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A direção de turma e a supervisão pedagógica como momentos de educação permanente e de desenvolvimento profissional

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

A Direção de Turma e a Supervisão Pedagógica como

Momentos de Educação Permanente e de

Desenvolvimento Profissional

Relatório de Atividade Profissional

MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

ÁREA DE ESPECIALIZAÇÃO EM SUPERVISÃO PEDAGÓGICA

EUGÉNIA PAULA RODRIGUES DE ALMEIDA

ORIENTADOR: PROFESSOR DOUTOR ARMANDO LOUREIRO

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Relatório de Atividade Profissional apresentado para a obtenção do grau de Mestre em Ciências da Educação, área de especialização em Supervisão Pedagógica, ao abrigo do Regulamento para a obtenção do Grau de Mestre pelos Licenciados Pré-Bolonha (recomendação CRUP), na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, sob a orientação do Professor Doutor Armando Loureiro.

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À minha filha, Maria, pessoa fundamental na minha vida.

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A

gradecimentos

" - Os homens esqueceram essa verdade. Mas tu não a deves esquecer.

Tu tornas-te eternamente responsável por aquilo que cativas."

O Principezinho, Antoine de Saint Exupery

Nesta fase final da realização do meu trabalho, cabe uma palavra de reconhecimento, de amizade, para quem me acompanhou, olhou, escutou, interpelou e incentivou, dando-me a força e o apoio imprescindíveis para a consecução desta caminhada. A todos, sem exceção, gostaria de expressar a minha gratidão.

Ao Magnífico Reitor, Professor Doutor António Fontainhas Fernandes, agradeço pela incondicional amizade de muitos anos, e pelo incentivo para enveredar por este desafio. Obrigada por ter acreditado em mim.

Ao Professor Doutor Armando Loureiro, meu orientador, agradeço o investimento que fez na minha pessoa, o empenho com que pôs ao meu dispor a sua competência científica, analítica, crítica e reflexiva e que se constituíram uma força incontornável para o resultado deste trabalho; pela importância dos seus conhecimentos, pela paciência, pela amizade, pela disponibilidade, pelo companheirismo, pelas doutas orientações, pelas críticas e sugestões.

À Doutora Margarida Laranjeira, minha Orientadora de Estágio Pedagógico, pelos seus ensinamentos, orientações, o seu rigor e elevado grau de exigência, que foram um precioso contributo para o meu fascínio pela arte de ensinar, aspetos que estarão sempre bem presentes ao longo da minha vida profissional.

A uma amiga muito especial por estar sempre do meu lado, disponível, paciente e com uma palavra carinhosa no momento certo - à Manuela Leal.

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À Dianinha, pela amizade de muitos anos, e pela ajuda preciosa na organização gráfica deste trabalho.

À minha querida irmã Natália Almeida, pela disponibilidade e apoio na tradução do resumo do Relatório para Inglês.

A todos os meus colegas que me acompanharam / acompanham no meu crescimento profissional.

Para a minha filha, Maria, que constitui a essência do meu viver, fica um pedido de desculpas pelo tempo que não lhe pude dispensar. Agradeço-lhe as inocentes palavras de conforto com que sempre me presenteou.

Aos meus pais, pessoas de que muito me orgulho, pelo que sempre fizeram por mim para que eu pudesse ser aquilo que sou hoje.

À minha família, por todo o apoio e disponibilidade.

A todos os alunos que são a base deste relatório. Eles e os seus pais, espero que me encarem como uma profissional que em todos os momentos os procura ajudar, olhando-os respeitosa e criticamente como fonte de aprendizagem para aprimorar essa ajuda em seu beneficio e em benefício dos vindouros... porque a arte docente aprende-se e cultiva-se com base na confiança e respeito entre professor e aluno.

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"É mais fácil construir um menino do que consertar um Homem."

Charles Chick Govin

R

esumo

O presente trabalho é o corolário de uma reflexão sobre a pertinência da Supervisão Pedagógica, tendo por base a experiência profissional de vinte e sete anos. Partindo de uma fundamentação científica, materializou-se na interpretação e ilações retiradas a partir das experiências e vivências quer em contexto de aula, quer fora da sala de aula, ao longo deste percurso, que, obviamente, já se afigura muito diversificado.

Sendo o âmago a Supervisão Pedagógica, um dos objetivos foi refletir sobre as aprendizagens alcançadas ao longo deste período, sobre a sua atualidade e pertinência e aprofundar conhecimentos de modo a tornarem a nossa prática mais rica e eficiente. Consideramo-nos alguém que não se cansa de aprender. E que quanto mais sabe, menos sabe!

Iniciámos por fazer uma breve resenha sobre o nosso percurso profissional: experiência enquanto estagiária, níveis e disciplinas que lecionámos e cargos desempenhados.

Seguiu-se um referencial teórico sustentado, abordando conteúdos fundamentais: funções do Diretor de Turma; principais qualidades do Diretor de Turma; principais dificuldades; o Diretor de Turma e a orientação dos alunos; os papeis do Diretor de Turma na educação para a cidadania; experiências marcantes enquanto Diretor de Turma e ilações que podemos tirar; conceito de Supervisão Pedagógica; modelos de Supervisão Pedagógica; funções do Supervisor; o Supervisor como líder. Descrevemos as práticas da Direção de Turma e da Supervisão inerentes à nossa atividade, caracterizando-as, construindo o enquadramento normativo e descrevendo o modo como foram realizadas, bem como os impactos que tiveram no nosso crescimento profissional e pessoal.

Construímos a nossa metáfora de Supervisão Pedagógica, com o objetivo de tentarmos interpretar esta prática em contexto escolar, tendo por base os pilares fundamentais: os professores; a supervisão; o trabalho cooperativo; as finalidades; a escola.

Na conclusão, apresentámos uma síntese das ideias desenvolvidas ao logo do trabalho, evidenciando os melhores argumentos, de forma a espelhar o melhor possível o "corpo" deste relatório.

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“It is easier to build a boy than to fix a Man.”

Charles Chick Govin

A

bstract

This text is the result of a deep reflection on the importance of Instructional Supervision based on 27 years of professional experience. Starting from a scientific basis, it embodied the interpretation and deductions taken from the experiences either in the classroom or outside it throughout the years.

As Supervision is the main purpose of this study, it aims at reflecting on learning processes, its relevance and opportunity, as well as at improving and deepen knowledge so that teaching practices are successful and efficient.

The study´s first approach started with a brief presentation of the professional experience as a practising teacher referring not only to subjects and levels taught, but also to tasks and roles performed.

Next it was supported theoretically having in mind important issues such as: the role of the class director; major qualities; main barriers; the class director role both in student´s guidance and in educating for citizenship; striking experiences and conclusions drawn from them; the meaning of Supervision; its models; the role of the Supervisor; the Supervisor as a leader. It was intended to describe and reflect on the role played as a class director and Supervisor based on the legal framework and guidelines.

The way those tasks were fulfilled and their impact contributed to the teacher´s professional identity and growth.

The Supervision metaphor was built with the aim of understanding the practice of supervision in school context having in mind its key pillars: teachers; supervisor; cooperative work; objectives/ purpose; school.

As far as the conclusion is concerned, it intends to be a summary of the main ideas developed throughout the text, emphasizing the most effective arguments so that it best reflects the “core” of this report.

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Í

ndice

Resumo ... i  

Abstract ... iii  

Siglas e Acrónimos ... vii  

I | Introdução ... 1

 

1.2. Contextualização do Relatório ... 2

 

1.3. Objetivos ... 3

 

1.4 Metodologia de Trabalho ... 3

 

1.5. Caracterização do trabalho ... 4  

1.6. Formulação do ponto de partida ... 4  

1.7. Organização geral do trabalho ... 4  

II | O Diretor de Turma e a Relação Educativa ... 7

 

2.1.   Introdução ... 7  

2.2.

 

As funções do Diretor de Turma ... 8

 

2.3.

 

Principais Qualidades Do Diretor de Turma ... 12

 

2.4.

 

Principais Dificuldades ... 15

 

2.5.   O Diretor de Turma e a Orientação Dos Alunos ... 16  

2.6.   O Papel do Diretor de Turma na Educação Para a Cidadania ... 18  

2.7.   Operacionalização ... 20  

2.8.   Experiências Relevantes Associadas à Direção de Turma ... 21  

2.8.1.   Reflexão / Impactos no Desenvolvimento profissional ... 22  

III | Supervisão em Contexto Escolar ... 25

 

Enquadramento conceptual ... 25

 

3.1.   Introdução ... 26  

3.2.   Conceito de Supervisão ... 26  

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3.3.1.   Modelos de Formação de Professores ... 32  

3.3.2.   O lugar da Supervisão na Avaliação do Desempenho Docente ... 33  

3.4.

 

Escola Reflexiva/ Professores Reflexivos ... 33

 

3.4.1.

 

Escola Reflexiva ... 34

 

3.4.2.

 

Professor Reflexivo ... 35

 

3.5.   A Supervisão Como um Cargo de Liderança ... 36  

3.6.   A nossa metáfora de Supervisão ... 40  

3.7.   Experiência Enquanto Formanda e Formadora e impacto no desenvolvimento profissional . 44   IV | Conclusão ... 51

 

Referências ... 57   Bibliográficas ... 58

 

Legislativas ... 65

 

Outras ... 69

 

Websites consultados ... 67   Anexos ... 71  

(15)

S

iglas e

A

crónimos

ADD Avaliação de Desempenho Docente

AEMM Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus

EB 2,3 Secundária Escola Básica com segundo ,terceiro ciclos e Secundário

ESMM Escola Secundária Morgado de Mateus

PAA Plano Anual de Atividades

PAPT Plano de Acompanhamento Pedagógico de Turma

PES Promoção e Educação para a Saúde

UCP Universidade Católica Portuguesa

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P

reâmbulo

"Na vida, cada opção que com consciência é tomada,

torna-se um dever sagrado.

Pouco importa, pois, o sacrifício exigido.

Na vitória, na meta atingida reside a satisfação plena de um indivíduo

que, esforçadamente, enriqueceu, realizando-se."

Professora Doutora Carla Rêgo

Iniciámos a atividade docente em 1988, aos vinte e três anos, na Escola Secundária Camilo Castelo Branco, com horário completo.

O início deste percurso aconteceu deliberadamente, por opção, por vocação e por convicção, e que já soma vinte e sete anos ininterruptos de atividade. Um período de aprendizagem permanente, de aquisições informadas e críticas, de partilhas salutares e reflexivas em diferentes contextos de atuação aprendente.

Consideramos, assim, que já é tempo suficiente para nos permitir fazer alguns juízos mais latos e tirar algumas ilações sobre o processo de Ensino / Aprendizagem, não descorando as que diariamente e intuitivamente são feitas, bem como as resultantes dos relatórios anuais da Avaliação de Desempenho Docente (ADD).

Primeiramente, apraz-nos destacar que, neste período, nunca sentimos qualquer arrependimento face à nossa opção profissional; aliás, podemos até referir que, com o decorrer dos anos, reiterou -se a nossa opção, mau grado todas as vicissitudes por que os docentes têm passado. Contudo, registe-se que essas cambiantes, chamamos-lhe assim, restringem-se apenas a questões extrínsecas ao ato de ensinar, jamais ao nosso envolvimento com a Escola, ao nosso relacionamento com os discentes e toda a comunidade escolar.

Sequencialmente, referimos que ser professora implicou, desde sempre, estar aberto à aprendizagem: aprender a aprender; aprender a promover processos de aprendizagem; aprender a fazer aprender e a refletir; aprender a ensinar; aprender a formar. E, volvidos estes anos, continuamos a pôr o mesmo empenho, amor e entusiasmo naquilo que fazemos, continuando abertos

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à aprendizagem, com a mesma humildade que tínhamos no início da carreira, acrescendo que no ano seguinte à realização de estágio pedagógico tivemos o privilégio de Orientar estágio de Português, no contexto da Profissionalização em Serviço, na Escola EB 2,3 Secundária Miguel Torga, Sabrosa. Foram, então, os passos seguintes do nosso percurso de aprendizagem em Supervisão, já que consideramos que o ano de estágio pedagógico, foi ,apenas, um excelente início, tendo em conta que essa experiência exerceu grande influência na nossa postura como docente e no modo de encarar o processo complexo que é o Ensino / Aprendizagem.

Sendo a nossa formação no domínio da Literatura, temos que ter consciência que os escritores vão "nascendo", com características tão diferentes. De facto, a Literatura também muda e é necessário estar preparado para entrar nestes novos mundos literários, e, apesar da mais valia dos nossos ilustres clássicos, Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Virgílio Ferreira, José Saramago, entre tantos e de tão grande qualidade, é preciso conhecer autores mais hodiernos, esta nova geração, que me parece frutífera e, muitos, de exímia qualidade. É necessário sairmos da "zona de conforto" e estar aberto a novas expressões, umas excelentes, outras menos boas. Cabe-nos fazer a seleção.

Ser professor é ser “ docente” e por isso não se pode limitar a ser ( ainda que bom) um veículo de transmissão de informação. Há um espaço muito lato para a formação. Sem dúvida que partilhamos a opinião de que a digna arte de ensinar implica informar, formar e transformar. Ao professor compete-lhe, “mutatis mutandis”, assumir o papel do bom orador e, nesta linha de pensamento, “docere”, “movere” e “delectare”. E que tudo isto tenha o melhor desfecho é, tenho a certeza, o objetivo de todos os professores, e o nosso, particularmente. Com efeito, esse bom desfecho é a formação de bons alunos e de cidadãos responsáveis, cônscios dos seus deveres, obrigações e, claro, direitos; cidadãos que pautem a vida pelos objetivos que vão formulando e concretizando; cidadãos empreendedores. Ao docente cabe-lhe, também, a tarefa de , em muitos casos difícil, ajudar o aluno a encontrar-se, a delinear objetivos, porque, garantidamente e infelizmente, em pleno ensino secundário, o professor é confrontado com alguns discentes sem objetivos. Tal facto contribui sobejamente para que o sucesso esteja, à partida, algo comprometido, daí a necessidade do professor contornar a situação para que tal não aconteça.

Pode argumentar-se que o país a que chamam “seu”, e por direito, não lhes transmite otimismo e, por conseguinte, há uma atitude de apatia face à formulação de metas. No entanto, seja qual for a conjuntura do país, a ausência de finalidades, de metas, de objetivos, de formação é, garantidamente, a pior opção. Por isso, o professor tenta orientar os discentes na senda de “um projeto” de vida, que será tão digno quanta a honestidade e dignidade com que pisarem “ as pedras” desse percurso. O professor deverá levar o aluno a entender que quem "arrisca" pode perder; porém, quem não "arrisca", garantidamente já perdeu.

Sem margem de dúvidas que todos lucramos com a qualidade científica, humana e moral dos jovens que nos são confiados como discípulos, os adultos vindouros, nas mãos dos quais, um dia,

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estará o país. Citando William Shakespeare1. No mesmo instante em que recebemos pedras no

nosso caminho, flores estão sendo plantadas mais longe. Quem desiste não as vê". É, assim, um imperativo ajudar o aluno a delinear ideias, formular juízos de valor, demarcar metas, ser sadiamente inconformado, competitivo, sobretudo consigo, a mais nobre forma de competir; ser exigente naquilo que faz; nunca aceitar a vida pela metade. Se não obteve sucesso, deverá, à maneira de Sísifo, recomeçar . Com efeito, o tormento do ser Humano é a incapacidade de chegar a uma verdade que não pode ser corrompida, que não pode ser comprovada na totalidade. A missão do professor é provocar a inteligência, é provocar o espanto, a curiosidade.

Nós não chegamos a nenhuma conclusão com a qual todos concordem , infalivelmente autêntica. Mas é por essa razão que Sísifo deverá continuar a sorrir. É por essa razão que o professor e os alunos deverão viver a sorrir, enfrentando cada dia. Tal como Sísifo volta à planície para buscar o seu eterno fardo, também nós voltaremos à base das nossas reflexões e práticas e, a partir daí, questionar tudo de novo, erguendo, centímetro a centímetro, a monumental rocha. Chegamos ao topo, pensamos ter encontrado a resposta. Poderemos recair. Recomeçaremos , com um sorriso no rosto. Esta persistência levar-nos-á ao encontro do que achamos ser o que consideramos mais correto e frutífero. É este espírito empreendedor, pro-ativo que o professor deve fomentar no aluno; ajudá-lo, como diz Fernando Pessoa no poema" Horizonte"2 " , a " ver as formas

invisíveis".

Pode, desde já, então, concluir-se que o papel do docente é abrangente e, não raras vezes, difícil. As responsabilidades são muitas, embora quem não participe “ nesta peça”, infelizmente, veja como uma profissão “ filha de um deus menor”. Porém, este juízo é tão recorrente que os professores foram-se habituando a viver pacificamente com esses desconhecimentos, e, cumpridores, seguem a sua tarefa com humildade e empenho. Não podemos deixar de afirmar que este preconceito e pré-conceito, em parte, é da responsabilidade de uma ínfima minoria que, sabe-se lá porquê, desembocaram no ensino. A falta de convicção, garra, predisposição, aliada a alguma frustração por não terem feito carreira na área para que se habilitaram academicamente, fazem com que tratem frivolamente a profissão e não tenham decoro em passar uma imagem menos correta do ato de ensinar. Porque, como diz Camões em Os Lusíadas, “Quem não a conhece, não a estima.”

Tendo como formação académica a licenciatura em Línguas e Literaturas Clássicas, reconhecemos que o Latim é a nossa paixão, e durante cerca de dez anos consecutivos fomos afortunados, pois lecionámos esta disciplina, esta Língua injustamente rotulada de “morta”, pelo que a antiguidade clássica fazia (e faz) parte do nosso quotidiano. Porém, em jeito de aparte, relembremo-nos que o relembremo-nosso atual Ministro da Educação quer fomentar o ensino das Línguas Clássicas desde o 1º ciclo, o que, naturalmente, nos apraz deveras.

Lamentamos profundamente a maneira como “varreram” a Língua de Eneias para baixo de “um armário”, até que conseguiram reduzi-la a cinzas. Erro crasso! Na nossa escola, era uma

1 pensador.uol.com.br/fraseMTE0MDg1Mw/ 2 Mensagem

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disciplina com muitos alunos e o sucesso era considerável; os alunos reconheciam o contributo do Latim para o estudo do Português e para o desenvolvimento do raciocínio. Especificamente no momento do Exame Nacional, houve alguns alunos que obtiveram duzentos pontos, o que denuncia quão bem funcionava o ensino / aprendizagem do Latim. Uma das alunas foi proposta a nível de escola para o concurso "Olimpíadas do Latim”, por ser a melhor aluna, nos três anos do Secundário, curso de Humanidades, e, especificamente, à disciplina de Latim. Com efeito, ganhou o dito concurso, por ser a melhor aluna a nível nacional, do Secundário, não só a Latim, como no curso de Humanidades, tendo ido a Itália, Arpino, terra Natal de Cícero, representando Portugal a nível internacional, realizando um exame com a duração de cinco horas, e que consistiu na tradução de um texto de Cícero. A aluna alcançou o notável décimo lugar, o que enfatiza não só a qualidade da discente, como também a maneira como a disciplina era trabalhada na escola. Como sua professora, para nós foi um orgulho. Às vezes é necessário relermos as reflexões de Camões em Os Lusíadas. De facto, o épico português deixou bem claro que sem estímulo não se fazem "herois".

Exterminada a Língua dita “morta” há tanto, passámos, então, a dedicarmo-nos exclusivamente à disciplina de Português. É evidente que sempre colocámos a mesma garra , rigor e dedicação ao ensino do Português. É óbvio que o nosso esforço continua a centrar-se no contributo para que os discentes reconheçam e dominem a Língua Portuguesa: serem fluentes na oralidade, aspeto que consideramos que, cada vez mais, necessita de ser trabalhado e valorizado; e na escrita, para que interpretem de forma clara e adquiram alguma cultura geral e literária. São estes aspectos que norteiam o nosso papel enquanto professores de Português, muito menos interessados em formatar alunos para a elaboração de análises literárias. Consideramos que é importante proporcionar- lhes estas “ferramentas”, pois, apesar da maioria estar integrado no ramo científico, o nosso país tem dado provas que o espírito científico não é incompatível com a sensibilidade literária. Prova disso é, entre muitos, Miguel Torga, António Gedeão, Fernando Namora. Saber escrever com qualidade, interpretar e comunicar oralmente são requisitos essenciais para o sucesso em qualquer disciplina e profissão. Aliás, consideramos, cada vez mais, que o estudo da Língua Portuguesa se deveria estender ao Ensino Superior, em todos os cursos, pois, sistematicamente, somos confrontados com alunos, licenciados e mestres, a cometerem erros linguísticos, quer a nível de escrita, quer a nível de oralidade. Por que não haver uma Universidade que dê o primeiro passo? Quem sabe uma maneira, entre muitas, de se distinguir e assegurar um rigor mais abrangente. Fica aqui a nossa humilde opinião; somos alguém que respeita e ama a nossa Língua.

É com grande alegria, orgulho e humildade que vimos o nosso empenho, a nossa entrega , o nosso trabalho ser superlativamente compensado este ano letivo 2014/2025, em que lecionámos apenas a turmas de 12º ano, uma vez que os nossos alunos obtiveram, no Exame Nacional, as melhores classificações de todas as escolas de vila Real; superaram em grande margem a média nacional e nenhum obteve classificação inferior a dez valores. Foi o resultado de um percurso de três anos, visto que acompanhámos esses discentes desde o 10º até ao 12º anos .É para este fim que trabalhamos, embora com consciência de que nem sempre obtemos estes resultados largamente tão satisfatórios, pois é um processo que implica a entrega das duas partes: professor / alunos. Porém, a

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postura é, independente do material humano com que trabalhamos, a mesma, e temos noção de que , porque há duas partes implicadas, o conceito de sucesso diverge de ano para ano, de turma para turma, de aluno para aluno. Certo é que estes resultados comprovaram a importância da continuidade do docente ao longo de um ciclo.

Perante estes factos, como procuramos que sejam as aula que lecionamos? Partimos sempre do pressuposto de que cada ano é um ano; cada turma uma turma; cada aluno, um caso diferente, e mesmo o aluno vai sofrendo mudanças às quais não se pode estar alheio. Por isso, afastamo-nos de estereótipos, ainda que seja importante tê-los em mente, quanto mais não seja para os evitar, e, por conseguinte, não nos formatar nem formatar alunos. Partilhamos a opinião de que o professor é, ainda, (reconheça-se que lhe são imputados inúmeros papeis) um orador. Neste sentido, deverá cumprir os três princípios estruturantes: “docere” (ensinar); “delectare” (deleitar / encantar); “movere” (persuadir / convencer). Cabe-lhe, então, a magistral tarefa de transmitir os conhecimentos que adquiriu e que vai adquirindo, já que aprender deve ser um ato contínuo, uma predisposição que nos acompanha, não só para auto-enriquecimento, como também enquanto “atores” deste “teatro” que se chama vida, especificamente no “palco” que é a sala de aula / escola.

Porém, é comum ouvir-se dizer que “um aluno aprende melhor se gostar do professor”. Não podemos estar mais de acordo; afinal, esta interatividade vê-se nas diversas circunstâncias da vida: é mais fácil trabalhar sob o signo da empatia. No entanto, atrevemo-nos a dizer que um professor também ensina melhor se o aluno cumprir o seu papel. Há, então, uma responsabilidade bilateral em relação ao ato de cativar. Citando Antoine de Saint Exupery em O Principezinho: “Nós também somos responsáveis por quem cativamos”. Desta forma, o professor deve ( e tem ) de tornar os seus alunos “reféns” – cativos e livres para aprenderem. Aqui reside, na nossa ótica, a tarefa mais árdua, mais subtil de um docente, mas ,sem dúvida, um desafio deveras estimulante. É nestas circunstâncias que o docente é um verdadeiro “ator, como vulgarmente se diz”. O professor tem que ir ao encontro do aluno, para depois o levar pela “sua mão” e orientá-lo; conduzi-lo; ensinar-lhe a aprender e a estudar. Se estas premissas forem atingidas, estamos cientes de que “movere” não é difícil. E pretendemos que “ persuadir” seja interpretado como convencer o aluno a estar aberto à aprendizagem, a ser um elemento pró-ativo, com espírito empreendedor, sadiamente insatisfeito, ávido de aprender a aprender; alguém que quer ir mais longe e que compete consigo mesmo, que seja o seu próprio adversário; alguém que entenda que o conforto que abandona é sobejamente superado por aquilo que pode alcançar. Só assim concebemos a competição, como um ato benéfico para o indivíduo e para a sociedade.

Contudo, o crescimento profissional e a nossa maturação enquanto docentes advêm também de outras aprendizagens. Fomos Diretores de Turma do ensino secundário praticamente em todos os anos que lecionamos; Delegada de Grupo de Português / Latim; coordenadora de grupo disciplinar (Português e Latim) na Escola Secundária Morgado de Mateus, posteriormente Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus. São cargos de gestão intermédia, com funções bastante latas, que permitiram ter uma perceção mais abrangente da escola e compreender o papel desta instituição como um contexto de intervenção da Supervisão.

(22)

É altura de apresentar de uma forma sintética as competências que as diferentes práticas nos proporcionaram: a atitude empreendedora, reflexiva, procurando atualizar os conhecimentos face à realidade educativa atual, plural, e, para bem de toda a comunidade, exigente.

Assumindo sempre uma atitude otimista , e crente nos frutos do empenho, estamos cônscios de que temos em mão algumas ferramentas consistentes para compreender este percurso de valorização profissional, que, afinal, se materializa na consecução deste relatório, que será o corolário de uma vontade de dar continuidade ao nosso enriquecimento profissional.

Quadro 1: Cronograma do percurso profissional docente e de Supervisão Pedagógica em contexto escolar

ANO LETIVO ESCOLA / ENTIDADE CATEGORIA CARGO / FUNÇÃO

2015/2016 Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus, Vila Real Professora do Quadro Diretora de Turma

2015/ 2014 Agrupamento de Escolas

Morgado de Mateus, Vila Real Professora do Quadro Diretora de Turma

2014/2013 Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus, Vila Real Professora do Quadro

Diretora de Turma; Coordenadora de disciplina de Português.

2013/2012 Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus, Vila Real Professora do Quadro

Diretora de Turma; Coordenadora de disciplina de Português.

2012/2011 Escola Secundária Morgado de

Mateus, Vila Real Professora do Quadro

Coordenadora de Disciplina

2011/2010 Escola Secundária Morgado de Mateus, Vila Real Professora do quadro Coordenadora da disciplina de Português

2010/2009 Escola Secundária Morgado de

Mateus, Vila Real Professora do Quadro

Coordenadora de disciplina de Português; Diretora de Turma; Corretora de Exames a nível Nacional de Português; Professora Coadjuvante nos Exames Nacionais.

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2009/2008 Escola Secundária Morgado de

Mateus, Vila Real Professora do Quadro

Coordenadora de grupo disciplinar: Português e Latim; Diretora de Turma; Corretora de Exames a nível Nacional de Português e Latim; Professora coadjuvante nos Exames Nacionais.

2008 /2007 Escola Secundária Morgado de Mateus, Vila Real Professora do Quadro

Coordenadora de grupo disciplinar: Português e Latim; Diretora de Turma; Corretora de Exames a nível Nacional de Português e Latim; Professora coadjuvante nos Exames Nacionais

2007 /2006 Escola Secundária Morgado de

Mateus, Vila Real Professora do Quadro

Coordenadora de grupo disciplinar: Português e Latim;

Diretora de Turma

2006/2005 Escola Secundária Morgado de Mateus, Vila Real Professora do Quadro

Diretora de Turma; Coordenadora de Grupo Disciplinar: Português

2005/2004 Escola Secundária Morgado de

Mateus, Vila Real Professora do Quadro

Coordenadora de Grupo Disciplinar: Latim e Português;

Diretora de Turma; Corretora de Exame Nacional;

Professora Coadjuvante nos Exames Nacionais

2004/2003 Escola Secundária Morgado de

Mateus, Vila Real Professora do Quadro

Coordenadora de grupo Disciplinar: Português e Latim

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2003/2002 Escola Secundária Morgado de

Mateus, Vila Real Professora do Quadro

Coordenadora de Grupo Disciplinar: Português e Latim; Diretora de Turma; Corretora de Exames a nível nacional; Coadjuvante nos Exames a nível Nacional

Relatora dos Exames Nacionais.

2002/2001 Escola Secundária Morgado de Mateus, Vila Real Professora do Quadro

Delegada de Grupo; Diretora de Turma; Corretora de Exames Nacionais; Coadjuvante nos Exames a nível Nacional;

2001/2000 Escola Secundária Morgado de Mateus, Vila Real Professora do Quadro

Delegada de Grupo: Português e Latim; Diretora de Turma; Corretora de Exames Nacionais; Coadjuvante nos exames a nível Nacional;

Relatora nos Exames Nacionais

2000/1999 Escola Secundária Morgado de Mateus, Vila Real Professora do Quadro

Delegada de disciplina: Latim;

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1999/ 1998 Escola Secundária Morgado de

Mateus, Vila Real Professora do Quadro

Delegada de grupo de Latim; Diretora de Turma; Orientadora de Estágio Integrado de Latim pela UCP; Corretora de Exames a nível Nacional; Coadjuvante dos Exames a nível Nacional

1998/ 1997 Escola Secundária Morgado de

Mateus, Vila Real Professora do Quadro

Delegada de grupo de Latim; Diretora de Turma; Corretora de Exames a nível Nacional; Coadjuvante dos Exames a nível Nacional; Responsável pelo projeto "Os Descobrimentos e a Literatura" - Expo 1998

1997/1996 Escola Secundária Morgado de

Mateus, Vila Real Professora do Quadro

Delegada de grupo de Latim; Diretora de Turma; Corretora de Exames a nível Nacional; Coadjuvante dos Exames a nível Nacional.

1996/1995 Escola Secundária Morgado de

Mateus, Vila Real Professora do Quadro

Delegada de grupo de Latim; Diretora de Turma; Corretora de Exames a nível Nacional; Coadjuvante dos Exames a nível Nacional.

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1995/1994 Escola Secundária Morgado de Mateus, Vila Real Professora do Quadro Delegada de grupo de Português e Latim; Diretora de Turma; Corretora de Exames a nível Nacional; Coadjuvante dos Exames a nível Nacional. 1994/1993

Escola Secundária Camilo Castelo Branco (destacada), Vila Real Professora do Quadro da Escola EB 2,3 Secundária Miguel Torga, Sabrosa (destacada) Orientadora de Estágio Integrado de Português pela UTAD. 1993/1992

Escola Secundária Camilo Castelo Branco (destacada) Escola Profissional de Constantim, Vila Real

Professora do Quadro da Escola EB 2,3 Secundária de Valpaços (destacada) Formadora na Escola Profissional de Constantim. 1992/1991 Escola EB 2,3 Secundária Miguel Torga, Sabrosa Escola Profissional de Constantim, Vila Real

Professora do quadro de nomeação provisória Orientadora de Estágio- Profissionalização em Serviço; Formadora na Escola Profissional de Constantim

1991/1990 Escola Secundária De Santa

Maria Maior, Viana Do Castelo. Professora estagiária

Professora estagiária (regime de transição) de Português e Latim – UCP; Complemento de habilitações pós licenciatura; (Profissionalização): Ciências da Educação pela UCP.

1990/1989 Escola Secundária Camilo

Castelo Branco Professora provisória

1989/1988 Escola Secundária Camilo

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I | Introdução

O vocábulo " Supervisão" é formado a partir do radical "super", do Latim "Superior,"e " visão", perspetiva, conhecimento, o que redunda na ideia de uma visão mais lata, mais alargada, mais abrangente.

Com efeito, a Supervisão afirma-se como a razão nuclear da função do professor, numa postura de constante reflexão e pesquisa, que, indubitavelmente, interfere, da melhor maneira, no nosso percurso e enriquecimento profissionais, bem como no desempenho de cargos de gestão intermédia.

Esta introdução será estruturada pela contextualização deste relatório de atividades, pelos objetivos que nos propomos alcançar com a sua consecução, bem como pela metodologia aplicada e a caracterização do trabalho. Seguir-se-á a formulação do ponto de partida e a organização genérica do trabalho.

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1.2. Contextualização do Relatório

O nosso relatório é o corolário da experiência profissional de vinte e sete anos, nos quais a Supervisão Pedagógica em contexto escolar esteve o mais possível presente, bem como a formação de professores, e o enriquecimento individual, corporizando-se em trabalho partilhado e investigação, da qual optámos por nos restringir a duas áreas: Direção de Turma e Supervisão Pedagógica.

Identificando-nos com as palavras de Alarcão (1997), o ser humano trilha o seu próprio percurso de formação, construindo caminhos de descoberta e empenhamento progressivo . Temos, portanto, o direito de escolher o caminho pelo qual queremos pautar o nosso percurso, sempre no horizonte com a ideia de que temos direitos e deveres, e não ignorando que a sociedade está em constante mutação e desenvolvimento, pelo que devemos estar abertos à mudança, numa atitude empreendedora e que contribua para o desenvolvimento da sociedade, pondo a nossa experiência ao serviço da nossa construção pessoal e da sociedade. Pensamos que devemos ter sempre em mente a diversidade dos contextos escolares, sujeitos a limitações políticas, culturais, sociais, familiares, económicas, organizacionais e pedagógicas que obrigam o docente a confrontar-se com uma vasta galeria de constrangimentos com os quais tem que conviver e atuar, nem sempre na certeza de estar a fazer a melhor opção, mas é aquela que, na circunstância , se afigura como mais correta e eficaz.

Desta forma, este trabalho pretende ser o espelho de um percurso que se vem concretizando baseado na ideia de que a construção do "eu" é o resultado de uma aprendizagem articulada, aberta, constante e dinâmica. Cada um de nós é um pouco dos que nos rodeiam; daqueles com quem trabalhamos; das pessoas que nos ouvem; daqueles que ouvimos. Cada um é fruto de um conjunto. Confirma-se, assim, a ideia que já foi referida: a experiência reflexiva é a mãe de todas as coisas; é fonte de saber.

A evolução da sociedade lança-nos inúmeros desafios, e a escola, parte desse todo que é a sociedade, reforça esses desafios, o que nos leva a estar constantemente na senda de respostas que vão ao encontro dessas mudanças sucessivas, o que deve, antes de tudo, implicar uma reflexão séria.

Tendo em conta esta contextualização, pode inferir-se sobre a pertinência do presente relatório, tendo sido construído como um produto elaborado a partir do nosso percurso profissional, produto de mais uma reflexão e , simultaneamente, o "leit motiv" para mais uma forma de aprofundar e atualizar os conhecimentos teóricos subjacentes aos temas que problematizaram e fundamentaram as várias formas de Supervisão desempenhadas na escola. Porque mudar é preciso, sair da "zona de conforto" e, citando uma verso do poema Horizonte, in Mensagem, "o sonho é ver as formas invisíveis". De facto, para que evoluamos, para que alcancemos o sucesso, é importante ver para além das "cortinas" que constituem a realidade objetiva.

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1.3. Objetivos

Feita a contextualização, pretendemos com este trabalho atingir os objetivos que passamos a enunciar:

1. Aprofundar conhecimentos no âmbito da Supervisão Pedagógica e estratégias de desenvolvimento profissional;

2. Refletir sobre o percurso profissional em contextualização com a aquisição de conhecimentos teóricos no âmbito da Supervisão Pedagógica .

1.4 Metodologia de Trabalho

Optámos por um trabalho descritivo e reflexivo, cuja base são os dados recolhidos ao longo deste percurso profissional, retirados, portanto do nosso quotidiano.

Este trabalho ajusta-se a uma abordagem descritiva e qualitativa, considerando que assume especial relevo a interpretação no processo de construção do nosso "eu", dos nossos conhecimentos. Aproxima-se de uma autobiografia profissional.

Segundo Bogdnan & Biklen ( 1994:32), a investigação qualitativa deve obedecer a cinco características:

1. A fonte direta do pesquisador é o ambiente natural, sendo instrumento-chave o pesquisador;

2. A avaliação qualitativa caracteriza-se pelo caráter descritivo;

3. O processo é o objetivo do pesquisador, sendo de menor destaque o produto/resultados; 4. O caráter indutivo caracteriza a análise dos dados por parte do investigador;

5. A abordagem qualitativa dá especial importância ao significado.

É nossa preocupação e intenção que estes cinco traços sejam claramente visíveis neste trabalho.

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1.5. Caracterização do trabalho

Trata-se de um trabalho baseado em dados práticos cujas ideias são assentes num enquadramento teórico, que foi ponto de partida para uma reflexão, e que, em muito, permitiu a compreensão do percurso profissional e contribuirá, por certo, para um enriquecimento da atividade profissional que continuará o seu percurso.

Não havendo neste trabalho um universo de estudo a partir do qual se tirem conclusões, existe um ponto de partida: a experiência profissional, que será a base para as reflexões e conclusões.

1.6. Formulação do ponto de partida

Com o processo de Bolonha, os licenciados Pré-Bolonha viram reconhecidas as suas qualificações e competências científicas e profissionais. Apresentámos a candidatura ao 2º ciclo de estudos na Universidade de Trás-os-Montes e Ato Douro, sendo-nos reconhecida e creditada a componente teórica, devendo ser elaborado um relatório ou dissertação subordinado ao tema " Supervisão Pedagógica", para obtenção do grau de mestre em Ciências da Educação, área de especialização em Supervisão Pedagógica.

Da troca de opiniões com o Professor Doutor Armando Loureiro, decidimos que a elaboração de um relatório que refletisse a nossa prática profissional, conforme consta no regulamento, constituiria um trabalho pertinente.

Com efeito, ao longo do nosso trabalho pretendemos fazer uma reflexão crítica quer dos pontos de vista que apreendemos a partir das diversas leituras feitas, quer do nosso percurso profissional, pelo que adotámos a perspetiva que defendemos: professor reflexivo. Pretendemos, também, refletir sobre as aprendizagens que decorreram do nosso percurso e a implicação que tiveram em situações posteriores, ou seja, analisar a viabilidade e aplicabilidade dessas aprendizagens.

1.7. Organização geral do trabalho

O presente relatório é composto pelo preâmbulo, onde fazemos uma contextualização e uma resenha do nosso percurso como professora, culminando com um cronograma desse percurso profissional e de Supervisão Pedagógica no contexto escolar.

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Segue-se o capítulo I - Introdução onde é feita uma apresentação global do relatório, seguida da contextualização e pertinência do mesmo, a definição dos objetivos que estão subjacentes ao trabalho, a metodologia utilizada, a caracterização do relatório, a formulação do ponto de partida, e a organização global do relatório.

No capítulo II - daremos corpo ao enquadramento concetual da Direção de Turma, debruçar-nos-emos sobre o perfil do Diretor de Turma, os seus deveres, os constrangimentos, as funções e as suas qualidades, experiências relevantes e impacto no nosso desenvolvimento profissional.

No capítulo III

-

daremos corpo ao enquadramento concetual da Supervisão, debruçar-nos-emos sobre os conceitos de professor/escola reflexiva, de trabalho colaborativo e o enquadramento legal da avaliação docente enquanto instrumento de desenvolvimento profissional; o líder na Supervisão.

No capítulo IV - Conclusão - procederemos à síntese das aprendizagens alcançadas, bem como a uma reflexão final relativa ao nosso passado profissional e também em relação às nossas expetativas face ao Sistema Educativo.

As Referências incorporam as referências bibliográficas citadas no corpo do texto, bem como outras que fizeram parte das nossas consultas, Legislativos e Sites consultados. Serão, também, apresentados anexos que espelham alguns instrumentos de trabalho utilizados na implementação das nossas práticas apresentadas neste trabalho, quer no âmbito da Direção de Turma, quer a nível da Supervisão.

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II | O Diretor de Turma e a

Relação Educativa

2.1. Introdução

O nosso trabalho pretende ser um todo uno, coeso e com rigor científico, pelo que consideramos fundamental evidenciar as funções do Diretor de Turma, traçar o seu perfil , refletir sobre os seus principais constrangimentos e a sua importância como orientador do aluno, bem como fazer uma análise/ reflexão sobre a evolução do seu papel. Para além da partilha de experiências por nós vivenciadas enquanto Diretor de Turma, é nosso propósito refletir sobre o impacto que as mesmas tiveram no desenvolvimento profissional.

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2.2. As funções do Diretor de Turma

A figura do Diretor de Turma nas escolas portuguesas é uma realidade em escolas públicas e privadas, desde a década de 1970, e adquire progressiva importância a partir do Decreto-Lei nº 115-A/98, possibilitando às escolas mais eficácia. Dentre as diversas atribuições dessa coordenação, verifica-se, nesse período, que a comunicação e integração entre a escola e a família e entre todos os professores e alunos de uma mesma turma têm se mostrado como das mais relevantes, por minimizar os conflitos de interesses, refletindo-se positivamente no ensino e na aprendizagem.

Sendo a educação um processo que conduz a pessoa ao desenvolvimento máximo das suas potencialidades e à descoberta dos diferentes papéis que tem possibilidade de desempenhar na sociedade, a orientação deverá ser realizada em equipa e de uma forma cautelosa, ou seja, por toda a comunidade educativa, escola, pais, autarquias, etc., destacando-se aqui o papel do professor, uma vez que a relação professor-aluno implica uma situação de formação integral.

Na perspectiva de Roldão (1998: 62), o Diretor de Turma incorpora um conjunto de vertentes fundamentais para atuação entre esses diversos interlocutores.

Neste sentido, o Diretor de Turma, no desempenho do seu papel de professor, deverá dar uma importância decisiva à orientação na relação com os seus alunos, exercendo uma orientação ativa e dinâmica, competindo-lhe, também, a coordenação interdisciplinar das orientações efetuadas por todos os professores que integram a sua turma.

O presente trabalho procura elucidar sobre as funções do Diretor de Turma no quadro de ensino das escolas portuguesas. As dificuldades de comunicação, de relacionamento e, sobretudo de desenvolvimento de estratégias de cooperação entre a escola e a família, são hoje amplamente discutidas. A relação entre pais e professores tem sido, diversas vezes, pautada por conflitos de interesses, causando constrangimentos a nível relacional, o que prejudica a aprendizagem e desenvolvimento do aluno. De acordo com Roldão (1998: 70), o Diretor de Turma incorpora um conjunto de vertentes fundamentais para atuação entre esses diversos interlocutores. Consideramos que a escola tem responsabilidades na aproximação e na abertura às famílias. Essa aproximação poderá ser feita por um dos professores da turma que, para além de lecionar a sua área específica, terá também o cargo de Diretor de Turma, promovendo um clima favorável à aprendizagem e um conhecimento aprofundado e sistematizado das famílias dos alunos. Funcionará também como elo de ligação entre os professores do Conselho de Turma. Para isso, é necessário um plano organizativo e administrativo vinculado à coordenação de Diretores de Turma e seu processo de escolha. Segundo o Decreto Regulamentar nº 10/99 de 21 de julho, a coordenação das atividades do Conselho de Turma é realizada pelo Diretor de Turma, o qual é designado pela Direção entre os professores, sendo escolhido, preferencialmente, um docente da área específica, sem prejuízo de outras competências fixadas na lei e no regulamento interno.

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Em linhas gerais, ao Diretor de Turma compete favorecer a articulação entre os professores, alunos, pais e encarregados de educação, procurando promover o trabalho cooperativo, especificamente entre professores e alunos no sentido de adequar estratégias e métodos de trabalho, com caráter curricular e avaliativo, além de compreender as especificidades de cada aluno.

No dealbar do século XXI, assistimos a uma substancial mudança do papel do Diretor de Turma. Este conjunto de mudanças não passa despercebido a nenhum dos elementos envolvidos, desde o próprio Diretor de Turma, aluno, encarregados de educação e comunidade em geral.

Com efeito, para que o ponto de partida seja correto, e culmine num bom desfecho, é necessário que o Diretor de Turma inicie por um diagnóstico bem planificado, inicialmente mais abrangente, mas que poderá especificar à medida que vai tendo conhecimento dos alunos, através de diálogo aberto, franco, mas assertivo, condições básicas para facilitar a comunicação.

Neste âmbito, partilhamos a opinião de Ramiro Marques(2002),considerando que a relação educativa é a combinação de muitos papeis, nos quais o Diretor de Turma está diretamente implicado. Assim, é expectável que dê resposta aos seguintes papeis:

1. Companheiro; 2. Educador; 3. Orientador;

4. Elo de ligação entre o aluno, os restantes professores, os colegas e a comunidade escolar; 5. Coordenador das atividades de turma;

6. Harmonizador.

Com efeito, o Diretor de Turma acompanha o dia-a-dia dos alunos; sabe (e deve comunicar em tempo real) se o aluno faltou a alguma aula. O Diretor de Turma orienta os alunos nas escolhas, mantém-no informado, informa os restantes elementos do Conselho de Turma e Encarregados de educação e, quando necessário, isto é, quando uma circunstância ultrapassa as suas valências, encaminha o discente para instâncias superiores (como é o caso dos serviços de Psicologia escolar ou de um elemento da Direção). É, portanto, um elemento harmonizador, um orientador, um “ porto seguro” de quem o aluno tem a certeza de que se pode socorrer para resolver certos problemas escolares e extra-escolares; para desabafar vivências boas ou menos boas; para contar certos problemas que não tem coragem ou à vontade para verbalizar perante os pais; para o ajudar a formular objetivos de vida; para o orientar nas suas escolhas. Ele é o eixo em torno do qual gira a relação educativa. Tem, portanto, um papel de tutor, definindo-se como um professor que conhece bem os seus alunos, que coordena uma equipa pedagógica, que fomenta a realização de projetos. Com efeito, a qualidade da intervenção do Diretor de Turma está intrinsecamente relacionada com a qualidade de uma relação educativa. Consideramos, então, que um Diretor de Turma pouco interveniente pode gerar uma relação educativa errática, não planeada e fruto do acaso. E também neste aspeto partilhamos o ponto de vista de Ramiro Marques (2002).

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O Diretor de Turma deverá ser, preferencialmente, um professor profissionalizado nomeado pelo director de entre os professores da turma, tendo em conta a sua competência pedagógica e capacidade de relacionamento. (Decreto-Lei 172/ 91).

Sem prejuízo do disposto no número anterior, e sempre que possível, deverá ser nomeado Diretor de Turma o professor que no ano anterior tenha exercido tais funções na turma a que pertenceram os mesmos alunos.

Segundo a Portaria nº 921/ 92 do Despacho 8/SERE/89, no artigo 36º do Decreto Lei 172/ 91 são competências do director de turma:

a) Promover junto do Conselho de Turma a realização de ações conducentes à aplicação do projecto educativo da escola, numa perspectiva de envolvimento dos encarregados de educação e de abertura à comunidade;

b) Assegurar a adoção de estratégias coordenadas relativamente aos alunos da turma, bem como a criação de condições para a realização de actividades interdisciplinares, nomeadamente no âmbito da área-escola;

c) Promover um acompanhamento individualizado dos alunos, divulgando junto dos professores da turma a informação necessária à adequada orientação educativa dos alunos e fomentando a participação dos pais e encarregados de educação na concretização de acções para orientação e acompanhamento;

d) Promover a rentabilização dos recursos e serviços existentes na comunidade escolar e educativa, mantendo os alunos e encarregados de educação informados da sua existência;

e) Elaborar e conservar o processo individual do aluno, facultando a sua consulta ao aluno, professores da turma, pais e encarregados de educação.

f) Apreciar ocorrências de insucesso disciplinar, decidir da aplicação de medidas imediatas no quadro das orientações do conselho pedagógico em matéria disciplinar e solicitar ao Diretor a convocação extraordinária do Conselho de Turma;

g) Assegurar a participação dos alunos, professores, pais e encarregados de educação na aplicação de medidas educativas decorrentes da apreciação de situações de insucesso disciplinar;

h) Coordenar o processo de avaliação formativa e sumativa dos alunos, garantindo o seu carácter globalizante e integrador, solicitando, se necessário, a participação dos outros intervenientes na avaliação;

i) Coordenar a elaboração do plano de recuperação do aluno decorrente da avaliação sumativa extraordinária e manter informado o encarregado de educação;

j) Propor aos serviços competentes a avaliação especializada, após solicitação do Conselho de Turma;

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l) Garantir o conhecimento e o acordo prévio do encarregado de educação para a programação individualizada do aluno e para o correspondente itinerário de formação recomendados no termo da avaliação especializada;

m) Elaborar, em caso de retenção do aluno no mesmo ano, um relatório que inclua uma proposta de repetição de todo o plano de estudos desse ano ou de cumprimento de um plano de apoio específico e submetê-lo à aprovação do conselho pedagógico, através do coordenador de ano dos Diretores de Turma;

n) Propor, na sequência da decisão do Conselho de Turma, medidas de apoio educativo adequadas e proceder à respectiva avaliação;

o) Apresentar ao coordenador de ano dos Diretores de Turma o relatório elaborado pelos professores responsáveis pelas medidas de apoio educativo;

p) Presidir às reuniões de Conselho de Turma.

A Portaria 921 /92 agrupa as funções em três campos:

Funções Administrativas: compete ao Diretor de Turma elaborar e atualizar o processo individual do discente e, no final do ano, apresentar um relatório ao Coordenador.

Funções Pedagógicas : desenhar estratégias para a consecução de atividades de caráter interdisciplinar; coordenar o processo de avaliação, garantindo a unidade e o seu caráter globalizante; coordenar planos de recuperação; propor avaliação especializada; propor medidas de apoio educativo e respetiva avaliação; elaborar planos de estudo, em casos de retenção.

Funções Disciplinares: apreciar ocorrências de insucesso disciplinar; assumir a função de instrutor em casos de processos disciplinares.

Em face do exposto, e tendo como ponto a análise da legislação, concluímos que as funções do Diretor de Turma visam conduzir ao sucesso educativo do aluno; orientá-lo vocacionalmente; coordenar a avaliação formativa e sumativa; promover o diálogo com os encarregados de educação; estabelecer a ligação com o meio; fazer o elo de ligação com os demais professores; promover um acompanhamento individualizado do aluno.

Partilhamos, então, a opinião de que o Diretor de Turma tem um papel insubstituível na coordenação do processo de avaliação escolar ao nível dos Conselhos de Turma, porque, citando Sanchez ( 1997: 64) "é neles que são julgadas as capacidades e possibilidades do aluno e é onde o Diretor de Turma pode desenvolver a sua tarefa informativa e orientadora, em coordenação com os restantes professores do grupo-turma.".

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2.3. Principais Qualidades Do Diretor de Turma

O Director de Turma deverá ser, preferencialmente, um professor profissionalizado nomeado pelo Director executivo de entre os professores da turma, tendo em conta a sua competência pedagógica e capacidade de relacionamento. Sempre que possível, deverá ser nomeado Director de Turma o professor que no ano anterior tenha exercido tais funções na turma a que pertenceram os mesmos alunos.

Partilhamos a opinião que as características do foro psicológico assumem grande relevância no bom papel a desempenhar por este elemento. Deverá ser um docente que se caracterize pela disponibilidade de diálogo e de liderança, com experiência profissional, de fácil relacionamento, tolerante e dedicado.

Repare-se, então, que o Diretor de Turma exerce na escola uma valiosa atividade; é um elemento determinante na mediação de conflitos, que não se confinam ao recinto escolar. Com efeito, este gestor pedagógico, mais do que conhecer a legislação e as funções que dela decorrem, carece de uma visão integradora de todos os recursos da escola e da comunidade educativa, de modo a ser capaz de dar resposta, com qualidade, a todos os desafios do Projeto Educativo. Em suma, sem ser diretivo e fiscalizador, nem permissivo, o Diretor de Turma tem que ser conscientemente um elemento comprometido com a vida escolar do aluno.

Embora não seja possível definir um perfil único para variadíssimas pessoas que exercem uma mesma função de Director de Turma, é um “fazer” e “saber fazer” que possui características que, antes de mais, deveriam ser pré-requisitos a qualquer professor para o exercício desta função.

Baseando-nos em Ramiro Marques (2002:26), apresentamos, de seguida, uma sistematização das principais qualidades que o Director de Turma deve possuir com o objetivo de o ajudar a realizar, com êxito, a tarefa que, no campo da orientação, lhe compete.

Qualidades humanas:

o Empatia;

o Maturidade; o Sociabilidade;

o Sentido de responsabilidade;

o Relacionar-se com muitas pessoas (professores, alunos, órgãos de gestão, pais, psicólogos, autarquias locais, etc) – sentido de comunicação;

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o Tem que contribuir, eficazmente, para a criação de um clima de comunicação, de colaboração e, até, de relação amistosa;

o Capacidade para assimilar ideias, capacidade para querer, decidir e, porventura, alterar decisões, com o objectivo de procurar permanentemente os interesses de cada um e de todos os elementos da comunidade escolar;

o Maturidade a nível intelectual; o Maturidade a nível afectivo;

o Deve manifestar um equilíbrio emocional que o afaste de comportamentos de insegurança, de ansiedade, de dominação, de impulsividade;

o Capacidade de diálogo;

o Sentido de adaptação ao presente e a visão do futuro;

o Capacidade de expor, de sugerir, de apontar caminhos e soluções, bem como de informar e de clarificar situações educativas;

o Capacidade de assumir compromissos e riscos; o Autêntico;

o Confiante nos alunos;

o Capaz de estabelecer empatia com cada aluno e com a turma no seu conjunto; o Capacidade de relacionamento com os alunos, evitando problemas disciplinares; o Capacidade de envolver os pais na vida da escola.

Capacidades científicas e técnicas:

o Deverá possuir conhecimentos teórico-práticos no campo da Psicologia, da Pedagogia e das novas tecnologias que o ajudarão a desempenhar da melhor maneira a sua função; o Saber planificar, coordenar, estimular e avaliar;

o Atender aos aspectos do desenvolvimento, da maturação, da aprendizagem, da orientação da turma e de cada um dos seus alunos;

o Capacidade e disponibilidade para a resolução dos problemas pessoais dos alunos; o Conduzir o aluno a descobrir os seus próprios valores e interesses, ajudando-o a assumir

as suas dificuldades, orientando-o no processo ensino-aprendizagem; o Comunicar com os pais;

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o Capacidade de envolver os professores da turma em projectos interdisciplinares; o Capacidade de conduzir as reuniões do Conselho de Turma com eficiência e rapidez; o Conhecer e interferir na organização escolar;

o Estabelecer o ponto de união entre alunos, pais, professores e escola; o Dinamizar a colaboração entre estes agentes educativos;

o Dispor de tempo suficiente para levar a cabo as actividades de suma importância para a eficiência pedagógica da escola;

o Capacidade de resolver com autonomia os problemas da turma, sem ter que envolver os outros professores;

o Dispor de tempo necessário para levar a cabo a sua actividade.

Feita esta elencagem das qualidades, entre outras possíveis, somos da opinião que o Diretor de Turma deve, essencialmente, possuir a capacidade de ouvir o outro. Neste aspeto, partilhamos a opinião de Ramiro Marques (2002) ao considerarmos que , neste contexto, o que se releva é o caráter da pessoa e não o número de anos de serviço ou até as habilitações académicas. Quanto mais tiver uma personalidade favorável ao desenvolvimento das relações interpessoais ricas e salutares, mais eficiente será o seu papel como Diretor de Turma. Por este motivo, é que nos parece oportuno e pertinente refletir sobre as qualidades de um bom Diretor de Turma.

Segundo a Portaria 970/80, o Diretor de Turma deve ter bem evidente a capacidade de relacionamento e de dinamização, ser tolerante, mas não permissivo, compreensível , ter bom senso, ser metódico e possuir capacidade para resolver as adversidades que vão surgindo. Daqui podemos inferir que a autenticidade, aceitação e empatia sintetizam as características expectáveis no Diretor de Turma.

Apresentamos, como súmula, o Quadro 2 (Sanchez, 1997) onde são evidenciadas as funções e atividades do Diretor de Turma.

Quadro 2: Síntese das Funções e Atividades do Diretor de Turma

O Diretor de Turma como orientador educativo

Personalização do processo educativo; desenvolvimento da autonomia dos alunos; desenvolvimento do projeto de vida; crescimento integral dos alunos.

Outras funções Funções burocráticas; relações com os pais; relações com

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Atuação através de conversas individuais com os alunos

Necessidade de estabelecer uma relação pessoal com os alunos.

Atuação através do grupo turma Procedimentos de atuação; momentos de atuação.

Temas a tratar com os alunos Hábitos, técnicas de estudo, saídas profissionais, vocações, etc.

Dificuldades Ligadas à formação; ligadas a aspetos pessoais; ligadas a

aspetos institucionais; ligadas as relações com os pais.

Qualidades do Diretor de Turma Autoridade; competências interpessoais; competências profissionais; competências pessoais.

2.4. Principais Dificuldades

Somos da opinião que vivemos uma conjuntura socio-política-económica-cultural conturbada, e a escola, e respetivos protagonistas – alunos e professores – não passam impunes. Estes constrangimentos, entre outros, como, por exemplo, a pouca atenção que alguns pais dispensam aos filhos, as turmas com um elevado número de alunos, a falta de objetivos e a crença num futuro profissional pouco promissor, fazem com que nos confrontemos com adolescentes muito problemáticos. Este facto é, na nossa opinião, o gerador das maiores dificuldade que o Diretor de Turma tem que enfrentar.

Contudo, os constrangimentos com que o Diretor de Turma se depara são muitos mais. Parece-nos que a perspetiva de Ramiro Marques (2002) tem bastante fundamento, considerando que os constrangimentos são de ordem pessoal e de ordem institucional.

As adversidades de ordem pessoal são, como afirma Sanches (1997:73) " as deficiências quanto à formação do desenvolvimento pessoal para a sua atuação como orientador; falta de formação específica que, nalguns casos, os professores procuram ultrapassar com a autoformação, a experiência e o senso comum, o que nos parece insuficiente; falta de motivação para estas tarefas, pelo facto de não se verem claramente os motivos e as razões formativas; e, por vezes, o facto de se procurar evitar o compromisso e a responsabilidade pelos alunos, para além da simples transmissão de conhecimentos".

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Relativamente às dificuldades de ordem institucional, prendem-se, basicamente, com a limitação de tempo destinada ao trabalho de Direção de Turma, que, por sua vez, vai constranger a disponibilidade para atendimento dos encarregados de educação; horas de atendimento incompatíveis com as dos encarregados de educação, sobretudo os que têm horário a cumprir; espaços pouco adequados; falta de reconhecimento do nobre papel do Diretor de Turma no processo de ensino- aprendizagem; burocracia excessiva; ausências de um bloco semanal destinado a dialogar com os alunos, o que obriga o Diretor de Turma a subtrair uma aula, não raras vezes, da disciplina que leciona.

Temos consciência, porém, de que há mais dificuldades, sendo de realçar o elevado número de alunos por turma, que, sem dúvida, não permite um trabalho tão individualizado quanto o desejável.

Parece-nos, assim, que um forte contributo para ultrapassar estas dificuldades consiste na aposta em boa formação sobre pedagogia, psicologia e didática, disciplinas que fizeram parte da nossa formação curricular na área da educação e às quais reconhecemos uma superlativa importância como ponto de partida para a nossa formação que tem sido, e deverá continuar a ser, o mais contínua possível.

2.5. O Diretor de Turma e a Orientação Dos Alunos

O Diretor de Turma é um elemento de um todo, do qual fazem parte, também, os alunos, os pais/encarregados de educação e os restantes elementos do Conselho de Turma.

Começamos por enfatizar a importância da realização periódica de reuniões com todos os intervenientes no Conselho de Turma, uma vez que é nesse espaço/tempo que o Diretor de Turma pode partilhar a informação recebida pelos encarregados de educação, bem como dos professores que compõem esse conselho.

No parecer de Sanchez (1997), a atuação conjunta pode conseguir-se de duas formas: ocasionalmente, sempre que surja uma situação/ problema entre professores/aluno(s) ou aluno/aluno; periodicamente, nas reuniões de Conselho de Turma calendarizadas pela direção.

Deverão, assim, ser múltiplas as funções do Diretor de Turma e os seus objetivos, a saber: a) analisar o comportamento e sucesso dos discentes;

b) identificar os interesses e aptidões de cada aluno, de forma a, mais facilmente, o ajudar na senda do seu percurso;

c) avaliar os objetivos propostos para os alunos e ir procedendo a eventuais ajustes; d) inferir sobre a eficácia dos métodos adotados;

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e) avaliar a adequação dos conteúdos programáticos;

f) fazer a ligação entre todos os elementos do Conselho de Turma;

i) conhecer o historial dos alunos a nível escolar e, o mais pormenorizadamente, a nível pessoal.

j) recolher , com periodicidade, informação junto dos conselheiros da turma;

k) incentivar os encarregados de educação a serem presentes na vida escolar dos seus educandos;

l) coordenar a conceção, elaboração e atualização permanente do Plano de Acompanhamento Pedagógico de Turma;

m) promover a rentabilização dos recursos e serviços existentes na comunidade escolar e educativa, mantendo os alunos e os respetivos encarregados de educação informados da sua existência e funcionalidade;

n) organizar , conservar e atualizar o Dossiê Individual do Aluno;

o) apreciar ocorrências de caráter disciplinar e decidir da aplicação das medidas imediatas no quadro das orientações do Conselho Pedagógico em matéria disciplinar e solicitar ao Diretor a convocação extraordinária do Conselho de Turma;

p) assegurar a participação dos alunos, professores e encarregados de educação na aplicação de medidas educativas decorrentes da apreciação de situações de processo disciplinar;

q) coordenar o processo de avaliação formativa e sumativa dos alunos, garantindo o seu caráter globalizante e integrador.

Algumas destas competências tornam-se mais prementes em anos de mudança de ciclo que impliquem escolhas. Diríamos que nestas alturas ganham crucial dimensão as conversas informais que o Diretor de Turma trava com os alunos, não só em contexto de aula ,mas, sobretudo, fora desta; nesses momentos, os alunos tornam-se mais passentos e diretos. Ademais ,somos da opinião que um Diretor de Turma comunicativo, que saiba ouvir, que se mostre disponível e companheiro dos seus alunos , com os quais crie laços afetivos, terá, francamente, mais facilidade em atingir estes fins. E voltamos a referir: embora não haja ideais, é por demais evidente que certos perfis se encontram mais adequados ao desempenho destas funções.

Consideramos, então, que mais tempo destinado à Direção de Turma seria proveitoso para todos: alunos, Diretor de Turma, encarregado de educação. Somos, também, da opinião de que seria um imperativo haver uma hora calendarizada onde o Diretor de Turma pudesse dialogar, sem pressão de tempo, com os discentes; ouvi-los, partilharem opiniões, aconselhá-los e, desta forma, poder encaminhá-los o melhor possível .O Diretor de Turma, bem como os docentes em geral, têm a nobre tarefa, embora árdua, de permitir a todos os alunos ser o melhor possível, e o sucesso reside,

Referências

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