aéreas inferiores.Da
mesma
forma,no
caso dedoença puhnonar
de etiologia bacteriana, o uso de cultura semiquantitativa, que se correlaciona muitobem com
o diagnóstico depneumonia
bacteriana,minimizou
a possibilidade de contaminação 5°.Finahneznte, a metodologia
empregada
analisou as 3 técnicas,necessidade
ou não
de sua associação. Estes aspectos são importantesdo
ponto de vista de custos e de riscosdo
procedimento, eda
melhor estratégia diagnóstica a serempregada
em
pacientes infectadoscom
oHIV
epneumopatia
de etiologia a esclarecer.O
rendimento das técnicaspode
ser afetado poruma
série de fatores,que serão abordados para cada técnica
em
separado. Destes, o padrãoradiológico, que poderia influenciar o rendimento das três técnicas,
segtmdo
Nishio e colaboradores 49,
não
altera o seu rendimento.O
padrão
de referência resultouem
diagnóstico etiológicoou
anatômico
em 79%
dos casos. Satué e colaboradores 24 encontraramno
seu estudouma
sensibilidade global de82%
para a broncofibroscopiacom
realizaçãode lavado broncoalveolar, escovado brônquico e biópsia
puhnonar
transbrônquica. Já a perda de diagnósticopode
variar de 10 a29%
25' 51. Esta variabilidade entre os diferentes estudospode
ser explicada,em
parte, pelosmétodos
utilizados paradetectar o agente etiológico,
como,
por exemplo, o uso de culturas de tecido obtido por biópsia, imunofluorescência,ou
PCR,
o queaumenta
a sensibilidade.A
sensibilidade para citomegalovírus, por exemplo, melhoracom
o uso deanticorpos monoclonais específicos e de culturas virais 24.
Em
comparação
com
as colorações citológicas que apresentam,
em
média, sensibilidade de76%
para P. caríníí, aPCR
apresenta sensibilidade de100%,
em
estudo de Fritsher 52. Tais métodos, entretanto, ainda não são utilizados de fonna rotineirana
avaliação dospacientes,
em
virtude dos elevados custos para obter os resultados 4° `43.Alta sensibilidade
do
lavado broncoalveolarem
pacientesimunocomprometidos
já foi descrita por Pisani e colaboradores 53,demonstrando
que a técnica apresenta sensibilidade de82%,
rendimento este que, segundo os autores,aumenta quando
são analisados somente os pacientescom
AIDS.
A
sensibilidade
do
lavado broncoalveolarno
diagnóstico de afecções puhnonares depacientes infectados
com
oHIV
varia entre58%
e86%
em
diversos estudos relatadosna
literatura 2°* 21' 54 ' 57. Estudos isolados,como
o deWeinberg
e colaboradores 13,apontam
sensibilidade tão baixa quanto14%
para esta técnica.Em
nosso estudo, realizamos o lavado broncoalveolarem
um
únicosegmento pulmonar,
com
baseem
estudo de Grebski e colaboradores 58, segtmdo o qual aperformance
deste procedimentonão
aumenta quando
realizadoem
mais deum
segmento
puhnonar.Atualmente aceita-se que lavado broncoalveolar
como
técnica simples e efetiva, quepode
ser diagnóstica para P. carinii,bem
como
para outras infecções oportunistasem
pacientescom AIDS
2°. Esta técnica apresenta as seguintes vantagens: realização mais rápidado
que a biópsiapulmonar
transbrônquica;
não
causa hemorragia, e não apresenta opneumotórax
como
complicação potencial 59.
Apesar
da segurança,em
pacientes criticamente enfermos o lavado broncoalveolarpode
causar exacerbações de falência respiratória 36.Convém
lembrar, ainda, que o lavado broncoalveolar éuma
técnicacom
sensibilidade variável de acordocom
os agentes etiológicos,ficando
seu maior rendimento para os patógenos queocupam
o espaço alveolar, epodendo
a variação da sensibilidade ser relacionada à diferente prevalência dos agentes etiológicos nas populações estudadas 23.No
presente estudobuscamos
determinara sensibilidade para os patógenos e alterações anátomo-patológicas
em
conjunto,procurando assim, reproduzir
uma
estratégia diagnósticaadequada
ao nosso meio,no
que se refere à orientação terapêutica daqueles pacientes.O
escovado brônquico, neste estudo, apresentou sensibilidade de5%.
A
sensibilidadedo
escovado brônquicono
diagnóstico das afecçõesdiversos estudos relatados
na
literatura 2°' 29* 3°* 6° ' 62, cifras estasmarcadamente
superiores à encontrada pela autora. Dentre estes, destaca-se o estudo deHartmann
e colaboradores 3°, quedemonstraram
sensibilidade de64%
para o escovado brônquico, sendo queem
4
situações esta técnica foi positiva,com
biópsia
puhnonar
transbrônquica negativa.Também
Matthay
e colaboradores 62observaram que o escovado brônquico
aumentou
a sensibilidadeda
biópsiapuhnonar
transbrônquica de68
para84%,
o que levou àrecomendação
de seu usorotineiro.
Em
contrapartida,Metersky
e colaboradores 28defendem
a exclusãoda
realização
do
escovado brônquico, por estenão
contribuir apreciavehnente para odiagnóstico, opinião compartilhada por outros autores 27' 55.
Nenhum
desses autores relata a seqüênciaem
que foi realizado o lavado broncoalveolar e o escovado brônquico.Em
nosso estudo, este foi precedidoda
realizaçãodo
lavado broncoalveolar. Questionamos, então, se a realização préviado
lavado broncoalveolar poderia, pelaremoção
de células e secreções das vias aéreasinferiores, diminuir a positividade
do
escovado brônquico, realizado posteriormente. Estudos adicionais deveriam ser realizados neste sentido paraavaliar tal hipótese.
No
presente estudo, a biópsiapuhnonar
transbrônquica apresentou sensibilidade de43%.
Orenstein e colaboradores 2° relataram sensibilidade de74%
para esta técnica, cifias estas muito semelhantes às encontradas porBroaddus
e colaboradores 56 eBammann
e colaboradores 63. Já Grifliths ecolaboradores 21 observaram
56%
de sensibilidade para a biópsiapulmonar
transbrônquica. Resultados semelhantes
foram
encontrados porHartmann
e colaboradores 3°(66%)
e porBatungwanayo
e colaboradores 12 (72%).A
biópsiapuhnonar
transbrônquica está sujeita a falso-negativosrepresentativo das vias aéreas inferiores 64.
Examinando 450
biópsias puhnonarestransbrônquicas,
Andersen
65 observou queem
16%
dos casos a amostra tinha tecido insuficienteou
nenhum
tecido representativo.Em
contraste,em
nossacasuística, apenas
1,41%
das amostras apresentou tecido insuficiente, o quetoma
esta possibilidade remota
como
causada
menor
sensibilidadedo
método
encontrada
em
nosso estudo.Outra possibilidade para explicar a variação dos resultados nos
diferentes estudos, é o
número
de amostras obtidas.O
número
de amostras requeridas para o diagnóstico das doenças pulmonares aindanão
está definido para todas as pneumopatias, acreditando-se que, para a sarcoidose, o níunero ideal estejaem
tomo
de 6 fragmentos 31.No
presente estudo, obtivemos 3 amostras de cada paciente.É
possível que maiornúmero
de fragmentos pudesse aumentar a sensibilidade; porém, paralelamente, isto implicariaaumento
dosriscos de complicações inerentes ao procedimento
Uma
terceira possibilidade para explicar a discrepância dosresultados nas diferentes publicações refere-se ao uso de cultmas de tecido e
da
imunofluorescência, o que, teoricamente,
também
aumentaria a sensibilidadeda
biópsia
puhnonar
transbrônquicacomo
método
diagnóstico neste contexto 22, 24* 52.Os
resultados idênticos tantocom
o usodo
lavado broncoalveolar isoladocomo
em
associaçãocom
o escovado brônquico demonstra que estenão
influina
sensibilidade;ou
seja, o escovado brônquico póslavado broncoalveolar não revelou
nenhum
diagnóstico que o lavado broncoalveolar não tivesse feito; achados estes suportados por outros autores 27'zs
A
associação de biópsiapuhnonar
transbrônquicacom
escovado brônquico apresentou sensibilidade de45%
.em
nosso estudo, praticamenteidêntica à da biópsia
pulmonar
transbrônquica isolada,donde
se conclui que o escovado brônquiconão
contribui de maneira substancial para os diagnósticos observados. Estaafirmação
é corroborada por outros autores 26 ` 28. Já Finley ecolaboradores 29, e
Hartmann
e colaboradores 3°demonstraram
contribuição substancial deste procedimento para o diagnóstico. Esta divergênciapode
ser explorada pelosmesmos
motivos já discutidosna
análisedo
uso da técnicaisolada.
A
associaçãodo
lavado broncoalveolarcom
biópsiapuhnonar
transbrônquicano
presente estudo, resultouem
amnento da
sensibilidade.De
forma semelhante,
Hartmann
e colaboradores 3° observaram que o lavado broncoalveolaraumenta
a sensibilidade da biópsiapulmonar
transbrônquica,quando
usadoem
associaçãocom
amesma.
Também
Miller e colaboradores 14 relataramum
aumento
na sensibilidadedo
lavado broncoalveolar de88%
para94%,
quando
associado à biópsiapulmonar
transbrônquica. Talaumento
foiiguahnente verificado por
Battmgwanayo
e colaboradores 12,com
aumento da
sensibilidade
da
biópsiapuhnonar
transbrônquica de72%
para82%
quando
associada ao lavado broncoalveolar.
Murray
e colaboradores 2 observaram que olavado broncoalveolar isolado
não
é tão efetivo quanto a associação de lavado broncoalveolar e biópsiapuhnonar
transbrônquica, para o diagnóstico deinfecções oportunistas. Já
Weldon-Linne
e colaboradores 22, e Griffiths ecolaboradores 21, acreditam que a biópsia
pulmonar
transbrônquicapouco
acrescenta ao diagnóstico,
quando
combinada
ao lavado broncoalveolar.O
aumento
da sensibilidade poderia ser explicado por apresentar o lavado broncoalveolar maior sensibilidade para patógenos intra-alveolares, e a biópsiapulmonar
transbrônquica para patógenosou
doenças alojadas predominantementeesclarecer que somente a biópsia
puhnonar
transbrônquica poderia diagnosticarpneumonite intersticial não-específica, e pneumonite intersticial linfóide, afecções
não passíveis de diagnóstico por lavado broncoalveolar
nem
por escovado brônquico 2.A
associação de lavado broncoalveolar e biópsiapulmonar
transbrônquica, apresentou índice de concordância
Kappa =
1em
relação aopadrão
de referência.O
lavado broncoalveolar apresentou índice de concordânciaKappa =
0,72em
relação aopadrão
de referência. Tais resultadosmostram boa
concordância, sendo que as demaiscomparações
com
opadrão
dereferência, para técnicas isoladas
ou
em
associação,não
apresentaramboa
concordância.
O
índice de concordânciaKappa
=
-0,01, entre lavado broncoalveolar e biópsiapuhnonar
transbrônquica, corrobora aafirmação
anterionnente feita de que as técnicas são complementares.
Baughmann
23 jáchamava
a atenção para a complementaridade entre as técnicas, para odiagnóstico de muitas afecções puhnonares, achados
também
descritos porBammann
e colaboradores 63.Também
Murray
e colaboradores 27 descreveramo
lavado broncoalveolar e a biópsia
puhnonar
transbrônquicacomo
técnicascomplementares, e o escovado brônquico
como
desnecessário se as duas técnicasforem
utilizadas.A
possibilidade de resultados diferentes dos encontradosna
literaturapoderia
também
ser decorrente de viés de observação.A
concordância intra-observador e entre observadores mostrou índice de concordância
Kappa
=
0,8, oque
toma
esta possibilidade remota.A
observação de complicaçõesficou
aquém
da
relatada por outros autores, sendo observados dois casos de pneumotórax,ambos
sem
necessidade deatribuída à realização da biópsia
puhnonar
transbrônquica, varia de 0,4 a5,5%
35.Algtms
autorescomo
Andersen
e colaboradores 65 observaram14%
depneumotórax
como
complicação da biópsiapuhnonar
transbrônquica.Ao
usoda
biópsia
puhnonar
transbrônquica é imputada grande parte das complicaçõesassociadas à broncofibroscopia, fato este
não
observado pela autora.A
possibilidade de complicaçõestem
sido motivo decondenação do
uso rotineiroda
biópsia
puhnonar
transbrônquicana
investigação de pacientes infectadoscom
oHIV
e pneumopatias, conduta estanão
defensávelem
vista dos achados aqui descritos 21” 22.Nossos
resultados corroboram osdo
consenso de1984
25, que sugere que a broncofibroscopiacom
a realização de lavado broncoalveolar e biópsiapuhnonar
transbrônquica seria procedimento seguro ecom
bom
rendimentodiagnóstico.
Quanto
aos agentes etiológicos encontrados, o maiscommn
foi oM.
tuberculosis,
com
29%
dos casos, seguido pelo P. carínii,com
18%.
Estes dadossão semelhantes aos encontrados
em
outros paísesem
desenvolvimento,como
osdo
continente afiicano,onde
oM.
tuberculosis é o agente etiológico maisfreqüente,
com
incidênciaem
tomo
de22,5%
12. Estudos brasileirosdemonstram
prevalência de tuberculose
da
ordem
de41% em
pacientes infectadoscom
oHIV
13.
Nos
Estados Unidos, a incidênciada
tuberculose neste grupo de pacientes éde
aproximadamente
4%
2.Em
50%
dos casosem
que foi diagnosticadotuberculose, o
mesmo
sópode
ser feito através de culturada
micobactéria.White
e colaboradores 1°