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Relatório de Estágio Profissional - FUI VIAJAR E POR LÁ FIQUEI: A EXPERIÊNCIA ÚNICA DE ME TORNAR PROFESSOR

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F

UI

V

IAJAR E POR LÁ FIQUEI:

A

E

XPERIÊNCIA

Ú

NICA

DE ME TORNAR PROFESSOR

R

ELATÓRIO DE

E

STÁGIO

P

ROFISSIONAL

Orientador: Professor Doutor Carlos Manuel Reis Araújo

Ivo Miguel Oliveira Coelho Porto, Setembro de 2013

Relatório de Estágio Profissional apresentado com vista à obtenção do 2.º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário ao abrigo do Decreto-lei n.º 74/2006 de 24 de março e do Decreto-lei n.º 43/2007 de 22 de fevereiro.

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Ficha de Catalogação

Coelho, I. (2013). Fui viajar e por lá fiquei: a experiência única de me tornar

professor. Relatório de Estágio Profissional. Porto: I. Coelho. Relatório de

Estágio Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA, ENSINO-APRENDIZAGEM,

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III

Com desafios me guias, Me despertas, me assobias,

Nesta minha jovem vida.

Na natureza te encontrei, Experimentei, apreciei e abusei,

Como se fosse a despedida.

Ensinaste-me a rir, Mas também, a saber chorar,

Onde a água é abundante.

Premiaste-me ensinando, Que saber dar e receber, É uma premissa importante!

Neste momento te agradeço, Sem lamúria e com apreço, A atenção sempre presente.

Com compromisso te seguirei, Nesta minha nova missão, És meu, és de toda a gente.

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V

Dedicatória

Aos meus pais e irmão. Com vocês aprendi a viver!

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VII

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Doutor Carlos Araújo, orientador de Estágio, por toda a compreensão disponibilizada na realização deste documento.

Ao Mestre Paulo Mota, Professor Cooperante, por me ter feito ver a Escola como nunca antes tinha visto.

À Escola Secundária de Almeida Garrett e a todos os Professores da área disciplinar de Educação Física, pelos pequenos-almoços e risos partilhados. Foram muito importantes.

A minha turma, 10ºI, por serem os primeiros e terem-me ensinado a ensinar.

Ao núcleo de estágio e à Margarida pela partilha e acompanhamento dado ao longo do ano. As laranjas ainda continuarão a existir.

A ti Marta, pela amizade, carinho, respeito e disponibilidade que me deste. Sem ti nada seria igual.

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IX

ÍNDICE

GERAL

Índice de Quadros ... XIII Índice de Anexos ... XV Resumo ... XVII Abstract ... XIX Abreviaturas ... XXI 1. INTRODUÇÃO ... 1 1. Introdução ... 3 2. DIMENSÃO PESSOAL... 7 2.1 À minha descoberta! ... 9

2.2 Estágio Profissional – Mais que uma prática, uma pedagogia fundamentada! ... 13

2.3 Da ilusão imaginada à descoberta vivida ... 14

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ... 19

3.1 Domínio Legal e institucional. ... 21

3.2 Enquadramento institucional ... 23

4. O ANO LETIVO NUM TGV ... 27

4.1 O centro do meu Estágio Profissional – os meus alunos ... 29

4.2 Entre reflexões capitulares ... 33

4.2.1 Combate às dificuldades encontradas ... 34

4.2.1.1 Controlo e segurança ... 37

4.2.1.2 Organização VS Transição ... 41

4.2.1.3 Controlo do desempenho ... 45

4.2.1.4 Adaptação do feedback ... 50

4.2.1.5 Gestão das atividades ... 53

4.2.1.6 Transmitir VS Compreender – o papel da instrução ... 56

4.2.1.7 De avaliar a classificar – Tarefa fácil? ... 61

4.2.1.8 A palavra escolhida: inovar ... 64

4.2.1.9 Afetividade – importância no processo ensino-aprendizagem .... 67

(10)

X

4.2.1.11 Preocupações no processo de ensino-aprendizagem: a

importância de definir níveis ... 71

4.2.1.12 De professor a ator e de ator a professor ... 74

4.4. Estudo de Investigação-Ação: Relação entre a perceção da importância do exercício físico e a prática desportiva fora da escola, em alunos do secundário ... 82 4.4.1 Resumo ... 82 4.4.2 Introdução ... 82 4.4.3 Enquadramento Teórico ... 83 4.4.4. Objetivos ... 86 4.4.5. Metodologia ... 86 4.4.5.1. Caracterização da Amostra ... 86 4.4.5.2. Instrumento ... 87 4.4.5.3. Variáveis ... 87

4.4.5.4. Procedimentos da aplicação dos Questionários ... 88

4.4.5.5. Procedimentos Estatísticos ... 89

4.4.6. Resultados ... 89

4.4.6.1. Prática Desportiva e Ano Escolar ... 89

4.4.6.2. Relação entre a Prática Desportiva, Perceção e Avaliação do Exercício Físico e Ano de Escolaridade. ... 90

4.4.7 Discussão dos Resultados ... 103

4.4.8 Conclusão ... 106

4.4.9 Referências Bibliográficas ... 108

5. PARA LÁ DO ESPAÇO DE AULA ... 113

5.1 Desporto Escolar ... 115

5.2 Diretor de Turma: tarefa simples? ... 118

5.3 Atividades extracurriculares ... 119

5.3.1 Corta-mato ... 120

5.3.2 Compal Air (3x3) ... 121

5.3.3 A experiência que não poderia perder ... 122

6. O FIM ENCARADO COMO UM INÍCIO... 125

6.1 O fim encarado como um início... 127

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XI

7.1 Referências Bibliográficas ... 131 8. ANEXOS ... XXIII

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XIII

Í

NDICE DE

Q

UADROS

Quadro 1 – Distribuição da amostra pelos diferentes anos escolares………87

Quadro 2 – Distribuição da amostra pelos diferentes grupos de prática desportiva em função do Ano Escolar………...90 Quadro 3 – Relação entre o grau de concordância da afirmação A e a prática desportiva fora da escola, em cada ano escolar………..91 Quadro 4 – Relação entre o grau de concordância da afirmação B e a prática desportiva fora da escola, em cada ano escolar………..93 Quadro 5 – Relação entre o grau de concordância da afirmação C e a prática desportiva fora da escola, em cada ano escolar………..94 Quadro 6 – Relação entre o grau de concordância da afirmação D e a prática desportiva fora da escola, em cada ano escolar………..95 Quadro 7 – Relação entre o grau de concordância da afirmação E e a prática desportiva fora da escola, em cada ano escolar………..96

Quadro 8 – Relação entre o grau de concordância da afirmação F e a prática desportiva fora da escola, em cada ano escolar………..98 Quadro 9 – Relação entre o grau de concordância da afirmação G e a prática desportiva fora da escola, em cada ano escolar………..99 Quadro 10 – Relação entre o grau de concordância da afirmação H e a prática desportiva fora da escola, em cada ano escolar……….100

Quadro 11 – Relação entre o grau de concordância da afirmação I e a prática desportiva fora da escola, em cada ano escolar……….101 Quadro 12 – Relação entre o grau de concordância da afirmação J e a prática desportiva fora da escola, em cada ano escolar………..102

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XV

Í

NDICE DE

A

NEXOS

Anexo 1 – Plano de Aula………...…XXV

Anexo 2 - Ficha de caraterização individual do aluno………....XXXI

Anexo 3 – Manual de Treinador – MED………..XXXIII

Anexo 4 – Medalhas e tabelas de pontuação – MED……...……….XLVIII

Anexo 5 - Exemplo de Plano de Trabalhos Individual para cada aluno.…...XLIX

Anexo 6 – Exemplo da caderneta de Cromos de Ginástica Acrobática...L

Anexo 7 – Inventário de “Comportamentos Relacionados com a saúde dos adolescentes”………...LI

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XVII

R

ESUMO

O Estágio Profissional é um marco importante no culminar de um ciclo de estudos e no início de uma nova fase de aprendizagens. Com a sua realização tive a oportunidade de num contexto real de ensino-aprendizagem, colocar em prática o suporte teórico que possuo. Deste modo, contribuiu para a construção de conhecimentos e competências através de uma prática refletida. O Estágio Profissional decorreu na Escola Secundária Almeida Garrett em Vila Nova de Gaia, num núcleo de estágio composto por quatro estudantes-estagiários, um professor cooperante e um professor orientador da faculdade. Sobre um olhar de todas as vivências e emoções passadas, este documento ilustra a experiência única que o Estágio Profissional me concedeu. Através de uma reflexão crítica e fundamentada, exponho o processo de desenvolvimento pessoal e profissional ocorrido. O presente relatório de estágio encontra-se subdividido em cinco capítulos. No primeiro, “Introdução”, é apresentado o propósito do trabalho e um enquadramento do ano de estágio. No segundo,

“Dimensão Pessoal”, são mencionados momentos marcantes na construção da

minha identidade, as minhas expetativas, incertezas e ambições. No terceiro,

“Enquadramento da Prática Profissional”, exponho os pressupostos legais,

funcionais e institucionais. O quarto, “O ano letivo num TGV”, inicia-se com uma referência à importância dos meus alunos. Posteriormente, realizo uma retrospeção acerca dos desafios e soluções encontrados, bem como reflito acerca de temas marcantes decorrentes no estágio. Neste ainda se insere um estudo de Investigação-Ação intitulado “A relação entre a perceção da

importância do exercício físico e a prática desportiva fora da escola, em alunos do secundário”. O sexto, “O fim encarado como um início” é onde concluo a

importância deste trajeto e as perspetivas futuras.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA, ENSINO-APRENDIZAGEM,

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XIX

A

BSTRACT

The professional Internship is an important milestone in the culmination of a course of study and the beginning of a new phase of learning. With the realization of it I had the opportunity in a real context of teaching and learning, of putting into practice the theoretical support that I possess. This way, the internship contributed to the building of knowledge and skills through a reflected practice. The Professional Internship was held in Almeida Garrett High School in Vila Nova de Gaia and the training group consisted of four interns, a cooperating teacher and a teacher college advisor. Looking back all of the experiences and emotions, this document illustrates perfectly the unique experience that this internship gave me. Through reasoned and critical reflection, I expose the process of personal and professional development occurred. The present internship report is subdivided in five chapters. On the first, "Introduction," is presented the purpose of the report and a framework of the internship year. On the second, "Personal Dimension", are mentioned important moments in the construction of my identity, my expectations, uncertainties and ambitions. On the third, "A Framework of the Professional Practice," I expose the legal functional and institutional requirements. The fourth, "The school year on a TGV", begins with a reference to the importance of my students. Subsequently I make an evaluation about the challenges and solutions found, as well as, a reflection of the most important topics occurred on the internship. In this one, still falls a study of Research-Action entitled "The relationship between the perception of the importance of exercise and sports outside of school, students high school". The sixth, "The end seen as a beginning," is where I conclude the importance of this course and future prospects.

KEYWORDS: PHYSICAL EDUCATION, TEACHING-LEARNING,

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XXI

A

BREVIATURAS DE – Desporto Escolar DT – Diretor de Turma EF – Educação Física EP – Estágio Profissional

ESAG – Escola Secundária de Almeida Garrett

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

MD – Modelo Desenvolvimental

MED – Modelo de Educação Desportiva

MID – Modelo de Instrução Direta

PES – Prática de Estágio Supervisionada

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3

1. Introdução

“Aprender a ensinar significa implicar-se num processo de desenvolvimento contínuo, gerador de tensões, de medos e incertezas, de dificuldades e de dilemas até então desconhecidos dos recém-chegados ao ensino”.

(Sanches & Silva,1998, p.81)

A sensação prazerosa de escrever este documento remete-se ao facto de relembrar momentos marcantes que decorreram ao longo do ano de estágio. As palavras são poucas para descrever a experiência vivida e, o quanto esta me fez crescer. Desta forma, procurei transportar algumas emoções para este relatório, na perspetiva de elucidar os leitores acerca da minha prática pedagógica.

O Estágio Profissional (EP) possibilitou-me por em prática, num contexto real, todo o suporte teórico apreendido durante a minha formação. Também foi nele que construi uma compilação de conhecimentos práticos e uma visão crítica mais apurada.

Batista e Queirós (2013) afirmam que a prática docente remete-nos para uma oportunidade de transformar os conhecimentos acarretados, adequando-os às exigências contextuais deparadas. Formadequando-osinho (2001, p.29) acrescenta que “o estágio é a fase de prática docente acompanhada, orientada e refletida,

que serve para proporcionar ao futuro professor uma prática de desempenho docente global em contexto real que permita desenvolver as competências e atitudes necessárias para um desempenho consciente, responsável e eficaz”.

Assim, com base numa prática consciente e bastante refletida, consegui criar saberes profissionais que tornaram a minha ação mais eficaz.

Sobre o ponto de vista do objetivo do EP, o documento das normas orientadoras1 (ano 2012-2013) refere que “o Estágio Profissional tem como

objetivo a formação do professor profissional, promotor de um ensino de qualidade. Um professor reflexivo que analisa, reflete e sabe justificar o que faz

1

“Normas Orientadoras do Estágio Profissional” é um documento interno elaborado pela Doutora Zélia Matos para a unidade curricular Estágio Profissional da FADEUP, ano letivo 2012-2013.

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4

em consonância com os critérios do profissionalismo docente e o conjunto das funções docentes entre as quais sobressaem funções letivas, de organização e gestão, investigativas e de cooperação”.

Entendo que a profissão docente não desintegra a pessoa que existe no professor, pelo contrário. Estes caminham juntos na descoberta do que é ser professor. Contudo, esta descoberta implica que o professor, enquanto profissional da educação, domine o conhecimento pedagógico e o do conteúdo. Nóvoa (1992a) diz-nos que “a profissionalidade remete-nos para o tipo de

desempenho e saberes específicos da profissão docente, em que a atividade pedagógica desempenha um papel social importante no fenómeno “Educação”.

Complementarmente a capacidade de se relacionar com os alunos e conhecer as pessoas que os caraterizam são premissas fundamentais no processo ensino-aprendizagem.

Este documento que impõe o nome de “Relatório de Estágio” (RE) é de caráter pessoal, onde ilustro as vivências, sentimentos, obstáculos e desafios que se encruzilharam neste meu percurso. Possui também um caráter reflexivo sobre as atividades desenvolvidas ao longo do EP. Assim, o foco do documento é atribuído a uma prática reflexiva na e sobre a ação. Deste modo, a organização do RE não comporta uma estrutura das áreas de desempenho, mas antes um conjunto de temas marcantes para mim, que contribuíram para a criação de uma identidade profissional, e para o meu desenvolvimento pessoal e profissional.

O presente RE encontra-se subdividido em cinco capítulos. No primeiro,

“Introdução”, são apresentados o propósito do trabalho e um enquadramento

do EP. No segundo, “Dimensão Pessoal”, são mencionados alguns momentos fundamentais no meu percurso de vida que contribuíram para a formação da minha identidade, referenciando também as minhas expetativas, incertezas e ambições. No terceiro, “Enquadramento da Prática Profissional”, exponho os pressupostos legais, funcionais e institucionais. O quarto, “O ano letivo num

TGV”, inicia-se com uma referência à importância dos meus alunos.

Posteriormente, recorrendo a excertos de reflexões elaboradas ao longo do ano letivo, realizo uma retrospeção acerca dos desafios e soluções

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encontrados, bem como reflito acerca de temas marcantes do EP. Neste ainda se insere um estudo de Investigação-Ação intitulado “A relação entre a

perceção da importância do exercício físico e a prática desportiva fora da escola, em alunos do secundário”. O sexto, “O fim encarado como um início” é

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2.1 À minha descoberta!

“(…) Procuro despir-me do que aprendi, Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram, E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras, Desembrulhar-me e ser eu (…)”

Alberto Caeiro ("O Guardador de Rebanhos - Poema XLVI")

Nesta minha nova vida de professor, a reflexão sobre o meu “eu”, sobre o meu desenvolvimento pessoal é um processo complexo, mas bastante gratificante, pois precedendo ao papel de professor, sou uma pessoa, não a abandonando enquanto professor. Nóvoa (2004, p.4) refere que “(…) o

professor é a pessoa. E que a pessoa é o professor. Que é impossível separar as dimensões pessoais e profissionais. Que ensinamos aquilo que somos e que, naquilo que somos, se encontra muito daquilo que ensinamos. Que importa, por isso, que os professores se preparem para um trabalho sobre si próprios, para um trabalho de autorreflexão e de autoanálise.”

Olhando do cume da minha existência, relembrando caminhos percorridos, momentos vividos e metas ultrapassadas, vejo-me como o reflexo de tudo isto, de todas as escolhas feitas, e de todas as razões que me levaram a escolhê-las. Sempre fui um menino irrequieto, onde a vontade de mostrar vida pairava, onde o negativismo não existia, onde tudo era bom, resolvível, e se não o fosse no momento, seria-o um dia. Um menino livre, onde a “rua” era o seu paraíso de brincadeiras infindáveis, onde a bola permanecia até a chegada da minha mãe, do trabalho.

Lembro-me das tardes e inícios de noite, passados a jogar futebol, lembro-me dos fins de semana onde juntamente com o meu irmão e com o meu pai, ia andar de bicicleta, por percursos definidos pelo meu pai, onde de uma forma divertida, nos mostrava novos caminhos e nos contava as suas histórias passadas enquanto criança. Lembro-me das corridas à beira mar, em

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10

Buarcos (Figueira da Foz), em jogar raquetas, tentando atingir um novo recorde de toques consecutivos sem a bola cair no chão, lembro-me da vontade de ir ao mar, nos mergulhos “loucos” e preocupações dos meus pais, lembro-me de ser feliz.

Estas lembranças, e infindáveis brincadeiras, grande parte delas desportivas, acentuaram a vontade de ingressar numa modalidade desportiva, onde pudesse aprender coisas novas, novas maneiras de me tornar mais competente no desporto e, nas minhas brincadeiras. Visto ter desde sempre um grande fascínio pela água, por ser um meio novo e muito divertido de estar, após várias tentativas falhadas por incompatibilidade de horários e indisponibilidade de vagas, ingressei na natação aos nove anos de idade. Dois anos depois, fui convidado para representar a equipa de pré-competição da Associação Estamos Juntos (AEJ), e posteriormente para a equipa de competição, onde permaneci até aos meus 17 anos de idade. A união criada no grupo, na equipa foi algo inesquecível, momentos inapagáveis e frequentemente relembrados.

Apesar de a minha vida desportiva estar intrinsecamente ligada à modalidade de natação, algo sempre permaneceu desde cedo como enorme paixão, o Futebol. Uma modalidade muito vivida por mim desde muito novo, onde procurava superar-me a cada dia, vivenciar novas experiências, passar recreios e mais recreios a praticá-la, passar horas a vê-la e a discuti-la. Esta enorme paixão, e o sonho permanente de um dia puder ser jogador profissional, tornou-se apenas isso. A única experiência que tive foi em alguns treinos no clube da freguesia e muitas horas de prática com os amigos. Isto porque, primeiramente os horários não eram compatíveis, e posteriormente por não querer abandonar a minha equipa, que apesar de ser de um desporto individual, o laço de amizade e espirito de grupo eram enormes. Os valores sociais que aprendi, o respeito pelo outro, a entre ajuda e cooperação, influenciaram bastante a minha personalidade, a minha postura perante momentos passados, a minha atuação responsável na escola, tornando-me um jovem adulto, com sonhos e ambições a percorrer.

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11

No meu percurso escolar, retrato-me como um aluno responsável, cooperativo e empenhado, onde o desporto sempre esteve no topo da pirâmide.

Os dias de aulas de Educação Física eram os mais aguardados. Definia-os como o espaço da “liberdade”, o espaço onde me sentia “livre”, onde poderia mostrar as minhas capacidades e divertir-me com isso, onde adorava ajudar os meus colegas, que me viam como um exemplo, e onde adorava interagir com os meus professores acerca da matéria e outras curiosidades. Esta vocação, a “magia” que sentia quando ajudava os meus colegas, quando os tornava mais capazes nas aulas de EF, levou-me desde cedo a escolher qual o curso a ingressar.

Em 2008, concorri à faculdade de desporto da Universidade do Porto, onde ingressei no curso de Ciências do Desporto. A partir deste momento, o meu comprometimento mudou, já não estava mais no secundário, onde a ambição de aprender e tirar boas notas sempre foi seguida, mas onde sempre soube que me poderia esforçar mais. Agora tinha muitas responsabilidades, estava a lutar pelo meu futuro e a percorrer o meu sonho. A paixão que nunca se apagou, deu frutos no meu segundo ano de curso, onde tive que escolher um ramo específico a seguir, tendo enveredado pelo ramo de alto rendimento – Futebol. Desde cedo me apercebi que a vivência no mundo do Futebol ainda era escassa, mas que apesar de muitos colegas possuírem outros percursos, notei que nem sempre os exemplos foram os melhores. A minha vontade de aprender, de interagir, de procurar fazer cada vez mais e melhor levou-me a cooperar num estudo publicado desta mesma área. No terceiro ano, ingressei no estágio profissional, experiência muito enriquecedora, marcante e que até hoje me tem ajudado a progredir na minha escada do sucesso. Este gosto pela modalidade e ambição em me transcender a cada momento persiste todos os dias, alimentando o sonho de atingir o mais alto nível da modalidade. Até ao momento foram três os clubes onde colaborei, onde procurei deixar a minha “marca” e dei/dou o melhor de mim. Sinto-me um privilegiado por todas as oportunidades que me foram confiadas, possibilitando-me o contacto com grande parte dos escalões de formação, com uma equipa sénior, e também

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onde assumi a função de coordenador técnico da formação do clube. Toda esta experiência ainda tão curta temporalmente, mas enorme pessoal e profissionalmente, me enriquece e me “alimenta” a cada objetivo atingido, a cada sorriso oferecido, e a cada cumprimento honesto dado. A iniciar a quarta época desportiva todo o processo se inicia, toda a vontade de querer produzir mais e melhor alia-se com a “confeção” perfecionista de formar um grupo, de incutir valores e, de crescer e fazer crescer.

Após o término da licenciatura, permaneci algo indeciso com o caminho a tomar, até que decidi ingressar no mestrado de ensino. Apesar de um futuro incerto, escolhi não desistir do sonho, e procurar ajudar a educação, com a ambição de um ensino mais competente, procurando retribuir ao desporto o seu contributo, pois é devido a ele que aqui estou.

Todo este meu percurso me tornou uma pessoa determinada, na procura incessante do saber, onde os obstáculos se tornam desafios, procurando-me transcender a cada dia. As metas ultrapassadas enquanto atleta, os desafios superados, os erros cometidos, e as aprendizagens retiradas, transformaram- me em alguém persistente, positivista e perfecionista. Caraterísticas que me têm ajudado, tanto no meu crescimento profissional, como no ultrapassar de adversidades impostas pela vida. No entanto, o meu “eu” também é compostos por fraquezas, por dúvidas imensas, por incertezas, onde por vezes a distinção do certo e do errado não é percetível. Tal como refere (Frade), “ninguém tem necessidade daquilo que desconhece”, pelo que a vontade de conhecer e de procurar algo que me seja necessário, é enorme. A determinação de me querer superiorizar, de ser sempre melhor, e obter o melhor, leva-me ao medo incessante de não conseguir, ao abalo quando não o consigo. Concomitantemente, a determinação superioriza-se, levanta-me e empurra-me para um novo desafio, para uma nova missão. Quando não houver desafios, a vida acabou.

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2.2 Estágio Profissional – Mais que uma prática, uma

pedagogia fundamentada!

É no contexto da dúvida que se cria a solução!

Conforme o exposto no documento das Normas Orientadoras e do Regulamento do EP da FADEUP, e refletindo sobre a importância do EP futuramente, revejo-me na afirmação que o EP “visa a integração no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, através da prática de ensino supervisionada em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão”.

Encaro o EP como uma fonte de experiências e desenvolvimento das minhas aprendizagens, como a ponte e/ou a ligação da passagem de aluno para professor, com mudança de atitude e de nova postura. Colmata no ganho de competências pedagógicas, didáticas e científicas, na minha descoberta enquanto professor, na consciencialização das minhas potencialidades e dificuldades, tornando-me um ser metódico e reflexivo, em busca da excelência e do ensino de qualidade. Tal como refere Julio Cortázar (1996), uma ponte só é verdadeiramente ponte quando alguém a atravessa, pelo que mais que citar o que pretendo é necessário demonstrar e aplicar, atravessando esta minha ponte de aluno para professor.

Aprender a ser professor, atingir a tal passagem de aluno a professor, é um processo muito mais abrangente do que o simples possuir do conhecimento, ou a simples transmissão do mesmo. É algo contextualizado, que necessita de vivências, de experiências práticas efetivas, de desafios, de obstáculos e da reflexão e estratégias, para superação dos mesmos. Tudo isto, só se consegue em contexto prático, na zona da ação, na escola. As dúvidas só surgirão neste contexto, os problemas reais só aí se pronunciarão, e só aí, posso obter os conhecimentos aliados ao ser professor. É nesta base lógica que insiro e retrato o EP, como uma ferramenta única de desenvolvimento para o meu eu enquanto professor, o início da minha formação para e ao longo da

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14

vida, uma interligação entre a teoria e prática, condição esta fundamental para a criação do professor. Foi neste espaço que procurei crescer, aprender e iniciar o caminho para a excelência enquanto profissional da educação.

2.3 Da ilusão imaginada à descoberta vivida

“A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca. A cada dia passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece.”

(Bondía, 2002, p. 21)

O EP remete-me para o término de uma longa caminhada do meu percurso formativo enquanto agente ativo da faculdade e, por sua vez, marca o início de uma nova fase da minha vida, uma nova responsabilidade, uma nova profissão. Tal como proferiu diversas vezes o meu professor cooperante, Paulo Mota, esta foi uma fase com “muita rede”, pois tal como o trapezista, tinhamos a rede de segurança caso algo corra menos bem. O desafio enaltece a partir deste momento em que as minhas competências serão testadas, onde a responsabilidade dos meus atos se debruça maioritariamente sobre mim.

As expetativas iniciais eram bastante elevadas, pois sabia que após percorrer o primeiro ano deste ciclo de ensino, ano esse bastante trabalhoso, outro se iniciava com novos desafios, e onde finalmente poderia expressar em contexto prático as minhas ideias, dúvidas e convicções. A correspondência foi única, muito rica, mudando-me como profissional e pessoa. Foi realmente algo que me passou, me aconteceu e me tocou. Como refere Simões (1996, p.132), é, “(...) indubitável que, no decurso da carreira, poucos períodos, se comparam

a este em importância”, sendo este “(...) um período único e significativo na vida pessoal e profissional de qualquer professor”. Também (Caires, 2006,

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a professores, por corresponder ao derradeiro momento da sua passagem pelo contexto académico, e pela qualidade e intensidade dos desafios e vivências que esta transição encerra, o estágio pedagógico é aqui entendido como palco de um dos processos mais ricos e decisivos da capacitação e da integração do jovem professor no mundo da docência e no mundo adulto”.

A escolha da escola foi um processo bastante simples. Entre conversas nos corredores da faculdade, testemunhos de amigos e conhecidos, a escola secundária Almeida Garrett (ESAG) tornou-se a opção primária. As experiências transmitidas foram as melhores, descrevendo a escola como um local onde iria ter todo o apoio para crescer pessoal e profissionalmente, que continha um ótimo ambiente entre professores, entre funcionários e, onde existia uma cultura escolar rigorosa e bastante rica. Desde logo a ansiedade e vontade de iniciar este ano acresceu, juntamente com o desejo de aprender e desenvolver as minhas competências.

Aludindo ao núcleo de estágio, primeiramente aos meus colegas, apesar de partilharmos o mesmo percurso na faculdade, não contínhamos uma relação de convívio e amizade. Após o resultado da listagem de colocações, perspetivei que iria lidar com um grupo exigente, trabalhador, e que com certeza iria potenciar um crescimento conjunto. Nesse momento, senti que a minha responsabilidade cresceu, que não iria ter dificuldades de relacionamento, mas que a exigência iria ser muito elevada. As minhas expetativas foram comprovadas no decorrer do ano estágio. Descobrirmo-nos mutuamente e perceber o que cada um de nós podia dar, e deu, à nossa experiência foi de facto gratificante. Para além de todos os ensinamentos retirados e vividos lado a lado, a cooperação e a determinação estiveram sempre presentes. Posso afirmar que perante todo este enriquecimento também ganhei amigos para a vida, com quem poderei contar nos melhores e piores momentos.

Ainda pertencente ao núcleo de estágio surge o professor cooperante. Os comentários e descrições acerca deste, realizada por alguns colegas, eram os melhores, onde a escola se situava no topo da elite e, onde a dinâmica do núcleo de estágio era positivamente pronunciada. Tal como abordado no

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primeiro ano deste ciclo de estudos na disciplina de Psicologia da Educação, o 1º momento, isto é, o espaço temporal do “quebrar do gelo” é determinante para a relação professor-aluno e a criação de um bom ambiente de ensino-aprendizagem. Empolgante é como retrato esse momento. A disponibilidade e proximidade transmitida pelo professor cooperante, a enorme paixão que detém pela escola são contagiantes. Fascinante ver a adoração e o carinho existente nas relações com o pessoal docente e não docente, onde entre muitas coisas pensadas, a mais evidente seria, é assim que quero ser. Enorme profissional e pessoa que me transmitiu, que me ouviu, e fez-me professor. O conhecimento do orientador deixou-me um pouco intermitente, devido ao facto de saber que o tempo que possuía para nos acompanhar, não era muito. No entanto, após uma primeira reunião, verifiquei que estava perante alguém com o qual poderia contar, disponível para ajudar, flexível e muito recetivo. As palavras por entre algumas histórias de vida proclamadas me fizeram refletir e conhecer novas formas de agir.

As relações que pretendia ter com toda a comunidade escolar, com os meus colegas professores estagiários, professor cooperante e orientador, eram de compromisso cooperativo. Vinculei-me com a escola, com os meus alunos, com os meus colegas e principalmente comigo mesmo, a partir do momento que fui colocado no EP. O meu comprometimento de entrada, para qualquer projeto ou desafio que assumo é de extrema importância, assim como o grau de exigência e a procura inesgotável da perfeição. Um vínculo singular e ao mesmo tempo coletivo, onde todos seguimos os mesmos objetivos, o sucesso, o crescimento e o atingir da competência, dando o nosso humilde contributo para o sucesso da educação. Conseguir marcar positivamente os meus alunos, através de alterações positivas nos seus hábitos e comportamentos, e fundamentalmente no seu gosto pelo desporto, foi um forte objetivo. Sinto que ficou uma relação de companheirismo, e de admiração entre ambos, conseguindo alguma motivação para a prática desportiva fora das aulas.

A interação com os outros professores mais experientes foi muito gratificante. Como refere Changa, E. (2011, p.13) a “formação é partilhar experiência com outras pessoas num dinamismo de relações e aprendizagens”.

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De facto, todas as conversas formais e informais realizadas ajudaram-me a encontrar novas formas de construir o “eu” professor, novas visões sobre o processo ensino-aprendizagem, que me personalizaram e me prepararam para novas realidades.

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3.1 Domínio Legal e institucional.

O enquadramento do Estágio profissional assenta nos domínios legal, funcional e institucional.

Na vertente legal, o Artigo 1º do Regulamento da Unidade Curricular Estágio Profissional (p.2) menciona que “a Iniciação à Prática Profissional do Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) integra o Estágio Profissional – Prática de Ensino Supervisionada (PES) e o correspondente Relatório (RE), rege-se pelas normas da instituição universitária e pela legislação específica acerca da Habilitação Profissional para a Docência”. Como exposto no Decreto-Lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro (p.1321) a área de iniciação à prática profissional é valorizada pela “prática de ensino supervisionada, dado constituir o momento privilegiado, e insubstituível, de aprendizagem da mobilização dos conhecimentos, capacidades, competências e atitudes, adquiridas nas outras áreas, na produção, em contexto real, de práticas profissionais adequadas a situações concretas na sala de aula, na escola e na articulação desta com a comunidade”. Como objetivos fundamentais da formação inicial estão definidos, “a) a formação

pessoal e social dos futuros docentes, favorecendo a adoção de atitudes de reflexão, autonomia, cooperação e participação, bem como a interiorização de valores deontológicos e a capacidade de perceção de princípios; b) a formação científica, tecnológica, técnica ou artística na respetiva especialidade; c) a formação científica no domínio pedagógico - didático; d) o desenvolvimento progressivo das competências docentes a integrar no exercício da prática pedagógica; e) o desenvolvimento de capacidades e atitudes de análise crítica, de inovação e investigação pedagógica” (Decreto-lei n.º 344/89 de 11 de

Outubro, Artigo 7). Enuncia ainda que a prática pedagógica deve constituir uma componente fundamental no processo de desenvolvimento das capacidades e competências que integram a função docente.

A prática pedagógica está inserida no contexto do EP, que de acordo com Matos (2012, p.3) “visa a integração no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, através da prática de ensino supervisionada em

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contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão”. De acordo com a mesma autora, “a

natureza complexa, unitária e integral do processo de ensino e aprendizagem, bem como as características gerais da atividade do professor que decorre num contexto balizado pelas condições gerais do sistema educativo, pelas condições locais das situações de educação e pelas condições mais próximas da relação educativa, obrigam a uma tentativa de integração e de interligação das várias áreas e domínios a percorrer no processo de formação e, em particular, no Estágio Profissional, de forma a retirar o formalismo das realizações e a promover as vivências que conduzem ao desenvolvimento da competência profissional” (p.2).

Deste modo, o EP incide fortemente sobre a integração do aluno à futura profissão, concedendo assim um espaço físico, temporal e relacional onde se dá a passagem de aluno a professor. É neste espaço real que o aluno terá a possibilidade de contactar de forma autêntica com o processo de ensino-aprendizagem e todas as experiências adjacentes da escola.

O EP é uma Unidade Curricular constituinte do 2º Ciclo em Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, na FADEUP. O primeiro semestre deste ciclo é constituído por unidades curriculares de âmbito geral, no que respeita ao sistema de ensino, pelo que no segundo é realizada a prática pedagógica em diferentes escolas através das unidades curriculares de didática. O EP ingressa nos terceiro e quarto semestres deste ciclo.

A prática pedagógica supervisionada (PES) é realizada na escola com o acompanhamento de um professor cooperante durante todo o ano letivo, que tem entre muitas funções, a orientação do estagiário na sua prática docente, e de um orientador pertencente à FADEUP, que estabelece o elo de ligação entre a escola e a faculdade, e contém também um papel de supervisão no desenvolvimento da prática docente do estagiário.

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3.2 Enquadramento institucional

Vários são os conceitos e definições que abarcam a escola, que dão direito a uma imensidão de reflexões acerca do que é a instituição escola.

Segundo Nóvoa e Ventura (1999, p.2), “a escola é encarada como uma

instituição dotada de uma autonomia relativa, como um território intermédio de decisão no domínio educativo, que não se limita a reproduzir as normas e os valores do macro-sistema, mas que também não pode ser exclusivamente investida como um micro-universo dependente do jogo dos atores sociais em presença”. Segundo esta ideia, a escola enquanto instituição deve seguir uma

cultura escolar, algo que a abarca numa perspetiva macro, em consonância com uma cultural organizacional escolar, isto é, mais específico à realidade da escola. Neste sentido, é regida por valores e cultura própria, apoiada em grande parte no meio envolvente, na sociedade que a constitui, dentro das normas e parâmetros gerais.

A escola é um local onde o ato de educar é salientado, com o objetivo de dotar os sujeitos de valores e conhecimentos, de prepará-los para a vida social, de torná-los cidadãos.

É na ESAG, situada na cidade de Vila Nova de Gaia, que decorreu o meu EP. Numa visão geral sobre a minha escola, instituição que escolhi como primeira opção, esta situa-se no centro da cidade de Vila Nova de Gaia, na praceta Professor José Sampaio, freguesia de Mafamude, junto à Biblioteca Municipal e ao Auditório Municipal. Possuidora de uma rede de transportes muito acessível com estação de metro e paragens de autocarros muito próximos. Devido ao seu posicionamento geográfico, enquadra vários alunos provenientes de outras freguesias circundantes. Quanto à população discente situa-se num nível médio quanto às categorias socioprofissionais e nível académico dos Pais/Encarregados de Educação, o que pressupõe por parte destes um acompanhamento escolar dos alunos que se reflete no bom aproveitamento escolar. No entanto, verifica-se que um número razoável de alunos é subsidiado o que revela algumas assimetrias socioeconómicas (PEE, 2009-2012).

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Relativamente aos planos curriculares, a escola orienta a sua oferta educativa em função das necessidades sentidas pelo meio em que está envolvida, apreendidas através de permanente abertura e estreita ligação com a comunidade (PEE, 2009-2012). Deste modo, para o 3º ciclo do ensino básico oferece Teatro ou Atelier de Artes, para a disciplina de opção na componente de Educação Artística, estando o restante plano elaborado de acordo com o currículo nacional. Para o ensino secundário, dispõem de vários Cursos Científico – Humanísticos, sendo eles, Ciências e Tecnologias; Artes Visuais; Ciências Sociais e Económicas; Línguas e Humanidades.

No que diz respeito ao espaço físico, a escola é constituída por um edifício central onde funcionam os gabinetes da Direção Executiva e da Assessoria, a Sala de Professores, os Serviços Administrativos, a Reprografia, a Papelaria, o Refeitório e o Bar. Possuí ainda quatro setores, sendo um deles muito recente, onde se situam a Biblioteca, o anfiteatro, os diferentes laboratórios de Química, Biologia e Informática, assim como salas especializadas para as artes, todos eles bem equipados. No espaço exterior a estes setores encontram-se dois pavilhões gimnodesportivos com os respetivos balneários e, dois Campos de Jogos. Um dos pavilhões (pavilhão de baixo) é completamente novo, detém três espaços, tendo sido inaugurado durante este ano letivo, e onde se encontra o gabinete da área disciplinar de Educação Física. Ambos os pavilhões estavam bem equipados, contendo todo o material necessário para a lecionação das aulas.

Durante o primeiro período do ano letivo, o mapa de ocupação de espaços ou roulement, estava elaborado em função do pavilhão novo e dos campos de jogos exteriores, devido à renovação do pavilhão mais antigo (pavilhão de cima). Os estudantes estagiários lecionavam os seus dois blocos de aulas semanais alternadamente entre o pavilhão de baixo e os campos de jogos exteriores. No entanto, devido às condições climatéricas, muitas das aulas destinadas a este último, foram lecionadas no auditório de forma teórica, de acordo com o Programa teórico do ensino secundário proposto pela escola.

Tendo proposto abordar as modalidades de Badminton e Andebol neste período, o pavilhão foi o espaço escolhido para a primeira, devido a conter

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mais condições e, optei pelo espaço exterior para a prática da segunda. A modalidade de Badminton foi uma disciplina alternativa pelo que a sua unidade temática foi mais curta. Apesar de após a sua lecionação libertar espaço para a modalidade de Andebol, esta prática ficou um pouco condicionada devido às trocas por aulas teóricas como já foi exposto. Nos restantes períodos, face à conclusão das obras no pavilhão de cima, as minhas aulas passaram a ser unicamente lecionadas nesse espaço, sendo que teria sempre como segunda opção, a ocupação dos campos de jogos exteriores. Apesar deste pavilhão apenas conter dois espaços e, por vezes as turmas serem bastante numerosas, a disponibilidade mostrada por todos os professores para possibilitarem as melhores condições de prática foi de louvar.

Foi nesta escola que passei momentos únicos, onde vi, ouvi e aprendi com todos, desde o convívio com os funcionários que concediam sempre um sorriso, até às trocas de impressões mais informais com os professores da área disciplinar de EF, que toda a magia aconteceu, e onde me tornei professor.

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4.1 O centro do meu Estágio Profissional – os meus alunos

Somente aquilo que passou por uma emoção, evocou-nos um sentimento profundo e provocou cuidado em nós deixa

marcas indeléveis e permanece definitivamente em nós.

(Boff, L., 2005, p.33)

A primeira experiência com um novo contexto, um novo espaço regido por regras e responsabilizando com novas funções, necessita de um conhecimento abrangente acerca do mesmo. É fundamental que o sujeito conheça não só a cultura da instituição, como também as caraterísticas dos agentes que incorporam a sua função. Só assim será possível uma adaptação coerente e eficaz, de modo a que os objetivos possam ser formulados e o processo de “transformação” possa ter início.

O sujeito referido acima é atribuído ao professor que para o estabelecimento das suas metas e o respetivo planeamento, necessita de um conhecimento detalhado acerca da sua “matéria-prima”, os alunos. Também a adaptação à cultura escolar e da própria comunidade, antecipa um conhecimento geral acerca do possível ambiente escolar a encontrar. Por este facto, previamente antes de iniciar o ano letivo recorri à leitura de documentos vitais à escola, como o regulamento interno, o projeto educativo da escola e o projeto curricular da escola.

Segundo Freire (1996, p.77), “toda prática educativa demanda a

existência de sujeitos, um, que ensinando, aprende, outro, que aprendendo ensina”. "Isso significa que deve haver a interação entre o ensino e a aprendizagem e que, a educação provém da relação entre professor e aluno”.

O aluno integra uma posição fundamental, elevada, quando olhámos para a importância que este tem na escola. Como é referido por Rolim (2013, p.62), a realidade da turma e os respetivos alunos, são definidos como um dos três pilares caraterísticos do EP. Também Santaella (citado por Nascimento, 2006, p.196), ao dividir os conhecimentos profissionais em três grupos de competência, incorpora o conhecimento do contexto, onde para além do

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domínio sobre as principais caraterísticas do funcionamento educativo e desportivo, inclui o conhecimento sobre as necessidades, expetativas e interesses dos sujeitos a perspetivar a intervenção. Sem dúvida este foi um pilar fundamental nesta minha experiência enquanto professor, onde o assumo como o mais complexo e gratificante.

O aluno é um ser possuidor de uma personalidade, de cultura, valores axiológicos, conhecimentos e opiniões. É alguém com mais ou menos experiência em determinada atividade, com os seus interesses e paixões, com as suas motivações. Deste modo, o processo de aprendizagem assume um papel cooperativo entre o professor-aluno, entre o aluno-professor e entre aluno-aluno. A forma como as aulas foram planeadas, como adaptei a minha forma de comunicar, de instruir, de agir, completam uma fonte de preocupações constantes centradas na eficácia que tinha sobre os meus alunos, isto é, para a melhoria do processo ensino-aprendizagem.

No início do ano letivo, distribuí a cada aluno uma ficha de caraterização, para reunir a informação básica acerca dos mesmos e, mas especificamente a sua relação com a disciplina. A minha turma continha trinta alunos inicialmente, passando a vinte e nove no segundo período, devido a anulação de matrícula por parte de uma aluna. Correspondente ao primeiro ano do ensino secundário, caraterizava-se por ser maioritariamente feminina (vinte e quatro alunas) e bastante heterogénea. Esta heterogeneidade diz respeito à maturação, à aptidão física e competência desportiva, bem como à excelência demonstrada por alguns alunos em todas as disciplinas e a alguma mediocridade apresentada por outros. O escalão etário da turma situava-se entre os dezasseis e os dezoito anos, contendo três alunos repetentes e dois que optaram por alterar o curso específico a seguir.

Em conversa com amigos experienciados neste ano de EP, bem como em seminários do núcleo de estágio, as caraterizações eram repetitivas. Sendo o primeiro ano de estudos num ciclo de ensino, a probabilidade de os alunos serem provenientes de outras escolas, com outros hábitos, com outras regras, tornava-se um ponto de partida a respeitar, pois teríamos a tarefa de formar os alunos adaptando-os à nossa escola. Após a confirmação desta hipótese,

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formulei imediatamente uma preocupação inerente durante as minhas aulas, a criação de rotinas. Note-se o registado no meu bloco de notas:

“(…) Seria facilitador se o aluno viesse para a escola formatado para aprender. Chegar, sentar, questionar se fosse motivo e cumprir. Mas não é isso que acontece. Somos nós enquanto professores que temos que criar as rotinas.” (23 de Outubro de 2012)

O primeiro contacto com a turma foi um momento único, onde além de me sentir entusiasmadíssimo por estar em frente aos meus primeiros alunos, também perspetivei o longo trabalho que teria a implementar hábitos comportamentais. A turma afirmava-se como bastante participativa e ao mesmo tempo irrequieta, onde não pairava a má educação, mas onde a distração era caraterística. O motivo seria a afirmação de alguns alunos perante a turma, procurando se tornar mais engraçados. Assumindo que um professor nunca desiste dos seus alunos, que não é punidor, mas sim educador, estratégias de atuação e de tomada de posição assertivas seriam e forma imprescindíveis. Carecia a criação de um vínculo, como explanado no excerto seguinte:

“Com o avanço da aula, procurei criar o tal compromisso nos alunos, sensibilizando-os para as normas regulamentares e deveres de civilização. A tendência nestas aulas é os alunos não darem muita importância ao que está a ser dito, pois é algo semelhante todos os anos e que, pensam eles, toda a gente sabe. A questão fulcral, penso eu, é procurar sensibilizá-los através de exemplos práticos que se aproximem do seu quotidiano, que os coloque nessas determinadas situações, a tal envolvência, procurando criar neles um pouco de reflexão, que visualizem mentalmente determinada situação, ou que recordem outras já passadas ou vividas, pois só assim é que o transmitido não será em vão e/ou tão ignorado.” (reflexão nº 1 – Primeiro Impacto, 25 de Setembro de 2012)

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A motivação para as aulas de EF não era evidente por todos os alunos, onde alguma falta de gosto pela prática desportiva prevalecia. No entanto, no decorrer das primeiras aulas senti que estava perante uma turma dedicada, mas bastante desorganizada e algo irresponsável, como demonstra o seguinte excerto:

“É caraterística da minha turma ser bastante irrequieta e reativa, onde todos querem participar e expor a sua opinião, que a meu ver, é um fator bastante positivo. No entanto, não existe rotinas criadas de organização, como levantar o dedo para puder falar (…)” (reflexão nº4 – Novo desafio, 4 de Outubro de 2012)

Com o passar das aulas, após uma análise e conhecimento mútuo entre mim e os alunos, algumas rotinas começaram a se evidenciar, desenrolando-se de forma mais organizada. A criação de soluções para potenciar a dinamização da aula, contribui para um maior empenho nas tarefas propostas. Energia e diversão são dois fatores caraterísticos destas aulas, mas que por vezes tinham que ser controlados, pois nem todos os alunos conheciam os limites a cumprir.

Tendo experiência enquanto treinador, determino como vital para a criação de uma relação de respeito, admiração e de cooperação, a afetividade e proximidade criada. Desta forma, procurei desde logo interagir de forma assertiva, mas com proximidade, de preocupação e esclarecimento que a minha função seria potenciar e ajudá-los ao máximo. Os alunos necessitam de atenção, de “cultivo” e admiração, no sentido de elevar o seu interesse pela aprendizagem. Este será a retribuição dos alunos à nossa atenção. No entanto, a hierarquização entre professor e aluno não deve ser esquecida, correndo o risco de ultrapassar o comportamento cooperativo para o “abusivo”. Visto todos os alunos serem distintos, possuírem a sua personalidade e individualidade, reagem também de forma diferente. Foi de facto fabuloso conhecer cada um deles, a maneira como se comportavam em sua defesa, a forma possível para chegar a cada um deles, mais fácil nuns do que noutros, mas que de uma maneira mais acentuada ou ligeira, todos estiveram comigo e eu com eles.

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Apesar de um grupo significativo de alunos já terem contactado de forma prática com modalidades desportivas, poucos se mantinham em atividade. Estes dados levaram-me a questionar quais os motivos para o abandono, que me foram descritos como falta de tempo, desmotivação ou impossibilidade financeira. Transparecer o meu gosto pelo desporto, e fomentar o mesmo gosto nos meus alunos foi algo que procurei durante todo o ano letivo. A atenção dada aos alunos foi fundamental no re (criar) deste gosto. O constante questionamento acerca das modalidades em que estavam inseridos, do decorrer dos treinos, de uma palavra de motivação, de desafio, foi algo que fiz intrinsecamente e que me satisfez muito. Foi notável perceber que algumas alunas voltaram para o desporto escolar de ginástica, que outras gostariam de jogar voleibol, que outros me desafiavam a ficar a jogar com eles no final das aulas. Foi um enorme contentamento quando alunos que se mostravam com pouco interesse inicialmente, demonstravam a sua evolução de condição física semana a semana, afirmando com satisfação que estavam a fazer exercício físico frequentemente e quais os conselhos e exercícios que sugeria.

Inequivocamente, cada aluno faz parte do professor, da sua atuação, da sua vida profissional. É muito bom quando percecionamos que tal como a pessoa que mora no aluno nos marcou, nós também o marcámos de alguma maneira.

4.2 Entre reflexões capitulares

“Para aprender não basta só ouvir por fora é necessário entender por dentro - Sermões 57”

(António Vieira, 1654)

Ao longo deste último ano letivo muitas foram as vivências, experiências, obstáculos que se transformaram em desafios e ensinamentos que se transformaram em aprendizagens. Tudo isto contribuiu para um enriquecimento

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profissional e por sua vez pessoal, pois concordando com Pacheco (2013), um professor não ensina aquilo que diz, mas sim transmite aquilo que é! E o que ele é, são os valores que ele perfilha.

Entre desvaneios e dúvidas, (re)conceções teóricas acerca da abordagem à EF, e abordagens práticas nas minhas aulas, registei as minhas reflexões, intitulando cada uma delas conforme o momento/tema a que estas se destinavam. Desta forma, este ponto recorre a excertos destas mesmas reflexões, retratando as emoções exprimidas por mim ao longo do EP.

4.2.1 Combate às dificuldades encontradas

Suba a montanha. O percurso é acidentado. Há muitos empecilhos ao longo do caminho. Pedras, encostas íngremes, locais onde é preciso fazer um grande esforço físico para lograr poucos metros. Em certos momentos, o desgaste é tão grande que dá vontade de desistir. Ainda assim é preferível persistir. Quando se chega ao topo pode-se ver os arredores, lá de cima, deslumbrando-se o alpinista com tanta beleza. É uma paisagem única. Em nenhum outro lugar do mundo você conseguirá admirar tanta coisa ao mesmo tempo e, ainda, com o ar puro da montanha a encher-lhe os pulmões.

Friedrich Nietzsche (1844-1900)

Esta minha subida à montanha, à montanha de acesso à minha profissão, professor de EF, ao cume de uma renovada dimensão pessoal, foi de facto uma viajem única.

O entusiasmo e ambição de aprender experienciando, de contactar com uma nova população, num novo contexto e de conseguir testar todas as minhas convicções acerca do ensino na escola, potenciou-me fontes de motivação neste ano. No entanto, algumas dificuldades, encaradas como desafios, se intrometeram. A primeira encontra-se na gestão e organização do

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tempo, pois assumindo também a profissão de treinador e coordenador de um clube, existiu uma escassez temporal que me impossibilitou, por vezes, de cumprir as tarefas com o sucesso que ambicionava. Estou certo que a competência prática demonstrada poderia ser mais elevada, se o meu tempo se restringisse ao EP. Contudo, penso que também seria um erro, pois toda a minha motivação e energia sentidas, poderiam desaparecer, pois o treino desportivo assume uma boa parte do meu complemento.

O confronto com as minhas expetativas e o produto conseguido, levou-me em alguns molevou-mentos a um estado de insatisfação constante, que interferiu um pouco na realização da minha prática. Desta forma, a posição de liderança e assertividade que evidenciei no decorrer do primeiro período letivo, demonstraram-se um pouco condicionadas em algumas aulas. Recorrendo a Cury (2009), “quando somos abandonados pela sociedade, a solidão é

superável, mas quando somos abandonados por nós mesmos, a solidão é quase insuportável (incurável) ”. Não me abandonando, procurei enraizar

novamente as minhas ideologias, superar-me a cada dia, cumprindo a reta final (final do 2º e totalidade do 3º períodos) com mais louvor.

Como referido no capítulo 3, a minha escola esteve sob um processo de remodelação, pelo que nem sempre os espaços disponibilizados para a lecionação das aulas (pavilhões gimnodesportivos e campos de jogos exteriores) estiveram disponíveis. Devido às condições meteorológicas, várias foram as aulas de caráter teórico. Apesar de existir um programa teórico elaborado pela escola, a necessidade incessante era de lecionar aulas práticas, de envolver os alunos no processo de ensino-aprendizagem com hábitos desportivos, e específicos da modalidade em questão. A abordagem a aulas teóricas foi uma dificuldade evidente, que limitou o cumprimento de algumas unidades temáticas, bem como me infundiu uma sensação de desespero, tal como explanado no seguinte excerto:

“As inquietações subsistem, como a indefinição da aula a abordar, a consulta constante e esperançada da meteorologia, “sonhando” que não irá chover, que o piso estará excelente para a prática desportiva e, que finalmente a avaliação diagnóstica de Andebol, tanto esperada, será

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consomada. A incerteza nos momentos precedentes à aula aumenta ferozmente o ritmo cardíaco, onde a vontade constante de “espreitar” para o exterior, não acaba.” (Reflexão nº6 – A teoria persegue-me, 11 de Outubro de 2012)

Usualmente utilizo a reflexão como um espaço onde procuro encontrar soluções, questionar-me acerca da melhor forma de atuar ou medida a implementar. Penso ser fundamental criar novas hipóteses, testá-las e concluir se o prefixo “hipo” se anula, criando a tese. Problemático se tornou para mim, o registo dessa reflexão pós-aula. Exprimir os meus sentimentos e emoções, as minhas dúvidas e estratégias de forma escrita, foi uma das dificuldades encontradas, pois o hábito de escrever nunca esteve muito presente na minha vida. Porém, procurei combater esta minha dificuldade, ganhando com o decorrer da minha prática o gosto e necessidade de usar as minhas reflexões como o expelir das minhas vivências e como forma de transmitir o turbilhão de emoções que vivia intensamente. Exponho aqui um excerto que carateriza um destes momentos:

“Todas as experiências passadas, momentos de impacto, de reação, de descobrimento, têm-me levado a sentir cada vez mais seguro, mais natural, mais eu. Apesar de o momento de começo ainda não estar muito distanciado, a riqueza das experiências possibilitam-me a um novo olhar para a escola, a interiorizar a dinâmica, a descobrir a família existente, talvez semelhante à que já conheci noutros tempos, mas com diferentes funções, distintas responsabilidades, rotinas mais complexas e ao mesmo tempo de maior respeito. No entanto, possuidora, como em tudo na vida, de problemas, de erros, de discórdias que têm de ser aprimorados a cada dia. Esta tem sido a minha corrida, o meu jogo, atingir a cada dia, a cada aula, uma nova meta.” (Reflexão nº17 – Simples VS Complexo, 22 de Novembro de 2012)

Do ponto de vista operacional, a adequação da instrução, o controlo do desempenho interligado com a adequação do feedback oportunamente, e a realização eficaz da avaliação, constataram-se como fortes caraterísticas a

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melhorar. Nos pontos seguintes, procuro estabelecer uma relação entre algumas destas caraterísticas, descrevendo as dificuldades e estratégias solucionáveis, tendo sempre presente que todas elas não se gerem de forma individual, mas sim como um conjunto que formará um todo profissional, que formará o bom professor.

4.2.1.1 Controlo e segurança

O grande desafio do professor de Educação Física é a distinta abordagem das suas aulas, num contexto completamente díspar de todos os outros. Essa disposição “natural” dos alunos, em outras disciplinas, seria o auge da desordem e desorganização. Isto porque, em mais nenhuma disciplina, os alunos estão em constante movimento. É este desafio que me “arrasta” e cativa para esta profissão, que me testou em todas as aulas, pois, as situações são totalmente variáveis. Desafio que, colocado em qualquer outro professor, muito provavelmente poderia resultar numa “catástrofe pedagógica”, pois fugiriam do seu habitat natural. No entanto, o professor de EF é alguém que tem que saber lidar com os dois, ou vários contextos, é alguém polivalente, é um ser à partida, mais completo.

Os primeiros momentos durante a prática no EP incidiram fundamentalmente sobre dois pontos essenciais, controlo e segurança. Focando-me no primeiro ponto, de uma forma geral, o domínio da turma requer uma observação global e uma atitude assertiva, duas caraterísticas que se interligam. Sendo uma das minhas caraterísticas a liderança, nos momentos iniciais consegui obter uma boa resposta da turma, organizando a sua participação, pois era uma caraterística evidente da turma, e prevenindo a dispersão e comportamentos fora da tarefa. No entanto, a falta de experiência e de perceção nas primeiras aulas, levou-me a cometer erros tão claros teoricamente:

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“Situando-me no momento de aula, e analisando-a de uma posição exterior a ela, identifico alguns novos cuidados a ter. Primeiramente, a criação de rotinas, às vezes tão óbvias, como, colocar os alunos no mesmo plano, para que os consiga facilmente observar, e a orientação e posição que o professor deverá tomar no espaço, garantindo uma observação que abranja todos os alunos. São conceitos conhecidos e entendidos, mas não enraizados por mim, pois a sua aplicação não é natural. Acredito que estas “regras de gestão” básicas serão mecanizadas com o decorrer da prática, pelo que será importante neste momento inicial, ter uma preocupação acrescida sobre elas.” (Reflexão nº3 – o aprimoramento de um professor, 02 de Outubro de 2012)

A criação de rotina assume-se assim como preocupação fundamental para todo o processo de aula. Os alunos devem estar balizados sobre o que podem ou não fazer, pois acredito que os alunos só fazem aquilo que o professor permite. Desta forma, deverá ser imposto o código da aula, impondo regras aos alunos e, dando-lhes para que “a responsabilidade, a autonomia, a

inteligência, a compreensão, a diversão, a cooperação e o respeito pelo próximo, possam surgir naturalmente e se desenvolvam com o passar do tempo” (Cardoso, 2009, p.47). Este foi um dos meus desafios onde procurei

definir desde o início, o código da aula, começando nas regras de equipamento impostas pela escola, os brincos e o amarrar do cabelo, por parte essencialmente das meninas, onde adotei a estratégia de levar elásticos para o cabelo de forma a combater o esquecimento e dando uma oportunidade a cada menina, até à definição do transporte do material e do local exato da sua arrumação. Do ponto de vista operacional, o colocar dos alunos todos no mesmo plano, evitando conversas paralelas com os mais distantes, bem como estarem todos à minha frente, foram estratégias que potenciaram o maior controlo da turma. No entanto, é determinante que a atuação do professor seja feita imediatamente após a infração do aluno, pois só assim se tornará eficaz.

O posicionamento e a circulação no espaço de aula constituem-se também, como dois comportamentos importantes a aferir. Assumir uma posição que me permitisse uma visão periférica sobre todos os alunos,

Referências

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