ELISA MARIA
MAIA DA
SILVA
LESSA
OS
MOSTEIROS
BENEDITINOS PORTUGLESES
(SÉCLLOS
XVII
A
XIX):
CENTROS
DE
ENSINO
E
PRÁTICA
MUSICAL
Volume I
UMVERSIDADE
NOVA DELISBOA
ELISA
MARIA
MAIA
DA
SILVA
LESSA
OS MOSTEIROS
BENEDITINOS
PORTLGUESES
(SÉCLLOS
XVII A
XIX):
CENTROS
DE
ENSINO
E
PRÁTICA
MUSICAL
Dissortagão
dc doutoramcnto emCiencias
Musicais.
ramoCiências
Musicais
His.ôrieas.
aprescntada
åFaculdadc
dc CicnciasSociais
e Humanas.da
l'niversidadc
Nova dcLisboa.
soborientacão
doProlessor
DoutorGcrhaid
Doderer.UNIVERSIDADE NOYA DE LISBOA LISBOA. 1998
Os
nossosagradecimentos
vãopara
Professor
DoutorGerhard
Dodercr. aquem
devemos
umaboa
parte
da
nossaformacão científica,
pela
orientacão
eajuda
sempresolícita.
atempada
e marcantena
realizagão
destetrabalho.
Professor
Doutor
Geraldo
J. A.Coelho
Dias. OSB.pela ajuda
econsclhos dados.
Abade Dom Luís Aranha
pelas
fueilidades concedidas
na consulta dc documento.s doArquivo
do Mo.steiro deSingcverga.
Dom Lourenco
Moreira
daSilva.
pela
disponibilidade
einformacôcs
oportunas.
Abade Dom José Palmeira
Mcndes. DomMatias
Fonscca deMedeiros
eDom
Mateus
RamalhoRocha,
Arquivista-Mor
doMosteiro
deS.
Bento do Rio de Janeiro,pelo apoio
eoportunidade
concedida
na consulta de documentos doMosteiro de
S. Bento do Rio de Janeiro.Professor Doutor Ar.tônio
daCosta
Lopes.
pela oportunidade
conccdida
naconsuka
de manuscritos musieais
áo Instituto Monsenhor Airosa.Responsáveis
efuncionários dos diversos
Arquivos
e Bibliotecas onde tenhotrabalhado.
e, demodo
particular. Arquivo
Distrital
deBraga
eCentro
de Estudos
Musicolôgicos
daBiblioteca Nacional
deLisboa,
pelo
bomacolhimento
ccolaboracão
prestada.
Ana Paula Barros Aton.so.
pela
disponibilidade
eajuda
nadigitalizayão
ôo texto.Dedico este trabalho
aos meus
pais,
aquem
devo a maiorcompreensão
eapoio
aos meus filhos
Miguel
c Mariana. que me ineentivaram aprosseguir.
com a suamúsicae os scu.s
beiios
carinhososa Carolina
Pimentel Castelo
Branco. com quem ftz osprimeiros
estudos
musicais
eque
recordarei
sempre
com muitagratidão.
ĸî
spiritus
mens
concordet
voci
nostrae
1
tiMnus.so
>piriio quudre
cc/'i ci/i- ■■•>sii _/\_) [<ci;ia dcS. Bcnio. cap.XIXINDICEGERAL
Volume I
Preâmbulo
13
Abreviaturas e Normas de
Transcrigão
Paleográfica
15Introducão
lĩSI PARTE
Capítulo
1A
Congregacão
Beneditina
emPortugal
22Capítulo
2A
Regulamentacão
da Prática MusicalLitúrgicj
37
Capítulo
3
A
Formayão
Musical dosMongcs
Beneditinos
£2
11 PARTE
Capítulo
1A Casa Mãe dos
Monges
Beneditinos:
0 Mo.sicno dc Tibães 100Introducão 101 1.1
Actividade
musical103
1.2 Cantores einstrumentistas
1121.3
Patrimonio
organolôgico
119
Fontes
eBibliografia
136
Capítulo
2 1■**.*■•Outros Mosteiros Masculinos
2.1 ()
Mosteiro
dcGanfei (S.
Salvadon 139In11 ' oduc ão 139 2.1.1
Aetividade
musical 140 2.1.2 Cantores cinstrumentistas
U5 2.1.3Patrimonio
organolôgico
lJfrFontes
eBiblioiirafia
1496
2.2
O
Mosteiro deCabanas (S.
João)
150Introducão
1502.2.1
Cantores
einstrumentistas
151Fontes
eBibliografia
1522.3 O Mosteiro de Miranda
(Santa Maria)
153Introd ucão
153
2.3.1 Actividade
musical
1532.3.2
Cantores
cinstrumentistas
1552.3.3
Patrimonio
organologico
156
Fontes
eBibliografia
158
2.4
0 Mostciro
doNeiva
f'S.Romão)
159Introducão
159
2.4.1 Actividade
musical
1602.4.2
Cantorcs
einstrumentistas
1642.4.3
Patrimonio
organolôgico
167Fontes e
Bibliografia
16S2.5
O
Mosteiro doCarvoeiro (Santa
Maria.)
169Introdu^ão
169
2.5.1
Actividade
musical 1692.5.2
Cantorcs
cinsirumemisias
1732.5.3
Patrimonio
organologico
1~4Fontcs e
Bibliograna
177
2.6 O Mosteiro de Paime
(S.
Salvador)
I7sIntrodueão 178
2.6.1
Actividademusical
17S2.6.2
Cantores
e instrumentistas 1802.6.3 Patrimônio
organnlogieo
1802.7
O
Mosteiro
deRendufe (Santo André)
Introd
ucão 2.7.1 Actividademusical
2.7.2
Cantores
einstrumentistas
2.7.3
Patrimônio
organologico
Fontes
eBibliografia
2.8 0 Mosteiro
deRefoios
deBasto
(S.
Miguel)
Introducão
2.8.1
Actividade
musical2.8.2
Cantores
einstrumentistas
2.8.3
Patrimônioorganolôgico
Fontes
eBibliografia
2.9
0
Mosteiro
ce A.nôia(S.
JoãoBaptista)
....I
ntrodui;
ão2.9.1
Actividade
musical2.9.2
Cantorcs
einstrumentistas
2.9.3
Patrimonieorganolôgico
Fontes
eBibliografia
2.10 0 Mosteiro
cePomhciro
(SantaMaria)
....Introducão
2.10.1 Actividace
musical
2.10.2 Cantoro e instrumcnti.stas
2.10.3
Patrimonioorganolôgico
Fontes
eBibliografia
2.11 O Mosteiro de Sant>> Tirso Introduv' ão
2.11.1 Actividace
musical
2.11.2
Cantores
e insti'umenti.stas2.11.3 Patrimônio
organologico
Fontes cBihîio^rafia
s
2.12
O Mostciro
de Travanca(S. Salvador)
248
Introducao
2482.12.1 Actividade musical
249
2.12.2
Cantores
einstrumentistas
251
2.12.3
Patrimônioorganologico
252Fontes
eBibliografia
-542.13 O
Mos.eiro de Bustelo(S.
Miguel)
255Introducão
--•?2.13.1 Actividade musical
256
2.13.2
Cantores
einstrumcntistas
259
2.13.3
Patrimônioorganologico
260Fontes e
Bibliografia
2642.14
0
Mosteiro
de Paco dc Sousa(S.
Salvador) 265Introducão 265
2.14.1 Actividade musical 265
2.14.2
Cantorcs
einstrumentistas
266
2.14.3
Pairimonio
organolôgico
271Fontes c
Bibliografia
2742.15
0
Mosieiro
dePendorada
(S.
João)
275I
ntr od
ucão 2/52.15.1 Actividade musical 270
2.15.2
Cantores
einstrumenti.stas
2.8
2.15.3
Patrimonioorganolôgico
279Fontes e
Bibliografia
281
2.16
0
Mos.eiro
do Porto(S.
Bento daVitoria)
282
Introducão
2822.16.1 Actividade musical 285
2.16.2 Camore.s e instrumentistas 288
2.16.3 Patrimonio
organolôgico
2912.17
0
Mosteiro deCueujães (S.
Martinho
doCouto)
302
Introd
ucão302
2.17.1 Actividade musical303
2.17.2Cantores
einstrumentistas
304
2.17.3
Patrimônio
organologieo
304
Fontes
eBibliografia
306
2.1s
O
Colégio
dcCoimbra
(S.
Bento)
307
Intro
d
uva o307
2.18.1
Actividade musical308
2.18.2
Cantorcs
einstrumentistas
310
2.1S.3
Patrimônio
organolôgico
312
Fonies
eBibliografia
314
2.19
O Mosteiro
deSantarém (S.
Benu> dosApôstolos)
315Introd ucão
315
2.19.1 Actividade
musical
3152.19.2
Patrimônioorganologico
316Fontes e
Bibliografia
317
2.20
O
Mosteiro de Lisboa(S.
Bentoda Saúde)
318
1ntroducão
318
2.20.1
Actividade
musical319
2.20.2
Cantores
e instrumentistas324
2.20.3
Patrimônioorganologico
325
Fontes e
Bibliografia
327
2.21
O
Colégio
de Lisboa(Nossa
Senhora
daEstreia)
328
Int roduc ão 328
2.21.1 Actividadc musical 329
2.21.2 Cantores e instrumentistas 329
2.21.3 Pairimonio
organologieo
330
Capúulo
3
Mostciros Femininos 3
3.
1 0 Mo.steiro deBraganca
(S.
Bento ouSanta
Escolástica)
3
In troducão
3
3.1.1
Actividade
musieal3
3.1.2
Cantoras
e instrumentistas3
3.1.3
Patrimônioorganologico
3
Fontes e
Bibliografia
3
3.2
()Mosteiro
dc Vianado Castelo (Santa
Ana)
3 In11 ' od
ucão3
3.2.1
Aetividade
musical3
3.2.2Cantoras
einstrumentistas
3
3.2.3 Patrimiinioorganolôgico
3 Fontes eBihliografia
3
3.3
0Mosteiro de
Braga
(S.
Salvador)
3
Introducão
3
3.3.1
Actividadc
musical
3
3.3.2
Cantoras
cinstrumentistas
3
3.3.3
Patrimonio
organologico
3
Fontes
eBibliografia
3
3.4 O
Mosteiro do Porto
í.Avé
Maria)
3In11 " oducão
3
3.4.1
Actividade
musical3
3.4.2
Cantoras
c instrumentistas 33.4.3
Patrimônio
organologico
3
Fontes
eBibliografia
33.5
O Mosteiro de Semide (SantaMaria)
3
Intr oduy ão 3
3.5.1 Actividadc
musieai
3
3.5.2
Cantoras
e instrumentistas 33.5.3 Patrimonio
oraanologico
3II
Capítulo
4Os
Beneditinos
Portugueses
noBrasil
-^4. 1
Os
Monges
Beneditinos
Portugueses
em "TeiTas deAlém-Mar".
3864.2
O
florescimcnto
da músicareligiosa
no Brasil e seudesenvolvunento
nosséculos
XVI
-XIX
393
4.3
Mo.ueiros
do Brasil 4i44.3. 1 Estado do Rio de Janeiro:
Mosieiro
dc NossaSenhora
de Monserrate
[Rio
deJaneiro]
4^44.3.2
Estado
da Baía:Mosteiros
deS.
Sebastião
[S.
Salvador].
Nossa Senhora da GracafVĩla
Velha]
eNossa Senhora das Brotas
[Brotas]
4264.3.3
Estado deSão
Paulo:Mosteiros
de Nossa Senhora da Assunoão[Srdo Paulo],
Nossa
Senhora
do Desterro[Santos],
NossaSenhora
do Desien'o[Parnaíba].
Santa Ana[Jundiaí]
e Santa Ana[Sorocaha]
433
4.3.4
Estado
dcPcrnambuco: Mosteiro
de Olinda438
4.3.6Estado
da Paraíba:Mosteiro
de NossaSenhora
deMonserrate
[João Pessoa]
44_-Fontes e
Bibliografia
44~Volume II
III
PARTE
Capítulo
1A Música no.N
Mo>teiros
Beneditinos
no contcxto da nuisicaReligiosa
emPouugal
(séculos
XVII. XVIII c XIX)IV
PARTE
Capítulo
1Fundos
Musicais Beneditinos
(Scculos
XVII,
XVIII e XIX) ^OOCapítulo
2Dicionário
dcMúsicos
Beneditinos
12
Apôndice
Documental
650Bibliografia
Geraî
674
índice
deQuadros
692
14
Preâmbulo
A
presente
dissertacão visa contribuir
para oconhecimento damúsica
praticada
nosmosteiros
portugueses.
Aescolha recaiu sobre aCongregaeão
Beneditinapelo
lacto de nãoter
sido
até agoraobjecto
de estudopormenorizado.
O levantamento
dahistoriografia
musical
portugLiesa
efectuado.permitiu
observar aexistêneia
de estudos degrande
valiasobre
diversas Ordens
religiosas.
quepermitiram
um conhecimentoaprofundado
da mLÍsiearealizada
pelos Conegos Regran.es
deSanto
Agostinho,
pelos Religiosos
daCompanhia
deJesus,
epor
outrasOrdens. sendo
praticamente
desconhecida
aactividade mtisicai
das casasconventuais
beneditinas.
A nature/.a do trabalho.
impôs-nos
naturalmente as regras demetodologia
a usar. Este estudoapresenta
uma dimensãoessencialmente
informativa. que sepretendeu
estruturada de modo aconstruir
um saber historico. fundamentado numdiversificado
conjunto
defontes devidamente
compulsado
e analisado.Sendo
equiparada
abolseira.
e apesar de ncsscpcríode
eontinuar
a leccionaralgumas
disciplinas,
pude
permanecer
muitosmeses nos
Arquivos
estudando documentosque
nospcrmitissem
enquadrar,
compreender
e conheceravivcncia
musieal
entãorealizada
no.smosteiros
beneditinos.
Lamentamosque
nãopudessemos
levar tãolonge
quanto
desejariamos
estc nossotrabalho, naturalmente por
razC)es detempo
impostas pela
carreira
aque noseneontramosvinculada.
que paraalém
dosresultados ohtidos,
nos abriuperspectivas
de futuros estudos nodomínio
daHistoria
daMúsica
ReliiiiosaemPon.Uiial.
lo
Abreviaturas
e normasde
transcricão
paleogáfica
1. A. Abreviaturas
ADB
Arquivo
Distrital deBraga
ADPArquivo
Distrital do PortoAMSB / Baía
Arquivo
Mosteiro
de S. Bento / BaíaAMSB/RJ
Arquivo
Mosteiro
de S. Bento /Rio
de JaneiroAMVC
Arquivo Municipal
Viana do
Castelo
ANTT
Arquivo
Nacional
Toitc do TomboAUC
Arquivo
daUniversidade
de CoimbraAS
Arquivo
deSingeverga
BGUC
BihliotecaGeral
da Universidade deCoimbra
BNL Biblioteca NacionaJ de LisboaBPMP Biblioteca
Ptiblica
Municipal
do PonoCEM
Centro
deEstudos
Musicologicos
CSB
Congregayão
de S. Bento
FLL'P
Faculdade de Leuas da Universidade do PortoFCG Fundacão
Calouste Gulbenkian
FMC
Fundo Monástieo Conventual
Ms
Manuscrito(s)
MM Manuscrito
Musical
OSB
Ordem de S. Benio1. B
Répertoire
Internatioi.al desSources
Musicales(RIMS.
Série A)D-.MUs Alemanha.
Miinster, Santini-Bibliothek
D-HVs Alemanha. Hanover. Stadlbibliothek E-MnEspanha.
Madrid. Biblioteca NaeionalP-BRp
Portugal, Braga.
Biblioteea Pública eArquivo
DistntalP-BRs
Portugal, Braga,
Sé
P-Cug
Portugal.
Coimbra. BihliotccaGeral da
Universidade
P-EVcPortugal, Évora.
Arquivo
daCatedral
P-EVp
Portugal, Évora.
BibliotecaPúblicae
Disuital P-LaPortugal.
Lisboa. Palácio Nacional daAjuda
I-P-Lan
Porlugal,
Lisboa.Arquivo
NacionalToitc
doTombo
P-LfPortugal,
Lisboa.Arquivo
da Fábrica da Sé Patriarcal P-LnPortugal,
Lisboa,
BibliotecaNacional
P-LA
Portugal, Lamego.
Biblioteca NacionalP-Mp
Portugal,
Mafra. Palácio Nacional
P-Pm
Portugal,
Porto,
BibliotecaPública
Municipal
P-POPortugal, Portalegre.
Arquivo
daSé
P-Vs
Portugal.Viseu,
Arquivo
daSé
P-VV
Portugal,
Vila
Vicosa, Casa
deBraganca,
Museu-Bib'ioteca
2.
Normas
detranscricão
palcogáfica
*
substituiram-se
osditongos
ae ou oepela vogal
e:*
aciuali/ou-se o //
para
v.*
actualizou-se
o / mesmoquando
tinha
valordey';
* ac'-uali/ou-se o uso de
maiiisculas
em comeco deperíodos
oucitaeôes.
emtopônimos.
títulos da DivindadeeSantos
e nasHoras do Ofício Divino.*
actualizou-se
a
pontuacão
cmsituacôes
confusas.procurando
manter o sentidooriginal:
*
separaram-se as
paluvras
indevidamente unidas e reuniram-se os elementosdispersos
damesmanalavra:
*
desdobraram-se as
abreviaturas;
*
na
transcricão
dostextos, as partesilegíveis
estãoentreparênteses
rectos[...].
Asfrasesou
palavras
que suscitaramdúvidas
estãoseguidas
deponto
&cinteiTogacão
A reflexão levadaa
cabo
para arealizacão
dopresente
trabalhoconduziu-nos
a umatarefa
queconsideramos
deprimordial:
enquadrar
o ensino eprática
musical existente nocotidiano monástico
beneditinoportuguês
nosséculos
XVII aXIX.
através de umlevantamento
maisexaustivo
possível
das
fontes
arquivísticas.
Sô
aconeretizacão
de taltareta nos
permitiria
entenderplenamente
a vida musicalreligiosa
dos mosteirosbeneditinos,
inserida
num contextomusical mais
vasioda mtisiea
religiosa
emPortugal.
0
período
dc
observayão empírica
dopresente
trabalho
inicia-se
em1555
com aconstituicão
daCongregacão
dos
monges
negrosde S. Bento dos
reinos_/_.-
Portugat.
tei*minandoem1834
com aextincão
das Ordens monásticas
nopaís.
A
metodologia
aplicada
surgc na tentativu decorrespondcr
ás earac'.eristicas
daintormayão
histôrica
disponível,
tentando
conhecer omaior
númeropossívei
defontes
manuscritas
relacionadas
com aprática
musical
e com o contexto emque ela
seinseria.
Procurou-se
eolmatar uma lacuna, queaereditamos existir
nosconhecimentos
da música e áos músicosbeneditinos portugueses.
0 corpo do
trabalho
éconstituído
por
quatro partes:
aprimeira
parte
eontém umcapítulo
decarácter
geral
em que seapresenta
uma resenhahistôrica da
Congregaeão
BeneditinaPortuguesa
comênfase
nosaspectos
culturaiseartísticos.
Nosegundo capítulo
analisam-se
osregulamentos
daCongregacão:
reuniu-se.
assim. umeorpo
dedireetrizes
sobre
aprática
musicallitúrgica.
Sũo
objecto
de estudo aRegra
de
S.Bento
(Lisboa.
1586!.
as
Constituigôes
da Ordem
deS.
Bento(Lisboa, 1590)
e oCerimoniai
daCongregacão
(Coimbra,
1647). bem como outrasfontesdoeumentais
relativas ãprescrieão
de r.ormas paraa
realizacão
mtisical
litúrgica.
Aimportâneia
dos documentos citados levou-nos aincluir.
emapêndice,
osrespectivos
índices.0
terceiro
capítulo
releva apreparai;ũo
eensino musical
exigido
atodos
os quequisessem seguir
a vidamonaeal.
Destaea-se deforma
particular
aformagão
noNoviciado.
ainstrucão
dosCoristas
c osEstudos ministrados
nosColégios
dacongregacão. Apresentam-se
as normasimpostas pela
congregacão
aos monges emonjas
admitidos nacongregacáo
pela prenda
de cantare tocar.A
segunda
parte dotrabalho, dividido
emquatro
capítulos,
apresenta o estudo das casas monásticas. O Mosteiro de Tibães por ser a casa-mãe daCongregaeão
mereeeu umcapítulo
aparte.
Segue-se
outrocapítulo
em que seestudam vintee um mosteiros masculinosaprcsentados segundo
a sua localizacãogeográfica.
comecando
com oMosteiro de Ganfei
noAlto
Minho e terminando com as duascasasdeLisboa,
o Mosteiro deS.
Bentu e oCoiegio
InLnxiuvão
:nmasculinos
existentes
noséculo
XVIII emPortugal.
Aabordagem
metodolôgica
manteve-se para todososmosieiros
âsemelhanca do
Mosteiro
deTibães.
comexcepcão
doMosteiro
deCabanas
(S.
João)
e Mosteiro deSantarém
(S.
Bento dosApôstoîos). Aqui,
porescassez de fontesdoeumentais,
optou
sepor
apresentar
apenas
umaintroducão
e umitem
dedicadoaos músicos e suasfungôes.
(no
caso deCabanas)
e umaintroducão,
a actividademusical
e opatrimonio organoU)gico
do mosteiro(no
caso deSantarém).
Dos
dozemosteiros
femininos
existentes
emPortugal
noséculo
XVIII.foram
objecto
deestudo
apenascinco,
devido
arazoes
qtie
seprendem
essencialmente
com umniimero reduzido de
fontes
relativas
âépoea
estudada.
Os
Mosieiros
pertencentes
ã Província Beneditina
noBrasil
sãoobjecto
de estudo
emseparado
nocapítulo
quatro,
em que seaprcsenta, além do estudo de
onze. dos cator/emosteiros
entãoexistentes,
uma síntese histôrica dafundacão
da Província Beneditina noBrasil e dos
primôrdios
damúsica
religiosa
no contexto daMissionarizaeão
noterritôrio,
bem
como o seudesonvolvimento
nossécuîos
XVI a XIX. Dcs actuaisarquivos
existentes
nosMosteiros
Beneditinos Brasileirosfoi
apenaspossível
aconsulta
doArquivo
doMosteiro
deS.
Bento doRio
deJaneiro.
Atrajectôria
direccionada deste trabalho
impunha
umaabordagem
dosmosteiros beneditinos
da entãoProvíncia
doBrasil.
nãosendo,
noentanto,
exequível
oestudo
pormenorizado
daprdtica
musical
em teiTasbrasileiras.
A terceira
parte do
trabalhocontém
umaexposieão
que tempor
objectivo
caracterizar
a
música
nosmosteiros beneditinos portugueses,
estabelecendoligacôes
com amúsica
religiosa praticada
nascatedrais
dopaís
e em mosteiros de outrascongrcgacôes.
O
capítulo
inclui umestudo sobrc oscompositores
e orepertorio
que hánotícia
tersidointerpretado
nosmosteiros beneditinos.
Destacam-senestecapítulo
oscompositores
beneditinos
erespeetivas
obrasmusicais que
chegaram
até nús. Identificam-se obras e autoresjá
conhecidos.
cuja
biografia
era. noentanto.desconhecida.
0
valioso
patrimônio organolôgico
outroraexistente
nosmosieiros
beneditinos. élambém
estudado nestecapítulo.
sendo abordados
aspectos
relacionados
com orepertorio
musical e coma historiados instrumentos
emPortugal.
Na
quarta
e últimaparte
dapresente
dissertavão
de doutoramentoapresenta-se
uma inventariaoũo edescricão
das fontes
musicaisque
se conservam nos escassosfundos
musicais
beneditinos ainda existentes(ou
qtie
deles hánotícia).
comobras
decomposilores
beneditinos. ohras de outroscompositores.
dedieadas âcongregacão
oucompostas
apedido
dosprôprios
monges emonjas.
ou ainda obras queintegrâvam
orepertôrio
musicalexecutado
nosmosteiros.
0
segundo
capítulo
consta de umDicianário
de MãsicosBeneditinos
onde seinelucm
monges beneditinosportugueses,
mongesmúsicos conventuais
nosmosteiros
daProvíncia
Beneditina no Brasil emonjas
beneditinas que se dedicaram amúsica. Além dos
compositores,
cantores einstrumentistas
são também mencionadosInlroduøo
21infonnacôes eontidas
em basesde dados
sohremúsicos
efundos
musicais beneditinos. Asinformacôes
reeolhidas nasbascs
de dados que realizamos. foramcomplementadas
comelementos de
caracterizacão
eeontextualizaeão.
Procuramos com o presente trabalho
de
investigacão enriquecer
ahistoriografia
musicalportuguesa
através de umestudo descritivo
e anaĩítico da vida musical daCongregacão
Beneditina
dePortugal
quese revelou. defaeto,
como umaparte
da sociedadeportuguesa
marcadapor
umaprofícua
eexímia actividade
musical durante osséculos XVII.
XVIII eprineípios
do século XIX.
I
Parte
—Capítulo
1Segundo
D.Gabriel
deSousa,1
ahistôria da
Ordem
Beneditina.
amais
antiga
emteiTÍtôrio
português,
divide-se
emquatro fases.
Aprimeira
é a da suaImplantacão
emPortugal.
Não sendo
possível
fixar
comexactidão
a datada
introdticão
daRegra
Beneditina emPortugal,
sabe-se,
no entantoque foi mais
de umséculo
antesda
fundacão
da
nacionalidade.Segue-se
umtempo
decrise que
vai cercade1230
até1566. Esta fase
divide-se em
dois
periodos.
Noprimeiro,
até 1400. osmosteiros
dependem
dos
seuspadroeiros,
eno
segundo.
depois
desta dataaté
1566.
passam
a sergovernados
porcomendatários.
Aterceira
fase.
de
reformacão
total
surgenoseguimento
das
grandes
reformas eclesiástieas pos
tridenunas então realizadase gracas â BulaRegimini
Universalis do
Papa
Pio V éconstituída
em1567
aCongregagûo
dos
monges
negrosde
S.
Bentodos
reinos
de.
Portugaî
-sendo
escolhido
oMosteiro de S. Martinho de Tibães para
Casa-Mãe
da
novacongregacão.
Aliturgia
econsequenlemente
o seusuporte
musicu'.
torna-se umdos
principais
fundamentos
da vidamonástica,
passando
aocupa^ão
principal
eomo modo deexpressão
espiritual
dos
monges e omeio
deidentificacão
da suaexistência
interior. As comunidades monásticas unem-se.apresentam
asConstituicôes
daOrdem. coneretizando
osprincípios
daRegra
de S.
Bento. Estabeleeem ainda
umahierarquia prôpria.
comassembleias
penôdieas.
denominados
Capítulos
Gerais,
estudando
emconjunto
avivencia
daeongregagão.
Definemigualmente
aeleic'ão
trianual dos Abades Gerais. Abades dos mosteiros
e outroscargos
hierárquicos.
E nesteperiodo
inicial que
criam
aCongregaeão
Provincial
noBrasil.
Segue-se
umperíodo
de
grande
crescimcnto eexpansão.
Apartir
de
1834
e até1.875,
aordem
éextinta, tomando-se
os seus mongesegressos.
Aquana
fase,
que até
hoje perdura,
dá-se com a restauracão daOrdem
em 1860.Fr. Tomás de
Aquino,
Pregador
Jubilado
caCongregacão.
na obra quepublicou
cm1767.
intituladaElogios
dos
Reverendissimos Padres
DD.Abbades Geraes
da
Congrcgagão
Benedicttna
doReyno
dePortugal,
apresenta
umpequeno
historial sobre aReligião
de
S.Bentoeseit Patriarca em que di/o
seguinte:
"[...] o
Príncipe
dos Patriarcas S. Bento iiílícco no fim do V seculo díiIgreja
no ruinode480. Suapatria
loiNursia. cidade da lt;llia.{...} Suat'aniĩlia lãoilusue. comoantiga [...]
Consagrou-se aDeosna
puerici;c
deixandocomheroiea resolucãt"1o rnundoaosquator7e;uinosdasua idade.D. Gabriel de Sousa. T'm
Monge
Além-Mar naépoca
daResiaura^ão.
Frei Bemardo deBra;-:;.'■.
Bracara Augusta, vol. XXII, n"51-54(63-66),Acta.s doCongresso
ás Fistudos daComemoracãodo XIIICentenáriodaMortedeS. Frutuoso. Torao Ií.Braga.
196^.A
designacão
dc monges negrosadvém dacordo hábitc-Os mongesdeCisteradonianun umhábiio i;_'ualaoJos Benedilinos, mib decorbnuica.I. 1 A
Congregacão
BeneditinaemPortugal
24Fezaspera
penitencia
nodeserto de Subl/ico,distame quatorzelegoas
daCorte de Roma.Aqui
cdifícou do/e Mosteirosdesdeo annode510ate ode 529. Deixoueste
lugar
porinspiracão
doCeo, e subindo ao monic
Cassino,
que distavade Sublaco quarentafegoas.
nelle eomecou aestabeleeer a vida monastiea. aos 40 annos
[...]
Fdiílcou sobre as ruinas doPaganismo
o famoso Mosieiro, quehaviasercabe<*a desuaOrdememtodooOrbe Cadiolico:[...]"-'
No Mosteiro
de MonteCassino
escreveuS. Bento
a suaRegra.
que
segundo
Fr.Tomás
deAquino
seexpandiu pela
Sicília,
Península Ibérica
eFranca,
ainda em vida doPatriarca,
que viria
afalecer
em 21 deMarco
do ano de543.
Segundo
José
Mattoso.4
aPenínsula Ibérica
tinha um sistema deobservâncias
baseado nastradicc.es locais
ondeestavam
situados
osmosteiros,
adoptando
umconjunto
de normasperteneentes
avárias
regras, tendo sidofoi
provavelmente
a últimaregião
daEuropa
aadoptar
o sistema da regraúnica.
A esteconjunto
de
normas constituídas apartir
daRegra
deS.
Bento,
conheeida
eutilizada
eomo fonte literáriapelas
Regras
de Santo Isidoro deSevilha
eS.
Frutuoso deBraga,
denominava-se
Regula
communis.Sô
noséculo XI,
com atentativa de
umamaior
unificacão
religiosa,
apreferência
demonstrada[xios
reis caPenínsula aosmonges de
Cluny
e aquebra
de isolamento cultural destaregião
seadopta
aRegra
deS.
Bento.
Aprimeira
meneãoexplícita
á observância da
Regra
Beneditina
emmosteiros
daArquidiocese
de
Braga,
é
de1087
nomosteiro
deS.
Romão do Ne;v•a.:,Entre os
séculos
XIII aXVI,
osmosteiros beneditinos situados
em zonasrurais
de Ente Douro e Minho viveram em situacão dedegrada^ão
deobservâneia
monástica ecarências
econômicas
eculturais. Esta
situayão
era fruto daexploracão
aque
osmosteiros
eramdotados por
parte
dos abades eomendatários que
mais nãofaziam que usufruir das
renda.s dos mo.steiros. Comendasignificava guarda
eadministra^ão
dealgo,
recebendo
ocomendatário
comoretribuicão
umaparte
dasrespectivas
receitas.
Os
monges viviam
dependentes
da mesaconventual,
uma tercapar:e
dos rendirnentos domosteiro. enquanto
que
para os comendatários ficava a mesaabacial,
ouseja.
duas tercaspartes.
Apesar
dascomendas
eclesiásticas teremsurgido
nanecessidade de
entregar
aalguém
adireccão
dosmosteiros,
a nomeacão dos comendatários noséeulo
XV em nada melhorou asituacão,
passando
estes a terem aposse
efruieão
dos bens eciesiástieos. dandoorigem
â ruína querFr. Tonĸ'isde
Aquino.
Elogios
dos Re\'ere>\iiissiir..:sDD. Abades Geraes. Porto. 1767.José Matioso. "A
inuodu^ão
daRegra
deS. Bentona Penínsulaíbérica",BraearaAugusta.
volXXX. Tomo I. n"69 (81).Braga.
CâmaraMunicipal.
1976. pp.97-11 1.A
Regra
deSantoAgostinho
comecouasuapenetrav'ão
nosmosteiros dadiocese bracarense.depois
daadopvão
em 1132 da regrae estatutosdosCônegos
Regrantes
deSantoAgostinho.
pelo
mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. In JoséMarques,
.AArquidiocese
deBraga
no scatlo XV. Lisboa.1,1 A
Congregacão
BcneditinaemPortugal
material,
quer moral eespirutual
dos mosteiros. Nestafase
desapareeeram
alguns
mosteiros
beneditinos6
e outros, como é o casodo Mosteiro
deVilar
deFrades,
doado
pelo
Arcebispo
D. FernandoGuerra
âCongregacão
dos
Conegos
Azuis (ouLoios'i,
em1425.
eManhente.
também
situado
noconcelho
deBarcelos, reduzido
aIgreja
secular e unida a Vilarde
Frades.7
Com
a Reforma daIgreja,
levada aeabo
apás
oConcílio
de Trento. iniciado em 1545.pôs-se
fim
a cstasituacão,
procedendo-se
a umatransformacão
profunda
davida
monástica.
OConciiio de
Trentotinha-se
ocupando
na suaúltima
sessão, emDezembro de
1563.
da reforma da vidamonástica.
deliberando,
nessaaltura,
umconjunto
de medidasenue as
quais
se destaeam a censuradas
Comendas,
o voto depobreza
e vidaem comum. ovoto de
Profissão
para maiores de
quinze
anos. aduracão
de
um anode noviciado
c oespírito
deeongregacão
monástica.
Areforma dos mosteiros beneditinos
portugueses
áá-sc apartir
do Mosteiro deSanto
Tirso. A Raínha D.Catarina.
incumbe D. AntonioSilva,
que
seencontrava na altura â
frente
domosteiro.
de iniciararcí'orma.
Uma vezque
estamissão
sehavia iniciado
emEspanha,
D. Anttmio
Silva
manda virdeste
país,
em1558,
Fr. Pedro
deChaves
e Fr. Plácido deVilalobos,
monges do
Mosteiro
de
Monserrate,
naCatalunha.
Coneretizada
comêxito
areforma
doMosteiro
deSanto Tirso.
aRaínha
D.Catarina
e oCardeal
D.Henrique
decidiram estender
areforma
aos re.stantesmosteiros
beneditinos.pedindo
aoPapa
PioV aautorizacão para
organizar
emeongregaeão
osmosteiros existentes.
O Cardeal D.Henrique,
dando
cumprimento
ås bulas defundacão
dacongrcgacão
de 1566
e1567,
nomeou Fr.Pedro
deChavcs,
Abade
doMosteiro
de Tibãese AbadeGeral
daOrdem,
por umpetiodo
de dezanos.8
O
primeiro Capítulo
Geral
daCongregacão
realizou-se noMosteiro de Tibães
em 10 deSetembro
de1570,
tendo
sidotomadas de imediato deeisôes
toeantes
á
celebrayão
do
Ofício
Divino.
Naactafieou anotado que:
"[...1
esiando todososReligiosos Capiiulares
c conveniuaisjuiuos
nacapella
maior daigreja
postos de
giolhos
oc;uuorlevantouohymno.
Veni CreatorSpiritu.s[...|"
Naturalmente os
comendatúrios
procuraramresistir,
recusando-se
muitos deles arenunciar â
comenda
.No
período
detransicão
que seseguiu,
acongregacão
foi
tomando
posse dos
mosteiros,
sendo estesgovernados provisoriamente,
por vezes, porPriores,
eleitos
emCapítulo
Geral.
até terem aeieicão
de Abadestrienais.
Segundo
JosCMarques.
noséeuloXV ascomumdades bcnediLiaasna AiquidiocescdcBraga
t'icariunredu/.idíLs de vinieeseisatre/e,sendoapenasumafeminina. "Mosteîros BenediiinoscUi
,*Vrquidioc-_.^c
deBraga",
BracaraAugusta.
vol. XXXV.u° 79-SO(92-93).Braga, CiimaraMunicipa;.
1981,p Î62.hlem, p. 655.
GabrieldeSousa. "O Mostcuo de Rendut'ena
Congregacâo
'.vr.ediUnaPortuguesa".
BracaraAugusia. vol XXXV, Braiia. CfuníU'aMunicipal,
19Sl,pp.
171-219.I, 1 A
Congregacão
BencditinaemPortugal
26Seguiu-se
umperíûdo
degrandes
reformas
na vidamonaeal
egrandes
empreendimentos,
com a reconstrucão com novastragas das
casas beneditinas ea constmeão dedois
grandes
edifícios ban'ocos
em Lisboa e no Porto.Exercendo
grande
actividade durante os séculos XVi eXVII,
acongregacão
funda
mosteiros noBrasil
apartir
de158
1. estabelece as suasConstituicôes
eprática litúrgica, organiza
os seus estudos. Apartir
dasegunda
metade doséculo
XVII aparecemsinais
de decadência nointerior
da Ordem.essencialmente
atribuído.s
aprivilégios
dedeterminados monges,
âfalta
decontrol da
existência
de uma verdadeira vocacão â entrada para o estadoreligioso
monacal,
com umexcessivo niimero
de conventos e mongesconventuais. Por
outrolado assiste-se
também nestaépoea
a umamanifesta
renovaeãointelectual.
comfiguras
de
proa como Fr.Francisco
de S. Lufs.futuro Cardeal Saraiva
ouFr.
Joaquim
deSanta Clara
Gomes.
Noséculo
XVIII,
a
congregacão
possuía
além de umpatrimonio arquitetônieo
extraordinário,
um enormepatrimônio
rural,
com cerca de 220 mongessacerdotes. O
número de monges a admitir naCongregavão
eradecidido
emCapítulo
Geral.
sendo os mongestransferidos
comfrequência
de
um mosteiropara
outro, deacordo
com asneeessidades
da
congregacão.
Em1761.
notriénio
de Fr.Francisco
deS.
José,
foi elaborada
umalista
com os Mosteirosexistentes
e onúmero de
rcligiosos
c irmãosleigos
pertenccnte
acadamosteiro.
0 documentoapresentaos
seguintes
números:
monges do coro.397.
leigos,
44.
num total de 444conventuais.
10 Apartir
desta
altura segue-se umdecréscimo
dapopulacão
eclesiástica.
nasequência
dasmedidas do governo de D. José e do seu
ministro
Pombal que em 25 deOutubro
de 1763profbe
aadmissão
aordcns
do maiscandidatos. O mapa
seguinte
apresenta
osmosteiros
beneditinos masculinosexistentes
noséculo XVIII emPortuaal.
I. 1 A
Congregayão
BeneditinaemPonugal
27Mapa
n° 1Mosteiros
de mongesbeneditinos
emPortugal
[século
XVIII]11
No
início do século XIX. a erisesocial.
política
ereligiosa
sentiu-se também nono.sso
país.
Osideais
daRevolucão Francesa
trouxeramalguma perturbai;ão
aosmosteiros.
que sofreram
danosconsiderávcis
eom as lnvasôes Francesas.nomeadamente
com ainvasão
de Soult. que entrandopela
Galiza
sedirigiu
ao Pono.invadindo
epilhando
osmosteiros
por onde íapassando.
Instaurada a guerra civil, vários foram os
mosteiros
que viram as suas casasservirem deaquartelamento
astropas
de D.Miguel. Quatro
dias apos a assinatura do acordo quepôs
fim â guerra eivil.
foi
publicado
o Decretoassinado
porJoaquim
Antônio deAguiar
a30
de Maio de LS34. queextinguiu
asOrdens
religiosas
emPortugal.
sendo os seus bens alienadospelo
Estado. Asérie
dediplomas
er.tãopublicados
aboliram os alicerces dasociedade
eciesiástica,
alterandoprofundamente
asrelacoes
do Estado com aIgreja.
Antes1 ' Mosteiros beneditinosem 1765.
segundo
as listas de JB.de Olsito,Mapa
dePortugal.
II. pp. 60-61. //i Diciondriode Histôria dePoriugal.
Dir. deJoel Serrão.vol. I, Lisboa. Inieiativas Ediioriais.I. 1 A
Congregacão
BeneditinaemPonugal
havia
já
sido posta
emprálica
a Lei de 1832 de Mouzinhoda Silveira.
queextinguia
osdízimos,
acabando com asbases econômicas
de sustentacãodo
clero. No anoseguinte
iria serabolido
atravésdo
Decrcto de 29 de Julhode
1833
oforo eciesiástico,
retirando
âsociedade eclesiástiea
a suaautonomia
eliberdade.
Depois
daextincão
dasOrdens
osmonges abandonaram
osmosteiros.
refugiando-se
em casadefamiliares
ouamigos.
Outros
porém
houve que antes daextineão.
fugindo
dosmosteiros,
seincorporaram
nastropas
de D.Pedro.
Passada
a fase inicialque
seseguiu
âextincão
das ordens
religiosas,
emque
os monges egressosforam mantendo
a suaactividadeeclesiástica
comopárocos
epregadorcs.
inicia-se por volta
de1860,
aquarta
fase davida
dacongregacão
beneditina
portuguesa,
coma
realizugão
de
enconu'osanuais dos monges
sobreviventes
noextinto Mosteiro
deS.
Bentoda
Vitôria,
para
juntos
celebrarem
o diado
seuSanto Padroeiro.
O
Mosteiro
deSingeverga
viria a ser fundadoem1892,
nafreguesia
de S. Pedrode
Roriz.
eoncelho
dc Sanio Tir.so. usufruindo de uma casa doadapela
família
GouveiaAzevedo.12
0
grupo
de mongesfundadores. vindos do Mosteiro
deCucujães
eraconstittiídopor
dois
padres.
umirmão
professo
ecinco candidatos â
profissão.
Vivendo nadependêneia
do
Mosteiro
deCucujães,
que contava com aajuda
daCongregayão
alemãde Beuron,
oMosteiro
deSingeverga
passou apriorado
independente,
em 1922. Antes daeleva(;ão
aAbadia autorizada
por
Pio
XI em1938.
oMosteiro
esteve aindadependente
da
Congregacão
belga
da Anunciaeão.
Pouco
antes daexpulsão
dos
monges
portugueses das
suas casasmonásticas,
tinha
sido fundado por
D.Guéranger
oMosteiro
deSolesmes.
emFranya,
que
viria
a renovarprofundamente
omonaquismo
benediiino.
através dum retorno åtradiyũo
monástiea e deuma
renovada
importância
dada ao cullolitúigico.1-'
0 mcsmosentido
surgiu na Abadia. edepois Congregu^ão
de Beuron em 1868. ACongregacão
belga.
fundadaem 1920.
apartir
da
Congregaeão
alemã, eontribuiu
depois
para
areforma
daCongrega^ão
brasileira.
Os
mosteiros de
beneditmospassaram,
apartir
de 1893
e poi iniciativa doPapa
Leão
XIII,
a estar reunidos numaconfederacão
decongregacf)es,
mantendo,
todavia.
a suaindependência.
D. Gabriel de Sousa. M<s;eiro de
Singeverga.
Cem anos de Vida Beneditina (I892-1W2.!.Singeverga.
Orae Labora. 1992.José Mattoso. "Beneditinos".
Enciclopédia
Luso Brasileira de Cultura. Lisboa, Editorial Verbo, 1965. p. 1054.I. 1 A
Congregayão
BeneditinaemPonugal
29Os mosteiros
femininos
Paralelamente
aosmosteiros
masculinos, existcm
emPortugal.
desde
o século XImosteiros
exclusivamente
femininos
que seguem aRegra
de S.Beino.
ARegra
que S.
Bento
escreveu paraosmonges
foi
adaptada
å vida monástica
feminina.
A suaadop^ão
deu-sede forma
progressiva.
apartir
dainfluência
deCluny,
sendo
possívci
constatar aexistêneia
de muitosmosteiro
femininos
na Península.Os
Mosteiros
mais
antigos
emtcrritorio
português
são osMosteiros
deVitorino das
Donas(Viana
do
Castelo),
Vairão
(Vila
do
Conde).
Rio Tinto(Porto), Arouca,
Ferreira das Aves(Viseu),
Lorvão
eSemide.
No
século XIII
osMosteiros
de AroucaeLorvao
passaram
para a Ordemde
Cister.
Nosséculos
XIV eXV,
o.smosteiros femininos
cntramtambém
emdecadêneia,
sofrendo
aexploracão
de
patronos
ecomendatários.
Nesteperíodo. alguns
dos
mosteiros passaram aigrejas
paroquiais
e outros.mais tarde
congregados
numsô.
A extensãodos
mosteiros
femininos
deu-se
paralelamente
ápropagayão
daOrdem
deS.
Bentopelo
mundoocidental.
uma vez queexistiam
nopassado
mosteirosdúplices.
eomfrates
e sorores.vivendo
em casacontíguas, separadas.
sob a direccão de um linico abadeouabadessa
(mais
raramente).Os
mosteiros
femininos
nãoconstituíram,
no entanto. umasegunda
Ordem.
lal comoacontece, porexemplo.
com aOrdem
Franeiscana.
A suapadroeira
éSanta Escoldstica,
irmã
do PatriarcaS.
Bento. queseguiu
a vidamonástiea
nummosteiro femimno
proximo
doMosteiro
deMontecassino.14
NoMosteiro
deRendufe existe
umaimagem
deSanta
Escolástica
com ohábito
solene usadopelas monjas
beneditinas
portuguesas. datada
do
primeiro quartel
do séculoXVIII.
Apartir
í\o séeulo XVIforam Ilorescendo
vários mosteiros: oMosteiro
deSanta
Ana, cm1509.
oMosteiro
deS.
Bento da Ave Maria,fundado
em1536,
o Mosteiro de Viana do Castelo(S. Bento)
em1545,
o Mosiciro de Santu Escolástica deBraganca
em1590,
oMosteiro
de Moimenta daBeira,
em1596.
e outros. Noseguimento
da Reforma tridentina fecharamalguns
mosteirosfemininos,
passando
osque
continuaram a >ua existência a ter aobrigayão
de tcrcmAbadessas
trianuais,
tal como severificou
nosmosteiros
masculinos. Foram. noentanto, criados novosmosteiros.
como c o casodo Mosteiro
de Viscu(Bom
Jesus).
em 1592. e o Mosteiro deBraga
(S.
Salvador).
em1602.
Avida monástica
no Mosteirodo
Bom Jesus de Viseuiniciou-se
com seismonjas
vinda.s do Mosteiro de SantaEufémia
deFcn'eira
das Aves.0
grupo ehefiadopela
Abadessa
D.
Leonor
dasChagas
inciuía aCantora Mor,
D.Filipa
daAnunciacão,
tjue na Missa soleneGabriel de Sousa. "Bencditinas", Dicionário de Histôriada
Igreia
emPonumL Dir. de AnuinioA
Congregacão
BenedilinaemPonugal
30celebrada
pelo Bispo.
entoou noCoro
umTe
DeumJ^
Um dosmaiores mosieiros femininos
deS.
Bento foi o Mosteiro deVairão,
queseguindo
aRegra
desde o século XI.funcionou
como mosteiro
dúplice
comfrates
e sorores. Apartir
de 1634. omosteiro
passou a sergovernado
porabadessas
trienais,
tendo
noinício de
século
XVII
cercade
cemmonjas
conventuais.
Aigreja
do
mosteiro.
reconstruída
nosfinais
doséculo XVIII,
serve actualmente deigreja paroquial. Segundo
Geraldo Coelho
Dias.
estemosteiro
dcsempenhou
papel primordial
naépoea posterior
áreforma
tridentinaassistindo-se
" a umcertoarreganho
do
monaquismo
beneditino
feminino
por obraegraca das
monjas
deVairão."16
No século
XVIII,
foi fundado
oMosteiro de
S. Bento
nacidade de Barcelos.
commonjas
de Nossa
Senhora
daConccicão
deMoncão,
que duranie nove anos residiram emBraga.
Adecisão
doAreebispo
D.
Rodrigo
de Moura
Tcles de instalardefinitivamente
estacomunidade
emBarcelos foi
reeebidacom
agrado pelas
monjas.
Ascelebrae^es
realizadas
aquando
datomada de posse
do convento contaram com acoiaborueão dos
músicos
dacapela
arcebispal
que altemando
com o corodasmonjas.
solenizaram asprimeiras Vésperas
eMatinas
realizadas nomosteiro.
'■'O
mapa
seguinte
apresenta
osmosteiros beneditinos
femininos
existentes no século XVIII emPortusial.
'^ Gabricl
de Sousa. "Beneditinas". Dicionário de Histôna da
Igreja
emPortugal,
Dir.de Antonio Albeno BanhadeAndrade. I.isboa. Ed. Resistência.2°voiuine,"l9S;._
p. ??0.1(3 Geraldo J. A. Coelho Dias, 0 Mosteiro das Beneditinas de
Braganya
e as ViviuicOes doBispo
Diocesano. Actasdo
Congresso
historico.Páginas
da Hisiôriada Diocese deBragan^a
-Mirmuia.
Bragan<;a.
ComissãodeArieSacradeBraganca
-Miranda. 1997.p.446
17
AS, Lĩvro de eleicoes de ahadessas
dpo
mosteiro de S. Bento deMon^ão.
1659.Hoje
em Barcelos. 1715 anos, í. 21. {Relacão encomiástica de soienetrus!ada<;do
quefez
o llustrissimo eI. 1 A
Congrega-eão
BenedninaemPoriugal
Mapa
n" 2Mosteiros
demonjas
beneditinasemPortugal
Em 5 de
Agosto
de1833
épublicado
o Decrelo queproíbe
aadmissão
aOrdens
Saeras
a no\iciadas monásticas. mandandodespedir
as novicasexistenles.
No anoseguinte.
com a extincão dasordens
em1834,
osmosteiros
femininosforam
fechando
progressivamente,
atéficarem
despovoados,
com a mortc dasúltimas
religiosas.
Actualmente nãoexiste
nenhum dosantigos
mosteiros,
tendo sido eriadas
entretanto outra>casas monásticus. Em
1935,
aCongregavão belga
da Raínha dosApôstolos
abriu uma casa monástica pcrto doMosteiro
deSingeverga.
sendo edificado o Mosteiro de Roriz(Santa
Escolástica).
Posteriormente
foram fundados osMosteiros
de Sania Maria do Mar,Sassoeiros
(Carcavelos
.. Baltar(Paredes
').oom oapoio
daCongregacão
Alemã deTutzing.
em 1961 e Torrão