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A Influência da actividade física, na qualidade de vida relacionada com a saúde e índice da massa corporal, em indivíduos com mais de 65 anos

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE DO PORTO. Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física. A influência da actividade física, na qualidade de vida relacionada com a saúde e índice de massa corporal, em indivíduos com mais de 65 anos.. Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau de Mestrado em Ciências do Desporto, no âmbito do Mestrado Europeu Actividade Física para a Terceira Idade, nos termos do decreto lei nº 216/92 de 13 de Outubro, Capitulo II, art. 5º, pontos 1 e 2 e capítulo III, art. 17º, ponto 1.. Orientador: Prof. Doutor Jorge Mota Luísa Cristina Alves. Porto 2007.

(2) Alves, L; (2007) Tema. Dissertação apresentada para provas de Mestrado no ramo de Ciências do Desporto. Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física – Universidade do Porto, Edição do Autor.. Palavras-chave: Actividade física; Saúde; Índice de massa corporal; Qualidade de vida; Idosos.. II.

(3) AGRADECIMENTOS. A concretização desta dissertação só foi possível com a colaboração, orientação, apoio e incentivo de várias pessoas, a quem gostaria de apresentar a minha profunda gratidão. Assim, expresso o meu sincero agradecimento às seguintes pessoas: Ao Professor Doutor Jorge Mota, meu orientador, pela sua simpatia, pelas suas críticas cuidadosas e pela disponibilidade que manifestou ao longo da realização deste trabalho. Às instituições que se disponibilizaram para a realização deste estudo, Fundação Betânia de Bragança, Lar da Santa Casa da Misericórdia e Centro de Saúde de Macedo de Cavaleiros e ao professor Duarte responsável pelo projecto de actividades físicas da Câmara Municipal de Mogadouro. Aos idosos pela amabilidade de aceitarem participar no trabalho. À Leonor pela ajuda e colaboração prestada com documentação cedida e ainda pelo incentivo. Aos colegas de trabalho, professores de Língua Estrangeira e Informática das escolas por onde passei, pela disponibilidade e colaboração na tradução de algum vocabulário em Inglês / Francês e pelo apoio informático. Ao Manuel pelo apoio prestado na realização e recolha dos dados, pelo carinho, compreensão, incentivo e encorajamento demonstrada nos momentos mais difíceis. Aos meus queridos pais e família, pelo enorme incentivo, carinho e apoio sempre demonstrado durante o meu trabalho.. III.

(4) IV.

(5) INDICE. INTRODUÇÃO. 1. 1 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. 11. 1.1 – QUALIDADE DE VIDA. 13. 1.2 – INDICE DE MASSA CORPORAL E OBESIDADE. 16. 1.2.1 – IMC. 16. 1.2.2 – OBESIDADE. 19. 1.3 – ENVELHECIMENTO, QUALIDADE DE VIDA E ACTIVIDADE FÍSICA. 23. 2 – METODOLOGIA DO ESTUDO. 31. 2.1 – POPULAÇÃO ESTUDADA. 33. 2.2 – INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO. 34. 2.2.1 – QUESTIONÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA. 34. 2.2.2 – AVALIAÇÃO DO IMC. 34. 2.2.3 – QUESTIONÁRIO DE ESTADO DE SAÚDE SF-36 (VERSÃO PORTUGUESA). 35. 2.2.4 – QUESTIONÁRIO DE BAECK MODIFICADO. 38. 2.3 – HIPOTESES A TESTAR. 39. 2.4 – PROCEDIMENTO ESTATISTICO. 40. 3 – RESULTADOS DO ESTUDO. 43. 3.1 – VERIFICAR HIPOTESE. 47. 4 – DISCUÇÃO DOS RESULTADOS. 61. V.

(6) VI.

(7) CONCLUSÃO. 69. BIBLIOGRAFIA. 75. ANEXOS. XXI. VII.

(8) VIII.

(9) INDICE DE TABELAS. Tabela 1 - Descrição da transformação de valores do MOS SF-36. 36. Tabela 2 - Distribuição e caracterização da amostra.. 45. Tabela 3 - Teste de ajustamento à normalidade.. 47. Tabela 4 - Descrição e Avaliação das dimensões do SF-36 por Grupo.. 48. Tabela 5 -Teste de ajustamento à normalidade da AF.. 51. Tabela 6 - Descrição e avaliação de AF (BaecK Modificado) por grupo.. 52. Tabela 7 - Descrição e avaliação da AFt (subgrupos)* grupo (Baeck Modificado). 52. Tabela 8 - Relação entre AF (Baeck Modificado) e percepção de estado de saúde (SF-36).. 53. Tabela 9 - Descrição e avaliação das dimensões do SF-36 por idade.. 54. Tabela 10 - Descrição e avaliação das dimensões do SF-36 por sexo.. 56. Tabela 11 - Teste Qui_quadrado (relação entre o nível de AF e a idade).. 57. Tabela 12 – Descrição das dimensões do Sf-36 / IMC.. 57. Tabela 13 – Avaliação da relação entre dimensões do SF-36 com IMC.. 58. INDICE DE GRÁFICOS. Gráfico 1-Distribuição da amostra (grupo) _ Dimensões do SF-36. 50. Gráfico 2 – Relação entre AF e IMC.. 59. IX.

(10) X.

(11) INDICE DE ANEXOS. ANEXO 1 – Carta enviada a lares de 3ªidade.. XXIII. ANEXO 2 – Carta enviada ao centro de saúde.. XXV. ANEXO 3 – Questionário de identificação sociodemográfico.. XXVII. ANEXO 4 – Questionário de estado de saúde Mos SF-36.. XXIX. ANEXO 5 – Questionário de Baeck Modificado.. XXXV. ANEXO 6 – Tabelas dos resultados dos testes Kolmogorov-Smirnov e T-student.. XXXIX. XI.

(12) XII.

(13) SIGLAS MAIS UTILIZADAS. QV – Qualidade de Vida AF – Actividade Física IMC – Índice de Massa Corporal OMS – Organização Mundial de Saúde FF – Função Física DF – Desempenho Físico DE – Desempenho Emocional DC – Dor Corporal SG – Saúde Geral VT – Vitalidade FS – Função Social SM – Saúde Mental ADom – Actividades Domésticas ADesp – Actividades Desportivas ATLiv – Actividades de Tempos Livres AFt – Actividade Física Total. XIII.

(14) XIV.

(15) RESUMO. O presente estudo pretende identificar o grau de influência da AF na QV em indivíduos com mais de 65 anos, de ambos os géneros, tendo em conta a sua saúde e o IMC. A amostra composta por 100 indivíduos foi dividida em dois grupos distintos de 50 idosos cada, com idades compreendidas entre os 65 e 98 anos. Um grupo de idosos praticava AFo e o outro não praticava AF. O instrumento utilizado para avaliar a QV relacionada com a saúde, foi a versão portuguesa 2 do Mos SF-36 (Medical Outcomes Study, Short Form – 36, Health Survey). Para avaliar a AF foi aplicado o Questionário de Baeck Modifocado. Foi avaliado o IMC dos idosos. Os resultados da investigação indicaram que a AF contribui para uma melhor QV e ajuda a manter ou obter IMC mais adequados independentemente do género. Os idosos praticantes de AFo apresentaram valores mais elevados em todas as dimensões estudadas. As diferenças são estatisticamente significativas nas dimensões FF, DF, VT, DE, e SM. Indivíduos com mais idade apresentaram valores inferiores de FF, DF, VT e SM. Os idosos com maior IMC obtiveram valores de AFt e QV menor em relação aos idosos com IMC mais adequados (perto dos normais, entre 20 24,9) que foram os do grupo praticante de AFo.. Palavras-chave: Actividade física; Saúde; Índice de massa corporal; Qualidade de vida; Idosos.. XV.

(16) XVI.

(17) SUMARY. The present study intends to identify the degree of influence of physical activity (PA) in quality of life (QL) in individuals with more than 65 years, of both sexes, tends in bill his/her health and IMC. The sample composed by 100 individuals was divided in two groups different from 50 senior each, with ages understood between the 65 and 98 years. A group of seniors practiced PA and the other didn't practice PA. The means used to evaluate QL related with the health, it was the Portuguese version 2 of the Mós SF-36 (Medical Outcomes Study, Short Form 36, Health Survey). To evaluate PA Questionnaire it was applied the Questionaire of Baeck Modified. It was still evaluated BMI. The results of the investigation indicated that PA contributes to a better QL and it helps to maintain or to obtain more appropriate BMI in individuals with more than 65 years independently of the gender. The results seem to evidence that the practicing seniors of PA presented higher values in all of the studied dimensions when compared with the group not practicing of PA. The differences are statistically significant in the dimensions PF, PP, VT, EP, and MH. Individuals with more age presented inferior values of PF, EP, VT and MH. The seniors with larger BMI obtained values of PAt and smaller QL in relation to the seniors with more appropriate BMI (close to the normal ones, among 20 -24,9) that were the one of the practicing group of PA.. Word-key: Physical activity; Health; Body mass index; Life quality; Senior.. XVII.

(18) XVIII.

(19) RÉSUMÉ. Cette étude projette d'identifier le degré d'influence d'AP dans la QV des individus avec plus de 65 ans, des deux sexes, en tenant en compte leur santé et leur IMC. L'échantillon composé par 100 individus a été divisé en deux groupes différents de 50 aînés chacun, avec des âges comprises entre les 65 et 98 ans. Un groupe d'aînés pratiquait AP et les autres ne pratiquaient pas AP. L'instrument utilisé pour évaluer la QV concernant la santé a été la version 2 Portugaise du Mós SF-36 (Medical Outcomes Study, Short Form – 36, Health Survey). Pour évaluer l’AP a été appliqué le Baeck Modifié Questionnaire. Il a encore été évalué l‘IMC des aînés. Les résultats de l'enquête ont indiqué que l’AF contribue à une meilleure QV et elle aide à maintenir ou à obtenir des IMC plus appropriés dans les individus avec plus de 65 ans indépendamment du sexe. Les aînés pratiquants d'AP ont présenté de plus hautes valeurs dans toutes les dimensions étudiées. Les différences sont des statistiquement considérables dans les dimensions FF, DF, VT, DE, et SM. Les individus avec plus âgés ont présenté des valeurs inférieures de FP, DF, VT et SM. Les aînés avec plus grand IMC ont obtenu des valeurs d'APT et de QV plus petits par rapport aux aînés avec des IMC plus appropriés (près des normaux, parmi 20 -24,9) c'était celui du groupe pratiquant d'AP. Mots clef: Activité Physique; Santé; Index de masse corporelle; Qualité de vie; Aînés.. XIX.

(20) XX.

(21) INTRODUÇÃO. 1.

(22) 2.

(23) ________________________________________________________INTRODUÇÃO. O envelhecimento populacional tem vindo a ocorrer nos países em desenvolvimento num espaço de tempo mais curto do que em relação aos países desenvolvidos. A redução da mortalidade e da fecundidade são as razões que estão a levar a alterações demográficas no mundo (Mazo et al, 2004). Assiste-se hoje a um envelhecimento da população um pouco por toda a parte. Os índices de natalidade não têm parado de decrescer, encontrando-se neste momento níveis de fecundidade insuficientes para substituir gerações e os níveis de mortalidade têm diminuído enquanto que longevidade / esperança de vida tem aumentado (Llano et al, 2004). A redução da mortalidade nos países desenvolvidos aconteceu com a revolução industrial, que ocasionou um desenvolvimento socioeconómico dessas sociedades. Para os países em desenvolvimento, essa redução não foi provocada pelo progresso social e económico, mas sim pela tecnologia avançada (vacinas, antibióticos, remédios, equipamentos, etc.). O processo de envelhecimento populacional está a acontecer em vários países do mundo. O crescimento da população idosa nas regiões menos desenvolvidas do planeta fará com que com que, possivelmente no ano 2025, dos 11 países detentores das maiores populações de idosos em números absolutos a maioria pertença ao terceiro mundo (Mazo et al, 20004). Segundo previsões da ONU, em 2025 os sexagenários vão ultrapassar os jovens com menos de 15 anos, a população com mais de 80 anos vai multiplicar-se por seis e o número de centenários será de dezasseis vezes maior do que actualmente (Llano et al, 2004).. 3.

(24) ________________________________________________________INTRODUÇÃO. Em Portugal os dados demográficos mostram que a evolução do número de idosos é semelhante à dos restantes países da União Europeia. No ano de 1960, as pessoas com 65 e mais anos, apenas representavam 8% do total da população. Actualmente e de acordo com os censos realizados em 2001, o número de pessoas com idade igual ou superior a 65 anos elevou-se para 16,4% do total da população residente em Portugal (INE, 2004). O envelhecimento agravou-se em todas as regiões do país, sendo mais acentuado no Norte e nas Regiões Autónomas. Portugal está a envelhecer. A população idosa, comparativamente à população jovem e em idade activa, é a que mais cresce (taxa média anual de 2,3 %) e dentro da população idosa são os mais idosos os que registam um ritmo de acréscimo mais forte (5,1% taxa média anual). Esta evolução está bem expressa no índice de envelhecimento que passou de 68 idosos por cada 100 jovens em 1991, para 102 em 2001. Este indicador é particularmente elevado entre as mulheres, (122 idosas contra 84 entre os homens, em 2001) confirmando a sua maior esperança de vida (INE, 2002). Também a região norte sofreu um processo de envelhecimento, seguindo as tendências do resto do país. A porção de indivíduos com 25 a 64 anos de idade aumentou em quase todos os concelhos do norte excepto nos concelhos do interior que diminui. O índice de envelhecimento aumentou consideravelmente nesta região do interior norte, os concelhos com população mais envelhecida são, na sua maioria, territórios de fronteiras com Espanha ou pelo menos, vizinhos desses concelhos fronteiriços (INE, 2002).. 4.

(25) ________________________________________________________INTRODUÇÃO. A amostra do presente estudo representa a população idosa do distrito de Bragança (concelhos de Bragança, Mogadouro e Macedo de Cavaleiros). Este distrito está localizado na região norte interior de Trás-os-Montes fazendo fronteira a norte e este com Espanha, tem cerca de 6.598,7 Km2 de superfície total, com uma densidade populacional de 22 hab/Km2. Tem uma população de 148.839 habitantes dos quais 72.353 são homens e um índice de envelhecimento 179,7% (INE, 2004). Com os dados anteriores podemos afirmar que o envelhecimento populacional é uma realidade presente em todo mundo. Spirduso (1995), define envelhecimento como o processo ou grupo de processos, que ocorrem nos organismos vivos e que com a passagem do tempo levam a uma perda de adaptabilidade, danos funcionais e eventualmente à morte, sendo uma extensão lógica dos processos fisiológicos de crescimento e desenvolvimento. O envelhecimento deve ser entendido como um processo biológico normal e não como uma doença, como um processo natural que se caracteriza pela perda progressiva das capacidades funcionais (Dantas e Jacó, 2003). O declínio das capacidades físicas, não se deve somente ao processo de envelhecimento, mas também à inactividade provocada pela vida sedentária do idoso. Muitas das causas associadas à diminuição funcional do indivíduo, devem ser atribuídas à ausência de estimulação ou ao desuso (Spirduso,1995). Para Mota, Paiva e Silva, o envelhecimento é um processo progressivo e irreversível que ocorre em todos os indivíduos, sendo a actividade física um factor de risco modificável que apresenta uma boa correlação com um bom. 5.

(26) ________________________________________________________INTRODUÇÃO. estado funcional e a manutenção da saúde do idoso (Marques, Bento e Constantino, 1993). Mazo et al (2004), referem que se saúde fosse sinónimo de ausência de doença, a partir de uma determinada idade poucas seriam as pessoas saudáveis, pois á medida que se envelhece surgem as doenças. A OMS em 1946 define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”. Neste conceito a OMS inclui ainda o conceito de saúde física ou corporal, a saúde mental ou psíquica e refere ainda outro tipo, novo e concreto de saúde social. De acordo com Gonçalves Ferreira (1990) este conceito baseia-se num critério subjectivo, o do bem-estar, pois torna-se difícil de traduzir em termos de observação ou em dados fisiológicos ou biopsiquícos precisos. Este conceito visa a promoção da saúde através da prevenção e vigilância médica e a aplicação de cuidados higiénicos e conhecimentos hereditários. A OMS defende ainda que “a posse do melhor estado de saúde que se é capaz de atingir constitui um dos direitos fundamentais de todo o ser humano, quaisquer que sejam a sua raça, religião, opiniões politicas, condição social” e que “os governos têm a responsabilidade da saúde dos seus povos: eles não podem fazer-lhe face senão tomando as medidas sanitárias e sociais apropriadas” (Gonçalves, 1990). Gonçalves (1990), considera as medidas de promoção de saúde um meio para que os indivíduos possam desfrutar, durante a vida, do bem-estar que proporciona um nível de saúde e da consequente capacidade normal,. 6.

(27) ________________________________________________________INTRODUÇÃO. física e psíquica, para trabalho e relações humanas, atingindo a velhice não complicada por doenças. Segundo Ribeiro (1998) citado por Cordeiro, não é fácil definir saúde. O conceito provém de antecedentes como o meio sóciocultural ou os percursos de cada indivíduo, e actualmente não significa apenas não estar doente. De acordo com Antonovsky (1979), a saúde não pode ser entendida partir da perspectiva patogénica segundo o modelo médico tradicional, mas deve antes orientar para uma perspectiva salutar. De acordo com esta perspectiva o conceito está orientado para a saúde em vez de orientado para a doença. Refere Cordeiro (1998), “o homem saudável descreve-se como alguém que se sente bem na sua pele, que pode fazer o que deseja e gosta, desenvolvendo plenamente o seu potencial. Face aos múltiplos agentes de stress, o homem tenta mater o equilíbrio e satisfazer as suas necessidades.” Ter saúde é muito mais que não estar doente ou não sofrer de uma patologia, é estar bem consigo próprio e com o meio envolvente e usufruir daquilo que mais se gosta. Ribeiro (1998), citado por Cordeiro, faz ainda referência a várias dimensões da saúde: as dimensões que têm a ver com o sentir-se bem, que são subjectivas e as que têm a ver com a capacidade funcional, que são objectivas. O’Donnel, citado por Cordeiro (1998), confere-lhe cinco dimensões que devem coexistir equilibradamente: saúde emocional, saúde social, saúde intelectual, saúde espiritual e saúde física. De acordo com as várias teorias que explicam o conceito de saúde actualmente encontram-se viradas para a manutenção do estado de saúde nas. 7.

(28) ________________________________________________________INTRODUÇÃO. dimensões, físicas, psicológicas, sociais e culturais, não esquecendo a condição própria do indivíduo. Cordeiro (1998), em relação à saúde e envelhecimento, refere que esta depende da idade cronológica estando mais ligada com o ciclo de vida, sendo ainda sujeita à percepção que cada indivíduo tem da sua saúde. A saúde de cada pessoa passa pela sua dinâmica biológica e social e de acontecimentos que marcam a sua vida. Fazer uma avaliação do estado de saúde de um idoso é um processo complexo, pois exige-se um bom conhecimento das atitudes culturais e dos estilos de vida.. “O significado de “estar bem de saúde” é muito variável entre a população idosa e podemo-nos encontrar com indivíduos que subestimem as suas capacidades, menosprezando sinais e sintomas por considerarem que os seus problemas são devidos à idade ou com os idosos que se preocupam em excesso com o mínimo problema.” Cordeiro (1998). Para Berger (1995) as pessoas que se julgam doentes, procedem como doentes, mesmo que não sintam sintomas ou sinais clínicos reais e as que se julgam com saúde agem como pessoas saudáveis. De acordo com Heikkinen (2003), a saúde das pessoas idosas não deve ser examinada apenas pela prevalência de doenças. Mesmo que entre os idosos que têm doenças diagnosticadas, um grande número sente que está saudável, porque estas doenças não têm consequências mais sérias para a sua vida diária.. 8.

(29) ________________________________________________________INTRODUÇÃO. O estado de saúde é um factor importante para manter a QV no idoso. A ausência ou diminuição de sintomas relacionados com qualquer tipo de doença está positivamente associado ao bem-estar e à satisfação da vida. Spirduso (1995) afirma que, para o adulto idoso a preocupação com a QV, estará sempre relacionada com a saúde e com a capacidade de realizar as actividades da vida diárias de forma independente e com sentido de bem-estar e satisfação. A AF assume um papel importante na manutenção da QV e da saúde no idoso. A prática regular de AF está associada à melhoria da QV dos idosos, através dela os idosos obtém benefícios significativos a níveis fisiológicos, psicológicos e culturais (Llano et al., 2004). Este estudo pretende esclarecer a influência que a AF poderá ter na QV dos idosos tendo em conta a percepção do estado de saúde e o índice de massa corporal em indivíduos com mais de 65 anos. Para tal serão feitas avaliações do IMC, da percepção do estado de saúde dos idosos através do questionário MOS SF-36 e da actividade física (questionário de Baeck).. 9.

(30) 10.

(31) 1 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. 11.

(32) 12.

(33) ________________________________________REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. 1.1 - QUALIDADE DE VIDA. “Envelhecer com qualidade de vida é o que todos sonham durante toda a sua vida produtiva e quando a aposentadoria está chegando perto, os sonhos tornam-se pesadelos” (Rauchbach, 2001). Em 1998 a OMS define QV de acordo com a percepção que cada indivíduo tem da sua vida, da sua posição na vida no contexto cultural, dos valores nos quais ele vive e de acordo com os seus objectivos, expectativas, padrões e preocupações. Assim QV depende de cada indivíduo das suas esperanças, da sua noção de vida, do seu contexto socio-cultural e dos seus valores. Também Nahas (2001), citado por Dantas e Jacó (2003), refere-se a QV como conceito dependente de cada individuo “…QV pode ser considerada com resultado de um conjunto de parâmetros individuais, sócio-culturais e ambientais que caracterizam as condições em que vive o ser humano, uma comunidade ou uma nação”. Do ponto de vista holistico, o mesmo autor considera o conceito como uma condição humana que resulta de conjunto de parâmetros individuais e socio-ambientais que se podem modificar ou não, que caracterizam as condições em que o ser humano vive. Já Armbruster & Gladwin (2001), consideram que para compreender o conceito do ponto de vista holistico é necessário compreender o impacto das dimensões de bemestar do indivíduo, sendo essas dimensões: física, emocional, intelectual, espiritual, social e vocacional.. 13.

(34) ________________________________________REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. De acordo com Steinhilber J. (2003), a percepção de QV é diferente de pessoa para pessoa com tendência a mudar ao longo da vida de cada um. O autor refere nove factores determinantes da QV: estado de saúde, longevidade, satisfação no trabalho, salário, lazer, relações familiares, disposição, prazer e espiritualidade. Romano (1993), citado por Canepelle (1999), refere que para obter uma visão concreta da QV se deve ter em conta cinco dimensões: saúde física, saúde mental, actividades da vida diária, actividades sociais e de lazer, e percepções gerais de bem-estar. De acordo com as ciências sociais, Flanagan (1982), define QV como habilidade ou capacidade de um indivíduo para desempenhar tarefas ou actividades de vida diária, obtendo, assim, satisfação (Canepelle, 1999). O conceito revela-se bastante subjectivo já que está dependente de vários e diferentes factores que dependem da percepção de cada indivíduo. Para Bury & Holme (1991), a QV está dependente de duas condições: •. Condições objectivas: saúde geral, capacidade funcional, condição sócio-económica;. •. Condições subjectivas: nível de satisfação de vida e medidas relacionadas, auto-estima e medidas relacionadas (bem estar). Segundo Dantas & Jacó (2003), a QV não pode ser medida ou. comparada com o aumento da expectativa de vida ou com a diminuição da mortalidade do ser humano. Ou seja, o aumento de esperança de vida ou diminuição da mortalidade não significa QV do ser humano. Desta forma a QV torna-se mais importante para o ser humano do que o aumento da esperança. 14.

(35) ________________________________________REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. de vida, visto que não se sabe se esse tempo de vida será gozado de plena saúde (física e mental) e independente da ajuda de outras pessoas ou objectos para realizar tarefas da vida diária. Ter um longo período de vida nem sempre significa bem-estar, terá que se ter em conta o aparecimento de patologias e o declinar das capacidades funcionais. Ter QV significa estar bem de saúde, ter capacidade e autonomia para a realização de qualquer tarefa independentemente do período de vida que se viveu ou ainda se vai viver. Hortelão (2004), refere que para envelhecer com QV é necessário ser criativo, viver numa luta interna com o corpo e externa com a sociedade pois o indivíduo tem que responder às pressões do ambiente mobilizando os recursos mais adequados. Para o autor a QV é uma das dimensões humanas mais desejada e perseguida por todos os indivíduos desde o nascimento até à morte. Defendem Cabrillo e Cachafeiro (1990) que é através da aceitação dos próprios limites, em conjunto com uma razoável luta contra a velhice, que se consegue um aumento da QV do idoso. Gill e Feinstein (1994) defendem que a QV é a reflexão de como os sujeitos sentem e reagem ao seu estado de saúde e a outros aspectos não clínicos da sua vida (Hortelão, 2004). Santarém (1991), refere que ter uma boa QV significa não sentir-se limitado fisicamente para realizar tarefas que deseja e aponta o sedentarismo como principal causa de uma má condição física. De acordo com o autor um indivíduo que desenvolva a sua AF está preparado para efectuar qualquer tipo de trabalho e assim manter a sua QV (Dantas e Jacó, 2003).. 15.

(36) ________________________________________REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. 1.2 - ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E OBESIDADE. 1.2.1 – IMC O índice de massa corporal é uma medida antropométrica que permite quantificar a obesidade, avaliar o estado nutricional do indivíduo e predizer o risco de doença, permitindo classificar o indivíduo (Mazo et al, 2004). O índice de massa corporal (IMC) é igual à massa corporal em Kg, dividida pela estatura em metros ao quadrado (IMC = Peso Kg / (Altura m)². A OMS (1990) classifica os resultados obtidos do IMC segundo quatro parâmetros: •. Peso baixo, para indivíduos com IMC inferior a 20;. •. Normal, para indivíduos com IMC entre 20 e 24,9;. •. Sobrepeso, para indivíduos com IMC entre 25 e 29,9;. •. Obesidade, para indivíduos com IMC superior a 30. Lipschtz (1994) faz uma classificação diferente do IMC propondo três. parâmetros: •. Desnutrido, considerado para indivíduos com IMC menor que 22;. •. Normal, considerado para indivíduos com IMC entre 22,1 e 27;. •. Obeso, considerado para indivíduos com IMC maior que 27,1. Mais recentemente Powers e Howley (2000) fazem a seguinte. classificação em relação ao IMC: •. Peso inferior ao normal, indivíduos com IMC menor ou igual a 20,0;. •. Peso normal, indivíduos com IMC entre 20,1 e 25,0;. •. Excesso de peso, indivíduos com IMC entre 25,1 e 30,0;. 16.

(37) ________________________________________REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. •. Obesidade, indivíduos com IMC acima de 30,0. As variáveis a que o IMC está sujeito, peso e altura, não são constantes,. variam com a idade. Fiatarone-Singh (1998), afirma que “uma das mais evidentes alterações que acontecem com o aumento da idade cronológica é a mudança nas dimensões corporais. Com o processo de envelhecimento existem mudanças principalmente na estatura, no peso e na composição corporal”. Segundo Borms existem duas razões para a mudança da composição corporal com o aumento da idade: a acumulação de gordura e a perda significativa de massa corporal magra (Marques A., Bento J. e Constantino J., 1993). Matsudo. (2004). refere. que. a. estrutura. corporal. do. individuo,. especialmente o peso, sofre alterações por volta dos 45/50 anos, estabilizando aos 70 e começa a declinar cerca dos 80 anos de idade. Sidney et al. (1998), citado por Salve (2005), considera que o peso corporal tende a aumentar progressivamente dos 20 aos 50 anos agravando ainda mais com níveis reduzidos de prática de AF. Com as mudanças do peso e da estatura o IMC também se modifica com o envelhecimento. Um estudo elaborado por Spirduso (1995) revelou que os homens atingem os valores máximos de IMC entre os 45 e 49 anos, sendo seguido de um decréscimo ligeiro. As mulheres atingem o seu máximo de IMC entre os 60 e 70 anos de idade continuando a aumentar o seu peso por mais tempo que os homens. Em relação á altura, Berger (1995) afirma que, há uma. 17.

(38) ________________________________________REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. redução devido ao encolher da coluna vertebral (de 1,2 a 5cm) que é causado pela osteoporose. Segundo Matsudo (2004) o decréscimo ou perca de peso pode ser considerado “… um fenómeno multifactorial que envolve mudanças nos neurotransmissores e factores hormonais que controlam a fome e a saciedade, a dependência funcional nas actividades diárias relacionadas com a nutrição, o uso excessivo de medicamentos, a depressão e o isolamento, o stress financeiro, as alterações na dentição, o alcoolismo, o sedentarismo, a atrofia muscular e o catabolismo associado a doenças agudas e a certas doenças crónicas”. Revela Fiatarone-Singh (1998), que valores de IMC acima da normalidade estão relacionados com o aumento da mortalidade devido a doenças cardiovasculares, diabetes, osteoartrite do joelho, apeneia no sono, hipertensão, intolerância à glicose, acidente vascular cerebral, baixa autoestima, intolerância ao exercício, alteração da mobilidade e níveis elevados de dependência funcional, enquanto que índices baixos de IMC aumentam a mortalidade por cancro, doenças respiratórias infecciosas, depressão, úlceras, fractura do quadril, disfunção imune, aumento de susceptibilidade de doenças infecciosas, prolonga o período de recuperação de doenças e hospitalização, promove a exacerbação de doenças crónicas e alteração na capacidade funcional. De acordo com Mokdad (2003), citado por Dishman, Washburn e Heath (2004), adultos com um IMC alto têm cerca de sete vezes mais risco de sofrer. 18.

(39) ________________________________________REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. de diabetes, seis vezes mais risco de sofrer de hipertensão, duplo risco de sofrer de colesterol e quatro vezes mais risco de sofrer de uma saúde frágil. É importante que os idosos mantenham os IMC na classificação normal para evitar que apareçam outras doenças provenientes do excesso de peso (Mazo et al., 2004).. 1.2.3 - OBESIDADE A obesidade, actualmente é reconhecida como “doença metabólica”, segundo Mazo et al (2004), caracteriza-se pelo excesso de tecido adiposo no indivíduo sendo classificada, quanto à localização, como subcutânea e visceral. A obesidade visceral, mais perigosa, leva o indivíduo a sofrer de doenças como a hipertensão arterial, diabetes, aumento de triglicerídeos e doenças cardiovasculares. Para Pollock e Wilmore (1993) obesidade é o estado que enuncia uma grande quantidade de gordura corporal total, que representa um dos componentes do peso corporal, acima dos padrões normais. Segundo Guedes e Guedes (1995) existe uma diferença entre excesso de peso e obesidade. Na obesidade o peso corporal como um todo excede a determinados limites e no segundo caso é a condição na qual apenas a quantidade de gordura corporal ultrapassa os limites desejados. Há casos em que os indivíduos podem ser considerados pesados e não obesos, devido ao desenvolvimento muscular e ósseo e não pelo excesso de gordura. Outros indivíduos com menos peso possuem uma certa quantidade de gordura que. 19.

(40) ________________________________________REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. compromete o seu estado de saúde devido à fraca densidade muscular e óssea. Segundo a OMS, um indivíduo com um IMC acima de 25 apresenta sobrepeso e acima de 30 é considerado obeso. Segundo Mazo et al (2004), 95% dos indivíduos que sofrem de obesidade têm tecido adiposo em excesso devido à ingestão de calorias ser em maior quantidade do que as calorias gastas, os restantes 5% surgem devido a causas endócrinas e metabólicas, como: hipotiroidismo( falta de hormonas na tiróide) e tumores no pâncreas. Outros estudos referem que a hiperfagia, caracterizada pela grande ingestão de alimentos, ocorre devido a alterações funcionais de um sistema extremamente complicado. Refere Vieira (2001) que as necessidades energéticas baixam com a idade devido á diminuição do metabolismo basal e diminuição da AF. Nos Estados Unidos um estudo feito entre 1988 e 1991 pela National Health and Nutrition Examination Survey – NHANES verificou que o estado nutricional dos idosos requer especial atenção, pois ocorrem discrepâncias no que se refere ao peso, consumo de gorduras e outros micronutrientes (Ribeiro e Tirapegui, 2000 citado por Mazo et al., 2004). De acordo com Berger (1995) a composição global do corpo sofre quatro alterações importantes: 1. Dos 20 aos 80 anos a massa magra do corpo diminui 17%. 2. Dos 20 aos 70 anos a proporção de gordura aumenta 25%. 3. Entre os 20 e os 80 anos a massa de água no corpo diminui 17%. 4. Entre os 20 e os 80 anos o volume plasmático aumenta 80%.. 20.

(41) ________________________________________REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. Segundo o autor estas alterações vão influenciar a distribuição de substâncias no organismo e provocar modificações na repartição do peso corporal. Mesmo que o peso estabilize entre os 65 e 75 anos qualquer ganho de peso será muito diferente do tempo de juventude. A gordura acumula-se mais na região do abdómen e nas ancas, e menos na cara e nos membros inferiores e superiores que perdem tecido celular subcutâneo. During refere que existem mudanças na composição corporal que acompanham o envelhecimento e que reduzem o dispêndio energético total e a necessidade de uma grande ingestão alimentar. De acordo com o autor é provável que a massa esquelética e o conteúdo mineral do esqueleto diminuam e que a massa adiposa do corpo aumente. Refere ainda que ocorrem mudanças na gordura existente entre as camadas subcutâneas e nos tecidos adiposos do tronco sendo uma maior quantidade de gordura depositada nas regiões mais profundas nas pessoas idosas (Fox e tal, 1991). Durante a velhice os elementos que compõem a massa corporal modificam-se devido a perdas ósseas e cálcicas, à diminuição dos tecidos musculares e orgânicos e ás percas de peso totais. Mesmo que o peso do idoso se mantenha estável, a proporção de tecidos gordos aumenta. As gorduras acumulam-se nas fibras musculares e em torno das vísceras, substituindo a massa magra do organismo. Para um peso igual, a percentagem de gordura é maior nos idosos (Berger, 1995). Segundo Coutinho (1998), depois dos 60 anos de idade a massa muscular diminui e o tecido adiposo aumenta. O fenómeno de sarcopenia no idoso leva a uma perda importante de massa muscular enquanto que o tecido. 21.

(42) ________________________________________REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. adiposo aumenta levando a uma maior predisposição de complicações metabólicas. Refere Barra (200), que o ganho ponderal a partir da quarta década se deve a dois factores, manutenção da ingestão calórica e redução da massa muscular (sarcopenia), que levam à redução do metabolismo basal, balanço calórico positivo e acumulação de gordura corporal (Salve, 2005). Vieira (2001), afirma que a perda de músculo é muito elevada nas mulheres pós-menopausiacas e depois dos 80 anos de idade em ambos os sexos. A perda de músculos provoca diminuição da força, da mobilidade e do equilíbrio. A absorção de gordura mantém-se normal, quando o consumo é normal e diminui quando o consumo é elevado. Este mecanismo pode sugerir uma defesa contra a ingestão excessiva de energia, numa fase da vida na qual ela não é tão necessária. Em idosos é comum existir má absorção de gordura, quando ela acontece deve-se ao aumento no crescimento bacteriano no intestino delgado provocando a desconjunção dos sais biliares (Vieira, 2001).. 22.

(43) ________________________________________REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. 1.3 - ENVELHECIMENTO, QUALIDADE DE VIDA E ACTIVIDADE FÍSICA. Berger (1957) descreve o envelhecimento como a alteração irreversível da substância viva em função do tempo. Spirduso (1996) define envelhecimento como um processo ou grupo de processos que ocorrem nos seres vivos ao longo do tempo, passando por uma perda de adaptabilidade e danos funcionais que levam à morte. Segundo o autor o processo de envelhecimento assume-se como uma extensão lógica dos processos fisiológicos de crescimento e desenvolvimento. Jordão (1997), refere que o envelhecimento é um processo natural, dinâmico, progressivo e irreversível, que se instala em cada indivíduo desde o nascimento e o acompanha por todo o tempo de vida culminando com a morte. Já. Berger. (1995). define. o. envelhecimento. como. processo. multidimensional que comporta mecanismos de reparação e de destruição desencadeados ou interrompidos em momentos e ritmos diferentes para cada ser humano. O processo de envelhecimento é complexo, e embora a idade tenha sido utilizada como indicador de envelhecimento, nem sempre coincide com as reais possibilidades do indivíduo. Apesar de alguns decréscimos de eficiência e capacidade, à medida que a idade aumenta, é possível manter um nível relativamente alto de desempenho físico e mental por muitos anos. Uma vez que existem várias realidades da velhice referenciadas a diferentes condições de QV individual e social, cada pessoa envelhece em função de como tem vivido, e por sua vez, o envelhecimento é um processo diferencial, onde. 23.

(44) ________________________________________REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. determinantes do quotidiano e hábitos de vida são factores extremamente significativos neste processo (Lisboa M. e Cavalcanti K., in Pessoa J., 1997). Mais recentemente o envelhecimento é definido como, um processo biológico normal que não deve ser encarado como uma doença, mas como um processo natural que se caracteriza pela perda progressiva das capacidades funcionais, culminando com a morte (Dantas e Jacó, 2003). De acordo com Llano et al (2004) os efeitos, no plano físico, que conduzem ao processo natural de envelhecimento ocorrem: •. Ao nível do sistema motor: havendo uma perda de massa e volume muscular, devido a uma diminuição no tamanho das fibras musculares, e diminuição das reacções eléctricas.. •. Ao nível do sistema cardiovascular: endurecimento de artérias e válvulas que levam ao aumento da pressão arterial.. •. Ao nível do sistema respiratório. Perda de elasticidade pulmonar e diminuição da superfície alveolar que leva a um decréscimo no nível consumo máximo de O2 e da capacidade vital.. •. Ao nível do sistema nervoso: diminuição de células nervosas que leva a um abrandamento no tempo de reacção e no processamento de informação.. •. Ao nível do sistema sensorial: perda de eficiência nos órgãos sensoriais e aumento dos limiares para a sua estimulação.. •. Ao nível do sistema endócrino e metabolismo: alterações hormonais que diminuem a secreção e síntese de substancias como por exemplo a insulina.. 24.

(45) ________________________________________REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. A diminuição das funções motoras leva, segundo Llano et al (2004), a uma consequente diminuição dos níveis de força, resistência muscular e flexibilidade, importantes para o desenvolvimento das actividades diárias. Ocorrem ainda alterações no plano psico-afectivo e no plano social que advêm da diminuição progressiva das suas capacidades físicas, o idoso perde confiança em si mesmo, a sua auto-estima baixa levando-o a isolar-se e a ter uma atitude regressiva perante a sociedade. Para Mota, Paiva e Silva, o envelhecimento é um processo progressivo e irreversível que ocorre em todos os indivíduos, sendo a AF um factor de risco modificável que apresenta uma boa correlação com um bom estado funcional e a manutenção da saúde no idoso. A manutenção de um estilo de vida activo, nesta faixa etária, tem sido associada como factor de prevenção contra os decréscimos funcionais paralelos ao envelhecimento, nomeadamente um decréscimo na densidade óssea, na aptidão cardiovascular e na força muscular. Segundo os autores uma exercitação regular permite aumentar a flexibilidade, a força muscular, a capacidade aeróbia, o equilíbrio e a agilidade do idoso (Marques, Bento e Constantino, 1993). Rowe J.W. (1997) defende que o “envelhecimento com sucesso” engloba três diferentes domínios multidimensionais: evitar as doenças e incapacidades, manter uma alta função física e cognitiva e envolver-se em actividades sociais e produtivas (Franchi e Júnior, 2005). O processo de envelhecimento é um processo natural e biológico e como tal o indivíduo fica sujeito a um decréscimo de capacidades físicas e psíquicas. Com a diminuição destas capacidades diminui também a. 25.

(46) ________________________________________REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. capacidade de realizar as tarefas básicas diárias e consequentemente a QV do indivíduo. Torna-se então necessário dar um novo sentido à vida destes idosos. De acordo com Llano et al (2004), é importante encontrar actividades que levem os idosos a sair do seu isolamento, a contactar com a sociedade e que essas actividades melhorem a sua condição física e a sua saúde. As AF são para os autores uma boa alternativa para combater o isolamento e melhorar a condição física. Com a melhoria da condição física do idoso também melhora a sua capacidade funcional, o seu bem-estar e consequentemente a sua QV. Spirduso et al (2001), num estudo de revisão de literatura acerca de estudos transversais e longitudinais, envolvendo grandes amostras, concluíram que os investigadores concluem frequentemente que os níveis de aptidão física em adultos idosos estão positivamente relacionados com o bem-estar e que os adultos idosos que são fisicamente activos apresentam valores mais elevados de bem-estar e de aptidão física funcional. Segundo Heikkinem (2003), “…a saúde e capacidade funcional são bastante importantes para a QV social das pessoas: a capacidade funcional determina até que ponto podem viver independentemente na comunidade, participar em eventos, visitar outras pessoas, utilizar os serviços e instalações disponibilizados por organizações sociais e enriquecer as suas vidas e daqueles que vivem próximos”. A possibilidade de realização das tarefas que mais gosta leva o idoso ao bem-estar e a viver com QV. Meirelles (1997) refere, “a inactividade física mostra que um crescente número de idosos está vivendo abaixo dos limites da capacidade física, bastando qualquer doença intercorrente para se tornarem dependentes… o. 26.

(47) ________________________________________REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. estilo de vida sedentário na terceira idade pode induzir a maiores desgastes no organismo do que no estilo de vida fisicamente activo”. Segundo o autor a falta de AF leva a uma redução da capacidade aeróbia e anaeróbia, do vigor muscular, da eficiência motora, do rendimento mecânico e a uma perca de reflexos posturais. O nível reduzido de AF e o número crescente de doenças crónicas que geralmente acompanham o envelhecimento, frequentemente criam um círculo vicioso: doenças e incapacidades reduzem o nível de AF, o que por sua vez, tem efeito negativo na capacidade funcional, aumentando as incapacidades decorrentes das doenças. Um nível mais elevado de AF pode ajudar a prevenir os efeitos negativos do envelhecimento sobre a capacidade funcional e a saúde (Duarte & Nahas, 2003). Mazo et al (2004), refere que os benefícios das AF estão presentes nos aspectos biológicos, psicológicos e sociais, pois ao envelhecer os idosos enfrentam problemas como: solidão, ausência de objectivos de vida e de actividades ocupacionais sociais, de lazer, artístico-culturais e físicas. A AF auxilia na reintegração destes na sociedade e melhora o seu bem-estar geral. De acordo com Pinto (2000), os efeitos comprovados do exercício no idoso são: melhoria do estado psicológico, maior agudeza mental, melhoria do padrão do sono, menor risco de depressão, menor risco de doença cardiovascular particularmente de Hipertensão Arterial, menor risco de doença metabólica particularmente Diabetes Mellitus e Dislipidémia, atraso do processo osteoporótico e atraso das lesões degenerativas do aparelho locomotor.. 27.

(48) ________________________________________REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. Um programa de exercício físico bem direccionado e eficiente para idosos deve ter como meta a melhora da capacidade física do individuo, diminuindo a deterioração das variáveis de aptidão física como resistência cardiovascular, força, flexibilidade e equilíbrio, o aumento do contacto social e a redução de problemas psicológicos com a ansiedade e a depressão (Franchi K. e Júnior R., 2005). Segundo Carvalho (1999), a nível físico a AF pretende aumentar a aptidão através do desenvolvimento das diferentes capacidades físicas, como, a força, resistência, flexibilidade, coordenação e equilíbrio no sentido de ultrapassar os desafios das actividades quotidianas com eficácia e sem fadiga e diminuir a probabilidade de desenvolvimento de patologias. De acordo com a OMS, Chodzko-Zaiko (1997), a maioria das pessoa que se envolvem numa AF recreativa fazem-no porque é algo agradável e divertido existindo evidências de que está associada a uma melhoria da capacidade funcional e da saúde e que frequentemente previne ou atenua a severidade de certas doenças. A mesma organização reconhece que a prática de AF está associada a melhorias na QV dos idosos e que, através desta, obterão benefícios significativos a nível fisiológico, psicológico e socioculturais. Segundo Spirduso (1995), a QV do idoso é fundamentalmente julgada pelo seu grau de funcionalidade, saúde e pela capacidade de permanecer independentemente dos outros para a realização das tarefas diárias. A autonomia funcional é um factor importante na QV (Llano et al, 2004). Ter autonomia, segundo Abreu et al. (2002), é poder executar independentemente e satisfatoriamente actividades do dia a dia, usufruir das. 28.

(49) ________________________________________REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. relações com os outros e das actividades sociais, e exercitar os seus direitos e deveres de cidadão (Pereira et al, 2003). No idoso o exercício físico surge como factor bastante importante na manutenção da autonomia e QV. Os benefícios da prática regular do exercício físico pelos idosos tem benefícios biológicos, psicológicos e sociais. De acordo com os estudos realizados por Paffenbarger, o exercício físico não aumenta significativamente a longevidade, é inquestionável que ele retarda o envelhecimento físico e mental, melhorando acentuadamente a QV permitindo que o idoso mantenha por mais tempo a sua autonomia e independência (Pinto, 2000). Pacheco M. et al (2005), no seu estudo comparativo da QV e Performance em Idosos (no qual usou como instrumento o questionário SF-36) conclui que a QV dos idosos treinados é melhor que a dos não treinados nos domínios capacidade funcional, aspecto físico e dor, no grupo masculino, e capacidade funcional e estado geral de saúde, no grupo feminino. Os indivíduos treinados de ambos os sexos não apresentaram resultados inferiores aos dos não treinados, indicando que a AF é uma mais valia para os idosos. Concluíram ainda os autores que, a prática de exercício fisco, sem orientação nutricional, não modifica os parâmetros antropométricos de idosos. Duarte e Nahas (2003) referem que resultados de pesquisas indicam que a AF melhora a capacidade muscular, a resistência, o equilíbrio, a mobilidade articular, a agilidade e coordenação em geral bem como o metabolismo, a regulação da pressão arterial e controlo da massa corporal.. 29.

(50) ________________________________________REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. Tribess e Virtuoso (2004) referem que a prática regular de AF tem benefícios como: redução das mudanças biológicas decorrentes da idade, controle e redução das doenças crónicas, maximização da saúde psicológica, aumento da mobilidade e capacidade funcional, ajuda na reabilitação de doenças crónicas agudas. Franchi KMB et al (2005) revela que a prática de AF promove a melhoria da composição corporal, diminuição de dores articulares, aumento da densidade mineral óssea, melhora da utilização da glicose, melhoria do perfil lipídico, aumento da capacidade aeróbia, melhoria da força e flexibilidade e diminuição da resistência vascular. E, tem ainda benefícios psicossociais levando ao alívio da depressão, ao aumento da auto-confiança e melhora da auto-estima. Seja qual for a idade em que se inicie a prática de exercício, o seu efeito benéfico faz-se sentir sempre, levando o idoso a passar da curva de envelhecimento patológico ao padrão de envelhecimento fisiológico (Pinto, 2000). Praticar regularmente uma AF, modificando, desta forma, o estilo de vida sedentário e dando uma maior conotação para a vida activa é um dos principais ingredientes para incrementar a QV (Hilgert e Aquini, 2003).. 30.

(51) 2 - METODOLOGIA DO ESTUDO. 31.

(52) 32.

(53) _______________________________________METODOLOGIA DO ESTUDO. 2.1 - POPULAÇÃO ESTUDADA. Para a realização do estudo foram constituídos dois grupos de idosos com mais de 65 anos de idade, em que um pratica regularmente actividade física orientada (AFo) e outro não. Para a constituição da amostra que pratica AFo recorremos a três instituições, dois lares de idosos e uma câmara municipal. Os lares de idosos participantes foram a Santa Casa da Misericórdia de Macedo de Cavaleiros e a Fundação Betânia de Bragança. Fizeram ainda parte deste grupo os idosos integrados num projecto de AF para idosos da Câmara Municipal de Mogadouro. O grupo que não pratica AFo foi constituído no Centro de Saúde de Macedo de Cavaleiros. Todos os indivíduos seleccionados para este grupo não deveriam praticar AF de uma forma regular e organizada. Os indivíduos pertencentes a este grupo não deveriam sofrer das seguintes patologias: diabetes, cardiopatias, hipertensão arterial, obesidade, osteoartrite, fracturas recentes, tendinites, uso de próteses, doenças pulmonares e problemas neurológicos. No seguimento do nosso pedido ao Director do Centro de Saúde foi-nos cedida a autorização para o uso de um gabinete onde realizamos a constituição do grupo não praticante. Enquanto esperavam pela consulta médica os utentes eram encaminhados para o gabinete onde estávamos instalados, inicialmente respondiam a um questionado de selecção de indivíduos. Só depois de serem seleccionados os indivíduos eram incluídos no estudo.. 33.

(54) _______________________________________METODOLOGIA DO ESTUDO. 2.2 - INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO. 2.2.1 - QUESTIONÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICO Este questionário foi elaborado por nós com o objectivo de recolha de informação para melhor caracterização da amostra. O questionário permitiu recolher. dados. sócio-demográficos. (nome,. idade,. sexo,. escolaridade,. profissão, estado civil, residência) e seleccionar indivíduos para constituição da amostra (patologias e problemas fiscos). O questionário foi aplicado sob entrevista devido ao baixo nível de escolaridade dos indivíduos.. 2.2.2 – AVALIAÇÃO DO INDICE DE MASSA CORPORAL O peso foi medido numa balança calibrada às 100 gramas, e a altura medida com uma fita métrica, sendo sempre o mesmo observador em ambas as situações e nos dois grupos do nosso estudo. Depois da recolha das medidas antropométricas, peso e altura, foram calculados os Índices de Massa Corporal (IMC). O IMC resultou de uma equação que se estabelece uma relação entre o peso e a altura de um indivíduo. O IMC resulta da divisão do valor do peso, em quilogramas (Kg), pelo valor do quadrado da altura, em metros (m²), sendo expresso em quilogramas por metro quadrado (Kg/m²), (IMC = Peso / Altura²) (Sobral, 1985).. 34.

(55) _______________________________________METODOLOGIA DO ESTUDO. 2.2.3 - QUESTIONÁRIO DE ESTADO DE SAÚDE SF-36 (VERSÃO PORTUGUESA) O instrumento genérico adoptado para este estudo é a 2ª Versão Portuguesa do MOS – SF36. Esta versão contém 36 itens e cobre oito dimensões de estado de saúde e detecta tanto os estados positivos como os negativos de saúde. As dimensões que constituem este questionário são: •. Função física (FF), permite medir desde as limitações para executar AF menores até às actividades mais extenuantes.. •. Desempenho físico e emocional (DF e DE), permitem medir a limitação em saúde em termos do tipo e da quantidade de trabalho executado.. •. Dor Corporal (DC), permite medir a intensidade e o desconforto causados pela dor mas também a forma como interfere nas actividades normais.. •. Saúde em Geral (SG), permite medir o conceito de percepção holística da saúde, incluindo não só a saúde actual mas também a resistência á doença e aparência saudável.. •. Vitalidade (VT), inclui níveis de energia e fadiga permitindo captar melhor as diferenças de bem-estar.. •. Função Social (FS), permite captar a quantidade e qualidade das actividades sociais, assim como o impacto dos problemas físicos e emocionais nas actividades sociais do respondente.. 35.

(56) _______________________________________METODOLOGIA DO ESTUDO. •. Saúde Mental (SM), inclui questões referentes a quatro dimensões de saúde mental, a ansiedade, a depressão, a perda e controlo em termos comportamentais ou emocionais e o bem-estar psicológico. Estas oito escalas podem ser agrupadas em duas componentes, a. saúde física e a saúde mental. As respostas aos questionários não estão, à partida e de imediato em condições de serem usados. Os dados em bruto provenientes da codificação das respostas ao questionário não estão, à partida e de imediato em condições de serem usados. Há que os fazer passar por um procedimento,. que. os. torne. coerentes. e. interpretáveis. em. futuras. manipulações. Os dados devem passar pelas fazes seguintes: 1ª introdução de dados; 2ª transformação de valores; 3ª tratamento de dados; 4ª calculo das escalas; 5ª Verificação. Tabela 1 – Descrição da transformação de valores do MOS SF-36 Escala. Itens. Valores. Itens sujeitos a Transformação. FF- função social. 3a – 3j. 1 -3. ________________________. DF – desempenho físico. 4a – 4d. 1–2. ________________________. DC – dor corporal. 7,8. 1–5. 7* e 8*. SG – saúde geral. 1, 11a – 11d. 1–5. 1** , 11b*, 11d*. VT – vitalidade. 9a, 9e, 9g, 9i. 1–5. 9a* e 9e*. FS – função social. 6, 10. 1–5. 6*. 5a – 5c. 1–5. _______________________. SM – saúde mental. 9b, 9c, 9d, 9f, 9h. 1–5. 9d* e 9h*. MS – mudança de saúde. 2. 1–5. ______________________. DE – desempenho emocional. Legenda: *valores sujeitos a posterior inversão. recalibração.. 36. **valores sujeitos a posterior inversão e.

(57) _______________________________________METODOLOGIA DO ESTUDO. Todas as possíveis 36 respostas devem ser verificadas. A pontuação do MOS SF-36 em alguns itens tem de ser transformada. Nos itens das dimensões DC, SG, VT, FS, e SM tem de ser feita uma inversão dos valores. Nos itens das dimensões DC e SG tem que ser feita uma recalibração. A pontuação de uma escala pode-se estimar mesmo quando esta contém informação omissa, desde que tenham sido dadas as respostas de metade dos itens que compõem cada escala. A solução é dada pela média das respostas transformadas do mesmo indivíduo aos itens restantes da escala (Ferreira, 2000). De seguida faz-se a pontuação de cada escala através de uma simples soma das respostas aos itens que a compõem. Os valores das escalas são depois transformados para uma escala de 0 a 100 através da fórmula seguinte:. Escala Transformada = Soma – (MIN / MAX – MIN) * 100. Os valores obtidos através da fórmula correspondem à percentagem da total pontuação possível. Quanto mais baixa é a pontuação, pior será o estado de saúde do indivíduo, em relação à dimensão analisada. É aconselhável que, no fim deste processo, seja feita uma verificação dos valores obtidos e das respectivas distribuições. Devem então ser e percorridos os seguintes passos de verificação (Ferreira, 2000): •. As correlações entre cada escala e os itens que compõem devem ser positivas e altas (0,30, pelo menos);. 37.

(58) _______________________________________METODOLOGIA DO ESTUDO. •. As correlações entre a escala SG e as sete escalas devem ser positivas e, com raras excepções, ser altas;. •. As correlações entre as oito e o primeiro factor não rodado obtido pela análise factorial devem ser positivas. Alguns dos procedimentos acima descritos, não se aplicaram neste. estudo, pois os questionários não foram auto-administrados. O método usado foi a recolha de dados por entrevista, devido ao baixo nível de escolaridade da maior parte dos indivíduos, evitando assim a existência de dados omissos ou resposta dupla para uma questão. O campo de aplicação do SF-36 é muito vasto, podendo ser utilizado para caracterizar o estado de saúde da população em geral e o impacto de determinadas medidas a nível estrutural e politico, mas também para caracterizar o estado de saúde de grupos específicos, bem como pode ser utilizado para o apoio à tomada de decisão de prestadores de cuidados (Ferreira, 2000).. 2.2.4 - QUESTIONÁRIO DE BAECK MODIFICADO Para caracterizar a AF dos indivíduos foi aplicado o questionário de Baecke modificado, que foi baseado no questionário de Baeck et al. (1982) e validado por Voorrips et al. (1991) num estudo que procurava identificar a QV da terceira idade. Os autores reconheceram que era importante que, para além das medidas de saúde e estado nutricional se avaliasse, com precisão, a AF. Esta necessidade de um método que fosse ao encontro dos problemas que surgem nos estudos dos idosos levou à adaptação do Questionário de Baecke.. 38.

(59) _______________________________________METODOLOGIA DO ESTUDO. A adaptação teve em conta que os idosos perdem normalmente, a actividade ocupacional e registam alterações de memória de curto prazo, da visão e nalgum casos da escrita (Baecke et al.,1982). Este questionário avalia a quantidade, variedade e qualidade de tarefas domésticas (ADom) executadas e ainda a quantidade e qualidade das actividades desportivas (ADesp) e das actividades de tempos livres (ATLiv). As questões que se referem às ADom têm 4 ou 5 possíveis respostas, que numa escala de “Lickert” se situam entre o inactivo e o muito activo. As ADesp e ATLiv foram classificadas de acordo com a postura e tipo de movimentos, tendo por base a tabela de códigos para o Questionário de Baecke Modificado (em anexo). O resultado do questionário que diz respeito à AF é calculado pela fórmula seguinte: Score do Questionário AFt (actividade física total) = Score ADom + Score ADesp + Score ATLiv. O resultado indica a actividade total do idoso e os seus valores foram usados para dividir a amostra em dois subgrupos: os mais activos que apresentam valores de AFt acima da mediana e os menos activos assumem valores abaixo.. 2.3 - HIPOTESES A TESTAR. H1: Os idosos que praticam AFo têm uma melhor percepção do estado de saúde (8 Dimensões do Mos SF-36);. 39.

(60) _______________________________________METODOLOGIA DO ESTUDO. H2: Os idosos que com maiores índices globais de AF revelam uma melhor percepção do estado de saúde (8 Dimensões do Mos SF-36); H3: O aumento da idade nos idosos implica uma redução da percepção do estado de saúde (8 Dimensões do Mos SF-36); H4: Não existem diferenças da percepção do estado de saúde em função do género (8 Dimensões do Mos SF-36); H5: O aumento da idade nos idosos implica a redução moderada nos seus níveis de AFt, tanto nos que praticam como nos que não praticam AFo. H6:Existe uma relação negativa entre o IMC e a percepção do estado de saúde; H7: Os idosos com maior AFt têm IMC mais adequados.. 2.4 - PROCEDIMENTO ESTATISTICO. Na análise estatística descreve-se e caracteriza-se a amostra, comparando-se os dois grupos, tendo sido feita também a comparação por género. O procedimento estatístico utilizado inclui o teste Kolmogorov-Smirnov, para o estudo da normalidade das distribuições. Na análise comparativa usamos o teste T-Student para as variáveis que seguiram uma distribuição normal e o teste não paramétrico de Mann-Whitney para variáveis que não seguiram uma distribuição normal. O nível de significância, Valor de “p”, foi mantido em 0,05 (p≤0,05).. 40.

(61) _______________________________________METODOLOGIA DO ESTUDO. O programa estatístico utilizado foi o Statistical Packajge for the Social Sciences (SPSS), versão 14,0 para Windows.. 41.

(62) 42.

(63) 3 – RESULTADOS DO ESTUDO. 43.

(64) 44.

(65) ________________________________________RESULTADOS DO ESTUDO. Foram observados um total de 100 indivíduos, distribuídos por dois grupos, de 50 indivíduos cada, em que um praticava AF e o outro não praticava. A tabela 2 mostra que a distribuição dos sujeitos nos grupos é diferenciada, quanto à faixa etária, com o grupo de sujeitos que praticam AF a concentrar mais indivíduos entre os 65 e 69 anos, como veremos adiante esta distribuição é consequência da idade, pois à medida que os idosos envelhecem, cresce o número de limitações. Nas restantes variáveis de caracterização demográfica as amostras são semelhantes. Tabela 2 – Distribuição e caracterização da amostra.. Faixa Etária. Estado civil. Habilitações. Profissão. Sexo. 65-69 anos 70-74 anos 75-80 Mais de 80 anos Total Solteiro Casado Viúvo Total Menos que o 4º ano 4º ano Mais que o 4º ano Sec/Bach Total Doméstica Agricultor/Pastor Funcionário Público Comerciante Serviços Total Feminino Masculino Total. Praticante de AF N N% 28 56,0% 4 8,0% 6 12,0% 12 24,0% 50 100,0% 1 2,0% 33 66,0% 16 32,0% 50 100,0%. Grupo Não Praticante de AF N N% 12 24,0% 13 26,0% 12 24,0% 13 26,0% 50 100,0% 2 4,0% 30 60,0% 18 36,0% 50 100,0%. N 40 17 18 25 100 3 63 34 100. Total N% 40,0% 17,0% 18,0% 25,0% 100,0% 3,0% 63,0% 34,0% 100,0%. 9. 18,0%. 16. 32,0%. 25. 25,0%. 30 8 3 50 21 7. 60,0% 16,0% 6,0% 100,0% 42,0% 14,0%. 24 10 0 50 25 10. 48,0% 20,0% ,0% 100,0% 50,0% 20,0%. 54 18 3 100 46 17. 54,0% 18,0% 3,0% 100,0% 46,0% 17,0%. 13. 26,0%. 4. 8,0%. 17. 17,0%. 5 4 50 33 17 50. 10,0% 8,0% 100,0% 66,0% 34,0% 100,0%. 3 8 50 32 18 50. 6,0% 16,0% 100,0% 64,0% 36,0% 100,0%. 8 12 100 65 35 100. 8,0% 12,0% 100,0% 65,0% 35,0% 100,0%. 45.

Imagem

Tabela 1 – Descrição da transformação de valores do MOS SF-36
Tabela 2 – Distribuição e caracterização da amostra.
Tabela 3 – Teste de ajustamento à normalidade.
Tabela 4 – Descrição e Avaliação das dimensões do SF-36 por Grupo.
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Referências

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