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A humanização na Odontologia : uma reflexão sobre a prática educativa

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Academic year: 2021

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A humanização na Odontologia: uma reflexão sobre

a prática educativa

The humanization in Dentistry: a reflection on educational practice

Cláudia da Silva Emílio Canalli Sandro Seabra Gonçalves

Mestrandos em Odontologia da Unigranrio Leila Chevitarese

Professora dos Cursos de Graduação e Pós-gradua-ção em Odontologia da Unigranrio

Coordenadora do Pró-Saúde I Unigranrio Roberto da Gama Silveira

Professor do Curso de Especialização e Mestrado em Odontopediatria

José Massao Miasato

Coordenador do Curso de Mestrado Profissional em Odontopediatria da Unigranrio

Resumo

O presente artigo consiste numa reflexão à luz da legislação educacional vigente, acerca da prática edu-cativa desenvolvida em alguns cursos de Odontologia, e seus reflexos na formação dos acadêmicos desta área. A partir de um levantamento de base de dados, verificou-se que o número de pesquisa que abordam a prática do tema ainda é muito escasso. O artigo em questão aponta para o importante papel que o profes-sor desempenha no processo ensino-aprendizagem, embora, ainda calcado na metodologia tradicional. Su-gere a iminente necessidade de reorientação do mode-lo a fim de que os profissionais tenham sua formação humanizada. Conclui-se que, a concretização da práti-ca edupráti-cativa humanizada tem se dado de forma lenta. Palavras-chave: Odontologia; humanização; ensino.

AbstRAct

This article consists of a reflection focused on pre-vailing educational legislation on the educative practice conducted in some odontology courses and its effects on the training of students in this area. Based on a data bank survey, it was found that there are still few rese-arch projects about this topic. This article points to the important role that the teacher plays in the teaching-learning process, although still based on the traditional methodology. It suggests, also, the imminent need for reorienting the model so that the professionals may have a generalist, humanist, critical and reflective trai-ning, dialogical and humanized between teacher and student. It concludes that the implementation of huma-nized educative practice has occurred slowly.

Keywords: Dentistry; humanization; education.

Introdução

A

humanização, que é definida como ato de humanizar, tornar afável e tratável, vem sendo preconizada na legislação vigente como essencial no processo de formação do cirurgião-dentista, bem como na prática diária pro-fissional. Tornar prática diária essa teoria é fundamental para o novo perfil delineado para o cirurgião-dentista.

Percebe-se, entretanto, que, da teoria da humanização à prática, há um hiato no qual o professor em sua singularidade tem papel relevante, pois essa metodologia de ensino envolve mudanças de atitudes, comportamentos, va-lores, cultura, conceitos, entre outros fatores.

O eixo norteador deste artigo está centrado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e nas Diretrizes Nacionais Curriculares (DCN) para o ensino de graduação em Odontologia.

Assim, repensar sobre o papel do professor para uma prática pedagógica mais humanizada torna-se imperioso, como já foi dito anteriormente.

Revisão de Literatura

Considera-se que o ensino sistematizado de Odontologia no Brasil foi ins-tituído através do Decreto número 9.311 de 25 de outubro de 1884. A prática de uma incipiente atividade já existia no país, antes mesmo dessa data, atra-vés da atuação de barbeiros e mestres-cirurgiões. Ambos tinham autorização para realizar cirurgias, tirar dentes e sangrar – procedimentos rudimenta-res altamente conhecidos naquela longínqua época. Já havia, porém, naquela época, exigência cada vez maior de um procedimento mais técnico (1).

Consequentemente, nascia no cenário brasileiro o professor do curso de Odontologia - o dicionário (14) define professor como “aquele que ministra aula não apenas no nível superior, mas em todos os níveis da educação”.

O ensino e a prática da Odontologia passaram por diversas fases de de-senvolvimento ao longo dos anos. Receberam gradativamente influências dos modelos flexneriano e do giesiano, os quais trazem como referência elemen-tos ideológicos marcantes: o mecanicismo, o biologicismo, a especialização precoce, a tecnificação do ato odontológico, a exclusão de práticas alternati-vas, a ênfase na Odontologia curativa e a assistência individual (9).

A partir do relatório final dos membros da VII Conferência Nacional de Saúde, o modelo de prática e assistência odontológica no Brasil como: ine-ficaz, ineficiente, descoordenado, territorialmente mal distribuído, de baixa cobertura, alta complexidade e de caráter mercantilista e monopolista. Qua-lifica ainda esse ensino odontológico como inadequado para formação do profissional (13).

Contrapondo-se a esse modelo, atualmente o ensino da Odontologia tem como fundamento a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), instituída através da Lei n° 9.394 de 20 de dezembro de 1996, que preconiza as bases filosóficas, conceituais, políticas e metodológicas que devem norte-ar a elaboração dos projetos pedagógicos, além das Diretrizes Curriculnorte-ares (DCN) dos cursos de graduação em Odontologia – Resolução CNE/CES 3,

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de 19 de fevereiro de 2002 – que, em sintonia com a LDB, propõe a formação de um profissional generalista, crítico, reflexivo, com sólida formação técnico-científica e ético-humanista para atuar em todos os níveis da atenção (2).

Com a mesma pretensão, o Ministério da Saúde e o da Educação, em parceria, lançaram o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saú-de) – em algumas universidades, dentre elas a Unigranrio (4). O programa busca a integração ensino-serviço, tendo em vista a reorientação da formação profissional, garantin-do uma abordagem plena garantin-do processo saúde-garantin-doença com foco na atenção básica, impulsionando transformações nos processos de geração de conhecimento, ensino, aprendiza-gem e prestação de serviços à população (4). Assim, os es-tudantes, desde o início de sua formação são inseridos no cenário real de suas práticas, que é a rede SUS.

Esta nova concepção de educação é reconhecida por FREIRE (6) quando esclarece que “[...] ensinar não é transfe-rir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua pró-pria produção ou a sua construção”. FREIRE (6) acrescenta que o conhecimento precisa ser vivido e testemunhado pelo agente pedagógico e, por sermos seres humanos, temos, se-gundo o autor, consciência de que somos inacabados.

Esse pensamento também consta no relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, coordenada por DELORS (5). Para dar resposta às múltiplas missões, a educação deve organizar-se em tor-no de quatro aprendizagens essenciais: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. Esses serão os pilares do conhecimento no decorrer de toda a vida, para cada indivíduo, os pilares do conhecimento.

Diante do exposto, surgem alguns questionamentos: • Como o professor pode contribuir para a formação mais humanística do alunado?

• Onde estamos nessa caminhada?

A Humanização na Prática Educativa

Diante do exposto, serão apresentados a seguir alguns estudos recentes (de 2003 a 2008) e publicados na literatura científica sobre o tema em questão.

Apesar de ser relevante no contexto atual, há escassez de publicações específicas na área odontológica.

O quadro I fornece um panorama geral das referidas pes-quisas facilitando a compreensão.

Estudo realizado por RALDI et al. (11) verificou através de questionário a opinião de cento e oitenta acadêmicos de Odontologia do terceiro, quarto e quinto anos de quatro faculdades de Odontologia do Estado de São Paulo, sendo duas públicas e duas privadas sobre o papel do professor no processo ensino-aprendizagem. O questionário abrangia os seguintes quesitos: qualidades necessárias a um professor competente, material didático e metodologia de ensino ado-tados, tempo de aula e atitudes dos professores. A opinião do corpo discente revelou que os professores têm papel

funda-mental no processo ensino-aprendizagem e que são conside-radas como as características mais importantes de um bom professor, o conhecimento na disciplina (87%), a didática (77%), a experiência clínica (54%) e a acessibilidade ou faci-lidade de relacionamento com os alunos (43%). A metodolo-gia empregada, bem como o relacionamento professor-aluno foram, na opinião dos alunos, considerados essenciais para a aprendizagem.

Os autores concluíram que alguns fatores podem contri-buir para a aprendizagem ou mesmo prejudica-lás: a atitude do professor para com os educandos, o tipo de material di-dático adotado e o tempo despendido nas aulas teóricas (11). LAZZARIN, NAKAMA, CORDONI JÚNIOR (7) anali-saram a percepção de alunos do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina sobre o papel do profes-sor no processo ensino-aprendizagem. Utilizou-se a abor-dagem qualitativa, sendo a coleta de dados realizada por meio de entrevista semiestruturada. O estudo revelou que o professor tem papel fundamental no processo ensino-apren-dizagem por ser o responsável pela transmissão de conheci-mentos e de experiências.

O ensino de graduação em Odontologia é um sistema for-mador de profissionais para o mercado de trabalho; as estra-tégias de ensino-aprendizagem baseiam-se nas exposições orais e o método de avaliação consta de provas tradicionais teóricas e práticas. Os autores concluíram que mudanças precisam ocorrer na graduação do cirurgião-dentista, a fim de que seja possível formar profissionais generalistas, críti-cos e reflexivos (7).

A pesquisa de TIEDMANN, LINHARES, SILVEIRA (13) revelou as diferentes dimensões da relação acadêmico-paciente na Clínica Integrada Odontológica do curso de Odontologia da Fundação Universidade Regional de Blume-nau/Santa Catarina, descrevendo: o perfil sociocultural dos acadêmicos e dos usuários; as noções de responsabilidade e ética destes acadêmicos; a satisfação dos usuários com o atendimento e as expectativas dos sujeitos. Foi utilizada a abordagem qualitativa, com a técnica de entrevista não di-retiva entre usuários e alunos da clínica integrada de oitava e nona fases. A análise foi desenvolvida a partir da criação de três categorias: resolutividade técnica, humanização do atendimento e satisfação do usuário.

Os resultados evidenciaram que o perfil dos acadêmicos era: 87% tinham idade entre 21 a 25 anos, 61,5% eram mu-lheres, 77% tinham renda superior a 11 salários mínimos, 54% cursaram outros idiomas, 51% dos pais destes acadê-micos tinham escolaridade em grau superior e 59% daqueles eram profissionais liberais/empresários, enquanto o perfil dos usuários era: 49% entre 31 e 50 anos, 65% mulheres, 80% renda até 4 salários mínimos, 3,5% com nível superior, 17,5% cursaram outro idioma e 42% exerciam profissão doméstica remunerada ou não. As expectativas dos acadêmicos foram: aprendizado técnico, humanização da relação

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paciente-pro-fissional, resolução do problema e satisfação do paciente. E as expectativas dos usuários: conclusão e resolutividade do problema, bom atendimento, noções de responsabilidade ética como norma profissional. Manifestaram alta satisfação com o serviço recebido (98%) e consideraram os acadêmi-cos atenciosos, esclarecedores e educados. Os pesquisadores concluíram que há uma diferença sócio-econômico-cultural entre os dois grupos (acadêmicos e usuários) e a natureza da relação ainda é prioritariamente técnica, entretanto incor-pora valores éticos, bem como os valores humanísticos que podem ser trabalhados no espaço de ensino - a clínica. Há um forte reconhecimento da atuação dos acadêmicos, com elevada satisfação manifestada pelos pacientes da Clínica Integrada.

SCALIONI et al. (12) publicaram um estudo conduzido na Universidade Federal de Juiz de Fora que avaliou se a disciplina de Odontopediatria II permite uma relação alu-no-paciente, pais e/ou responsáveis satisfatória, bem como a satisfação do usuário. A amostra incluiu 19 acadêmicos matriculados no décimo período do curso de Odontologia e 50 pais/responsáveis por pacientes atendidos na Clínica de Odontopediatria II. Dois formulários (um para cada grupo) foram elaborados e aplicados aos participantes da pesquisa. Utilizou-se a análise descritiva para os dados quantitativos oriundos das questões fechadas, e para as questões abertas, a abordagem quali-quantitativa. A análise da questão aberta sobre “satisfação com a relação estabelecida entre professor-aluno-paciente, pais e/ou responsáveis” permitiu a obenção de três núcleos de sentido: interação, fatores facilitadores e fatores dificultadores. No núcleo de sentido interação, “uma boa relação entre todos” foi citada pela maioria dos alunos entrevistados. No núcleo fatores facilitadores o estabeleci-mento de uma relação satisfatória e humanizada com os pacientes e os seus pais/responsáveis os alunos citaram a presença e o conhecimento das professoras. Como fatores dificultadores foram citados: não participação dos pais no controle da dieta e higiene, além do não comparecimento às consultas. Os depoimentos dos usuários apontaram o for-te reconhecimento da atuação dos acadêmicos, revelando o papel fundamental destes para a humanização do atendi-mento. Concluíram afirmando que a referida disciplina está contribuindo para a formação de um profissional humani-zado, assim proporciona satisfação aos usuários.

Pesquisa realizada por NUTO et al. (10) em quatro cur-sos de Odontologia no Nordeste brasileiro sobre os aspectos éticos e humanos presentes no processo ensino-aprendiza-gem da formação de cirurgiões-dentistas levantou alguns problemas na formação destes. Participaram do estudo 28 alunos e 33 pacientes das universidades, numa abordagem qualitativa. A análise do material textual identificou alguns problemas: o autoritarismo presente na relação professor-aluno e a baixa autoestima proporcionada por esta meto-dologia de ensino que dificulta o desenvolvimento afetivo

do aluno, não apenas consigo mesmo, mas também com os colegas e com os pacientes. O autoritarismo exemplificado pelo professor é considerado pelo acadêmico como “modelo ideal”. Outro problema é a dicotomia corpo-mente presente no modelo biomédico da prática, no qual o maior empenho é para o desenvolvimento das habilidades técnicas e moto-ras. Os resultados revelam, segundo os autores, pouca capa-citação dos futuros profissionais para o desenvolvimento de uma relação dialógica com seus pacientes, e a necessidade de se repensar esses aspectos na sua formação.

MORETTI-PIRES (8) em sua pesquisa o pensamento crí-tico social de Paulo Freire sobre a humanização e o contexto da formação do enfermeiro, do médico e do odontólogo in-vestigou em que medida o modelo pedagógico universitário tem influências na formação destes profissionais com rela-ção à humanizarela-ção que, no marco freireano, significa, além de tratar bem o paciente, a inserção do profissional como ator social transformador.

Foram investigados os cursos de Enfermagem, Medicina e Odontologia de uma universidade federal da região Norte do Brasil, utilizando a metodologia qualitativa.

Os resultados evidenciaram que o ensino nessas áreas apresenta talhe tradicional, narrativo e depositário, confor-me descrito por FREIRE (6), com experiência desumani-zadora no transcorrer do curso de graduação, experiência que tenderá a refletir na postura futura do educando. Se-gundo o autor, os resultados sugerem a premente necessi-dade de reorientação dos modelos pedagógicos dos cursos estudados, com vistas à formação de enfermeiros, médicos e cirurgiões-dentistas, com prática pautada no pensamento histórico-político e crítico-reflexivo.

Discussão

As pesquisas realizadas nas universidades abrangeram quatro das cinco regiões brasileiras: Norte, Sul, Sudeste e Nordeste. Regiões que apresentam características sociais, econômicas e epidemiológicas heterogêneas, entretanto, de acordo com este estudo, apresentam algumas semelhanças no modelo pedagógico dos cursos de Odontologia.

Os resultados das pesquisas citadas anteriormente apon-tam que no modelo educacional praticado existem vários entraves que devem ser removidos para que os cirurgiões-dentistas tenham uma formação humanística, crítica e re-flexiva. E nesse contexto é inegável o importante papel que o professor desempenha (7, 11). Entretanto os autores afir-maram que o ensino de graduação em Odontologia ainda é desenvolvido de forma tradicional, narrativo e depositário: o professor é considerado o principal responsável por esse processo, as estratégias de ensino-aprendizagem baseiam-se em exposições orais, o método de avaliação consta de provas teóricas e práticas, a relação professor-aluno é verticalizada, há desprezo para com as habilidades humanísticas (7, 8, 10). Possivelmente, uma das explicações para esse fato seja o que

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RALDI et al. (11) afirmaram que o critério para seleção e contratação de professores de Odontologia era ser especialista em seu campo de atuação, e que muitos desses não tinham conhecimento na área educacional ou pedagógica. Esta prática está em desacordo com Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº. 9394/96) (3). O capítulo VI, artigo 66, cita:

A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado.

Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por universidade com curso de doutorado em área afim, poderá suprir a exigência de título acadêmico.

Assim, o profissional com o título de mestre ou doutor estará legalmente habilitado para o exercício profissional da do-cência superior se o curso mestrado/doutorado em que ele se formou incluiu as disciplinas didático-pedagógicas de prepa-ração para o magistério, isto é, os conteúdos programáticos definidos pelo Ministério da Educação. Essa lei admite também que o profissional com o curso de pós-graduação ‘lato senso’ exerça o cargo de docente.

Diante do exposto, merecem reflexão as palavras de FREIRE (6):

“Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto ou aquilo. [...] Assim como não posso ser professor sem me achar capacitado para ensinar certo e bem os conteúdos de minha disciplina não posso, por ou-tro lado, reduzir minha prática docente ao puro ensino daqueles conteúdos. Esse é um momento apenas da minha atividade pedagógica. [...] Tão importante quanto o ensino dos conteúdos é minha coerência na classe. A coerência entre o que digo o que escrevo e o que faço. (p. 39-40)”

Autores

Raldi, DP, Malhei-ros, CF, Fróis, IM, Lage-Marques, JL Tiedmann, CR, Linhares, E, Silveira, JLGC

Nuto, SASN, Noro, LRA, Caval-sina, PG, Costa, ICC, Oliveira, AGRC Lazzarin, HC, Nakama, L, Cor-doni Júnior, L Moreti-Pires, RO Ano de publicação 2003 2005 2006 2007 2008 Local São Paulo Blumenau (SC) Nordeste Londrina (PR) Região Norte do Brasil Sujeitos

Alunos do curso de Odon-tologia de universidades públicas e particulares Alunos e usuários da clínica integrada do curso de Odontologia da Fundação Universidade Regional de Blumenal/SC

Alunos e pacientes de qua-tro cursos de Odontologia

Alunos do curso de gradua-ção em Odontologia da UEL

Avaliar a opinião de alunos a respeito do papel do professor no processo de ensino-aprendizagem

Atitudes do professor, material didá-tico e tempo despendido em aulas teóricas podem favorecer quanto prejudicar a aprendizagem

Objetivos Conclusões

Descrever o conjunto de variáveis social e cultural-mente determinantes da relação aluno-usuário na clínica universitária

Diferença socioeconômico-cultural significativa entre acadêmicos e usuários.

Natureza da relação prioritariamen-te técnica, porém incorpora valores éticos e humanísticos.

Forte reconhecimento da atuação dos acadêmicos, com elevada satis-fação manifestada pelo usuário. Necessidade de se repensar esses aspectos na formação desses profissionais.

Pouca capacitação dos futuros cirurgiões-dentistas p/o desenvol-vimento de uma relação dialógica com seus pacientes.

Necessidade de mudanças na graduação do cirurgião- dentista para que se formem profissionais generalistas, humanistas, críticos e reflexivos

O ensino de Enfermagem, Medicina e Odontologia tem talhe tradicio-nal, narrativo e depositário, viven-cia desumanizadora do acadêmico durante o curso universitário, que se refletirá na postura futura dos educandos

Identificar os aspec-tos éticos e humanos presentes no processo ensino-aprendizagem da formação de cirurgiões-dentistas Analisar a percepção de alunos a respeito do papel do professor no processo ensino-apren-dizagem

Investigar em que me-dida o modelo pedagó-gico universitário tem influências na formação do enfermeiro, médico e cirurgião-dentista com relação a humanização Alunos do curso de Enfermagem, Medicina e Odontologia de uma Universidade Federal da Região Norte

Quadro I. Resumo de algumas pesquisas sobre a prática educativa no Brasil

LAZZARIN, NAKAMA, CORDONI JÚNIOR (7) consideram excessivamente técnica a formação dos cursos de gradua-ção em Odontologia, em detrimento à formagradua-ção humanística, e acrescentam que a transformagradua-ção do processo de educagradua-ção de cirurgiões-dentistas, além de necessária, é complexa e dinâmica, e que envolve mudanças nas concepções de saúde e educação e suas práticas. Inclui também mudanças nas relações entre dentistas e população, entre cirurgiões-dentistas e demais profissionais de saúde e entre docentes e discentes.

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Conclusão

A legislação aponta para a educação humanizada que tem caminhado a passos lentos. Sendo esse processo contínuo, par-ticipativo e de permanente reflexão, espera-se que cada professor abrace essa proposta, tendo em vista as célebres palavras de Nélson Mandela: “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.”

1. ALMEIDA, A. P. História e Evolução: passo a passo da Odontologia. In: Conselho Reginal de Odontologia do Rio de Janeiro. 125 anos de autonomia da Odontologia no Brasil. Revista CRO-RJ. 2009, 10: 10-2. 2. BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CES 3, de 19 de Fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia, Brasília, 19 fev. 2002. Acesso em: 25 out. 2009. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/ arqui-vos /pdf/CES032002.pdf.

3. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, Brasília, 20 dez 1996. Aces-so em: 25 out. 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-vil_03/Leis/L9394.htm.

4. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saude PRO-SAUDE. 2007. Acesso em: 25 out. 2009. Disponível em: http://www.prosaude.org/ rel/pro_saude1.pdf.

5. DELORS, J. Um Tesouro a Descobrir. São Paulo: UNESCO\MEC\Cortez Editora, 1999.

6. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra; 2003.

7. L AZZARIN, H. C., NAK AMA, L., CORDONI JÚNIOR, L. O papel do professor na percepção dos alunos de odontologia. Saúde

Referências Bibliográficas

Recebido em: 19/10/2010 / Aprovado em: 16/12/2010 Cláudia da Silva Emílio Canalli

Avenida Henrique Duque Estrada Mayer, 2163 – Parque Flora Nova Iguaçu/RJ, Brasil – CEP: 26041-051

E-mail: ccanalli@click21.com.br

Soc. 2007, 16 (1): 90-101.

8. MORETI-PIRES, R. O. O pensamento crítico social de Paulo Freire sobre a humanização e o contexto da formação do enfermeiro, do médico e do odontólogo. São Paulo: Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, 2008. Tese (doutorado).

9. MOYSES, S. T., MOYSES, S. J., KRIGER, L. et al. Humanizando a Edu-cação em Odontologia. Revista Abeno. 2003, 3 (1): 58-64.

10. NUTO, S. A. S. N., NORO, L. R. A., CAVALSINA, P. G. et al. O proces-so ensino aprendizagem e suas consequências na relação profesproces-sor- professor-aluno-paciente. Ciencia & Saude Coletiva. 2006, 11 (1): 89-96. 11. RALDI, D. P., MALHEIROS, C. F., FRÓIS, I. M. et al. O papel do profes-sor no contexto educacional sob o ponto de vista dos alunos. Revista Abeno. 2003, 3 (1): 15-23.

12. SCALIONI, F. A. R., ALVES, R. T., MATTOS, C. L. B. et al. Humaniza-ção na Odontologia: a experiência da Disciplina Odontopediatria II do Curso de graduação em Odontologia da UFJF. Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada. 2008, 8 (2): 185-90.

13. TIEDMANN, C. R., LINHARES, E., SILVEIRA, J. L. G. C. Clínica Integra-da Odontológica: perfil e expectativa dos usuários e alunos. Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada. 2005, 5 (1): 53-8. 14. WIKIPEDIA. Verbete: Professor. 2009. Acesso em: 25 out. 2009. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Professor.

O processo de transição do modelo tradicional de ensino para as novas propostas pedagógica preconizadas pela LDB exigirá do professor mais que o conhecimento da legislação e de sua área de atuação. O que se espera é que o conhecimento conduza a uma prática que seja capaz de mudar a atual realidade do ensino da Odontologia, fortemente atrelado aos aspec-tos tecnológicos, considerado por muiaspec-tos incompatíveis com o desenvolvimento de relações humanizantes. Absolutamente impossível a tentativa de se humanizar materiais e equipamentos. Absolutamente possível é humanizar o homem. Como comprovado nas pesquisas de SCALIONI et al. (12) e TIEDMANN et al. (13), uma relação professor-aluno horizontal, dia-lógica pautada nos princípios da humanização tem demonstrado ser fundamental para o processo ensino-aprendizagem, refletindo seus efeitos duradouros no relacionamento com os pacientes das universidades.

Referências

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