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O ano europeu dos cidadãos - 2013

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O ANO EUROPEU DOS CIDADÃOS – 2013

EUROPEAN YEAR OF CITIZENS – 2013

Dora Resende Alves

RESUMO: Desde a criação de uma cidadania da União Europeia com o Tratado de

Maastricht, têm sido procurados desenvolvimentos democráticos de envolvimento activo dos cidadãos no processo de integração europeia. A eleição do tema “Ano Europeu dos Cidadãos” para o ano de 2013 pretende reforçar a cidadania activa e os direitos dos cidadãos europeus.

ABSTRACT: Since the creation of citizenship of the European Union with the

Maastricht Treaty, have been sought democratic developments of active involvement of citizens in the process of European integration. The choice of the theme "European Year of Citizens" for the year 2013 aims to strengthen active citizenship and the rights of citizens.

PALAVRAS-CHAVE: Cidadania da União, Ano Europeu. KEY-WORDS: Citizenship of the Union, European Year.

Sumário: Introdução; A cidadania da União; Anos Europeus; O Ano Europeu dos Cidadãos; Conclusão.

Introdução

A União Europeia, anualmente ou de dois em dois anos, escolhe um tema com o objectivo de alertar os cidadãos europeus e de chamar a atenção dos governos nacionais para as questões relacionadas com essa matéria. Nesta perspectiva, cada ano europeu é objecto de uma campanha de sensibilização a nível europeu e a nível nacional, sendo organizada uma série de acontecimentos que versam sobre o tema escolhido. Procura-se desta forma envolver a sociedade civil na reflexão sobre assuntos importante para o futuro da UE e da sociedade europeia, informando, despertando consciências e reunindo massa crítica que contribua para a resolução de problemas comuns.

Para o ano de 2013 foi escolhido o lema “Ano Europeu dos Cidadãos” como forma de celebrar o 20.º aniversário do Tratado de Maastricht que estabeleceu o conceito de cidadania da União porque continua urgente sensibilizar os cidadãos

Mestre e doutoranda em Direito. Professora Auxiliar Convidada da Universidade Portucalense Infante D. Henrique.

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europeus para a sua cidadania da União Europeia de forma a que apoiem plenamente a integração europeia e em especial para que formem consciencialização dos direitos fundamentais inerentes.

A cidadania da União

O conceito de cidadania, desde a Grécia clássica1, surge tradicionalmente associado à ideia de Estado e seus componentes, como um vínculo que liga o indivíduo a uma determinada comunidade política através de elementos de conexão previamente definidos2, como seja o ius sanguinis e o ius soli3 versus uma regra de exclusão que define quem é ou quem não é cidadão4. Todavia, a internacionalização veio abrir novas vertentes para a qualidade de cidadão.

Se bem que o cidadão europeu seja mencionado logo em 1975 no Relatório Tindemans sobre a União Europeia5, foi o desenvolvimento das liberdades de circulação de factores produtivos no mercado interno da União Europeia, para construção da integração económica, que fez surgir uma nova necessidade social – a cidadania europeia, para a concessão de direitos aos cidadãos naturais de um Estado membro que se deslocassem para outro Estado membro, de forma a criar uma igualdade face aos nacionais do Estado de acolhimento6.7 Não prevista na versão originária do Tratado de Roma8 e criada com o Tratado da União Europeia9 de Maastricht, reforçada com o

1 RIO, Olinda Maria Martinho. “O Tratado de Maastricht e os cidadãos: cidadania ativa em contexto europeu” in Debater a Europa. 2012, p. 118.

2 GOUVEIA, Jorge Bacelar e COUTINHO, Francisco Pereira. Enciclopédia da Constituição

Portuguesa. 2013, p. 66.

3 Regras sobre a aquisição da nacionalidade portuguesa, e com estes critérios clássicos, foram pela primeira vez inseridas nas Ordenações Filipinas, grande compilação do direito vigente de 1603.

MARTÍNEZ, Pedro Soares. Apontamentos. 2013, p. 111.

4 RIO, Olinda Maria Martinho. “O Tratado de Maastricht e os cidadãos: cidadania ativa em contexto europeu” in Debater a Europa. 2012, p. 118.

5 RIO, Olinda Maria Martinho. “O Tratado de Maastricht e os cidadãos: cidadania ativa em contexto europeu” in Debater a Europa. 2012, p. 136, e PARLAMENTO EUROPEU. 50 Anos de

Europa. 2001, pp. 106 e 111.

6 Ver artigo 9.º do TUE e 20.º, n.º 2, do TFUE.

7 Palestra de Alessandra Silveira no Seminário Internacional de Estudos Ibero Americanos em Direito Constitucional, dia 11 de Julho de 2013 na Universidade Portucalense.

8 O Tratado que instituiu a Comunidade Económica Europeia assinado em 25 de Março de 1957, designado por Tratado da Comunidade Europeia (TCE).

Ver da autora “A estrutura da União Europeia” in Revista Interdisciplinar de Direito, 2012, pp. 269 a 284.

9 De 7 de Fevereiro de 1992, segunda grande revisão dos Tratados e que cria uma nova entidade: a União Europeia a par das 3 Comunidades Europeias (JOCE C 191 de 29.07.1992), entrou em vigor em 1 de Novembro de 1993.

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Tratado de Amesterdão10, a vertente da cidadania da União11 não mais deixou de se afirmar e desenvolver, com mudanças pelo Tratado de Lisboa12. Enquanto não se atinge o estádio da união política, a cidadania europeia é já um avanço no sentido de pertença dos cidadãos à UE, constitui já uma identidade política, cuja construção se deve muito à jurisprudência do Tribunal de Justiça.13

Esta cidadania supranacional não substituiu mas complementa a cidadania nacional de cada Estado membro14, com direitos e deveres que acrescem à vertente interna, com respeito pela identidade nacional, e tem hoje um significado real para os europeus, não apenas algo reconhecido nos tratados15.

A cidadania da União é hoje um elemento importante no reforço e salvaguarda do processo de integração europeia e é hoje “uma participação na sociedade civil, comunidade e/ou vida política, caracterizada pelo respeito mútuo e não-violência e em conformidade com os direitos humanos e a democracia”16, num quadro mais lato de formação de capital humano17 e promoção de uma adesão duradoura dos cidadãos à integração europeia18.

Outra vertente curiosa da cidadania europeia é a percepção externa dela pelos outros países do mundo. Para os americanos, para os brasileiros, para os asiáticos, a Europa funciona como um bloco cultural e político apesar das especificidades dos seus Estados e os seus cidadãos como “europeus”19.

Como forma de envolvimento dos cidadãos, houve uma abertura recente do sistema democrático à participação cívica dos cidadãos com a previsão de que todos os cidadãos têm o direito de participar na vida democrática da União através de uma

10 De 2 de Outubro de 1997, constituiu a terceira grande revisão dos Tratados e primeira do TUE, e que veio a entrar em vigor em 1 de Maio de 1999 (JOCE C 340 de 10.11.1997).

11 Hoje nos artigos 9.º do TUE e 20.º, n.º 1, do TFUE.

PORTO, Manuel Lopes e ANASTÁCIO, Gonçalo (coordenação). Tratado de Lisboa - anotado e

comentado. 2012, pp. 52 e 260.

12 Que entrou em vigor em 1 de Dezembro de 2009 e altera o Tratado da União Europeia (TUE) e o Tratado que institui a Comunidade Europeia (que passa a denominar-se Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia - TFUE), assinado em Lisboa em 13 de Dezembro de 2007, foi publicado no JOUE C 306 de 17 de Dezembro de 2007 (2007/C 306/01, pp. 1 a 271) e rectificado pela Acta de Rectificação 2008/C 111/18 no JOUE C 111 de 06.05.2008, pp. 56 a 62.

13 Palestra de Alessandra Silveira.

14 Considerando 1 da Decisão n.º 1904/2006/CE de 12 de dezembro de 2006.

15 RIO, Olinda Maria Martinho. “O Tratado de Maastricht e os cidadãos: cidadania ativa em contexto europeu” in Debater a Europa. 2012, p. 133.

16 Programa “Europa para os cidadãos” 2007-2013. Guia do Programa, 2013, p. 53.

17 RIO, Olinda Maria Martinho. “O Tratado de Maastricht e os cidadãos: cidadania ativa em contexto europeu” in Debater a Europa. 2012, p. 123.

18 Resolução da Assembleia da República n.º 74/2013 de 03.06.2013.

19 RIO, Olinda Maria Martinho. “O Tratado de Maastricht e os cidadãos: cidadania ativa em contexto europeu” in Debater a Europa. 2012, p. 130.

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iniciativa de cidadania europeia. Esse direito oferece aos cidadãos a possibilidade de abordarem directamente a Comissão, convidando-a a apresentar uma proposta de acto jurídico da União para aplicar os Tratados20. É um reforço da democracia participativa com um novo direito democrático à participação no formato da cidadania europeia permitindo um espaço de autonomia cívica com os cidadãos de um Estado a participarem na legislação supranacional em cooperação com os cidadãos de outros Estados envolvidos, tendo-se tornado aplicável a partir de 1 de Abril de 2012.21 Todos os aspectos de democracia participativa que permitam envolver a sociedade civil no processo de governação democrática europeia reforçam a democracia representativa22.

Anos Europeus

Com a decisão dos Chefes de Estado ou de Governo das Comunidades Europeias, no Conselho Europeu de Milão, em 28 e 29 de Junho de 1985, passou-se a comemorar o “Dia da Europa” no dia 9 de Maio, com múltiplas comemorações a realizar nesse dia em cada ano, desde discursos formais, apresentação de cartazes e postais alusivos23, realizações sociais24 e culturais25, nomeadamente com a participação de crianças e estudantes26. Este dia é um símbolo que une todos os países membros das Comunidades Europeias hoje na realidade mais vasta da União Europeia e, juntamente com a bandeira, o lema e o hino, identificam a União como entidade política27.

Outra forma de comemoração acontece desde 1983 com a designação de uma temática específica para em cada ano incentivar o debate e o diálogo a nível nacional e entre os países europeus, sendo o tema proposto pela Comissão e aprovado pelo

20 Artigo 11.º do TUE e Regulamento (UE) n.º 211/2011 de 16 de Fevereiro de 201, JOUE L 65 de 11.03.2011.

21 Ver da autora “A entrada em vigor do direito de iniciativa de cidadania europeia” in Revista

Jurídica. 2012, pp. 49 a 56.

22 European Year of Citizens 2013 Alliance. Manifesto.

23 Ver as imagens do elenco da autoria dos Serviços de Publicações da União Europeia desde 1996 no site oficial da UE.

24 Por exemplo, em 2006, cada país designou um café tradicional para palco das comemorações, em Portugal foi o Café Martinho da Arcádia, na cidade de Lisboa.

25 Emissão de série filatélica anual comemorativa da ideia da Europa, a cargo das Direcções Postais de cada país.

26 O Centro de Informação Jacques Delors, em Lisboa, como um dos Centros de Documentação da União Europeia, prevê actividades para o público mais jovem (www.cijdelors.pt) e muitas Escolas realizam actividades temáticas neste dia.

27 Assim consagrados como símbolos da União no artigo I-8.º do texto da Constituição Europeia, no JOUE C 310 de 16.12.2004. No Tratado de Lisboa, o hino, a bandeira, lema, moeda e dia comemorativo não constam do texto do Tratado mas mantêm referência em declaração anexa, em que 16 Estados os reconhecem como símbolos da União Europeia (Declaração dos Estados-membros adoptada pela Conferência dos Representantes dos Estados-membros e anexa ao TL C.52, JOUE C 306 de 17.12.2007, página 267).

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Parlamento Europeu com vários anos de antecedência. Trata-se sempre de temas de interesse geral e que fazem parte das grandes preocupações tanto das instituições europeias como dos países da UE. O objectivo é sensibilizar o público para determinados assuntos, incentivando o debate e mudando atitudes, por vezes com o apoio de financiamento extraordinário para projectos relacionados. Este relevo pode também permitir um empenhamento político no impulso de políticas e legislação futuras.28

A escolha de um tema orienta o enfoque dos intervenientes institucionais para o assunto escolhido naquele ano através da promoção de encontros e palestras, informação e campanhas promocionais, cooperação com os meios de comunicação social e o meio empresarial, pesquisas e estudos à escala nacional ou comunitária e até pela criação de uma página da Internet atinente ao tema29. Essa orientação de esforços pode ser relevante para a adopção de medidas mais formais que levem ao desenvolvimento da matéria em causa, tal como se pretende. Fomentam-se eventos, concursos, conferências e seminários, a nível nacional, regional e local e o papel e a educação (formal, informal e não-formal) tem um papel crucial para desenvolver os conhecimentos, atitudes e competências temáticos30 com planos de ação e guias, fóruns e campanhas nas escolas e universidades31.

O Ano Europeu dos Cidadãos

A União Europeia tem adoptado a prática comemorativa de, anualmente ou de dois em dois anos, escolher um tema procurando através de actividades sensibilizar os cidadãos europeus e de chamar a atenção dos governos nacionais para as questões relacionadas com essa matéria, normalmente no âmbito de programas políticos em curso32. Cada designação de ano europeu é utilizada para lançar uma série de actividades que versam sobre o tema escolhido. A informação deverá ser gratuita e estar

28 Em http://europa.eu/about-eu/basic-information/european-years/index_pt.htm.

29 HOWARD, Erica. “The European Year of Equal Opportunities for All – 2007...” in European

Law Journal. 2008, pp. 181, 182 e 184.

30 RIO, Olinda Maria Martinho. “O Tratado de Maastricht e os cidadãos: cidadania ativa em contexto europeu” in Debater a Europa. 2012, pp. 115 e 121.

31 Considerando 17 da Decisão n.º 1093/2012/UE.

32 Podem referir-se o Conselho Europeu de Tampere, em 15 e 16 de Outubro de 1999, o Programa de Estocolmo de 2010, a Decisão n.º 100/2004/CE do Conselho ou a Resolução do Parlamento Europeu 2010/C 46 E/08.

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acessível em todas as línguas oficiais da União33 de forma a envolver a sociedade civil na reflexão sobre assuntos importante para o futuro da UE e da sociedade europeia.

Vinte anos depois da consagração da cidadania europeia, o ano de 2013 foi designado o Ano Europeu dos Cidadãos conforme determinado pela Decisão do Parlamento Europeu e do Conselho de 21 de novembro34, consagrado aos direitos e vantagens práticas inerentes à cidadania europeia. Entre muitos exemplos, destacam-se a maior facilidade em viajar, a possibilidade de viver, trabalhar ou estudar num país diferente do de origem, o acesso aos sistemas de cuidados de saúde dos países da UE visitados e a defesa do consumidor. Os cidadãos terão a oportunidade de participar em eventos e seminários sobre esses direitos e analisar os problemas encontrados e as possíveis soluções para garantir o seu pleno exercício. Um pouco por toda a Europa serão organizados debates sobre as políticas europeias em geral e o futuro da UE e é criado um portal web multilingue35.

Para que os cidadãos se possam envolver no desenvolvimento do processo de integração europeu, é necessário pôr em prática mecanismos eficazes que proporcionem informação diversificada e objectiva e educação aos cidadãos da União36. A programação inicia-se com anos de antecedência, preparando o tema e as actividades projectadas como colóquios, visitas de estudo, difusão de informação através de meios electrónicos, exposições, entre outros, a nível europeu e a nível nacional37. O trabalho realizado nas escolas, institutos e universidades é também muito relevante38. Por exemplo, foi lançada em Portugal uma emissão filatélica 39

Desta forma, em Portugal, no seguimento do previsto pela União Europeia40, o Governo estabelece por objetivos específicos41: promover a compreensão e difusão da dimensão política e jurídica do conceito de cidadania europeia; identificar os obstáculos que impedem o eficaz exercício da cidadania europeia em Portugal; fomentar a compreensão mútua entre os portugueses e os demais cidadãos europeus, respeitando e

33 Considerando 17 da Decisão n.º 1093/2012/UE.

Ver Regulamento do Conselho n.º 1 de 15 de Março de 1958, na versão actualizada. 34 Decisão 1093/2012/UE, publicada no JOUE L 325 de 23.11.2012, pp. 1 a 8. 35 Considerando 21 da Decisão n.º 1093/2012/UE.

36 European Year of Citizens 2013 Alliance. Manifesto.

37 Resolução do Conselho de Ministros n.º 31/2013 de 20.05.2013.

38 RIO, Olinda Maria Martinho. “O Tratado de Maastricht e os cidadãos: cidadania ativa em contexto europeu” in Debater a Europa. 2012, p. 133.

39 O lançamento pelos Correios de Portugal (CTT) de uma emissão de etiquetas comemorativas temáticas aconteceu em 1 de Abril de 2013, com sobrescrito de primeiro dia e pagela.

40 Artigo 2.º, n.º 2, da Decisão n.º 1093/2012/UE.

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celebrando a diversidade cultural, contribuindo do mesmo modo para o diálogo intercultural; sensibilizar os portugueses para os direitos inerentes à cidadania europeia, entre os quais o direito de circular e permanecer livremente no território da União, bem como todos os outros direitos garantidos aos cidadãos da União, sem discriminação, independentemente do Estado membro em que residam; enraizar nos portugueses a forma como podem beneficiar dos direitos da União, bem como sobre as políticas e programas que existem para apoiar o exercício desses direitos; promover ações, debates e reflexões relacionadas com a cidadania europeia, através da cooperação entre organizações da sociedade civil a nível europeu, nomeadamente sobre o impacto e as potencialidades do direito de livre circulação e permanência no território dos Estados membros, reforçando, assim, a coesão social, a diversidade cultural, a solidariedade, a igualdade, o respeito mútuo e o sentido de uma identidade europeia comum entre os cidadãos da União, consagrados no Tratado da União Europeia, bem como na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia; refletir sobre os desafios futuros que se colocam à cidadania europeia no contexto de uma União Europeia mais integrada.

A vertente de consolidação do exercício dos direitos fundamentais, consagrados na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia é muito cara às instituições comunitárias e foi até o mote para a atribuição deste tema42 pelo Parlamento Europeu que tem actuado como um elemento de ligação directa entre os cidadãos e a União desde 1979, data das primeiras eleições directas43. O Parlamento Europeu e os seus deputados desempenham um papel crucial na divulgação dos direitos e benefícios da cidadania da União, pondo em primeiro plano as preocupações dos cidadãos na formulação das políticas e promovendo a participação ativa dos cidadão da União.

Numa continuidade, o tema insere-se também no programa “Europa para os cidadãos”44, ainda a decorrer e que apresentou como objectivos gerais: dar aos cidadãos a oportunidade de interagirem e de participarem na construção de uma Europa cada vez mais próxima, democrática e virada para o mundo, unida e enriquecida pela sua diversidade cultural, aprofundando assim a cidadania da União Europeia; desenvolver um sentimento de identidade europeia, baseado nos valores, na história e na cultura comuns; fomentar entre os cidadãos da União Europeia um sentimento de pertença à

42 Ver Resolução do Parlamento Europeu 2012/C 169 E/07, Considerando 16, p. 52. 43 Considerando 13 da Decisão n.º 1093/2012/UE.

Preparam-se as oitavas eleições por sufrágio directo dos deputados ao Parlamento Europeu para a legislatura 2014-2019. Ver Decisão do Conselho Europeu 2013/312/UE.

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União; incrementar a tolerância e a compreensão mútua entre os cidadãos europeus, respeitando e promovendo a diversidade cultural e linguística e contribuindo, simultaneamente, para o diálogo intercultural e objectivos específicos: congregar os membros de comunidades locais de toda a Europa para partilhar e trocar experiências, opiniões e valores, aprender com os ensinamentos da história e preparar o futuro; fomentar acções, debates e reflexões relacionados com a cidadania europeia e a democracia, os valores partilhados, a história comum e a cultura, através da cooperação no âmbito das organizações da sociedade civil a nível europeu; aproximar mais a Europa dos seus cidadãos mediante a promoção dos valores e realizações europeus, a par da preservação da memória do seu passado; incentivar a interacção entre os cidadãos e as organizações da sociedade civil de todos os países participantes, contribuindo para o diálogo intercultural e acentuando a diversidade e unidade da Europa, dando especial atenção às actividades destinadas a desenvolver laços mais estreitos entre os cidadãos dos Estados membros da União Europeia conforme constituída em 30 de Abril de 2004 e os dos Estados membros que aderiram depois dessa data.

O Ano Europeu dos Cidadãos em 2013 deverá refletir esta vasta abordagem com, como se disse, especial atenção à implementação dos direitos consagrados na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia nomeadamente através da verificação de eficácia dos seus mecanismos de controlo45.

Conclusão

Vinte anos após a sua criação, a cidadania europeia, depois do Tratado de Lisboa, a cidadania da União, representa muito mais que vantagens de mobilidade ou mecanismos apenas para aqueles que viajam entre os países membros da União Europeia. Há mecanismos reais de envolvimento de todos os cidadãos europeus nos processos europeus com dimensão social e política que podem e devem ser exercidos. A atribuição do lema “Ano Europeu dos Cidadãos” ao ano de 2013 veio facilitar um conjunto de actividades para incentivar a divulgação e exercício dos direitos inerentes através de uma democracia participativa. Sublinhe-se esta vertente de consolidação da nova arquitectura dos direitos fundamentais, que desde a adopção da Carta Europeia dos

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Direitos Fundamentais, mas sobretudo após o Tratado de Lisboa, se tornou uma temática de aplicação efectiva.

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DOCUMENTAÇÃO

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Decisão do Conselho Europeu 2013/312/UE de 28 de junho de 2013, que fixa a composição do Parlamento Europeu para a legislatura 2014-2019, mantendo os 751 lugares nos termos do artigo 14.º, n.º 2, do TUE, pelo qual os representantes dos cidadãos da União não podem ser mais de setecentos e cinquenta, mais o Presidente, e a representação deve ser assegurada de forma degressivamente proporcional, com um limite mínimo de 6 deputados por Estado membro, e que a nenhum Estado membro podem ser atribuídos mais de 96 lugares (JOUE L 181 de 29.06.2013, pp. 57 e 58).

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Programa “Europa para os cidadãos” 2007-2013. Guia do Programa – versão válida a partir de janeiro de 2013.

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Decisão n.º 1904/2006/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 12 de dezembro de 2006 que institui para o período 2007-2013 o Programa “Europa para os cidadãos”, destinado a promover a cidadania europeia activa, JOUE L 378 de 27.12.2006, pp. 32 a 40.

Resolução do Parlamento Europeu 2010/C 46 E/08, de 14 de Janeiro de 2009, sobre a situação dos direitos fundamentais na União Europeia (2004-2008), JOUE C 46 E de 24.02.2010, pp. 48 a 69.

Decisão n.º 100/2004/CE do Conselho de 26 de Janeiro de 2004 que estabelece um programa de acção comunitária para a promoção da cidadania europeia activa (participação cívica), JOUE L 30 de 04.02.2004, pp. 6 a 14.

Regulamento do Conselho n.º 1 de 15 de Março de 1958 que fixa quatro línguas oficiais e de trabalho das Comunidades: o alemão, o francês, o italiano e o neerlandês, JO 17 de 06.10.1958, pp. 385 e 386.

Alterações a este Regulamento vem pelos: Regulamento (CE) n.º 920/2005 do Conselho de 13 de Junho de 2005, JOUE L 156 de 18.6.2005, p. 3; Regulamento (CE) n.º 920/2005 do Conselho de 13 de Junho de

(12)

2005, em que fixa já 21 línguas oficiais e de trabalho (JOUE L 156 de 18.06.2005, pp. 3 e 4) e Regulamento (CE) n.º 1791/2006 do Conselho de 20 de Novembro de 2006, JOUE L 363 de 20.12.2006, p. 1.

Jornal Oficial da União Europeia em http://eur-lex.europa.eu . Diário da República portuguesa emhttp://www.dre.pt .

Referências

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