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Transporte de madeiras brasileiras para Portugal nos séculos XVIII E XIX / Transportation of brazilian wood to Portugal in the 18th and 19th centuries

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53728-53745 jul. 2020. ISSN 2525-8761

Transporte de madeiras brasileiras para Portugal nos séculos XVIII E XIX

Transportation of brazilian wood to Portugal in the 18th and 19th centuries

DOI:10.34117/bjdv6n7-860

Recebimento dos originais: 03/06/2020 Aceitação para publicação: 31/07/2020

Lazaro Benedito da Silva

Doutor em Botânica pela Universidade Estadual de Feira de Santana Instituição: Universidade Federal da Bahia. PPGEco Mestrado Profissional

Endereço: Instituto de Biologia da UFBA. Av. Adhemar de Barros, s/nº - Campus Universitário de Ondina, Ondina. CEP: 40170-110. Salvador – Bahia – Brasil

E-mail: bsilva@ufba.br Andreia Moraes Ferreira

Mestranda do PPGEco Mestrado Profissional Instituição: Universidade Federal da Bahia

Endereço: Instituto de Biologia da UFBA. Av. Adhemar de Barros, s/nº - Campus Universitário de Ondina, Ondina. CEP: 40170-110. Salvador – Bahia – Brasil

E-mail: andreiamoraesferreira88@gmail.com Sara Santos Araújo

Bacharel em Ciências Biológicas

Instituição: Universidade Federal da Bahia/ Instituto de Biologia da UFBA.

Endereço: Av. Adhemar de Barros, s/nº - Campus Universitário de Ondina, Ondina. CEP: 40170-110. Salvador – Bahia – Brasil.

E-mail: araujo20sara@gmail.com Marta Catarino Lourenço

Doutora em História da Ciência/Museologia pela Conservatoire National des Arts et Metiers. Instituição: Universidade de Lisboa/Museu Nacional de História Natural e da Ciência

Endereço: Rua da Escola Politécnica 56/58, 1250-102 Lisboa Portugal. E-mail: mclourenco@museus.ulisboa.pt

RESUMO

O transporte de madeiras do Brasil colônia para Portugal teve início no século XVI e se estendeu até o século XIX. Este tema é escasso em livros e artigos de ciências. Poucos autores, como Gabriel Soares, tratam desse assunto, trazendo contribuições importantes para a história brasileira. Somando-se a isso, esSomando-se trabalho apreSomando-senta grande relevância para a comunidade botânica, pois Somando-se trata do conhecimento sobre as madeiras que foram transportadas para Portugal. Objetivou-se realizar pesquisas em documentos de ordens de embarque das madeiras brasileiras para Portugal, analisar as entrevistas que foram feitas com coordenadores e curadores de museus, universidades e outros locais de guarda, naquele País, a fim de se obter a contextualização histórica, conceitos, evolução e tipos de transportes de madeiras utilizados, bem como as principais espécies transportadas. Além disso, apresentar uma breve relação do produto transportado e a evolução do transporte que conduziu este material. Esses documentos trouxeram alguns conceitos de transporte de madeira, que vai desde o transporte marítimo até o rodoviário, sendo este o mais atual. A evolução dos transportes associada com a necessidade de cada produto enviado demonstra que, foram desde barcas, seguidos de barcaça,

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53728-53745 jul. 2020. ISSN 2525-8761 barinel, bergalim, bigue e etc. Porém, os mais relevantes para o transporte de madeiras foram: caravelas, fragatas e principalmente as naus, que hoje foram substituídas pelos navios a hélice. As embarcações foram construídas com peças a partir de madeiras de: Bowdichia virgilioides Kunth. (sucupira), Bagassa guianensis Aubl. (tatauba), Lecythis pisonis Cambess. (sapucaia), Tabebuia serratifolia (Vahl) G.Nichols. (pau-d´arco), Paubrasilia echinata Lam. (pau-brasil), Aspidosperma polyneuron Müll. Arg. (peroba), dentre outras. Os resultados obtidos permitiram identificar a evolução dos transportes e as espécies que foram transportadas do Brasil para Portugal, contribuindo com a perspectiva de dirimir as dúvidas existentes há mais de dois séculos a respeito das madeiras exportadas. Além disso, esta pesquisa permitiu a produção de um glossário relacionando o tipo de madeira com as respectivas partes das embarcações. Trabalhos realizados nesta linha, com interesse nas madeiras e sua identidade histórica e atual, são escassos e significam uma riqueza para a história da ciência botânica.

Palavras-Chaves: trânsito de madeiras, evolução dos transportes, biodiversidade. ABSTRACT

The transportation of Brazilian Brazilians from Brazil to Portugal began in the 16th century and was extended until the 19th century. This theme is tracked in books and science articles. Few authors, such as Gabriel Soares, deal with this subject, make important contributions to Brazilian history. In addition, this work has great relevance for the botanical community, as it deals with knowledge about how manufactured products were transported to Portugal. The objective was to carry out research on Brazilian expedition order documents to Portugal, to analyze the interviews that were made with coordinators and curators of museums, universities and other custody places in that country. In addition, a brief list of the product transported and the transport that led this material. These documents contain some concepts of wood transport, ranging from sea transport to road transport, the most current being. The evolution of transport associated with the need for each product sent demonstrates that, from barges, followed by barge, barinel, bergalim, bigue and so on. However, the most relevant ones for the transport of wood were: caravels, frigates and mainly as ships, which today were replaced by propeller ships. As vessels were built with pieces from: Bowdichia virgilioides Kunth (sucupira), Bagassa guianensis Aubl. (tatauba), Lecythis pisonis Cambess. (sapucaia), Tabebuia serratifolia (Vahl) G.Nichols. (pau-d´arco), Paubrasilia echinata Lam. (brazilwood), Aspidosperma polyneuron Müll. Arg. (peroba), among others. The results obtained allow to identify the evolution of the transport and the species that were transported from Brazil to Portugal, contributing with a perspective of direction as suspected of having more than two centuries in the respect of the exported wood. In addition, this research allowed the production of a glossary related to the type of wood with parts of vessels. Works carried out in this line, with an interest in historical and current identities, are scarce and mean a wealth for the history of botanical science

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1 INTRODUÇÃO

Durante o período do Brasil colonial (séc. XVI-XIX), Portugal importou para a coroa portuguesa, madeiras brasileiras de grande qualidade para a tinturaria de tecidos, construção naval, construção civil e artes decorativas.

Quando se fala no comércio das madeiras do Brasil, associa-se imediatamente à espécie botânica Caesalpinia echinata Lam (pau-brasil).Esta espécie, que Lamarck denominou Caesalpinia echinata em 1785, foi agora rebatizada de Paubrasilia echinata (Lam.) Gagnon, H.C.Lima & G.P.Lewis (Boyayan, M. Boletim Pesquisa FAPESB, edição 249 nov. 2016), que de fato, foi uma das mais exploradas pelo seu elevado valor comercial. Calcula-se que desde os primeiros anos da chegada dos portugueses ao Brasil, foram enviadas 1.200 toneladas de pau-brasil por ano para a Europa (OLIVEIRA, 2003).

A comercialização do pau-de-tinta correspondeu ao primeiro dos quatro ciclos econômicos do Brasil, por este motivo, esta foi à espécie mais documentada pelos historiadores, em detrimento de outras espécies de madeira de excelente qualidade, também exploradas pelos portugueses (FADIGAS, 2019).

A partir do século XVIII, período que esta pesquisa se inicia, o volume de peças de madeira aumentou consideravelmente. O transporte de madeiras brasileiras para Portugal em larga escala, está diretamente ligado ao terremoto que arrasou Lisboa no ano de 1755 e destruiu os armazéns de madeiras do Reino. A partir desse incidente, houve a necessidade de importantes remessas de peças, dos mais variados tipos de madeiras, para a construção de novas embarcações, móveis, escadarias, Real paço de Lisboa (construção civil), reconstrução de imóveis e especificamente, no fabrico de fragatas (LAPA, 1968). As madeiras inicialmente foram exploradas sem possuir conhecimento científico aprofundado, apenas mais tarde, surgiram os primeiros indícios de estudos voltados a suas propriedades científicas. Estudos focados ao sistema de exploração de algumas madeiras em épocas antigas são citados no trabalho de Menezes & Guerra (1998).

Ao observar o hábito ecológico das florestas brasileiras, percebe-se uma grande semelhança com as florestas das costas índicas. Porém, a vegetação brasileira, do ponto de vista logístico, se tornou mais atraente para a exploração de madeiras. As condições de navegação do oceano Atlântico, aumentavam a preferência das madeiras do Brasil às da Ásia e da África Oriental, assim como a distância concorria contra a Guiné, até a terceira parte do século XVIII; e o valor das madeiras brasileiras continuava significativamente baixo na esfera mais geral do império português (HUTTER, 1986). Nesse sentido, essas madeiras serviam, algumas vezes, de lastro para completar a carga principal composta de açúcar, couro e tabaco das embarcações, que entravam nos portos reinóis. Tal prática foi sancionada como obrigatória por ordem real, na década de 1650. Dessa forma, a maior

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53728-53745 jul. 2020. ISSN 2525-8761 parte das madeiras de construção naval, fossem elas provenientes das matas reinóis ou das ultramarinas, era encaminhada para a ribeira lisboeta (LISBOA, 1967; LAPA, 1968; MAURO, 1983). A construção naval foi apontada como a atividade “industrial” mais importante do complexo econômico luso-brasileiro, os historiadores são acordantes ao apontarem tal afirmação. Gama (1994), afirmou que a carpintaria naval foi de grande importância para nosso país. Existem muitas evidências que mostram que a primeira construção portuguesa em solo brasileiro foi erguida na Ilha do Gato, atual Ilha do Governador. Vasta, abundante em florestas e água potável, a ilha era um sítio privilegiado para abrigar os trabalhos de corte, transporte e embarque do pau-brasil, trabalhos estes fortemente auxiliados pelos indígenas maracajás. Em consequência disso, a base de operações madeireiras, precisava assegurar os procedimentos de reparo e carenagem das embarcações que realizavam a carreira. Pela análise dos materiais encontrados na Ilha, as escavações arqueológicas realizadas, apresentam elementos que confirmam tais atividades de carpintaria naval nesse sitio (FERNANDES, 2008).

Até então, as madeiras brasileiras que foram transportadas para Portugal não possuíam nenhum tipo de identificação científica, nem conhecimento de suas propriedades e aplicações. Sua utilização era mediante solicitação do marceneiro que estava a utilizar. Aniceto Raposo foi um importante marceneiro no final do século XVIII e início do XIX, que assinou diversas peças importantes para Portugal e também o primeiro a apresentar características da madeira e conservação sendo um importante começo para as Xilotecas (OLIVEIRA, 2003).

Alguns cronistas quinhentistas fazem referências a nossas reservas naturais, porém ninguém melhor do que Gabriel Soares de Souza tratou das madeiras de construção no século do descobrimento. Sendo sertanista e senhor de engenho, este cronista é dos primeiros a listar as espécies de madeira usadas na construção de navios, casas e engenhos de açúcar na região da Bahia. Ele indica para cada espécie o nome popular, o nome indígena e descreve as principais características, dimensões e usos (OLIVEIRA, 2003). Contudo, o estudo e identificação das madeiras transportadas para Portugal no período do Brasil colônia, ainda é escasso, sua verificação e documentação requerem maior aprofundamento.

O objetivo deste trabalho foi realizar pesquisas em documentos (manuscritos) de ordens de embarque das madeiras brasileiras para Portugal, analisar as entrevistas que foram feitas com coordenadores e curadores de museus, universidades e outros locais de guarda, naquele país, a fim de levantar as seguintes informações: contextualização histórica, conceitos, evolução, tipos de transportes de madeiras e as principais espécies que foram transportadas. Além disso, apresentar uma breve relação do produto transportado e a evolução do transporte.

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2 METODOLOGIA

Foram realizadas consultas bibliográficas em documentos relacionados ao transporte de madeiras para Portugal, no período do Brasil colônia séc. XVIII e XIX, e sua contextualização histórica. Além disso, realizou-se também um levantamento sobre a evolução e os tipos de transportes envolvidos nesse cenário.

2.1 ANÁLISES DE ENTREVISTAS E DOCUMENTOS DE ORDENS DE EMBARQUE

Realizaram-se pesquisas em documentos das ordens de embarque das madeiras brasileiras para Portugal e entrevistas com coordenadores e curadores de museus, universidades e outros locais de guarda em Portugal. Toda esta documentação faz parte de um banco de dados resultantes do levantamento feito naquele país, pelo professor Dr. Lazaro Benedito da Silva em órgãos como Torre do Tombo de Lisboa, Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC), Arquivo Geral da Marinha, Arquivo histórico da Marinha, Ultramar. A partir desses documentos (manuscritos) foram levantadas algumas espécies transportadas do Brasil para Portugal no período colonial. Sendo realizada a atualização dos nomes populares (indígenas), contidos nos documentos, para científicos baseados na documentação analisada e no Flora do Brasil 2020, site que possui vasta lista de espécies da flora brasileira (Flora do Brasil 2020, em construção). Além disto, foram realizadas pesquisas no Arquivo Público do Estado da Bahia (APEB). Tudo isto com a finalidade de comparar os nomes populares, empregados naquele período colonial, com os nomes científicos presentes na documentação histórica, para que se proponha às identificações taxonômicas científicas dessas madeiras.

Os cinco documentos do trânsito de madeiras foram: 1- Madeira de Construção de casas e engenhos: plano que se mandou pôr em execução por carta régia de 12/07/1799, expedida pelo governador da Bahia --- Arquivo Geral da Marinha: carta escrita pela rainha com pedido de formação de um regimento para regular cortes de madeira. Bahia e Pernambuco. 2- Madeiras utilizadas na Construção civil: Arquivo Histórico da Marinha: para Real Marinha e distribuição Ultramar. 3- Madeiras utilizadas na construção Naval: Arquivo Geral da Marinha: Lista de despesas feitas com as embarcações e esquadra com a Ribeira desde 01/10 até 24/01/1803 na conformidade das Reais ordens. 4- Madeiras para construção Naval: relação das madeiras para Náos 1753 dos Armazéns dos materiais da coroa do Almoxarifado dos materiais da coroa. Pagina 02 (Nau de guerra Santo Antônio). A página 1 não possui madeiras. 5- Madeiras para construção Naval: Relação das madeiras para Náos 1753 dos Armazéns dos materiais da coroa do Almoxarifado dos materiais da coroa. Pagina 3 (Nau da Índia Nossa Senhora do Monte Alegre).

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53728-53745 jul. 2020. ISSN 2525-8761 madeiras, sendo possível chegar a possíveis identificações taxonômicas. Foram produzidas tabelas que apresentam estas identificações das espécies que antes apresentavam apenas os nomes indígenas/populares. As informações que compuseram as planilhas foram: finalidade das madeiras; nome no documento; título; tipo de embarcação; responsável pelo transporte; procedência; data de envio; ano do recebimento; quantidade; número da amostra; nome popular; nome científico; usos de aplicações e observações.

2.2 IDENTIFICAÇÃO DAS MADEIRAS

Para a identificação utilizou-se informações dos documentos e das entrevistas que foram analisadas, que continham nomes de amostras de madeiras brasileiras nos séculos XVIII e XIX, e assim, foi elaborado uma planilha no Excel com a lista desses nomes. Após isto, utilizou-se o Brahms (banco de dados) presente na Xiloteca José Pereira de Souza (PJPSw) do IBIO UFBA, que contém dados de amostras de madeiras que existem na Bahia e também por todo o Brasil, facilitando a comparação por meio de listagem eletrônica de amostras de madeiras brasileiras atuais, com os nomes que foram descritos para as madeiras brasileiras nos séculos XVIII e XIX encontrados em documentos e entrevistas oriundas de Portugal. Com isso, a identificação consistiu em aplicação de nomes prováveis para essas amostras com base em sites (FLORA DO BRASIL-2020; IPT-Instituto de Pesquisas e Tecnologias e MARINHA DO BRASIL), bem como em livros (MAINIERI & CHIMELO, 1989; SONSIN 2014).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após análise e catalogação dos manuscritos, toda a documentação compôs um banco de dados resultante do levantamento feito naquele país, obtidos nos órgãos da Torre do Tombo de Lisboa, Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC), Arquivo Geral da Marinha de Lisboa e Arquivo histórico da Marinha - Ultramar, foi realizada a recognição científica das madeiras identificadas apenas pelos nomes populares, sendo possível chegar à identificação taxonômica. Foram identificadas até o momento, 15 madeiras exportadas para Portugal no período da colonização, foram elas: Paubrasilia echinata Lam. (pau-brasil); Aspidosperma polyneuron Müll. Arg.: (paroba); Plathymenia foliolosa Benth.(vinhático); Centrolobium tomentosum Guill. ex Benth. (putumuju); Mezilaurus navalium Taub. (tapinhoã - canela); Licania tomentosa Benth. Fritsch (oytis - oiticica); Bowdichia virgilioides Kunth. (sucupira);Tabebuia serratifolia (Vahl.) Nichols (pao D'arco); Hymenolobium nitidum Benth. (angelins); Caryocar brasiliense Camb. (pequis); Lecythis pisonis Cambess. (sapucaias); Dialium guianense (Aubl.) Sandwith (jatajubas/jataípeba); Cedrela odorata L. (cedro vermelho); Copaifera langsdorfii Desf. (pau d´óleo) e Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53728-53745 jul. 2020. ISSN 2525-8761 Steud. (louro).

Foram listadas as principais peças de madeira de uma embarcação e as espécies que melhor se adequam a cada parte. Terminologia Náutica - esquema de um navio civil (Tabela 1). A terminologia utilizada para as madeiras presentes na documentação, por terem suas características desconhecidas dos europeus, foram usadas com os nomes de origem indígena como maçaranduba, putumuju, oitis e etc. Apresentam-se os nomes científicos de 14 madeiras brasileiras transportadas do Brasil para Portugal para fins de construção civil (Tabela 2). E, finalmente apresentam-se as 13 madeiras brasileiras transportadas do Brasil para Portugal para fins de construções navais (Tabela 3). E com o intuito de conhecer a evolução dos transportes de madeira, foi construído um glossário (Anexo 1) contendo 34 termos, demonstrando a estrutura básica de uma embarcação, com o objetivo de fornecer informações sobre as madeiras do Brasil que foram utilizadas com mais frequência, e listar as principais partes que compõem um barco, nome das principais peças e qual madeira ou espécie se adequa melhor a cada parte.

Tabela 01- Principais peças de madeira de uma embarcação e as espécies que melhor se adequam a cada parte. Terminologia Náutica - esquema de um navio civil.

Peças de madeira -

Embarcação Nome popular Nome científico

Bordas Putumuju

Peroba

Centrolobium tomentosum Guillemin ex. Benth Aspidosperma polyneuron Müll. Arg.

Bulbo Sucupira

Angelim Bowdichia virgilioides Kunth Hymenolobium nitidum Benth.

Cadaste Sucupira

Sapucaia Bowdichia virgilioides Kunth Lecythis pisonis Cambess.

Casco Aroeira preta Myracrodruon urundeuva Allemão.

Chaminé Sapucaia

Putumuju

Lecythis pisonis Cambess.

Centrolobium tomentosum Guillemin ex. Benth

Cinta Angelim Vinhático Oitis Pau d´arco Pequi Putumuju Sucupira

Hymenolobium nitidum Benth. Plathymenia reticulata Benth Licania tomentosa (Benth.) Fritsch Tabebuia serratifolia (Vahl.) Nichols Caryocar brasiliense Cambess.

Centrolobium tomentosum Guillemin ex. Benth Bowdichia virgilioides Kunth

Costado Maçaranduba Manilkara salzmannii Lam.

Couvés Putumuju

Pequi Angelim

Centrolobium tomentosum Guillemin ex. Benth Caryocar brasiliense Cambess.

Hymenolobium nitidum Benth.

Curva Jataipeba

Oitis Pequi Sucupira

Dialium guianense (Aubl.) Sandwith Licania tomentosa (Benth.) Fritsch Caryocar brasiliense Cambess. Bowdichia virgilioides Kunth

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53728-53745 jul. 2020. ISSN 2525-8761 Dormente Angelim Oitis Pau-d´arco Pau-roxo Pequi Sapucaia Sucupira

Hymenolobium nitidum Benth. Licania tomentosa (Benth.) Fritsch Tabebuia serratifolia (Vahl.) Nichols Peltogyne lecointei Ducke

Caryocar brasiliense Cambess. Lecythis pisonis Cambess. Bowdichia virgilioides Kunth

Direitas Angelim

Oiticica Sapucaia

Hymenolobium nitidum Benth. Licania tomentosa (Benth.) Fritsch Lecythis pisonis Cambess.

Forro Maçaranduba Manilkara salzmannii Lam.

Leme Sucupira

Pau D’arco Angelim

Bowdichia virgilioides Kunth Tabebuia serratifolia (Vahl.) Nichols Hymenolobium nitidum Benth.

Mastro Louro

Pau d´óleo Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud. Copaifera langsdorfii Desf.

Pé de carneiro Pau d´arco

Sucupira Tabebuia serratifolia (Vahl.) Nichols Bowdichia virgilioides Kunth

Ponte Maçaranduba

Pequi

Manilkara salzmannii Lam. Caryocar brasiliense Cambess.

Popa Pequi

Sapucaia Sucupira Angelim

Caryocar brasiliense Cambess. Lecythis pisonis Cambess. Bowdichia virgilioides Kunth Hymenolobium nitidum Benth.

Proa Pequi

Sapucaia Sucupira Pau d´arco

Caryocar brasiliense Cambess. Lecythis pisonis Cambess. Bowdichia virgilioides Kunth Tabebuia serratifolia (Vahl.) Nichols

Taboados Oiticica Vinhático

Pau Brasil Licania tomentosa (Benth.) Fritsch Plathymenia reticulata Benth Paubrasilia echinata Lam.

Vau Tapinhoãn Pau d´arco Pau-roxo Pequi Sapucaia Sucupira

Mezilaurus navalium (Fr. All.) Taub. Tabebuia serratifolia (Vahl.) Nichols Peltogyne lecointei Ducke

Caryocar brasiliense Cambess. Lecythis pisonis Cambess. Bowdichia virgilioides Kunth

Verdugo Pau-roxo

Sucupira Pequi

Peltogyne lecointei Ducke Bowdichia virgilioides Kunth Caryocar brasiliense Cambess.

Verga Pau d´óleo

Louro

Copaifera langsdorfii Desf.

Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud. Tabela 02 – Madeiras brasileiras transportadas do Brasil para Portugal para fins de construção civil.

Finalidade documento Nome do popular Nome Nome científico aplicações Usos de Madeira de

Construção de casas e engenhos

Arquivo Geral da Marinha: Carta escrita pela rainha com Pedido de formação de um regimento para regular cortes de madeira. Bahia e Pernambuco. Caixa 2328.

Pau-Brasil Paubrasilia

echinata Lam. TABOADOS

Paroba Aspidosperma polyneuron

Müll. Arg.

BORDAS Vinhático Plathymenia

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53728-53745 jul. 2020. ISSN 2525-8761 Putumuju Centrolobium tomentosum Guill. ex Benth. BORDAS, CHAMINÉ, COUVÉS Tapinhoã -

Canela Mezilaurus navalium (Fr. All+A1:N21.) Taub. VAUS Oyti Licania tomentosa (Benth.) Fritsch CINTA, CURVAS, DIREITAS, TABOADOS Construção

civil Arquivo Histórico da Marinha: para Real Marinha e distribuição Ultramar. Caixa 2328. Sucupira Bowdichia virgilioides Kunth PARA LEME, BULBO, CADASTE Pao-D'arco Tabebuia serratifolia (Vahl.) Nichols PARA LEME Angelins Hymenolobium

nitidum Benth. PARA LEME

Pequis Caryocar brasiliense Camb. PARA DIREITAS, COUVÉS, DORMENTES Sapucaias Lecythis pisonis

Cambess. PARA DIREITAS

Jatajubas Dialium guianense (Aubl.) Sandwith

PARA DIREITAS Vinháticos Plathymenia

foliolosa Benth. TABOADOS

Potomujus Centrolobium tomentosum Guillemin ex. Benth TABOADOS Tapinhoãs Mezilaurus navalium (Fr. All.) Taub. TABOADOS Oitis Licania tomentosa (Benth.) Fritsch TABOADOS, CINTA, DORMENTES Jataípeba Dialium guianense (Aubl.) Sandwith CURVAS. TABOADOS Alcachas-pequenas ?? TABOADOS

Cedro-vermelho Cedrela odorata L. TABOADOS Tabela 03 – Madeiras brasileiras transportadas do Brasil para Portugal para fins de construções navais.

Finalidade documento Nome do popular Nome científico Nome aplicações Usos de Construção

Naval Arquivo Geral da Marinha: Lista de despesas feitas com as embarcações e esquadra com a Ribeira desde 01/10 até 24/01/1803 na conformidade das Reais ordens

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53728-53745 jul. 2020. ISSN 2525-8761 Paroba Aspidosperma polyneuron Müll. Arg. BORDAS Canela Mezilaurus navalium (Fr. All.) Taub. TABOADOS

Cedro Cedrela odorata L. TABOADOS

Vinhático Plathymenia

foliolosa Benth. CINTA, TABOADOS

Pau d´óleo Copaifera

langsdorfii Desf. VERGA

Louro Cordia trichotoma(Vell) Arráb. ex Steud. VERGA Tapinhoan Mezilaurus navalium (Fr. All.) Taub. VAUS

Outras Madeiras sem

nomes

Construção

Naval Relação das madeiras para Náos 1753 dos Armazéns dos materiais da coroa do Almoxerifado dos materiais da coroa. Pagina 02. (pagina 1 não possui madeiras)

Pequí Caryocar brasiliense Camb. PARA DIREITAS, COUVÉS, DORMENTES

Jataipeba Dialium guianense

(Aubl.) Sandwith CURVA, TABOADOS

Sucupira Bowdichia

virgilioides Kunth

PARA LEME, BULBO,

CADASTE

Oiticica Licania tomentosa

(Benth.) Fritsch TABOADOS, CINTA, DORMENTES Construção

Naval Relação madeiras para Náos 1753. Armazéns dos materiais da coroa, Almoxerifado dos materiais. Página 03. (página 1 não possui madeiras)

Sucupira Bowdichia

virgilioides Kunth

PARA LEME, BULBO,

CADASTE

Pequi Caryocar brasiliense Camb.

PARA DIREITAS, COUVÉS, DORMENTES Oiticica Licania tomentosa (Benth.) Fritsch

TABOADOS, CINTA, DORMENTE Jataipeba Dialium guianense (Aubl.) Sandwith PARA CURVAS, TABOADOS Sapucaia Lecythis Cambess. pisonis PARA DIREITAS Pau Brasil Paubrasilia echinata Lam. PARA TABOADOS

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53728-53745 jul. 2020. ISSN 2525-8761 O resultado obtido neste trabalho proporciona ao leitor entrar em contato com diferentes espécies de madeiras brasileiras, principalmente de Mata Atlântica, que foram exportadas, a partir do século XVI, para Portugal, e que se tem registro a partir do século XVIII. Além disso, poderá conhecer o contexto histórico da época em Portugal e no Brasil. Foi possível ter dimensão do quanto nossas matas foram exploradas, e que a diversidade de espécies transportadas foi muito superior ao que consta nos livros de história, nossas madeiras foram levadas em massa, não se restringindo apenas ao pau-brasil (MARCONDES, 2005). Estudos relacionados à utilização de madeiras com carga histórica é observado também no trabalho de Andreaci & Melo (2011) que aplicou a taxonomia e identificou as relações etnobotânicas sobre as espécies vegetais presentes na construção da Igreja da Nossa Senhora da Conceição, 1876, localizada no distrito de Matozinhos, no estado de Minas Gerais. No trabalho de Melo & Barros (2017) relata sobre as diferentes espécies de madeiras históricas utilizadas principalmente na construção de canoas baleeiras que pertence ao acervo museológico do Museu Nacional do Mar, São Francisco do Sul, Santa Catarina.

Madeiras e outros produtos como café, açúcar e tabaco também foram sendo transportados para Portugal. A análise dos documentos demonstrou que ao longo dos tempos ocorreu a evolução dos tipos de transportes que carregavam esses produtos. Começando das fragatas a vela, passando pelos navios a vapor, que foram responsáveis pelo transporte em massa das madeiras brasileiras. Tudo isso, intimamente ligado ao transporte de madeiras, pois a exemplo dos navios a vapor, os mesmos eram construídos a partir das madeiras brasileiras em que se realizava o transporte, sendo o Brasil o local onde se construía e consertava essas embarcações (AUSTREGÉSILO, 1950; TELLES 2001).

Até então, as madeiras brasileiras que foram transportadas para Portugal, não possuíam nenhum tipo de identificação científica nem conhecimento de suas propriedades e aplicações. Sua utilização estava ligada diretamente aos conhecimentos práticos do marceneiro da época. Aniceto Raposo foi um importante marceneiro no final do século XVIII e início do XIX, que assinou diversas peças importantes para Portugal, e também o primeiro a apresentar características da madeira e conservação (OLIVEIRA, 2003; MACHADO & ANTUNES, 2013). Este marcou um importante começo para as Xilotecas que existem naquele país, que vem sendo estudadas por Silva & Lourenço (2015) e Silva et al (2020 comunicação pessoal).

Alguns cronistas quinhentistas fazem referências a nossas reservas naturais, porém ninguém melhor do que Gabriel Soares de Souza tratou das madeiras de construção no século do descobrimento. Sendo sertanista e senhor de engenho, o referido cronista é dos primeiros a listar as espécies de madeira usadas na construção de navios, casas e engenhos de açúcar na região da Bahia. A listagem feita por ele é muito importante, indicando para cada espécie o nome popular, o nome indígena e descrevendo as principais características, dimensões e usos (OLIVEIRA, 2003). Contudo,

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53728-53745 jul. 2020. ISSN 2525-8761 o estudo e identificação das madeiras transportadas para Portugal no período do Brasil colônia ainda é escasso. Sua verificação e documentação ainda caminham na direção da descoberta da amplitude das madeiras transportadas.

Este trabalho é um passo nessa direção, pois traz as principais madeiras históricas que foram transportadas. Ele traz importantes contribuições para o cenário atual dos transportes de madeiras históricas, pois, além de comparar os nomes populares empregados naquele período colonial, com os nomes científicos presentes, apresenta uma proposição da identificação taxonômica científica dessas madeiras e contribui para o conhecimento, em relação ao transporte de espécies com potencial econômico. Além disso, contribui com um glossário (Anexo 1), contendo as principais peças de madeira de uma embarcação, e as espécies que melhor se adequam a cada parte, relacionando duas histórias que ocorrem concomitantemente, a da utilização das madeiras brasileiras e da evolução dos tipos de transportes navais (aquáticos), que por vezes se cruzam.

Segundo Fonseca (2002), embarcação pode ser classificada como uma construção que pode ser feita de madeira, concreto, ferro, aço ou da combinação desses e outros materiais, que flutua, e é destinada a transportar pela água pessoas ou cargas. A madeira sempre esteve presente na construção naval e os primeiros barcos foram construídos puramente desse material. Ao longo da história, foi surgindo centenas de tipos de embarcações, construídos a partir da madeira, por vezes em conjunto com os mais variados materiais (NASSEH, 2011). Os portugueses, nos descobrimentos, utilizaram a Barca, o Barinel, a Caravela e a Nau para as suas descobertas e conquistas. A fim de conhecer a evolução dos transportes de madeira, foram construídas três tabelas e um glossário relacionando o tipo de madeira com as respectivas partes das embarcações, com o objetivo de fornecer informações sobre as madeiras do Brasil que foram utilizadas com maior frequência e, listar as principais partes que compõem um barco, nome das principais peças e qual madeira ou espécie se adequa melhor a cada parte (Tabelas 1, 2 e 3; Anexo1).

As principais embarcações de madeira evoluíram ao longo do tempo, segundo a necessidade de transporte de cada produto a ser transportado e mediante as condições de navegação. As principais embarcações construídas desde as puramente de madeira até as construídas com associações de materiais compostos foram: Barca; Barcaça; Barrinel; Bergalim; Bigue; Caravela; Cargueiro; Clíper; Escuna; Fragata; Nau; Paquete; Saveiro; Vapor de hélice; Vapor de rodas e os Navios a hélice.

Austregésilo (1950), evidencia a importância do transporte à vela, de navios e da Nau de Bretôa em sua viagem de 1511 para Lisboa, na expansão da distribuição dos produtos brasileiros, como o pau-brasil, o açúcar, o tabaco, o pastoreio, o ouro, e o café para o além-mar. O que nos levou a perceber, analisando este e outros documentos, que existe uma relação do produto transportado com a evolução do transporte, que neste caso eram feitos de madeira. Outros autores também tratam dos

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53728-53745 jul. 2020. ISSN 2525-8761 transportes hidroviários relacionados à carga que carrega. As madeiras transportadas serviam, muitas vezes, de lastro para completar a carga principal composta de açúcar, couro e tabaco das embarcações que entravam nos portos, no período em que o valor dessas madeiras ainda era considerado baixo (LAPA, 1968; MAURO, 1989).

Brito (1939), evidencia que a construção de embarcações era a única indústria fabril da Colônia. Para Miller, (2000), foram os navios de madeira que, pelos fins da idade media, lançaram os portugueses na epopeia das conquistas ultramarinas, fincando as bases da formação do que viria a ser o primeiro grande império colonial moderno.

Os Navios de madeira são aqueles em que, as partes superestruturais do casco, isto é, quilha, roda de proa, cadaste, cavernas, vaus, longarinas, forro exterior, forro interior e forros dos pavimentos são de madeira. Pouco empregada atualmente para a construção dos navios de grande porte, a madeira é, entretanto, bastante usada para as embarcações pequenas, tais como barcos de pesca, embarcações fluviais, embarcações de recreio e embarcações miúdas dos navios de guerra. As embarcações de madeira destinadas a serviços ou lugares que não lhes permitam facilidades de docagem têm geralmente a carena revestida de folhas de cobre, ou, algumas vezes, de zinco. Isto tem por fim proteger o forro de madeira contra a aderência de moluscos e vegetação marinha e contra a ação do gusano (FONSECA, 2002).

Trabalhos realizados na linha de trânsito de madeiras, com interesse na sua identidade histórica e atual, são escassos e significam uma riqueza para a História da Ciência. Por isto este trabalho contribui para apresentar a história dos tipos de transportes e evolução das embarcações, evidenciando a importância das madeiras brasileiras nesse contexto, que se fez presente desde suas peças até seus produtos de carga.

4 CONCLUSÕES

A partir dos resultados obtidos concluiu-se que:

1. Não apenas o Paubrasilia echinata Lam. (pau-brasil) foi à madeira exportada para Portugal no período da colonização, mas também outras 14 madeiras, que compõe um total de 15 espécies identificadas, como: Aspidosperma polyneuron Müll. Arg.: (paroba); Plathymenia foliolosa Benth.(vinhático); Centrolobium tomentosum Guill. ex Benth. (putumuju); Mezilaurus navalium Taub. (tapinhoã - canela); Licania tomentosa Benth. Fritsch (oytis - oiticica); Bowdichia virgilioides Kunth (sucupira); Tabebuia serratifolia (Vahl.) Nichols (pao D'arco); Hymenolobium nitidum Benth. (angelins); Caryocar brasiliense Camb. (pequis); Lecythis pisonis Cambess. (sapucaias); Dialium guianense (Aubl.) Sandwith (jatajubas/jataípeba); Cedrela odorata L. (cedro vermelho); Copaifera langsdorfii Desf. (pau d´óleo) e Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud. (louro).

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53728-53745 jul. 2020. ISSN 2525-8761 2. Das madeiras transportadas para Portugal muitas delas foram utilizadas para construção naval como: paroba, cedro, vinhático, pau d´óleo, louro, tapinhoã-canela, pequi, jataipeba, sucupira, oitys, sapucaia e pau-brasil.

3. Pelo nome popular e pelo seu uso evidenciado nos documentos históricos, as espécies citadas provavelmente são as que hoje conhecemos cientificamente pertencentes às famílias botânicas: Fabaceae, Apocynaceae, Lauraceae, Chrysobalanaceae, Bignoniaceae, Caryocaraceae, Lecythidaceae, Meliaceae e Boraginaceae.

4. Houve uma evolução dos tipos de transportes navais (aquáticos) relacionados com o transporte das madeiras brasileiras para Portugal, indo desde Barca; Barcaça; Barrinel; Bergalim; Bigue; Caravela; Cargueiro; Clíper; Escuna; Fragata; Nau; Paquete; Saveiro; Vapor de hélice; Vapor de rodas até os Navios a hélice.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem pela bolsa Pos-doc da CAPES concedida a Lazaro Silva, processo n. 1796 – 14 - 3 e ao MUHNAC/UL por recebê-lo como pesquisador visitante. Além da colaboração e acesso para obtenção dos dados à Academia das Ciências de Lisboa na pessoa do Paleontólogo Miguel Telles Antunes, Arquivo Histórico Ultramarino na pessoa da sua Diretora, Historiadora Ana Canas, Arquivos Central e Histórico da Marinha na pessoa da Arquivista Maria Isabel Milheiro Beato, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Biblioteca do Museu do Palácio da Ajuda, Colégio Militar de Lisboa na pessoa do Coronel José António de Figueiredo Feliciano, Faculdade de Ciência da Universidade do Porto na pessoa de Prof. José Pissara, Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, na pessoa da Investigadora Auxiliar Teresa Quilhó, Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária na pessoa da Investigadora Auxiliar Amélia Palma, Laboratório José de Figueiredo I, da Direção Geral do Património Cultural na pessoa da Bióloga Lília Esteves, Laboratório José de Figueiredo II (Mobiliário) na pessoa da Restauradora Margarida Cavaco, Laboratório Nacional de Engenharia Civil na pessoa do Investigador Auxiliar José Saporiti, Museu de Évora na pessoa do Historiador António Miguel Alegria, Jardim Botânico de Lisboa/MUHNAC/Universidade de Lisboa na pessoa da Investigadora Auxiliar Ana Isabel de Vasconcelos Dias Correia, Jardim Botânico Tropical na pessoa da Curadora da xiloteca do ex-Instituto de Investigação Científica Tropical, atualmente na Universidade de Lisboa, a Investigadora Auxiliar, Fernanda Bessa, Museu Nacional de Arte Antiga na pessoa da conservadora Conceição Borges de Sousa, Jardim Botânico da Universidade de Coimbra nas pessoas dos Botânicos Luís Simões da Silva, Ana Cristina Tavares e António Gouveia, atualmente Diretor do Parque de Serralves, no Porto, ao Historiador David Felismino e ao Arquivista Vítor Gens, ambos do Museu Nacional de História Natural e da Ciência de Lisboa

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53728-53745 jul. 2020. ISSN 2525-8761 MUL/CHAAM). Finalmente agradece ao Dr. Simon Mayo, Royal Botanic Gardens, Kew, pela tradução para o inglês.

REFERÊNCIAS

ANDREACCI, F; MELO JÚNIOR, J. C. F. D. Madeiras históricas do barroco mineiro: interfaces entre o patrimônio cultural material e a anatomia da madeira. Rodriguésia-Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, v. 62, n. 2, p. 241 – 251, 2011.

AUSTREGÉSILO, M. E. Estudo sobre alguns tipos de transporte no Brasil Colonial. Revista de História, v. 1, n. 4, p. 495-516, 1950.

BRITO, L. Pontos de partida para a história econômica do Brasil. 2ª ed. Rio de Janeiro: Cia. Ed. Nacional,1939.

FADIGAS, K. M. A.; OLIVEIRA, M. M. Madeiras de construção do período colonial na Bahia: uso, exploração, venda, destinação e identificação das espécies. Salvador: UFBA. EDUFBA, 243p. 2019. FERNANDES, F. L. A feitoria portuguesa do Rio de Janeiro. História (São Paulo), v.27 (1), pp. 155-94, 2008.

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FONSECA, M. M. Arte naval. Rio de Janeiro-RJ: Serviço de Documentação da Marinha, v. 1, 2002. GAMA, R. História da técnica no Brasil colonial. In: VARGAS, M. (org.). História da técnica e da tecnologia no Brasil. São Paulo: Ed. UNESP, pp. 49-66, 1994.

HUTTER, L. M. A madeira do Brasil na construção e reparo de embarcações. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 26, p. 47-64, 1986.

IPT Instituto de Pesquisas e Tecnologias. Disponível em:

<http://www.ipt.br/informacoes_madeiras/4.htm>. Acesso em: 05 de agost. 2019.

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LISBOA, B. S. Anais do Rio de Janeiro. Tomos 1 a 4. Rio de Janeiro: Ed. Leitura, 1967.

MACHADO, J. S; ANTUNES, M. T. Estudo Histórico e Científico da Xiloteca da Academia das Ciências de Lisboa construída por José Aniceto Rapozo-Nota preliminar. 2015. Disponível em: http://www.acad-ciencias.pt/document-uploads/5089470_m.-telles-antunes---estudo-historico-e cientifico-da-xiloteca.pdf. Acesso em: 20 de Mar de 2020.

MAINIERI, C; CHIMELO, J. P. Fichas de características das madeiras brasileiras. Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Divisão de Madeiras. 1989.

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MAURO, F. Pode-se falar de uma indústria brasileira na época colonial. Estudos Econômicos, v. 13, p. 733-44, 1983.

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MILLER, S. W. Fruitless trees: Portuguese conservation and Brazil's colonial timber. Stanford University Press, 2000.

NASSEH, J. Manual de Construção de Barcos. 4. Ed. Rio de Janeiro. Barracuda Advanced Composites, 2011.

OLIVEIRA, M. M. Um estudo documental sobre madeiras da Bahia usadas, no passado, em Portugal e no Brasil, in 3º Encore – Encontro sobre Conservação e Reabilitação de Edifícios (Lisbon), p. 439– 48, 2003.

SILVA, L. B; LOURENÇO, M. Transporte de madeiras brasileiras para Portugal nos séculos XVIII E XIX. 2015.

SONSIN, J. O. Atlas da diversidade de madeiras do cerrado paulista. Editora Fepaf. 2014.

TELLES, P. C. D. S. História da construção naval no Brasil. Rio de Janeiro: LAMN, FEMAR, p. 129, 2001.

ANEXOS

GLOSSÁRIO - ESTRUTURA BÁSICA DE EMBARCAÇÃO

Alhetas – são as partes curvas do costado de um bordo e de outro, próximas à popa. Temos, portanto a alheta de boreste e a alheta de bombordo.

Anteparas – são chapeamentos verticais colocados transversalmente e longitudinalmente para subdividir o espaço interno da embarcação em compartimentos, paióis ou tanques. As anteparas são importantes na estanqueidade e na resistência estrutural da embarcação.

Ante-a-vante e ante-a-ré – são duas expressões muito usadas a bordo. Ante-a-vante se diz de um objeto que esteja mais perto da proa do que o outro. Ante-a-ré se diz de um objeto que esteja mais próximo da popa que o outro.

A vante e A ré – quando um objeto está no corpo de vante dizemos que ele está a vante. Quando ele estiver no corpo de ré dizemos que ele está a ré.

Balaustrada – quando o convés é suficientemente alto para evitar que o mar o molhe constantemente, substitui-se a borda falsa por uma balaustrada constituída de balaústres montados verticalmente por onde passam os cabos de aço ou de correntes chamados vergueiros.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53728-53745 jul. 2020. ISSN 2525-8761 Bochechas – são as partes curvas do costado de um bordo e de outro, próximas à proa. Temos então, à direita, a bochecha de boreste e, à esquerda, a bochecha de bombordo.

Borda falsa – é o prolongamento do costado acima do convés. A separação entre o costado e a borda falsa é chamada de trincaniz.

Bordos – são as duas partes iguais e simétricas em que a embarcação é dividida por um plano vertical que corta a proa e a popa. Podemos dizer também que a linha imaginária que corta a proa e a popa chama-se Linha de Centro. Não se pode dizer “os lados” da embarcação, pois o correto é “os bordos”. Os bordos possuem nomes característicos: um observador situado na linha de centro e voltado para a proa terá Boreste (BE) à sua direita e Bombordo (BB) à sua esquerda.

Cadaste – é a peça que se monta na extremidade posterior da quilha para fechar à popa a ossada do casco, ligando-se pelo pé à extremidade posterior da quilha.

Casco – é o invólucro exterior da embarcação. Distingue-se nele o Fundo (parte inferior) e o Costado (parte lateral). O fundo termina inferiormente pela quilha. A transição entre o costado e o fundo chama-se Bojo. Quando a embarcação está à plena carga, o plano de flutuação da embarcação divide o casco em duas partes: a parte do casco que fica submersa na água é chamada de Obras. Vivas (ou carena) é a parte do casco acima do plano de flutuação se chama Obras Mortas (ou costado).

Castelo de proa – é um convés parcial, mais alto que o convés principal, localizado na proa. Cavernas – são peças curvas que irão formar de um bordo e de outro a estrutura do casco da embarcação. A caverna que corresponde à maior largura do navio é chamada de caverna-mestra. O conjunto das cavernas de uma embarcação é chamado de Cavername.

Cobertas – os pavimentos inferiores ao convés principal são chamados de cobertas e nomeiam-se de cima para baixo por 1ª coberta, 2ª coberta, etc ou tomam o nome conforme sua utilização (p. ex: coberta de rancho).

Convés – os pavimentos da embarcação são chamados de conveses. O convés mais alto da embarcação e que é estanque, chama-se Convés Principal. O convés principal é quem “fecha” o casco na parte superior. É ele quem dá estanqueidade ao casco. No convés principal (e nos outros conveses também) temos algumas passagens tais como escotilhas de carga, agulheiros, etc, porém todos estes tem capacidade de, quando fechados, manter a estanqueidade da embarcação.

Corpos – o navio é dividido ao meio formando os corpos de vante e de ré.

Hastilhas – são reforços transversais colocados na parte inferior das cavernas que vão de um bordo a outro no fundo do navio.

Longarinas – são reforços longitudinais dispostos de um lado e de outro da quilha, para aumentar a resistência longitudinal da embarcação e consolidar o cavername.

Meia-nau – é a região central da embarcação situada entre a proa e a popa. Pés de carneiro – são colunas verticais que escoram os vaus ou as sicordas. Popa – é a região da extremidade de ré da embarcação.

Quilha – é a peça principal de uma embarcação correndo de proa a popa em sua parte mais inferior. É a “ espinha dorsal ” da embarcação.

Roda de proa – é a peça que fecha a ossada do casco à proa, ligando-se pelo pé à extremidade anterior da quilha.

Superestrutura – é toda construção acima do convés principal de uma embarcação. Quando essa superestrutura é pequena, é chamada de casario.

Talhamar - nos navios de madeira, é uma combinação de várias peças de madeira, formando um corpo que sobressai da parte superior da roda de proa; serve de apoio ao gurupése dá um aspecto elegante à proa do navio.

Través – é a direção perpendicular ao plano longitudinal que corta o navio de proa à popa. Há o través de boreste e o través de bombordo.

Tombadilho – é um convés parcial, mais alto que o convés principal, localizado na popa. Vaus – são peças transversais que ligam as cavernas correspondentes de um bordo e de outro.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 53728-53745 jul. 2020. ISSN 2525-8761

QUANTO A DIREÇÃO:

Bombordo - O lado do navio que está à esquerda quando o observador a bordo da embarcação olha para a proa. (Um método mnemônico para distinguir um do outro é que a esquerda possui o mesmo número de letras de bombordo e estibordo se refere ao leste).

Boreste - Termo utilizado no Brasil em substituição de Estibordo.

Estibordo - O lado do navio que está à direita quando o observador a bordo da embarcação olha para a proa.

Passadiço - Termo usado no Brasil em vez de Ponte de Comando. Em Portugal passadiço é uma ponte de ligação.

Ponte de comando - o centro de comando da navegação.

Superestrutura - Qualquer estrutura acima do convés da embarcação, contendo, geralmente, a ponte e alojamentos.

Imagem

Tabela  01-  Principais  peças  de  madeira  de  uma  embarcação  e  as  espécies  que  melhor  se  adequam  a  cada  parte
Tabela 02 – Madeiras brasileiras transportadas do Brasil para Portugal para fins de construção civil
Tabela 03 – Madeiras brasileiras transportadas do Brasil para Portugal para fins de construções navais

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