• Nenhum resultado encontrado

Caracterização geológica e geomorfológica da plataforma litoral da região do Porto

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Caracterização geológica e geomorfológica da plataforma litoral da região do Porto"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)CaracterizaçÃgeológic e geomorfológic da plataforma litoral da regiã do Porto. Maria da AssunçÃAraúj Assistente convidada Faculdade de Letras (Instituto de Geografia). - Universidade do Porto. Portugal RESUMO A áreestudada corresponde i faixa de transiçÃentre o maciçHesp6rico (com as zonas Centro-Ibérice Ossa-Morena) e a orla Meso-Cenozóica que se inicia em Espinho. Ora, os contactos entre diferentes regiõeestruturais sãonormalmente, sede de uma persistente movimentaçÃtectónicaque poderÃmanter-se ao longo do Quatemári (neotectónica) A existênci de um substrato rochoso resistente nas áreapertencentes ao Maciç Hespérice a sua inexistênci na áre correspondente i Orla permite compreender a localizaçÃdas área onde o recuo da linha de costa poderi ser mais rdpido e onde o processo de erosãmarinha à naturalmente entravado por acçÃdesse substrato. O estudo sedimentológic dos variados depósito existentes na áre conduziu i caracterizaçÃdos mais elevados como depósito continentais, formados numa époc regressiva, e dos mais baixos como depósito marinhos correspondendo hs variaçõ eustáticado final do Quatemário Todavia, quer uns quer outros parecem afectados pela neotectónicaque, assim, poderà explicar o desenvolvimento geomorfológic geral da áre e mesmo ajudar a entender alguns dos fenómenoerosivos verificados na região SUMMARY The Geology of the area between Vila do Conde and Esmoriz lagoon is very much influenced by the existence of different structural regions and by the geologic contacts between them. These contacts may be the site of persistem tectonic activity and so of neotectonics too. The existence of a resistant bed-rock under beach sands, wich is related with the structural situation of the m a , may prevent or stop beach erosion. After a sedimentological study of the "Plio-Pleistocene" deposits of this littoral planform we have infered a continental origin for the higher and older ones and a marine origin for those wich are under 35 meters high. However, both kinds of deposits seems to be afected by neotectonics. So, besides a global understanding of the geomorfology of the m a , neotectonics might give some explanation about erosion fenomena wich are developping in this area..

(2) Fig. 1: Desenvolvimento do "relevo marginal" e da plataforma lite--l. m-. 4-0-. n c t ~ d m r l -.

(3) 0. Falha prov. e*. Falha. Meso-Cenc. Complexo xisto-grai ante-ordo,. Precârnb e Paleozó indiferenc. Granito an -hercÃ-nic. Fig. 2: Mapa geológic do Noroeste d e P o r t u g a l :segundo a c a r t a geológic 1:500.000 de 1972 e F. S. Borges, M. Marques e F. Noronha [ 2 ] ).

(4) 1. -. Caracterizaçfi geral d a áre estudada. Entendemos por plataforma litoral1 um conjunto de patamares escalonados, descendo para o mar a partir de uma linha de relevos que designaremos como "relevo marginal". Trata-se de uma faixa relativamente aplanada, de largura variávelsituada na proximidade da linha de costa e que, frequentemente, està coberta de depósito sedimentares ditos "PlioPlistocénicos" O relevo marginal sà à atravessado pelos cursos de águmais importantes (Ave, Este, LeçaDouro), estabelecendo, assim, a separaçÃentre as bacias de drenagem dos afluentes do Douro e as dos cursos de águ de pequena extensãoque se limitam a percorrer a plataforma litoral e que nascem na base do referido relevo. A norte do Douro, o relevo marginal nãà continuo, antes parece ser formado por diversos elementos geralmente alongados, normalmente segundo a direcçà NNO/SSE (fig. 1).. 2. -. Geologia. Trata-se, essencialmente de uma áre em que se estabelece a transiçÃentre os terrenos do MaciçHespérice da Orla ocidental Meso-Cenohica. O Maciç Hespériccorresponde a um conjunto de rochas que foram dobradas e metamorfizadas, pela últim vez, aquando da orogenia HercÃ-nicacuja fase terminal ocorreu hÃcerca de 280 milhõede anos (MA). Sob o ponto de vista litolósico na áre estudada, o Maciç Hespéricà formado, essencialmente, por granitos e rochas metamórfica variadas (gneisses, migmatitos, micaxistos e xistos com diversos graus de metarnorfismo). Sob o ponto de vista estrutural, esta áreà caracterizada pelo contacto entre duas zonas diferentes, dentro do MaciçHespérico - a Zona Centro-IMrica, a norte da praia de Lavadores; - a Zona de Ossa-Morena, que se inicia a sul daquela praia. A transiçÃentre estas duas regiõeestruturais à estabelecida atravéduma importante descontinuidade: a falha Porto-Tomar [I]. A Orla Meso-Cenozoica ocidental, que começimediatamente a norte de Espinho, à constituÃ-d por rochas posteriores h orogenia hercÃ-nicaA respectiva sedimentaçÃteve in'cio durante o Hetangiano-Reciano (hÃcerca de 210 MA), numa bacia com a orientaçÃNNE-SSW que se começo a abrir no Maciç Hespéricocomo resultado das fases preliminares da abertura do Oceano Atlântico Todavia, no litoral a norte do rio Liz, as rochas mesozóica afloram raramente (serra da Boa-Viagem e praia de Pedrógão A maior parte das formaçõque afloram ao longo do litoral em anális correspondem a depósito Q u a t e r n ~ o s(menos de 2 MA), quase sempre Holocénico (menos de 10.000 anos). A morfologia do litoral compreendido entre Vila do Conde e a praia de S. Pedro de Maceda parece-nos muito condicionada pela estrutura geológica Com efeito, a norte de Espinho, na áre onde afloram as rochas do Maciç Hespérico existe um substrato rochoso relativamente resistente, que muitas vezes aparece sob as areias da praia, sobretudo nas épocaem que esta sofre erosãoEste substrato constitui um obstácul ao avanç do mar, pois reduz a forç das vagas e, consequentemente, a importâncida erosãmarinha. A sul de Espinho, na áre correspondente h Orla Ocidental Meso-Cenozóicao substrato à constituÃ-dpor depósito Quaternáriopouco resistentes. Por isso, uma vez iniciado um processo de erosãcosteira, esses depósito sãfacilmente desmantelados e A plataforma litoral compreendidaentre a foz do rio Ave e a praia de S. Pedro de Maceda foi estudada no Faculdade i de Letras da Universidade do âmbit - da realizaç2de uma tese de doutoramento a apresentar ?.

(5) o recuo da linha de costa pode processar-se muito mais rapidamente. A emergênci da teoria da tectónic de placas, pennitui-nos passar de uma visã um tanto estáticpara uma visãmais dinâmicda Terra. De acordo com esta teoria, o essencial da deformaçÃtectónicaem cada perÃ-od geológicodá-s nos limites entre diferentes placas, ou entre sectores diferentes de uma mesma placa, embora nãsejam de desprezar, também as deformaçõque ocorrem no interior de uma mesma placa. Sendo assim, à de esperar que quer a falha Porto-Tomar, quer a faixa de transiçÃentre a Orla Meso-Cenozóic e o Maciç Hespéricsejam locais de movimenta~ã tectónic recente (neotectónica). 3. -. GeomorfoIogia. A mais óbvi interpretaçÃpara a existênci de superfÃ-ciee de depósito escalonados na plataforma litoral parte da ideia de que as superfÃ-ciee depósito situados nas proximidades do nÃ-vedo mar deverãter uma origem marinha. Sendo assim, tratareustática se-ia de diferentes nÃ-veide "praias levantadas", formados devido As variaçõ do Quaternhio (fig. 3). 300.000 200.000 100.000BP. VariaçÃda ternoeratura nos mares tropicais. GÑÑÑÃ. Fig.3: Oscilaçõqlacio-eustática e da temperatura dos mares tropicais (segundo R . Fairbridge, 196 1, extraÃ-d de J. Tricart, 141). Assim, durante muito tempo, as tentativas de correlaçÃentre os diferentes depósitobasearam-se, exclusivamente em critério altimétricos2 Todavia, se representarmos a cota a que se encontram os depósito mais elevados da plataforma litoral a sul do rio Ave, encontramos uma certa variaçÃde cota (fig. 4). Verifica-se, sobretudo, que a cota a que estes depósito se encontram parece sofrer uma subida para sul, no que à acompanhado pela cota do topo do relevo marginal. Alé disso, um estudo de carácte sedimentológic (granulometria e morfoscopia das areias) dos depósito encontrados nos patamares mais elevados da plataforma litoral revelou que se trata de formaçõque apresentam, na sua maior parte, um carácteinequivocamente fluvial. Com efeito, em 1979 C. Teixeira ainda escrevia:. - "H&que aceitar o critérialtitudim6trico. plenamente váiid no nosso paÃ-sonde os diversos nÃ-veise.

(6) Sendo assim, a vertente ocidental do relevo marginal nãpoderÃser interpretada como uma arriba fóssilPelo carácterectilÃ-neque ela apresenta, sobretudo no sector a sul do Douro e pela sua coincidêncicom a orientaçÃda falha Porto-Tomar, parece-nos que deverÃcorresponder a uma escarpa de falha que terÃjogado, possivelmente, depois da formaçÃdos depósitoexistentes nos patamares mais elevados da plataforma litoral. O facto de afectar depósito que poderã situar-se no Quaternári prova o carácte recente desta movimentaçÃ(neotectónica) Por sua vez, esta circunstânci permite concluir que existe uma relaçÃmuito estreita entre o relevo e a tectónicrecente.. -. Topo do relevo marginal. - 12 patamar do relevo. Topo da plataforma litoral. marginal. 1. 3. 5. 7. 9. 1 1 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 Km a p a r t i r da foz do R. Ave. ............................................ ........e.. ................ .o .... Fig. 4: Relaçà e n t r e o topo da p l a t a f o r m a l i t o r a l e o patamar m a i s a l t o e m a i s baixo do relevo marginal També existem depósito marinhos, a que se pode aplicar, com alguma propriedade, a designaçÃde "praias antigas". Eles ocupam os sectores mais baixos da plataforma litoral, a cotas inferiores a 40x11. Atravéde critériovariados (posiçãmorfoscopia dos grão de areia, composiçÃmineralógic da fracçÃfina, cor e grau de alteraçÃdo substrato) à possÃ-ve definir 3 nÃ-veidiferentes de praias antigas. Se representarmos o valor médidas cotas a que se encontra cada um desses nÃ-vei(em ordenadas) contra a distância que estes depósito se encontram da foz do rio Ave, verificamos que parece existir uma tendêncipara a descida destes depósitopara sul (fig. 5). A c o n f i a r - s e o fenómen que a fig. 5 parece sugerir, a subsidênci dos sectores situados mais a sul poderia ajudar a explicar, juntamente com outros fenómeno (variaçõdo nÃ-vedo mar, dinâmicsedimentar, influência antrópica...), a tendênci para a erosãque se verifica em Espinho e nas praias situadas para sul desta cidade. Tudo se passa como se existisse uma certa contradiçÃentre a movimentaçÃdos depósito mais elevados da plataforma litoral, cuia cota sobe para sul, e os depósito marinhos, mais recentes, queparecem mergulhar sul. ~rata-se, de um efeito relacionado com o jogo da flexum litoral, que parece actuar de forma mais intensa a sul do que a norte, produzindo um maior desnÃ-veentre os depósito mais altos e mais baixos da plataforma litoral..

(7) .-. Â¥NÃ-v111 (cota média DNÃ-veII (cota média. TNivel (cota média. Distânci i f o z do Ave (em kms). Fig.'5 :Variaçà em l a t i t u d e da cota médi dos 3 n à - v e i de depósito marinhos considerados Esta comunicaçÃà apenas, uma primeira aproximaçÃaos condicionalismosde carácteglobal que carecem influir seriamente nos fenómenode erosão/sedimentacÃna árequefoi nosso objecto de estudo. GostarÃ-amoque esta modesta contribuiçÃpermitisse o estabelecimento de algumas pontes entre os estudos realizados pelos engenheiros e o trabalho daqueles que se dedicam a outras formas de investigaçã i primeira vista menos aplicáveisPensamos que este tipo de colaboraçÃpoderia resultar de forma positiva para ambos os grupos.. Referência. [ll. RIBEIRO, A. ET AL. Introduction d Ia Géologigénéra du Portugal ServiçoGeol. Portugal, Lisboa, 1979, 114 p. L21 BORGES, F. S., MARQUES, M. & NORONHA, F. ExcurscÃ-geológic no complexo gneissico da foz do Douro Livro guia das excurs'es a realizar em Portugal - iX Reuniãde Geologia do Oeste Peninsular, Mus. e Lab. Min. e Geol., Porto, polic., 1985. i31 TEIXEIRA,C. Plio-Plistocénicde Portugal "Com. Serv. Geol. Portugal", T. 65, Lisboa, 1979, p. 35-46. i41. TRICART. J. ~ à © o m o ~ h ostructurale lo~i Précide Géomorphologie T. I, Paris, SEDES, 1968,322 p..

(8)

Imagem

Fig.  1:  Desenvolvimento do "relevo marginal"  e  da plataforma
Fig.  2:  Mapa geológic  do  Noroeste d e  P o r t u g a l   :segundo  a  c a r t a  geológic  1:500.000 de  1972 e
Fig. 4:  Relaçà e n t r e   o  topo  da  p l a t a f o r m a  l i t o r a l   e  o   p a t a m a r  m a i s  a l t o   e  m a i s  baixo  do  r e l e v o   marginal

Referências

Documentos relacionados

The Short-term Effect of a High Protein, Energy-dense Oral Liquid Supplement on Nutritional Status of Patients with Mild Alzheimer`s Disease.. Tese de Dissertação de Candidatura

Actualmente coordino un equipo de Comunicación Digital de LACCOPS, con proyectos de publicidad social y comunicación comunitaria, así como de divulgación de la

Folha estreito-elíptica, elíptica a ovada, 1,6-6,7 x 0,7-3,4 cm, pubérula, tricomas esbranquiçados; ápice agudo arredondado; base arredondada a cuneada; nervura média plana a

O discurso científico acaba por ter uma inadequação ao sofrimento psíquico, pois sua forma redutiva de lidar com o homem em suas mais diversas expressões, não leva em

carcinoma invasivo (Figura 2), auxiliando principalmente na avaliação do componente não calcificado da doença, na avaliação da extensão tumoral, de doença residual, no tu-

A teoria das filas de espera agrega o c,onjunto de modelos nntc;máti- cos estocásticos construídos para o estudo dos fenómenos de espera que surgem correntemente na

No caso do sistema implantado na Vila São Luiz, Restinga Seca, RS, não há quantificação exata, em termos de comparação entre custos de implantação, no entanto,

Mas continuei a referir os três esquemas de demonstração à definição do movimento uniformemente acelerado, a considerar apenas o terceiro esquema como usado pelas