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POLÍTICA E SOCIEDADE – 3º ANO DO ENSINO MÉDIO

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE SOCIOLOGIA PARA O ENSINO MÉDIO

ISMAELANDRÉ DOS SANTOS SILVA

POLÍTICA E SOCIEDADE – 3º ANO DO ENSINO MÉDIO

SÃO GONÇALO DO AMARANTE/RN OUTUBRO/2016

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2 ISMAEL ANDRÉ DOS SANTOS SILVA

POLÍTICA E SOCIEDADE – 3º ANO DO ENSINO MÉDIO

Plano de Ensino Anual para a disciplina Sociologia no Ensino Médio apresentado à Coordenação do Curso de Especialização em Ensino de Sociologia no Ensino Médio da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Ensino de Sociologia no Ensino Médio.

Orientador (a): Profª. Drª. Irene A. Paiva

SÃO GONÇALO DO AMARANTE/RN OUTUBRO/2016

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3 SUMÁRIO

1 SOCIOLOGIA: DO NASCER AO SER DISCIPLINA ... 04

2 A TÍTULO DE INFORMAÇÃO: POLÍTICA E SOCIEDADE NÃO HÁ

DISSOCIAÇÃO ... 12

3 O ENSINO DE SOCIOLOGIA: O SER E O FAZER NO TERCEIRO

ANO DO ENSINO MÉDIO... 15 4 OBJETIVOS: FRUTOS DO FAZER PEDAGÓGICO ... 17 5 PLANO ANUAL DE ENSINO: DETALHES QUE FORMAM O TODO 18 5.1 Identificação... ... ...18 18 5.2 Detalhamento das Unidades Didáticas ... ...18 18 5.2.1 Unidade I (1° Bimestre) ... 18 18 5.2.2 Unidade II (2° Bimestre) ... 21 21 5.2.3 Unidade III (3° Bimestre) ... 22 28 5.2.4 Unidade IV (4° Bimestre) ... 33 32 6 FINALIZANDO A CONVERSA ... 36 REFERÊNCIAS ... 39 38

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4 1 SOCIOLOGIA: DO NASCER AO SER DISCIPLINA

No final do século XVIII, passa-se a utilizar a ciência na compreensão do mundo, resultando numa mudança na forma de entendimento das questões naturais e humanas através da abordagem científica, pois o que antes era explicado tradicionalmente pautado no pensamento religioso, neste instante passa a ser uma explicação racional e crítica. A partir deste momento é que se foca um estudo objetivo e sistemático da sociedade e do comportamento humano.

Visto a necessidade de se pensar intrinsecamente tanto a sociedade quanto a ciência faz do momento um resultado no processo histórico e social, no qual as grandes transformações sociais ocorreram. Em meio a este contexto, ou melhor, resultado deste cenário, a Sociologia nasce com o papel de focalizar os problemas existentes na sociedade, questionando e buscando respostas que apontem para a construção de caminhos viáveis para a convivência coletiva. Ou seja, o que a sociologia propaga, é o saber voltado para a compreensão da vida social humana, das regras existentes entre os grupos e dos fundamentos do convívio em sociedade.

No rastro do pensamento positivista, vinculada a ordem das Ciências Naturais é que a Sociologia se delineia como ciência. Um fator considerado importante neste contexto é o caráter científico, tão buscado e valorizado no século XVI estava ligado à lógica das ciências ditas “experimentais”. Quer seja para ascender, o estatuto das ciências deveria atender pré-requisitos e seguir métodos “científicos” que pretendiam também a neutralidade e estabelecimento de regras.

Augusto Comte (1798-1857), o primeiro a usar o termo Sociologia, relacionando-o como Ciência da Sociedade e Émile Durkheim (1858-1917), que adotou conceitos elaborados por Comte, especialmente o de ordem social para delinear uma das correntes representativas do pensamento sociológico, são os principais representantes desse pensamento.

Tais pensadores buscaram soluções para os graves problemas sociais gerados pelo modo de produção capitalista, como a miséria, o desemprego e as consequentes greves e rebeliões operárias. Cada uma dessas mazelas sociais foi analisada por pensadores como doenças oriundas do próprio contexto da sociedade, que porventura, poderiam ser tratadas ou mesmo exterminadas por resgate de

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5 valores morais - como a sociedade - os quais restabeleceriam relações estáveis entre as pessoas, independente da classe social a que pertencessem.

Tanto Comte como Durkheim fizeram uma análise da Sociologia sob um determinado ponto de vista e preconizaram a manutenção do status quo, da ordem vigente e, de alguma forma, pelo elogio à sociedade capitalista.

A Sociologia desenvolveu também um olhar crítico e questionador sobre as sociedades apesar de sua origem conservadora e de uma proposta inicial conformista. Karl Marx (1818-1883), pensador alemão, por sua vez, contribuiu com o pensamento sociológico no momento em que mostrou as relações de exploração que se estabeleceram quando determinada classe social apropriou-se dos meios de produção e passou a deter sozinho o mecanismo das ações da sociedade.

Para Marx não há soluções conciliadoras numa sociedade cujas relações se baseiem na exploração do trabalho e na crescente espoliação da maioria. Segundo o pensador alemão, a única possibilidade de superar a desigualdade e a opressão está na construção de uma nova sociedade. Nesta nova sociedade, deve inexistir classes sociais, por conseguinte, não haveria dominação de uma minoria sobre uma maioria. Ainda no pensamento marxista, teoria apenas tem sentido se transformada em práxis, ou seja, fundamentar politicamente a ação para transformar estruturas de poder vigente e construir novas relações sociais, fundadas na igualdade de condições a todos os sujeitos sociais.

Outra grande e relevante contribuição para a Sociologia, veio do pensador italiano, Antonio Gramsci (1891-1937). Suas ideias foram incorporadas principalmente às pesquisas sociológicas e educacionais. Gramsci criou os conceitos de hegemonia, intelectual orgânico, e escola única que auxiliam no processo de repensar as estruturas educacionais.

Como disciplina, a Sociologia não se produz de forma independente do trabalho pedagógico. São intercomunicantes os caminhos dos estudos e pesquisas acadêmicas e atividades curriculares presentes no magistério atreladas a este campo de estudo, pois alimentar a dimensão da formação do indivíduo e fazer ciência mediante a reflexão acadêmica com base na pesquisa científica são faces de um mesmo problema.

Faz-se essencial por meio da Sociologia de forma diacrônica perpetuar a relação teoria x prática no ambiente escolar, pois esta disciplina se sustenta na

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6 dimensão pragmática dos problemas da sociedade. Para isso, Arroyo (2000, p. 152), afirma que "a escola não se define basicamente como um lugar de falas, mas de práticas, de afazeres". Nesse momento histórico de constituição da sociologia como conhecimento escolar, os discursos dos docentes revelam intenções e perspectivas, apresentando-se como dimensão importante na configuração das suas práticas que, estabelecem resultados diretamente na formação crítica-reflexiva de seus alunos.

Intercalando a discussão apresentada anteriormente, se faz necessário apresentar a Sociologia no Brasil. Um fator é importante, tanto as ideias conformistas quanto as revolucionárias exerceram forte influência na formação do pensamento sociológico brasileiro.

Autores como Sílvio Romero (1851-1914), Euclides da Cunha (1866-1909) e Oliveira Viana (1883-1951), considerados conservadores, após a instalação da República, configuravam uma tradição ensaísta, sem uma preocupação especificadamente científica – ou seja, sem estar preocupada em pensar o que seria a identidade cultural nacional.

A Sociologia, para início de conversa no Brasil, reproduz os primeiros apontamentos da análise positivista, paralelamente à divulgação da obra de Comte no cenário europeu. Florestan Fernandes (1920-1995), ao traçar três períodos de desenvolvimento da reflexão sociológica na sociedade brasileira, considera aquele momento como a primeira época, uma conexão histórica entre o direito e a sociedade, a literatura e o contexto histórico. Num segundo momento, se considera as primeiras décadas do século XX, que é caracterizada pelo pensamento racional como forma de consciência social das condições da sociedade. Por fim, na terceira época, Por volta de 1950, é marcada pela subordinação do estudo dos fenômenos sociais aos padrões de cientificidade do trabalho intelectual com influência das tendências metodológicas dos países europeus e principalmente dos Estados Unidos.

Graças a um conjunto de iniciativas na área da educação, no campo da pesquisa e editoração, é que os anos de 1930 foram de fundamental importância para a história do ensino da Sociologia no Brasil. Como revela Meucci (2000), no período de 1931 a 1941 o conhecimento sociológico é parte das matérias exigidas para os exames de admissão aos cursos superiores. Com a criação dos Cursos

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7 Superiores de Ciências Sociais na Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo e da própria Universidade de São Paulo se viu o desenvolvimento da pesquisa sociológica, além da consequente formação de quadros intelectuais e técnicos pensantes do país, para dar suporte às políticas públicas em execução. Este cenário ocorreu justamente durante o Ensino Secundário, o colaborou para a consolidação da Sociologia como disciplina escolar. A intenção, nesse contexto social e educacional, era que a sociologia contribuísse na

[...] formação de jovens com a capacidade de investigar e propor soluções para os problemas nacionais. Esses jovens imbuídos de um caráter científico e prático conduziriam as transformações da realidade brasileira. Tratava-se, portanto de um projeto de constituição de uma nova elite dirigente. Projeto no qual a sociologia teria um papel fundamental. Por isso, a presença dessa disciplina nos cursos complementares e no curso normal, visto que nesses cursos se iniciava a formação dos futuros advogados, arquitetos, engenheiros, médicos e professores. (SANTOS, 2002, p. 4)

Apesar deste cenário, o conhecimento sociológico "não chegara nem ao operário, nem ao homem de rua" (MEUCCI, 2000, p. 61). Neste período, final da década de 30, início da de 40 e mesmo se estendendo ao final do século XIX, o ensino secundário brasileiro atendia fundamentalmente a "uma elite, pois era composta por aqueles poucos que se destinavam às faculdades" (GIGLIO, 1999, p.5). Meucci (2000) compartilha e enriquece essa informação afirmando que no Brasil, em 1939, existiam 629 instituições de ensino secundário, das quais 530 eram particulares.

Precisamente em 1942 começa o longo período em que a sociologia ficará ausente dos currículos como disciplina obrigatória. A reforma de 1942, de Gustavo Capanema, ministro da educação do governo de Getúlio Vargas, desobrigou o ensino de sociologia nas escolas secundárias, definido pela Reforma Rocha Vaz em 1925, mantendo-o somente nas escolas normais.

Nas décadas de 50 e 60, o clima de democracia política que o país respirava, favoreceu a disseminação das faculdades de filosofia, ciências e letras pelo Brasil. Com isso, a sociologia, como disciplina, passa a fazer parte não só dos currículos dos cursos de ciências sociais como também de outros cursos superiores, especialmente o das áreas das ciências humanas. Mais tarde, com a Ditadura Militar, especialmente a sociologia permanece excluída das grades curriculares dos

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8 cursos secundários, inclusive dos cursos de formação para magistério, constantemente sendo substituída pela disciplina de fundamentos da educação.

O ensino da Sociologia foi marcado, ao longo de seu trajeto, por frequentes interrupções que causaram marcas que não podem ser ignoradas quanto a sua inserção no contexto educacional. Pode-se pontuar que frutos dessas interrupções dificultaram a Sociologia se firmar como disciplina em muitas escolas. Esse processo acarretou, entre outras coisas, na falta de tradição da disciplina no cenário da educação brasileira; dificultou seu espaço nas grades curriculares; ocasionou carência de materiais didáticos adequados, além da carência de pesquisa e metodologia para o Ensino Médio, que de algum modo, ficou sujeito a reprodução de métodos do ensino superior.

Nos meados da década de noventa, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96) foi que se abriu novas perspectivas para a inclusão da sociologia nas grades curriculares, uma vez que no Art. 36 e inciso 3, afirma a importância do domínio de Filosofia e Sociologia e que são necessárias ao exercício da cidadania. A partir da lei 9394/96, várias leituras positivas quanto a importância desta disciplina foram feitas. Em alguns estados, como no caso do estado do Paraná, especificamente a partir de 2004, uma série de políticas públicas foram estruturadas e ações implementadas pela Secretaria de Educação, no sentido de promover a conscientização da comunidade escolar a respeito da importância do conhecimento sociológico para o aluno de Ensino Médio.

Em 2004, de acordo com a instrução 01/2004, sendo esta pautada nos documentos oficiais: LDB, DCN e PCNs, a sociologia é tida como disciplina curricular do Ensino Médio.

Porém antes da análise da relevância desta disciplina no contexto escolar brasileiro, deve-se compreender que as mudanças propostas pela LDB de 1996 e pelos PCNs implicam num profundo reordenamento político-pedagógico. Este reordenamento significa a construção e implantação de um projeto pedagógico (organização curricular, orientação metodológica, organização administrativa, recursos etc.) que se paute efetivamente pelos seguintes princípios: Flexibilidade, Autonomia, Identidade, Diversidade, Interdisciplinaridade e Contextualização. Mediante estes princípios, o objetivo do Ensino Médio está expresso no vínculo dessa etapa da educação escolar “com o mundo do trabalho e a prática social”.

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9 Cabe a partir daqui, ao processo de ensino-aprendizagem no Ensino Médio, fomentar programas, atividades, projetos e currículos para a “preparação básica para o trabalho” e para o “exercício da cidadania”, que seriam os dois grandes eixos norteadores que definem o novo sentido para o antigo 2º grau. Sendo assim, essas orientações estariam norteadas pelos quatro pilares da educação como propõe a UNESCO: o aprender a conhecer, o aprender a fazer, o aprender a conviver e o aprender a ser.

Diante do exposto, o que se sabe é que o ensino da sociologia, especialmente no nível médio, requer uma maior atenção da que tem recebido, como sustenta Giglio:

[...] principalmente pelo fato de se verificar que as intenções e tentativas da sua inclusão no sistema educacional brasileiro acabaram por assumir uma certa permanência no ideário dessa ciência social no Brasil, a ponto de percorrer todo este século até obter alguns novos êxitos nos dias atuais. (GIGLIO, 1999, p. 1)

Para tanto, é notória a contribuição da sociologia no que tange à “compreensão das práticas sociais”, à “preparação básica para o trabalho” e ao “exercício da cidadania” ou, ainda, para o desenvolvimento de uma estética da sensibilidade, uma política da igualdade e uma ética da identidade, conforme está escrito nos PCNs quanto a reforma educacional brasileira. Exatamente devido a essa compreensão, se traz aqui mais uma vez o que afirma a LDB, em seu artigo 36, estabelece que “ao final do ensino médio o educando demonstre (...) domínio dos conhecimentos de filosofia e sociologia necessários ao exercício da cidadania”; também a resolução nº 3/98, em seu artigo 10, inciso i, parágrafo 2º, diz que “as propostas pedagógicas das escolas deverão assegurar tratamento interdisciplinar e contextualizado para (...) conhecimentos de filosofia e sociologia necessários ao exercício da cidadania”; por fim, podemos acrescentar, os PCNs (Ensino Médio, volume 4, na página 11) orientam que “o objetivo foi afirmar que conhecimentos dessas (...) disciplinas são indispensáveis à formação básica do cidadão, seja no que diz respeito aos principais conceitos e métodos com que operam, seja no que diz respeito a situações concretas do cotidiano social”.

Partindo deste princípio, é preciso que a sociologia garanta ao educando do Ensino Médio que, a partir do senso comum e de situações vivenciadas no cotidiano, busque superar esse nível de compreensão de mundo, desenvolvendo assim uma

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10 concepção científica que atenda às exigências do homem contemporâneo, crítico e transformador, por meio do qual se possa analisar a complexidade da sociedade em que vive.

Desta forma, os conteúdos devem ser abordados de modo claro, dialógico, diferenciados do senso comum, tendo, por parte do aluno, a incorporação de uma linguagem sociológica permitindo perceber a realidade e através de conceitos explicar tal realidade. Este contexto ainda permite ao discente agir como indivíduo ativo, participante das dinâmicas sociais, fornecendo, para isto, elementos necessários para a formação de um cidadão consciente de um mundo social, econômico, político, de suas potencialidades, capaz de agir e reagir diante desse mundo.

A partir deste momento, é esperado que a disciplina de Sociologia contribua para que os sujeitos envolvidos no processo pedagógico tenham recursos para desconstruir e desnaturalizar conceitos tomados historicamente como irrefutáveis, de maneira que melhorem seu senso crítico e também possam transformar a realidade e conquistar mais participação ativa na sociedade.

Outro fator relevante a ser compreendido e aguardado do resultado dos estudos sociológicos, é que a Sociologia, enquanto papel investigativo e questionador tem contribuído para ampliar os conhecimentos dos homens sobre a própria condição de vida e, fundamentalmente, para análise das sociedades ao compor, consolidar e alargar um saber especializado pautado em teorias e pesquisas que esclarecem muitos problemas do cotidiano social.

Portanto, ao se perceber que os grandes problemas atuais provenientes do acirramento de forças do capitalismo mundial, do desenvolvimento industrial desenfreado para uns e de severas crises econômicas para outros, de cenários políticos avassaladores no campo ético-moral, entre outras causas, exigem sujeitos capazes de refutar esta “sanidade normal” da destruição social e do próprio planeta. Cabe porém, a escola, por meio da Sociologia a formação de novos valores, de uma nova ética e de novas práticas que indiquem a possibilidade de construção de novas relações sociais.

Este Plano de Ensino Anual se estrutura de uma descrição histórica da disciplina de Sociologia e sua importância no processo cognitivo e de ensino-aprendizagem, neste primeiro momento. Em seguida, será justificado o porquê o

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11 eixo temático Política e Sociedade foi escolhido e qual a importância destes conteúdos na formação do aluno do Ensino Médio, com seus respectivos objetivos. Serão traçadas metodologias por meio de Sequências Didáticas sempre levando em consideração o contexto social do discente.

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12 2 A TÍTULO DE INFORMAÇÃO: POLÍTICA E SOCIEDADE NÃO HÁ DISSOCIAÇÃO

No ambiente familiar é que se começa a formação do ser humano, onde se inicia o processo de humanização e libertação. O que convém ainda afirmar neste contexto é que neste caminho de formação, ainda criança, o ser humano entra num processo civilizatório e a escola acompanha e participa desse processo. Com o conhecimento adquirido na escola, o aluno se prepara para a vida. Passa a ter o poder de se transformar e de modificar o mundo onde vive.

A instituição escolar visa educar sujeitos à convivência social, a cidadania e a tomada de consciência política. O que é importante aqui mencionar é que a educação é um fato social e para Durkheim, o objeto da sociologia é o fato social. Como fato social, a educação escolar, além de ensinar o conhecimento científico, deve assumir a incumbência de preparar as pessoas para o exercício da cidadania. A cidadania é entendida como o acesso aos bens materiais e culturais produzidos pela sociedade, e ainda significa o exercício pleno dos direitos e deveres previstos pela Constituição da República.

Sendo assim, é por meio da escola que os sujeitos sociais sistematizam a educação que por si vê na cidadania a pretensão de fazer de cada pessoa um agente de transformação social. Isso exige uma reflexão que possibilite compreender as raízes históricas da situação de miséria e exclusão em que vive boa parte da população. A formação política, por sua vez, que tem no universo escolar um espaço privilegiado, deve propor caminhos para mudar as situações de opressão. Muitas vezes, o que se observa é que embora outros segmentos participem dessa formação política, como a família ou os meios de comunicação, não haverá a garantia do direito democrático se inexistir essa responsabilidade propiciada, sobretudo, pelo ambiente escolar.

Nesta visão, torna-se imprescindível o estudo do eixo temático POLÍTICA E SOCIEDADE, uma vez que enquanto instrumento político de libertação, a cultura democrática tem que prevalecer nos espações escolares, garantindo uma formação cidadã e política ao educando, tornando-o capaz de desenvolver seus potencias no meio em que vive, garantindo sua participação política consciente. A cultura de

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13 participação política é o primeiro passo para se consolidar uma democracia capaz de garantir os direitos sociais de todos os cidadãos.

Mediante este cenário, ainda se faz necessário pensar esta temática numa perspectiva mais aguçada quanto ao campo sociológico, passa-la a olhar de uma maneira diferente daquela a que se está habituado na vida quotidiana, numa perspectiva mais vasta. Diariamente, para se compreender os problemas pessoais, se tem que situar num determinado período, num certo quadro histórico e numa determinada realidade social, o que não é diferente de se analisar os problemas políticos numa dimensão pluralizada da sociedade, pois estes são oriundos da singularidade dos indivíduos. A capacidade que se tem em associar todos esses elementos e relacionar com o comportamento de um indivíduo em meio aos aspectos sociais, é denominado de imaginação sociológica. Esta é ponto crucial na formação cidadã, uma vez que deve corresponder a capacidade de mudar a perspectiva para uma nova realidade, sempre na tentativa de se conseguir uma visão total da sociedade e de todos os elementos que dela fazem parte.

Em meio a esta visão sociológica, o eixo temático aqui discutido neste Plano Anual de Ensino deve se correlacionar ao longo de sua execução num campo interdisciplinar. Pois assim, estará angariando o ser sociológico, enquanto disciplina, ao fazer pedagógico. Trabalhar “política” na perspectiva da interdisciplinaridade é acima de tudo, desenvolvê-la numa dimensão contextualizada, o que torna este processo mais do que essencial, pois intercala o “ser político” no cotidiano mostrando a sua importância na área de Códigos e Linguagens, de Ciências Humanas, Ciências Naturais e na própria Matemática. A interdisciplinaridade recorre a um saber, diretamente útil e utilizável, para responder às questões e aos problemas sociais contemporâneos.

Todavia, a Política deve ser tratada no contexto escolar no próprio dia a dia da escola, na participação política de todos os membros da Comunidade Escolar: nos Grêmios Estudantis, nos Conselhos de Classe, nos Conselhos Escolares, na participação ativa da Gestão Democrática; ou seja, o cotidiano da escola é o laboratório para a execução do eixo temático Política e Sociedade ao longo do ano letivo. Fazer uma dicotomia entre a teoria e a prática aqui, seria separar a mãe (sociologia) dos seus filhos (o dia a dia dos atores da Comunidade Escolar). Daí a importância desta temática no âmbito escolar, sincronizar os próprios objetivos do

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14 fazer pedagógico da escola aos objetivos principais do processo ensino-aprendizagem.

Sendo assim, é percebível no contexto escolar que se consolida o ato de educar, pois conforme se descreve ao longo deste documento, educar para a cidadania tem sido uma proposta recorrente na voz de legisladores, educadores, políticos, empresários. Atualmente, apresenta-se como "uma das fontes de revitalização da importância da sociologia" (MEKSENAS, 1994, p. 17), pois, conforme Gentili (2000), "a educação, a partir desse enfoque, deveria ser vista como um mecanismo de difusão, de socialização e de reconhecimento dos direitos (civis, políticos e sociais) que definem o campo da cidadania" (p. 146).

Para tanto, compreende-se que a democracia é ponto crucial neste processo, pois conforme Bobbio (2002) “a democracia não se refere só à ordem do poder público do Estado, mas deve existir em todas as relações sociais, econômicas, políticas e culturais. Começa na relação interindividual, passa pela família, a escola e culmina no Estado. Uma sociedade democrática é aquela que vai conseguindo democratizar todas as suas instituições e práticas”.

Portanto, a democracia só se constituirá como substancial se a formação política for propiciada no ambiente escolar. A escola, enquanto uma criação social, é um dos lugares adequados de formação e informação, em que a aprendizagem deve estar em concordância com os assuntos sociais que assinalam cada momento histórico. As diferentes configurações de organização da sociedade devem ser debatidas e consideradas no ambiente escolar, com o objetivo de propiciar o diálogo entre educadores e alunos sobre o fato histórico e político, relacionando presente e passado e constatando as transformações necessárias ao bem da coletividade. Através das vivências plurais os alunos passam a exercer a cidadania social e política.

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15 3 O ENSINO DE SOCIOLOGIA: O SER E O FAZER NO TERCEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO

Na prática, o ensino de Sociologia se fundamenta na adoção de múltiplos instrumentos metodológicos, os quais devem adequar-se aos objetivos pretendidos, seja a exposição, a leitura e esclarecimentos do significado dos conceitos e da lógica dos textos (teóricos, temáticos, literários), a análise, a discussão, a pesquisa de campo e bibliografia entre outros.

Conteúdos estruturantes e conteúdos específicos deles derivados, os encaminhamentos metodológicos, além do processo de avaliação ensino-aprendizagem devem estar sincronicamente relacionadas a construção histórica da Sociologia crítica, que por sua vez, se pontua caracteristicamente falando por posições teóricas e práticas que favorecem o desenvolvimento de um pensamento criativo e instigante.

Sendo assim, as aulas de Sociologia, mediante este Plano Anual de Ensino, serão expositivas, desenvolvidas em discussões por meio de fóruns, debates, seminários, trabalhos em grupo, mesas redondas, oficinas e pesquisas no ambiente escolar e fora dele, trabalhos e avaliações escritas.

Por meio desses artefatos pedagógicos, procura-se desenvolver a capacidade dos educandos fazendo com que esses criem condições para resolver atividades, interpretar, analisar e produzir textos, realizar fichamentos, registrar resumos, ilustrar, formular perguntas orais e escritas, formular problemas, ler imagens e gráficos, realizar entrevistas, apresentar trabalhos orais, confeccionar cartazes, montar painéis e murais, participar de exposições, analisar filmes e músicas etc.

Outro fator relevante no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de Sociologia é que o mesmo pode propiciar a interdisciplinaridade por meio de seus conteúdos. Desta forma, pode-se utilizar das produções textuais com temáticas discutidas em sala, analisando a escrita do aluno; deve-se utilizar dos contextos históricos para justificar determinado fato social; pode-se utilizar das artes para a criação de desenhos, pinturas, fotografias que representem determinado contexto social; etc.

Todavia, para desenvolver tais ações, serão utilizados recursos como o espaço da sala de aula, quadro branco e piloto atômico; livro didático de Sociologia;

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16 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino de Sociologia; os espaços físicos internos e externos; pesquisas de campo; aulas de campo; laboratório de informática; biblioteca; revistas, jornais e cartazes; músicas, vídeos; retroprojetor multimídia; notebooks, celulares, computadores; redes sociais; etc.

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17 4 OBJETIVOS: FRUTOS DO FAZER PEDAGÓGICO

Espera-se que a cada etapa de ensino, o educando consiga: UNIDADE I – Política e relações de poder

 Ampliar a concepção que tem de política, percebendo esta como uma rede de interesses e de acordos estabelecidos por seres humanos, em um processo de tomadas de decisões que gira em torno de valores sociais e de relações de poder, pois enquanto prática social, a política implica na participação do cidadão nos destinos da sociedade.

UNIDADE II – Política e Estado

 Apreender que o estudo do conceito de Estado, de sistemas de poder e de regimes políticos permitirá a análise e a comparação das diversas teorias sobre suas diferentes origens, formas e finalidades, apropriando-se assim dos conceitos de Ciência Política.

UNIDADE III – Política e movimentos sociais

 Compreender os fatores que levam à mudança, identificando os movimentos sociais e seu poder de intervenção nas estruturas.

UNIDADE IV – Política e cidadania

 Perceber e valorizar o exercício da democracia, a legitimidade do poder, a cidadania, os direitos e deveres do cidadão, os movimentos e as outras formas de participação fundamental a construção da identidade social e política do educando.

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18 5 PLANO ANUAL DE ENSINO: DETALHES QUE FORMAM O TODO

5.1 Identificação

Escola ESTADUAL RUI BARBOSA

Ano do Ensino Médio 3º ANO Carga horária total 40 h / aulas Período letivo 2017

Professor (a) ISMAEL ANDRÉ DOS SANTOS SILVA

5.2 Detalhamento das Unidades Didáticas 5.2.1 Unidade I (1° Bimestre)

A) Descrição da Unidade

Na dimensão sociológica, no estudo desta temática, o aluno se pauta no ato de participar politicamente, depois de compreender e apreender a estrutura social enquanto trabalhador e cidadão (unidades anteriores), agora ele estará construindo sua identidade social e agindo para que uma sociedade mais democrática e solidária se fortaleça. Temos, portanto aqui, a articulação entre as competências da Sociologia e o conceito estruturador de cidadania: protagonismo juvenil voltado para a viabilização da cidadania plena.

B) Cronograma Geral dos Conteúdos e seus respectivos objetivos de aprendizagem

Aula Conteúdos Objetivos de Aprendizagem

01 O que é Política e quais suas relações de poder.

 Formular a concepção que o aluno tem do conceito de política;

 Perceber a política como uma rede de interesses e de acordos entre os sujeitos sociais que centraliza nas relações de poder;

 Identificar a presença da política no agir cotidiano de indivíduos, grupos e instituições;

 Valorizar a política enquanto prática social que implica na participação do cidadão nos destinos da sociedade.

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19 C) Procedimentos Metodológicos/Detalhamento das Sequências Didáticas

Aulas: O QUE É POLÍTICA E QUAIS SUAS RELAÇÕES DE PODER Duração: 10 aulas (50min)

Foco: Entender a política como instrumento de intervenção social.

Tipo de aula: Aula expositiva, com participação efetiva dos alunos em debates, mesas redondas, apresentação de murais e colagens.

Detalhamento dos procedimentos metodológicos para a Aula.

1º MOMENTO (01 aula): Iniciar as atividades dialogando com os estudantes, no sentido de registrar o que os alunos sabem sobre política, registrando as concepções dos alunos sobre o tema proposto sempre anotando quais as curiosidades que os estudantes possuem sobre o tema e o que gostariam de discutir.

Possíveis questionamentos a serem trabalhados: O que é política?

Quais as concepções de política existentes em nossa sociedade? Qual a importância da política para a sociedade?

Qual o papel da sociologia na sociedade brasileira, em nossa comunidade, na escola ao discutir política?

2º MOMENTO (01 aula): Trabalhar o texto “O analfabeto político” de Bertold Brecht. Depois, formar grupos com quatro componentes e discutir as situações a seguir: Quando fica evidente o uso do analfabeto político pelos detentores do poder? Qual deveria ser a postura ética ideal?

Como podemos reverter este quadro?

Existem jovens na condição de analfabeto político atualmente?

3º MOMENTO (04 aulas): Assistir ao filme: Diários de Motocicleta, sob a direção de Walter Sales (2003), uma adaptação para o cinema do Diário de Che Guevara, antes de se tornar líder revolucionário. Conta à história do jovem (na época com 23 anos) e sua viagem de oito meses pela América Latina, iniciada na Argentina (seu país de origem) até a Venezuela. Nessa viagem, em companhia do amigo Alberto

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20 Granado, começou a ter contato com a realidade do povo da região e das injustiças e misérias que o afligia.

Disponível em: Filmes.net - http://www.filmes.net/diariosdemotocicleta/MD.html

Numa mesa redonda, discutir o vídeo, analisando a atual situação política de nossa comunidade, estado e país, sua relação com o vídeo assistido e o personagem principal.

ATIVIDADE EXTRA SALA: Numa atividade externa a sala de aula os alunos devem pesquisar, em grupos, a biografia de Che Guevara, destacando suas principais ideias, onde irão ainda selecionarem reportagens de jornais e revistas sobre a atual situação política nacional e local, organizando um mural, com as ideias veiculadas nos meios de comunicação, fazendo um comentário do grupo ao final de cada reportagem (que apresentarão na aula seguinte), sempre registrando a sequência das atividades num Portfólio.

4º MOMENTO (02 aulas): Apresentação dos trabalhos realizados em casa, conforme descrito no momento anterior.

5º MOMENTO (02 aulas): Produção textual sobre a temática “A importância das ações políticas no nosso cotidiano”.

Sistemática de Avaliação para a Unidade I

O processo avaliativo será realizada no decorrer das atividades, inicialmente observando a formação de conceitos dos estudantes, analisando seus questionamentos e intervenções, procurando, através do diálogo, perceber se houve apropriação dos conteúdos propostos e uma mudança de postura frente aos problemas levantados, fazendo a simetria teoria x prática. O professor acompanhará a leitura das produções dos estudantes, fazendo as intervenções necessárias, sugerindo leituras e a retomada de conteúdos, se necessário. Por fim, analisará e avaliará a sequência do Portfólio no bimestre e a produção textual apresentada por cada aluno.

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21 5.2.2 Unidade II (2° Bimestre)

A) Descrição da Unidade

As diversas definições de Estado, fundamental para a organização das sociedades, foram formuladas pelos maiores pensadores da História política. As concepções por eles elaboradas refletem diretamente os contextos em que foram pensados, seja para justificar o modelo vigente ou para questiona-lo. Esta unidade se embasará nesta discussão.

B) Cronograma Geral dos Conteúdos e seus respectivos objetivos

Aula Conteúdos Objetivos de Aprendizagem

01 Conceituando Estado e suas diferentes formas.

Identificar nos processos históricos as diferentes concepções de Estado, partindo, inicialmente, da noção que os alunos possuem sobre o conceito de Estado e democracia;

02 O estado brasileiro e seus regimes políticos.

Relacionar o passado e o presente a fim de destacar como as concepções de Estado analisadas influenciaram o processo de formação do Estado brasileiro.

C) Procedimentos Metodológicos/Detalhamento das Sequências Didáticas 1ª ETAPA: Conceituando Estado e suas diferentes formas.

Duração: 05 aulas (50min / cada)

Foco: A formação do conceito de Estado e implicação nas usas diferentes formas Tipo de aula: Aula expositiva, que culmina com debate dos alunos sobre a temática.

Detalhamento dos procedimentos metodológicos para a 1ª ETAPA.

1º MOMENTO (01 aula): Iniciar com uma conversa sobre o papel do Estado e a sua relação com a democracia nos dias atuais. Utilize as manifestações populares ocorridas em junho de 2013, como base central para alavancar as discussões. Questione aos discentes os motivos dos protestos, suas principais reivindicações e a proporção alcançada em nosso país. O que se sucedeu ao longo dos últimos três anos a partir daquelas manifestações.

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22 É relevante ainda analisar pelos discursos dos alunos, a relação que eles fazem do contexto apresentado com o Estado: eles entendem o Estado como uma entidade acima do povo ou que parte dele?

Para encerrar o debate, leia para os alunos significado da palavra "estado" dada pelo dicionário Caldas Aulete estado:

7. Nação com estrutura própria e organização política.

8. O conjunto das instituições (governo, congresso, forças armadas, poder judicário etc.) que administram uma nação: A máquina administrativa do Estado. [Com inicial maiúsc. nesta acp.]

9. Regime político (estado democrático).

10. Luxo, pompa, fausto: Levava a vida em alto estado, quando os pais eram vivos. 11. Fís. Forma de apresentação da matéria, de acordo com a sua estrutura

molecular: A água encontra-se na natureza em três estados: sólido, líquido e gasoso.

12. Grav. Cada uma das fases da execução de uma gravura.

13. Mús. Classificação de um acorde a partir da nota que ocupa o baixo. 14. Inventário, rol (de bens, despesas etc.): O estado dos bens da família."

ATIVIDADE EXTRA SALA: Mediante a discussão, peça aos alunos, que em grupos com cinco componentes, criem um painel ilustrativo sobre as diversas definições de Estado para apresentarem na aula seguinte.

2º MOMENTO (01 aula): Apresentação dos painéis ilustrativos confeccionados a partir da atividade extra sala.

3º MOMENTO (01 aula): Em aula expositiva, o professor aula irá explorar acerca da concepção de Estado a partir das teorizações de Thomas Hobbes e Jean Jacques Rousseau. Será entregue aos educandos um resumo sobre as obras do autores mencionados, conforme a seguir:

O inglês Thomas Hobbes é autor de Leviatã (1651), livro em que está uma das principais bases teóricas do Absolutismo, modelo de governo em que a autoridade do monarca era a fonte suprema dos poderes do Estado. Nele, Hobbes buscou

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23 justificar a relevância desse modelo, ao comparar o Estado a um monstro poderoso, criado para acabar com a desordem e a insegurança da sociedade. O autor afirma que o homem era lobo do próprio homem, sendo necessário, como solução para os conflitos em torno das constantes guerras e disputas, o estabelecimento de um "contrato social". Assim, os homens renunciariam à sua liberdade em favor de um governo absoluto que visava garantir a ordem, as diretrizes e a segurança no convívio social.

Já Rousseau, um dos principais expoentes do Iluminismo, defendia um governo cuja soberania era do povo. Explique que uma das suas obras relevantes a este respeito, também citava o "contrato social". Na visão de Rousseau, entretanto, o soberano deveria conduzir o Estado conforme os desejos de seu povo, posto que somente as bases democráticas garantiriam a igualdade jurídica a seus cidadãos. Suas ideias foram amplamente difundidas e influenciaram, por exemplo, os líderes jacobinos da Revolução Francesa.

Após concluírem a leitura, apresente os excertos transcritos abaixo aos alunos e peça que eles comparem as visões por eles mostradas. Eles defendem o mesmo ideal? Quais as diferenças nas concepções mostradas em um e em outro?

“Todo poder, toda autoridade estão nas mãos do rei e não pode haver outra no reino que aquela por ele estabelecida. (...) A vontade de Deus é que todo aquele que nasceu súdito obedeça cegamente. (...) E somente à cabeça que compete deliberar e resolver, e todas as funções dos outros membros consistem apenas na execução das ordens que lhes são dadas.”

Luís XIV. Memórias. In: ISAAC, Jules; ALBA, André. Tempos modernos. São Paulo: Mestre Jou, 1968, p. 165. “Quando os poderes legislativo e Executivo ficam reunidos numa mesma pessoa ou instituição do Estado, a liberdade desaparece. (...) Não haverá também liberdade se o poder Judiciário não estiver separado do Legislativo e do Executivo. Se o Judiciário se unisse ao Executivo, o juiz poderia ter a força de um opressor. E tudo estaria perdido se uma mesma pessoa – ou uma mesma instituição do Estado – exercesse os três poderes: o de fazer as leis, o de ordenar a sua execução e o de julgar os conflitos entre os cidadãos.”

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24 MONTESQUIEU. O espírito das leis. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 168.

4º MOMENTO (02 AULAS): Neste último momento, o professor irá mediadar um debate. Divida os alunos em dois grupos que defenderão o Estado absolutista descrito por Hobbes ou o Estado democrático proposto por Rousseau.

O objetivo dessa atividade é fazer com que os alunos se coloquem como protagonistas do processo histórico vivenciado pelos defensores do Absolutismo e do Iluminismo, analisados ao longo desta sequência didática. Conduza a discussão lançando tópicos a serem explorados por ambos, conforme as concepções estabelecidas para cada um:

- Qual é a forma de governo defendida?

- Qual é o papel do povo dentro da sociedade? - Qual é o papel da Igreja?

- Qual é a função do monarca? - Há democracia?

Sempre que necessário, o professor deve corrigir os discentes, se caso presenciar equívocos sobre as informações históricas desenvolvidas pelos alunos.

2ª ETAPA: O ESTADO BRASILEIRO E SEUS REGIMES POLÍTICOS. Duração: 05 aulas (50min / cada)

Foco: Os períodos democráticos e autoritários da política brasileira Tipo de aula: Aula expositiva

Detalhamento dos procedimentos metodológicos para a 2ª ETAPA.

1º MOMENTO (02 aulas): Em aulas expositivas o professor mostrará as etapas de formação política do Estado brasileiro. Destacará as formas de poder dos governantes do Brasil Colônia, Império e República.

ATIVIDADE EXTRA SALA: No contra turno, convidará os alunos em três momentos (dias diferentes) a virem para a escola para assistirem a três filmes:

Xica da Silva. Direção de Cacá Diegues. Brasil, 1976. Baseado no livro homônimo de João Felício dos Santos, conta a história da escrava Francisca da Silva e seu relacionamento com João Fernandes de Oliveira, seu senhor, nomeado contratador

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25 de diamantes pelo rei de Portugal. No filme, sexo e escravidão são pretextos para falar de relações de poder: submissão e subversão da ordem. Xica subverte a ordem colonial e escravista.

Independência ou morte. Direção de Carlos Coimbra. Brasil, 1972. Filme épico e ufanista, feito em plena época da ditadura militar em comemoração aos duzentos anos de independência. Traça o perfil de D. Pedro I desde infância, passando por seu envolvimento com a marquesa de Santos, pela proclamação da independência, até a abdicação do imperador. A cena às margens do Ipiranga reproduz, em um jogo de montagem, a célebre tela de Pedro Américo.

Batismo de Sangue. São Paulo, fim dos anos 60. O convento dos frades dominicanos torna-se uma trincheira de resistência à ditadura militar que governa o Brasil. Movidos por ideais cristãos, os freis Tito, Betto, Oswaldo, Fernando e Ivo passam a apoiar o grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional, comandado por Carlos Marighella. Eles logo passam a ser vigiados pela polícia e posteriormente são presos, passando por terríveis torturas.

Ainda como atividade externa a sala de aula, os alunos irão se reunir e construir a partir do que assistiram as principais diferenças nas formas de governo de cada período histórico brasileiro. O resultado da análise será apresentado em sala de aula numa mesa redonda.

2º MOMENTO (01 aula): O professor fará uma mesa redonda onde os alunos irão comentar e pontuar as características básicas de cada período da política brasileira.

3º MOMENTO (02 aulas): Neste momento, inicie a conversa sobre os últimos acontecimentos do cenário político brasileiro, as manifestações, o que o congresso tem em pauta. O professor deve ir pontuando no quadro cada colocação dos alunos, de forma sistematizada os diferentes pontos destacados pela turma. Faça com que eles analisem criticamente os pontos enumerados, identificando os problemas e sugerindo as possíveis formas para sua resolução. Mantenha um registro desses pontos para as próximas etapas da sequência didática.

No segundo instante, estimule a conversa propondo questões como: Quem são os responsáveis pela resolução dos problemas apontados? No Brasil, a quem cabe a

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26 criação das leis? Quem são os responsáveis pelos serviços públicos? Quais as diferenças nos papéis e atribuições de diferentes governantes? Quem são os profissionais responsáveis pelo cumprimento das leis?

Como material de apoio, utilize o texto a seguir:

A organização política no Brasil

Em diversas nações do mundo e no Brasil contemporâneo, o poder e atividades governamentais baseiam-se no princípio da divisão em três poderes: executivo, legislativo e judiciário. Em termos conceituais, essa divisão é baseada nas ideias de pensadores iluministas, como John Locke (1632 - 1704) e Charles de Montesquieu (1689 - 1755), e visa evitar os desvios e distorções caracterizados pela centralização dos poderes de governo em um indivíduo ou grupo social, como é o caso dos regimes autoritários e das antigas monarquias absolutistas. Assim, de acordo com Montesquieu, esse modelo tripartite implica não apenas em uma divisão das funções de governo necessárias a um Estado democrático, mas também em mecanismos de controle mútuo entre os diferentes poderes, de forma que nenhum deles se sobressaia, cometendo desvios que possam prejudicar os cidadãos.

O poder executivo é encarregado de realizar as diferentes tarefas administrativas necessárias ao bem comum, observados os limites determinados pelas leis vigentes. No Brasil, é formado por órgãos de administração direta, como ministérios e secretarias, e indireta, como empresas públicas e autarquias.

Por sua vez, o poder legislativo é incumbido da elaboração das leis, por meio das atividades de representantes democraticamente eleitos. Também cabe ao legislativo a aprovação de projetos de lei propostos pelo poder executivo, assim como a fiscalização de suas atividades administrativas (como, por exemplo, a correta destinação de recursos públicos).

A tarefa de interpretação das leis, de garantir os direitos individuais e coletivos e de mediar conflitos é de responsabilidade do poder judiciário. Cabem a esse poder o julgamento e a determinação de penas para indivíduos ou entidades que não estejam agindo de acordo com as leis.

Além da divisão dos poderes, as funções de governo no Brasil são divididas também em três diferentes esferas: federal, estadual e municipal. A cada uma dessas esferas correspondem diferentes atribuições, mecanismos administrativos e até mesmo

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27 sistemas de tributação. Dessa maneira, apesar de representarem o poder executivo, o Presidente da República, os governadores dos estados e os prefeitos possuem atribuições e responsabilidades distintas, de acordo com sua esfera de atuação. Por exemplo, no caso do sistema educacional brasileiro, existe uma divisão de responsabilidades entre municípios, estados e governo federal: aos municípios cabe o gerenciamento de pré-escolas e do ensino fundamental; os estados devem organizar a oferta de ensino médio, mas atuando com os municípios no ensino fundamental; ao governo federal, cabe a regulação do sistema como um tudo e, de forma específica, do ensino superior.

De forma semelhante, o poder legislativo se divide em diversas esferas com organizações distintas: câmaras de vereadores no caso dos municípios, assembleias legislativas unicamerais no caso dos estados, e o Congresso Nacional (composto pela Câmara dos Deputados e o Senado) no nível federal. No caso do poder judiciário também se observa uma divisão entre órgãos e tribunais federais e estaduais. No entanto, não existem tribunais municipais. Nesse caso, um certo número de municípios podem compor uma comarca, sob o comando de um juiz de direito.

Por fim, procure relacionar o conteúdo abordado na etapa anterior e as informações sobre a organização política no Brasil, os diferentes poderes e esferas. Instigue os alunos a pensarem nos problemas específicos, tentando relacioná-los com as diferentes atribuições dos poderes e esferas de governo. Se preferir, organize as respostas e intervenções dos alunos, conforme o exemplo abaixo:

Demanda ou problema Poder responsável Esfera responsável

Aumento da passagem de ônibus em SP Executivo Municipal

Sistemática de Avaliação para a Unidade II

Os alunos serão avaliados por sua participação nas aulas, compreensão dos temas e sua capacidade de raciocínio crítico. Considere também a criatividade e a qualidade trabalhos apresentados ao longo do bimestre. O Portfólio continua sendo analisado a cada bimestre, mediante a sistematização do que está sendo lecionado.

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28 5.2.3 Unidade III (3° Bimestre)

A) Descrição da Unidade

O movimento social se refere à ação coletiva de um grupo organizado que tem como objetivo alcançar mudanças sociais por meio do embate político, dentro de uma determinada sociedade e de um contexto específico.

Nesta unidade, os conteúdos focarão na conceituação de mudanças sociais, revolução, reformas, movimentos sociais. Estes últimos serão foco da segunda parte deste bimestre com temática voltada exclusivamente para o Brasil.

B) Cronograma Geral dos Conteúdos e seus respectivos objetivos

Aula Conteúdos Objetivos de Aprendizagem

01 Mudanças Sociais, reforma e revolução

Compreender os fatores sociais que levam as mudanças;

Tematizar a revolução social, considerando-a como o fenômeno sociológico que expressa a forma mais extremada de mudança social.

02 Movimentos sociais no Brasil Identificar os movimentos sociais e seu poder de intervenção nas estruturas.

C) Procedimentos Metodológicos/Detalhamento das Sequências Didáticas

Aula nº 1: Mudanças Sociais, reforma e revolução Duração: 05 aulas de 50 min/cada

Foco: Conceituar revolução e mostrar as mudanças sociais a partir dela. Tipo de aula: Expositiva e participativa

Detalhamento dos procedimentos metodológicos para a Aula nº 1.

1º MOMENTO (01 aula): Fazer um levantamento prévio sobre o grau de conhecimento dos alunos sobre o assunto, questionando: o que você entende por revolução? É importante citar exemplos. Solicite aos alunos que escrevam um breve parágrafo explicativo sobre o que o sabem. O professor deve ler para todos da sala o que cada aluno escreveu.

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29 2º MOMENTO (01 aula): Apresentar aos alunos o tema, enfatizando que uma revolução social bem-sucedida resulta na subversão da ordem social, e é seguida de transformações sociais, econômicas e políticas que dão origem a uma nova ordem social. O professor, para embasar seu contexto, deve citar exemplos históricos considerados emblemáticos, como a Revolução Francesa de 1789, a Revolução Russa de 1917; entre outros casos.

Em seguida, deve deixar claro a diferença entre os movimentos revolucionários de outras formas de ações coletivas, como protestos, rebeliões e revoltas sociais, que são empreendidas por pequenos grupos ou segmentos de determinada classe social. Seus objetivos, porém, não visam à transformação da sociedade como um todo e, sim, reivindicações imediatas de interesse do grupo ou segmento social em questão.

Ainda nesta aula, cabe ao docente esclarecer aos alunos que uma revolução advém de fatores ou causas estruturais de longa duração; ou seja, as causas de uma revolução devem ser procuradas em conflitos sociais e/ou políticos agudos que geralmente perduram por décadas e que não encontram solução de resolução institucional com base na negociação política. Crises econômicas e conflitos armados podem agravar o quadro de conflito social interno e solapar (ou erodir) a capacidade do Estado de manter a ordem.

3º MOMENTO (01 aula): Nesta aula, o professor irá dividir a turma em quatro grupos (dependendo do tamanho da turma). Cada grupo deve optar por trabalhar com um caso histórico de revolução. O professor deve elaborar um pequeno questionário para ajudar os alunos a se orientarem na leitura. O exercício consiste em fazer um levantamento de todos os fatores que são apontados como "causas" que provocaram o movimento revolucionário em questão. Os textos usados pelos os alunos serão selecionados pelo professor.

ATIVIDADE EXTRA SALA: Em casa, os alunos irão concluir e sistematizar em slides a sua apresentação que será na aula seguinte. Para otimizar a apresentação, os alunos poderão usar vídeos, músicas etc. que relacione diretamente com a temática discutida (fatores/causas).

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30 4º MOMENTO (02 aulas): Apresentação das atividades elaboradas por meio de exposição oral.

Aula nº 2: Movimentos sociais no Brasil Duração: 05 aulas de 50 min/cada

Foco: Contextualizar os movimentos sociais no Brasil Tipo de aula: Expositiva e participativa

Detalhamento dos procedimentos metodológicos para a Aula nº 2.

1º MOMENTO (02 aulas): Numa roda de conversa perguntar aos alunos o que eles sabem sobre os movimentos sociais da atualidade no Brasil; quais são os movimentos sociais que podem detectar; que mudanças sociais estes movimentos almejam; saber deles se conhecem alguém que participa de algum movimento social; se sim, ver a possibilidade de trazer a escola para uma roda de conversa, se não, se podem entrevista-la.

Em seguida, apresentar a música “Comida” de Titãs. Antecipadamente imprimir a letra da música que deve ser tocada em sala de aula e acompanhada pelos os alunos.

OBS: Se algum aluno é cantor ou instrumentista, aproveitar o ensejo para trabalhar este talento com esta música.

Peça aos alunos para se reunirem em grupos de 4 a 5 alunos e que discutam as seguintes questões:

 A música fala de que?

 Quais as reivindicações presentes na música?

 As reivindicações da sociedade se manifestam de que formas? Violência? Criminalidade? Movimentos?

Discutir com eles as diversas formas de discriminação, desigualdade, as lutas por terra, educação, saúde, direitos das mulheres, homossexuais etc. Explicar aos alunos que as diversas reivindicações da sociedade podem se traduzir num esforço organizado para promover ou resistir a mudanças. Explicar que esse tipo de Movimento se caracteriza como Movimento Social.

Relacione as discussões apresentadas com o contexto sócio histórico do Brasil atual.

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31 2º MOMENTO (01 aula): O professor, neste segundo momento deste assunto, deve montar em casa um painel com imagens de movimentos sociais brasileiros e apresentar aos alunos. Solicitar a participação deles e que discutam as seguintes questões:

 Quais são os movimentos apresentados nas imagens?  O que motivou esses movimentos?

ATIVIDADE EXTRA SALA: Na atividade externa ao ambiente escolar, peça aos alunos que em grupo pesquisem em jornais, revistas e internet alguma reportagem sobre movimentos sociais no Brasil. Sistematizem cada movimento social pesquisado: sua origem, seus objetivos, o que causou esta luta, seu trajeto histórico, o que já alcançou de melhorias sociais;

Os alunos, no contra turno, com a ajuda do professor, deve preparar o refeitório da escola para um CAFÉ DOS MOVIMENTOS SOCIAIS. Devem organizar as mesas para recepcionar as salas e autoridades escolares convidadas, em cada mesa deve conter o CARDÁPIO (Movimento social) contendo as informações necessárias (sua origem, seus objetivos, o que causou esta luta, seu trajeto histórico, o que já alcançou de melhorias sociais); Deve conter ainda músicas temáticas a cada movimento social, poemas, charges;

3º MOMENTO (02 aulas): (No refeitório / auditório) Cada grupo irá ler sobre o movimento social brasileiro pesquisado para os convidados. Em seguida, como confraternização cearão o café preparado.

Sistemática de Avaliação para a Unidade III

Os alunos serão avaliados por sua participação nas aulas, compreensão dos temas e sua capacidade de raciocínio crítico. Considere também a criatividade e a qualidade trabalhos apresentados ao longo do bimestre. O Portfólio continua sendo analisado a cada bimestre, mediante a sistematização do que está sendo lecionado.

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32 5.2.4 Unidade IV (4° Bimestre)

A) Descrição da Unidade

Nos afirma Rui Barbosa que a política afina o espírito humano, educa os povos, desenvolve nos indivíduos a atividade, a coragem, a nobreza, a previsão, a energia, cria, apura, eleva o merecimento. Nesta perspectiva percebemos o quanto é importante para a efetivação da cidadania o comprometimento do sujeito social com a política, de forma a democratizar os espaços de sociabilidade deles. Assim, estarão garantindo seus direitos de cidadãos uns para com os outros através do cumprimento de seus deveres e fazendo valer nos espaços de representação a verdadeira democracia: governo de todos e para todos.

B) Cronograma Geral dos Conteúdos e seus respectivos objetivos

Aula Conteúdos Objetivos de Aprendizagem

01 Legitimidade do poder e democracia

Valorizar o exercício da democracia, a legalidade e a legitimidade do poder.

02 Formas de participação e direitos do cidadão

Apreender melhor a importância da participação política de cada um, como um dever, nos espaços de representações sociais a partir do processo de garantia de direitos que fortalece a democracia participativa.

C) Procedimentos Metodológicos/Detalhamento das Sequências Didáticas Aula nº 1: Legitimidade do poder e democracia

Duração: 05 aulas de 50 min. / cada Foco: Legitimidade da autoridade política Tipo de aula: Expositiva e participativa

Detalhamento dos procedimentos metodológicos para a Aula nº 1.

1º MOMENTO (02 aulas): A partir da leitura do texto "Os três tipos puros de dominação legítima", de Max Weber (que pode ser encontrado em: Cohn, Gabriel. Weber: Sociologia, Coleção Grandes Cientistas Sociais, Editora Ática), o professor poderá encaminhar a aula, expondo aos alunos que em qualquer comunidade tribal, primitiva ou não, ou sociedade, seja ela antiga ou moderna, há a

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33 necessidade da existência de uma autoridade política capaz de exercer o poder de mando, com o objetivo de preservar a manutenção da ordem e a coesão social. Outro ponto a ser ressaltado é que a convivência pacífica entre indivíduos que integram uma coletividade maior, ou seja, uma comunidade ou uma sociedade, só pode ocorrer a partir da constituição de uma autoridade, isto é, de um governo, um Estado. A partir destes, é que é criado uma série de códigos e normas jurídicas, onde Estado e o governo aplicam as leis. As leis têm, basicamente, a função de orientar nossa conduta em sociedade. As leis nos mostram os limites do que é possível, do que é tolerável e do que é proibido (ou seja, determinam o que é considerado crime). As leis também estabelecem as punições para aqueles que cometem crimes.

Discutir com alunos que a obediência e a submissão a uma determinada autoridade política são elementos tratados pela sociologia a partir do conceito de dominação. Historicamente, a dominação reconhecida como "legítima" repousa em três bases: a) legalidade; b) tradição; e c) carisma.

ATIVIDADE EXTRA SALA: A fim de reforçar os conceitos discutidos nas aulas, o professor deve dividir a sala em três grupos de alunos, sendo que cada grupo tratará de um "tipo de dominação". Os alunos ainda devem fazer um levantamento de um caso histórico que se enquadre no exemplo do respectivo tipo de dominação, além de entrevistar pessoas de diferentes classes e segmentos sociais, questionando-as sobre a importância das leis. Esse trabalho extraclasse será apresentado nas aulas seguintes. Para abrilhantar o trabalho, o professor pode sugerir que os alunos criem murais explicativos ou banners (pôsteres).

2º MOMENTO (01 aula): Apresentação dos trabalhos confeccionados no ambiente extra sala.

Aula nº 2: Formas de participação e direitos do cidadão Duração: 07 aulas de 50 min. / cada

Foco: Participação política

Tipo de aula: Expositiva e participativa

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34 1º MOMENTO (02 aulas): Conversação sobre os conceitos de: cidadania, política e democracia, o que os alunos sabem sobre isso? Quais os exemplos citados por eles sobre as temáticas? Quais as formas de participação política? Sistematizar no quadro a sequência de afirmações dos alunos.

Por fim, formular o debate: qual a importância da participação política de cada um na sociedade? Qual a importância do voto? O que é direito e dever do cidadão?

2º MOMENTO (01 aula): Entregar os textos: Política e politicagem - Rui Barbosa e Os indiferentes – Antônio Gramsci (em grupo).

Em seguida, fazer a mediação da roda de conversa a partir da leitura realizada.

ATIVIDADE EXTRA SALA: Organização de júri simulado. JÚRI SIMULADO (02 aulas)

Objetivo: Debater o tema: Participação política e espaços de representação, levando os participantes a tomar um posicionamento, exercitando a expressão e o raciocínio, de forma a amadurecer o senso crítico.

PARTICIPANTES:

Juiz: dirige e coordena as intervenções e o andamento do júri.

Promotores (advogados de acusação): devem acusar o “réu” (ou assunto), a fim de condená-lo.

Advogados de defesa: defendem o “réu” (ou assunto) e respondem às acusações feitas pelos promotores.

Testemunhas: falam a favor ou contra o acusado, pondo em evidência as contradições e argumentando junto com os promotores ou advogados de defesa. Jurados: ouvirão todo o processo e no final das exposições, declaram o vencedor, estabelecendo a pena ou indenização a se cumprir.

METODOLOGIA DO JÚRI SIMULADO

1. Divide-se os participantes, ficando em números iguais os dois grupos. Todos os participantes (exceto o juiz e os jurados) podem ser testemunhas.

2. Os promotores devem acusar um grupo de cidadãos que não participam das decisões da comunidade, porém exigem direitos, sem cumprir com seus deveres de cidadãos. Aliás, deve ser levantado uma discussão sobre o que é cidadania e o que

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35 é política... O texto: Política e politicagem - Rui Barbosa, será mencionado como justificativa plausível das discussões. Depois deste debate que embasa a acusação dos promotores, cabem aos advogados de defesa a palavra.

3. Os advogados defendem o grupo de cidadãos. Afirmam que estes estão corretos, afinal a democracia é o governo de todos e para todos, inclusive para aqueles que são indiferentes as causas rotineiras do cotidiano. E que, é inerente ao ser humano, enquanto sujeito de direito, ter garantidos aquilo que lhe é pertinente, ou seja, seus direitos e, não querer participar das decisões da comunidade, é um direito de cada um, é o exercício do livre arbítrio. O texto indicado para justificar a posição dos advogados de defesa é “os indiferentes” de Antônio Gramsci. Gramsci afirma que odeia quem não toma partido, neste caso, os advogados utilizarão desta afirmação em favor dos seus clientes.

4. As testemunhas devem colaborar nas discussões, havendo um revezamento entre a acusação e a defesa, sendo que os advogados podem interrogar a testemunha “adversária”.

5. Terminado o tempo das discussões e argumentações dos dois lados, os jurados devem decidir sobre a sentença. Cada jurado deve argumentar, justificando sua decisão.

3º MOMENTO: (03 aulas): (pode ser no auditório) Apresentação do Júri Simulado.

4º MOMENTO (01 aula): Avaliação e comentários de todos sobre o assunto discutido no júri simulado (roda de conversa).

Sistemática de Avaliação para a Unidade I

O processo de avaliação é contínuo, ou seja, os alunos serão avaliados a partir das discussões realizadas, observando sempre a participação individual e coletiva na construção do conhecimento. Deve ser considerado ainda que ao longo dos quatro bimestres, os alunos irão escrevendo e construindo seu PORTFÓLIO – produto final de avaliação.

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36 6 FINALIZANDO A CONVERSA

Este documento foi elaborado no cuidado permanente de atender às finalidades do Ensino Médio no que concerne a campo da disciplina de Sociologia, de forma a sistematizar a formação da pessoa, onde esta seja capaz de desenvolver seus valores e suas competências necessárias à integração de um projeto pessoal e social em que está inserido.

Ele atende as exigências finais do curso de especialização em Ensino de Sociologia no Ensino Médio que aprimora a formação de profissionais da área de Sociologia e até condiciona docentes de formação inicial de outras áreas a serem habilitados a desenvolver uma prática pedagógica comprometida com a formação de sujeitos capazes de refletir e tomar decisões a partir da análise da realidade, visando à formação humanística e cidadã dos indivíduos. O aprofundamento nas discussões teórico-metodológicas sobre o ensino dessa disciplina faz o curso enfatizar e trazer uma abordagem a respeito de novas propostas didáticas para o ensino de Sociologia no Ensino Médio, debatendo sobre os conteúdos e as práticas de ensino voltados a essa área.

Mediante a formação realizada, a construção deste Plano Anual de Ensino acaba sendo a perpetuação e a fomentação de conceitos necessários ao aprimoramento do educando como pessoa humana, numa formação social cidadã visando a ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e crítica perante aos anseios sociais vigentes.

Assim, acredita-se que a Sociologia, enquanto disciplina escolar, apresenta-se como uma ferramenta capaz de despertar e/ou estimular no estudante de ensino médio a “imaginação sociológica”, ou seja, a possibilidade de se obter uma perspectiva compreensiva do mundo em que se vive, ampliando o seu horizonte intelectual e contribuindo para que os estudantes consigam superar as explicações tradicionais e religiosas do mundo, assim como amortecer os efeitos sedativos do discurso midiático sobre a realidade social. Mills afirma que a “imaginação sociológica é uma qualidade que parece prometer mais dramaticamente um entendimento das realidades íntimas de nós mesmos, em ligação com realidades sociais amplas” (MILLS, 1969, p. 22). Entretanto, a “imaginação sociológica” pode

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