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DWORKIN E A OBJETIVIDADE DA MORAL: UMA CRÍTICA AO NATURALISMO DE BRIAN LEITER

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Academic year: 2020

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Nº 30, volume IX, artigo nº 8, Julho/Setembro 2014

D.O.I: 10.6020/1679-9844/3008

ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 134 de 197

DWORKIN E A OBJETIVIDADE DA MORAL: UMA CRÍTICA

AO NATURALISMO DE BRIAN LEITER

DWORKIN AND THE OBJECTIVITY OF MORALS: A

CRITIQUE OF BRIAN LEITER’S NATURALISM

Horácio Lopes Mousinho Neiva1 1

Universidade de São Paulo/Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito, São Paulo, SP,

Brasil, horaciophd@gmail.com

Resumo – Este artigo analisa os argumentos propostos por Brian Leiter

contra a concepção de objetividade na moral de Ronald Dworkin. Leiter defende uma abordagem naturalista à objetividade da moral e rejeita a tese da independência metafísica do valor. Segundo ele, a rejeição dworkiniana do chamado “arquimedianismo” baseia-se num non sequitur da impossibilidade de sair da própria razão. A verdade ou falsidade de proposições morais deveria também ser aferida pelos métodos próprios às ciências mais desenvolvidas e, portanto, a moral deveria ser julgada a partir de um critério externo a esse domínio. Esse é o caso não por conta de um argumento a priori a favor da ciência, mas devido ao argumento pragmático de que a ciência é o empreendimento epistêmico de maior sucesso que conhecemos. A crítica de Leiter, no entanto, baseia-se no falso dilema de que ou os “fatos morais” tem um impacto causal nas crenças das pessoas, ou não existem fatos morais. De acordo com Leiter, as proposições morais referem-se a objetos com eficácia causal e poderiam se tornar verdadeiras em decorrência da existência desses objetos. Como eles não existem, no entanto, a moral não é objetiva. Leiter ignora, contudo, que existe uma diferença básica entre explicar e justificar e que uma explicação de como chegamos a acreditar no que acreditamos é, ao menos a respeito de proposições morais, diferente de uma justificação da verdade ou falsidade

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ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 135 de 197 dessas crenças. Além disso, Dworkin mostra que tanto a hipótese da implicação causal, quanto a hipótese da dependência causal, necessárias para a validez do dilema, são falsas, mas elas não implicam a negação da objetividade moral. O artigo conclui de a crítica de Leiter não atinge o argumento dworkiniano.

Palavras-chave: Ronald Dworkin. Brian Leiter. Obejtividade da Moral.

Naturalismo.

Abstract – This paper analyses Brian Leiter’s arguments agains Dworkin’s

conception of the objectivity of morality. Leiter defends a naturalist approach to moral objectivity and rejects the metaphysical independence of value thesis. According to him, Dworkin’s rejection of the so called “archimedianism” is based on a non sequitur from the impossibility of going outside reason itself. The truth or falsity of moral propositions should also be assessed through the methods of the most developed sciences and, therefore, morality should be judged from external criteria. This is not the case because any a priori argument, but because the pragmatic argument that scince is the most successful epistemic enterprise that we know. Leiter’s critique, however, is based on the false dilemma that either moral facts have a causal impact in people’s beliefs or there is no moral facts. According to Leiter, moral propositions refer to objects with causal efficacy and they could be true or false because of the existence of these objects. But as these objects do not exist, however, there is no moral objectivity. Leiter ignores, however, that exists a basic difference between explaining and justifying and that an explanation of how we arrive at the beliefs that we have is, at least in respect to moral propositions, different from a justification of the truth or falsity of these beliefs. Besides this, Dworkin shows that both the causal implication hypothesis and the causal dependence hypothesis, needed for the soundness of the dilemma, are false, but they do not warrant a rejection of moral objectivity. The article concludes that Leiter’s critique do not undermines the dworkinian argument.

Keywords: Ronald Dworkin. Brian Leiter. Moral Objectivity. Naturalism.

1. Introdução

Em Justice for Hedgehogs, Ronald Dworkin sintetizou sua posição a respeito da objetividade na moral através da tese que chamou de “independência metafísica do valor” (DWORKIN, 2011, p. 9). De acordo com ela, as razões que podemos fornecer para sustentar a falsidade ou veracidade de uma proposição moral são internas ao próprio domínio da moral, de maneira que não faz sentido procurarmos um ponto de vista externo e “arquimediano” que pudesse fundá-la. Que razões temos para, por

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ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 136 de 197 exemplo, acreditar que a escravidão é errada? Temos, segundo Dworkin, todas as razões que poderíamos citar num debate moral – e não faz sentido procurar por algo além disso (DWORKIN, 1996). A disciplina conhecida como meta-ética, que procuraria uma base externa à moral para explicar as proposições morais, repousa, para Dworkin, num erro: o erro de supor que a questão de se um julgamento moral é verdadeiro ou falso não é uma questão moral substantiva.

Quais as implicações das afirmações acima para o ceticismo moral? De acordo com Dworkin, há apenas uma alternativa possível para um cético moral, e ela é chamada de ceticismo interno. O ceticismo interno é a posição que nega a objetividade da moral com base em uma concepção moral substantiva. A afirmação de Dostoievski de que “se Deus não existe, tudo é permitido” seria um exemplo de ceticismo interno que assume como uma concepção moral substantiva a ideia de que aquilo que é determinado por Deus é moralmente correto. O ceticismo que nega a objetividade da moral baseado em argumentos externos à própria moral – o que Dworkin chama de ceticismo externo – é não apenas falso, mas sem sentido.

Poucos dos argumentos propostos por Dworkin a favor de sua tese da objetividade da moral, contudo, foram unanimemente aceitos. Pelo contrário, vários autores criticaram-no de maneira extensa o que tornou as discussões sobre objetividade na moral o principal foco de atenção de Dworkin a partir da década de 1990. Um dos autores que avançaram argumentos contrários às teses de Dworkin é Brian Leiter, filósofo do direito que tem se destacado por defender o que chamou de teoria do direito “naturalizada”, i.e., a incorporação do naturalismo filosófico no domínio da teoria do direito (LEITER, 2011). Leiter (2004) é um crítico especialmente feroz de Dworkin mas a razão para considerarmos aqui seus argumentos é porque eles são ilustrativos de uma importante corrente filosófica contemporânea que procura “naturalizar” a moral, tratando-a a partir dos métodos e critérios pertinentes às, e inspirados nas, ciências naturais (HARRIS, 2011; HAIDT, 2012; GREENE, 2013). Alguns desses naturalistas defendem a objetividade da moral tentando fundamentá-la em determinados fatos biológicos a respeito dos seres humanos. Outros, ao contrário, negam que exista um domínio próprio à moralidade e afirmam que não existe objetividade em questões morais. Leiter alinha-se a esses últimos e sua posição em relação ao tema pode ser chamada de ceticismo naturalizado. Além

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ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 137 de 197 disso, Leiter procura articular um argumento não só a respeito do ceticismo naturalizado, mas também a respeito das razões pelas quais deveríamos optar por uma abordagem naturalista ao domínio da moral. Seus textos, além de bastante claros, também engajam-se diretamente com os argumentos de Dworkin, de modo que é possível analisar de maneira sistemática o debate entre ambos.

Neste trabalho, analiso os principais argumentos propostos por Leiter em defesa de seu ceticismo naturalizado e contra a concepção de objetividade defendida por Dworkin. Tentarei mostrar que os argumentos de Leiter não são bem sucedidos em refutar a posição dworkiniana. Não procuro, portanto, oferecer uma defesa positiva completa da posição de Dworkin, mas apenas adotar uma postura reativa e tentar responder às críticas oferecidas pelo naturalismo de Leiter. As conclusões, apresentadas ao final, devem ser entendidas dentro dessa limitação.

Os teóricos do direito (à exceção de Leiter) tem prestado pouca atenção às ideias de Dworkin a respeito da objetividade da moral. Não há boas razões, no entanto, para essa negligência. Em seus textos acerca da teoria do direito, Dworkin coloca muita ênfase na relação entre direito e moral. Os princípios jurídicos, de acordo com ele, tornam-se parte do direito em virtude não do seu pedigree, mas de sua correção moral e adequação às práticas institucionais de determinada comunidade política (DWORKIN, 1978, pp. 22–31). Diante desse ponto, nós deveríamos nos perguntar: mas o que ocorre se não há objetividade na moral? Se isso é o caso, algumas das principais teses de Dworkin a respeito da discricionariedade judicial e da objetividade jurídica tornam-se vulneráveis. Se a moral é o que constrange juízes diante de casos difíceis, se não há objetividade moral, então não há constrangimentos às decisões judiciais nesses casos. Se não há sentido, como afirma Dworkin, em procurar uma suposta “intenção do legislador” por trás dos textos jurídicos (DWORKIN, 1998, pp. 313–333), o que poderia tornar proposições morais como “dignidade humana”, “igualdade’, “liberdade”, a que os juízes e as leis fazem tantas referências, verdadeiras ou falsas?

Como Dworkin afirma, essas questões não são apenas “passatempos de armário, para serem retirados em dias chuvosos para diversão” (DWORKIN, 1978, p. 14). Elas dizem respeito ao núcleo e coração de nossas práticas jurídicas: respostas a elas são centrais para a maneira como entendemos essas práticas e para a

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ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 138 de 197 maneira como entendemos o direito. As implicações desses problemas também são de grande importância: afinal, pessoas podem perder seu dinheiro e suas liberdades por violarem alguma espécie de “princípio moral abstrato”. Se esses princípios não são objetivos (porque a própria moral não é objetiva), o que poderia justificar essas medidas? Nenhum teórico ou profissional do direito deveria evitar essas questões.

2. O naturalismo de Brian Leiter

A principal tese defendida pelo naturalismo de Brian Leiter é de que uma concepção naturalista de objetividade aplicar-se-ia a todos os domínios de conhecimento – incluindo-se, aqui, ética e moral. Concepção naturalista de objetividade significa que a objetividade em qualquer domínio deve ser entendida com base no modelo das ciências naturais, cujos objetos de estudo são “objetivos” no sentido de (1) serem epistemicamente independentes da mente e (2) terem eficácia causal (LEITER, 2001).

De acordo com a distinção entre concepção naturalista e não-naturalista de objetividade, as discussões de Dworkin sobre ceticismo interno e externo e sua rejeição da disciplina conhecida como meta-ética seriam, então, uma defesa de uma concepção não-naturalista de objetividade contra uma concepção naturalista. Não se trata, propriamente, de uma rejeição à própria disciplina meta-ética e à qualquer fundamentação externa da moral. Infere-se de Leiter (2001) que as afirmações de Dworkin nesse ponto seriam simples exageros retóricos ou meras falácias: na verdade, ele, assim como os naturalistas, advogam uma teoria meta-ética. A diferença é que enquanto os primeiros defendem uma fundamentação naturalista da moral, Dworkin defende uma fundamentação não-naturalista. A questão, portanto, é que concepção de objetividade deveríamos preferir: uma concepção naturalista ou uma concepção não-naturalista.

O argumento central proposto por Leiter em defesa de uma concepção naturalista de objetividade é o argumento, eminentemente pragmático, de que a ciência funciona: para usar sua expressão, “science has delivered the goods” (LEITER, 2001, p. 71). O seus status epistêmico privilegiado seria, então, o

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ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 139 de 197 merecido resultado de seu sucesso. Esse argumento central contém diversos outros sub-argumentos. Dividirei esse argumento central em dois argumentos principais (que representam os dois passos fundamentais da argumentação mais geral de Leiter).

O primeiro argumento representa o passo inicial do raciocínio. Leiter rejeita a tese de Dworkin que chamarei de “tese da impossibilidade do arquimedianismo”. Segundo essa tese, não é possível adotarmos um ponto de vista externo (i.e., “arquimediano”) a um conjunto determinado de crenças e julgá-lo como um todo a partir de fora (i.e., a partir de premissas que lhe são totalmente estranhas e exteriores). Dworkin define o arquimedianismo da seguinte forma:

Áreas especializadas da filosofia como a meta-ética e a filosofia do direito florescem, cada uma supostamente sobre, mas sem participar em, algum tipo ou departamento particular de prática social. Os filósofos olham, de cima e de fora, para a moral, a política, o direito, a ciência e a arte. Eles

distinguem o discurso de primeira-ordem da prática que eles estudam – o

discurso de não-filósofos refletindo e argumentando sobre o que é correto ou errado, legal ou ilegal, verdadeiro ou falso, bonito ou mundano – de suas próprias plataformas de segunda-ordem de “meta” discurso, no qual os conceitos de primeira ordem são definidos e explorados, e as afirmações de primeira ordem são classificadas e colocadas em categorias filosóficas (DWORKIN, 2006, p. 141).

Dworkin rejeita a existência dessa plataforma de segunda ordem a partir da qual os filósofos morais poderiam classificar, julgar e avaliar o discurso moral de primeira ordem. Para ele, “teorias filosóficas sobre a objetividade ou subjetividade das opiniões morais só são inteligíveis como julgamentos de valor bastante gerais e abstratos” (DWORKIN, 2006, p. 142). O arquimedianismo, assim, é impossível.

De acordo com Leiter, Dworkin defende essa tese valendo-se de uma analogia com a impossibilidade de adotarmos um ponto externo à razão para julgar a própria razão (LEITER, 2001, pp. 70–72). Existe alguma fundamentação para razão externa à própria razão? Obviamente que não, pois qualquer tipo de fundamentação racional já ocorre dentro do domínio da própria razão, e não há um ponto externo a ela pelo qual poderíamos julgá-la. Leiter aponta, corretamente, que é um non sequitur afirmar que, da impossibilidade de sairmos do domínio da razão para julgarmos a própria razão, segue-se que não podemos sair do domínio da moral para julgar a própria moral. Segundo ele, não podemos de fato adotar um ponto de vista externo à nossa “melhor imagem do mundo”, mas isso não significa que não possamos adotar um ponto de vista externo a um domínio específico de

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ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 140 de 197 conhecimento. Poderíamos distinguir, então, entre arquimedianismo total e arquimedianismos parciais. O primeiro (sair da própria razão, ou, segundo Leiter, adotarmos um ponto de vista externo à “nossa melhor imagem do mundo”) é impossível; o segundo (adotar um ponto de vista externo a determinado domínio particular de conhecimento), não.

A posição de Dworkin estaria inspirada, segundo Leiter, na metáfora proposta por Quine do “barco de Neurath” (LEITER, 2001, p. 70). De acordo com ela, nossa situação epistêmica seria similar à dos marinheiros que devem reconstruir um barco enquanto o estão navegando (sem, portanto, poder sair do barco e reconstruí-lo como um todo). Nesse caso, eles deveriam permanecer firmes sobre as partes do barco que mais confiam (um critério pragmático) e, a partir delas, reconstruir o restante. À medida que reconstroem, podem mudar de posição no barco, e inclusive reconstruir as partes sobre as quais permaneciam firmemente ancorados no início.

Mas quais partes do nosso “barco epistêmico” deveríamos escolher para sustentar (e fundar) a verdade e a reflexão crítica? A resposta de Quine, endossada por Leiter, e definidora da corrente chamada de “naturalismo” é uma só: a ciência.

Nesse ponto, Leiter acrescenta o seu segundo (e mais importante) argumento contra a rejeição de Dworkin da concepção naturalista de objetividade. O fato de devermos repousar sobre a ciência as nossas mais fundadas convicções epistêmicas não se deve, como afirma Dworkin (1996), a nenhum argumento a priori segundo o qual a ciência seria o padrão pertinente de julgamento de todos os domínios do saber. Na verdade, seria grave para um naturalista quineano, formado sob a inspiração da rejeição da distinção entre analítico e sintético, ver um de seus argumentos tachado como a priori. A pertinência da ciência e a adequação de uma concepção naturalista de objetividade – e esse é o ponto crucial – deve-se a um argumento a posteriori de viés pragmático. “Science has, as an a posteriori matter, „delivered the goods‟” (LEITER, 2001, p. 71). O sucesso da ciência em mandar foguetes ao espaço, curar doenças, produzir computadores potentes e chips microscópicos é o principal argumento a favor de uma concepção naturalista de objetividade. Como a nossa situação epistêmica está fadada à situação dos marinheiros do barco de Neurath, tudo o que nos resta é, segundo Quine (1960, p. 22), “ocupar o ponto de vista de uma teoria ou outra”. Não deveríamos, então,

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ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 141 de 197 ocupar o ponto de vista das teorias que funcionam melhor e tem os melhores resultados? E essas não são, como uma questão a posteriori, as teorias científicas?

Esse é um argumento forte. Ele conjuga o incrível sucesso das ciências naturais com um critério pragmático de verdade. É por conta dele que hoje se afirma que a maior parte dos filósofos aceita o naturalismo (RITCHIE, 2012). Mas será que esse argumento atinge as teses de Dworkin sobre a objetividade na moral?

O dilema naturalista

O argumento naturalista, em linhas gerais, afirma que a melhor fundação epistêmica para nosso conhecimento é a ciência, que lida, essencialmente, com objetos que possuem eficácia causal. Para que o argumento naturalista de Leiter se aplique ao domínio da moral é necessário, então, que as proposições morais se refiram a objetos que possuam esse tipo de eficácia. Se pudermos mostrar, a partir da nossa melhor imagem do mundo (dada pela ciência), que existe algum tipo de propriedade moral com eficácia causal presente no mundo (de acordo com nossa melhor imagem dele), então teremos um forte argumento em favor do realismo moral naturalista. Se não conseguirmos mostrar que essas propriedades existem, seremos levados à posição de Leiter: o ceticismo naturalizado – como a ciência não reconhece a existência de “partículas morais”; e como a ciência fornece o critério relevante de objetividade, a moral não é o objetiva. Em todo o caso, tudo depende de as proposições morais (1) referirem-se a objetos (reais ou supostos) que têm eficácia causal e (2) poderem ser tornadas verdadeiras se existirem explicações causais para acreditarmos em sua verdade. Para Leiter, é bom notar, isso não significa, como quer Dworkin, o compromisso com a existência de um “mundo metafísico transcendente”, mas sim com a nossa melhor imagem do mundo que, de acordo com critérios pragmáticos, é dada pela ciência. Trata-se, em outras palavras, de saber se, de acordo com a melhor imagem do mundo fornecida pelas ciências, os objetos a que as proposições morais (supostamente) fazem referência de fato existem e se esses objetos explicam nossas crenças nessas proposições.

Esse tipo de naturalismo seria, segundo Leiter, um tipo de naturalismo metodológico (LEITER, 2012). O naturalismo metodológico sustenta tanto a

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ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 142 de 197 “continuidade de resultados” quanto a “continuidade de métodos” entre a filosofia e a ciência. De acordo com a continuidade de resultados, as teorias filosóficas devem apoiar-se e ser justificadas pelos resultados das ciências. De acordo com a continuidade de método, as teorias filosóficas devem, ainda, “emular” os métodos de investigação das ciências bem sucedidas (o que significa tanto o uso de métodos experimentais quanto o uso de explicações de tipo causal, i.e., que identifiquem causas que, ceteris paribus, determinam certos resultados). É por conta desse naturalismo metodológico que Leiter sustenta, também, um naturalismo substantivo, segundo o qual as únicas coisas que existem são objetos físicos e naturais (sendo esse o caso não por uma necessidade lógica, mas sim porque a melhor imagem do mundo fornecida pela ciência não inclui objetos não-físicos e não-naturais1) (Leiter 2012).

Da conjugação do naturalismo metodológico com o naturalismo substantivo que lhe segue, podemos formular o que chamarei de “dilema naturalista” (DN) em matéria de Moral. Podemos enunciá-lo da seguinte maneira: Ou os “fatos morais” tem um impacto causal nas crenças das pessoas, ou não existem fatos morais.

A necessidade do impacto causal dos fatos morais decorre do naturalismo metodológico (em especial da exigência de continuidade de método). A não-existência dos fatos morais em decorrência da innão-existência de impacto causal decorre, por sua vez, do naturalismo substantivo. Se o dilema naturalista for um verdadeiro dilema, temos boas razões para aceitar o ceticismo de Leiter2.

3. A resposta de Dworkin ao dilema naturalista

O argumento de Leiter, partindo das premissas do dilema naturalista, parece válido. No entanto, se mostrarmos que o próprio dilema não é um verdadeiro dilema, mostraremos que seu argumento, a despeito de aparentemente válido, não é sólido.

1

Essa é a razão pela qual os naturalistas metodológicos tenderiam a ser, em matéria de filosofia da mente, fisicalistas. Para uma crítica, ver Nagel (2012).

2

Leiter não apresenta o argumento da maneira em que o formalizei (por meio de um dilema). Mas ele claramente o endossa em (Leiter 2012). Ademais, ele segue-se logicamente de suas premissas naturalistas.

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ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 143 de 197 Consideremos, de início, o primeiro chifre do dilema. Podem “fatos morais” ter algum tipo de impacto causal nas nossa crenças e convicções? Dworkin afirma que não. Ele chama a hipótese segundo a qual existiria algum tipo de relação causal entre fatos morais e motivos e convicções morais de “hipótese da implicação causal” e afirma que rejeitá-la é tanto óbvio quanto ocioso: ela é obviamente falsa, mas rejeitá-la não tem as implicações que naturalistas como Leiter alegam que tenha (daí sua rejeição ser ociosa) (DWORKIN, 2011, pp. 70–75). A principal razão para Dworkin rejeitar a hipótese é que, segundo ele, não podemos imaginar qualquer tipo de prova empírica ou experimental que pudesse sugerir sua veracidade. Isso ocorre porque, ao contrário da maior parte das afirmações causais, nós não podemos testar a veracidade da hipótese da implicação causal colocando uma questão contrafactual, o procedimento padrão para testarmos afirmações que impliquem em algum tipo de relação causal (DWORKIN, 2011, p. 73). Os exemplos de Dworkin são ilustrativos: podemos testar a afirmação de que alguém espirrou por conta de algum tipo de força telepática perguntando se ele teria espirrado na ausência dessa força. Com afirmações morais, ao contrário, esse tipo de questão não está à nossa disposição. Não podemos imaginar como testar a afirmação de que o aborto é errado porque não conseguimos imaginar um teste em que poderíamos manter determinados fatores constantes, alterar outros e, assim, mudar o “valor moral” do ato de aborto. É possível, por exemplo, testarmos a afirmação de que “o feto sente dor”, mas o significado moral de que “não devemos causar dor em seres inocentes” não pode ser testado da mesma maneira. Se ficasse provado que o feto não sente dor, isso só afetaria o julgamento moral a respeito do aborto se já sustentássemos a crença que há uma relação entre a moralidade de um ato e o sentimento físico de dor sofrido por um indivíduo. Dessa forma, por afirmar uma possível relação causal que sequer pode ser testada (porque não conseguimos pensar em qualquer teste possível), a hipótese da implicação causal é falsa3.

Esse argumento nos sugere uma conclusão importante. Como vimos, uma das teses do naturalismo metodológico é que afirma que existe (ou deve existir) uma

3

Um outro argumento possível seria o de que a hipótese do impacto causal viola a Lei de Hume. Dworkin, contudo, não avança esse argumento. Isso porque se a hipótese estiver correta, a Lei de Hume estaria errada. Dessa forma, as duas hipóteses são concorrentes e não é possível valer-se de uma para negar a outra. Isso implicaria numa petição de princípio (DWORKIN, 2011, p. 71).

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ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 144 de 197 continuidade de método entre a filosofia e a ciência. Essa continuidade significaria a emulação dos métodos científicos para testar a verdade de proposições filosóficas (métodos experimentais, explicações causais etc.). O que Dworkin mostra com o argumento acima, contudo, é que as proposições morais não estão sequer aptas a serem testadas dessa maneira. Não é que uma investigação científica provou que elas são falsas: é que não podemos imaginar o uso desse tipo de investigação para testar sua veracidade.

Como realizar testes experimentais para sabermos se é ou não errado matar um bebê recém-nascido que sofre de uma grave e incurável doença? Como fornecer uma explicação que identifique uma causa que, ceteris paribus, explique porque as cotas raciais são injustas? Podemos fornecer esse tipo de explicação para determinados aspectos não-morais dos fenômenos em questão (por exemplo, saber se o bebê tem ou não consciência e sensibilidade à dor, ou saber se as cotas melhoram ou não o desempenho agregado dos alunos em determinada instituição de ensino). Mas não podemos testar as afirmações de que não devemos causar dor a seres humanos inocentes ou que o ato moralmente correto é aquele que produz os melhores resultados a partir de um cálculo agregativo de interesses individuais.

A suposição de que a explicação de uma crença ou convicção moral poderia ser testada a partir de métodos científicos (empíricos, repetíveis, causais etc.) baseia-se, em parte, na própria ambiguidade do termo “explicação”. Que significa explicar que o aborto é errado? Seria responder à pergunta “por que você pensa que o aborto é errado?”. Mas o que significa essa pergunta, por sua vez? Ela poderia significar, de um lado, que se está pedindo razões que justifiquem sua crença na imoralidade do aborto. Por outro lado, ela também poderia significar que se está pedindo uma explicação causal que explique porque você sustenta a opinião que sustenta. Podemos entender a diferença utilizando, de maneira estipulativa, para o primeiro significado da pergunta o termo justificação e para o segundo, explicação. Quando estamos diante de um fenômeno causal, justificação e explicação coincidem. Por exemplo, a razão para eu acreditar que choveu ontem é porque, de fato, choveu ontem, e esse fato tem determinada relação causal com minha crença atual. Quando passamos às questões morais, no entanto, a ciência pode explicar a cadeia causal que nos levou a sustentar determinada crença moral; mas ela não

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ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 145 de 197 pode, através de seus testes e métodos, justificar porque aquela crença é ou não é verdadeira. “Na medida em que a moralidade e outros domínios avaliativos não fazem afirmações causais”, conclui Dworkin (1996, p. 120), “tais testes não podem desempenhar nenhum papel em qualquer teste plausível para eles”.

Se entendermos a diferença entre justificar porque temos determinada convicção moral e explicar porque temos essa convicção percebemos que, como afirma Dworkin (2011, p. 35), não há nenhuma inconsistência em sustentar o seguinte conjunto de opiniões: (i) a condenação do homicídio tinha um importante valor de sobrevivência nas savanas antigas; (ii) o valor adaptativo e de sobrevivência dessa condenação explica porque ela é tão amplamente aceita em todas as culturas; (iii) é objetivamente verdade que o homicídio é errado, porque ele viola o valor supremo da vida humana. Utilizando os termos estipulativos acima, (i) e (ii) seriam uma explicação da condenação do homicídio; (iii) seria uma justificação dessa condenação.

Quanto ao segundo chifre de DN -- a hipótese de que a menos que a moral tenha algum impacto causal sobre nossas crenças, convicções e atitudes, ela não é objetiva -- o que podemos afirmar?

Dworkin chama essa hipótese de hipótese da dependência causal e afirma que ela não é verdadeira (DWORKIN, 2011, pp. 76–80). A primeira e, para ele, mais óbvia razão é a seguinte: essa hipótese refuta-se a si mesma. Segundo Dworkin, podemos admitir que a hipótese da dependência causal não é uma hipótese de aplicação restrita ao domínio da moral. Ela seria uma hipótese que teria aplicação a todos os domínios do conhecimento humano. Segundo ela, nós não podemos formar uma crença confiável a respeito do que quer que seja a menos que essa crença tenha sido causada pelo que ela relata ou afirma ou por algum tipo de “partícula” que nos faça crer (e justifique nossa crença) nessa proposição. Mas então, prossegue Dworkin, a hipótese cai vítima de uma paradoxo: se ela for verdade, nós não podemos ter nenhuma razão para pensar que ela é verdade (Dworkin 2011, 76-77).

Nenhum filósofo que aceita a hipótese da dependência causal (DC) imagina que é a “verdade de DC” que “causou” a sua crença na veracidade de DC. Se pensassem assim, teriam que admitir que o universo conteria “partículas filosóficas” (Dworkin as chama de philons) que provocam essas crenças. Mas, se aceitarem que

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ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 146 de 197 existem essas partículas, esses filósofos também teriam que aceitar que existiriam partículas morais como os morons e, dessa forma, teriam que admitir que não só DC, mas também a hipótese da implicação causal (que Dworkin rejeita pelos motivos já apresentados), são verdadeiras. Se, ao contrário, um filósofo sustentar que não é a “verdade de DC”, formada por partículas mágicas como os philons, que provocou sua crença na verdade de DC, ele terá incorrido numa contradição e será obrigado a rejeitar a hipótese que pretendia defender.

Esse argumento nos fornece razões para rejeitar o naturalismo substantivo de Leiter. Podemos conceder que a ciência estuda objetos que tem eficácia causal e que seu sucesso em estudá-los e lidar com fenômenos formados por eles é um argumento em favor de seu valor epistêmico. O problema é que não podemos assumir, em decorrência disso, que apenas os fatos estudados pela ciência existem – justamente porque essa proposição não poderia ser testada pela própria ciência. A proposição “apenas os objetos estudados pelas ciências têm existência objetiva” não é uma proposição científica e, pelos próprios padrões do naturalismo de Leiter, seria falsa.

É por isso que Dworkin afirma que o teste da “melhor explicação causal” (núcleo do naturalismo metodológico) só pode excluir a existência da moral se pressupor de maneira axiomática que tem “validade universal” (de onde tiraríamos como conclusão o naturalismo substantivo). Fazer isso, no entanto, seria cometer uma petição de princípio: afinal, a existência do domínio moral poderia significar, justamente, que o teste da melhor explicação causal não tem validade universal (DWORKIN, 1996, p. 119).

A afirmação de Leiter de que a defesa da ciência como base sólida para nosso conhecimento é um argumento a posteriori seria correta se se restringisse a explicar, por exemplo, porque rejeitamos a astrologia e aceitamos a astronomia. Nesse caso, estaríamos diante de duas teorias distintas e opostas, mas que fazem, ambas, afirmações causais e pertenceriam, nesse caso, ao mesmo domínio. Para que o mesmo argumento pragmático pudesse ser usado para lidar com o domínio moral, seria necessário postular, de maneira a priori, que a ciência tem validade universal (mesmo para domínios formados por proposições que não dizem respeito a relações causais). Sustentar o contrário seria, segundo Dworkin, manter um tipo

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ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 147 de 197 de “epistemologia arquimediana (...) que tenta estabelecer padrões para crenças confiáveis a priori” (DWORKIN, 1996, pp. 118–119). A defesa da objetividade naturalista aplicada ao domínio moral violaria, nesse caso, seus próprios pressupostos, e se basearia na postulação a priori da universalidade da ciência.

O que nos resta, então, é concluir que o dilema naturalista é um falso dilema. Um dos lados do seu chifre é obviamente falso; o segundo, baseia-se em pressupostos a priori tomados de forma não questionável e que violariam, se fossem verdadeiros, as demais premissas naturalistas. Dworkin, portanto, está correto em rejeitar as críticas naturalistas sintetizadas no argumento do dilema naturalista.

O que dizer, então, da analogia do barco de Neurath? Se concedemos o ponto e admitimos que nossa situação epistêmica é similar à dos marinheiros tentando reconstruir um barco enquanto o navegam não deveríamos aceitar o argumento de Leiter de que a base de sustentação mais sólida para essa reconstrução é o conjunto das ciências de sucesso?

Para usarmos a mesma imagem do barco de Neurath, poderíamos dizer que o barco das relações causais não é o mesmo barco da moral. Ao lidar com objetos e fenômenos que têm eficácia causal, a ciência parece, de fato, estar numa posição epistemicamente privilegiada (e o argumento de Leiter aqui parece persuasivo). O problema é que, quando lidamos com questões morais, não estamos mais “no mesmo barco”4. A ciência adquiriu o seu status privilegiado no mundo “causal” pelo

seu sucesso. Mas esse sucesso não se reproduz no barco da moral e não podemos assumir que o que vale para o estudo de objetos físicos e naturais valeria também para o estudo da moral. Como tentei demonstrar acima, essa assunção depende de um argumento a priori não fornecido pelos naturalistas e que, se fosse fornecido, violaria um dos pressupostos básicos dessa posição filosófica.

A ciência pode nos fornecer a “melhor imagem do mundo”, mas essa imagem deve ser tomada dentro de seus limites – dados nos próprios pressupostos da ciência. Para que acreditássemos que a melhor imagem do mundo é também a

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Leiter demonstra ignorar esse fato ao comparar o discurso moral como um discurso a respeito da Lua (moral realism e moon realism) (LEITER, 2001, p. 74). Aqui fica claro que ele não considera o fato de que faz sentido valer-se da ciência para fundamentar ou analisar criticamente um discurso a respeito da lua porque ela é um objeto físico que possui eficácia causal. Não é o que ocorre, no entanto, com o discurso moral, e assumir o contrário seria, para usarmos o termo de Dworkin, beg the

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ISSN: 16799844 - InterSciencePlace - Revista Científica Internacional Páginas 148 de 197 imagem completa do mundo, teríamos que admitir que só os objetos suscetíveis à investigação científica existem objetivamente, e essa admissão dependeria, por sua vez, de razões não justificáveis cientificamente.

Conclusão

O naturalismo de Leiter não leva a sério o que Dworkin chama de “independência metafísica do valor” (DWORKIN, 2011, p. 9). Ele tenta reduzir a dimensão da moralidade (e todos os demais domínios avaliativos) ao domínio dos objetos naturais que têm eficácia causal. Essa redução, no entanto, não percebe que nosso discurso moral não se refere a objetos que tem eficácia causal e pressupõe de maneira indevida a universalidade do método científico (de onde se seguiria, segundo o naturalismo, que apenas objetos físicos e naturais têm uma existência objetiva). Essa pressuposição, contudo, ou é assumida sem explicação ou então é defendida a partir de argumentos não-científicos. No primeiro caso, não temos razões para assumi-la; no segundo, violaríamos o pressuposto básico do naturalismo metodológico.

Poderíamos considerar outras objeções à proposta radical de Dworkin de defesa da independência do domínio moral, mas isso estaria fora do escopo desse trabalho. Acredito, contudo, que tenha conseguido, ao menos, mostrar como as principais objeções naturalistas avançadas por Brian Leiter não conseguem refutar as teses de Dworkin sobre a objetividade na moral. Se há argumentos contra elas, eles não são aqueles propostos pela concepção naturalista de objetividade defendida por Leiter.

Referências

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Sobre o autor

Horácio Lopes Mousinho Neiva - Mestrando em Teoria do Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Graduado em Direito pela Universidade Federal do Piauí (UFPI).

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