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Proposta de Classificação do Parque Natural Regional de Almourão

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Academic year: 2021

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Proposta de Criação do Parque Natural

Regional de Almourão

Maria Francisca Moreira dos Santos

Mestrado em Ecologia e Ambiente

Departamento de Biologia

Ano 2016/2017

Orientador

Nuno Eduardo Malheiro Magalhães Esteves Formigo, Professor Auxiliar, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

Coorientador

Helena Maria Sant’Ovaia Mendes da Silva, Professora Associada, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

(2)

Todas as correções determinadas pelo júri, e só essas, foram efetuadas. O Presidente do Júri,

(3)

Dissertação submetida à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, para a obtenção do grau de Mestre em Ecologia e Ambiente, da responsabilidade do Departamento de Biologia.

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Agradecimentos

À minha mãe pela força, coragem, amor, carinho que me deu aos longo dos anos para conseguir alcançar todos os objetivos pessoais e académicos.

Ao Diogo pelo amor, carinho, paciência, ajuda e toda a dedicação que me deu não só na concretização da escrita da tese, mas ao longo da minha vida pessoal e percurso académico.

Ao professor Formigo pela amizade, carinho, ajuda, disponibilidade e ensino que me deu nos últimos 4 anos.

À professora Helena pelo carinho, disponibilidade, ensino e ajuda ao longo deste último ano.

(5)

Resumo

As áreas protegidas são fundamentais para a manutenção e conservação biológica e geológica de determinada região. A importância destas áreas é cada vez maior para preservar o património e impedir que determinadas espécies entrem em vias de extinção.

Os concelhos de Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão, sabendo da importância da diversidade biológica e geológica da região, pretendem classificar uma determinada área inserida nos dois municípios criando o Parque Natural Regional de Almourão.

Ao longo da dissertação, serão descritos os limites geográficos que se propõe para o Parque Natural Regional de Almourão e será apresentada a caracterização da área de estudo: enquadramento geográfico, clima, geologia, solo, fauna, flora, ocupação do solo e serviços de ecossistemas. Para além dos tópicos anteriormente mencionados, o ecoturismo associado à criação do Parque Natural Regional de Almourão surge como um benefício para os residentes e para os visitantes, propondo-se a criação de percursos pedestres na área de estudo.

Como conclusão da dissertação será realizada uma análise swot para avaliar todos os componentes da proposta e verificar se é viável apresentar uma proposta de classificação para a área de estudo.

Palavras-chave: áreas protegidas, serviços de ecossistemas, geologia, fauna,

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Abstract

Protected areas are essential for the biological and geological maintenance and conservation of a given region. The importance of these areas to preserve the heritage and prevent certain species from becoming extinct is increasing.

The municipalities of Proença-a-Nova and Vila Velha de Ródão, aware of the importance of the biological and geological diversity of the region, intend to classify na area shared by the two municipalities creating the Regional Natural Park of Almourão.

Throughout the dissertation, the geographical limits proposed for the Almourão Regional Natural Park and the characterization of the study area will be presented: geography, climate, geology, soil, fauna, flora, soil occupation and ecosystem services. In addition to the aforementioned topics, the ecotourism associated with the creation of the Regional Natural Park of Almourão appears as a benefit for residents and visitors, and the creation of walking paths in the study área is proposed.

To conclude the dissertation, a swot analysis will be performed, to evaluate all the components of the proposal and verify if it is feasible to sumit a classification proposal for the study area.

Key words: protected areas, ecosystem services, geology, fauna, flora,

(7)

Índice

Agradecimentos ... IV Resumo ... V Abstract ... VI Lista de Figuras ... IX Lista de Tabelas ... X Lista de Gráficos ... XI Lista de Abreviaturas ... XII

1. Introdução ... 1

1.1. Áreas Protegidas ... 1

1.2. Áreas Protegidas em Portugal ... 2

1.3. Ecoturismo ... 4

1.4. Serviços de Ecossistemas ... 5

1.5. Objetivos ... 8

2. Área de Estudo ... 9

2.1. Metodologia e Critérios adotados para a proposta de classificação ... 9

2.2. Caracterização da Área de Estudo ... 13

2.2.1. Enquadramento Geográfico ... 13 2.2.2. Clima ... 13 2.2.3. Geologia ... 17 2.2.4. Solo ... 27 2.2.5. Ocupação do Solo ... 31 2.2.6. Fauna ... 32 2.2.7. Serviços de Ecossistemas ... 43 2.2.8. Caracterização Demográfica ... 46 2.2.9. Economia ... 49

2.2.10. Ecoturismo na área de estudo ... 55

3. Fundamentos da Proposta de Classificação ... 57

(8)

4.1. Biodiversidade ... 59

4.2. Geodiversidade ... 60

4.3. Paisagem ... 61

4.4. Socioeconomia ... 61

4.5. Síntese da análise SWOT ... 62

Bibliografia ... 63

(9)

Lista de Figuras

Figura 1. Mapa da Rede Nacional de Áreas Protegidas. ... 3

Figura 2. Os serviços de ecossistemas e a sua ligação com o bem-estar humano. ... 6

Figura 3. Estrutura conceptual do Millennium Ecosystem Assessment. ... 7

Figura 4. IBA PT037 - Portas de Ródão e Vale Mourão. ... 10

Figura 5. IBA PT037 - Portas de Ródão e Vale Mourão e Parque Natural Regional de Almourão. ... 11

Figura 6. Delimitação da área de estudo nas cartas militares 290, 291, 302 e 303. ... 12

Figura 7. Região Centro de Portugal Continental. ... 13

Figura 8. Classificação Climática de Köppen Portugal Continental. ... 14

Figura 9. Temperatura do ar, normais climatológicas – Castelo Branco. ... 15

Figura 10. Precipitação, normais climatológicas – Castelo Branco. ... 16

Figura 11. Diagrama ombrotérmico de Castelo Branco. ... 16

Figura 12. Localização dos geossítios na área do Parque. ... 18

Figura 13. Excerto da carta geológica com os geossítios assinalados. ... 19

Figura 14. Buraca da Moura (esquerda) e Parede de escalada (direita). ... 21

Figura 15. Vista do miradouro do Galego: a. Orientada para ENE; b. Orientada para SSE, c. Orientada para O. ... 22

Figura 16. Vista do Miradouro de Sobral Fernando. ... 22

Figura 17. Pego do Inferno. ... 23

Figura 18. Vários pontos de interesse que podem ser observados no Corte do Caminho de Sobral Fernando – Carregais: a. Anticlinal de Albarda; b. dobras; c. icnofósseis; d. ripple marks; e. falhas; f. parede de escalada. ... 24

Figura 19. Portas de Almourão. ... 25

Figura 20. Vista do miradouro de Almeirão. ... 25

Figura 21. O Nascente. ... 26

Figura 22. Conheiras de Foz do Cobrão – Sobral Fernando. ... 26

Figura 23. Tipos de Solos em Portugal Continental... 27

Figura 24. Carta de solos de Proença-a-Nova. ... 30

Figura 25. Carta de solos de Vila Velha de Ródão. ... 30

Figura 26. Ocupação do solo na área de estudo. ... 31

Figura 27. Taxa de variação da população na Região Centro (2001-2011). ... 47

Figura 28. Taxa de densidade populacional na Região Centro (2011). ... 48

Figura 29. Estrutura etária da população residente por sexo na Região Centro (2001 e 2011). ... 48

Figura 30. Mapa do Parque Natural Regional de Almourão. ... 56

(10)

Lista de Tabelas

Tabela 1. Resumo dos pontos geológicos. ... 20

Tabela 2. Espécies de aves existentes na área de estudo. ... 32

Tabela 3. Espécies de répteis existentes na área de estudo. ... 38

Tabela 4. Espécies de anfíbios existentes na área de estudo. ... 39

Tabela 5. Espécies de peixes existentes na área de estudo. ... 40

Tabela 6. Espécies de mamíferos existentes na área de estudo. ... 41

Tabela 7. Serviços de Ecossistemas prestados pela área de estudo. ... 44

Tabela 8. Dinâmica populacional em 2015 no concelho de Proença-a-Nova. ... 49

Tabela 9. Dinâmica populacional em 2015 no concelho de Vila Velha de Ródão. ... 49

Tabela 10. Empresas existentes no setor secundário em Proença-a-Nova por setor de atividade, em 2011. ... 53

Tabela 11. Empresas existentes no setor secundário em Vila Velha de Ródão por setor de atividade, em 2009. ... 54

Tabela 12. Empresas existentes no setor terciário em Proença-a-Nova por setor de atividade, em 2011. ... 54

Tabela 13. Empresas existentes no setor terciário em Vila Velha de Ródão por setor de atividade, em 2009. ... 55

(11)

Lista de Gráficos

Gráfico 1. População ativa por setor de atividade em Proença-a-Nova (1960). ... 50

Gráfico 2. População ativa por setor de atividade em Proença-a-Nova (1981). ... 50

Gráfico 3. População ativa por setor de atividade em Proença-a-Nova (2001). ... 51

Gráfico 4. População ativa por setor de atividade em Proença-a-Nova (2011). ... 51

Gráfico 5. População ativa por setor de atividade em Vila Velha de Ródão (1960). ... 51

Gráfico 6. População ativa por setor de atividade em Vila Velha de Ródão (1981). ... 52

Gráfico 7. População ativa por setor de atividade em Vila Velha de Ródão (2001). ... 52

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Lista de Abreviaturas

AP – Áreas Protegidas

CICES – Common International Classification of Ecosystem Services CIMBB – Comunidade Intermunicipal Beira Baixa

COS – Carta de Ocupação do Solo GSB – Grau de Saturação em Bases IBA – Important Bird Area

ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas INE – Instituto Nacional de Estatística

IUCN – International Union for Conservation of Nature

NUTS – Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos RNAP – Rede Nacional de Áreas Protegidas

(13)

1. Introdução

1.1.

Áreas Protegidas

Uma área protegida (AP) é um espaço geográfico claramente definido, reconhecido, especialmente dedicado à proteção e manutenção da diversidade biológica e geológica, dos recursos naturais e culturais associados, e gerido através de meios legais ou outros meios eficazes, para alcançar a conservação a longo prazo (Dudley & Phillips, 2006; Dudley, 2008).

Assim sendo, as AP são essenciais para a conservação da biodiversidade, para manter os ecossistemas naturais em funcionamento, para servir de refúgio às espécies e para preservar os processos ecológicos que não podem sobreviver em paisagens intensamente alteradas. Atualmente, são a única esperança de impedir que muitas espécies ameaçadas ou endémicas se extingam. A maioria das AP existem em ecossistemas naturais ou quase naturais, ou que estão a ser restaurados até esse estado, embora hajam algumas exceções. Áreas protegidas maiores e mais naturais também proporcionam mais espaço para a evolução e a futura adaptação e restauração ecológica, ambas cada vez mais importantes sob condições de rápidas mudanças climáticas. Estes locais trazem benefícios diretos ao ser humano. As pessoas (tanto aquelas que vivem em áreas protegidas, como as que vivem em zonas próximas daquelas) ganham com as oportunidades de recreação e renovação disponíveis em parques classificados e áreas silvestres, com o potencial genético das espécies selvagens, e com os serviços de ecossistemas fornecidos pelos ecossistemas naturais. Embora muitas áreas protegidas sejam criadas por governos, outras são, cada vez mais, estabelecidas por comunidades locais, entidades ambientais, empresas, etc. Há um enorme e crescente interesse no mundo natural e as áreas protegidas proporcionam oportunidades para interagir com a natureza de uma forma que é cada vez mais difícil em zonas tipicamente antrópicas (Dudley, 2008).

(14)

1.2.

Áreas Protegidas em Portugal

As tipologias de áreas protegidas existentes em Portugal são parque nacional; parque natural; reserva natural; paisagem protegida; monumento natural; e podem também ser classificadas áreas protegidas de estatuto privado, designadas “áreas protegidas privadas” (Dec. Lei n.º 142/2008 de 24 de julho). Pode ainda incluir abordagens tais como áreas conservadas pela comunidade. Mais importante ainda, o termo abrange uma ampla gama de diferentes abordagens de gestão, desde locais altamente protegidos onde poucas ou nenhumas pessoas estão autorizadas a entrar, passando por parques onde a ênfase é a conservação, mas os visitantes são bem-vindos, até abordagens muito menos restritivas onde a conservação é integrada com estilos de vida humana tradicionais ou mesmo ocorre paralelamente à extração limitada de recursos sustentáveis. Algumas AP proíbem atividades como a coleta de alimentos, caça ou extração de recursos naturais, enquanto que outras aceitam estas atividades, que podem mesmo ser necessárias para a sua gestão (Dudley, 2008).

Em Portugal Continental existe a Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP), figura 1, que é constituída pelas AP classificadas ao abrigo do Decreto – Lei n.º 142/2008 de 24 de julho e pelos respetivos diplomas regionais de classificação. A classificação das AP de âmbito nacional pode ser proposta pela autoridade nacional ou por quaisquer entidades públicas ou privadas, a apreciação técnica é realizada pelo ICNF; para as AP de âmbito regional ou local, a classificação pode ser feita por municípios ou associações de municípios atendendo às condições e aos termos previstos no artigo 15.º do Decreto-Lei n.º 142/2008 de 24 de julho. Com exceção do “parque natural”, as AP de âmbito regional ou local podem adotar qualquer das tipologias referidas anteriormente, devendo as mesmas ser acompanhadas da designação “regional” ou “local”, consoante o caso (“regional” quando esteja envolvido mais do que um município, “local” quando se trate apenas de uma autarquia). As AP de âmbito privado podem ser criadas a pedido do(a) respetivo(a) proprietário(a) através de um pedido e um processo de candidatura, a enviar ao ICNF. As AP de âmbito nacional e as AP privadas pertencem automaticamente à RNAP; no caso das AP de âmbito regional ou local, a integração ou exclusão na RNAP depende da avaliação da autoridade nacional (ICNF, 2009).

De âmbito nacional existem: parque nacional (1); parques naturais (13); reservas naturais (9); paisagens protegidas (2) e monumentos naturais (7). De âmbito regional/local existem paisagens protegidas (4); parque natural regional (1); reservas

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naturais locais (2); paisagens protegidas regionais (2) e paisagens protegidas locais (4). Por fim, de âmbito privado existe uma área protegida (ICNF, 2009).

Figura 1. Mapa da Rede Nacional de Áreas Protegidas. Fonte: http://www.icnf.pt/portal/ap/rnap

(16)

1.3.

Ecoturismo

Desde a última parte do século XX que o turismo é um importante setor da atividade económica. Com o seu crescimento constante, ocorre uma maior diversificação de produtos e de destinos turísticos, especialmente aqueles que incluem um turismo mais ligado à natureza (ecoturismo, turismo rural, entre outros). Estas novas tendências colocam o turismo numa posição estratégica para criar uma contribuição positiva, ou um efeito negativo, para a sustentabilidade das AP naturais e do potencial desenvolvimento, quer das áreas circundantes, quer das comunidades existentes. Esta atividade económica é um instrumento que pode ser usado para a conservação destas áreas e, consequentemente, alertar para uma maior consciencialização ambiental dos visitantes e dos moradores. Todos estes objetivos poderão ser alcançados através da geração de recursos financeiros pelo turismo, que devem ser aplicados à criação de medidas de conservação, entre as quais, a divulgação e a elaboração de programas de educação ambiental, tanto para visitantes, como para moradores. Todas estas intervenções do turismo em APs devem ser cuidadosamente planeadas, devem ter uma boa gestão e monitorização para permitir uma sustentabilidade a longo prazo, ou então, gerar-se-ão impactes negativos e o turismo irá passar a contribuir para a deterioração dessas áreas (Eagles et al., 2002).

O Ecoturismo definiu-se como sendo “ambientalmente responsável, sendo as viagens e as visitas a áreas naturais com pouca perturbação, a fim de apreciar a natureza (e quaisquer características culturais que acompanham o passado e o presente) e promover a conservação. Os visitantes, denominados ecoturistas, (“indivíduos que viajam para áreas naturais não perturbadas ou não contaminadas, com o objetivo específico de estudar, admirar e desfrutar do ambiente, das plantas e animais selvagens, bem como de quaisquer manifestações culturais existentes” (Eagles et al., 2002)), provocam pouco impacte e providenciam uma atividade socioeconómica ativa envolvendo as pessoas locais” (Olsder, 2004). Atualmente a TIES (The International Ecotourism Society) define ecoturismo como sendo “viagens responsáveis a áreas naturais que conservam o meio ambiente, sustentam o bem-estar da população local e envolvem a interpretação e a educação (para trabalhadores locais e convidados)”. O Ecoturismo baseia-se na união pela conservação, nas comunidades e nas viagens sustentáveis, ou seja, em todas as partes interessadas. As pessoas que implementam, participam e comercializam atividades de ecoturismo, devem adotar alguns princípios tais como: minimizar os impactes físicos, sociais, comportamentais e psicológicos; educar para a consciencialização ambiental e cultural; fornecer experiências positivas a todos os participantes; produzir recursos financeiros diretos e benéficos para a contínua

(17)

conservação da AP; gerar uma economia circular; proporcionar aos visitantes experiências que ajudem a aumentar a sensibilidade aos climas políticos, ambientais e sociais (TIES,2015).

1.4.

Serviços de Ecossistemas

Um ecossistema é um complexo dinâmico de comunidades de plantas, animais e microrganismos que interagem como uma unidade funcional com a componente abiótica. Nesta definição de ecossistema o Homem também é uma parte integral. Os ecossistemas não têm tamanho definido, ou seja, podem tomar diferentes proporções, como por exemplo, um lago ou uma bacia oceânica, entre outros. Os serviços de ecossistemas são os benefícios provenientes dos ecossistemas, dos quais os seres humanos usufruem. Estes incluem os serviços de produção, como por exemplo, alimentos e água potável; os serviços de regulação, como por exemplo, regulação de cheias e de doenças; os serviços de suporte, como por exemplo, formação do solo e o ciclo de nutrientes e os serviços culturais, que proporcionam benefícios recreativos e espirituais, entre outros benefícios não materiais. Alterações que possam ocorrer nos serviços de ecossistemas influenciam o estar humano. Assume-se que o bem-estar humano possui múltiplos constituintes, que vão desde os materiais básicos para uma vida com qualidade (meios de subsistência adequados e seguros, comida, vestuário, abrigo, acesso a bens), saúde (que inclui sentir-se bem e ter um ambiente físico saudável), boas relações sociais (inclui a coesão social, o respeito mútuo, entre outros), segurança (que vai desde a segurança pessoal ao acesso seguro aos recursos naturais e outros) e a liberdade de escolha e de ação (inclui a oportunidade de alcançar o que uma pessoa valoriza). A liberdade de escolha e de ação é influenciada por outros fatores do bem-estar humano referidos anteriormente, nomeadamente a educação, e este constituinte é a condição para alcançar outros objetivos (MEA, 2005; Pereira et al., 2009).

(18)

Figura 2. Os serviços de ecossistemas e a sua ligação com o bem-estar humano. Fonte: (Pereira et al., 2009).

A figura 2 representa as ligações existentes entre os tipos de serviços de ecossistemas e as componentes de bem-estar humano, ou seja, a influência que os serviços de ecossistemas têm sobre o bem-estar humano. Para além da influência dos serviços de ecossistemas, podem ocorrer outros fatores que influenciam o bem-estar humano como, por exemplo, fatores ambientais, económicos, sociais, tecnológicos e culturais e, por sua vez, os ecossistemas são afetados por mudanças no bem-estar humano (MEA, 2005).

A figura 3 apresenta as interações entre a biodiversidade, serviços de ecossistemas, bem-estar humano e os promotores de alteração. Alterações nos fatores que afetam indiretamente os ecossistemas, podem conduzir a alterações que afetam

(19)

diretamente os ecossistemas, como exemplo, o aumento da população (promotor indireto) conduz a um aumento do consumo de peixe (promotor direto). As alterações resultantes no ecossistema causam alterações nos serviços de ecossistemas, que posteriormente afetam o bem-estar humano. Todas estas interações, representadas na figura 2, podem ocorrer a diferentes escalas (Pereira et al., 2009).

Figura 3. Estrutura conceptual do Millennium Ecosystem Assessment. Fonte: (Pereira et al., 2009).

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1.5.

Objetivos

Este trabalho tem por objetivo avaliar a exequibilidade de uma proposta para a classificação da área em estudo, dando origem ao Parque Natural Regional de Almourão, ao abrigo do Decreto-Lei n.º 142/2008 de 24 de julho integrando-se na secção I – Rede Nacional de Áreas Protegidas. Para tal será avaliado um conjunto de componentes bióticos e abióticos que justificam a criação da área. Por último, será realizada uma análise swot para avaliar a viabilidade da proposta.

(21)

2. Área de Estudo

Segundo o Decreto Lei nº 142/2008 de 24 de julho, entende-se por parque natural “uma área que contenha predominantemente ecossistemas naturais ou seminaturais, onde a preservação da biodiversidade a longo prazo possa depender de atividade humana, assegurando um fluxo sustentável de produtos naturais e de serviços. A classificação de um parque natural visa a proteção dos valores naturais existentes, contribuindo para o desenvolvimento regional e nacional, e a adoção de medidas compatíveis com os objetivos da sua classificação, designadamente: a promoção de práticas de maneio que assegurem a conservação dos elementos da biodiversidade; a criação de oportunidades para a promoção de atividades de recreio e lazer, que no seu carácter e magnitude estejam em consonância com a manutenção dos atributos e qualidades da área e a promoção de atividades que constituam vias alternativas de desenvolvimento local sustentável”.

2.1.

Metodologia e Critérios adotados para a proposta de

classificação

O principal símbolo do parque cuja criação se propõe é o geomonumento “Portas de Almourão”. Este geomonumento integra o património do Geopark Naturtejo e esta área também se encontra, em grande parte, sob o regime de proteção da Important Bird Area (IBA) PT037 – Portas de Ródão e Vale Mourão (estatuto atribuído pela BirdLife

International aos locais mais importantes do planeta para a avifauna (EDP, 2009)), figura

4. O estabelecimento no local de espécies protegidas confere uma maior importância para a conservação (Câmara Municipal de Proença-a-Nova & Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2015).

(22)

Figura 4. IBA PT037 - Portas de Ródão e Vale Mourão.

A partir do reconhecimento do potencial natural e patrimonial da região envolvente das “Portas de Almourão”, foram definidos critérios de base quanto aos valores a referenciar e foi delimitada uma área abrangendo esses mesmos valores (Câmara Municipal de Proença-a-Nova & Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2015):

o as Portas de Almourão, eixo central da área protegida a criar, como referência geológica agregadora dos dois concelhos;

o a estrutura geológica, a partir das Portas de Almourão, composta pela Serra das Talhadas (Chão do Galego – Perdigão);

o importância hidrogeológica da Serra das Talhadas;

o património geomineiro romano em Conheiras da Foz do Cobrão / Sobral Fernando;

o valores biológicos identificados, que se destacam pela sua raridade e representatividade ecológica;

o património histórico;

(23)

Os limites do Parque Natural Regional de Almourão serão definidos pelas barreiras físicas, antrópicas ou naturais do terreno. A delimitação do parque engloba as Portas de Almourão, segue para a Ribeira do Alvito para Norte (faz fronteira com o concelho de Castelo Branco), infletindo para Este junto à Ponte do Alvito seguindo a cota mais baixa da serra em direção à localidade de Catraia Cimeira. Contorna o sopé da serra em direção à localidade de Chão do Galego, incluindo Rabacinas até chegar a Sobral Fernando. A partir daqui segue a margem direita do rio Ocreza no sentido Sul até à Ponte do Vale da Mua onde inflete para a Ribeira do Perdigão seguindo-a até à aldeia do Perdigão. Após a aldeia o limite faz uma viragem a Sudoeste passando a Portela da Milhariça no sentido do Cerejal, voltando para Norte, seguindo o sopé da serra com passagem pelas aldeias de Alvaiade, Sarnadinha e Chão das Servas até regressar de novo ao geomonumento Portas de Almourão. A área de estudo apresenta cerca de 3910ha, dos quais 2013ha pertencem ao concelho de Proença-a-Nova e 1897ha pertencem ao concelho de Vila Velha de Ródão. Encontram-se dentro do perímetro do parque as seguintes localidades (Câmara Municipal de Proença-a-Nova & Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2015):

o no concelho de Proença-a-Nova: Casal da Ribeira, Ferraria, Casalinho, Carregal, Chão do Galego, Carregais e Sobral Fernando;

o no concelho de Vila Velha de Ródão: Foz do Cobrão, Vale do Cobrão e Ladeira.

(24)
(25)

2.2.

Caracterização da área de estudo

2.2.1.

Enquadramento Geográfico

A área em estudo, proposta como Parque Natural Regional de Almourão, engloba parte do território dos municípios de Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão, ambos pertencentes ao distrito de Castelo Branco, região central de Portugal continental (figura 7), área incluída na NUTS III (Beira Interior Sul e Pinhal Interior Sul) e na Comunidade Intermunicipal Beira Baixa (CIMBB) (Cupeto et al., 2007; Câmara Municipal de Proença-a-Nova & Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2015).

Figura 7. Região Centro de Portugal Continental.

Fonte: Adaptado de http://www.ccdrc.pt/index.php?option=com_content&view=article&catid=649:regiao-centro-alargada -100-municipios&id=362:municípios

2.2.2.

Clima

Portugal continental está localizado numa latitude de transição entre a zona de anticiclones tropicais e a zona de depressões subpolares, gerando uma variabilidade climática sazonal. Fatores como o relevo, a distância ao mar e a orientação da linha de costa contribuem ainda para uma acentuada variação regional. O clima da área de

(26)

estudo apresenta características continentais evidenciadas pelo efeito do relevo acentuado, que afeta a circulação de massas de ar, conferindo ao clima um forte gradiente Oeste-Este, que se revela na diminuição da intensidade da penetração de massas de ar atlânticas. Na área de estudo, o clima classifica-se como temperado mediterrânico. A classificação climática utilizada é de Köppen e esta considera 5 tipos de clima principais, distinguidos entre si através de valores médios mensais e anuais de temperatura e precipitação (EDP, 2009; AEMET, 2011):

o Clima de tipo A – Clima Tropical húmido; o Clima de tipo B – Clima Seco;

o Clima de tipo C – Clima Húmido de Média Latitude com invernos moderados; o Clima de tipo D – Clima Húmido de Média Latitude com invernos frios;

o Clima de tipo E – Clima Polar, com invernos e verões extremamente frios. De acordo com a classificação

climática referida anteriormente e com as respetivas subdivisões de cada tipo de clima, a área de estudo apresenta um clima do tipo Csa - Húmido Subtropical ou Mediterrânico, caracterizado por (EDP, 2009):

o Verões quentes e secos com forte influência continental e Invernos moderados, com a influência dominante de um ciclone de média latitude;

o Temperaturas moderadas com a média do mês mais frio entre os -3ºC e os 18ºC;

o Precipitações muito diferenciadas entre o semestre seco e o húmido, com valores para o mês mais chuvoso pelo menos 3 vezes maiores do que o mês mais seco de verão, que regista precipitações abaixo dos 40mm;

Figura 8. Classificação Climática de Köppen Portugal

Continental.

(27)

o Temperatura média do mês mais quente superior a 22ºC, com um mínimo de 4 meses com temperaturas acima dos 10ºC.

Nas figuras 9 e 10 estão representados alguns dos principais parâmetros climáticos, temperatura do ar e precipitação registados na estação climatológica de Castelo Branco. Apresenta-se também o diagrama ombrotérmico de Gaussen (figura 11) dos valores médios de temperatura e precipitação registados em Castelo Branco, onde se observa uma assimetria entre a temperatura e a precipitação.

Figura 9. Temperatura do ar, normais climatológicas – Castelo Branco.

Fonte: Adaptado de http://www.ipma.pt/pt/oclima/normais.clima/1981-2010/005/

Analisando a figura 9, verifica-se que os meses com temperaturas mais elevadas são de junho a setembro, sendo julho o mês mais quente, com médias de temperaturas máximas de 32.2ºC. Os meses com temperaturas mais baixas são de novembro a fevereiro, sendo janeiro o mês mais frio com médias de temperaturas mínimas de 4.1ºC.

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Figura 10. Precipitação, normais climatológicas – Castelo Branco. Fonte: http://www.ipma.pt/pt/oclima/normais.clima/1981-2010/005/

Pela análise da figura 10, podemos concluir que os meses com maior precipitação são outubro, novembro, dezembro e janeiro. Os meses junho, julho, agosto e setembro são meses com pouca precipitação, ou seja, são os meses com maior período de seca.

Figura 11. Diagrama ombrotérmico de Castelo Branco. Fonte: (EDP, 2009).

(29)

Esta distribuição assimétrica, que é possível visualizar na figura 11, é uma característica dos climas mediterrânicos, que são caracterizados pela seca estival (baixas precipitações durante os meses quentes). Neste caso concreto, em Castelo Branco, é possível visualizar pelo gráfico que as baixas precipitações ocorrem entre os meses de junho a setembro (EDP, 2009).

2.2.3.

Geologia

A área proposta para a criação do parque natural regional de Almourão, destaca-se pela componente abiótica existente. Ao longo dos anos, a área proposta tem vindo a ser alvo de pesquisas e trabalhos relativos à geodiversidade do local (Câmara Municipal de Proença-a-Nova & Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2015). De uma maneira simples e geral, a geodiversidade “consiste na variedade de ambientes geológicos, fenómenos e processos ativos que dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos superficiais que são o suporte para a vida na Terra” e apresenta alguns valores tais como: intrínseco, cultural, estético, económico, funcional, científico e educativo (Brilha, 2005). Os municípios envolvidos já foram alvos de processos de inventariação e identificação do património geológico nos trabalhos de Carvalho et al., 2009; Carvalho, 2011 e Carvalho & Rodrigues, 2012. Nos dois concelhos, foram inventariados vários geossítios que revelam um valor científico e pedagógico, um valor cultural, um valor turístico, face à integridade dos afloramentos, à raridade, ao valor estético, ao potencial de uso e à associação com outros elementos patrimoniais (Brilha, 2005; Câmara Municipal de Proença-a-Nova & Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2015).

Nas duas figuras que se seguem (figuras 12 e 13) estão assinalados os pontos com interesse geológico.

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Figura 12. Localização dos geossítios na área do Parque. Fonte: Elaboração própria.

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Figura 13. Excerto da carta geológica com os geossítios assinalados. Fonte: Adaptado de Carta Geológica de Portugal1 : 500 000, Folha Norte.

A tabela 1 resume os pontos geológicos considerados, a sua descrição litológica, o seu interesse e a localização dos mesmos.

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Tabe la 1 . R e s u mo d o s p o n to s g e o lóg ic o s . Co o rd enad a s 39 °4 6’ 30 .5 3’ ’ N 7° 46 ’5 3.3 3 ’’ W 39 °4 6’ 25 .1 2’ ’ N 7° 46 ’3 0.1 1 ’’ W 39 °4 4’ 17 .0 5’ ’ N 7° 45 ’2 1.9 6 ’’ W 39 °4 4’ 31 .7 2’ ’ N 7° 45 ’1 7.1 9 ’’ W 39 °4 4’ 12 .9 0’ ’ N 7° 45 ’3. 18 ’’ W 39 °4 4’ 5.9 5 ’’ N 7° 44 ’5 6.0 8 ’’ W 39 °4 4’ 3.9 2 ’’N 7° 45 ’1 2.5 6 ’’ W 39 °4 3’ 35 .1 3’ ’ N 7° 45 ’6. 27 ’’ W 39 °4 3’ 47 .5 1’ ’ N 7° 46 ’1 2.1 7 ’’ W 39 °4 2’ 31 .5 3’ ’ N 7° 45 ’5 7.9 2 ’’ W Int er es se Cr is ta q ua rtz ít ic a; E x pl o raç ão mi n ei ra; V is ta pa no râ mi c a p ara a á rea d o pa rqu e; O bs erv aç ão : terr aç os fl u v iai s ; P ortas de A lmo urão; v a le d o O c rez a; A nt ic lina l; M ir ad o uro; F ó s s ei s ; Q ue da de Á g ua ; Cav al g am en to V ina gra -F oz do Cobrão; Do bras ; F al ha s ; Ic no fós s ei s ; R ip pl e ma rk s ; G eo mo nu m en to; G a rga nta ep igé n ic a; O bs erv aç ão : S inc lina l do R ód ão ; Dobra c o nc ên tr ic a ; Hi drog e ol o gi a ; P is c in ae de d ec an ta ç ão ; V es tíg ios Ro ma no s ; Desc riç ão L it o lóg ica O Q A B S (O Q a) F orm aç ão do Q ua rtz it o A rmo ri c a no (B ordo S ud oe s te): Q u artz itos , c o n gl o me rad os e x is tos ; O Q A B S (O Q a) F orm aç ão do Q ua rtz it o A rmo ri c a no (B ordo S ud oe s te): Q u artz itos , c o n gl o me rad os e x is tos ; CB P ( CB P ) F ormaç ã o d e P erai s : tu rbi d itos ; CB P ( CB P ) For ma ç ã o d e P erai s : tu rbi d itos ; O Q A B S (O Q a) F orm aç ão do Q ua rtz it o A rmo ri c a no (B ordo S ud oe s te): Q u artz itos , c o n gl o me rad os e x is tos ; O Q A B S (O Q a) F orm aç ão do Q ua rtz it o A rmo ri c a no (B ordo S ud oe s te): Q u artz itos , c o n gl o me rad os e x is tos ; O CA ( O c a) G rup o d e Các em es : x is tos ar do s ífe ros , s ilt itos e areni tos ; O Q A B S (O Q a) F orm aç ão do Q ua rtz it o A rmo ri c a no (B ordo S ud oe s te): Q u artz itos , c o n gl o me rad os e x is tos ; CB P ( CB P ) For ma ç ã o d e P erai s : tu rbi d itos ; CB P ( CB P ) For ma ç ã o d e P erai s : tur bi d itos ; G eossítio 1. B urac a d a Mo ura de Chão de G a le go 2. Mi rad ou ro G eo mo rf ol ó gi c o do G al eg o 3. Mi rad ou ro de S o bral F ernand o 4. P eg o d o In ferno 5. Cor te do Cam in ho de S ob ra l F erna nd o - Car reg a is 6. P ortas d e A lm ou rã o 7. Mi rad ou ro de A lme ir ão 8. O Nas c en te 9a. Co nh e ir a d e F oz do Cobrão - S o bral F erna nd o 9b. Co nh e ir a da L ad e ir a

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Buraca da Moura de Chão de Galego

Localizada na serra das Talhadas, a Buraca da Moura de Chão de Galego situa-se numa crista quartzítica onde ocorre uma antiga exploração mineira. É constituída por uma galeria subterrânea de pequenas dimensões, com uma entrada ampla associada a uma zona de falha. As suas paredes evidenciam fraturas ao longo das quais são visíveis óxidos e hidróxidos de ferro, originando colorações metálicas, vermelhas e terrosas (consoante o estado de oxidação do ferro). A cavidade estende-se por um túnel (apertado) de que se desconhece a totalidade da extensão. Supõe-se que neste local terão ocorrido explorações de ferro, iniciadas na Idade do Ferro, mas que foram posteriormente retomadas pelas comunidades locais (Carvalho & Rodrigues, 2014). Neste local também se encontra uma parede de escalada.

Figura 14. Buraca da Moura (esquerda) e Parede de escalada (direita).

Miradouro Geomorfológico do Galego

O Miradouro Geomorfológico do Galego proporciona uma vista panorâmica de 360º, sobre a geomorfologia da região. Neste ponto de observação privilegiado, localizado a mais de 600 metros de altitude, é possível observar quase toda a extensão da área do parque. Este local tem também um posto de vigia de incêndios. Salienta-se a vista sobre a superfície plana de Castelo Branco (rede de drenagem dendrítica), a ribeira do Alvito e a Serra das Talhadas pelo seu relevo (Carvalho & Rodrigues, 2014).

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Figura 15. Vista do miradouro do Galego: a. Orientada para ENE; b. Orientada para SSE, c. Orientada para O.

Miradouro de Sobral Fernando

Localizado no corte do Caminho de Sobral Fernando - Carregais, este miradouro permite observar depósitos de vertente, o miradouro de Almeirão, o Sinclinal de Ródão e as Portas de Almourão.

Figura 16. Vista do Miradouro de Sobral Fernando.

a b

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Pego do Inferno

O Pego do Inferno corresponde a uma estrutura em sinclinal localizada no grande anticlinal da Albarda. Esta estrutura é posta em evidência devido à erosão diferencial dos níveis metassedimentares, provocada pela água de um ribeiro que flui paralelamente às camadas (no eixo da sinforma), erosão esta que não atinge as camadas de quartzito. O Pego do Inferno também constitui um miradouro, sobre a garganta do Ocreza e sobre os depósitos coluvionares constituídos por blocos heterométricos, dispostos ao longo das vertentes, evidências de periglaciarismo do Quaternário (Carvalho & Rodrigues, 2014).

Próximo do geossítio existem jazidas fossilíferas, mais concretamente de braquiópodes, bem preservados. A presença deste tipo de fósseis permite interpretar o paleo-ambiente existente: ambiente arenoso, águas muito pouco profundas e bem oxigenadas, o que denota a sua importância paleoecológica. É possível observar-se na parte superior da cascata uma dobra do tipo antiforma (Carvalho & Rodrigues, 2014).

Figura 17. Pego do Inferno.

Corte do Caminho de Sobral Fernando-Carregais

A área do Corte do Caminho de Sobral Fernando-Carregais, apresenta interesse geológico devido à junção de vários pontos de interesse: o Cavalgamento Vinagra – Foz do Cobrão, dobras, falhas, icnofósseis e ripple marks. Neste local, podem-se observar as Portas de Almourão e depósitos coluvionares (Carvalho & Rodrigues, 2014).

Ao longo do corte do caminho é possível constatar a presença de dobras assimétricas, encontrando-se, algumas destas dobras limitadas por falhas. Dá-se um especial destaque para a Dobra da Albarda, pois nas camadas dobradas podem-se observar-se icnofósseis do tipo Skolithos (os mais abundantes) e Daedalus. A existência de ripple marks permite a interpretação de uma direção bimodal para as paleocorrentes.

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Estes dois componentes, icnofósseis e ripple marks permitem uma reconstituição paleoambiental e paleoecológica (Carvalho & Rodrigues, 2014).

No final do corte encontra-se a parede de Escalada de Portas de Almourão. Durante o período de nidificação das aves de rapina (dezembro a julho) a prática deste desporto encontra-se interdita (Carvalho & Rodrigues, 2014).

Figura 18. Vários pontos de interesse que podem ser observados no Corte do Caminho de Sobral Fernando

Carregais: a. Anticlinal de Albarda; b. dobras; c. icnofósseis; d. ripple marks; e. falhas; f. parede de escalada.

a b

c d

f e

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Portas de Almourão

As Portas de Almourão, para além de serem consideradas como geossítio, integram o património do “Geopark Naturtejo” como geomonumento. Correspondem a uma garganta epigénica formada pelo corte do rio Ocreza nas cristas quartzíticas do Sinclinal do Ródão. Este geossítio é um complemento às Portas de Ródão. Acrescem-lhe valor patrimonial as comunidades de zimbro, oliveiras e aves rupícolas (grifo, águia-de-Bonelli e cegonha-preta) (Carvalho & Rodrigues, 2014; Câmara Municipal de Proença-a-Nova & Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2015). A existência de uma Jazida de Skolithos contribui também para o aumento do valor patrimonial deste geossítio, pois permite uma interpretação paleoambiental da zona (Carvalho & Rodrigues, 2014).

Figura 19. Portas de Almourão.

Miradouro de Almeirão

O Miradouro de Almeirão localiza-se em plena Serra das Talhadas, permitindo observar o anticlinal de Albarda, o Pego do Inferno, parte do corte do caminho de Sobral Fernando – Carregais, o sinclinal do Ródão e as Portas de Almourão. Este miradouro apresenta um elevado valor turístico (Carvalho & Rodrigues, 2014).

Figura 20. Vista do miradouro de Almeirão.

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O Nascente

O Nascente é uma dobra concêntrica associada à 2ª fase de deformação Varisca. Neste local ocorre a zona de descarga do aquífero através de uma nascente que alimenta o Ribeiro do Cobrão. Este geossítio revela-se importante a nível hidrogeológico, devido à circulação da água nas cristas quartzíticas, relacionando-se a exsurgência com a estrutura tectónica (Carvalho & Rodrigues, 2014).

Figura 21. O Nascente.

Conheira de Foz do Cobrão – Sobral Fernando

Neste geossítio foram identificadas conheiras nas margens de sedimentação do rio Ocreza, podendo-se observar vestígios de piscinae de decantação com canais na direção do rio que se encontram bem definidos por amontoados de seixos. As conheiras foram reutilizadas em construções tradicionais e muros (Carvalho & Rodrigues, 2014).

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Conheira da Ladeira

A Conheira da Ladeira é uma pequena área de conheiras, na margem direita do Ocreza estendendo-se à margem oposta. Este geossítio remonta ao período Romano, sendo uma área relevante com interesse científico e pedagógico (Carvalho et al., 2009).

2.2.4.

Solo

Portugal apresenta uma grande variedade de tipos de solos, como é possível observar pela figura seguinte:

Figura 23. Tipos de Solos em Portugal Continental.

(40)

A geologia dos dois concelhos delimita a ocorrência de tipos de solos muito idênticos na área de estudo. Nos concelhos de Proença-a-Nova e de Vila Velha de Ródão, os grupos de solos mais representativos são os Cambissolos (CM), Litossolos (antiga denominação da FAO-UNESCO em 1981) que atualmente estão incluídos nos Leptossolos (FAO-UNESCO em 2014) e Luvissolos (LV) (Câmara Municipal de Proença-a-Nova, 2012; Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2011). De seguida é feita a descrição, o uso e a gestão dos tipos de solos presentes nos dois concelhos:

o Os cambissolos combinam solos com pelo menos uma formação de solo subsuperficial incipiente, evidencia alterações na estrutura, cor, teor de argila e/ou teor de carbonato. Têm como materiais de origem materiais de textura média e fina, derivados de uma ampla gama de rochas. Este tipo de solo é caracterizado por um desgaste ligeiro ou moderado do material original e pela ausência de quantidades significativas de argila, matéria orgânica, compostos de alumínio e/ou ferro. É característico de níveis de terreno montanhosos, em todos os climas, com uma elevada variedade de tipos de vegetação. Geralmente, é bom para terrenos agrícolas e para uso intensivo (FAO, 2014). Dos tipos de cambissolos destacam-se os cambissolos dístricos, que são dominantes num grande número de associações de solos. Desenvolvem-se a partir de vários tipos de rochas, estão associados a diferentes tipos de solos e são normalmente encontrados em todas as formas de relevo. Na maioria das regiões, cambissolos dístricos associam-se a solos existentes em florestas, no entanto, também se encontram em campos de cultura (FAO,1981).

o Os litossolos encontram-se a moderadas ou a elevadas altitudes com topografia bastante dissecada e cobrem cadeias e maciços de montanha. Em Portugal, a existência deste tipo de solo ocorre a altitudes moderadas provavelmente devido à erosão intensa. Nos litossolos é frequente ocorrerem afloramentos de rochas nuas e detritos, que levam à existência de associações entre variados tipos de solos. No caso de Portugal a associação faz-se com luvissolos. Os materiais de origem são a conjugação de vários tipos de rocha. Como este tipo de solo é característico de climas severos e devido à fraca qualidade de solo, as atividades agrícolas e florestais são pouco rentáveis (FAO,1981). Atualmente, os litossolos estão incluídos numa nova categoria, os leptossolos. Os leptossolos são solos muito finos sobre rochas contínuas, constituídos maioritariamente por fragmentos grosseiros, e são característicos de regiões montanhosas. Os materiais de origem são vários tipos de rocha contínua ou de materiais não consolidados com volume de terra fina inferior a 20%. Estes solos são um

(41)

recurso na estação húmida para o pastoreio e para as zonas florestais. Uma das maiores ameaças a este tipo de solo é a erosão devido ao turismo, sobreexploração e à poluição ambiental (FAO,2014). Dos tipos de leptossolos destacam-se os leptossolos líticos que se caracterizam por serem limitados por rocha dura, contínua e coerente, a menos de 10 cm de profundidade (Martins & Lourenço, 2012).

o Os luvissolos são solos com diferenciação argilosa pedogenética (nomeadamente a migração de argila), apresentam um maior teor de argila no subsolo do que na camada superficial. Os materiais de origem são uma variedade de materiais não consolidados, incluindo depósitos glaciais, aluviais e coluviais. Este solo ocorre em terrenos planos ou com ligeira inclinação em regiões temperadas frias e em regiões quentes, caso do mediterrâneo, com estações secas e húmidas distintas. Quando este tipo de solo se encontra em encostas íngremes são necessárias medidas de controlo da erosão. A grande maioria dos luvissolos são solos férteis e apropriados para o uso agrícola (FAO,2014). Dentro dos luvissolos destaca-se os luvissolos órticos, que são solos altamente importantes para a agricultura e que ocorrem por toda a Europa sob condições climáticas variadas (FAO,1981).

De uma maneira geral, os solos referidos anteriormente são de um fraco valor agronómico devido à escassez de produtividade em áreas muito sujeitas a erosão, com a exceção dos terraços fluviais, vales de solos aluvionares e coluvionares de maior valor agronómico (Câmara Municipal de Proença-a-Nova, 2012; Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2011). Nas figuras seguintes (figuras 24 e 25), está representada a distribuição espacial dos solos caracterizados nos concelhos da área de estudo.

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Figura 24. Carta de solos de Proença-a-Nova. Fonte: (Câmara Municipal de Proença-a-Nova, 2012).

Figura 25. Carta de solos de Vila Velha de Ródão. Fonte: (Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2011).

(43)

2.2.5.

Ocupação do Solo

A ocupação do solo da área de estudo foi determinada usando o nível 5 da Carta de Ocupação do Solo (COS) de 2010.

Figura 26. Ocupação do solo na área de estudo.

(44)

2.2.6.

Fauna

A área de estudo contém vários afloramentos rochosos, que promovem a instalação de espécies de aves nidificantes, albergando espécies com estatuto desfavorável, no que se refere à sua conservação. Sendo uma área com uma baixa densidade populacional humana, e onde a ocupação do solo é essencialmente florestal, é propícia a ocupação por um elevado número de espécies de vertebrados. Para além deste fator, a existência de ribeiras que alimentam o rio Ocreza e a própria orografia do terreno propicia a presença de várias classes de espécies, pouco afetadas pela pressão humana (EDP, 2009).

Nas tabelas abaixo, estão listadas as espécies identificadas na área segundo Câmara Municipal de Proença-a-Nova e Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2015. Para cada espécie foram identificadas as categorias de conservação a que pertencem em Portugal (Livro Vermelho dos Vertebrados) e segundo a International Union for Conservation of Nature (IUCN) e o tipo de ocorrência que apresentam em Portugal.

(45)
(46)
(47)
(48)
(49)

Fonte: Adaptado de (Câmara Municipal de Proença-a-Nova & Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2015); http://www.icnf.pt/portal/pn/biodiversidade/patrinatur/lvv/resource/doc/tab-class-spp/aves/view;

(50)

Tabela 3. Espécies de répteis existentes na área de estudo.

Fonte: Adaptado de (Câmara Municipal de Proença-a-Nova & Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2015); http://www.icnf.pt/portal/pn/biodiversidade/patrinatur/lvv/resource/doc/tab-class-spp/rept/view, http://www.iucnredlist.org/

(51)

Tabela 4. Espécies de anfíbios existentes na área de estudo.

Fonte: Adaptado de (Câmara Municipal de Proença-a-Nova & Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2015); http://www.icnf.pt/portal/pn/biodiversidade/patrinatur/lvv/resource/doc/tab-class-spp/anf/view, http://www.iucnredlist.org/

(52)

Tabela 5. Espécies de peixes existentes na área de estudo.

Fonte: Adaptado de (Câmara Municipal de Proença-a-Nova & Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2015); http://www.icnf.pt/portal/pn/biodiversidade/patrinatur/lvv/resource/doc/tab-class-spp/peix/view,

(53)
(54)

Fonte: Adaptado de (Câmara Municipal de Proença-a-Nova & Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2015); http://www.icnf.pt/portal/pn/biodiversidade/patrinatur/lvv/resource/doc/tab-class-spp/mam/view,

http://www.iucnredlist.org/

Estatutos mais preocupantes, no continente: Espécies Quase Ameaçadas (NT):

o Aves (10): Águia-calçada (Hieraaetus pennatus); Águia-cobreira (Circaetus

gallicus); Bufo-real (Bubo bubo); Corvo (Corvus corax); Ferreirinha-alpina (Prunella collaris); Grifo (Gyps fulvus); Picanço-barreteiro (Lanius senator);

Rouxinol-dos-caniços (Acrocephalus scirpaceus); Taralhão-cinzento (Muscicapa

striata); Tordo-pinto (Turdus philomelos);

o Anfíbios (1): Rã-de-focinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi); o Mamíferos (1): Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus);

Espécies Vulneráveis (VU):

o Aves (8): Açor (Accipiter gentilis); Cegonha-preta (Ciconia nigra); Cuco-rabilongo

(Clamator glandarius); Gaivota-d´asa-escura (Larus fuscus);

Maçarico-das-rochas (Actitis hypoleucos); Milhafre-real (Milvus milvus); Ógea (Falco

subbuteo); Toutinegra-das-figueiras (Sylvia borin);

o Peixes (1): Bordalo (Squalius alburnoides);

o Mamíferos (2): Morcego-de-ferradura-grande (Rhinolophus ferrumequinum); Rato de Cabrera (Microtus cabrerae);

Espécies em Perigo (EN):

o Aves (4): Abutre-do-Egito (Neophron percnopterus); Águia-caçadeira (Circus

pygargus); Águia-de-Bonelli (Hieraaetus fasciatus); Andorinha-do-mar-comum (Sterna hirundo);

o Répteis (1): Cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis);

o Peixes (3): Boga-de-boca-arqueada (Chondrostoma lemmingii); Cumba (Barbus

comizo); Escalo do Sul (Squalius pyrenaicus);

(55)

o Aves (6): Abutre-preto (Aegypius monachus); Águia-imperial (Aquila adalberti); Chasco-preto (Oenanthe leucura); Grifo pedrês (Gyps rueppellii); Milhafre-real

(Milvus milvus); Narceja (Gallinago gallinago);

Estatutos mais preocupantes na classificação da IUCN: Espécies Quase Ameaçadas (NT):

o Aves (6): Abibe (Vanellus vanellus); Abutre-preto (Aegypius monachus); Milhafre-real (Milvus milvus); Petinha-dos-prados (Anthus pratensis); Tordo-ruivo

(Turdus iliacus); Toutinegra-do-mato (Sylvia undata);

o Répteis (3): Cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis); Cobra-de-pernas-pentadáctila (Chalcides bedriagai); Lagarto (Lacerta lepida);

o Anfíbios (2): Salamandra-de-costelas-salientes (Pleurodeles waltl); Sapo-parteiro-ibérico (Alytes cisternasii);

o Mamíferos (3): Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus); Lontra (Lutra lutra); Rato de Cabrera (Microtus cabrerae);

Espécies Vulneráveis (VU):

o Aves (2): Águia-imperial (Aquila adalberti); Rola-brava (Streptopelia turtur); o Peixes (5): Boga-de-boca-arqueada (Chondrostoma lemmingii); Bordalo

(Squalius alburnoides); Carpa (Cyprinus carpio); Cumba (Barbus comizo);

Verdemã-comum (Cobitis palúdica); Espécies em Perigo (EN):

o Aves (1): Abutre-do-Egito (Neophron percnopterus); Espécies Criticamente em Perigo (CR):

o Aves (1): Grifo pedrês (Gyps rueppellii);

2.2.7.

Serviços de Ecossistemas

Tendo como base a ocupação do solo, pode-se determinar serviços de ecossistemas presentes na área do parque. Estes serviços de ecossistemas estão expostos num esquema proposto pela Common International Classification of Ecosystem Services (CICES), no qual só serão referidos os serviços prestados pela área de estudo.

(56)

Tabela 7. Serviços de Ecossistemas prestados pela área de estudo. Serviços de Produção Nutrição Biomassa Cultivo Azeitonas; Castanhas; Uvas; Pecuária Ovinos; Caprinos; Bovinos; Suínos; Leite; Queijo;

Animais selvagens Caça; Pesca;

Águas subterrâneas para fins potáveis

Água doce extraída das águas subterrâneas; Materiais Biomassa Materiais provenientes de plantas e animais para uso agrícola

Fertilizantes;

Água

Águas superficiais para fins não

potáveis

Uso doméstico (limpeza); Irrigação;

Águas subterrâneas para fins não

potáveis

Uso doméstico (limpeza); Irrigação; Serviços de Produção Abiótica Energia Fonte abiótica de energia renovável

(57)

Serviços de Regulação e Manutenção Mediação de fluxos Fluxos de massa Estabilização de vertentes e controlo da erosão

Proteção contra erosão / deslizamentos de terra; Cobertura vegetal estabilizando os ecossistemas terrestres, aquáticos; Acumulação e atenuação dos fluxos de massa Transporte e armazenamento dos sedimentos pelo rio;

Fluxos líquidos

Ciclo hidrológico e manutenção do fluxo

de água

Capacidade de manter o fluxo das linhas de água principais; Capacidade de recarga das águas subterrâneas; Manutenção de condições físicas, químicas e biológicas Manutenção dos ciclos de vida, habitats e proteção do pool genético Dispersão de sementes e polinização

Dispersão das sementes por insetos, aves e outros animais; Polinização por insetos

Manutenção das gerações das populações e

habitats

Habitats que permitem a reprodução das espécies existentes; Formação e composição do solo Processos de meteorização

Manutenção das condições biogeoquímicas dos solos pela pedogénese e estrutura do solo;

Processos de decomposição e

fixação

Manutenção das condições biogeoquímicas dos solos pela decomposição / mineralização da matéria orgânica, nitrificação e desnitrificação; Condições da água Condição química da água doce Manutenção da composição química da coluna de água e da sedimentação que assegura condições de vida favoráveis para os seres vivos;

Composição atmosférica e regulação climática Regulação climática a nível micro e regional Modificação da temperatura, humidade, campos de vento (a geomorfologia das serras e do vale exercem influencia nos ventos locais);

Manutenção do clima rural e urbano e da qualidade do ar; Manutenção dos padrões da temperatura e precipitação regionais;

(58)

Serviços de Culturais Interações físicas e intelectuais com os seres vivos, ecossistemas e paisagens Interações físicas e experienciais Uso experiencial de plantas, animais e paisagem em diferentes ambientes

Observação das aves; Observação geológica; Uso físico da paisagem em diferentes ambientes Caminhadas; Escalada; Pesca recreativa; Caça recreativa; Interações intelectuais e representativas Científico Local de investigação; Estudos biológicos e geológicos Educacional

Local educacional para temáticas ambientais, biológicas e geológicas;

Cultural Registo histórico e cultural romano;

Estético Paisagens observadas nos miradouros; Interações simbólicas com os seres vivos, ecossistemas e paisagens Potencialidades culturais Existência

Lazer fornecido pela observação de espécies selvagens, ecossistemas e paisagens;

Legado

Disposição para a preservação dos valores naturais do parque;

2.2.8.

Caracterização Demográfica

De acordo com os censos de 2011, a população residente na região Centro representa cerca de 22% da população do país. Tendo em conta os municípios pertencentes à região Centro, verificou-se que a maioria destes sofreram um decréscimo populacional, especialmente os localizados nas zonas do interior, comparativamente aos valores de população residente na zona Centro em 2001 (INE, 2012).

(59)

Figura 27. Taxa de variação da população na Região Centro (2001-2011). Fonte: (INE, 2012).

A população distribui-se pelo território heterogeneamente, evidenciando-se grandes aglomerados populacionais em municípios mais próximos do litoral, o que contrasta com os territórios despovoados no interior. A pirâmide etária para a região, demonstra a diminuição da população mais jovem e o grande aumento da população mais idosa (INE, 2012).

Proença-a-Nova

(60)

Figura 28. Taxa de densidade populacional na Região Centro (2011). Fonte: (INE, 2012).

Figura 29. Estrutura etária da população residente por sexo na Região Centro (2001 e 2011). Fonte: (INE, 2012).

Proença-a-Nova

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No caso dos dois concelhos nos quais está inserida a área de estudo, de acordo com dados do INE (Instituto Nacional de Estatística), em 2015, a população residente no concelho de Proença-a-Nova era de 7741 habitantes e em Vila Velha de Ródão era de 3282 habitantes. As tabelas seguintes demonstram a dinâmica populacional em 2015 de cada um dos concelhos.

Tabela 8. Dinâmica populacional em 2015 no concelho de Proença-a-Nova.

Fonte: (INE, 2016).

Tabela 9. Dinâmica populacional em 2015 no concelho de Vila Velha de Ródão.

Fonte: (INE, 2016).

2.2.9.

Economia

Tradicionalmente o mundo rural é caracterizado por ter a atividade agrícola como principal suporte económico. O mundo rural atingiu o seu auge em meados do século

(62)

passado, por todo o país. A partir da década de 1960, ocorreu um conjunto de fenómenos, nomeadamente a transformação tecnológica de produção agrícola (novos instrumentos mecânicos, adubos, entre outros), o que levou a uma diminuição da necessidade de mão-de-obra. A diminuição e ausência de espaços agrícolas e a introdução das tecnologias levou a um aumento da industrialização o que conduziu à emigração da população rural para as cidades (Câmara Municipal de Proença-a-Nova & Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2015).

Gráfico 1. População ativa por setor de atividade em Proença-a-Nova (1960).

Fonte: https://www.pordata.pt/DB/Municipios/Ambiente+de+Consulta/Tabela

Gráfico 2. População ativa por setor de atividade em Proença-a-Nova (1981).

Fonte: https://www.pordata.pt/DB/Municipios/Ambiente+de+Consulta/Tabela 77%

11% 12%

População ativa por setor de

atividade Proença-a-Nova 1960

Setor Primário Setor Secundário Setor Terciário

65% 16%

19%

População ativa por setor de

atividade Proença-a-Nova 1981

(63)

Gráfico 3. População ativa por setor de atividade em Proença-a-Nova (2001).

Fonte: https://www.pordata.pt/DB/Municipios/Ambiente+de+Consulta/Tabela Gráfico 4. População ativa por setor de atividade em Proença-a-Nova (2011).

Fonte: https://www.pordata.pt/DB/Municipios/Ambiente+de+Consulta/Tabela Gráfico 5. População ativa por setor de atividade em Vila Velha de Ródão (1960).

Fonte: https://www.pordata.pt/DB/Municipios/Ambiente+de+Consulta/Tabela 12%

40% 48%

População ativa por setor de

atividade Proença-a-Nova 2001

Setor Primário Setor Secundário Setor Terciário

7% 31% 62%

População ativa por setor de

atividade Proença-a-Nova 2011

Setor Primário Setor Secundário Setor Terciário

69% 14%

17%

População ativa por setor de

atividade Vila Velha de Ródão 1960

(64)

Gráfico 6. População ativa por setor de atividade em Vila Velha de Ródão (1981).

Fonte: https://www.pordata.pt/DB/Municipios/Ambiente+de+Consulta/Tabela Gráfico 7. População ativa por setor de atividade em Vila Velha de Ródão (2001).

Fonte: https://www.pordata.pt/DB/Municipios/Ambiente+de+Consulta/Tabela Gráfico 8. População ativa por setor de atividade em Vila Velha de Ródão (2011).

Fonte: https://www.pordata.pt/DB/Municipios/Ambiente+de+Consulta/Tabela 27%

45% 28%

População ativa por setor de

atividade Vila Velha de Ródão 1981

Setor Primário Setor Secundário Setor Terciário

11%

36% 53%

População ativa por setor de

atividade Vila Velha de Ródão 2001

Setor Primário Setor Secundário Setor Terciário

5% 31% 64%

População ativa por setor de

atividade Vila Velha de Ródão 2011

(65)

Pela análise dos gráficos 1 a 8, conclui-se para os dois concelhos que o setor primário teve uma maior expressão em 1960. Os dados de 1981 e seguintes revelam que este setor tem vindo a perder expressão. Consequentemente, os setores secundário e terciário tiveram um crescimento, com maior ênfase no setor terciário.

Setor Primário

Em ambos os concelhos o setor primário apresenta alguma dinâmica, valorizando produtos tradicionais como queijos, mel, azeite, enchidos, entre outros (Câmara Municipal de Proença-a-Nova & Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2015).

A produção pecuária no concelho de Proença-a-Nova é focada nas espécies de ovinos e caprinos, podendo ocorrer também a criação de bovinos (Câmara Municipal de Proença-a-Nova, 2015). Quanto a Vila Velha de Ródão, a produção pecuária inclui as espécies bovinos, suínos, ovinos e caprinos (CEDER, 2004).

Os dois concelhos, contam também com atividade cinegética, nomeadamente em zonas de caça desportiva (Câmara Municipal de Proença-a-Nova & Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2015).

Setor Secundário

No concelho de Proença-a-Nova, o setor secundário abrange vários ramos de atividade, descritos na tabela seguinte:

Tabela 10. Empresas existentes no setor secundário em Proença-a-Nova por setor de atividade, em 2011.

Setor de Atividade Número de Empresas

Indústrias Transformadoras 87

Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio 1 Captação, tratamento e distribuição de água;

saneamento gestão de resíduos e despoluição 2

Construção 146

Fonte: (Câmara Municipal de Proença-a-Nova, 2014)

Já no concelho de Vila Velha de Ródão, gráfico 8, o setor secundário abrange essencialmente empresas transformadoras (Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2011).

(66)

Tabela 11. Empresas existentes no setor secundário em Vila Velha de Ródão por setor de atividade, em 2009.

Setor de Atividade Número de Empresas

Indústrias Transformadoras 17

Produção de eletricidade, gás e água 1

Construção 6

Fonte: (Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2011).

Setor Terciário

O setor terciário emprega a maioria da população, quer do concelho de Proença-a-Nova, quer do concelho de Vila Velha de Ródão. Ao longo dos anos, este setor ganhou uma maior representatividade devido à diminuição da população nos setores primário e secundário (Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, 2011). Nas tabelas seguintes estão descritos os ramos de atividade do setor terciário existentes nos dois concelhos. Tabela 12. Empresas existentes no setor terciário em Proença-a-Nova por setor de atividade, em 2011.

Setor de Atividade Número de Empresas

Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos

automóveis e motociclos 177

Transportes e armazenagem 29

Alojamento, restauração e similares 54

Atividades de informação e de comunicação 0

Atividades imobiliárias 6

Atividades de consultoria, científicas, técnicas e

similares 33

Atividades administrativas e dos serviços de apoio 44

Educação 23

Atividades de saúde humana e apoio social 28

Atividades artísticas, de espetáculos, desportivos e

recreativas 11

Outras Atividades de serviços 28

Referências

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