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A preponderância e a permanência dos latinate words em textos escritos na língua inglesa norte-americana

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Rua Barão de Geremoabo, nº 147 – CEP: 40170-290 – Campus Universitário Ondina Salvador-BA Tel.: (71) 3263-6256 – Site: http://www.ppgll.ufba.br – E-mail: pgletba@ufba.br

“A PREPONDERÂNCIA E A PERMANÊNCIA DOS LATINATE WORDS EM

TEXTOS ESCRITOS DA LÍNGUA INGLESA NORTE-AMERICANA.”

por

GILBERTO ANDRADE NETO

Orientador: Profº. Dr. Luis Angélico da Costa

SALVADOR 2005

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Rua Barão de Geremoabo, nº 147 – CEP: 40170-290 – Campus Universitário Ondina Salvador-BA Tel.: (71) 3263-6256 – Site: http://www.ppgll.ufba.br – E-mail: pgletba@ufba.br

“A PREPONDERÂNCIA E A PERMANÊNCIA DOS LATINATE WORDS EM

TEXTOS ESCRITOS DA LÍNGUA INGLESA NORTE-AMERICANA.”

por

GILBERTO ANDRADE NETO

Orientador: Profº. Dr. Luis Angélico da Costa

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras e Lingüística do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Letras.

SALVADOR 2005

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Biblioteca Central Reitor Macêdo Costa - UFBA

N469 Neto Andrade, Gilberto.

A preponderância e a permanência dos latinate words em textos escritos na língua inglêsa norte-americana / Gilberto Andrade Neto. - 2005.

137 f. : il. + anexos

Orientador : Prof. Dr. Luis Angélico da Costa.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Instituto de Letras, 2005.

1. Lingua inglêsa - História 2. Língua latina – Influência sobre o inglês. 3. Língua latina - Latin vulgar. 4. Língua inglêsa – Estilo - Estados Unidos. I. Costa, Luis Angélico da. II. Universidade Federal da Bahia. Instituto de Letras. III. Título.

CDD – 427.009 CDU – 811.111(091)

(4)

A Deus, Senhor de Tudo e de Todos, e

aos meus pais, que sempre depositaram em mim sua esperança e sua

confiança.

(5)

AGRADECIMENTOS

São tantos nomes, tantos incentivos e tantas ajudas, que o simples esquecimento

de um deles constituiria um grave erro.

Primeiramente, agradeço a Deus, Pai Todo-Poderoso, por mais esta vitória em

minha vida.

Agradeço aos meus pais, Gilberto e Sônia, à minha irmã Patrícia, que nunca se

esqueceram o quanto esta Dissertação é importante para mim.

Agradeço aos meus Professores, Colegas e amigos do Instituto de Letras da

Universidade Federal da Bahia, que sempre me apoiaram e compreenderam tão

bem o quanto é difícil redigir uma Dissertação de Mestrado.

Sinceros agradecimentos, admiração e orgulho por ser orientado do grande Prof

o.

Dr. Luis Angélico da Costa, meu Orientador e Mestre, cujos ensinamentos de

sabedoria e paciência me acompanharam pelo resto da vida.

Agradeço às minhas sempre amigas, tão queridas, Laís, Cris e Carla e o meu

amigo Wilson, da Secretaria de Pós-Graduação de Letras e Lingüística, que

nunca negaram apóio e ajuda nos momentos mais terríveis atribulados pelos

maremotos de datas e prazos!

(6)

“Os filhos de Adão, justo é o nome Dos habitantes do mundo da Terra. As filhas de Eva, a raça dos homens, cujo sangue a Palavra encerra. Desde os primórdios possuem todos

O dom de as coisas nomear” Michael Ende, 1979

(7)

RESUMO

A presente Dissertação trata da problemática do uso e da ocorrência dos empréstimos latinos e românicos à língua inglesa (denominados de “Latinismos” ou de “Latinate Words”) na diversidade de construções enunciativas e textuais na variedade inglesa da América do Norte (EUA), realizadas no Discurso Jornalístico. Como o trabalho está subdividido em duas partes distintas – diacronia e sincronia – os capítulos da primeira parte abrangem a teoria da formação da língua inglesa, concentrando-se especificamente em sua formação lexical. Abordam-se os principais períodos de Periodização dos Empréstimos Latinos e Românicos ao inglês: o Período Zero, Primeiro, Segundo e Terceiro Períodos. A segunda parte trata do uso, da função e das razões discursivas (como formalidade, normatização, contextualização) que levam à preponderância e permanência dos Latinate Words nos gêneros textuais jornalísticos reportagem e entrevista Selecionaram-se como corpus para esta pesquisa artigos de reportagens e trechos de entrevistas da Revista norte-americana Newsweek, compreendendo os períodos de 2003 e 2004. Busca-se comprovar a veracidade das hipóteses de que os gêneros textuais mais formais, mais próximos dos parâmetros da escrita apresentarão maior incidência de Latinate Words.

Palavras-Chaves: Empréstimos, Latinismos, Inglês, Latim, Gêneros Textuais, Léxico, Jornalismo.

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ABSTRACT

This Dissertation deals with the question of the usage and occurrence of Latin and Romance-language lexical borrowings in the English Romance-language of North America (USA), that are named “Latinism” or “Latinate Words”, upon the diversity of discourse and textual constructions and made up in the Journalism Discourse. As soon as the Dissertation is split up into two individual parts – diachronic and synchrony ones – the first-part chapters concerns with the theory of the formation of English lexicon. Main periods of Periodization of the Romance Lexical Borrowings into English are dealt: Zero Period, First Period, Second Period and Third Period. The second part is about the usage, function and discursive frameworks (like formality, standardization, and contextualization) which lead to the preponderance and permanence of Latinate Words in the journalism textual genres: newspaper report and interviews. The corpus has been selected from report articles and interview segments from the North-American magazine Newsweek, from 2003 to 2004. It aims to corroborate the veracity of more formal textual genres, closer to the writing structural characters, will bear a major number of Latinate Words.

(9)

LISTA DE ABRAVIATURAS E SIGLAS

Ac. Acusativo.

Ang. Norm. Anglo-Normando.

A.P.E. American & Present-Day Englishes. E.M.E. Early Modern English.

Fr. Arc. Francês Arcaico. Fr. Méd. Francês Médio. Fr. Mod. Francês Moderno. It. Italiano.

L. Latim.

L.V. Latim Vulgar L.W. Latinate Word. M.E. Middle English. Mod. Eng. Modern English.

N. Nominativo.

O.E. Old English.

(10)

LISTA DE QUADROS E DE GRÁFICOS

Quadro 1: Relação de itens lexicais latinos no Período Zero. 42 Quadro 2: Segunda relação de itens lexicais latinos do Período Zero. 43 Quadro 3: Terceira relação de itens lexicais do Período Zero. 43 Quadro 4: Relação de entradas lexicais latinas do Primeiro Período. 47 Quadro 5: Relação de verbos provenientes do Segundo Período Inicial. 52 Quadro 6: Relação de “doublets” Francês/ Normando no Inglês medieval. 60 Quadro 7: Quadro de distinção entre os parâmetros da Fala x Escrita 79 (MARCUSCHI, 2003ª, p.27).

Quadro 8: Relação de Doublets. 102

Quadro 9: Relação de sinônimos. 105

(11)

Resumo v

Abstract vi

Lista de Quadros e Esquemas vii

Lista de Abreviaturas e Siglas viii

INTRODUÇÃO 11

PARTE I: OS LATINATE WORDS NA FORMAÇÃO DA LÍNGUA INGLESA

19

CAPÍTULO 1: AS IDADES DO INGLÊS 20

1.1. Origem das línguas e famílias de línguas 20

1.2. O Indo-Europeu 22

1.2.1. A Descoberta do Indo-Europeu 22

1.2.2. Origem, expansão e representantes 22

1.2.3. O Indo-europeu germânico 24

1.3. A Periodização da língua inglesa 26

1.3.1. Old English 27

1.3.2. Middle English 30

1.3.3. Early Modern English e American & Present-day Englishes 33 CAPÍTULO 2: OS EMPRÉSTIMOS LEXICAIS LATINOS E ROMÂNICOS: OS LATINATE WORDS

37

2.1. A Língua inglesa latina? 38

2.2. Empréstimos entre latinos e germanos 39

2.2.1. Primeiros Contatos 41

2.3. Empréstimos através dos celtas romanizados 44

2.3.1. A Romanização das Ilhas Britânicas. 45

2.4. Empréstimos latinos através do Cristianismo 47

2.4.1. Segundo Período Inicial. 50

2.4.2. A Reforma Beneditina. 52

2.5. Empréstimos românicos através dos normandos e franceses 55

2.5.1. A Inglaterra Normanda 56

2.6. Demais influências 61

PARTE II: OS LATINATE WORDS NA LÍNGUA INGLESA

CONTEMPORÂNEA.

CAPÍTULO 3: GÊNEROS TEXTUAIS, GÊNEROS JORNALÍSTICOS E OS

LATINATE WORDS NA DIVERSIDADE DOS GÊNEROS TEXTUAIS.

65

3.1. Explanações terminológicas 65

3.2. Gêneros Textuais: definição e classificação 67

3.2.1. Antecedentes Epistemológicos 67

3.2.2. Gêneros Textuais: relação entre diversidade lingüística e comportamento social.

70

3.2.3. Delimitação e classificação dos Gêneros Textuais. 75

3.3. Os Gêneros Jornalísticos: reportagens e entrevistas 76

3.3.1.Uma nota sobre o estilo 86

(12)

3.4.3. Os Latinate Words na sincronia inglesa. 94

3.4.4. Doublets e Sinônimos 102

3.4.5. Os Latinate Words nos Gêneros Jornalísticos norte-americanos. 105

3.4.6. Amostra das Análises. 107

a) Reportagens 107 b) Entrevistas 112 CONCLUSÃO REFERÊNCIAS 123 APÊNDICE I 127 ANEXO A 129 ANEXO B 130 ANEXO C 131 ANEXO D 132 ANEXO E 133 120

(13)

Quadro 1: Relação de itens lexicais latinos do Período Zero (GRAESSE, 2005). 42 Quadro 2: Segunda relação de itens lexicais latinos do Período Zero (GRAESSE, 2005). 43 Quadro 3: Terceira relação de itens lexicais do Período Zero (GRAESSE, 2005). 43 Quadro 4: Relação de entradas lexicais latinas do Primeiro Período (GRAESSE, 2005). 47 Quadro 5: Relação dos verbos provenientes do Segundo Período Inicial (GRAESSE,

2005).

52

Quadro 6: Relação dos doublets francês / normando no inglês medieval (GRAESSE, 2005).

60

Quadro 7: Quadro de distinção entre parâmetros Fala x Escrita. (MARCUSCHI, 2003a, p.27).

79

Quadro 8: Relação de doublets (BODMER, 1955, p. 239). 102

Quadro 9: Relação de sinônimos (WALTER, 2003, p. 334). 105

(14)

INTRODUÇÃO

“If elegancy still preceedeth... we shall, within a few years, be fain to learn

Latin to understand English” (Sir Thomas Browne, século XVI)

1

.

Antes de ser iniciada a discussão sobre a história, presença e funcionalidade das entradas lexicais provenientes do Latim e das demais línguas românicas no Léxico da língua inglesa na América do Norte, sugere-se que se apreciem os seguintes textos abaixo2:

TEXTO 1:

New York City has five boroughs – the Bronx, Brooklyn, Manhattan, Queens, and Staten Island – that are linked by a series of bridges, tunnels, and ferries. Manhattan is an island; the Bronx is north of Manhattan and on the mainland; Queens and Brooklyn are on the Western tip of Long Island, which stretches east into the Atlantic Ocean […].

Streets in Manhattan (13.4 miles long and 2.3 miles wide at its widest), run east-west and ascend in numerical order going north from Houston Street. Below Houston, streets have their own names.

Fifth Avenue divides Manhattan into East Side and West Side; street addresses increase with their distance west and east from Fifth Avenue, usually by 100 per block. Midtown is Manhattan’s main business district. Downtown (below 14th Street) contains Greenwich Village, SoHo, TriBeCa, and the Wall Street financial district. Downtown can also mean south of wherever you happen to be at the moment; uptown refers to all points north. If you’re at 14th Street and your destination is 50th Street, you’ll be traveling uptown to get to Midtown.

Approximately 20 north-south blocks equal a mile.

As a general rule, traffic is one-way going east on even-numbered streets, one-way going west on odd-numbered streets. Main east-west streets are two-way and some smaller streets don't follow this rule.

Sixth Avenue is formally named Avenue of the Americas; both terms are used. (NYC & COMPANY, 2004).

TEXTO 2:

Tom,

After the show, we just headed down Broadway and fell into this charming cappuccino place. We were both still full from dinner, but we couldn’t resist… cozy little booths… a jazz ensemble. What a find. Oh, the best part – they had this singer come on; she was great. She had the whole crowd singing. Then she passed the mic around and we all sang solos. It was hysterical. We stayed till 1:45 in the morning – and walked back. There was a guy selling paintings a few blocks from the hotel… and wouldn’t you know, after 5 months of searching for something for the kitchen wall, we found it in 2 minutes. You shouldn’t seen us. I don ´t know what was bigger – the painting of the grins on our faces. And all I kept thinking was it´s great to be back in the city!

11 “Se perseverar a elegância (...) em alguns anos deveremos aprender Latim a Inglês” (Tradução nossa). 2 Conferir ambas as traduções no APÊNCIDE A.

(15)

Love

Jean (PAVLIK; HERNANDEZ, 1995).

Ambos os textos apresentam assuntos relacionados à cidade de Nova York. O primeiro expõe aspectos topográficos da ilha de Manhattan e seus principais meios de circulação. Foi extraído do site NYC e Company, Inc., cuja função é a divulgação turística da cidade de Nova York. O segundo trecho apresenta-se como um texto informal, uma carta, de Jean para Tom, pondo-o a par das situações corriqueiras que a autora passara em Nova York.

Não constitui novidade o fato de ambos os trechos apresentarem diferenças consideráveis, seja no aspecto textual (coerência, estilo), seja no aspecto gramatical (sintaxe e léxico). No sentido estilístico, observa-se no Texto 1 maior cautela com a pontuação, a ordem das sentenças, a concordância verbal, mas também algumas práticas típicas do inglês informal. Observa-se, também, a insistência do autor em preservar a coerência textual, seguindo uma linha de raciocínio que estabelece e mantém a atenção do leitor ao longo da informação transmitida. O primeiro parágrafo informa que Nova York possui cinco boroughs, a saber, Bronx, Brooklyn, Manhattan, Queens, e Staten Island. Ainda no mesmo parágrafo, informa-se que Manhattan é a ilha principal, sendo que Bronx, ao norte, fica no continente. O resto do texto concentra as atenções exclusivamente em Manhattan. O Texto 2, por outro lado, mostra-se mais negligente com a questão da sintaxe e do estilo. Há inserções de acentos (três pontos e travessão) e de interjeições, como em Oh, the best part – they had this singer

come on (l. 3). O estilo é mais livre, com o uso de neologismos e expressões idiomáticas de

uso corrente.

As diferenças entre os textos acima apresentados refletem os diferentes aspectos textuais e gramaticais da língua inglesa, sobretudo no léxico. O Texto 1, por exemplo, constitui-se a priori em um gênero informativo que visa ao alcance de um público vasto e diversificado: os próprios americanos e estrangeiros. Busca divulgar, via meios eletrônicos, as informações e os elementos típicos dessa parte de Nova York. Por ser mais formal, segue,

(16)

portanto, um padrão de elaboração estilístico-gramatical que os lingüistas de fala inglesa denominam de Standards of Modern English.3 O Texto 2, no entanto, porta-se como elo comunicativo escrito entre dois indivíduos próximos entre si. No caso, trata-se possivelmente de um casal de namorados ou amigos. Há a ausência de regras formais para a elaboração textual, carece de uma seleção lexical mais apurada, visto que se trata de uma carta dirigida apenas a um indivíduo bem íntimo da autora. Note-se que em ambos os casos há nítida intenção de transmitir-se uma dada informação, de modo diferente, devido à diferença de destinatários e das circunstâncias em que foram produzidos os dois textos.

O falante ou o escritor, ao realizar seu discurso, procura tornar-se compreendido ou “bem aceito” pelos receptores da mesma língua. A adequação ao contexto define o uso dos elementos gramaticais, para a boa manutenção do mecanismo da linguagem, conforme a colocação de Marcuschi (2003a, p. 43):

Os sentidos e as respectivas formas de organização lingüística dos textos se dão no uso da língua como atividade situada. Isto se dá na mesma medida, tanto no caso da fala como da escrita. Em ambos os casos temos a contextualização como necessária para a produção e a recepção, ou seja, para o funcionamento pleno da língua. Literalidade e não-literalidade dos itens lingüísticos e dos aspectos que não podem ser definidos a priori mas em contextos de uso.

Dentre as várias “formas de organização lingüística”, a fim de favorecer a plena “contextualização”, necessária para a “produção e a recepção (...) para o pleno funcionamento da língua”, vem ao encontro de nossas necessidades a questão da seleção lexical (BAKHTIN apud KOCH, 2004, p. 161) – a escolha de determinadas entradas lexicais adequadas ao contexto discursivo.

Assim sendo, retomando os exemplos, as observações serão restringidas ao âmbito lexical dos dois textos, ou seja, aos elementos lexicais que mais se assemelham ao idioma nativo. Basta uma rápida leitura do texto 1 para perceber-se o largo uso de vocábulos cognatos ao português. Tome-se o terceiro parágrafo. Nele se encontrarão, em apenas seis

(17)

linhas, as palavras: Avenue, divides, addresses, distance, usually, per, block, district, contains,

Village, financial, moment, refers, points e destination. Já o texto 2, fornece poucos exemplos

dos chamados “latinismos”. Ao contrário, abusa de neologismos, expressões coloquiais como

headed down e marcas da criatividade do falante, como, por exemplo, mic, ao invés de microphone.

Há um forte senso-comum, compartilhado pela maioria dos falantes e usuários da língua inglesa, de que determinados vocábulos sejam mais utilizados em certas modalidades textuais mais formais, enquanto que outros marcam sua predominância nas modalidades mais informais e coloquiais. No primeiro grupo, podem ser incluídos os vocábulos oriundos do latim e das línguas românicas que se desenvolveram a partir da diversidade dialetal do Latim Vulgar, geralmente denominados de “latinismos”4, ou os Latinate Words (doravante nesta dissertação LW), e compõem 70% dos vocábulos do Inglês (BRITO, 1965); os outros se referem aos vocábulos naturais ou “nativos” do inglês, como desenvolvimento dialetal e diacrônico dos dialetos anglo-germânicos dos séculos VI e VII da era Cristã. Daí, estabeleceram-se dicotomias lexicais determinadas pela polarização entre latinismos / germanismos.

Qualquer estudioso do léxico inglês estaria naturalmente suscetível a indagar-se quais as razões que conduziram à discriminação dos vocábulos de origem comprovadamente germânica ou não-latinas nas construções textuais de maior aspecto formal. Análises retrospectivas da história das línguas (principalmente do inglês) das sociedades britânicas e norte-americanas, condicionadas por fatores extralingüísticos, forneceriam respostas plenamente satisfatórias.

4 Não há uma terminologia consagrada, em Standards of Modern English, para se referir aos elementos do vasto

conjunto de itens lexicais latinos e românicos. Alguns autores, como Legget, preferem o termo latinized

vocabulary ou, como Gorrel e Laird, Latinate vocabulary. Adotou-se nesta pesquisa o termo Latinate Word,

(18)

Semelhantemente às sociedades vizinhas na Europa continental, os germanos, (ancestrais dos futuros britânicos), desde a sua chegada à Brittania romana ocupada pelos Celtas, tornaram-se alvo de sucessivas invasões políticas acompanhadas de fortes influências culturais e lingüísticas, fato que não vem a ser um acontecimento inédito para eles, pois, desde os princípios do século IV, as tribos germânicas intercambiaram relações culturais e elementos lingüísticos nas fronteiras fluviais do Reno e do Danúbio. Entretanto, dentre as principais invasões, os britânicos coincidentemente ocuparam posições de subserviência social e política quando subjugados por povos de cultura e língua latina ou românica. Citam-se, como exemplos principais, a soberania teológica e religiosa da Igreja Católica, liturgicamente de língua latina, que exerceu enorme influência no panorama religioso na Grã-Bretanha a partir do século VI até os tempos da Reforma de Henrique VIII, e o domínio político dos franco-normandos a partir do século XI nas diversas áreas da Corte, da nobreza, das Forças Armadas e da estruturação hierárquica da Igreja. A Igreja trouxe o latim à esfera erudita e acadêmica nos centros de produção cultural, religiosa e científica na Grã-Bretanha, assim como os franceses elevaram o franco-normando, fruto do Latim Vulgar, aos ambientes elitistas das cortes inglesas. Falar ou simplesmente conhecer latim e francês tornou-se requisito de ascensão e prestígio social. Em todas essas ocasiões, o inglês ocupara o último lugar na escala social do panorama lingüístico da Grã-Bretanha. Sendo utilizado por classes subalternas, não demorou que sofresse profundas mudanças estruturais e recebesse estereótipos pejorativos no uso corrente dos falantes. Logo, esses fatores de ordem histórica e social moldaram naturalmente o arranjo lexical do inglês conforme conhecido hoje e atribuíram aos “latinismos” o status de sofisticação estilística e o prestigiado dever de representar a formalidade lexical no uso corrente da língua inglesa.

Tendo-se em mente que fatores históricos e sócio-culturais condicionaram a presença dos LWs no inglês, outras questões se levantam. Os LWs atribuem o status de

(19)

formalidade a determinada construção textual ou as construções textuais conduzem os usuários de fala inglesa a utilizarem abundantemente dos “latinismos”? Textos de caráter informativo como as revistas, se apresentarem eventualmente maior preponderância de “latinismos”, deveriam ser etiquetados como formais? Seriam quaisquer produções escritas, como a reprodução de entrevistas, que tratam de temas mais corriqueiros, necessariamente informais pela simples razão de trazerem em seu repertório lexical considerável número de itens germânicos?

Por esta razão, esta dissertação de Mestrado, intitulada “Preponderância e permanência dos latinate words nos textos escritos do inglês norte-americano” buscará descobrir se uma eventual formalidade estilística em textos informativos (como artigos e revistas) promove o maior uso de elementos lexicais latinos e românicos, e se a ausência desses “latinismos” deveras ocorre nos textos de caráter mais informal, como entrevistas.

A fim de buscar a identificação dos dados que fundamentam a pesquisa, analisam-se analisam-seqüências textuais (fragmentos textuais) extraídos de dois diferentes gêneros textuais do domínio jornalístico: a reportagem e a entrevista. Os eleitos para constituir os corpora (dos quais foram extraídas as sentenças) desta pesquisa foram:

a) Dez edições da Revista Newsweek, compreendendo os períodos mensais de janeiro a abril dos anos de 2003 e 2004, cujos artigos selecionados inserem-se nas Seções World Affairs,

U.S. Affairs e Society. A escolha das revistas e de seus respectivos artigos deve-se à sua

função divulgadora e informativa, além do fato de que as mesmas alcançam público maior e mais diversificado.

b) Dez entrevistas realizadas pelos editores da revista Newsweek que abordam temas relativos à personalidades e a assuntos artísticos e entrevistas que tratem de assuntos internacionais, como situação geo-política e diplomáticas.

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a) Índices elevados de presença de itens lexicais provenientes do Latim e das línguas românicas, mais especificamente o normando e francês, em textos são devidas à soma de fatores intra-textuais (léxico, sintaxe, estilo, conteúdo temático etc) com extra-textuais (contexto, uso e função de dado gênero), que são estilisticamente mais bem elaborados, normatizados e que requerem maior consciência por parte do falante e/ou escritor para realizá-los.

b) As reportagens jornalísticas, na modalidade escrita, que tratam de assuntos relacionados à política e à cultura, dado o fato de maior seletividade de elementos lingüísticos na redação, maior divulgação e circulação entre a população leitora, sendo consequentemente classificados como mais formais, vez que apresentam alto índice de uso de Latinate Words.

c) As entrevistas jornalísticas, tratando de assuntos culturais e artísticos, não requerem maior preocupação na seletividade lexical: logo não há grande índice de Latinate Words.

A Dissertação divide-se em duas partes distintas, que abordam, respectivamente, o processo de formação histórica e a contemporaneidade do léxico do inglês norte-americano. A primeira parte consta de dois capítulos que tratarão da história da língua inglesa, restringindo suas análises ao processo de formação lexical inglesa resultante dos contatos da sociedade, cultura e língua da Grã-Bretanha com as culturas e línguas latinas, normandas e francesas. Parte-se dos primeiros contatos entre os romanos e as tribos germânicas nas fronteiras fluviais do Império dos séculos IV e V ao século XX. A segunda parte, com um capítulo e que constitui a abrangência de estudo do objeto de análise desta pesquisa, toma os pressupostos teóricos e epistemológicos da Lingüística Textual e dos princípios dos Gêneros Textuais ou Gêneros Discursivos, dialogando-os com a realidade lingüística do léxico do inglês norte-americano. Aborda-se a funcionalidade e a preponderância dos “latinismos” nas revistas

(21)

(textos informativos): artigos de assuntos políticos internacionais e entrevistas. Conclui-se com a confirmação ou refutação das hipóteses.

A dissertação é finalizada com um apêndice no qual se encontra a tradução dos dois seguimentos textuais supramencionado. Nos anexos – cinco ao total – o leitor poderá encontrar material visual (mapas) e informações (tabela) úteis para a plena compreensão e acompanhamento das idéias desenvolvidas neste trabalho. Os Anexos A e B fornecem dois mapas da distribuição dialetal do inglês em seus dois maiores períodos iniciais, o Old English e o Middle English. O Anexo C vem expor um gráfico da distribuição dos parâmetros caracterizadores da Fala e da Escrita, distribuídos sob o continuum tipológico dos gêneros textuais. O Anexo fornece dois exemplos da realização textual escrita inglesa, formal e informal respectivamente. Finalmente, tem-se uma tabela expondo todos os LWs encontrados nos corpora da pesquisa, informando sua etimologia, a primeira data de registro (escrito) na língua inglesa, em qual período da língua ela foi primeiramente registrada e seu correspondente em português.

Ao tratar-se de latinate words da língua inglesa dos Estados Unidos da América, primeiramente considerações pertinentes serão tecidas sobre a história dessas palavras, definindo-se os motivos que levaram as sociedades britânicas a adotá-las ao longo dos séculos e a importância que desempenharam na língua.

(22)

PARTE I

OS LATINATE WORDS NA FORMAÇÃO DA LÍNGUA

INGLESA

(23)

CAPÍTULO 1

AS IDADES DO INGLÊS

“A língua do outro? É necessário vivê-la como uma barreira que nos separa

eternamente? Ou como um véu por trás do qual se oculta uma visão diferente do

homem e da vida?” (André Martinet)

Este capítulo da primeira parte se ocupará, em linhas gerais, da história da língua inglesa em seus quatro grandes períodos: Old English, Middle English e Early Modern

English e American & Present-day Englishes. Analisar-se-á separadamente cada período, suas

estruturas dialetais e, sobretudo, lexicais. Para tanto, parte-se primeiramente de sucintas considerações sobre a origem da linguagem humana, famílias de línguas, da constituição do Indo-europeu (representantes) e do tronco germânico.

1.1. Origem das línguas e famílias de línguas

Qual e quando seria a origem da linguagem humana? O que, de fato, conduziu os seres humanos primitivos a estabelecerem um sistema de códigos vocais que instauraria a comunicação com seus iguais e lhes permitiria atribuir significação da realidade ao redor?

Lingüistas de várias gerações, alguns portadores de eminência na Área, realizaram tentativas em explicar a maneira em que a língua surgiu. Nasceram, desta forma, teorias e hipóteses, muitas das quais não sobreviveram, dada a falta de fundamentos empíricos. A tentativa em firmar hipóteses sobre a origem das línguas frutificou em teorias jocosamente batizadas com denominações (“bow-wow”, “poh-how”, “ding-dong” etc.), interessantes à primeira vista, mas que erguem inúmeras indagações.

Sendo assim, embora não se compartilhe uma opinião generalizada sobre a origem da linguagem humana, fato é que as línguas mudam ao passar do tempo. Na medida em que

(24)

“evoluem”, sofrem profundas diferenciações dialetais ocasionadas por diversos fatores como contato entre línguas, barreiras geográficas que separam regionalmente os falantes ou a própria natureza mutativa da linguagem. As variações dialetais, por sua vez, também sofrem transformações que geraram novas variações. Obviamente, sendo língua e sociedade tão impregnadas entre si, fatores extralingüísticos (históricos, sociais, culturais) contribuem para a mudança lingüística. Basta observar como os movimentos nômades antigos exerceram influências profundas na expansão de línguas em vastas áreas geográficas.

Apesar das tentativas frustrantes e da refutação de hipóteses, os lingüistas não invalidam a importância de constituirem-se abordagens que tratam da origem das línguas. Dentre elas, cita-se a abordagem, relativamente adotada pelos comparativistas do século XIX e fundamento da Lingüística Histórica, cuja tarefa é coletar dados lexicais de diversas línguas, analisá-las em suas estruturas, listar semelhanças para, por fim, chegar-se à forma mais primitiva possível. Se se torna cientificamente inviável partir-se da forma pré-histórica para as atuais, constatou-se a possibilidade do processo inverso: partir das línguas atuais para as mais primitivas possíveis. Tomando por empréstimos os pressupostos da Biologia evolutiva e taxonômica do século XIX, os lingüistas forjaram, a partir dos resultados comparados, termos como “língua-mãe”, “evolução lingüística”, “língua-ancestral”, “língua-descendente”, “tronco lingüístico” e, principalmente, “famílias de línguas”. Línguas com semelhanças visíveis em suas estruturas naturalmente advieram de uma outra estrutura, extinta e prototípica, pertencendo, pois, à mesma família de língua.

(25)

1.2. O Indo-europeu

1.2.1. A Descoberta do Indo-europeu

No século XVIII, eruditos e magistrados europeus, em viagens ao Oriente, descobriram semelhanças entre suas línguas e as dos indígenas em muitos aspectos, não apenas lexicais, mas também gramaticais. Ora, tantas semelhanças jamais deviam ter sido negligenciadas levianamente, cabendo aos lingüistas do século posterior a tarefa de cotejar as semelhanças e reconstruir a extinta forma original que as produziu, concedendo-lhe certas denominações, como língua prototípica ou proto-língua.

Na Suprema Corte de Justiça Britânica, sediada na Índia, trabalhava o magistrado britânico Sir William Jones, que percebeu uma forte afinidade entre o Sânscrito, o Grego e o Latim. A explicação para tamanha afinidade residia numa fonte comum. À essa fonte comum hipotética, reconstruída historicamente ao longo dos séculos XIX e XX, foram dados vários nomes como Ariano, Indo-iraniano, Jefético (denominação mitológica alusiva ao filho do Noé bíblico, Jafet), Indo-Germânico etc. (ROBERTSON, 1950), mas prevaleceu o termo

Indo-europeu, família na qual o inglês nasceria em meados do século V d.C. Paradoxalmente,

povos que falavam Indo-europeu não legaram aos dias atuais qualquer registro escrito que nos permita deslumbrar detalhadamente essa grande língua.

1.2.2. Origem, expansão e representantes.

Faltam conclusões, conjuntamente aceitas por antropólogos, arqueólogos e, principalmente, lingüistas no que concerne à área geografia de onde a língua, que mais tarde veria a ser denominada de Indo-europeu, se expandiria pela região da Europa até a Índia. Semelhantemente, não há provas empíricas se o Indo-europeu foi utilizado apenas por um

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povo ou por vários povos. Pode-se falar, com segurança, de língua indo-européia, porém não de um povo indo-europeu.

Todavia, as investigações não cessam. Pesquisadores das áreas de conhecimentos da Arqueologia, Antropologia e Lingüística desenvolveram hipóteses persistentes quanto à região de berço do Indo-europeu, o epicentro de expansão da língua que geraria os ramos de línguas indo-européias. Alegavam-se ser originário da região correspondente ao atual Iraque, ou a atual Lituânia (nordeste da Europa), à beira do Mar do Norte ou às regiões centrais e sudeste da Ásia etc. Entretanto, a hipótese da origem européia do Indo-europeu não é unânime5.

O Indo-europeu, como língua de uma(s) sociedade(s), iniciou sensivelmente seu processo de expansão pelo mundo euro-asiático a partir do quinto e quarto milênios antes de Cristo. Após o terceiro milênio a.C, por paulatinas e sucessivas correntes de migrações humanas, povos de língua indo-européia estabeleceram-se em seus respectivos territórios, impondo sua cultura e, obviamente, sua língua aos povos autóctones não-indo-europeus na Europa. Por conseguinte, a Indo-Europa compreendia um vasto território, indo da Europa à Índia, passando pelos Cáucasos russos e sendo limitado ao sul pelos semitas árabes.

Nove ramos lingüísticos compõem os descendentes modernos do reconstituído Indo-europeu6: Indiano (atualmente representado por hindi, urdu, bengali, punjabi e

marathi), Iraniano (persa arcaico e médio iraniano. Este último, também denominado de Palavi, originou o persa moderno), Armeniano, Helênico (dialetos jônico, eólico, arcádio-cipriano e dórico. O ático, o mais estudado, que constitui a língua de Atenas e tornou-se a

base da koiné), Albaniano (atual albanês), Itálico (o Latim tornou-se o mais célebre do ramo

5 Ciências humanas aliadas à Lingüística, como a Arqueologia, fornecem dados empíricos sócio-culturais sobre

os kurganos, povo pré-histórico, que localizam o berço dessa proto-língua à beira setentrional do Mar Negro e ao norte dos Bálcãs. Dali, partiram duas correntes de expansão: as primeiras se dirigiram ao sudeste, passando pela Turquia e sul dos Cáucaso, em direção à Ásia. A segunda expandiu-se ao norte e ao oeste da Europa. Segundo Walter (2001, p.19) “pode-se formular a hipótese de que eram essas populações que falavam línguas indo-européias”.

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itálico, germinou, através de sua forma coloquial - Latim Vulgar, nas atuais línguas românicas conhecidas e influenciou significativamente a língua inglesa desde os primórdios), Báltico-Eslavo ou Eslavônico (russo, ucraniano, polonês etc.), Céltico (gaélico irlandês, escocês,

manês, córnico, bretão etc.) e o Germânico.

1.2.3. O Indo-europeu germânico

Com os cognomes de proto-germânico, gotônico ou teutônico, as análises desse ramo serão aqui abordados mais precisamente.

A pátria dos povos germânicos, antes do início de suas incursões pelo resto da Europa, e principalmente, pelas Ilhas Britânicas a partir do século V d.C, corresponde à Escandinávia, descendo pela Dinamarca até as planícies nortes da Alemanha (Mecklembourg). Provavelmente, habitavam essa região desde o primeiro milênio a.C e mantinham contatos com os celtas. Nos meados do primeiro milênio a.C, estendem suas fronteiras ao leste, ao norte e ao sul, acoplando a seus territórios a Polônia, os Países Baixos e o resto da Alemanha. A expansão prolongou-se até as fronteiras fluviais do Reno e Danúbio, onde se encontraram com o Império Romano. Posteriormente, será evidenciada a suma importância desse contato entre os romanos e os germanos para a motivação dos primeiros empréstimos latinos à língua inglesa.

Linguisticamente, o ramo Germânico compõe-se de três grupos principais: - Germânico Oriental,

- Germânico do Norte ou Setentrional e - Germânico Ocidental.

As línguas que pertenciam ao grupo oriental desapareceram completamente por volta do século VII d.C (WALTER, 2003). Paradoxalmente, gozam do fato de pertencerem ao

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grupo que compartilhou os registros escritos mais antigos do ramo germânico (ao lado das runas escandinavas), como a tradução da Bíblia pelo Bispo Ulfilas, em 350 d.C, escrita em gótico, que foi a principal língua do grupo7. Afirma-se que o burgúndio e o vândalo pertencem ao Germânico Oriental.

O Germânico do Norte comprimiu-se na Escandinávia e na Dinamarca, expandindo-se, em seguida, pelas Ilhas Faroés e Islândia. É também cognominado de Escandinavo ou grupo das línguas escandinavas. As famosas inscrições rúnicas, datadas do século III d.C, pertencem à tradição escrita desse grupo. Dividem-se em orientais (sueco e dinamarquês) e ocidentais (norueguês e islandês). Outra língua é o feróico das Ilhas Feroés.

O Inglês atual situa-se no grupo ocidental. Em conseqüência de transformações de natureza fonética, como a Segunda Transformação Consonântica, o grupo ocidental germânico foi reestruturado em dois sub-grupos: as línguas que passaram pela Segunda Transformação constituíram o Alto-alemão (High German), e as que não passaram constituíram o Baixo-alemão (Low German). Do Alto-alemão, têm-se o franco oriental,

bavário, alemânico, loreno, o alsaciano, suábio e o extinto longobardo. O Baixo-alemão é

representado pelas línguas saxão arcaico (base do alemão ou Plattdeutsch),

baixo-franco arcaico (ancestral do holandês e do flamengo, miscigenado com frisão e saxão), africâner (variação holandesa na África do Sul), frisão arcaico (evoluiu para o frisão

moderno, falada na província de Friestland e algumas ilhas costeiras dos Países Baixos) e

inglês arcaico (Old English, que evolui para o Inglês Moderno)8.

7 Os godos – germanos orientais – partiram da região da Vístula e foram estabelecer-se nas margens do Mar

Negro, onde o Bispo Ulfilas, etinicamente pertencente a eles, evangelizou-os.

8 Baugh (2002) cita que há inúmeras maneiras de classificar as línguas do Germânico Ocidental. Dentre elas,

uma estabelece a adição de uma língua intermediária direta entre o Germânico Ocidental e o Old English e Frisão Arcaico, que se denomina de Anglo-frisão. Walter (2001) adota essa classificação e divide todo o grupo Ocidental em Teutônico (Alto-alemão e Baixo-alemão, com exceção do Old English e Frisão Arcaico) e

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1.3. A Periodização da Língua Inglesa.

Entende-se por língua inglesa a maior língua em extensão territorial e cultural do mundo contemporâneo, falada por aproximadamente quatrocentos milhões de falantes nativos e sendo segunda língua para mais de quinhentos milhões de indivíduos. Identifica-se como a língua de cento e quatro Nações do mundo (GORDON, 2005). Com o advento e o avanço das tecnologias comunicativas e de informação, o conhecimento e o uso de inglês tornaram-se necessários para a inserção dos indivíduos nas demandas científicas, tecnológicas e culturais do mundo globalizado.

O inglês inaugura sua trajetória no Ocidente quando as tribos germânicas, Jutos, Saxões e Anglos, emigram de seus territórios nativos no continente europeu para as Ilhas Britânicas, a partir de 449 d.C. Todas essas tribos trouxeram consigo seus dialetos, que, ao radicar-se em solo britânico, prosseguiram seu processo de diferenciação em relação aos da Germânia continental. Sofreram, por conseguinte, influências de outras línguas já presentes nas Ilhas Britânicas, como o Celta, assim como haviam sofrido influências do Latim antes de sua chegada à Grã-Bretanha.

Contando aproximadamente um milênio e meio de história, o inglês naturalmente diferenciou-se consideravelmente desde o século V d.C. Características estruturais, como flexões verbais e nominais, herdadas do Indo-europeu, logo desapareceram no idioma, ao passo que o léxico modificou-se de tal maneira que se tornou impossível a um falante do Inglês atual reconhecer um item genuinamente germânico.

As mudanças estruturais em todos os níveis – sintáticos, fonológicos, lexicais e semânticos – ocorreram paulatinamente no Inglês, mas houve momentos em que semelhanças se impuseram mais notavelmente. Graças ao estudo dessas semelhanças paradigmáticas, estabeleceram-se quatro grandes períodos na História da língua inglesa:

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a) Old English (449 d.C – 1100). b) Middle-English (1100 – 1500).

c) Early Modern English (1500 – 1776).

d) American & Present-day Englishes (sic!) (1776 – presente).9

Em virtude da exigüidade do tempo e da complexidade do tema, analisar-se-ão, em cada período, a diversidade dialetal, a estrutura lexical e a importância literária e cultural que prestaram à língua inglesa e às suas comunidades falantes.

1.3.1. Old English.

Também conhecido como Anglo-saxão. Identifica-se como a “aurora” da língua inglesa. Atribui-se seu início em 449 d.C, perdurando até 1100. Caracteriza-se por uma perceptível discrepância estrutural em relação ao inglês atual, tanto que falantes nativos precisam de estudos mais apurados para compreender Old English, pois, ao contrário, torna-se impossível ter um conhecimento satisfatório sobre a primeira idade do Inglês. Basta citar o fato de o alfabeto ser diferente do atual e não ter apresentado uma uniformidade convencional entre os antigos escritores de Old English. Outro dado relevante é o fato desse estágio da língua perdurar por aproximadamente 650 anos. Às vésperas do início do século XII, o Old

English já não era o mesmo de 449 d.C. Assim como se diferenciou no tempo, o Old English

diferenciou-se no espaço.

O Old English não era sistematicamente uma língua unificada e comum a todos os falantes germânicos da Grã-Bretanha. Compunha-se de um conjunto de dialetos, bastante semelhantes entre si, que advieram dos grupos dialetais dos invasores. Foram quatro10:

9 As traduções aos períodos são: Old English (Inglês Arcaico), Middle English (Médio Inglês), Early Modern

English (Inglês Moderno primitivo) e American & Present-day Englishes (línguas inglesas americana e atuais). Obras mais antigas não reconhecem a atual classificação dos dois últimos períodos, considerando-os apenas como Modern English (1500 – presente).

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a) Northumbrian (Nortumbriano): dialeto ao norte do rio Humber, região ocupada pelos Anglos.

b) Mercian (Merciano ou Mercênico): dialeto de toda a região inglesa entre o Humber e o Tâmisa. Evidencia algumas semelhanças estruturais com o Nortumbriano, tanto que se defende a hipótese de unificá-los sobre o rótulo de Anglian, já que fora o dialeto da região ocupada pelos Anglos.

c) Kentish (Kêntico): dialeto ao sudeste da Inglaterra, de Kent, ao sul do Tâmisa.

d) West Saxon (Saxão-ocidental): o mais importante e influente dos dialetos de Old English. Dele, data a maioria das primeiras obras escritas e das atividades literárias do primeiro milênio do Inglês, como Beowulf. Compreendia a região colonizada pelos Saxões e foi a língua do reino germânico saxão. Graças a testemunhos escritos e ao requinte literário, o West Saxon expandiu sua influência a todas as regiões da Grã-Bretanha, tornando-se o

standard de Old English.

Os dialetos de Old English apresentaram diferenças entre si, mas também muitas semelhanças. Alguns, como o West Saxon, legaram uma riquíssima tradição literária, base para os estudos de Old English, ao lado do Merciano e do Nortumbriano, cujos testemunhos escritos são praticamente raríssimos.

O Léxico do Old English mostrava peculiaridades, majoritariamente extintas com o advento do inglês moderno. Inexistiam os altos índices da presença de empréstimos estrangeiros, inclusive do latim, do grego e de outras línguas nórdicas, embora houvesse raros empréstimos latinos. A maioria das entradas lexicais era “genuinamente” anglo-saxã. A riqueza em afixos, como –ig, -full, -lēas, -līce, -nes, -ung etc, evidenciava-se pelo excessivo uso na construção de novas entradas lexicais e especificação de significados. Por exemplo, segundo citador por Baugh (2002), o item mōd (ancestral do atual mood, “estado mental”,

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“humor”) possuía o significado principal de “mente”, “espírito”, “coração” em Old English. Bastava o acréscimo do sufixo –ig para transmutar de classe gramatical, de modo que se teria o adjetivo mōdig (corajoso) correspondente ao nome mōd, com sensível mudança semântica. Dessa maneira, tinha-se mōdiglīce (advérbio, “corajosamente”), mōdigian (verbo, “orgulhar-se”, “sentir-se corajoso, valente”) e mōdignes (nome, “orgulho”, “magnanimidade”).

Adicionado ao fato de que velhos itens adquiriam significados inéditos, os próprios itens lexicais já existentes combinavam-se, originando novos itens para novos significados. Baugh (2002, p. 64) testemunha que “such resourcefullness is characteristic of Old English. The language in this stage shows great flexibility, a capacity for bending old words to new uses.”11 Tal característica de formação de palavras, conhecida como

self-explaining compounds, existe na idade moderna do inglês, como exemplificam as entradas one-way street (“rua de mão-única”, construída pelas formas one, way e street) e coffe-table book (formado pelas entradas coffe, table e book), a eleven-years-old boy (“garoto de onze

anos de idade”) e os famigerados phrasal verbs. Logo, a criatividade lexical do Old English, através da adição de afixos e justaposição de formas existentes, incrementava sua riqueza de palavras e expressões. Somente no século XII é que o léxico do inglês assumirá configurações totalmente diferentes.

Vale ressaltar que os nomes do Old English seguiam paradigmas flexionais. Flexionavam-se em quatro casos (nominativo, acusativo, ablativo e dativo), em gêneros masculino, feminino e neutro e em duas grandes declinações: “fortes” (terminadas nas vogais ā, e, o, u) e “fracas” (terminadas em consoantes).

Os primeiros textos em Old English são datados do século VIII. Para concluir esta amostragem de Old English, convida-se o leitor a observar o texto litúrgico do Pai-Nosso em

Old English, cuja origem atribui-se ao século XI.

11 “Esta recursividade é característica do Old English. A língua, neste estágio, evidencia uma grande

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Fæder ūre,

Þū þe eart on heofonum, sī þīn nama gehālgod. Tōbecume þīn rīce.

Gewurþe ðīn willa on eorðan swā swā on heofonum. Ūrne gedæghwāmlīcan hlāf syle ūs tō dæg.

And forgyf ūs ūre gyltas, swā swā wē forgyfað ūrum gyltendum. And ne gelæd þū ūs on costnunge,

ac, ālys ūs of yfele. Sōþlīce.

Ao conhecedor da língua inglesa, reconhecem-se facilmente as formas fæder como atual father (“Pai”), ūre (our, “nosso”), heofonum (heavens, “Céus”, “Paraíso”), nama (name, “nome”), gyltendum (guilt, “culpa”), ūs (us, pronome oblíquo “nos”), swā swā (so,

“assim”, “assim como”). Observa-se a semelhança do adjetivo possessivo de segunda pessoa

do singular þīn em þīn rīce (teu reino) com o teu do português, tu do espanhol etc. Esses pronomes desapareceram na língua a partir do século VIII com as invasões nórdicas, dos quais os anglo-saxões tomaram de empréstimo dos escandinavos you e your.

1.3.2. Middle English.

Não demoraria mais do que quarenta anos após a derrota de Haroldo, na histórica Batalha de Hastings contra os invasores normandos do norte da França, em 1066, para que o inglês inaugurasse uma nova fase de sua história. Denomina-se Middle English o período da língua inglesa que compreende os anos entre 1100 e 1500. O inglês passaria por profundas transformações, tanto dialetais, quanto lexicais, refletindo as mudanças extralingüísticas

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resultantes das invasões normandas e francesas a partir do reinado de Guilherme, iniciado em 1066.

A diversidade dialetal do Old English – Nortumbriano, Merciano, Kêntico e Saxão Ocidental – remodelaram-se em novas variações dialetais.12 O Nortumbriano continuou restringido ao norte, na fronteira com a atual Escócia, e passou a ser denominado Northern13. O Merciano também recebeu nova denominação, Midland, mas sob duas divisões: o West

Midland (ocupando a costa ocidental e a fronteira com o País de Gales) e o East Midland

(região mais abrangente até a costa oriental. Nele, localizava-se o dialeto de Londres). Foi a variação East Midland do antigo Merciano que se tornou o dialeto padrão da língua inglesa no final do período médio, pois, com a importância crescente de Londres na política e na literatura, o dialeto londrino expandiu-se por todas as regiões. Os antigos Saxão-ocidental e Kêntico acoplaram-se nos tempos do Middle English, originando o Southern, com duas pequenas variações southwestern e southeastern14.

O léxico, em Middle English, recebeu inovações tão significativas e profundas que se reconfigurou totalmente. Antes, o word-stock da língua inglesa compunha-se majoritariamente de itens lexicais genuinamente anglo-saxões ou germânicos, embora contasse com a presença de pouquíssimos empréstimos, como latinos e celtas. Falantes de Old

English erigiam novas formas lexicais e expressões a partir dos itens já existentes, a fim de

preencher lacunas de significados em novos termos. Agora, no Middle English, ocorreu a invasão maciça de palavras e termos, especificadamente latinos e franceses no inglês, resultado da qual se atribui ao inglês o léxico “mais latino” das línguas germânicas. Com

12 Conferir mapa de distribuição dialetal no Anexo C.

13 Não há traduções satisfatórias aos originais ingleses dos dialetos listados, pois os britânicos utilizaram suas

respectivas designações das áreas de abrangência geográfica para denominá-los. Dessa maneira, preferiu-se manter a terminologa adotada pela Literatura científica da história da língua inglesa.

14 Baugh (2002) não reconhece a extinção do Kêntico, embora sua abrangência se tivesse reduzido bastante nos

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maior incidência de empréstimos, os mecanismos de formação de palavras, típicas do estágio anterior, tornaram-se cada vez mais desnecessários.

Fatores de ordem extralingüística contribuíram para mudanças lexicais. A invasão normanda do século XI e a conseqüente subjugação das sociedades anglo-saxães britânicas pelos franco-normandos por aproximadamente trezentos anos reduziram o inglês ao nível de língua popular quotidiana nos subúrbios das grandes cidades, de baixo prestígio na estratificação social. O normando e, posteriormente o francês, foram adotados como as línguas nobiliárquicas da Corte real, do Exército e da nobreza. O Latim continuou restringido à Igreja, aos mosteiros e às instituições educacionais. Dessa maneira, o inglês, sob influência de prestígio dos invasores, tomou emprestado indiscriminadamente itens lexicais dos normandos e dos franceses que diziam respeito a diversos campos semânticos e sociais da época, desde atividades corriqueiras domésticas (como vestuário, culinária, encontros sociais) até os altos cerimoniais da Corte. Uma análise mais aprofundada desses empréstimos será abordada no capítulo seguinte desta Dissertação.

Em suma, avalia-se o Middle English como o período da língua inglesa de maior transformação e inovação da língua em todos os níveis, principalmente o lexical. Os dialetos se reorganizam, e, pela primeira vez, a hierarquia dialetal aprimora a importância do dialeto de Londres, que se expande às demais regiões. O léxico assume nova configuração pelos empréstimos inexoráveis dos franceses e dos normandos, conferindo ao inglês maior “aparência” lexical românica. Outros fatos dignos de menção do Middle English são o nascimento de influente tradição literária, como a de Chaucer no século XIV, e o advento da imprensa de William Caxton, pela qual se originaram as primeiras sistematizações ortográficas do Inglês.

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1.3.3. Early Modern English e American & Present-day Englishes.

Antigamente, ambos Early Modern English e American & Present-day Englishes eram denominados unicamente sob o rótulo de Modern English, cuja abrangência no tempo estendia-se de 1500 à época contemporânea. Entretanto, diferenças estruturais mostraram-se muito pertinentes no que se refere à língua inglesa de 1500, comparando-a com a atual.

Na literatura, sob influência neo-clássica, a língua inglesa recebe novas influências latinas, como afixos e terminologias artísticas e científicas, e conhece ícones literários, como Shakespeare e outros. A grande novidade da língua inglesa no período moderno inicial caracteriza-se pela sua autonomia em relação às línguas estrangeiras francesas, resultantes dos movimentos sociais de ascensão da língua inglesa a partir dos tempos medievais, e sua padronização ortográfica e dialetal.

A Europa continental despertava de seu “adormecimento” cultural, político e econômico, através da revitalização do comércio, tanto marítimo (Mediterrâneo) como o terrestre, do surgimento dos burgos (futuras metrópoles européias e agentes significativos na formação e na ascensão da burguesia e da vida citadina, em contraposição aos feudos), da consolidação da Nação e do conseqüente poder absoluto dos reis e da renascença literária, inspirada nos moldes e estética greco-romanos.

Na Grã-Bretanha, um sistema monárquico parcialmente estabilizado e unificado há muito se libertara do poderio francês e se estabelecera como Estado soberano. Em 1475, William Caxton instaura a imprensa na Grã-Bretanha, de modo que livros impressos e de fácil manuseio passaram a circular livremente pela população e, aliada à política educacional da futura Reforma Protestante anglicana, os materiais impressos são levados a escolas e a centros acadêmicos em língua nativa. Através da imprensa, Caxton iniciou uma inédita padronização

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ortográfica e difusão do dialeto de Londres, centro político, cultural e econômico do reino, às diversas regiões da Ilha.

O processo de unificação da língua intensificou-se com políticas adotadas por Henrique VIII quando, em 1516, cria o primeiro sistema postal do Reino. Em 1611, a Igreja Anglicana de Henrique VIII traduz os originais das Sagradas Escrituras na versão King James

Bible, vista por muitos especialistas como a tradução mais perfeita dos originais sagrados

cristãos em língua moderna. Vale lembrar a importância dos dicionaristas como Samuel Johnson, Bishop Robert Lowth, Thomas Sheridan etc.

Em 1564, nasce em Strandford-Upon-Avon o célebre dramaturgo William Shakespeare, cujas obras teatrais ilustravam a diversidade dialetal das camadas populares, o surgimento de neologismos e expressões idiomáticas, que se fixaram na língua definitivamente.

O Renascimento literário, altamente influente na Grã-Bretanha, contribui com o fluxo de afixos latinos como ab-, ad-, pro-, pre-, sub-, extra-, mini-, bi-, tri-, co(n)-, re-, des- e –ment, -tion, -on, -ize, -ise, -er, -or, -ure, -ive e outros. As áreas científicas naturais e médicas emprestam as primeiras terminologias científicas de herança grega.

Entretanto, nada supera a prodigiosa expansão da língua inglesa pelo mundo, especialmente sua chegada à América do Norte. Pela primeira vez, o inglês muda a página de sua história, deixa de ser um idioma local para tornar-se a língua mais difundida do globo.

Ingleses peregrinos, fugindo das Ilhas Britânicas por causa da falta de liberdade religiosa ou simplesmente pela busca de propriedades privadas, aportam, em 1620, na costa leste norte-americana, fundando a colônia de Plymonth, na Virgínia. Nasce uma nova variedade do inglês, o norte-americano, que será expandido culturalmente pelo mundo em épocas posteriores. Em 1776, os norte-americanos declaram sua independência política e lingüística e, um século mais tarde, já migram ao Oeste, conquistando o Pacífico.

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Considera-se este o início do Considera-segundo período moderno da língua inglesa, o American & PreConsidera-sent-day

Englishes.

O inglês norte-americano se diferencia do britânico pela particularidade lexical, com empréstimos do espanhol colonial e de índios nativos, principalmente nos topônimos (Kentuck, Michegan, Ontario, Otawa etc.).

Os britânicos levam sua língua ao centro-sul da África, onde colônias como Tanzânia, Quênia e África do Sul adotam o inglês como língua oficial, após a independência. No século XVIII, descobriram as ilhas aborígines do Pacífico sul. Os ingleses fundam Sidney, na Austrália, e colonizam a Nova Zelândia, a imensa maioria das ilhas pacíficas, como Ilhas Salomão, Nauru, Samoa Ocidental, Ilhas Marianas, Kiribat etc.

A expansão ultramarina causou a expansão do inglês no mundo em sentido geográfico. Mas, a hegemonia militar e econômica dos norte-americanos após a Segunda Grande Guerra (se bem que a “dominação” norte-americana já vinha do período colonial latino após a Independência dos EUA) e do advento de maravilhas tecnológicas como televisão, cinema e, por último, informática, associaram-se à imagem da língua inglesa. Como essas invenções nasceram em parte na América do Norte e divulgam a utopia da American

Way of Life, o inglês dos EUA impôs-se nos tempos contemporâneos como a “língua do

mundo”.

Conclui-se que a língua inglesa está em processo de transformações e mudanças, à maneira de qualquer outra língua. É verdade que, no princípio do século XXI, a profecia de um prodigioso caminho ao inglês dos norte-americanos foi abalada pelos recentes fatos frustrantes da política externa e armamentista dos EUA, de ordem extralingüística, como a Guerra do Iraque, a violação de tratados de preservação ambiental, a intolerância pela diversidade étnico-religiosa dentro das fronteiras do País, que alimentaram um sentimento anti-americano generalizado e inédito pelo mundo ocidental. Por outro lado, as descobertas da

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tecnologia de informação eletrônica, a hegemonia cinematográfica e a cultura musical

pop-rock das camadas jovens ainda mantêm o inglês no privilegiado posto de língua suprema da

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CAPÍTULO 2:

OS EMPRÉSTIMOS LEXICAIS LATINOS E ROMÂNICOS: OS

LATINATE WORDS

“There ys many wordes in Latyn that we have no propre Englysh accordynge

therto” (autor anônimo)

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Dentre os mecanismos de diferenciação e mudança lingüísticas que ocorreram no inglês ao longo de seu percurso histórico, indubitavelmente os empréstimos lexicais exerceram um papel de inquestionável importância. Analisando-se os glossários dicionarizados de Old English e comparando-os com os mais sofisticados tecnologicamente da atualidade, como CD roms e os sites eletrônicos, confirma-se o fato de quanto o léxico inglês tem-se modificado. Escritores britânicos dos séculos VIII ou X não hesitariam em utilizar itens “genuinamente” germânicos, sejam os do grupo ocidental (no qual o Inglês se situa), sejam os vikings. Os tratados nobiliárquicos e parlamentares da Corte francesa na Grã-Bretranha abusavam das terminologias e estrangeirismos galicistas, e modernos escritores norte-americanos inovam livremente as entradas lexicais.

Tanto os vikings na Grã-Bretanha medieval quanto os índios na América do Norte, não ultrapassaram, em termos de quantidade e influência, a assombrosa invasão das entradas lexicais provenientes do latim e das demais línguas românicas, nas quais ocupa especial relevância o francês. Tamanha “invasão”, atestada entre as tribos ainda radicadas na Germânia, remodelou por completo a configuração lexical da língua inglesa, conferindo-lhe o singular (mas, errôneo, em certos aspectos) título de “a mais latina das línguas germânicas”, dado o fato de possuir 72% (BRITO, 1962) do seu léxico (especialmente na modalidade escrita) composto de itens latinos e românicos.

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Este Capítulo abordará mais precisamente, após a breve exposição da periodização do inglês, a influência do latim e da România na língua inglesa, sob a égide do mecanismo dos empréstimos lexicais. Concentrar-se-á na formação lexical inglesa, os panoramas extralingüísticos que motivaram os empréstimos e o posicionamento da sociedade britânica frente a eles.

Para tanto, breves considerações urgem ser feitas sobre o léxico inglês e seus hospedeiros latinos e românicos.

2.1. A Língua Inglesa é uma língua latina?

O Inglês não é uma língua latina: não foi, ao contrário do Português, do Castelhano, do Catalão, uma extensão dialetal do latim ou uma variação resultante da romanização das Ilhas Britânicas. Na realidade, a romanização nesta parte da Europa não atendeu aos requisitos que seriam satisfatórios à fixação do latim nesta região. No mais, o Inglês foi o desenvolvimento de diversos dialetos germânicos. Das tribos germânicas é que verdadeiramente se originou a língua inglesa.

Todavia, essas tribos germânicas mantiveram intensos contatos com os romanos no continente. Simultaneamente, os romanos colonizavam os celtas nas Ilhas Britânicas. Mais tarde, os “franceses” invadem os reinos anglo-saxões da antiga província romana Brittania e, posteriormente, a Igreja Católica realiza atividades missionárias na Ilhas. Na modernidade, eclode o movimento renascentista e o contato com outros povos agora neo-românicos, como os espanhóis e chicanos. A presença latina sempre foi uma constante significativa na língua inglesa.

Por este motivo, os lingüistas estabeleceram uma outra classificação cronológica de formação da língua inglesa, só que desta vez restringida aos aspectos de formação lexical e

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empréstimos provenientes do universo latino. Denominam-no, segundo os organizadores do site Orbs Latinus, alicerçados nos estudos do Professor Johan Graesse, de Periodization of the

Romance Lexical Borrowings (Periodização dos Empréstimos Lexicais Românicos) e

considerou-se como critério os cinco grandes contatos entre latinos e germânicos:

a) Período Zero (antes de 449 d.C.): Contatos continentais entre os povos germanos e latinos antes das invasões germânicas à Grã-Bretanha.

b) Primeiro Período (449 d.C. – 597 d.C.): Contatos entre os celtas romanizados e os romanos na Grã-Bretanha, durante a Romanização das Ilhas Britânicas.

c) Segundo Período (597 – 1066): Influência da Igreja Católica.

d) Terceiro Período (1066 – 1500): Influência da dominação normanda e francesa na nobreza e corte britânicas.

e) Período Moderno (1500 – atual): Influência do Renascimento e das demais línguas românicas modernas.

Dada a exigüidade do tempo, a pesquisa ocupar-se-á com os empréstimos resultantes dos períodos Zero a Terceiro.

2.2. Empréstimos entre latinos e germanos

Os primeiros romanos continentais já conheciam as tribos germânicas desde o século III a.C, mas apenas no primeiro século a.C, na época do imperador Júlio César, estas tribos constituíram em preocupação para os romanos, pois davam indícios de invasão territorial nas fronteiras fluviais, demarcadas pelos rios Danúbio e Reno.

Sem entrar em detalhes sobre a superioridade romana sobre os germanos, caso levem-se em conta critérios culturais, verdade é que, em relação aos romanos, as tribos

Referências

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