Universidade
Nova de
Lisboa
Faculdade
de
Cincias Sociais
eHumanas
Departamento
de
Cincias
da
Comunicago
As Metforas da
Ciberafectividade
(Das
Interfaces
do
Corpo
aosBrinquedos
do
Futuro)
Dissertago
para
obtengao
do
grau de
Mestre
emCincias
da
Comunicago
Dulce
Cristina
Cebola
Mourato
Elaborada
com oapoio
do
Programa
Praxis
XXI
Orientador: Prof. Doutor
Antnio
Sousa Cmara
55208
Lisboa,
Abri! de
2001
ndice
Pgs-1 - Introduco 1
2
-Corpo
sentido,
corpo circunscrito 113
-Cognico
elinguagem:
aresposta
dasorigens
174
-Corpo
vestido,
corpo reflectido 275 - A
cronologia
das interfaces 316 - A teoria da iluso: a
concepco
Interfaces 367 - Da usabilidade
compreenso
das interfaces 408 - Mediaco como substrato
tecnolgico
449
-A humanidade das
aplicaces
4810
-As Interfaces autnomas 51
11-0 lado simblico do
ciberespago
5512- Sentidos que nos escapam 59
13- A teia harmoniosa dos sentidos 68
14- A virtualidade real 75
15-
Mergulhar
em mundos virtuais 7816- Ferramentas de
'input'
do novo milnio 8517- Um mundo de afectos 89
18- As mil e uma faces de um
computador
9319- Afectividade off line 97
20- Os
computadores
de vestir-junto
pele
9921- A merc dos
tempos
e das modas Wearables 10322-
Cyborgs, micromquinas
e outrasfiguras
11423- Robs humanizados 119
24- As razes do espaco ldico 126
25
-A vida na
palma
da mo 13026- Era uma vez um
Furby...
13527- Robs de
companhia
13728- Entre o sonho e a fantasia 139
29- Brincadeiras e outros
paradigmas
14330- Concluso 152
31
Agradecimentos
Em
pnmeiro
lugar.
quero expressar a minhagratido
aoprofessor
doutor Antnio de Sousa Cmara. meu orientador e meu
amigo,
que medeixou
investigar
minhavelocidade,
que meemprestou
livros. que me forneceu contactos, que meajudou
nas minhas dvidas existenciais e medeu toda a liberdade para criar.
Um
agradecimento
muitoespecial
a todos osinvestigadores
com quem contactei, medida que elaborava este texto, como foi o caso daequipa
daAfectividade de Rosalind Picard. em
especial
aJocelyn
Scheirer: aoprofessor Josep
Blat(desenvolve
umprojecto
multimdia internacional comcnangas de escolas do
1ciclo);
a ArturArsnio,
a PatriciaFoley.
aBetsy
Bates,
a TomKnight
e a Ara Knaian(todos
eles doMIT,
ligados
Inteligncia
Artificial,
s redes neuronais eRobtica);
aoprofessor
Derrick de Kerchovecom quem tive o prazer de conversar durante
algumas
horas e finalmente aoprofessor
AndreasHolzinger,
do Instituto deInformtica,
Estatistica e Documentaco Mdica. da Universidade-Hospital
de Graz. naustria
(estudioso
de vida artificialtipo Tamagoshi).
Depois
o meu aprego aoPrograma
PraxisXXI,
que me facultou o apoio material necessrio para meter mos obra nesta minha dissertaco e parapoder
viajar
e reunir-me comalguns
dosinvestigadores
nesta rea.No quero deixar tambm de salientar, a
ajuda
preciosa
dosprofessores/formadores
da UNAVE-Associaco para a
Formago
Profissional e
Investigago
da Universidade de Aveiro nas pessoas dosprofessores
HlderCaixinha,
Pedro Almeida e AnaMargarida
Almeida,
queme
acompanharam
aolongo
dequatro
mdulos, desde Outubro at ao finalde Abnl e que me
alargaram
os horizontesquanto
ao desenvolvimento de interfaces.Tambm no posso deixar de referir todos os
professores
daparte
terica doMestrado,
mas emparticular
oprofessor
doutorHermenegildo
Borges,
dodepartamento
de Cincias deComunicago
da FCSH da UNL,Restam
assim,
aqueles
que sempre meinspiraram,
como a minha av Maria da Piedade Lobato(a
ttulopstumo)
quepreencheu
a minha infnciacom histrias de seres
fantsticos;
aos meuspais
a quem eu devo tanto. minha sobrinha Sofia(pelo
incentivo nas alturascertas),
minha famlia emgeral,
aoJorge
Alves em quem eu sempre meinspirei,
Nolia Fernandes(sempre presente)
e a todos os meusamigos,
que embora noestejam aqui
citados
individualmente,
contriburam definitivamente para aconcepgo
destatese de mestrado. Para todos eles, um
grande obrigada
e o meu afectoincondicional... sem nada de virtual.
1-
Introdugo
"O que um homem?
-um smbolo1"
(Charles
Peirce)
"Talvez no venha
longe
o dia em que se dir 0 meuhipotlamo
estamundado de venetosterona em vez de um banal <Amo-te>. Mas sosseguem. estou s a
bnncar".] (J.D.Vicent)
"Onde os anjos hesitam em
pr
op...
s os tolos ousam entrar" -Esteadgio popular
poder
servir de mote para o terrenopantanoso
onde nospropomos mover Desbravaremos apenas um pequeno trilho desta floresta
virgem
que a
conjugago
dabiologia,
da informtica. da cinciacognitiva
e da cibemtica.Avangaremos
comcontengo.
humildade e tendo a conscincia dasnossas
limitages tecnolgicas,
masimpeiidos
pelas
demoradas conversasvirtuais e pessoais. que mantivemos com
investigadores
de vriospases
e quecomo ns se apaixonaram por estes temas 0 convite
implcito
a entrada numUniverso diverso
daquele
a que estvamos habituados: tudo o que estligado
aodigital.
computago
e ao virtualpassvel
de contribuir para o substrato danossa anlise sobre as interfaces.
Mas tal como o ttulo indica. recorreremos s metforas transfermdo a
significago prpria
daspalavras,
para outrossignificados,
para umaconsequente
abordagem
oucomparaco
mental deprticas tecnolgicas,
cada vez maishumanizadas
Em termos semiticos a metfora
dinmica,
ooposto
do estabelecido. osigno e a
denotago
de um conceito. substituindo por uma outracomparago
mental. Comopodemos
reconhecer as metforas^ As metforas sugerem umamcompatibilidade
dadescrigo
sensonal equanto
maisincompativel
seapresenta,
maior a tenso emotiva da metfora. quepode
atjustapor
imagens. que antes se revelavam inconciliveis.Por outro lado. na afectividade quase tudo se resume a metforas.
quando
h necessidade de
explicar
a uma crianca quealgum
morreu, diz-se que apessoa foi para um sitio melhor. foi para o cu. vive no
paraso
entre outrasCitacode J DVincentm HOTTOIS. Gilbe-t 'O _>;_radigmaoioetico". (Traduco Pajla Reis; ~o.rcc.".o
hipteses.
Neste contexto, a metfora a verdade para ascriangas,
oferece conforto para diminuir odesgosto,
medida que ascriangas
crescem. a metforaperde
o estatuto de verdadeprecna
e transforma-senaquilo
que . umafigura
de estilo que d colondo s
expresses.
E por isso,coligiremos
observages
inovadoras e at
revolucionnas,
sobre adescodificago
datecnologia.
acerca danavegago
na Internet. na pnmeiraabordagem
dacomputago
afectiva naelaborago
eavaliago
de mterfaces.Jos
Saramago
contnbui com a mesmaopinio.
"pois
a Ihe fica umaexcelente
explicago,
Era umametfora,
A metfora sempre foi a melhor forma deexplicar
ascoisas".2
E por isso nos
primeiros captulos "Corpo
sentido, corpo circunscnto,Cognico
elinguagem:
aresposta
dasorigens, Corpo
vestido-corpo reflectido"
introduzida a nossa
intengo,
apresentar
ossuportes
fsicos rudimentares parapercepcionar o extenor.
Ao
longo
desteconjunto
deabordagens,
iremos determinar de que modo ocorpo por si
prpno
influenciadopela
percepgo
do Mundo e como se decideaquela
mediago
no recente contexto social.Como reagimos ao nosso corpo com o advento das novas
tecnologias
e espagos virtuais? Como o usufrumos e o utilizamos para o entretenimento? Comose
regulam
as novasrelages
depoder,
para alm dossignificados
culturais que atecnologia
assume nas nossas vidas'? Estaremos a viver umarevolugo digital
e.at que
ponto.
se transformar numaevolugo digital7
No livro
"fenomenologia
dapercepgo"
MerleauPonty
concretiza ascoordenadas actuais,
subjacentes
scapacidades
inatas do nosso corpo: "In sofar as I have hands.
feet,
abody,
I sustam around me intentions which are notdependent
upon my decisions and which affect mysurroundings
in a way which I do not choose. These intentions aregeneral...
they
onginate
from other thanmyself.
and I am notsurpnsed
to fmd them in allpsycho-physical subjects
organized
as Iam".3
Resvalando para os
princpios
propostos
porDescartes,
que definitivamenteinfluenciam a
aplicago
dastecnologias
e as regrasprovenientes
do Mundo real eSARAMAGO.Jos, "Toaosos nomes". Colecco Os gra:.deseicn.ores portuguesesactuais. Pianetace
Agost""! pag 267
PONTY. Merleau. PhenomenoiogyofPerception, ditions duSeuii. Janvier1952. pag44''
que transitam para o
Ciberespago,
descntos por William Gibson como cartesianose
pressupostos
dafruigo
do corpo"Ento. o que que eu antes
julgava
ser? Evidentemente um homem Mas o que um homem? Direi que e um animal racional? No. porquedepois
deviamvestigar
o que e um animal e o que racional, e deste modo resvalana de umaquesto
em vrias e mais difceis Nem agora o meutempo
para meditar e tantoque eu o queira desbaratar em tais
subtilezas.4
(...)
Aqui
atentarei depreferncia
no que se oferecia antes disto
espontnea
e naturalmente ao meupensamento,
sempre que eu reflectia sobre o que
sou5.
Assim,
ocorna-me pnmeiro que possuorosto, mos.
bragos
e toda estamquina
de membros que tambm reconhecemosnum cadver, e que
designava pelo
nome de corpo Ocorna-me. alm disso. queme alimentava andava, sentia e pensava:
acges
que de facto eu refena alma.Mas o que fosse essa alma. nisso no me detinha a pensar, ou se o fazia
imaginava-a
como um no seiqu
de tnue. semelhante ao vento ou aofogo
ou ao ter. que fosse infuso nas minhaspartes
mais densas. Quanto ao corpo. nosentia a mnima dvida, mas
julgava
que conhecia distintamente a sua naturezaSe a tentasse descrever
segundo
concebopela
mente,explic-la-ia
deste modo: por corpocompreendo
tudoaquilo
quepode
ser circunscnto por umafigura,
a quepode
ser assinalado umlugar
e que ocupa um espago, de modo a excluir delequalquer
outro corpo; quepode
serpercebido pelo
tacto,pela
vista,pelo
ouvioo.pelo gosto
oupelo
cheiro; que tambmpode
ser movido de maneiras diversas,certamente no por si
prpno,
mas por outro que Ihetoque.
Porque julgo
que ter opoder
de mover-se a si mesmo. de sentir ou de pensar. nopertence
de nenhum modo natureza do corpo:pelo
contrno. sempre me admirei que tais faculdadesse
deparassem
emalguns corpos".
s
Descartesenunciouamaisevdente proposicodaexistncia, queter umalongahistona nafilosofia
eurooeia, entreF.chu eSare Resta saberoqueeu sou.eu que a'irmeiaminhaexistncia Adi.!f._co
escolstica do homemcomplicana oproblema em vezdesimphfic-lo Denovo.trata-se de punf.caro
pensamento peladuvida "sobreo queeu pensavaque era"
:'
EDescaitescontmua 'toaaadescn?o q..eme ocornaqueeu ya passa-senapers;_'t:ctiva doxica aque
correspondeocorrelatoobjectoreal Estacrencapodesermodificada pela suposco, pet perguntae peia
dvida Seaavida leva asuspensodo uzo houveumamoaificacode oerspectiv... com ane.jfalizacao
doassentime->to. .-A.oem linquagemfenomenolog:ca"
6
Nassuasrespostass Qumtas Objecces de Gassend:. Doscaitus d.zque os nomes toiam postos por
pessoas em regraignorantes Asbim. Poiqceseno disinguiuo prmcipio peloqual no* a:mcr.tr.mns
crescemos eexe;cemosasfuncesdosanimais, do pimcipiopelocua! pensamos. um eoutrose
aenominaram alma. Edepois chamou-seespritofmens)qunoqueemns pcssuia facuidadeoepensar
crer.do queera a pa:temaisimponan:eda alma. Para descartes eequ'vocoo uso cot<.nno lnidv para os
dois pnncipios, e. para otomarcomo fcrmaprmcipaldohomem, deve en.ender-se apeas pe;o prmcipio pel<
qual penamos Oeimoespinto(mens)evita todaa ambiguidadee. por isso, prefere-o Masespintc noe
umaparteda alma eatotalidadedaalma que pensa
- Mens
designava naEscolsticaa partesupeno^ da
alma, opensamentopuro sem a partscipacodocorpocomo o conceberaAqostinho A aima. inclumao as
Nos
captulos
subsequentes,
deque
destacamos "acronologia
das interaces. da usabilidadecompreenso
das interfaces,mediago
comosubstrato
tecnolgico,
a humamdade dasaplicages
e as Interfaces autnomas" so dissecadas asrelages
entre osutilizadores,
oscomputadores
e as interfaces. assmalando as melhores metforas para definir processos edesigns.
0
objectivo
caracterizar as interfaces do corpo, que esto envolvidas nesteprocesso
complexo
da descoberta das novastecnologias
e da suaintegrago
com o corpo, mediante apercepgo
destes espagos virtuais que nos circundam.repletos
deapelos.
Para isso notria aimportncia
crescente daconcepgo
deuma interface
homem/mquina,
queningum
melhor que Ben Shneidermandescreveu no livro
Designing
the User Interface' e se tornou num textopadro
especificador
do uso do factor humano e da interactividade em processos deaprendizagem.
Estasaplicages.
que dotaro o utilizador de umaredugo
notempo
daapreenso
deconhecimentos,
reduzmdo a velocidade deexecugo
ataxa de erro e
garantindo
ainda um grausuperior
decontentamento,
j
existem por toda aparte
e so outros dos factores de anlise a considerar.Depois;
entraremos numasegunda parte
em que se dlugar
metforainvertida,
s formas de cnatividade esttica etecnolgica,
que advm dos sentidos(principalmente
aqueles
que nosescapam).
Focaremos, desdelogo
o corpo noseu
esplendor,
receptor
dedispositivos
de realidade virtual quepodem
transformar-lhe a
percepco.
passando
pelos computadores
de vestir. quemarcaram o sculo
passado
em termos de acesso contnuo epermanente
atecnologia.
Entramos ento num outro campo. onde searquitecta
a rede desensaces que
pretendemos
explanar,
mas de acordo com a nossaaproximago
como
sujeitos
potenciais
depercepgo
Ao
longo
desta nossaviagem
iremos falar de redes, de Realidade Virtual. desensores, de
microchips,
deInteligncia
Artificial, deComputago
Afectiva. deNanotecnologia,
de Robtica, de WearableComputing (computadores
devestir).
deBiotecnologia,
de Gentica e de todos os outros campos do saber que seafigurarem
pertinentes,
paraexplicar
as interfaces do corpo e de que forma essesgenunos
processos demediago
se transformam embrinquedos
ou emproteses
Todasestasnotas derodape soprovenientes dcmesmolivro Descartes. Rene Mcdiaces scbrea
fi'osofia pnmeira, (Introduco Traducoe Notaspelo Prof Gustavode Fraga.LvrariaAlmedr.a, Co.mbra
1985, pags 120e 121
SHNEIDERMAN 3en. "DesigningtheUsermterface",Addsun-Wesley Readmg, VA 1(:itf/
acerca desta
conscincia
do nosso corpo. tal como a detemos no estado adulto. referncia quase inata do conhecimento e das suasrecordages.
quefalamos da intrnseca e coincidente
mteracgo
com o crebro. descntamagistralmente
por AntonioDamsio,
autor do Erro de Descartes: "0 cerebro e ocorpo encontram-se mdissociavelmente
integrados
por circuitosbioqumicos
neurais
reciprocamente dirigidos
de um para o outro. Existem duas viaspnncipais
de mterconexo A via em que normalmente se pensa
primeiro
a constituda pornervos motores e sensonais
penfncos
quetransportam
sinais de todas aspartes
do corpo para o crebro e do crebro para todas as
partes
do corpo. A outra via,que vem menos facilmente ideia, embora seja bastante mais
antiga
em termosevolutivos a corrente
sangunea;
elatransporta
sinaisqumicos.
como ashormonas. os neurotransmissores e os neuromoduladores"
'
0 nosso
imaginrio
tem cnado desde oprincpio
dostempos
criaturas fantsticas. que animam as nossas lendas Aficgo
cientficaadaptou
as novastecnologias
para encararpotenciais
simbioses entre corpo humano e maquinasSurgem
deste modo os organismoscibernticos,
(paradigma
doelectrnico-digital
e dobiogentico)
os autmatos. os robs. osagentes
inteligentes,
asciberpersonagens
e oscyborgs.
todos elessujeitos
angidez
daregulago
mecnica.
programago
electrnica externa e a uma absolutagesto
sincrnica dotempo.
Focaremos amda
alguns exemplos
debrinquedos
(dispositivos
concebidos parapblicos
alvo determinados e no apenas dedicados ascnangas)
que para alm de remeterem para novos fenmenos decorponficago
podem
servir de tubode ensaio para
potenciar funges perdidas,
facultar novosexpedientes
para supnrdeficincias e ainda como
materializago
do prazer e da sensualidadeOs
brinquedos
surgiro
comopretexto
decomunicago,
como o reflexo da"High
tech-High
touch"vigente
Neste domnio.desponta
"um universo de afectos" que procuraremosintegrar
no nossopriplo.
descrevendoaquilo
quemelhor pensamos que conhecemos: o nosso corpo. Falaremos das nossas
sensages
eemoges
desde cnangas at idade adulta e a nossarelago
com atecnologia
afectiva que Rosalind W. Picard.investigadora
eprofessora
do MIT MediaLaboratory,
caracteriza como oponto
departida
para o entendimento deste"admirvel mundo novo". indicando que as
emoges
possuem umpapel
essencial*
riAMSIO.Anonio R . O Errode Descartes
-Emogo, razoecrebro humano 13aedicio. ColecQo
na
tomada
dedecises,
napercepgo.
naaprendizagem,
acabando por influenciaros mecanismos do
pensamento
racional."Affective
computers
are not a substitute for affective humans. In the courseof this work I have come to
appreciate
all the more our own human needs for emotionaldevelopment
It is myhope
that this direction of research will encourageand enable us in this
development
-by
nolonger
ignonng human emotions inhuman-computer
interaction.by
helpmg
us become more aware of how wecommunicate.
by
providing
testbeds for theories of emotions inlearnmg
and otherfunctions,
through
animation of ernotional characters andplayful
scenanos with which children can interact.by assisting
scientists mcollecting
affectivepatterns.
by helping
advance research onunderstanding
the role of emotion inpreventive
medicine. and more. It is myhope
that affectivecomputers,
as tools tohelp
us. willnot
just
be moreintelligent
machines, but will also becompanions
in our endeavors to better understand how we aremade,
and so enhance our ownhummanity".
'JDe acordo com Rosalind Picard. se
pretendemos
computadores
genuinamente
inteligentes
que se relacionem naturalmente comqualquer
pessoa.devemos dar-lhes a habilidade de reconhecer. entender. at de sentir e expressar
emoges.
Da mesma
opinio
Jacques
Arsac. um outroprofessor
da Universidade dePans, no seu livro "Les machines a penser
-Des ordinateurs et des hommes".
(alguns
anosantes)
mas suscitando tambm umaquesto
bastantepertinente
"Aprs
les machines coudre, laver, ecnre, utiliserons-nous bientt des machinespenser?
Les recherches et d'abord les discours qui semultiplient
sur uneintehgence
artificielle nous le laisseraient croire. Mais les ordinateurspeuvent-ils
penser?
Lacomprhension
du sens est-elle accessible au traitementmformatique?
Et si les machmespeuvent
penser. comment affirmer que l'homme nn est pas une'? II nous faut en tout cas commencer penser lesmachines..."1
Jacques
Arsac continuaaprofundando
mais estanogo
e socorrendo-se deum outro autor: "Pierre
Lvy.
dans son livre La Machineunivers,
nchappe
pas aupige:
Au dbut du XXIe siecle. les enfantsapprendront
lire et cnre sur desmachines traitement de texte. Ils sauront se servir des ordinateurs comme
d'outils
produire
des sons et des images. Ilsgreront
leurs ressourcesaudiovisuelles par ordmateur.
piloteront
des robots,interrogeront
desbanques
de*
PICARD. Rosalind,"AffectiveComp^tmg'. inPreface, cag /1, TheV'TDress Cambndge, Massachuse-U.-.
London, England 1997
1
ARSAC. Jacques,"Lesmachmes pensei" {Desordinateurs et deshommes). ScienceOuverte. rdiions
donns. lls seront rompus au
dialogue
avec lessystmes
experts
(...).
Lesprdictions
de PierreLvy
nnt pas le niveau d' invraisemblance relev dans les citationsprecedentes.
Maisqu'en
sait-il? Des premiers rsultats obtenus avec lessystmes
experts
a rsult unepublicit fantastique
quant
leurspossibihtes
"
0 corpo tambm o
pnncpio
vital quepermite
anexardispositivos
Comorefere Gilles Deleuze. "ns
pertencemos
adispositivos
e agimos no seu intenor A novidade de umdispositivo
comrelago
aosprecedentes,
chamamos a suaactualidade,
a nossa actualidade. 0 novo o actuai. 0 actual no o que somos. mas antes o que devimos. o que estamos em via de tornar-nos, isto . o Outro. onosso
devir-outro."1^
Neste encontro de
relages
entre corpos e pessoas, "eus" esujeitos
e amultiplicidade
de conexes entre todos estes elementos. somos novamentetransportados
para oCiberespago,
descnto por William Gibson como umarealidade alternativa, electronicamente
gerada
e fisicamente inabitvel. Esteespago imatenal onentado por links directos para o cerebro reformula a
concepgo
de pessoa, pois a sua
configurago
humana no coexiste com os corpos fisicosque se encontram residentes no espago normal.
Esta mais uma
tndicago
para percorrermos o espago neuro-sensitivo. quepermite
aosdesigners
de ambientes virtuais ou aos cnadores de sensoresconceberem novosjogos de
computadores
imersivos.Kroker refere, a
propsito,
que "o corpo entra na sua fasepos-modema
comoum corpo virtual das
tecnologias
digitais,
metade carne, metadeciberespago chip
nerves,
spectral
vision. withfloating
personalities
fit forcyberspace
as the third(technological)
stage
of humanevolution".1'
E de sahentar a
experincia
da"desincorporago"
concretizada noCiberespago,
actualmente, em que a nossa existncia como mdivduos e a nossaidentidade
pessoal
se reduzconstatago,
que somos apenas corpos nas redes,possivelmente regidos
por umorganismo
ciberntico,
que se prepara paragovernar a nossa vida
orgnica.
No caso dos jogos decomputadores
e de filmescomo o Neuromancer ou The Matrix veremos que os resultados no so muito
diferentes
Estruturam-se deste modo demarcaces
experienciais
sui genens como sejam asmltiplas personalidades
(muitas
pessoas num nicocorpo);
gente
que'
ARSAC, Jacques. op Cit og 31
''
DELEUZE Gilies. "Gu'es.-cequ'un dispos,-P" Fans, M.nuit. 1936 pg '91-102
LEMOS, Andie. "CulturaCyberpunk", mTextosdeCirturaeComumcaco, n!i29. FACON',=--BA 1993 cags 25-39
utiliza diversas
configurages tecnolgicas
povoando
a Intemet(muitas
pessoasfora de um nico
corpo);
ou finalmente uma pessoa dentro ou fora de muitoscorpos. devido necessidade de seguir determinado
padro
social e institucional decomportamento.
Neste
sentido,
Deleuze descreve o corpoorgnico
e social como um blocoannimo de intensidade e
gosto
"no sou eu que penso atravs do meu corpo.mas os corpos em luta que pensam atravs do meu eu".
Contudo.
para Andr Lemos.professor
epesquisador
da Facom/UFBA ementor de uma
pgina
sobrecyborgs
naInternet,
"navirtualizago
da cultura, o corpo vai ser marcadopela
civilizago
do excesso e dosmltiplos
poderes.
(,.)0
corpo assimscaneado,
interpretado
enquanto
sistema deprocessamento
deinformago
Ele . ao mesmotempo.
informago
e bits no sistema social Na esfera dobiolgico,
como na esfera dosocial,
trata-se dodesaparecimento
docorpo. num processo de
exterionzago
eintenonzago: hiper-extenorizaco.
comdiversos
implantes
(lentes
de contacto,peacemakers,
hemodilises enanotecnologias);
ehiper-interionzago,
com aconstrugo
desubjectividades
pelos
media e as novas redes electrnicas(o
ciberespago)'.14
Talvez, nesta medida. possamos pensar mais uma vez no
"corpo
semrgos"
de Deleuze e Guattan.Seja
naradicalizago
discursiva,
sejapela
artificializago,
o corpo vive numa cultura do excesso,passando
por um processode
reestruturago,
de obsolescncia evirtualizago".
0 crescente investimento no
design
das interfaceshomem-mquina
e apossibilidade
de construir substitutos informticos. que possuam um corpo deconhecimento, capaz de
apreender
e observar as regras determinadaspelos
utilizadores determinante para o avango dastecnologias
Aps
estelongo
caminho.chegaremos
por fim "ao lado simblico doCiberespago".
ao modo como atecnologia
emgeral,
oscomputadores
e Internetem
particular.
alteraramcompletamente
a forma de pensar e sentir da maiorparte
das pessoas que Ihe tm acesso.
pnncipalmente
as cnangas e os adolescentes.Melhor
dito,
a forma como os adultos transformaram asbnncadeiras,
contnbuindo para o desenvolvimento de novas indstnastecnolgicas
e inovadores recantos da vida on lineA
. _.:MOS Ardre 'C_.:.tura
Cyberpu'ik" inTextos deCultura eComunicaco - !
"I will have succeeded if a shoe
computer
comes to be seen as agreat
ideaand not
just
ajoke,
if it becomes natural to recognize thatpeople
andthmgs
haverelative
nghts
that are nowroutinely
infnnges.
ifcomputers disappear
and the worldbecomes our
interface".1''
Mas e no
prembulo
do livro "Os robs tambm nascem - histnada
gnese
robtica" de Hermnio Duarte Ramos que encontramos mais uma
achega
para anossa
investigago:
"Emgeral.
tal como procuramos conhecer os amigos e osinimigos.
tambm a cunosidade nos ieva a entender melhor os mecanismos quenos servem. uma tendncia humana natural. esta de tentar desvendar mistnos
escondidos
pelas aparncias
acessveis,
conforme se observa naschangas
quando
desventram novosbnnquedos.
para Ihes extrair a sedutoraexplicago
oculta".16
Eis-nos
perante
osbnnquedos
e o que elessignificam
para cnangas e paraadultos. Mas so os
brinquedos impregnados
detecnologia.
que nos demoraro: software educativo. jogos electrnicos. wearablecomputing
(ou sejadispositivos
ou roupas electrnicas com acesso imediato Internet e ao
processamento
deinformago just
intime)
Tamagoshis,
robs mecnicos dotipo
Lego
MindStorm ouFurby's.
expedientes
multimdia. entre outros, cujos efeitos para alem dosdesenvolvimentos interactivos e das diferentes conexes inter-textuais.
apelam
aoconsumismo e teorizam
emergentes
modelos decognigo.
Pretenderemos
questionar
as facetas destes novos teasers do conhecimento e dacomunicago
referindo atravs dejustificages
tecnolgicas.
a utilizaco dosseus
potenciais
destinatnos naconcepgo,
mvestigago
e desenvolvimento deprodutos
eapiicages
Chegados
a esteponto,
o jogoadquirir importncia.
tomar-se-a colectivo,gerador
de hbitos e delineador depersonalidades.
No jogo ou na bnncadeira onarrador
prmcipal
oagente
catalisador(provocador
deacges)
a que oscibernticos chamam de
amplificador:
Essesagentes
so, em nossaopinio.
ascriangas
ealguns
adultos, cujafungo
revelar os acessossimplificados
acomplexidade
desta imensa rede derelages.
Tentaremos suscitar
questes.
revelar uma dasabordagens
possiveis
ereflectir sobre o
papel
de quem contnbui para desenvolver a indstnaemergente
dos jogos electrnicos. dos
brinquedos inteligentes
e do software educativo. em1:1
todas
as suas vertentes.Confrontaremos
os efeitos benficos dasbrincadeiras
para o desenvolvimento da pessoa, nas quais a
tecnologia
se contextualiza na afectividade(mesmo
quando
os adultos pouco dominam osdispositivos
informticos).
Ningum
adivinha quais asconsequncias
deste novo panoramatecnolgico.
Pelo nosso lado, como se ver em toda adissertago,
no tivemos apretenso
de darrespostas
ou de referir teoriasprpnas.
Face notria ausnciade literatura sobre o assunto foi uma tarefa
difcil,
em to curtoperodo
de anlise e constataco. mas tentmos suscitar o debate. Parafraseando Anstoteles, "a melhor maneira de observar as coisas com sucesso ver a suaevolugo
desde aongem".
Estamos c para isto...1'
DUARTE-RAMOS. Hermnio 'Os robs tambmnascem
-Historiada gneserobctica", EdicesEdincva.
I
-Percepces
reflectidas:
o
corpo
como
medida de todas
as
coisas
2
-Corpo
sentido,
corpo circunscrito
"Como uma cnanca. o homem recm-nascido inicia a posse do mundo a
conquista
do espago e dotempo.
Esbraceja,
gatinha,
estende as mos. ergue-se.d uns passos.
Comeca
a habituar-se s dimenses que o rodeiam A cnangaque se levanta abre os bracos e caminha. descobre as trs dimenses do espaco
o
compnmento,
alargura
e a altura. Afisiologia
da fome Do sono e dapercepgo
para os processos que, sem serem iguais se
repetem
(ningum
come duas asvezes a mesma
refeigo)
introduzem ohomem-cnanga
na unidimensionalidade eirreversibilidade do
tempo.
0tempo
que flui e no volta para trs Asnoges
dealto e baixo. de distante e
perto,
de lado direito e ladoesquerdo.
de novo e velhocomegam a aparecere com elas a necessidade de
quantificar,
de medir."]
Circunscrever a
nogo
de corpo era condenar ao fracasso amvestigago
detodos
aqueles
que o descreveram e dissecaram. Tal comorefena,
apropsito
WalterBenjamim.
"
o mais
esquecido
de todosos estranhos o nosso corpo
-o nosso
prpno
corpo".
Esta reflexo deve serencarada apenas como um
ponto
departida.
No seu livro "0
lugar
docorpo"
de Paulo Silva e Cunha introduz ascoordenadas: "Ser
possvel,
apartir
deste corpo sem corpo. construir um novoretrato
legitimado
pela
sua natureza essencialmentefragmentna9
E esse retrato.um retrato aberto, in progress. que valia ter como elemento de
representago.
sedeixa de ter
aquilo
de que falava Leonardo-profundidade?
Se esuperfcie.
mscnto num
suporte
que no o absorve e por isso s o devolveenquanto
a tinta estiver fresca? Comopossvel
falar dequalquer
corpologia
se o corpo deixou deter
logos,
de ter locus e passou a serubquo,
mcerto, transformante9(..
) E maisfrente. "Esse
corpo-de-todos-os-lugares
so faz sentido se for observado apartir
de uma carta fractal. isto , uma carta que se desdobra infinitamente,
conservando em cada escala os elementos de invarincia que nos
permitem
dizer. lsto um
corpo".
'*A nossa
abordagem
passa tambmpe!a
proposta
de reflexo sobre o umverso do corpo vocacionado para apercepgo
fsica epsicolgica,
para as:
DIAS DE DbUS, Jorge "Cincia Cunos.dade eMadico" Fdcoes Grad.va, 2aedigo. Lisboa t'-.'Q.
pags. 45-46. JorgeDiasdeDeus, ilustreprofessorca.edrtico do InstiLito SuperiorTcnicofoi fundado' <
presideneda Asscciacode CinciaeTecnologiapara cDesenvolvimento i.ACTD)
emoges
eafectividade
e como determmante a suarelago
com as interfaces.Esta
mediago
exige um labor infindvel em termos de interfaces A cadacomportamento
previsto
o seudispositivo
mediadorMas ate
chegarmos
aqualquer
artefactotecnolgico,
concebido para oprolongamento
ouprojecgo
do corpo. emergem todas asinquietages
eangstias
que se situam dentro da moldura daprpria
existncia AntonioDamsio concretiza isso mesmo: "a vida tem
lugar
dentro da fronteira que defineo corpo A vida e a
urgncia
de viver existem no interior de uma fronteira, aparede
selectivamentepermevel
que separa o ambiente interno do ambiente externo. A ideia deorganismo gira
volta desta fronteira. Em cada clula. a fronteira denomina-se membrana. Nas cnaturascomplexas
comons,
a fronteirapode
revestir muitas formas. porexemplo.
apele
que cobre a maiorparte
dosnossos corpos; a crnea que cobre a
parte
dogiobo
ocular quepermite
apassagem da
luz;
as mucosas. Se no h fronteira no h corpo e se no ha corpo no horganismo
A vida precisa de umafronteira".19
Tambm nos procuramos desvendar "os sentidos de si" como
aquele
cientista, encaminhando as nossas energias para revelar uma nova
abordagem
onde
prevalece
essa escnta do corpops-modemo,
irrompendo
como umavertigem
que fala de sentimentos. revelando-se em inmeros discursos.Se por um lado. como acrescenta Damsio "existe uma
suposta
falta declareza, uma
suposta
dificuldade dedefinigo
e osuposto
carcterimpreciso
dasemoges
e dos sentimentos" por outro so "um indcio de como encobnmos arepresentago
dos nossos corpos e de como as imagens mentais que no se relacionam com o corpo mascaram a realidade docorpo".20
0 corpo
ps-modemo aspira
ao conhecimento epode
aparecer transvestidopara
expenmentar
novassensages
(epistemolgico)
por outro iadopode
serdescrito como um
signo
flutuante,adquirindo
significado
consoante otempo
e o espago(semitico)
e ser um espago onde se encontram os mdia tradicionais. as redes, a realidade virtual e asprteses
numa totalentropia
(tecnologico).
"Uma nova maneira de sentir. uma nova maneira depensar"
de acordo com a mximanietzcheniana.
Remetemos essa
inquietago
sobre o corpo, tambm aVerglio
Ferreira, no~
CUNHA E SILVA, Paulo. "Olugardocorpo
-Elementos para umacartografi fracta!", Coiecco
EpistemologiaeSociedade, InstitutoPiaget Lisboa1999 pg 23 '"
DAMSIO,Antonio R , 0 Sentimento deSi
- O
Ccrpo. aEmogoe a Nei.rODiologiada Conscncia
(Capitulo Cinco" OOrganismoe oObjecto- O
Corpopor Trs doSi)5aedigo Colecgo Forum da Cincia
Publicages Europa-Amnca, Junho de2000 pgs 165/156
20
Ibidem (Cap;tuloUm Um passopara a Luz
seu livro
"Apango",
atravs dapersonagem
pnncipal
"coloquei-me
no stio de onde me vira aoespelho
e olhei. Diante de mim estava uma pessoa que me fitavacom uma inteira individualidade que vivesse em mim e eu ignorava
Aproximei-me, fascinado, olhei de
perto.
E vi, vi os olhos, a face dessealguem
que mehabitava. que me era e eu jamais
imaginara.
Pela pnmeira vez eu tinha o alarmedessa viva realidade que eu era, desse ser vivo que ate ento vivera comigo na
absoluta indiferenca de apenas ser e em que agora descobria
qualquer
coisamais, que me excedia e me metia medo.
Quantas
vezes mais tarde eurepetina
aexpenncia
nodesejo
de fixar essaapango
fulminante de mim a mimprpno,
essa entidade mistenosa que eu era e agora absolutamente se me anunciava"'Jacques
Lacan observava que a crianga entra no simblico ao encontrar-seno
espelho
aos seis meses de idade(estdios
doespelho).
esse momento emque a cnanga descobre no
espelho.
o seu corpo todo reunido. que se senteverdadeiramente
compensada
simbolicamente. devido ao seu macabamentobiolgico
(para
ser autnomo precisa decrescer).
0 corpo que a cnangasupunha
como
fragmentado surge-lhe
como a imagem do outro. Abrem-se assim asportas
da
intersubjectividade
e daconstrugo
imaginna
do eu.0
espelho
funciona como umaalegona.
tal como a toca do coelho em que aAhce do Pas das Maraviihas caiu. outro mundo onde se
pode
jogar e estimulara
acgo
nesse sentido de corpo actuante, espago decomportamento
eaprendizagem.
que encontramos alinguagem
dos sentidos numa redemetomnica.
presente
em quase todos campos em que nos vamos mover, onde amediago
sensonal se serve da informtica parasimplificar
tarefas quer emtermos de hardware quer em termos de
software,
em distintas facetas da vida humana.A esta
propenso
h quem Ihe chame o 'eu continuo': "nestapoca
decalculadoras e
computadores
pessoais edistingo
entre hardware e softwaretomou-se bem conhecida. Em termos desta
distingo,
os nossos corpos so ohardware e ns
prpnos
-a noss-a mente. a nossa alma. chame-lhe o que
quiser
-somos o software. No
surpreende, portanto.
que muitos de ns sintam de ummodo instintivo que o software
-o nosso eu
-possa ter existncia fora do
hardware os nossos corpos. Se bem que no se|a conhecida
qualquer
alternativa para os nossos corpos. existe uma crenga, fortemente enraizada em;"
muitas
pessoas".22
Possuir um corpo, sem que ele
desaparega.
antecipa-se
napossibilidade
docorpo na
qualidade
de ausente, apesar de necessitar de um Outro para coloc-lo no jogo e colocar-se em jogo Ao falar do corpo, aonome-lo.
orden-lo eequilibr-lo
imprescindvel
esquematiz-lo.
para que sejapossvel
domin-lo e conhec-lo.Adnano Duarte
RodngUes.
refere na Revista deComunicago
eLinguagens
n 10/11 que "a
expenncia
do corpo sempre umaexperincia
limite.quando
nos falha. nomeadamente por ocasio da
doenga,
do mal-estar. daamputago.
quando
surge a dor ouperante
o obstculo a vencer, na sua resistncia. quesentimos os sinais da sua presenga. como marcas de advertncia ou de resistncia. 0 nosso corpo por isso sempre para ns
aquilo
que resiste e que secibra,
o que marca o limiar ou a fronteira do horizonte do nosso mundo, paraalm do
qual
se adivinha um domnio que, ao mesmotempo.
nosinquieta
e nosfascina. Alis o fascnio
daquilo
que se adivmha para alm do limiar do horizontedo nosso mundo e que o nosso corpo trai de maneira sintomal atravs destes sinais de resistncia
igualmente
aquilo
que nos convida suaultrapassagem."
E mais frente:
"Quando,
pelo
contrno, fazemos corpo com o nosso mundo eencontramos assim finalmente o
ponto
deequilibno tranquilo
que nos deixa inteiramenteentregues
expenncia
da vida. o corpo deixa de nos aparecer comoexperincia prpria
para constituir como que oponto
defuga
apartir
doqual
aexpenncia
perspectivada
na totalidade. 0 nosso corpo ocupa ento aomesmo
tempo
o centro, oponto
defuga
e a totalidade do mundo. esta mise enabme da
expenncia
do nosso corpo que melhor define tanto a natureza ilimitada do processo deobjectivago
do corpo como ainscrigo
dacorporeidade
daexpenncia
no domnio do fludo esingular
dasubjectividade".23
Protgoras
assinalava tambm que "o homem e a medida de todas ascoisas, das que so
enquanto
so e das que no soenquanto
no so" Mas separa este filsofo a caracterstica universai o movimento.
logo
asrelages
entreas coisas
podenam
e deveriam ser expressas emfungo
do mesmo movimento. oatributo essencial e
primordial
do universoPoderamos inclusivamente
questionar
comoProtgoras
veria arelago
entre o corpo
proporcional
e o movimento docorpo^
'"
HOYL.E. Freo "Ouniversointeligente"{Umanova perpectivada cnaco edaevoluco1'. Editonai
Presnnca 3and.co Lsboa, 1993, Pg 225
' '
D-.JARTE RODRIGUES, Adriano eoutros, RevistaaeComunicago eI nguagens "Ocorpo o nome e a
"0 homem que
penetra
no espago e notempo,
que vai medir.,
ao mesmotempo.
o medidor e oaparelho
de medida. As distncias medem-se com o seup
ou com o seu
palmo.
a suabarnga
d as horas e o peso dos anos est-lheestampado
no rosto. 0 homem bem a medida de todas as coisas' 0 corpo humano. com os seusrgos
delocomogo
e demanipulago,
com os seussentidos. com os seus mecanismos
fisiolgicos.
constitui oaparelho
de medidapor excelncia do homem
pnmitivo
Aquilo
que e!e capaz de medir. as escalasque capaz de
alcangar,
tanto no sentido do pequeno como no sentido dogrande.
so determinadaspelas
possibilidades
que existem no seu corpo.(...)
0homem tal como no
pnncpio.
continua a ser medido portodas as coisas-s que.
em sociedade. ele foi cnando
rgos
naturais e a introduzisse em domnios maisescondidos do espago e do
tempo,
nasdirecges
do infinittvamente pequeno e doinfmitivamente
grande.
A histna da cincia e da tcnica comega por ser a histriadas escalas de espago e do
tempo.'"4
0 corpo o mediador entre mundo extenor, as redes, os
dispositivos
tecnolgicos
e a suaprpria
existncia. Talvez porisso,
DavidCoupland
descrevede forma metafonca na obra "Polaroids de
figuras
extintas". que "samos do terodas nossas mes como
disquetes
por formatar; a nossa cultura formata-nos". Emais frente " ama a
mquina
que formatou adisquete
que tus".^'
Derrick de Kerchove. que nos concedeu uma entrevista
presencial.
em Maiode 2000. concretiza que "a
evolugo
do corpo dar-se- com ahumanizago
dasinterfaces tanto do hardware como do software. com a
digitalizago
de todo ocontedo,
bem como interconexo de todas as redes e os efeitosglobalizadores
dos satlites.repercusses
estas quepermitem
falar de umaecologia
das redes".Essa mesma
ecologia
das redes. umaforga tecnolgica impulsionadora,
inscreve-se em tres
condiges
imprescindveis.
que recolhem coordenadas econmicas e novos hbitoscognitivos
sociais e pessoais "A Interactividade. aligago
fsica aepessoas ou indstria baseadas na
comunicago
(as
indstnas docorpo).
aHipertextualidade.
aligago
de contedos ou de indstna baseadas noconhecimento (as indstnas da
memria).
a Connectedness (sentimento de conectividade. de estarligado
emrede)
ou Webness. aligago
mental entre:';
DIAS DE DEUS. Jorqe, "Cincia, Cunosidadee IVa'dicc' tdigesGi.?l.va. 2'edic.'_o Lisooa ''-.'90
pans45 e4^
"
COUPLAND. Dougias "Po'aroidsdefigu.asextmtas". Teorema pag 126-128, Liscoa '.996 J antes e no
mesmosentidoPierreBoucher, em 1961. apresentoupela primeiravez um corpo fem.mno combmadoccn
pessoas ou as indstnas de redes
(indstnas
deinteligncia)."'
~
DERRICK DEKERCKOVE, "IntelignciaConec.iva"- A
Emergncia da Obersociec
3
-Cognigo
elinguagem:
aresposta
das
origens
0 mundo uma obra que o crebro constri. com base nos dados sensonais
que recebe e essa
informago
constitui apenas umaparte
da que estdisponvel
(...)
Isso faz com que a nossa verso do mundo sejaalgo
simplista
tendo em vista a suacomplexidade
0 corpo no vive em busca da verdade mas sim dasobrevivncia"
'r'
0 corpo humano tem uma
propenso
inata para se regenerar e permanecer estvel(a
talnogo
de homeoestase tambm descnta namedicina).
a que se aliao facto de ser uma mistura holistica de um
conjunto
de factores. que levam apercepgo (fsicos
-sensages.
a mente. asemoges.
oespnto
e aalma).
doongem a uma nova
concepgo:
a vidacognitiva.
As ltimas descobertas cientficas indicam que as
emoges
remetem paraum
papel
essencial na escolha de determinadas decises. napercepgo.
naaprendizagem
e na variedade de outrasfunges cognitivas.
Este assunto est naordem do dia devido as novas
potencialidades
de interfaces. H trs dcadas atrs motivo de anlise porparte
do laureado do premio Nobel Herbert Simon. queem 1967 descreveu os
princpios
fundamentais dacognigo.
Ora. falar de vida
cognitiva
clanficar aenunciago
do conhecimento. quemuitas vezes e confundido com a
inteligncia
(faculdade
gera!
de conhecer erepresentar alguma
coisa)
que com a presenga de fenomenos como a Realidade VirtuaL induzem aacgo
de uma novapercepgo
externa.No sabemos se esta
espcie
demtuigo
do exterior. que permanece empotncia
at serdespertada.
estdependente
da estruturapsicomotora
eimpiica
enlagar
a mecnica motora ao sistema discursivo, mas tentaremos lancaralgumas
pistas
Alguns
filsofos gregos referiam-se a estanogo
mediante dois vocbulos gregos[orexis
ehorme)
quepoderiam
descrever essedesejo
subentendido desentir o Mundo a volta. Orexis
pode
significar acgo
de tender paraalgo
oualgum,
tocar com as mos. puxaralguma
coisa. tambm de salientar um factocurioso tanto
apetite
comodesejo
advm dapalavra
orego.Horme. por sua vez,
significa
assalto.ataque. ardor,
impulso,
rumo a um fim.que deriva de
hormao
(empurrar
comforga,
exalar um sopro, suspirar, excitar,premeditar,
mover com violncia e ardor, iniciar ou accionar umaguerra).
Mais tarde. Santo
Agostinho
retoma essaassociago
que at parecia bvia"Quando
as pessoas mais velhas pronunciavam o nome dealguma
coisa equando, segundo
estapalavra,
moviam o corpo para ela. eu via e notava que davam aoobjecto,
quando
o quenamdesignar,
um nome que eles pronunciavam Esse querer era-me reveladopelos
movimentos do corpo que so como que alinguagem
natural de todos ospovos"/8
Outra das
ideias,
ntida e clara para Descartes. fundava-se nopapel
daexpenncia
como "ointerruptor"
quepe
a funcionar os mecanismos inatos e comoalgo
que determina adirecgo
daprpria
aprendizagem
Para estanogo,
aponta
no Discurso do Mtodo uma novaperspectiva:
"embora se possa conceber umamquina
de tal modo feita queprofira
palavras, algumas
das quais mesmo apropsito
dasacges corporais
que causamqualquer mudanga
nos seusrgos:
como por
exemplo, perguntar
o que que se Ihe quer dizer. se a tocarem emqualquer
outrorgo,
ougntar
que se magoou se a tocarem em outro e outrascoisas semelhantes
-no se concebe
porm
que combme essaspalavras
de maneiras diversas pararesponder
comoportunidade
a tudo o que se disser na sua presenga, comopodem
fazer os homens mais embrutecidos"^Noam
Chomsky
apoia esse mesmoargumento,
acrescentando que Descartes se apoia noaspecto
cnativo do uso dalngua,
determinante naespcie
humana e caractenzado como
ilimitado,
apossibilidade
deproduzir
ecompreender
enunciados novos.
independentemente
do controlo de estmulos eadequados
asituago
"o ser humano possui uma faculdade caracterstica da
espcie,
umtipo
deorganizago
mtelectual nica que nopode
ser atnbuda argos pehfncos
como o sisterna articulatno e 'sistema auditivo, porexemplo,
nem associadamteligncia geral
e que se manifestanaquilo
quepoderamos
chamar "oaspecto
cnativo" do uso comum da
lngua:
especfico
desta faculdade abrirpossibilidades
sem limites e nodepender
de nenhum estmulo. Por issoDescartes defende que
dispomos
dalngua
paraexprimir
livremente c:'
ACKERMAN Diane. "Uma histona Natufa:aos Sentidos', coleeco Temas S-Debaes Activdad^
Editoriais. Listca 1990. pg 310.
*
AGOSTINHO. Santo Confisses, I, 8, Scuio IV
29
DESCARTES, Rne. "Discursodo Mtodo'"eTratadc das ^aixesdaAlma. traauge prefcioe notasao