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A olivicultura na Região de Trás-os-Montes: percurso profissional de 1989 a 2013

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

A Olivicultura na Região de Trás-os-Montes

Percurso Profissional de 1989 a 2013

João Ilídio Lopes

Orientador: Professora Doutora Paula Martins Lopes

Dissertação de Mestrado em Engenharia Agronómica

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ii

II- Enquadramento Institucional

Desde 1988 presta serviço na então Direção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes,

atual Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte.

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iii

Agradecimentos

Em primeiro lugar queremos agradecer à Sr.ª Professora Doutora Paula Martins Lopes, orientadora científica deste trabalho por nos sensibilizar e o ter aceite o desafio às sugestões nomeadamente quanto à conceção do trabalho e à revisão critica do texto.

Agradecer à minha família direta, principalmente à minha mãe.

Queremos expressar o nosso particular agradecimento ao Sr. Jorge Francisco Santos Pinto pela ajuda preciosa na escrita e incentivo à conclusão do nosso trabalho.

O nosso agradecimento final, vai para todas as pessoas, que embora não mencionadas contribuíram de alguma forma para a elaboração desta dissertação.

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iv

Índice Geral

Agradecimentos ... iii

ÍNDICE DE FIGURAS ... Erro! Marcador não definido. Resumo ... viii

Abstract ... ix

Contextualização ... 1

1. INTRODUÇÃO……… 3

2. ELABORAÇÃO DE PROJETOS REGIONAIS NA ÁREA DA OLIVICULTURA (Anos 1989-1995) ... 4

3. ESTADOS FENOLÓGICOS DA OLIVEIRA ... 9

4. INSTALAÇÃO DO OLIVAL ... 11

4.1EXIGÊNCIAS AGRO CLIMÁTICAS DA OLIVEIRA ... 12

4.2TEMPERATURA ... 12 4.3PLUVIOMETRIA ... 13 4.4HUMIDADE ... 14 4.5ALTITUDE ... 14 4.6EXIGÊNCIAS AGROLÓGICAS ... 14 4.7TEXTURA ... 15

4.8PREPARAÇÃO DO TERRENO E PLANTAÇÃO... 15

4.9ESCOLHA DO TERRENO PARA PLANTAÇÃO ... 16

4.10VARIEDADES ... 17

4.10.1Eleição de variedades ... 19

4.11DENSIDADE DE PLANTAÇÃO ... 19

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v

5.1.CARACTERÍSTICAS DO SOLO ... 21

5.1.1 pH DO SOLO ... 21

5.1.2TEXTURA DO SOLO ... 22

5.1.3MATÉRIA ORGÂNICA ... 23

5.1.4. CAPACIDADE DE TROCA CATIÓNICA ... 24

5.2 NUTRIENTES... 24

5.3 DIAGNÓSTICO DE CORREÇÃO NUTRICIONAL ... 28

5.3.1 ANÁLISE DE TERRAS ... 28

5.3.2 ANÁLISE DAS FOLHAS ... 29

5.4.FERTILIZAÇÃO DO OLIVAL ... 30

5.4.1.FERTILIZAÇÃO DE INSTALAÇÃO ... 30

5.4.2.NECESSIDADES EM FERTILIZANTES APÓS A PLANTAÇÃO ... 31

5.4.3.FERTILIZAÇÃO DE MANUTENÇÃO ... 32

5.4.4.LOCALIZAÇÃO DOS FERTILIZANTES ... 33

5.4.4.1. Adubação Foliar ... 34

5.4.4.2. Fertirrigação ... 34

5.5 MANUTENÇÃO DA SUPERFÍCIE DO OLIVAL………..…….………35

6 CONDUÇÃO DO OLIVAL ... 37 6.1.PODA ... 37 6.1.1.PODA TRADICIONAL ... 38 6.1.2PODA RACIONAL ... 38 6.1.3PODA DE FORMAÇÃO... 39 6.1.4PODA DE FRUTIFICAÇÃO ... 40

6.1.5PODA DE REJUVENECIMENTO OU RENOVAÇÃO ... 42

6.1.6PODA DE REGENERAÇÃO ... 43

6.2ENXERTIA ... 44

(6)

vi

7.1.–TRAÇA DA OLIVEIRA ... 49

7.1.1 BIOECOLOGIA E COMPORTAMENTO ... 50

7.1.2ESTRAGOS E PREJUÍZOS ... 52

7.1.3ESTIMATIVAS DO RISCO E NÍVEL ECONÓMICO DE ATAQUE ... 52

7.1.4 MEIOS DE PROTEÇÃO ... 53

7.2MOSCA DA AZEITONA ... 54

7.2.1 BIOECOLOGIA E COMPORTAMENTO ... 55

7.2.2ESTRAGOS E PREJUÍZOS ... 55

7.2.3ESTIMATIVAS DO RISCO E NÍVEL ECONÓMICO DE ATAQUE ... 56

7.2.4 MEIOS DE PROTEÇÃO ... 58

7.3.COCHONILHA NEGRA ... 60

7.3.1BIOECOLOGIA E COMPORTAMENTO ... 61

7.3.2 ESTRAGOS E PREJUÍZOS ... 61

7.3.3ESTIMATIVAS DO RISCO E NÍVEL ECONÓMICO DE ATAQUE ... 62

7.3.4MEIOS DE PROTEÇÃO ... 62

7.4 OLHO DE PAVÃO ... 63

7.4.1 ESTRAGOS E PREJUÍZOS ... 65

7.4.2ESTIMATIVAS DO RISCO E NÍVEL ECONÓMICO DE ATAQUE ... 65

7.4.3MEIOS DE PROTEÇÃO ... 66

7.5 GAFA ... 67

7.5.1ESTRAGOS E PREJUÍZOS ... 68

7.5.2ESTIMATIVAS DO RISCO E NÍVEL DE ATAQUE... 69

7.5.3MEDIDAS DE PROTEÇÃO ... 69

7.6.6 TUBERCULOSE DA OLIVEIRA ... 70

7.6.1ESTRAGOS E PREJUÍZOS ... 70

7.6.2ESTIMATIVAS DO RISCO E NÍVEL ECONÓMICO DE ATAQUE ... 71

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vii 8. COLHEITA DA AZEITONA ... 72 8.1RIPA ... 74 8.2 VAREJA ... 75 8.3VIBRADORES DE DORSO ... 77 8.4COLHEITA MECANIZADA ... 77 9. TRANSFORMAÇÃO DA AZEITONA ... 79 9.1 LIMPEZA ... 80 9.2 PESAGEM ... 80 9.3MOENDA ... 81 9.4 AZEITONA DE CONSERVA ... 85

9.4.1 AZEITONA VERDE OU TIPO SEVILHANA ... 86

10. FORMAÇÃO NA ÁREA DA OLIVICULTURA ... 89

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 91

12. Curriculum Vitae ... 97 13. ANEXO………I

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A Olivicultura na Região de Trás-os-Montes

Percurso Profissional de 1989 a 2013

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I

Resumo

A fileira da oliveira atravessa um período em que as questões ambientais e de manutenção do cultivo da mesma são dominantes e economicamente preocupantes. Contudo, os seus produtos, azeitona de conserva e azeite, têm-se revelado extremamente importantes na saúde e no bem-estar da população humana.

A relevância do setor olivícola levou-nos a enveredar por um percurso profissional nesta área, sendo que a área e a produção tem aumento gradualmente na região de Trás-os-Montes ocupando um lugar de destaque na agricultura da região. No decorrer das últimas décadas o interesse na cultura tem-se centrado na obtenção de produtos com maior qualidade, que são distinguidos nacional e internacionalmente.

Neste trabalho pretendemos identificar e descrever, ainda que sucintamente, as etapas mais importantes na fileira da oliveira, os níveis de fertilização, o tipo de condução, as principais pragas e doenças do olival, os mecanismos de colheita e os processos de transformação da azeitona.

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ix

Abstract

The olive tree row is going through a period in which the environmental issues and its maintenance are dominant issue associated with an economic worrying. However, their products, canned olives and olive oil, have proved to be extremely important in the human population’s health and well-being.

The relevance of the olive oil sector led us to embark on a professional career in this area, being that both the implementation area and the production has increased gradually in the Trás-os-Montes region occupying a prominent position in the region’s Agriculture. During the last decades the interest in this particular culture has focused on obtaining higher quality products, which are distinguished both nationally and internationally.

In this work we aim to identify and describe, even though briefly, the most important steps in the olive tree row, such as, fertilization levels, the type of tree driving, the main olive groves’ pests and diseases, harvesting mechanisms and the olive transformation processes.

(11)

x

As doutrinas apresentadas no presente trabalho

são da exclusiva responsabilidade do autor.

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I Contextualização

O consumo de azeite, que teve a regressão nos anos da década de 60 do século passado com o erróneo marketing agressivo dos óleos alimentares, passou no final dos anos 70, a ter um incremento positivo com a introdução do primeiro sistema de ajudas da comunidade Europeia através do Reg. (C.E.E.) nº 1562/78.

Na primeira década do século XXI, todas as estimativas apontam para que se tenha ultrapassado os 3 milhões de toneladas de azeite por ano (3.266.176 t, a que correspondem 20.818.612 t de azeitona), numa área de 9.499.931 ha (Anuário Agrícola, 2012), sendo que os anos com maior produção cobriram as necessidades de consumo verificadas nos anos com menores produções. A produção média nacional de azeitona destinada a azeite é de 435.000 t em 335.586 ha e a produção média de Trás-os-Montes é de 100.000 t de azeitona numa área de 75.117 ha (INE-RA, 2009).

Esta vaga consumista favorece e dá confiança aos mercados do setor, proporcionando oportunidades sólidas para qualquer estratégia que venha a ser implementada na fileira oleícola Regional, Nacional e Mundial.

O acréscimo da produção resultou principalmente da reconversão e utilização de novas tecnologias em olivais velhos, sendo que o aumento da área plantada representa um menor contributo, quer nos países tradicionais, quer nos novos países de cultura olivícola (Gabinete de Planeamento e Politicas, 2007).

Cada vez mais, o incremento se faz no sentido dos azeites diferenciados e de identidades próprias, em que os consumidores estão mais esclarecidos dos benefícios que o azeite tem para a saúde, prevenção contra doenças cardiovasculares e outras, pela entrada no mercado de novos países consumidores com maior poder económico, mas também mais intransigentes às normas qualitativas (Gabinete de Planeamento e Politicas, 2007).

A produção mundial de azeitona de mesa representa mais de dois milhões de toneladas de azeitona de conserva e dupla aptidão, enquanto a produção nacional foi de 10.292 t em 7.633 ha e a de Trás-os-Montes 5.020 t em 3.661 ha para o ano de 2010 (Recenseamento Agrícola, 2009).

(13)

2

Os países do Médio Oriente consomem a azeitona de conserva principalmente ao pequeno-almoço, nos países ocidentais as azeitonas são servidas como aperitivos ou acompanhamento das duas principais refeições. As azeitonas de conserva apresentam-se em verde, conhecido por método de laboração Sevilhano, e preta, método de laboração Californiano.

Tal como no olival de aptidão azeite, no de aptidão conserva, os aumentos de produção são sobretudo à custa da melhoria das técnicas culturais e à intensificação da cultura, mantendo-se um equilíbrio entre a produção e o consumo, pois os excedentes da azeitona antes da laboração são utilizados na produção de azeite (Gabinete de Planeamento e Políticas, 2007).

(14)

3 1. INTRODUÇÃO

Durante o percurso profissional exerci a minha atividade na Direção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes e Alto Douro (DRATM), atual Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN), sobretudo ligado ao Sector de olivicultura, dando apoio direto aos agricultores e organizações de agricultores da região.

Nesse sentido, este relatório tem por objetivo apresentar o conhecimento adquirido ao longo do percurso profissional associado à fileira Olivícola na região de Trás-os-Montes, no período de 1989 a 2013.

Início de atividades em Janeiro de 1989 na DRATM na Direção de Serviços de Experimentação e Fomento da Produção Agro-Pecuária no sector de pastagens e forragens no acompanhamento dos ensaios previamente iniciados, por outra colega. De Setembro de 1989 até 4 de Setembro de 2005, fiquei responsável pelo sector de Olivicultura, onde presto serviço, dando apoio técnico aos olivicultores regionais e suas organizações nas seguintes áreas: instalação, acompanhamento e divulgação dos resultados dos ensaios executados na Divisão de Olivicultura, emitir pareceres sobre a reestruturação de novas plantações e arranques de olival e acompanhamento dos lagares de azeite.

Entre 1991 e 1993 fui Coordenador do PEDAP - Olivicultura para a Região de Trás-os-Montes.

Em 5 de Setembro de 2005 fui nomeado Chefe de Divisão de Olivicultura em regime de substituição, DR. 183 de 22/09/2005, passando a regime definitivo em 6 de Março de 2006 DR. 70 de 07/04/2006, da Direção Regional de Agricultura de Trás os Montes, sendo este cargo extinto com a extinção desta DRATM em 27/02/2007. Neste período para além das competências anteriores fique responsável por dar apoio técnico aos olivicultores regionais e suas organizações nas seguintes áreas: controlo das infestantes, tratamentos fitossanitários, colheita e transformação da azeitona.

Assim o relatório profissional abordará os conhecimentos que adquirindo ao longo do tempo e que por não serem estanques são apresentadas na forma de continuada.

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4

2. ELABORAÇÃO DE PROJETOS REGIONAIS NA ÁREA DA

OLIVICULTURA (Anos 1989-1995)

No âmbito do regulamento CEE nº 3828/85, artigo 11º foi aprovado pela Comissão das Comunidades Europeias (CEE) um programa Nacional de Olivicultura.

Este Programa Nacional de Olivicultura, regulamentado pelo Ministério da Agricultura, Pescas e Alimentação, ao abrigo do Artigo 9º do Decreto-Lei 96/87, de 4 de Março, tinha os seguintes objetivos:

1 – Aumentar os rendimentos dos produtores, através do aumento da produtividade dos olivais e da melhoria da qualidade do azeite, não podendo a produção exceder as quantidades susceptíveis de ser produzidas nas superfícies plantadas com oliveiras em produção à data de 1 de Janeiro de 1984.

2 – O programa teve a duração de 10 anos, a contar de Janeiro de 1987. 3 – As ações a desenvolver foram:

a) Reestruturação do olival nas áreas adequadas ao desenvolvimento da cultura, novas plantações, sendo este ponto em que os projetos tiveram mais impacto, enxertia de olivais existentes e adensamento dos mesmos.

b) Outra ação onde os projetos tiveram bastante dinâmica foi nos arranques de olivais velhos com oliveiras decrépitas e desalinhadas, substituído por outras culturas.

4 – O programa concretizou-se através de subprogramas em algumas Direções Regionais;

a) Os concelhos de Trás-os-Montes foram contemplados com instalação de novos olivais: Vila Nova de Foz Côa, Freixo de Espada à Cinta, Torre de Moncorvo, Mogadouro, Alfândega da Fé, Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Vila Flor, S. João da Pesqueira, Valpaços e Murça, por serem concelhos produtores de azeitona de qualidade superior.

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5

c) A componente de arranque de olivais ocorreu em todas as Direções Regionais de Agricultura (DRAs).

5 – A Direcção Geral de Planeamento e Agricultura (DGPA) era a entidade coordenadora e prestava apoio técnico na execução do programa.

6 – Na concessão das ajudas para reestruturação do olival eram considerados prioritários os projetos de investimento que satisfizessem simultaneamente:

a) Agricultores cujo rendimento devido à olivicultura correspondesse a mais de 50% da atividade agrícola.

b) Projetos que previam o maior número de arranques de olivais. 7 – Área mínima para instalação de um novo olival era de 1 ha por exploração.

a) O custo máximo para instalação por hectare era de 1.462 ECU.

b) A enxertia dos olivais já existentes, desde que a densidade fosse superior a 70 árvores por hectare, o custo máximo elegível era de 300 ECU’S por hectare.

8 – Os níveis das ajudas atribuídas à reestruturação do olival foram os seguintes:

a) Na instalação de novos olivais e na enxertia, um subsídio diferenciado consoante a entidade que apresentasse o projeto.

1 - 75% do investimento máximo elegível quando o projeto tivesse sido apresentado por agricultores com idades compreendidas entre os 18 e os 40 anos.

Por agrupamentos de produtores referidos no nº 2 do artigo 34º do Decreto-Lei 79-A/87, de 18 de fevereiro ou através de outra forma associação de agricultores legalizados e reconhecidos nos termos legais que tivessem com fim a comercialização ou transformação dos produtos do olival.

2 - 50% do investimento máximo elegível, nos restantes casos.

9 – O pagamento processava-se de acordo com o tipo da ação de reestruturação e perante a apresentação ao gestor regional dos comprovativos das despesas efetuadas:

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a) Instalação de novos olivais, em duas prestações, não podendo a primeira ser de montante inferior a 90.000$ ou 50.000$ por hectare, abrangido no projeto, consoante o montante das ajudas atribuídas fosse respetivamente de 75% ou 50% do investimento.

b) Enxertia, pagamento único após a conclusão do respetivo investimento. 10 – Os beneficiários das ajudas para instalação de novos olivais e para a enxertia de olivais existentes tinham uma indemnização por perda de rendimento até 10 hectares por beneficiário.

As indemnizações eram calculadas de acordo com os seguintes valores:

1 – 798 ECU’S por hectare quando o olival tinha sido instalado de novo; 2 – 532 ECU’S por hectare de olival enxertado.

Estas indemnizações eram pagas em três prestações anuais e sucessivas, respetivamente de 50%, 33% e 17% do seu montante global. A primeira prestação era paga no prazo de um ano a contar da data do primeiro pagamento do subsídio para instalação de novos olivais e do pagamento total da ajuda para a enxertia.

11 – Calendarização das ações de reestruturação do olival.

a) As pretensões tinham de ser referidas na ficha de inscrição individualmente ou através das suas associações, na Direção Regional até ao dia 1 de fevereiro de cada ano.

b) Até 2 de abril de cada ano era feita a primeira seleção das pretensões apresentadas, por aplicação de critérios de acesso às ajudas e das prioridades estabelecidas.

c) Os agricultores selecionados tinham de apresentar o projeto até ao dia 15 de maio nos serviços da Direção Regional.

d) A aprovação final do projeto apresentado tinha lugar até ao dia 15 de junho.

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12 – Para o arranque de olival, apenas eram contemplados os olivais com uma densidade mínima de 40 árvores por hectare.

13 – Era concedido um prémio de 300 ECU’S por hectare de olival arrancado nas condições do artigo 2º do Decreto-Lei 120/86, de 28 de maio. Se o olival tivesse num mínimo de 80 árvores por hectare, ou um potencial de 250 L de azeite por hectare o prémio podia ir aos 500 ECU’S.

14 – O prémio ao arranque, era pago após a conclusão do derrube das árvores. Ficando os beneficiários deste arranque interditos de voltar a plantar novo olival, naquela parcela por um período de 10 anos.

15 – Para arrancar olival, tal como ainda hoje, era necessário entregar um requerimento dirigido ao Sr. Diretor Regional de Agricultura, conforme estipulado no Decreto-Lei 120/86, de 28 de maio.

16 – Após despacho favorável do Sr. Diretor Regional, no prazo máximo de 60 dias, os beneficiários entregavam nos serviços das DRAs a ficha de inscrição que depois estas pretensões eram analisadas até ao dia 31 de maio de cada ano.

17 – No caso da substituição dos antigos olivais por novos olivais para azeitona de mesa e para a reconversão por enxertia. Com o mesmo objetivo dos olivais existentes, os interessados deviam incluir nos projetos a instalação do sistema de rega, beneficiando assim de mais uma ajuda de 1.662 ECU’S por hectare.

18 – A ajuda só era atribuída se ocorressem as seguintes condições:

a) A exploração possuir água suficiente que permitisse a rega eficaz. b) A variedade a instalar tinha de ser de aptidão conserva ou dupla

aptidão.

c) Haver num raio de 50 km uma unidade de laboração de azeitona de conserva.

19 – Os serviços do Ministério da Agricultura tinham de fornecer o material vegetativo aos agricultores necessário à enxertia, devendo os agricultores suportar os encargos com o corte e o transporte.

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O preço a praticar para a venda de árvores provenientes de viveiros do Ministério da Agricultura eram fixados anualmente até 31 de janeiro por despacho do Ministro da Agricultura, ouvida a Associação Portuguesa dos Produtores de Plantas e o Conselho Consultivo para as ações de reconversão do olival.

20 – Até ao dia 30 de junho de cada ano o Gestor Regional entregava ao Coordenador Nacional o plano de atividades e o orçamento do Programa nas respetivas áreas de intervenção para o ano seguinte.

21 – O Coordenador Nacional preparava o plano de atividades e o orçamento do Programa para o ano seguinte até 15 de julho.

22 – Para uma informação atualizada do estado de execução a DRA enviava mensalmente à Direção Geral de Planeamento a Agricultura, entidade coordenadora, elementos relativos à execução do subprograma regional.

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9 3. ESTADOS FENOLÓGICOS DA OLIVEIRA

A oliveira tem ao longo do ano vai apresentando vários estados fenológicos que segundo Cantero (1997) são os apresentados na Figura 1. A apresentação dos estados fenológicos da oliveira faz-se porque é através destes estados que podemos determinar as exigências nutritivas: (1) azoto, do estado A até ao estado H; (2) boro, do estado D até ao estado F1 e; (3) potássio, no estado H. Os outros nutrientes também são importantes, mas não com esta especificidade. A necessidade hídrica será maior entre os estados G e I, que coincide com o estio do calor. Os prejuízos das pragas e doenças e as intervenções a realizar ocorrem essencialmente do estado G ao estado I. O índice de maturação e a colheita da azeitona ocorrem e devem realizar-se do estado fenológico I, antes de atingir o estado J, maturação fisiológica do fruto, a fim de obter azeites mais frutados e com o picante e amargo característica da variedades.

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Figura. 1- Estados fenológicos da oliveira. A - Estado invernal - Gomos terminais e axilares estão em repouso vegetativo; B - Início vegetativo –Gomos terminal e axilares mostram início de crescimento; C - Aparecimento dos botões florais – Cacho mostra diferentes verticilos de botões; D - Formação da corola – Botão floral mostra-se inchado, o cálice abre-se e começa a ver-se a corola que chega a ser maior do que o cálice; E - Aparecimento dos estames – O botão floral continua a inchar, a corola começa a abrir sendo possível ver-se os estames ao fundo; FI - Início da floração, - Desabrocham as primeiras flores; FII - Plena floração, - A maioria das flores estão abertas e há abundância de emissão de pólen; G - Vingamento – Ovário fecundado aumenta de tamanho e notam-se claramente os frutos formados, as pétalas murcham e caem; H - Lenhificação do caroço – O fruto atinge metade do seu tamanho final; I - Início da maturação – O fruto atinge o seu tamanho normal e o epicarpo fica 50% violáceo J - Maturação do fruto - O fruto escurecido de negro, a intensidade depende da variedade.

B A DI E F I I A A B A C B A D A E B A FI FII G B A H I I J

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11 4. INSTALAÇÃO DO OLIVAL

Para aumentar a produção, não basta aumentar a área ocupada pelo olival, é necessário também aumentar a produção por hectare, pelo que será necessário melhorar as técnicas culturais tradicionais e implantar olivais intensivos e super intensivos.

Os olivais intensivos não resultam do aumento do compasso, mas sim, da utilização de todos os meios de produção disponíveis (mobilizações mínimas, fertilizações recomendadas, tratamentos fitossanitários adequados, ripagem cruzada ou drenagem, entre outros), aplicados dentro dos limites técnicos considerados mais económicos. A olivicultura intensiva proporciona:

- Encurtamento do período improdutivo; - Obtenção de maior produtividade;

- Plantação totalmente adaptada à mecanização.

Um dos fatores que devemos ter em consideração ao efetuar uma nova plantação é a qualidade das plantas a serem utilizadas, que devem ter garantia sanitária e um potencial genético de qualidade superior.

Para a plantação de um olival necessitamos previamente de definir três parâmetros: 1 – O meio, tendo em consideração o solo, o clima e a topografia;

2 – O objetivo de produção para conserva, azeite ou dupla aptidão;

3 - As condições agroclimáticas que vão interferir com a definição dos compassos de plantação, do grau de mecanização, da possibilidade de rega, entre outros.

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12 4.1 EXIGÊNCIAS AGRO CLIMÁTICAS DA OLIVEIRA

A adaptação da oliveira às condições climáticas está em estreita relação com as qualidades do solo na região de Trás-os-Montes. Assim, em solos profundos de aluviosolo e coluviosolo, com boa permeabilidade, as árvores vegetam bem e dão boas produções.

Em solos delgados, há necessidade de efetuar uma ripagem cruzada com 1 metro de profundidade e 1 metro de distância entre duas passagens consecutivas, seguida de uma passagem na perpendicular, com a mesma profundidade e com a mesma distância, para destruir o imperme aí existente, isto é a rocha mãe. Consegue-se assim uma melhor expansão do sistema radicular e uma maior capacidade de retenção de água na época de maior queda pluviométrica, para aceder às plantas no período estival, que coincide com os estados fenológicos F1-início da floração, até ao estado fenológico H-lenhificação do caroço (Figura 1).

O cultivo da oliveira está associado ao clima mediterrânico que se caracteriza por invernos suaves e húmidos e verões quentes e secos.

Esta cultura desenvolve-se no hemisfério norte, nos países da bacia mediterrânica, o limite setentrional desta cultura situa-se ao redor de 45º de latitude norte, o que corresponde em França à região do Medi-Mediterrâneo. São em geral, as baixas temperaturas invernais e primaveris, inferiores a 0ºC, que fixam este limite. O limite meridional desta cultura encontra-se até aos 30º de latitude Norte, na zona pré-sariana, sendo a ausência de chuva que fixa este limite geográfico.

Em zonas tropicais e subtropicais, as chuvas abundantes e as temperaturas elevadas, leva a que a oliveira vegete bem. Contudo, a produção é reduzida por falta de repouso vegetativo e humidade na floração (estado fenológico FII, Figura 1). Esta vegetação permanente na árvore esgota-a e provoca-lhe desequilíbrios fisiológicos (D’Almeida, 1899).

4.2 TEMPERATURA

A oliveira não suporta bem temperaturas baixas, especialmente durante o período da floração (FI e FII, Figura 1). Durante o período de repouso vegetativo, que se segue à colheita, as temperaturas entre -7 e 8ºC, são prejudiciais, e são tanto mais prejudiciais

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quanto mais repentinamente ocorrerem. Sendo que as temperaturas baixas são menos nefastas para a cultura, se as temperaturas descerem gradualmente de dia para dia. Segundo D’Almeida (1899) o efeito das baixas temperaturas podem ser nefastas para a oliveira dependendo de:

1 - Estado vegetativo da árvore; 2 - Rapidez da descida da temperatura; 3 - Duração destas baixas temperaturas.

As condições climáticas que precedem este período frio também podem condicionar este efeito nefasto, tais como:

1 - Humidade do ar;

2 - Resistência da variedade; 3 - Estado sanitário da árvore.

As temperaturas elevadas (+40ºC) e os ventos quentes e secos são melhor suportados pelas oliveiras. Acima dos 35ºC a árvore regula a perda de água com o fecho dos estomas (Loussert e Brousse, 1980).

As temperaturas médias do ciclo vegetativo da oliveira são, segundo Loussert e Brousse1 (1980) as seguintes:

1- Entrada em vegetação, 10 a 12ºC;

2 - Desenvolvimento das inflorescências, 15ºC; 3 - Floração, 18 a 19ºC;

4 - Fecundação 21 a 22ºC.

O somatório das temperaturas positivas necessárias para que se dê a maturação dos frutos vai desde o estado A invernal até ao estado J maturação dos frutos (Figura 1), e é da ordem dos 5.300ºC (Maillard, 1975).

4.3 PLUVIOMETRIA

O clima mediterrâneo evidencia-se pela irregularidade das precipitações, abundantes de outubro a fevereiro e escassas de maio até setembro.

As precipitações invernais são armazenadas pelo solo como reservas de água e cedidas à árvore em função das suas necessidades.

As chuvas do final do inverno ao início da primavera asseguram o vingamento dos frutos e as chuvas de setembro-outubro favorecem o calibre e a maturação dos mesmos.

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14 4.4 HUMIDADE

A humidade elevada e constante favorece a expansão de doenças e pragas. A propagação das doenças e pragas na oliveira está dependente das condições de manuseamento das árvores, sendo os fatores que mais contribuem para o desenvolvimento das mesmas uma má poda, uma fraca luminosidade, uma dificuldade de arejamento e uma má drenagem atmosférica.

4.5 ALTITUDE

A altitude influi diretamente sobre a influência climática, temperatura, precipitação, humidade relativa, neve, etc. O cultivo da oliveira em altitude, está dependente ainda da latitude do local em apreço. Um exemplo desta situação é dado pelas diferentes altitudes praticadas em diferentes países, tais como: na Argélia a oliveira é produzida no Gran Kabylia, até aos 800 m, na Síria vai até às pendentes do Etna atingindo os 1.000 m de altitude, e na Argentina segundo Marisco (1995) é possível ter boas produções em altitudes que vão desde 1.200 a 1.600 m. Nos países da bacia mediterrânica, não se deve ultrapassar os 600 m nos terrenos na exposição norte e os 800 m nos terrenos na exposição sul.

4.6 EXIGÊNCIAS AGROLÓGICAS

Em virtude da oliveira predominar em regiões onde a pluviometria é baixa, da ordem dos 400 a 800 mm por ano, os critérios de seleção dos solos para a plantação de oliveiras têm que ter em conta a exigência da árvore e o contexto geomorfológico e bioclimático (Loussert e Brousse, 1980).

As condições ideais, para a cultura da oliveira, compreendem um clima não gélido, com humidade relativa do ar média e pluviometria anual entre os 450 e 800 mm (Loussert e Brousse, 1980). Estas condições, segundo o diagrama climático de Emberger (1975), correspondem à zona de subhúmida mediterrânea onde a oliveira existe no estado espontâneo.

No entanto, a oliveira apresenta uma grande plasticidade sendo cultivada em casos extremos, ou seja onde a pluviometria é superior a 1000 mm/ano, ou em zonas áridas, onde esta não ultrapassa os 200 mm/ano.

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Normalmente, as raízes da oliveira são superficiais, indo de 1 a 1,5 m de profundidade em boas condições de solo. Se existir uma crosta, isto é um imperme superficial, deve ser destruída com a ripagem cruzada ou com uma subsolagem, permitindo assim a expansão do sistema radicular.

Em solos hidromorfos, de má drenagem interna, dá-se o perigo de asfixia radicular, daí que nesses vales ou baixas não são aconselhados as plantações de olivais. Quando são plantados olivais nesses terrenos, estes devem ser intervencionados de forma a permitir uma boa drenagem.

A necessidade de água torna-se mais crítica no estado fenológico H, aquando ao endurecimento do caroço.

4.7 TEXTURA

A textura é a percentagem de cada um dos elementos que constituem o solo, sendo dependente da permeabilidade do solo à água e à sua capacidade de retenção. O olival encontra-se distribuído por uma larga gama de solos.

O excesso de argila dificulta a circulação dos nutrientes no solo, tornando-os mais compactados.

A estrutura desempenha uma ação fundamental na atividade radicular e na dinâmica da água no solo e do seu arejamento. Os solos bem estruturados onde a percentagem de argila, limo e areia entram em partes iguais a quantidade de matéria orgânica ronda os 2%, os nutrientes essenciais e disponíveis para as plantas estão na classe média a alta, com boa drenagem e o arejamento interno é aquele mais propício aos olivais.

4.8 PREPARAÇÃO DO TERRENO E PLANTAÇÃO

Em condições favoráveis, o sistema radicular desenvolve-se rapidamente nos primeiros anos. Para que o desenvolvimento vegetativo seja equilibrado é necessário que o terreno esteja em ótimas condições de arejamento e humidade.

Assim, recomenda-se uma ripagem cruzada ou subsolagem do terreno até à profundidade de 1 m, a fim de obter uma taxa de sucesso de plantação elevada e diminuir o período improdutivo inicial.

A aplicação dos fertilizantes deve ter em linha de conta as análises de solo e a sua incorporação deve ser a lanço por todo o terreno, seguida de uma mobilização profunda.

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A plantação das oliveiras pode ser efetuada de duas formas: abertura de covas com uma broca e abertura de valas. A abertura das covas com a broca, quando o terreno está húmido pode levar à compactação e formação de uma fina película de crosta nas paredes da cova, que ao secar endurece, e prejudica a expansão das raízes no solo. O mais usual e prático será abertura de valas, com um abre valas acoplado a um trator de 70 CV (cavalos) ou mais, a uma profundidade de 0,30 a 0,40 m, dependente da alfaia. Após a plantação devemos efetuar uma rega para aconchegar o solo junto ao sistema radicular.

Após a abertura de valas, procede-se à plantação, podendo as plantas ser de dois tipos: 1 - Plantas de viveiro de raiz nua.

As plantas de raiz nua são, muito heterogéneas fenotipicamente e genotipicamente, têm proveniência de vários clones, com potencialidades genéticas muito diferentes.

2 - Plantas de viveiro de raiz protegida.

As plantas de raiz protegida podem ser muito homogéneas fenotipicamente e genotipicamente por serem provenientes do mesmo clone, com grande potencial genético, e estarem isentas de vírus.

No caso de a plantação ser efetuada com plantas de raiz nua, deve ser realizada uma poda aérea e uma poda radicular antes da plantação, às plantas com dois ou mais anos de idade.

No caso de a plantação ser efetuada com plantas de raiz protegida em sacos de plástico ou pequenos vasos, basta retirar o saco de plástico ou vaso. As plantas neste caso são plantadas com um ano de idade, com 60-80 cm, sem qualquer intervenção.

A época de plantação acima do Tejo, onde haja probabilidade de ocorrência de geada, deve ser realizada na primavera, uma vez que as fortes geadas já passaram e a planta vai-se aclimatando para as condições adversas futuras.

Após a plantação devemos abrir uma caldeira, a cada oliveira e regá-la, para aconchegar a terra à raiz e regar durante o período estival.

4.9 ESCOLHA DO TERRENO PARA PLANTAÇÃO

Aquando a escolha do terreno para efetuar a plantação do olival é necessário que sejam considerados os seguintes critérios:

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1 - A eleição do local respeitará a profundidade, permeabilidade e capacidade de retenção de água.

2 - O estudo dos perfis dará informação sobre as caraterísticas físicas. 3 - A análise de terras, complementa as caraterísticas físicas do solo.

4 - A topografia e exposição são 2 elementos condicionantes, pois devem escolher-se terrenos pouco inclinados, e a plantação deve efetuar-se segundo as curvas de nível, para minimizar os riscos de erosão e facilitar a transitabilidade das máquinas.

Quando tivermos solos com inclinação superior a 14%, é necessário sistematizar em patamares. Sempre que possível escolhemos solos com exposição sul, pois são mais iluminados pelo sol, e a duração da exposição solar é maior.

5 - A proximidade de olivais pouco cuidados ou abandonados aumenta o risco de contaminação parasitária.

4.10 VARIEDADES

De um modo geral, o leque de variedades autóctones, não é assim tão grande como se possa pensar, só que devido às sinonímias da mesma variedade, conforme o local, são utilizados vários nomes. As variedades mais difundidas resultam da multiplicação de clones de plantas-mãe centenárias. Estas plantas resultam de uma seleção empírica, pelos agricultores, apenas observando as oliveiras mais produtivas e com produções médias anuais mais constantes. Estas seleções não tiveram em linha de conta o estado sanitário do material biológico, infeção vírica, bacteriana ou fúngica.

O melhoramento genético não tem sido ativo, apenas se realizou o trabalho de prospeção e seleção das variedades Cobrançosa e Negrinha de Freixo, do qual fiz parte, e nestas não se fez a caracterização completa, e muito menos a certificação. Até ao momento, nas outras variedades de Trás-os-Montes ainda não foi efetuada a prospeção e a seleção.

Na região de Trás-os-Montes, estima-se que a importância das variedades existentes por ordem decrescente são: a Cobrançosa ou Salgueira ou Madural de folha estreita com cerca de 32 a 34%; a Madural de folha larga ou Cordovil, 24 a 26%; Verdeal Transmontana 22 a 23%; Negrinha de Freixo 6%; Santulhana 4%; Redondal 2%; outras (Bical, Borrenta, Lentisca, Galega) 7%.

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A principal cultivar regional de aptidão conserva é a Negrinha de Freixo e as duas de aptidão mista são a Santulhana e a Redondal, com uma relação polpa/caroço maior que as variedades da aptidão azeite (Lopes et al., 2009).

A Negrinha de Freixo tem uma reduzida tendência para a alternância, enquanto a Redondal tem uma alternância pouco significativa. A Santulhana, cujo solar são as freguesias de Santulhão e Izeda e as freguesias circundantes a alternância é moderadamente marcada, e muito marcada, de três a quatro anos, quando sai do solar dela.

A alternância das principais variedades de aptidão azeite é reduzida na Madural de folha larga também designada por Cordovil, pouco marcada na Cobrançosa/Salgueira/Madural de folha estreita e, bastante marcada na Verdeal Transmontana. Contudo, a alternância pode ser ainda mais marcada à medida que a colheita é mais tardia, uma vez que interfere na diferenciação floral.

No caso das oliveiras de aptidão mista, a condução deve ser efetuada como na vareja. A expressão da variedade Cobrançosa quando os olivais já instalados estiverem em plena produção, é ainda superior, relativamente às outras cultivares.

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19 4.10.1 Eleição de variedades

Segundo as condições de mercado, temos de optar por variedades de conserva, azeite, ou de dupla aptidão neste caso o azeite pode ser considerado um subproduto da azeitona de mesa, permitindo adaptar a opção às flutuações de mercado.

Em relação às opções tomadas temos ainda que considerar as caraterísticas das variedades escolhidas quanto à rusticidade, teores de ácidos gordos, resistência a pragas e doenças.

Num olival, em função da área a plantar e das caraterísticas organoléticas do futuro azeite, devemos utilizar, mais que uma variedade, uma vez que a quantidade de ácidos gordos difere entre as variedades, assim como as substâncias adstringentes que as constituem. Se o olival for de maiores dimensões devem ser escolhidas várias variedades, uma vez que assim a produção média anual é garantida (alternância e resistência a stresses bióticos e abióticos) e permite uma colheita faseada.

4.11 DENSIDADE DE PLANTAÇÃO

Em sequeiro e em regadio, segundo Santos (1988) foi verificado que não se deviam ir para além das 300 árvores por hectare. Em olivais intensivos uma densidade de 300 árvores por hectare tem que entrar em consideração as seguintes premissas:

1 - Disponibilidade hídrica; 2 - Topografia da parcela; 3 - Porte natural das cultivares; 4 - Mecanização total do olival.

O olival super intensivo, na nossa região parece-nos que não tem viabilidade técnica, nem económica, em função dos fatores enumerados anteriormente. Pontualmente, podem existe olivais super intensivos desde que as parcelas possuam alguma dimensão e em caso de parcelas de menor dimensão em que estas não possuam uma inclinação superior ao índice IQFP1 (solo com 0-15% de inclinação) onde não exista risco de erosão. Em todas estas condições tem que se verificar a existência de água e que seja possível efetuar uma colheita mecânica ou semi-mecânica.

Os compassos de plantação mais recomendados são: 7m X 7m; 7m X 6m; 7m X 5m; ou 6m X 6m, para olivais de aptidão azeite ou mista, sendo que a nossa opinião é que nunca uma das direções deve ter menos de 6 metros, para facilitar a transitabilidade das

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máquinas. No caso da aptidão conserva, os compassos podem ser: 6 m X 6m; 6m X 5m; 6m X 4m; ou 5m X 5m. A experiência diz-nos que o melhor compasso é 6m X 5m em solos de aluvião mais férteis e 6m X 4m em solos com menor fertilidade.

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21 5. CARATERIZAÇÃO E MANUSEAMENTO DO SOLO NO OLIVAL

O solo é um meio complexo, orgânico e inorgânico atravessado por canais e micro canais porosos onde circula ar e água, onde habitam um sem número de microflora e microfauna, que estão em permanentemente alteração, motivados pelos agentes atmosféricos, pelas práticas culturais implementadas pelo homem, tais como: as mobilizações profundas (a presença de elementos minerais no solo disponíveis para as plantas depende das alterações que nele ocorrem) e a fertilização (fornecer às plantas os nutrientes que elas necessitam e que não se encontram no solo em quantidades satisfatórias para atingir produções economicamente compensatórias).

5.1. CARACTERÍSTICAS DO SOLO

A solução do solo é assim o reservatório onde as plantas vão retirar a sua principal fonte de água e alimento. As características que mais influenciam a disponibilidade de nutrientes para as plantas são: (1) pH do solo; (2) teor de matéria orgânica; (3) textura e; (4) capacidade de troca catiónica.

5.1.1 pH DO SOLO

O valor de pH informa-nos da acidez ou alcalinidade do meio em apreço o solo do olival é considerado ácido, se o pH for inferior a 6,5, neutro para valores entre 6,5 e 7,5 e alcalino para valores de pH acima de 7,5. A acidez do solo é influenciada pela rocha mãe, a lixiviação das bases de troca pelas águas da chuva e a exportação de cálcio e magnésio da azeitona na colheita e na lenha da poda.

No Norte de Portugal, o pH é ácido com teores em cálcio e magnésio baixos, dificultando o desenvolvimento das oliveiras. O fósforo, geralmente, está pouco disponível para as plantas, aparecendo carências deste nutriente, especialmente quando o alumínio está na forma iónica Al+3. Contudo, o maior problema dos nossos olivais

com solos muito ácidos é o aparecimento de alumínio na solução do solo em níveis muito elevados, podendo causar toxicidade nas plantas, impedindo-as de se desenvolver a nível radicular, obstruindo assim a absorção de água e de nutrientes em quantidades suficientes para o seu bom desenvolvimento.

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A acidez do solo atrasa o desenvolvimento do jovem olival e contribui para a alternância do olival adulto. O uso de calcários magnesianos, embora mais caros que os calcários calcíticos contribui para a reposição do cálcio e do magnésio, e para a disponibilidade do fósforo, mas a relação de equilíbrio cálcio/magnésio é difícil de ser mantido, e os agricultores de dois em dois anos ou de três em três anos deviam efetuar amostra de terra e folha e enviar para o Laboratório para aferir a nova necessidade. Esta relação, cálcio/magnésio, deverá ser de 3:1.

Os solos alcalinos reduzem a disponibilidade de nutrientes na solução, e por isso neste tipo de solos existem muitas carências de cobre, ferro, magnésio e zinco. Este problema não se põe na nossa região, uma vez que o pH dos solos dos nossos olivais ronda valores abaixo de 4.

5.1.2TEXTURA DO SOLO

Designa-se por textura do solo a percentagem de areia, limo e argila que constituem determinada porção de solo. Estes elementos dependem do material originário, rocha-mãe, que lhe deu origem. Um solo formado a partir da rocha-mãe granito, será mais arenoso, enquanto que um solo formado a partir da desagregação da rocha mãe do xisto será mais argiloso.

A textura é uma caraterística intrínseca do solo, que o homem não pode modificar em grandes extensões, apenas pode e deve ser melhorada onde existam culturas que assim o justifiquem. A dominância de cada constituinte depende muito da topografia do local, já que tendencialmente em pontos de maior cota há acumulação de elementos grosseiros, enquanto os elementos mais finos se acumulam nos pontos de menor cota devido à escorrência através do vento e da água, formando os coluvisolos e os aluvisolos.

A textura do solo condiciona as propriedades físicas e a disponibilidade de nutrientes e água para as plantas. Um solo com aproximadamente 33% de cada um dos três constituintes (argila, areia e limos) será um solo equilibrado e com excelentes condições para o desenvolvimento do olival.

Um solo arenoso derivado do xisto confere propriedades físicas favoráveis, mas são pobres em nutrientes e retêm pouca humidade. A programação das recomendações da fertilização são muito difíceis, e têm de ser feitas a curto prazo, dado existir uma

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elevada lixiviação dos fertilizantes, beneficiando assim com um maior número de aplicações destes mas em menor quantidade, comparativamente aos solos argilosos. Um solo argiloso com partículas finas apresenta carga elétrica negativa à superfície que permite reter os catiões das bases de troca e mantê-los em equilíbrio na solução do solo. Um solo com muita argila tem propriedades físicas desfavoráveis, má drenagem interna e ausência de arejamento, levando à asfixia das árvores aí instaladas. Na prática estes solos são difíceis de trabalhar, têm de ser mobilizados com um grau de humidade adequado. Quando o solo estiver alagado/saturado, que coincide por exemplo com a colheita da azeitona, o equipamento atasca e as operações culturais fazem-se com dificuldade, ou tem de se adiar por alguns dias. Pelo contrário, se o solo estiver sem água, atinge uma dureza que dificulta mobilização deste, provocando um desgaste do equipamento muito grande.

5.1.3MATÉRIA ORGÂNICA

A matéria orgânica pode ter várias proveniências incluindo as camas de vacarias, ovil, cavalariças, pocilgas, aviários e outros estábulos, resulta da fermentação com outros compostos orgânicos e inorgânicos. A sua aplicação no solo têm por objectivo melhorar a estrutura física do solo e disponibilizar alguns nutrientes às plantas, principalmente azoto, fósforo, molibdénio e boro, com a ajuda de elementos químicos com carga elétrica positiva que em equilíbrio na solução do solo contribuem para a inativação de compostos nocivos para as plantas promovendo a agregação das partículas. Esta boa estrutura que é conseguida pela matéria orgânica favorece o desenvolvimento das raízes em profundidade nos solos argilosos e aumenta a sua capacidade de retenção de água em solos arenosos.

De forma geral, no olival não é adicionada matéria orgânica, neste tipo de solos a percentagem tem valores muito baixos, resultado da deposição das folhas das oliveiras e do desenvolvimento da vegetação herbácea natural. As mobilizações favorecem o arejamento e aceleram a mineralização pelas bactérias e outros microrganismos.

O aumento do teor de matéria orgânica no solo não é facilmente conseguido. A quantidade de corretivos orgânicos aplicados normalmente é baixa. As mobilizações tradicionais aceleram o processo de mineralização, sendo preferível manter o solo sem o mobilizar. Para além disso, pode-se aumentar este teor através da aplicação de uma

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maior quantidade de matéria orgânica, considerando mesmo a lenha da poda triturada e outros resíduos, como por exemplo as folhas de oliveira, após a desfolha no lagar.

5.1.4. CAPACIDADE DE TROCA CATIÓNICA

A capacidade de troca catiónica de um solo é o poder que ele tem para reter os nutrientes com carga elétrica positiva (catiões), evitando que eles se percam por lixiviação, porque os iões do solo têm maioritariamente cargas negativas. A capacidade de troca catiónica de um solo depende da quantidade de argila e húmus que contém, pois se um solo tiver bastante matéria orgânica humificada e tiver argila, tem uma boa capacidade de troca e logo apresenta uma boa fertilidade natural facilitando a gestão dos fertilizantes.

5.2 NUTRIENTES

Os elementos necessários para que o ciclo das plantas seja completo são dezasseis, cada um deles com uma missão específica ou inter-específica. Na ausência de qualquer um deles a planta não completa o seu ciclo biológico.

Os mais abundantes, nos tecidos vegetais são o carbono, o oxigénio e o hidrogénio, que estão disponíveis no dióxido de carbono, água atmosférica e no solo, em quantidades mais que suficientes para as plantas.

Os outros elementos estão disponíveis principalmente a partir do solo. Podem dividir-se em macronutrientes, necessários em grandes quantidades (azoto, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre) e os micronutrientes, necessários em pequenas quantidades (boro, ferro, zinco, manganés, cobre, cloro e molibdénio).

Os macronutrientes dividem-se ainda em dois grupos:

1 - Principais - azoto, fósforo e potássio, que normalmente não se encontram, no solo em quantidades suficientes para as plantas.

2 - Secundários - cálcio, magnésio enxofre, que se espera que sejam suficientes no solo para o desenvolvimento das plantas, mas que exige em casos particulares a verificação da sua disponibilidade.

Atualmente, com a intensificação da olivicultura não faz sentido subdividir os macronutrientes em principais e secundários. Os adubos aplicados contêm

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macronutrientes principais e secundários, como são os casos dos adubos fosfatados, que contêm cálcio e enxofre; o nitromagnésio que contém cálcio e magnésio.

No caso dos micronutrientes é frequente existirem carências. Uma das carências mais frequentes na oliveira é o boro, que normalmente tem que ser aplicado pela via foliar. As necessidades nutritivas das oliveiras, são sobretudo asseguradas através dos nutrientes disponíveis no solo, que anualmente decrescem substancialmente, resultado da produção de azeitona, da lenha da poda e de processos de lixiviação. Assim sendo, a reposição regular de alguns nutrientes no solo, nomeadamente azoto, boro, fósforo, cálcio, magnésio e potássio é um imperativo na região. Assim, um olival que esteja em plena produção necessita de maiores quantidades de fertilizantes que um olival que esteja em formação, tal como um olival de regadio, com um potencial produtivo superior a um olival de sequeiro.

O azoto é o nutriente mais absorvido pelas plantas e que limita o crescimento destas, bem como a produção da cultura, sendo assim o que mais facilmente está em carência devido às exportações e às lixiviações ocorridas. A sua carência carateriza-se por um verde-claro ou amarelecimento das folhas, começando pelas mais velhas (Figura 2). Quando a deficiência é muito marcada provoca a queda das folhas, sintomatologia semelhante a uma asfixia, distinguindo-se porque na carência as partes mais jovens ficam ativas, para onde são transladados os nutrientes das folhas velhas. Outra sintomatologia é a redução dos entre nós, conhecido por crescimento em roseta.

O fósforo ativa o desenvolvimento do sistema radicular. Quando a acidez do solo é muito acentuada, o fósforo pode precipitar com o alumínio e fica pouco disponível para a planta. Contrariamente, quando o pH do solo é elevado, com a presença de carbonatos no solo, pode ser induzida a insolubilização do fósforo. Os sintomas de deficiência são pouco visíveis no olival, folhas de tamanho mais reduzido, folhas verde-escuras e púrpura, redução do crescimento dos raminhos, cloroses foliares (ápice e margens) salpicadas de “ilhas verdes”.

O magnésio entra na formação da clorofila, a sua carência evidencia-se nas folhas pela clorose, verde-claro do ápice para a base, necrose apical e número reduzido de folhas. Um dos sintomas típicos de carência de magnésio é a clorose nas margens da folha e a coloração normal da nervura, estes normalmente aparecem no outono, evoluindo das folhas inferiores para as superiores (Figura 3).

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O cálcio é necessário em grandes quantidades, uma vez que os solos da região norte de Portugal são ácidos, por conseguinte a biodisponibilidade de cálcio é baixo. Os sintomas de carência manifestam-se pelo aparecimento de folhas mais pequenas e largas, necrose e queda das folhas, morte das gemas terminais. Estes sintomas surgem primeiro nas folhas mais novas, porque este nutriente é pouco móvel na planta (Sobral Dias, 2000).

O boro é um dos micronutrientes mais importantes nos estádios de floração e de vingamento da azeitona. A sua carência é muito vulgar nos nossos olivais, sendo visível nas folhas com uma clorose apical e necrose da extremidade, seguida do surgimento duma pequena mancha transversal amarela que passa a verde natural (Figura 4). Em casos extremos de carência, há uma necrose total das folhas, uma redução do crescimento das folhas clorófitas e uma eventual deformação. Em casos extremos existe uma morte dos raminhos terminais e uma deformação dos frutos.

O potássio é o nutriente que está interligado com o stresse hídrico, auxiliando a abertura dos estomas e consequentemente a entrada de CO2 e saída de O2 da planta. Está ainda

associado ao transporte de açúcar na planta e à qualidade dos frutos, interferindo diretamente com os rendimentos em azeite. Este nutriente influencia diretamente a capacidade da planta resistir ao stresse hídrico e aos ataques de pragas e doenças. A sua deficiência resulta numa clorose do ápice para a base das folhas, e pela necrose do ápice e ligeiramente das margens, nas folhas mais velhas (Figura 5).

Relativamente aos micronutrientes ferro, manganês, zinco e cobre são necessários no olival, mas a aplicação dos adubos elementares permitem alcançar as quantidades requeridas pelo olival. Simultaneamente, existem no solo provenientes da desagregação da rocha-mãe, mantendo os níveis em equilíbrio e à disposição do sistema radicular.

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27 Figura 2 – Carência em azoto

Figura 3 – Carência em magnésio

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28 5.3 DIAGNÓSTICO DE CORREÇÃO NUTRICIONAL

O diagnóstico nutricional do olival deve ser realizado recorrendo à análise de terras e análise foliar. No campo pode-se obter uma primeira indicação pela observação de sintomas visuais que podem ajudar na colmatação de deficiências nutricionais e mesmo fisiológicas do olival. Mas esta rotina não pode, nem deve, ser tomada como medida de diagnóstico, dado que quando as oliveiras atingem o nível de carência que é passível de ser observada, no estado depauperado, implica a adição de quantidades abundantes do elemento em falta para que se possa atingir o equilíbrio nutricional, que tarda algum tempo a ser restabelecido, atrasando no mínimo um ano a produção.

5.3.1 ANÁLISE DE TERRAS

O solo é o principal reservatório de nutrientes para as plantas, daí que a análise de terras permite avaliar a disponibilidade desses nutrientes para as plantas. A análise de terras deve ser efetuada com regularidade, de 4 em 4 ou 5 em 5 anos, a fim de estabelecer um programa de fertilização mais ajustado às necessidades da olivicultura.

Na colheita de terras, a enviar ao laboratório para análise, deve-se garantir a melhor representação de todo o olival, isto é tendo em conta a topografia, o aspeto da arborescência, a vegetação herbácea espontânea, e um número de amostras adequado. As amostras de solos devem ser no mínimo efetuadas em 15 pontos diferentes, escolhidos aleatoriamente em Zig-Zag, à profundidade explorada pela maioria do sistema radicular (50-60 cm). Por vezes a colheita de amostras a esta profundidade é muito difícil, pois nalguns casos já há o imperme, contudo, se possível as colheitas de solo devem ser a uma profundidade de pelo menos 40 cm, até atingir a rocha-mãe. Depois de efetuar a colheita do solo deve ser misturada, sendo retiradas as pedras maiores. Envia-se cerca de 1 kg para o laboratório. Juntamente com a amostra de terra deve seguir a seguinte informação:

1 – Nome do proprietário do olival; 2 – Idade do olival;

3 – Produção esperada;

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O tipo de fertilização pode ser localizado, debaixo da copa, ou com um distribuidor centrífugo de adubos em banda. A escolha do tipo de fertilização a aplicar depende da quantidade de fertilizante a aplicar e da dimensão da exploração. Se for um corretivo de calcário devemos distribuir uniformemente por todo o terreno. No caso dos macronutrientes em explorações de maiores dimensões fazemos a distribuição em bandas de 3 a 4 m ao longo da linha. Quando se trata de explorações do tipo familiar, porque não é contabilizada a mão-de-obra, faz-se a distribuição manual apenas sob a projeção da copa.

A colheita de amostras de solos vai ser diferente nestas duas situações. Na localizada, colhem-se subamostras na zona por debaixo das copas, enquanto na distribuição em banda ou por todo o terreno efetua-se a colheita de amostras no local onde vai ser aplicado o adubo.

5.3.2 ANÁLISE DAS FOLHAS

A análise foliar determina se os nutrientes estão em equilíbrio ou se existe algum deles em carência ou em excesso relativamente aos outros. A composição mineral dos tecidos depende diretamente da disponibilidade de nutrientes no solo, da idade do olival e do tecido amostrado. A poda e a safra e contra safra da azeitona têm grande influência na composição dos tecidos.

Segundo o laboratório químico-agrícola Rebelo da Silva (2000) para cada nutriente existem intervalos de concentração nos tecidos da oliveira que variam de acordo com a atividade ou repouso desta. Assim, todos os nutrientes têm de estar presentes no solo durante todo o ano, mas as fases críticas são:

No início vegetativo até a lenhificação do caroço é mais exigente em azoto (ver Tabela 1); desde o aparecimento dos botões florais até a plena floração é muito sensível à falta de boro; do vingamento até à maturação dos frutos para formação de gorduras com reforço na lenhificação do caroço o consumo de potássio é fundamental; a absorção de fósforo no início da maturação é essencial para uma colheita mais equilibrada.

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30 Tabela 1 - Valores médios de nutrientes nas folhas de oliveira estabelecidos para a época de endurecimento do caroço, segundo o Laboratório Químico Agrícola Rebelo da Silva (2000).

NUTRIENTE INTERVALO DE CONCENTRAÇÃO

Azoto 1,5 – 2 % Fósforo 0,1 – 0,3% Potássio 0,8 – 1,2% Cálcio ≥ 1% Magnésio 0,08 – 0,3% Enxofre 0,15 – 0,3% Ferro ≥ 40 ppm Manganês 20 – 80 ppm Zinco 12 - 35 ppm Cobre 5 – 20 ppm Boro 19 – 50 ppm

Existem duas épocas de colheita de folhas, uma no repouso vegetativo, após a colheita, em janeiro/fevereiro e a outra no endurecimento do caroço (estado fenológico H, Figura 1) que na nossa região é em julho. Estas épocas de colheita já estão definidas, pouco pode ser feito se o diagnóstico foliar revelar alguma anomalia, a não ser que se utilizem aplicações foliares que são soluções mais caras que as aplicações no solo.

Para a amostragem de qualquer época de colheita, 15 árvores representativas do olival devem ser marcadas, para que sejam sistematicamente colhidas as 80 folhas à altura dos olhos de um homem médio em todos os quadrantes (N, S, E e W), no terço médio de cada lançamento do ano sem frutos, virado para o exterior da copa. As folhas não devem ser colhidas próximo duma aplicação de produtos fitofármacos ou adubação foliar.

5.4. FERTILIZAÇÃO DO OLIVAL

5.4.1.FERTILIZAÇÃO DE INSTALAÇÃO

Durante as mobilizações profundas para a instalação do olival, a distribuição e a incorporação dos corretivos inorgânicos e orgânicos requeridos aquando a análise de terras deve ser efetuada. O calcário deve ser dolomítico, uma vez que veicula cálcio e magnésio, dois nutrientes essenciais para o olival. Este calcário deve ser distribuído antes da ripagem cruzada e incorporado com esta para ficar distribuído

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homogeneamente por toda a superfície mobilizada e ficar à disposição do sistema radicular.

O estrume deve ser bem curtido espalhado e incorporado com a charrua de 1 ferro de 14 ou 16 polegadas para criar uma estrutura que favoreça não só o aumento da matéria orgânica do solo, mas principalmente melhorar as condições físicas, aumentando assim o armazenamento de água, favorecendo o arejamento e libertando lentamente os nutrientes, à medida das necessidades das oliveiras. A distribuição deve ser em bandas da largura do distribuidor onde fica centrada cada linha de oliveiras para tentar rentabilizar a sua utilização pela planta, dado o seu elevado valor monetário.

O fósforo é um elemento exportado na azeitona durante a colheita e normalmente está em carência nos solos da região destinados à cultura do olival. Recomenda-se que seja aplicado em quantidades elevadas, ficando disponível durante vários anos, até à entrada do olival em produção.

O potássio, que geralmente existe no solo em quantidades suficientes na região devido à composição da rocha-mãe (xisto), só deve ser aplicado em quantidades recomendadas pelos laboratórios de análise de solos, para assegurar o normal desenvolvimento das plantas.

O boro é um micronutriente que está muitas vezes em deficiência nos olivais regionais e que causa distúrbios fisiológicos tanto em plantas jovens como em árvores em plena produção. Especial atenção deve ser dada às recomendações do laboratório de análises relativas a este elemento e posteriormente à sua aplicação, pois tratando-se dum micronutriente não deve ser aplicado em quantidades que causem toxicidade. Aos agricultores menos experientes aconselha-se a aplicação de adubos compostos que tenham o boro na sua constituição em detrimento de adubos simples que só contém boro.

5.4.2.NECESSIDADES EM FERTILIZANTES APÓS A PLANTAÇÃO

As indicações dadas neste subcapítulo são apenas a título indicativo, já que as análises e só as análises, é que evidenciam a realidade do estado depauperado dos olivais.

Após a plantação e até à entrada em produção devem ser aplicados unicamente adubos azotados, dado que nesta fase é o elemento primordial, isto sempre que a fertilização de

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instalação do olival tiver sido de acordo com as recomendações do laboratório de análise de solos.

Assim e a cada oliveira deve ser aplicado: 20 g de azoto no 1º ano 40 g de azoto no 2º ano 60 g de azoto no 3º ano 80 g de azoto no 4º ano

Este adubo deve ser distribuído circularmente, à volta da árvore, 10 cm afastado do tronco. Alternativamente, e talvez mais aconselhável, dado o desenvolvimento radicular, deve efetuar-se três a quatro adubações foliares, uma em cada mês, com adubos à base de azoto, antes do mês de agosto. Esta aplicação evita crescimentos tardios, que estariam sujeito a um atempamento tardio dos ramos, podendo ser queimados pela geada de inverno.

5.4.3.FERTILIZAÇÃO DE MANUTENÇÃO

A fertilização está dependente da fertilidade do solo e do estado nutritivo da árvore. Os resultados da análise de terras e folhas indicam qual ou quais os nutrientes que devem ser aplicados e em que quantidades, em função da exportação dos nutrientes na azeitona, na lenha da poda e da lixiviação da rega e água de chuvas e erosão por parte desta última. Esta prática cultural deve ser realizada anualmente, já que na natureza não há mecanismos próprios de recuperação rápida da fertilidade do solo.

A quantidade de corretivos a aplicar depende muito da idade das oliveiras, da produção esperada, concentração dos adubos e por último e não menos importante do bom nível de equilíbrio de fertilidade.

Não há adubações médias, nem adubos específicos para as oliveiras, já que as produções são diferentes e consequentemente as exportações. A adubação deve ser concordante com o nível de produção, assim sendo em anos de safra as quantidades aplicadas devem ser superiores comparativamente aos anos de contra safra.

Tanto em olivais de sequeiro como nos olivais de regadio, o calcário dolomítico deve ser distribuído e incorporado no outono com uma mobilização superficial para não destruir o sistema radicular. Os corretivos orgânicos devem ser aplicados com um distribuidor e incorporados no inverno com uma mobilização superficial.

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Nos olivais de sequeiro, o fósforo e o potássio, porque são pouco móveis no solo, devem ser aplicados no inverno. Contrariamente, o azoto e o boro devem ser incorporados no início da primavera.

Em regadio, com sistema de fertirrigação, os fertilizantes vão sendo introduzidos na rega ao longo do período estival que coincide com o período que se rega e alimenta as árvores.

5.4.4.LOCALIZAÇÃO DOS FERTILIZANTES

A distribuição dos fertilizantes pode ser por todo o terreno ou localizado em bandas e debaixo da copa das oliveiras. A escolha do tipo de distribuição de fertilizantes depende:

1 - Quantidade de fertilizante a aplicar; 2 - Área da exploração;

3 - Condições técnicas de aplicação.

Quando queremos aplicar grandes quantidades de corretivos calcários magnesianos de uma forma homogénea utilizamos um distribuidor centrífugo, ou um distribuidor reboque.

No caso de outros elementos mais caros, como por exemplo o fósforo, o potássio, o azoto e o boro, a sua distribuição pode ser também com um distribuidor centrífugo adaptado a lançar só para um lado. Este tipo de distribuição é em bandas de aproximadamente 4 m ao longo da linha. Nesta situação utiliza-se mais fertilizante, mas é compensada por uma economia de mão-de-obra, sendo a metodologia utilizada em explorações de maior dimensão.

Quando o fertilizante é distribuído em bandas existe um estímulo da expansão do sistema radicular, maximizando assim a absorção de nutrientes e de água.

A distribuição dos nutrientes mais caros é feita manualmente, normalmente em explorações de mão-de-obra familiar para economizar em adubo. A localização aumenta a eficiência de uso dos fertilizantes, mas a sua concentração e o seu contato com jovens oliveiras pode causar o “descasque” e morte da planta, pelo que quando da distribuição destes fertilizantes devem ser localizados a uma distância mínima de 10 cm do tronco das plantas jovens.

Imagem

Figura 4 – Carência em boro  Figura 5 – Carência em potássio
Figura 6 – Poda de Formação
Figura 7 - Poda de frutificação
Figura 8 - Poda de Rejuvenescimento
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Referências

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