• Nenhum resultado encontrado

A geometria na estereotomia da pedra na arquitectura religiosa portuguesa entre 1530 e 1580

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A geometria na estereotomia da pedra na arquitectura religiosa portuguesa entre 1530 e 1580"

Copied!
243
0
0

Texto

(1)UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS-ARTES. A GEOMETRIA NA ESTEREOTOMIA DA PEDRA NA ARQUITECTURA RELIGIOSA PORTUGUESA ENTRE 1530 E 1580. Ricardo Jorge Conduto Rodrigues Delgado. Orientadores: Prof. Doutor António de Oriol Pena Vazão e Trindade Prof. Doutor Eduardo Alves Duarte. Tese especialmente elaborada para a obtenção do grau de Doutor em Belas-Artes, na especialidade de Geometria.. 2017.

(2)

(3) UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS-ARTES. A GEOMETRIA NA ESTEREOTOMIA DA PEDRA NA ARQUITECTURA RELIGIOSA PORTUGUESA ENTRE 1530 E 1580 Ricardo Jorge Conduto Rodrigues Delgado Orientadores:. Prof. Doutor António de Oriol Pena Vazão e Trindade Prof. Doutor Eduardo Alves Duarte. Tese especialmente elaborada para a obtenção do grau de Doutor em Belas-Artes, na especialidade de Geometria. Júri: Presidente: Doutor António Pedro Ferreira Marques, Professor Associado com Agregação e Director da Área de Desenho da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (nomeado por Despacho do Senhor Vice-Reitor, datado de 30 de Junho de 2017, no uso de competências delegadas). Vogais: . Doutor Eduardo Alberto Vieira de Meireles Côrte-Real, Professor Associado com Agregação, IADE-U Instituto de, Arte Design e Empresa - Universitário;. . Doutor Gonçalo Nuno Ramos Ferreira de Gouveia, Professor Auxiliar da Faculdade de Ciências Exactas e da Engenharia da Universidade da Madeira;. . Doutor Manuel Jorge Rodrigues Couceiro da Costa, Professor Associado da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa;. . Doutor Filipe Alexandre Duarte González Migães de Campos, Professor Auxiliar da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa;. . Doutora Odete Rodrigues Palaré, Professora Auxiliar da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa;. . Doutor António de Oriol Pena Vazão e Trindade, Professor Auxiliar da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.. 2017.

(4)

(5) AGRADECIMENTOS. Quero agradecer em primeiro lugar ao meu amigo e orientador Prof. Doutor António de Oriol Trindade. Sem o seu empenho e incentivo este trabalho não teria chegado ao fim. De igual forma o meu agradecimento vai para meu amigo e coorientador, o Prof. Doutor Eduardo Duarte, sempre disponível para me acompanhar. Agradeço igualmente à Sílvia Vasquez, que tão generosamente me ofereceu grande parte da biblioteca do seu falecido marido Prof. Arquitecto José Moutinho. Também quero deixar uma palavra de agradecimento à Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa por ter permitido que tivesse um ano de dispensa de serviço para que pudesse fazer a pesquisa de campo. Aos meus colegas docentes da Faculdade de Belas Artes - UL, que asseguraram generosamente o meu serviço docente durante o ano em que estive dele dispensado. Ao Arquitecto Ângelo Silveira do IGESPAR, que me conduziu nas minhas visitas à Capela Mor do Mosteiro de Santa Maria de Belém. Uma palavra de agradecimento à Senhora Rosinda Paulo e à Senhora Zelinda Ministro, a quem está confiada a guarda da Capela das Onze Mil Virgens, em Alcácer do Sal, e que tão gentilmente me permitiram aceder à Capela. Por fim, à minha família que se privou da minha presença nos meus momentos de maior concentração e intensidade no desenvolvimento deste empreendimento. E a todos que, directa ou indirectamente, contribuíram para fosse possível levar este trabalho até ao fim.. iii.

(6) iv.

(7) À memória de meu Pai, que me ensinou a andar e do Prof. Arq. José Moutinho, que me ensinou a correr. v.

(8) vi.

(9) Esta tese não segue a grafia do novo Acordo Ortográfico de 1990. vii.

(10) viii.

(11) RESUMO. A estereotomia, no sentido em que é abordada neste trabalho, consiste no corte de volumes e tem como finalidade a determinação dos traçados utilizados no talhe dos materiais empregues em arquitectura, procurando obter uma solução em que as diferentes partes, que constituem um conjunto, se adaptem entre si de forma estável, resultando num corpo sólido e coeso. A partir do século XVI, com a publicação dos primeiros tratados sobre estereotomia da pedra em França e Espanha, tornou-se possível compreender as opções geométricas que levaram à edificação das construções em pedra. Em Portugal não se publicaram documentos nos quais a técnica do talhe da pedra fosse explicada. Procurou-se, por comparação dos desenhos e descrições que constam no Le Premier Livre de L’Architecture (1567) de Philibert de L’Orme e no manuscrito de Libro de Trazas de Cortes de Piedras (1578-1589) de Alonso de Vandelvira, entender como era a estereotomia da pedra aplicada na arquitectura religiosa portuguesa, no período entre 1530 e 1580, correspondendo, grosso modo, ao período renascentista nacional. Escolheram-se uma série de edifícios religiosos construídos nesse período, onde pudemos encontrar exemplos significativos de talhe da pedra. Estudaram-se as técnicas do corte da pedra, assim como os traçados que permitiram determinar os moldes imprescindíveis para o talhe das aduelas. Igualmente, realizaram-se medições a esses elementos e produziram-se desenhos e modelos virtuais, procurando seguir sempre a metodologia descrita por De L’Orme ou Vandelvira. A partir das características geométricas das superfícies, das ferramentas e utensílios da época, e com base nas técnicas de corte da pedra, procurámos estabelecer uma relação entre o conhecimento que existia em Espanha e França com o que se praticava em Portugal. Pelos resultados obtidos, nalguns casos, foi possível concluir. ix.

(12) um grande domínio da geometria aplicada à estereotomia, noutros nem tanto. Parece-nos claro que isso era uma qualidade dos arquitectos que trabalhavam em Portugal, oriundos de Espanha ou que tinham progredido no ofício de canteiros até chegarem a mestres de obra.. Palavras-chave: Estereotomia; Philibert de L’Orme; Alonso de Vandelvira; Portugal, Arquitectura, Século XVI. ABSTRACT Stereotomy consists, in the way that is study in this work, in cutting a 3D shape and has the purpose of determination of the drawings used in cutting materials employed in architecture, seeking a solution in which the different parts that constitute a system, fit together in a stable manner, resulting in a solid and cohesive body. In the sixteenth century, with the publication of the first treatises about stone cutting, in France and Spain, it became possible to understand the geometric options that led to construction with stone. In Portugal, there wasn’t any publication about the stone cutting technique. We tried, comparing the drawings and descriptions contained in the Philibert de L’Orme’s Le Premier Livre de L'Architecture (1567) and Alonso Vandelvira’s manuscript Libro de Trazas de Cortes de Piedras (1578-1589) to see how was the stone stereotomy was applied in religious architecture in Portugal, between 1530 and 1580, corresponding, roughly, to the national Renaissance period. We chose a number of religious buildings, built in this period, where we could find significant examples of the stone cutting. We also studied those techniques, as. x.

(13) well the drawings that allow the determination of models that are essential to achieve the shape of the stone staves. Measurements were also taken from these elements, produced drawings and virtual models, looking always follow the methodology described by De L'Orme or Vandelvira. From the geometric characteristics of surfaces and tools used in that period, and based on stone cutting techniques, we tried to establish a relationship between the knowledge that existed in Spain and France with what was practiced in Portugal. The results obtained, in some cases, allowed to verify that some architects had a great knowledge in geometry applied to stereotomy, others not so much. It seems clear to us that this was a common quality of architects that came working to Portugal from Spain or architects that progressed from masonery workers to architects.. Keywords: Stereotomy; Philibert de L’Orme; Alonso de Vandelvira; Portugal; Architecture; Sixteenth Century. xi.

(14) xii.

(15) ÍNDICE Lista das figuras .............................................................................................................. xv Introdução ....................................................................................................................... 25. 1ª PARTE ..................................................................................................................... 33. 1. O ESTADO DA ARTE .................................................................................................. 37 2. CARACTERIZAÇÃO. DAS SUPERFÍCIES MODELADORAS INTERVENIENTES. NA ESTEREOTOMIA DOS MONUMENTOS ...................................................................... 43. 2.1 Noções gerais sobre superfícies geométricas ................................................ 43 2.2. Superfície cónica .......................................................................................... 48 2.3. Superfície cilíndrica...................................................................................... 51 2.4. Superfície esférica ........................................................................................ 54 2.5. Superfície tórica............................................................................................ 55 2.6. Superfície helicoidal ..................................................................................... 61 2.6.1. Hélice cilíndrica ..................................................................................... 61 2.6.2. Superfícies helicoidais de hélice cilíndrica ............................................ 64 2.6.2.1. Superfície helicoidal regrada ........................................................... 66 2.6.2.2. Superfície helicoidal empenada de cone director ............................ 67 2.6.2.3. Superfície helicoidal empenada de plano director .......................... 69 2.6.2.4. Superfície helicoidal planificável .................................................... 71 2.6.2.5. Superfície helicoidal axial oblíqua ou de cone director .................. 72 2.6.2.6. Superfície helicoidal axial recta ou de plano director ..................... 73 2.7. Superfície regrada empenada de três directrizes ou capialçado de arco....... 74. xiii.

(16) 3. FERRAMENTAS E MATERIAIS................................................................................... 79 3.1 Ferramentas de cantaria ................................................................................. 79 3.2. Utensílios do arquitecto ................................................................................ 90 3.3. Instrumentos comuns .................................................................................... 96 3.4. A matéria-prima.......................................................................................... 103. 4. O CORTE DA PEDRA ............................................................................................... 107. 2ª PARTE .................................................................................................................... 143. 5. CASOS NOTÁVEIS EM PORTUGAL .......................................................................... 147 5.1. Arcos ........................................................................................................... 147 5.2. Escadas em caracol ..................................................................................... 163 5.2.1. A geometria subjacente ao desenho da escada em caracol .................. 164 5.2.2. Escada em caracol de núcleo cilíndrico ............................................... 165 5.2.3. O Caracol de Maiorca .......................................................................... 172 5.3. Capialçados ................................................................................................. 190 5.4. Abóbadas esféricas ..................................................................................... 203 5.5 Abóbada tórica............................................................................................. 215. Bibliografia ................................................................................................................... 225. Índice Onomástico ........................................................................................................ 239. xiv.

(17) LISTA DAS FIGURAS. Figura 1 - Superfície de dupla curvatura (1.a), de curvaturas opostas (1.b) e de simples curvatura (1.c). Ricardo Delgado (2013)...........................................................................................46 Figura 2 - Superfícies cónicas geradas pela geratriz g que se apoia no vértice V e na directriz circunferencial [d]. A superfície representada à esquerda é de revolução circular e à direita é de revolução elíptica em que a elipse [e] é uma secção recta e a circunferência [d] é uma secção cíclica. Ricardo Delgado (2013). ...........................................................................................48 Figura 3 - Secções planas numa superfície cónica de revolução, da esquerda para a direita: elipse, parábola e hipérbole. Ricardo Delgado (2013). .....................................................................50 Figura 4 - Planificação da superfície cónica: método geral. Ricardo Delgado (2013)......................51 Figura 5 - Superfícies cilíndricas geradas pelas geratrizes g, paralelas ao eixo e e que se apoiam na directriz circunferencial [d]. A superfície representada à esquerda é de revolução circular e à direita é de revolução elíptica em que a elipse [e] é uma secção recta e a circunferência [d] é uma secção cíclica. Ricardo Delgado (2013). ..................................................52 Figura 6 – Planificação, pelo método geral, da porção de superfície cilíndrica limitada pela directriz [d] e uma secção paralela à directriz. Ricardo Delgado (2013). .........................................53 Figura 7 – Planificação de uma porção de superfície cilíndrica de revolução circular limitada por duas secções rectas, que na planificação [d]t tem um comprimento igual ao perímetro de [d]. Ricardo Delgado (2013). ............................................................................................................54 Figura 8 - Superfície esférica com centro C, eixo e, polos P, equador [e], meridiano [m] e paralelo [p]. Ricardo Delgado (2013). ..............................................................................................55 Figura 9 - Superfície tórica [], com geratriz [c] e eixo e. Ricardo Delgado (2013). .......................56 Figura 10 - Da esquerda para a direita: superfície tórica fechada, de gola nula e aberta, respectivamente. Ricardo Delgado (2013). .......................................................................................56 Figura 11 - Folha de dupla curvatura. Toda a superfície está de um lado do plano tangente. Ricardo Delgado (2013). ...................................................................................................................57 Figura 12 - Folha de curvaturas opostas. Há porções de superfície em lados opostos ao plano tangente. Ricardo Delgado (2013). ...................................................................................................58 Figura 13 - Paralelos onde a superfície tem simples curvatura. Ricardo Delgado (2013). ...............58 Figura 14 – Alguns exemplos, representados em dupla projecção ortogonal, de secções planas produzidas numa superfície tórica segundo planos paralelos ao eixo da superfície. As secções [a] e [b] são curvas de Cassini; a secção [d] é uma lemniscata produzida pelo plano δ tangente ao círculo de gola no ponto D. Ricardo Delgado (2013)...................................................................60. xv.

(18) Figura 15 - À esquerda: representação axonométrica de uma hélice cilíndrica [h]. À direita: planificação da superfície cilíndrica [α] com a transformada da hélice [h]. Ricardo Delgado (2013). ...............................................................................................................................................62 Figura 16 - a) - Hélice dextrógira. b) - Hélice levógira. Ricardo Delgado (2013) ............................63 Figura 17 - Representação em dupla projecção ortogonal de uma hélice cilíndrica. Ricardo Delgado (2013)..................................................................................................................................64 Figura 18 - Representação ortogonal de uma superfície helicoidal de eixo e directriz [d] e algumas hélices [h1], [h2] e [h3] coaxiais e de passo igual. À direita, uma renderização da superfície dada. Ricardo Delgado (2013). .........................................................................................65 Figura 19 - Superfícies helicoidais notáveis em que a geratriz é uma circunferência ou uma semicircunferência. Da esquerda para a direita: coluna Salomónica ou torsa, abóbada de Santo Egídio e serpentina. Ricardo Delgado (2013).........................................................................66 Figura 20 - Representação em dupla projecção ortogonal de uma superfície helicoidal empenada de cone director levógira. À direita na figura está representado o cone director, ao qual as geratrizes da superfície helicoidal são paralelas. Ricardo Delgado (2013)...........................69 Figura 21 - Representação em dupla projecção ortogonal de uma superfície helicoidal empenada de plano director. Levógira. Ricardo Delgado (2013). ....................................................70 Figura 22 - Helicóide planificável levógiro. Ricardo Delgado (2013). .............................................71 Figura 23 - Superfície helicoidal axial oblíqua ou de cone director lexógira. À direita da figura está representado o cone director ao qual as geratrizes da superfície helicoidal são paralelas. Ricardo Delgado (2013). ...................................................................................................................72 Figura 24 - Porção de superfície helicoidal axial recta ou de plano director. Nesta representação intersectou-se o helicóide por uma superfície cilíndrica coaxial de modo a criar um núcleo virtual. Ricardo Delgado (2013). .....................................................................................73 Figura 25 – Representação em dupla projecção ortogonal de um capialçado de arco com directriz curva [a], e directrizes rectas b e e. O plano de topo α que contém e determina nas outras directrizes os pontos A e B respectivamente, que definem uma geratriz g. Aplicando a mesma metodologia, a partir de uma divisão, geralmente em partes iguais da directriz [a] obtém-se as restantes geratrizes da superfície. Ricardo Delgado (2013). .........................................75 Figura 26 - Construção do Mosteiro de Schönau. Desenho feito a aparo de autor desconhecido. Séc. XVI. Museu Nacional Germânico. Reprodução retirada do site da Biblioteca da Universidade de Heidelberg: WWW: http://digi.ub.uni-heidelberg.de/diglit/derwein1931/0006 [Consult. 1 de Jun. de 2014]..............................................................................................................81 Figura 27 - Pique. DIDEROT e D’ALEMBERT - Encyclopédie ou Dictionnaire raisonné des Sciences, des Arts et des Métier - Architecture et Parties qui en dépendent. Paris : Carrier-Platrier, 1751-1776., pl. XIV. ...............................................................................................83 Figura 28 - Picarete. DIDEROT e D’ALEMBERT - Encyclopédie ou Dictionnaire raisonné des Sciences, des Arts et des Métier - Architecture et Parties qui en dépendent. Paris : Carrier-Platrier, 1751-1776., pl. XIV. ...............................................................................................83. xvi.

(19) Figura 29 - Marrão. DIDEROT e D’ALEMBERT - Encyclopédie ou Dictionnaire raisonné des Sciences, des Arts et des Métier - Architecture et Parties qui en dépendent. Paris : Carrier-Platrier, 1751-1776., pl. XIV. ...............................................................................................84 Figura 30 - Cunhas. DIDEROT e D’ALEMBERT - Encyclopédie ou Dictionnaire raisonné des Sciences, des Arts et des Métier - Architecture et Parties qui en dépendent. Paris : Carrier-Platrier, 1751-1776., pl. XIV. ...............................................................................................84 Figura 31 - Corte do mármore. Miniatura no De Originibus de Rabano Mauro, manuscrito, Itália, 1023, Monte Cassino. Biblioteca Estatal do Monumento Nacional de Monte Cassino. .........85 Figura 32 - Serras sem dentes à esquerda e com dentes à direita. DIDEROT e D’ALEMBERT - Encyclopédie ou Dictionnaire raisonné des Sciences, des Arts et des Métier Architecture et Parties qui en dépendent. Paris : Carrier-Platrier, 1751-1776., pl. XIII. .............85 Figura 33 - Canteiros a lavrar a pedra. A Construção do Templo de Salomão. Flavius Josèphe, Antiguidades Judaicas, ilustradas por Jean Fouquet, Paris, 1465. Pormenor....................................87 Figura 34 - Picão e vários tipos de martelos. DIDEROT e D’ALEMBERT - Encyclopédie ou Dictionnaire raisonné des Sciences, des Arts et des Métier - Architecture et Parties qui en dépendent. Paris : Carrier-Platrier, 1751-1776., pl. XI. ...................................................................88 Figura 35 - Picareta e bujarda. DIDEROT e D’ALEMBERT - Encyclopédie ou Dictionnaire raisonné des Sciences, des Arts et des Métier - Architecture et Parties qui en dépendent. Paris : Carrier-Platrier, 1751-1776., pl. X. ........................................................................................88 Figura 36 - Espátulas com e sem dentes, fichas com e sem dentes e pá. DIDEROT e D’ALEMBERT - Encyclopédie ou Dictionnaire raisonné des Sciences, des Arts et des Métier - Architecture et Parties qui en dépendent. Paris : Carrier-Platrier, 1751-1776., pl. XII. ....................................................................................................................................................89 Figura 37 - Escopro, maço, ponteiro e cinzel. DIDEROT e D’ALEMBERT - Encyclopédie ou Dictionnaire raisonné des Sciences, des Arts et des Métier - Architecture et Parties qui en dépendent. Paris : Carrier-Platrier, 1751-1776., pl. XI e XII. ..........................................................89 Figura 38 - São Pedro, São Paulo e São Etiénne, aparecem ao abade Gunzo com as cordas para traçar a planta da futura Basílica de Cluny. Miniatura do séc. XII de autor desconhecido. La vie de Saint Hugue. Imagem extraída de COLOMBIER, Pierre du, - Les Chantiers des Cathedrales. Paris : Editions A et J. Picard, 1973, p. 86. ................................................................92 Figura 39 - Uso da corda. HOUNNECOURT, Villard de - Caderno. Pranchas XXXIX e XL. ......92 Figura 40 - Pedra tumular do arquitecto Hugues Libergier, onde se pode ver os símbolos associados à sua profissão: a régua, o modelo e o compasso. Séc. XIII. Catedral de Reims. Fotografia Extraída do site http://www.shafe.uk/tomb_slab_of_an_architect/ [Consult. 4 Jan. 2015]. ................................................................................................................................................93 Figura 41 - O mestre-de-obras transportando a régua e o esquadro de dois braços. Construção do Mosteiro de Schönau (séc. XVI). Pormenor da Figura 26. ..........................................................93 Figura 42 - Esquadro. L’ORME, Philibert de - Le premier tome de l’architecture. Paris : Morel, 1567, fl. 36 v..........................................................................................................................94. xvii.

(20) Figura 43 - Compasso de aparelhador. Vitral de Santo Chéron da Catedral de Chartres, séc. XIII. Pormenor. .................................................................................................................................95 Figura 44 - Rei Offa dirigindo a construção da Igreja da Igreja de Santo Alban. Desenho de Matthew Paris. Séc. XIII. ..................................................................................................................96 Figura 45 - Compasso e nível. L’ORME, Philibert de - Le premier tome de l’architecture. Paris : Morel, 1567, fl. 56 v...............................................................................................................96 Figura 46 - Cércea e a forma como determinar a sua curvatura. L’ORME, Philibert de - Le premier tome de l’architecture. Paris : Morel, 1567, fl. 55 v. .......................................................98 Figura 47 - Biveau de braços móveis - L’ORME, Philibert de - Le premier tome de l’architecture. Paris : Morel, 1567, fl. 56. .......................................................................................99 Figura 48 - “Baibel” de braços fixos. VANDELVIRA, Alonso de - Libro de Trazas de cortes de piedras. [1578-1589], fl. 5................................................................................................99 Figura 49 - Biveau. Vitral da Catedral de Chartres. Séc. XIII. Histoire de saint Silvestre. Pormenor. ........................................................................................................................................100 Figura 50 - Sauterelle (suta). L’ORME, Philibert. - Le premier tome de l’architecture. Paris : Morel, 1567, fl. 56 v. ....................................................................................................................100 Figura 51 - Moldes. Vitral da Catedral de Chartres. Séc. XIII. Histoire de saint Silvestre. Pormenor. ........................................................................................................................................102 Figura 52 - Moldes. Villard de Hounnecourt - Caderno. Pranchas XL e LXII. Pormenor. ............102 Figura 53 - Molde. Construção do Mosteiro de Schönau (séc. XVI). Pormenor da figura 26. .......102 Figura 54 - Moldes de leitos das aduelas. L’ORME, Philibert. - Le premier tome de l’architecture. Paris : Morel, 1567, fl. 56 v. ..................................................................................102 Figura 55 - “É possível talhar a aduela V, num primeiro momento, sem ter em conta a inclinação do talude, de a colocar em seguida no seu lugar na abóbada, e apenas numa segunda etapa, desbastar a porção de pedra saliente em relação ao talude.” [Tradução livre]. Exemplo da técnica primitiva ou arcaica: intersecção de uma abóbada de volta perfeita com uma parede em talude. Desenho de Alain Dreyfus. ............................................................................................109 Figura 56 - Projecções ortogonais de um arco de volta perfeita em paramento cilíndrico. Determinação do paralelepípedo circunscrito a uma aduela: A- corte à esquadria. B- corte por moldes. Ricardo Delgado (2013). ...................................................................................................111 Figura 57- Talhe de uma aduela de um arco de volta perfeita pelo método do corte à esquadria. Ricardo Delgado (2013). .................................................................................................................113 Figura 58 - VANDELVIRA, Alonso de - Libro de trazas de cortes de piedras, fl. 24 v. Arco de volta perfeita em parede de paramentos cilíndricos. No manuscrito, esta figura encontra-se invertida em relação ao texto. Optámos por colocá-la na posição correcta. ...................................114. xviii.

(21) Figura 59 - Primeiro passo do corte da pedra referente ao saimel do arco de volta perfeita em parede cilíndrica, indicado por Vandelvira. Ricardo Delgado (2014).............................................117 Figura 60 - Proposta de sequência alternativa para o talhe da primeira aduela de um arco de volta redonda aberto em parede de paramentos cilíndricos. Ricardo Delgado (2014). ...................118 Figura 61 - Talhe da segunda aduela, segundo a metodologia indicada por Alonso de Vandelvira, com o recurso a cérceas. Ricardo Delgado (2014). .....................................................120 Figura 62 - Prisma recto minimal circunscrito à aduela. Ricardo Delgado (2014). ........................121 Figura 63 - A - Panneaux du lit ou Saltarreglas - Molde do leito [1234] da aduela após o rebatimento sobre um plano de nível. B - Panneaux de dessus ou Planta. Molde do polígono definido pelos vértices [1265] do intradorso após o seu rebatimento sobre um plano de nível. Ricardo Delgado (2014). .................................................................................................................123 Figura 64 - Philibert de L’Orme “...porte biaise par tête...” f. 72. .................................................124 Figura 65 - Determinação da verdadeira grandeza do leito, por rebatimento do plano de topo que o contém. Ricardo Delgado (2014)...........................................................................................128 Figura 66 - Villard de Hounnecourt - Caderno. Prancha XXXVIII - “(P)ar chu tail om vosure besloge”; como talhar um arco oblíquo. .........................................................................................128 Figura 67 - Determinação da verdadeira grandeza dos leitos da aduela correspondente à pedra de fecho do arco Porte biase par tête. Ricardo Delgado (2014). ....................................................129 Figura 68 - Talhe de uma aduela a partir da determinação dos moldes da testa e os leitos. Ricardo Delgado (2014). .................................................................................................................130 Figura 69 - Determinação de um ponto P comum a duas superfícies cilíndricas: o plano auxiliar  de perfil, intersecta as superfícies [α] e [β] segundo as geratrizes a e b respectivamente. Estas são concorrentes no ponto P da linha de intersecção das duas superfícies. Ricardo Delgado (2014). ..............................................................................................132 Figura 70 - Arco de volta perfeita aberto em parede cilíndrica. As superfícies cilíndricas base têm os eixos concorrentes e perpendiculares entre si. Ricardo Delgado (2014). ............................133 Figura 71 - Philibert de L’Orme “...porte qui sera ronde par le devant, et ronde par le dessous...” f. 77. ..............................................................................................................................136 Figura 72 - Philibert de L’Orme “...porte qui sera ronde par le devant, et ronde par le dessous...” f. 77. Pormenor. Moldes dos leitos. ..............................................................................137 Figura 73 - Philibert de L’Orme “...porte qui sera ronde par le devant, et ronde par le dessous...” f. 77. Pormenor. Painéis do extradorso e do intradorso. ...............................................139 Figura 74 - Determinação da planificação do extradorso com auxílio de software de Modelação 3D (a preto) e do painel do mesmo extradorso com base na metodologia de De L’Orme (a vermelho). Ricardo Delgado (2014)..............................................................................140. xix.

(22) Figura 75 - Nomenclatura do arco: A-Imposta; B-Saimel; C-Aduela; D-Contrafecho ou Contrachave; E-Chave ou Pedra de fecho; Arco EF-Extradorso; Arco GH-Intradorso. Ricardo Delgado (2013)................................................................................................................................147 Figura 76 - Philibert de L’Orme “vôute sur le coin” f. 74. Perspectiva da mesma “voûte sur le coin”. Modelação 3D de Ricardo Delgado (2015). ........................................................................150 Figura 77 - Claustro Velho do Convento de São Gonçalo. Foto de Ricardo Delgado (2010). .......152 Figura 78 - Claustro do Mosteiro de Nossa Senhora da Assunção. Foto de Ricardo Delgado (2011). .............................................................................................................................................152 Figura 79 - Claustro de Dom João III, Convento de Cristo. Ricardo Delgado (2013). ...................153 Figura 80 - Ermida Nossa Senhora da Conceição. Ricardo Delgado (2013). .................................153 Figura 81 - Capela das Onze Mil Virgens. Ricardo Delgado (2014). .............................................153 Figura 82 - Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Tavira. Ricardo Delgado (2011). .................154 Figura 83 - Projecção vertical dos arcos da Capela das Onze Mil Virgens. Ricardo Delgado (2015). .............................................................................................................................................155 Figura 84 - Perspectiva de um arco da Capela das Onze Mil Virgens. Modelação 3D de Ricardo Delgado (2015). .................................................................................................................155 Figura 85 - Albrecht Haupt - Planta da Ermida de Santo Amaro. Estudo digital 3D da volumetria da nave e capela-mor da Ermida de Santo Amaro. Ricardo Delgado (2013). ..............156 Figura 86 - Arco en torre cavada. Alonso de Vandelvira, fol. 21v. ................................................157 Figura 87 - Arco de transição entre a nave e a capela-mor da Ermida de Santo Amaro. Fotos de Ricardo Delgado (2013). .................................................................................................................159 Figura 88 - Projecções ortogonais do arco. Determinação dos moldes do saimel. Ricardo Delgado (2015)................................................................................................................................160 Figura 89 - Perspectiva do arco da Ermida de Santo Amaro. Modelação 3D de Ricardo Delgado (2015)................................................................................................................................161 Figura 90 - Perspectiva explodida parcial das aduelas do arco da Ermida de Santo Amaro. Modelação 3D de Ricardo Delgado (2015).....................................................................................162 Figura 91- Templo A em Selinunte. Ilustração de Robert Koldewey (1855-1925). WWW: ..........163 http://digi.ub.uni-heidelberg.de/diglit/koldewey1899bd2/0018?sid=b7b58a359cc9a7968f9f758 57a84faf4 [consult. 1 Fev. 2014]. ...................................................................................................163 Figura 92 - Módulo do degrau e parte de escada em caracol de núcleo com intradorso em aresta viva. Ricardo Delgado (2013). ..............................................................................................165 Figura 93 - 1. Castelo da Feira - Foto de Eduardo Duarte. 2. Torre de Belém - Foto Ricardo Delgado. 3. Igreja Paroquial de Abrantes - Foto de António Oriol Trindade. 4. Fortaleza de Santiago - Foto de Ricardo Delgado. ..............................................................................................167. xx.

(23) Figura 94 - Alonso de Vandelvira - Caracol de Husillo. Fol. 50. ...................................................169 Figura 95 - Planta do degrau da escada em caracol de núcleo ou husillo. Ricardo Delgado (2015). .............................................................................................................................................170 Figura 96 - Processo do talhe de um degrau do Caracol de Husillo ou de Núcleo, segundo Vandelvira. Ricardo Delgado (2015). .............................................................................................171 Figura 97 - Alonso de Vandelvira. Planificação da inserção dos degraus na parede cilíndrica do poço. fol. 50. Pormenor. .............................................................................................................172 Figura 98 - Caracol de Maiorca. Lonja de Maiorca. Guillerm Sagrera. Meados do séc. XV. Foto de Alberto Sanjurjo. In Actas del Quinto Congreso Nacional de Historia de la Construcción. Burgos : Instituto Juan de Herrera : Ministerio de Fomento, Centro de Estudios y Experimentación de Obras Públicas, CEDEX 2007, pp. 835-845. ..............................................173 Figura 99 - Planta da Lonja de Mallorca. FRAU, D. A. - “La Lonja de Palma” in BOLETIN DE LA SOCIEDAD ARQUEOLÓGICA LULIANA, Palma de Maiorca, 25 Novembro 1885, Ano I, nr. 14, p 5. Destaque nosso. .......................................................................................174 Figura 100 - Escada em caracol segundo o modelo do Caracol de Maiorca. Da esquerda para a direita. Mosteiro de Alcobaça (João de Castilho, c. 1519-1529). Foto de António Oriol Trindade. Convento de Cristo em Tomar, Noviciado (João de Castilho). Foto de Ricardo Delgado. Ermida De Nossa Senhora da Conceição (João de Castilho e Diogo de Torralva) em Tomar. Foto de Ricardo Delgado. ...................................................................................................176 Figura 101 - Escada em caracol modelo de Maiorca. Claustro de D. João III no Convento de Cristo. Fotos de Ricardo Delgado (2012 e 2013). ...........................................................................177 Figura 102 - Escada em caracol modelo de Maiorca. Capela-mor da Igreja de Santa Maria de Belém. Mosteiro dos Jerónimos. Fotos de Ricardo Delgado (2013). ..............................................177 Figura 103 - Caracol de Mallorca. Alonso de Vandelvira. Fol. 50v. .............................................179 Figura 104 - Interpretação gráfica de um degrau e respectivo molde do Caracol de Maiorca segundo Valndelvira. Ricardo Delgado (2015). ..............................................................................180 Figura 105 - Degrau do Caracol de Maiorca na versão de Vandelvira. Perspectiva das várias fases do talhe do degrau: bloco com molde decalcado; talhe do bloco; decalque das molduras e marcação do desbaste do intradorso; vista inferior do intradorso; degrau terminado. Ricardo Delgado (2015)................................................................................................................................181 Figura 106 - Molde do degrau do caracol modelo de Maiorca, existente no vértice Nordeste do Claustro de D. João III no Convento de Cristo em Tomar. À direita, o perfil do friso do focinho do degrau. Ricardo Delgado (2013). ..................................................................................183 Figura 107 - Modelação digital 3D do caracol em comparação com a fotografia da original. Ricardo Delgado (2015 e 2013). .....................................................................................................184 Figura 108 - Friso de apoio dos degraus na parede da torre. Junta entre o degrau e a parede preenchida com argamassa. Fotos de Ricardo Delgado (2008). .....................................................185. xxi.

(24) Figura 109 - Molde do degrau do caracol modelo de Maiorca, existente no vértice sul da Capela de Santa Maria de Belém, no Mosteiro dos Jerónimos. Ricardo Delgado (2013). .............187 Figura 110 - Modelação digital 3D do caracol sul da Capela-mor da Igreja de Santa Maria de Belém. Ricardo Delgado (2015)......................................................................................................188 Figura 111 - Comparação por sobreposição dos moldes dos degraus do caracol do Claustro de D. João III (a preto) com os degraus do caracol da Capela-Mor da Igreja de Santa Maria de Belém (a vermelho). Ricardo Delgado (2015). ...............................................................................189 Figura 112 - Modelação digital 3D do caracol em comparação com a fotografia da original. Pormenor. Ricardo Delgado (2015 e 2013).....................................................................................189 Figura 113 - Capialçado de Marselha. Ricardo Delgado (2015). ....................................................190 Figura 114 - Capialçado de Montpellier. Ricardo Delgado (2015). ................................................191 Figura 115 - Capialçado de Santo António. Ricardo Delgado (2015). ...........................................191 Figura 116 - Capialçados: a) de 3 directrizes sendo uma de topo t. b) conóide com plano director de perfil . Ricardo Delgado (2015). .................................................................................194 Figura 117 - Philibert de L’Orme - Capialçado de Marselha, fl. 64 e Capialçado em arco, fl. 64 v. ......................................................................................................................................................195 Figura 118 - VANDELVIRA, Alonso de - Libro de trazas de cortes de piedras, fl. 46 v. “Capialzado en puerta cuadrada”. ...................................................................................................196 Figura 119 - Alguns exemplos dos capialçados encontrados na Convento de Cristo em Tomar. Fotos de Ricardo Delgado (2011-2013). .........................................................................................198 Figura 120 - Projecções ortogonais de um capialçado exemplo. Determinação dos moldes das testas A e B e dos leitos C e D de uma aduela. Ricardo Delgado (2015)........................................199 Figura 121 - Talhe de uma aduela do capialçado pelo método à esquadria. Ricardo Delgado (2015). .............................................................................................................................................200 Figura 122 - Determinação da cércea de uma aduela do capialçado num determinado afastamento. Ricardo Delgado (2015). ............................................................................................201 Figura 123 - Perspectiva explodida do capialçado que nos serviu de exemplo. Ricardo Delgado (2015). .............................................................................................................................................202 Figura 124 - Determinação dos leitos e das juntas das aduelas de uma cúpula esférica com a utilização de planos verticais e superfícies cónicas. Ricardo Delgado (2015). ...............................204 Figura 125 - “Capilla redonda en vuelta redonda”. VANDELVIRA, Alonso de - Libro de Trazas de Cortes de Piedras, [1578-1589], fl. 60 v. ........................................................................206 Figura 126 - Construção de biveau e cérceas sobre desenho de Vandelvira. Ricardo Delgado (2015). .............................................................................................................................................207. xxii.

(25) Figura 127 - Cúpula esférica da Capela da Onze Mil Virgens. Vista interior, vista do exterior e pormenor dos caixotões. Fotos de Ricardo Delgado (2011 - 2014). ...............................................209 Figura 128 - “Capilla redonda por cruceros”. VANDELVIRA, Alonso de - Libro de Trazas de Cortes de Piedras, [1578-1589], fl. 63.............................................................................................210 Figura 129 - Cúpulas nervuradas com caixotões. Claustro de Dom João III no Convento de Cristo. Fotos de Ricardo Delgado (2011-2013). .............................................................................213 Figura 130 - Cúpulas nervuradas. Ermida de Santo Amaro. Fotos de Ricardo Delgado (2013). ...214 Figura 131 - Perspectiva da estrutura nervurada da cúpula da nave da Ermida de Santo Amaro. Conjunto e pormenor. Modelação 3D. Ricardo Delgado (2015). ...................................................214 Figura 132 - Abóbada tórica de transição entre a igreja e o claustro de D. João III, no Convento de Cristo. Foto de Ricardo Delgado (2013). ...................................................................215 Figura 133 - Convento de Cristo em Tomar. Claustro de D. João III. Detalhe da planta do andar superior (redesenhada por Angus MacDonald, 1966, segundo Vieira Guimarães, 1931). Destaque nosso. ...............................................................................................................................215 Figura 134 - Representação em dupla projecção ortogonal da porção de superfície tórica de gola nula correspondente ao intradorso da abóbada tórica. Ricardo Delgado (2016). ....................217 Figura 135 - Indicação das zonas de dupla curvatura e de curvaturas opostas na superfície tórica de gola nula. Ricardo Delgado (2016). .................................................................................217 Figura 136 - Aduelas da abóbada tórica, de zonas de curvatura diferente: à direita, de dupla curvatura; à esquerda, de curvaturas opostas. Ricardo Delgado (2016)..........................................218 Figura 137 - Intradorso da abóboda tórica, com destaque das juntas.. Foto de Ricardo Delgado (2013). Destaque digital nosso (2016). ...........................................................................................219. xxiii.

(26) xxiv.

(27) INTRODUÇÃO A palavra estereotomia1, do grego stereós, sólido + tomé, corte, significa etimologicamente o corte de sólidos e tem como finalidade a determinação dos traçados utilizados no talhe dos materiais empregues em arquitectura, procurando obter uma solução em que as diferentes partes que constituem um conjunto, se adaptem entre si de forma estável resultando num corpo sólido e coeso. Embora a estereotomia tenha sido associada inicialmente ao corte da pedra, com o evoluir dos materiais e os processos de construção, a designação passou a estar também relacionada com o corte da madeira (marcenaria). A partir de meados do século XVIII, alguns autores consagrados, começaram a incluir nos seus tratados o estudo da estereotomia aplicada também ao corte da madeira, para além da pedra, tal como Amédée F. Frezier2 e Charles Leroy3 entre outros. Jules Pillet, já no início do século XX, consagra uma parte do seu livro Traité de Stereotomie4 ao corte da madeira, a que chama charpanterie. No entanto, para além da madeira e da pedra não considera outros materiais como susceptíveis de serem englobados naquilo que ele considera uma “ciência que se divide em duas partes, que são: a carpintaria ou estereotomia da madeira e o corte da pedra ou estereotomia da pedra”5, excluindo o ferro e os materiais cerâmicos, pois a obtenção das formas apropriadas é feita por fusão, laminagem, torneação ou modelação e não por simples corte do material ainda em bruto, tal como é retirado da natureza.. 1. O neologismo estereotomia surge pela primeira vez em 1644 pela pena de Jacques Curabelle (1585 16..?), no seu livro Examen des oeuvres du Sr. Desargues, onde faz uma crítica severa sobre vários trabalhos publicados por Desargues (1591-1661), entre eles o Brouillon project d’exemple d’une manière universelle du S.G.D.L. touchant la pratique du trait à preuves pour la coupe des pierres en l’architecture (...) publicado em 1641. Esta obra de Desargues seria posteriormente apoiada pelo gravador e ilustrador Abraham Bosse (1603-1676) em 1644, que a reeditou com o título La Pratique du trait à preuves, de M. Desargues, pour la coupe des pierres en l'architecture, profusamente por si ilustrada. Curabelle refere-se a esta obra como “(...) La Stereotomie, ou section de solides, appliquée à la coupe de pierres,(...)”. p 3. Ao longo do seu texto, Curabelle faz várias vezes referência ao corte da pedra como estereotomia, ficando a partir dessa data, de uma forma mais ou menos uniformizada, a utilização da palavra estereotomia para designar a forma como se deveria cortar a pedra para ser aplicada numa construção arquitectónica. 2 FREZIER, Amédée François - La Theorie et la Pratique de la Coupe des Pierres et des Bois, pour la construction de voutes: Et pour Parties des Bâtimens Civils & Militaires. Tome Premiere. Paris : L. H. Guerin, 1737. 3 LEROY, Charles - Traité de Stéréotomie: Tome I - Texte. 7ª ed. Paris : Gauthier--Villars, ImprimeurLibraire, 1877. 4 PILLET, Jules - Traité de Stéréotomie. Paris : Librairie Scientifique Albert Blanchard, 1932. 5 PILLET, Jules - Op. cit. , p.1.. 25.

(28) No nosso entender, o conceito de estereotomia é mais abrangente e pode ser aplicado às diversas técnicas de modelação dos materiais, tais como a pedra, o metal, a madeira ou o plástico. Apesar desta visão mais alargada, é na sua definição original e mais restrita que a consideraremos no nosso trabalho. Assim, neste estudo, a estereotomia da pedra ou cantaria consiste em determinar a configuração da pedra (aduela) que irá fazer parte de um conjunto final arquitectónico. Deste modo, o volume final que se pretende construir é decomposto em volumes elementares de fácil manuseamento e justaposição na obra, de maneira a garantir uma homogeneidade estática do todo. Para se chegar à correcta determinação do corte a efectuar no material, recorre-se a épuras (fr. épures) - traçados geométricos bidimensionais de formas tridimensionais – o que pressupõe um profundo conhecimento e domínio da Geometria Descritiva. Esse conhecimento necessário à produção das épuras era considerado um segredo bem guardado pelos mestres canteiros que assim o mantiveram até meados do séc. XVI, pois não existiram tratados que mostrassem ou ensinassem esses traçados necessários, nem ficou, para posterior consulta, qualquer registo desses "riscos" realizados pelos mestres arquitectos, tirando algumas excepções pouco significativas, pois eram apagados ou destruídos após a aparelhagem da pedra. “O seu carácter gregário e a natureza quase mágica das operações destinadas a produzir formas consonantes reforçam o secretismo que, em última análise, é responsável pela destruição dos desenhos envolvidos na obra.”6. Os primeiros grandes tratados conhecidos datam do segundo quartel do século XVI e são de origem exclusivamente francesa e espanhola, respectivamente "Le Premier Tome de L'Architecture" (1567) de Phillibert De L’Orme (c. 1510-1570) e o "Libro de traças de cortes de piedras" (c. 1575) de Alonso de Vandelvira (1544-1626). 6. CÔRTE-REAL, Eduardo - O Triunfo da Virtude: As Origens do Desenho Arquitectónico, Lisboa : Livros Horizonte, 2001. p. 81.. 26.

(29) Em Portugal nunca se produziram tratados especificamente dedicados à estereotomia da pedra. Sabe-se hoje, que no nosso país existiu o Le Premier Tome de L’Architecture”7 na língua original, mas seguramente que De L’Orme não fazia parte dos autores de arquitectura populares, tais como Vitrúvio, traduzido por Pedro Nunes, Serlio, Palladio ou Alberti. No entanto, pela precisão mostrada em algumas obras de relevo, pelas soluções apresentadas e pelos princípios geométricos utilizados pelos arquitectos, muitos deles oriundos da cantaria, que no nosso país trabalhavam, muitos deles de origem castelhana ou biscainha, pensamos que existiu algum tipo de contacto entre esses mestres e os autores dos tratados referidos, ou, o que é mais provável, com as edificações por eles projectadas. Tendo como base os primeiros escritos sobre estereotomia da pedra, partiu-se para este trabalho em que se procurou desenvolver a investigação, fundamentada em três aspectos: Primeiro, por não existir qualquer registo gráfico dos traçados geométricos utilizados na estereotomia da pedra do séc. XVI, considerámos que seria urgente, pertinente e incontornável o estudo exaustivo e pormenorizado dos elementos arquitectónicos relevantes, patentes na arquitectura religiosa portuguesa do séc. XVI, que só foram possíveis de concretizar a partir de épuras rigorosas e geometricamente correctas. Segundo, pela comparação da estereotomia da pedra utilizada em Portugal com a proposta em outras obras da nossa vizinha Espanha e França e, pela análise dos tratados manuscritos e impressos existentes na época, julgamos ser possível estabelecer uma ligação pedagógica entre essas obras e o conhecimento da geometria aplicada pelos mestres que trabalhavam em Portugal.. 7. MOREIRA, Rafael, RODRIGUES, Ana Duarte - Tratados de Arte em Portugal. Lisboa : SCRIBEProduções Culturais, 2011.. 27.

(30) Por fim, no reconhecimento que certos elementos notáveis, tais como arcos, cúpulas, escadarias ou capialçados, só poderiam ter atingido tal esplendor e complexidade estereotómica se os seus autores possuíssem conhecimentos próprios da Geometria Descritiva, que só mais tarde seriam sistematizados por Gaspar Monge (1746-1818). Havendo já um número relevante de estudos sobre a arquitectura Manuelina, pareceu-nos importante debruçarmo-nos sobre o período seguinte, que já dominava no resto da Europa. O movimento renascentista terá entrado em Portugal, com o incentivo de Dom João III, por volta de 1530. Além disso, é na década anterior que se notabilizam em Portugal os mestres biscainhos, os Castilhos, cuja influência no panorama da construção nacional é fundamental e determinante para as gerações vindouras de arquitectos e mestres canteiros que, directa ou indirectamente, deixaram a sua marca nas obras estudadas. A partir dessa década, a construção de edifícios religiosos começou a adoptar os cânones clássicos romanos. Regressou o arco de volta perfeita e a cúpula semiesférica. É a partir do período 1520-1530 que se assiste a uma grande alteração no gosto artístico pátrio, pondo-se de parte o tão português Estilo Manuelino, voltando-se para as superfícies, que aos poucos se vão despindo das exuberantes decorações tão características desse movimento estético. Estabelecemos como fim do período a estudar o ano de 1580, onde já estamos em pleno período do estilo-chão, mais sintético, mais desornamentado, e aquele maneirismo e renascimento mais arrojados, que surgiram com os Castilhos, Torralvas e Jerónimo de Ruão, já não vai apresentar grandes fragmentos ou pormenores de grande complexidade técnica e até formal na nossa arquitectura do século XVI. As soluções a partir de 1580 até ao Barroco são muito mais simples. Por exemplo, deixaram de se realizar as complexas escadarias como as que vimos em Tomar, na capela-mor de Santa Maria de Belém (Jerónimos), ou, ainda mais anteriores, em Alcobaça. Por volta da década de 80, provavelmente já exista em Portugal o tratado de De L’Orme, que já ia na segunda edição em França, ou mesmo uma cópia do manuscrito de Vandelvira, já que se fizeram várias, tendo sobrevivido duas em Espanha. Ficava então. 28.

(31) a possibilidade de perceber a influência que tais documentos pudessem ter tido na edificação religiosa em Portugal, ou se o conhecimento dos mestres que laboravam em Portugal, sobre a estereotomia, estava tão desenvolvido quanto o documentado nessas obras. A arquitectura militar também apresentará casos interessantes no campo da estereotomia da pedra, mas as soluções aí encontradas teriam funções específicas para resistir a agressões e assaltos em confrontos bélicos. Propomo-nos deixar para outro trabalho de investigação posterior, o estudo dessas estruturas arquitectónicas. Pretendeu-se com esta investigação, alcançar os seguintes objectivos: - Fazer o levantamento gráfico geométrico da estereotomia da pedra dos cinco exemplares seleccionados, dos seus diversos elementos estruturais significativos do ponto de vista da complexidade geométrica aplicada na estereotomia da pedra, pois são os exemplos existentes do período classicista-maneirista mais significativos na arquitectura religiosa portuguesa do séc. XVI. - Elaborar réplicas digitais virtuais das aduelas que compõem os elementos arquitectónicos notáveis dos 5 exemplos analisados. - Estabelecer uma relação entre o conhecimento aplicado pelos mestres que laboravam em Portugal no séc. XVI e que trabalharam naquelas obras com os tratados de estereotomia existentes na época e que descrevem soluções semelhantes. - Estabelecer ou confirmar naquelas cinco obras justificadamente seleccionadas, autorias de riscos, baseadas na comparação da estereotomia da pedra empregue nas diversas edificações construídas durante o séc. XVI em Portugal. Para se conseguir atingir estes objectivos, considerámos que era importante, em primeiro lugar, eleger um conjunto de obras de arquitectura religiosa que se enquadrassem no período temporal estabelecido. Após a consulta de várias obras de. 29.

(32) referência sobre a história da arquitectura em Portugal, estabelecemos uma série de monumentos a estudar. Assim, para desenvolver a nossa investigação sobre o tema proposto, seguimos os seguintes passos e metodologias: 1. Numa primeira fase foi essencial visitar e classificar os monumentos religiosos cuja construção dos elementos arquitectónicos que procurámos, tivessem início após 1530 e antes da publicação do tratado de Philibert de L’Orme, que reunissem as características próprias do movimento renascentista e que, ao mesmo tempo, apresentassem soluções técnicas estereotómicas relevantes. Assim, visitámos, numa primeira abordagem, de norte para sul do país, a Capela de São Tomé de Negrelos em Santo Tirso, a Igreja de São Gonçalo em Amarante, a Igreja Matriz de Caminha, o Convento de Cristo em Tomar, a Ermida de Nossa Senhora da Conceição em Tomar, a Capela-mor do Mosteiro de Santa Maria de Belém, a Ermida de Santo Amaro de Alcântara em Lisboa, a Capela das Onze Mil Virgens em Alcácer do Sal, a Igreja de Nossa Senhora da Graça em Évora, a Igreja do Convento do Bom Jesus de Valverde de Évora, a Igreja de São Vicente (ou do Mártires) em Évora, o Claustro do Convento das Freiras de Faro e a Igreja da Misericórdia de Tavira. Destes todos, alguns foram deixados de parte neste trabalho, pois não representavam casos de complexidade geométrica na estereotomia visível e outros porque a alvenaria está ocultada por estuque. Após a visita e a identificação dos casos notáveis de estereotomia, reduzimos a lista de edificações que nos pareceram mais relevantes para a nossa investigação, onde se incluem o Convento de Cristo em Tomar, a Ermida de Nossa Senhora da Conceição em Tomar, a Capela-mor do Mosteiro de Santa Maria de Belém, a Ermida de Santo Amaro em Lisboa e a Capela das Onze Mil Virgens em Alcácer do Sal.. 30.

(33) 2. Procedemos à análise e ao levantamento da geometria utilizada no corte e talhe das pedras que constituem as estruturas arquitectónicas mais relevantes - arcos, escadas em caracol, capialçados e cúpulas esféricas, realizando medições e esboços das aduelas, utilizando fita métrica, paquímetro, suta e medidor laser e a fotografia como registo auxiliar. Recorrendo à geometria descritiva, e à luz dos tratados de estereotomia mais recentes, elaborámos algumas épuras, utilizando uma linguagem gráfica actual, que representam a volumetria das diversas peças que compõem as estruturas arquitectónicas escolhidas. Depois deste levantamento, fizemos algumas reconstituições virtuais dessas estruturas, com auxílio de software de desenho técnico rigoroso e de modelação 3D8. No processo de execução dos desenhos recorremos a várias metodologias auxiliares empregues na geometria descritiva, tais como as rotações, rebatimentos, intersecção de superfícies e planificações de sólidos ou de porções de superfície.. 3. Na fase seguinte fizemos o estudo e análise da tratadística conhecida, referente à estereotomia da pedra, nomeadamente as obras de Vandelvira e de De L’Orme. Esta análise teve como base reproduções fac-similadas ou digitalizadas a partir dos originais das obras referidas, procurando transcrever para uma representação técnica actual os traçados feitos pelos autores. 4. Após essa análise e “reconstituição” dos traçados encontrados nos tratados, fizemos o confronto com as soluções empregues pelos arquitectos que então laboravam em Portugal. Procurámos também reconhecer e assinalar as semelhanças e as diferenças entre as soluções encontradas nos diversos monumentos escolhidos, ou detectar traçados originais, fruto da criatividade e conhecimento científico do arquitecto/mestre-pedreiro. Essa comparação visava estabelecer se existiu algum tipo de contacto entre os arquitectos que cá laboravam com essas obras-primas sobre a estereotomia.. 8. Autosketch .9 da Autodesk e Rhinoceros v4.. 31.

(34) Este trabalho desenvolve-se em duas partes. Numa primeira, abordámos questões sobre a geometria das eventuais superfícies que estivessem subjacentes, ou fossem suporte da estereotomia empregue na edificação de determinadas estruturas arquitectónicas em pedra. Igualmente, procurámos identificar toda uma série de instrumentos e ferramentas usadas pelos arquitectos e canteiros, pois entendemos que tais artefactos poderiam ser determinantes na técnica da construção e consequente influência nas opções tomadas pelo projectista ou executante da obra. Ainda nesta primeira parte, dedicámos especialmente um capítulo ao corte da pedra, de como era a abordagem dos canteiros no acto de lavrar a pedra, a partir das orientações dos mestres. Mostrámos que, embora de alguma forma empírica, esses operários eram altamente especializados e com conhecimentos práticos de geometria e com um grande desenvolvimento de visualização espacial. Numa segunda parte, dedicámos o nosso estudo aos casos nacionais, que considerámos importantes, que foram agregados em subcapítulos em função do elemento arquitectónico estudado. Neste estudo, para além da análise formal das superfícies líticas, tentámos, por comparação com os primeiros tratados escritos, estabelecer uma ligação entre a técnica neles veiculada, com a que teriam usado os nossos mestres canteiros. Quando fizemos as reconstituições 3D, procurámos sempre seguir a metodologia transmitida por De L’Orme ou Vandelvira, e nos processos de geração da estereotomia das aduelas em ambiente digital, seguimos o processo semelhante ao talhe da pedra, em que, a partir de um bloco prismático inicial, se vai retirando material até chegar à volumetria final. Evitámos sempre o contrário, ou seja, ir acoplando material.. 32.

(35) 1ª PARTE. 33.

(36) 34.

(37) CAPÍTULO 1. 35.

(38) 36.

(39) 1. O ESTADO DA ARTE. Os primeiros grandes tratados conhecidos, que se debruçaram, em grande parte ou exclusivamente, sobre o corte da pedra, datam do terceiro quartel do século XVI e são de origem francesa e espanhola, respectivamente o tratado Le Premier Tome de L'Architecture (1567) de Phillibert De L’Orme (c. 1510-1570) e o manuscrito Libro de traças de cortes de piedras (c. 1575) de Alonso de Vandelvira (1544-1626). Existe também um conjunto de manuscritos reunidos por Hernán Ruiz (c. 1514-1569) no documento Libro de arquitectura (c. 1560), no qual faz uma transcrição de algumas partes dos tratados de Vitrúvio e de Sebastiano Serlio e onde inclui alguns diagramas simples sobre estereotomia, mas de pouca relevância para o nosso estudo. A partir do século XVII até ao primeiro quartel do século XX, a estereotomia da pedra, como ciência baseada na geometria, teve um grande incremento, talvez pela quebra do seu secretismo e consequente divulgação das sucessivas edições do livro de Philibert de L’Orme9, produzindo-se tratados de grande relevo e importância, quer no domínio da arquitectura, quer no da engenharia, estendendo-se a outros materiais como a madeira e o metal. De realçar as obras de Martinez de Aranda (1590-1600), Girard Desargues (1640), Abraham Bosse (1643) e François Blondel (1683). A tradição estabelecida pelos tratadistas franceses do século XVII prolongou-se pelo século XVIII com as obras de J. de La Rue (1737), Amédée Frézier (1737-9), M. Simonin (1792) e Gaspar Monge (1795 e 1799). A influência da Geometria Descritiva teorizada e sistematizada por Monge influenciou, sem dúvida, os avanços da estereotomia no século XIX nos quais se destacam Joseph Adhemar (1834, 1856 e 1876), J. Dupuit (1870), J. Chaix (1890) e Louis Monduit (1882). Já no século XX temos as excepcionais obras de Charles Leroy (1926) e Jules Pillet (1932). Em Portugal nunca se produziram tratados dedicados exclusivamente à estereotomia da pedra, nem se conhece a existência de cópias, impressas ou. 9. O Le Premier Tome de L'Architecture teve 4 edições: 1567, 1568, 1626, 1648 e desta última 3 reedições em 1894, 1964 e 1981.. 37.

(40) manuscritas, contemporâneas dos primeiros tratados referidos, que circulassem pelas mãos dos arquitectos. No entanto devemos referir a obra excepcional do General Motta Pegado (1899), e a do Professor Borges Sequeira (1940), que abordam a estereotomia no sentido do estudo das superfícies geométricas, mais no âmbito das suas propriedades geométricas do que na sua aplicação específica e directa ao corte da pedra ou da madeira. Com o aparecimento dos novos materiais de construção, a estereotomia da pedra quase que desaparece da esfera da arquitectura. Em Portugal esta matéria ainda foi leccionada nos cursos de arquitectura até à década de 1980, como parte integrada no programa curricular da Geometria Descritiva, tendo passado, em 1984, por iniciativa do Professor Arquitecto Carlos Pinheiro, para o curso de pós-graduação em Arquitectura na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa. Após esse curso, desapareceu dos programas curriculares do curso de arquitectura. Do ponto de vista da investigação sobre este tema, em Espanha, onde sempre existiu uma grande utilização da pedra na arquitectura e, consequentemente, um grande desenvolvimento da estereotomia, sempre se deu grande atenção ao estudo, quer histórico, quer técnico, da cantaria aplicada à arquitectura espanhola, principalmente nos campos do restauro e preservação do património arquitectónico, organizando-se com frequência encontros e conferências onde especialistas de todo o mundo se encontram. Devemos destacar os trabalhos de José Carlos Palacios, Santiago Huerta, e José Calvo López. Em França, onde a estereotomia da pedra também teve grande importância, desenvolveram-se alguns estudos sobre esta especialidade da arquitectura e construção, mas, do ponto de vista mais genérico e técnico, existem actualmente escolas de cantaria, nas quais se ensinam as técnicas utilizadas pelos mestres canteiros desde a época medieval. De salientar, no campo da investigação, os trabalhos de Joel Sakarovitch e de Geneviève Barbé-Coquelin de Lisle.. 38.

Referências

Documentos relacionados