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Desenvolvimento sustentável e empreendedorismo social: um estudo sobre o impacto de um programa social em organizações não governamentais

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ISSN 2179-5037

Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E EMPREENDEDORISMO

SOCIAL: UM ESTUDO MULTICASO SOBRE O IMPACTO DE UM

PROGRAMA SOCIAL EM ORGANIZAÇÕES NÃO

GOVERNAMENTAIS

Tatiane Lopes Duarte1 Lúcia Rejane da Rosa Gama Madruga2 Deisi Viviani Becker3 Lucas Veiga Ávila4

RESUMO: O presente artigo tem como objetivo analisar o impacto de um programa social

no desenvolvimento do empreendedorismo social e, consequentemente, na melhoria da gestão das organizações sociais beneficiadas pelo programa. Quanto ao método, o estudo classifica-se quanto ao delineamento como um estudo descritivo qualitativo e quantitativo, utilizando o estudo multicaso como estratégia de pesquisa. Para a coleta de dados utilizou-se como instrumento um formulário utilizou-semiestruturado, aplicado em dez organizações não governamentais, beneficiadas pelo programa social. Como principais resultados, a pesquisa evidenciou que o programa social é considerado de suma importância para o desenvolvimento das organizações participantes; os gestores das organizações afirmaram que possuíam carências e falta de conhecimentos de gestão, porém o programa proporcionou o envolvimento e a mobilização com a comunidade, gerando um espírito solidário entre as empresas, bem como o fortalecimento das práticas de responsabilidade social, sendo essas ações muito importantes para o futuro das empresas.

Palavras-chave: empreendedorismo social; sustentabilidade; organizações sociais.

1

Mestranda no Programa de Pós-graduação em Administração PPGA - da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. tatiduarte.80@gmail.com

2

Doutora em Agronegócio - UFRGSDiscente do Programa de Pós-graduação em Administração PPGA- da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. lucia.rejane@hotmail.com

3

Doutoranda em Administração no Programa de Pós-graduação em Administração PPGA-da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. deisibecker@bol.com.br

4

Mestrando no Programa de Pós-graduação em Administração PPGA da Universidade Federal de Santa Maria -UFSMPesquisador do Projeto Mapa Estratégico do Ensino Superior - MEES PROADM/CAPES – UFSC. admlucasveiga@gmail.com

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013

Sustainable development and social entrepreneurship: a multicase

study on the impact of a social program in non-governmental

organizations

ABSTRACT: This article aims to analyze the impact of a social program in the development

of social entrepreneurship and, consequently, improving the management of social organizations benefited from the program. As for the method, the study is classified, as the design, a qualitative and quantitative descriptive study using the study as a research strategy multicase. To collect the data used as a form semistructured instrument applied in ten non-governmental organizations, social benefit from the program. As main results, the research showed that the social program is considered of paramount importance for the development of the participating organizations. Managers of organizations said they had shortages and lack of management knowledge, but the program allowed the mobilization and involvement with the community, generating a spirit of solidarity between the companies, as well as strengthening social responsibility practices, these actions being very important for the future of business.

Keywords: social entrepreneurship; sustainability; social organizations.

1 INTRODUÇÃO

As novas realidades como o aumento do desemprego, a desregulamentação da força de trabalho, a redução salarial, o aumento da desigualdade social e a pobreza extrema são alguns dos principais impactos causados pela globalização. Com isso surge uma nova forma de se adaptar a essa realidade, a sustentabilidade. Ela aparece como uma alternativa para o direcionamento da ordem econômica, como condição para a sobrevivência humana e como suporte para chegar a um desenvolvimento duradouro.

Na busca do desenvolvimento sustentável, existem alguns caminhos, desafios e atitudes que podem conduzir o empreendedorismo social como uma das principais alternativas para as empresas manterem-se competitivas.

Vivencia-se uma época de transformações de valores, a sociedade está revendo conceitos e as empresas que buscam somente o lucro estão, em alguns casos, perdendo posições para seus concorrentes. As empresas e a sociedade em geral precisam ter mais consciência de que os recursos naturais são esgotáveis e que, para atingir a sustentabilidade, precisam ser agentes impulsionadores de mudanças sociais e ambientais.

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Neste contexto, os programas sociais, além de muitas vezes beneficiar as organizações sociais financeiramente, proporcionam, na maioria das vezes, a sustentabilidade, tão almejada pelas organizações sociais e também pelas organizações com fins lucrativos.

O presente estudo tem como objeto de análise o programa de responsabilidade social de uma indústria situada em Santa Maria - RS, que objetiva disseminar a clareza de visão em investimentos sociais e o espírito empreendedor entre as organizações sociais.

Segundo o Instituto Ethos (2010), as enormes carências e desigualdades sociais existentes no país dão à responsabilidade social empresarial relevância ainda maior. A sociedade brasileira espera que as empresas cumpram um novo papel no processo de desenvolvimento: sejam agentes de uma nova cultura, atores da mudança social, ou construtores de uma sociedade melhor.

O objetivo do presente estudo é analisar o impacto do programa social para o desenvolvimento do empreendedorismo social e consequente melhoria na gestão das organizações sociais beneficiadas pelo programa. Tem como objetivos específicos, levantar informações do programa social; mapear as instituições favorecidas; verificar o grau de empreendedorismo social das Instituições envolvidas; identificar, junto às entidades beneficiadas, as contribuições do programa social nos processos de planejamento e gerenciamento estratégico sustentável.

O estudo busca verificar as mudanças que o programa pode proporcionar nas organizações beneficiadas pelo programa social, que são as principais transformadoras da realidade socioambiental, além de evidenciar a visão das organizações sociais sobre o programa e as contribuições.

2 SUSTENTABILIDADE E GESTÃO SOCIOAMBIENTAL

O conceito de sustentabilidade e as discussões relacionadas ao Desenvolvimento Sustentável (DS) do Planeta são cada vez mais recorrentes em

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diferentes contextos e áreas do conhecimento. Em virtude dos inúmeros problemas sociais e ambientais que vêm ocorrendo nas últimas décadas a fim de garantir condições de sobrevivência para as gerações futuras, são crescentes os movimentos em prol do DS, o “desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações” (WCED, 1987 p. 9).

Existem dimensões da sustentabilidade que buscam garantir a igualdade social, trabalhar com as questões ambientais, satisfazer a necessidade da sociedade atual e das gerações futuras. Segundo o Instituto Ethos (2010), ser sustentável significa assegurar o sucesso do negócio ao longo prazo e ao mesmo tempo contribuir para o desenvolvimento econômico e social da comunidade, um meio ambiente saudável e uma sociedade estável.

Conforme Aligleri, Aligleri e Kruglianskas (2009, p. 16), “neste século a empresa responsável é também sustentável porque ultrapassa as relações clássicas da administração, impulsionando o equilíbrio e a corresponsabilidade em substituição à manipulação e ao confronto entre os diversos agentes sociais”. A responsabilidade socioambiental não deve ser interpretada como uma peça à parte da gestão de uma empresa. Mas estar em todas as áreas, rotinas e decisões gerenciais dos negócios, isto é, desde a contratação e demissão de pessoas, nas políticas de compras, política de marketing, relação com a concorrência, entre outras.

Nesse contexto, a gestão socioambiental configura-se em um cenário no qual as organizações empresariais precisam se mostrar mais permeáveis às contestações sociais, antecipando-as e apresentando respostas (GODOY; BRUNSTEIN; FISCHER, 2013).

Portanto, a empresa tem que ter a responsabilidade socioambiental inserida no planejamento estratégico da organização, com isto se tornará uma empresa sustentável. Segundo Aligleri, Aligleri e Kuglianskas (2009), muitos gestores ainda adotam as abordagens dominantes da responsabilidade socioambiental que são fragmentadas e desvinculadas da empresa e estratégia.

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013 2.1 EMPREENDEDORISMO SOCIAL

Na concepção de Ávila, Barros e Madruga (2012) apud Ashoka (2011), os empreendedores sociais são indivíduos com capacidade de criar soluções inovadoras almejadas pela sociedade para os mais prementes problemas sociais. Têm como características a ambição, a persistência, são capazes de abordar grandes questões sociais e têm capacidade de oferecer novas ideias para a mudança em larga escala. Ainda segundo os autores, apud Bessant e Tidd (2009, p. 351), salienta-se que “empreendedores sociais percebem um problema social e utilizam os princípios empreendedores tradicionais para organizar, criar e administrar um empreendimento para realizar a mudança social”.

Segundo Dolabela (1999), empreendedorismo é um neologismo derivado da livre tradução da palavra entrepreneurship e utilizado para designar os estudos relativos ao empreendedor, seu perfil, suas origens, seu sistema de atividades, seu universo de atuação.

O empreendedorismo é geralmente associado ao início de um novo negócio, no entanto, o conceito se amplificou e criou outras vertentes, como o empreendedorismo social. Para Melo Neto e Froes (2002), o empreendedorismo social difere do empreendedorismo propriamente dito em dois aspectos: não possui bens e serviços para vender, mas para solucionar problemas sociais; não é direcionado para mercados, mas para segmentos populacionais em situações de risco social e exclusão social, pobreza, miséria e risco de vida.

Melo Neto e Froes (2002) apontam que o empreendedor social é um tipo especial de líder, pois suas ideias e inovações, ao invés de serem aplicadas a um produto ou serviço, são utilizadas para busca de soluções para os problemas sociais.

O terceiro setor, que tem como objetivo suprir necessidades da população, precisa inovar, aproveitar oportunidades, aperfeiçoar suas ações para obter

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resultados mais abrangentes, ansiados pelo empreendedorismo (BAGGENSTOSS, DONADONE, 2013).

As principais características do empreendedor social, segundo Melo Neto e Froes (2001, p. 46), são: (1) Tende a operar fora da linha principal do trabalho filantrópico e sob o radar da mídia; (2) Sua presença em geral ainda não é percebida pelo setor institucional formal, sem fins lucrativos, nem pela grande sociedade; (3) Rompe paradigmas e atua como um agente do desenvolvimento social; (4) É orientado para promover mudanças sociais significativas.

Conforme Melo Neto e Froes (2001), a preferência pelas ações transformadoras que conduzem a mudanças sociais introduz um novo paradigma no campo das ações sociais das empresas. Empreendedorismo social são ações corporativas responsáveis que mobilizam recursos para bem do desenvolvimento ético, cívico, social, econômico, cultural e político da sociedade e das comunidades.

Portanto, chegar numa sociedade que seja capaz de gerar renda por si própria, exercendo plenamente sua cidadania, articuladora de parcerias entre o público, o privado e o não governamental, como o objetivo de gerar uma melhor qualidade de vida, contribuindo para o desenvolvimento sustentável, são os principais objetivos do empreendedor social.

2.3 O PLANEJAMENTO E A GESTÃO EM ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

A ideia do planejamento estratégico surgiu há mais de 40 anos no auge da expansão e diversificação dos negócios da década de 60 do século XX. Nos anos 60, já havia nas empresas algumas discussões consideradas estratégias, porém o processo era relativamente simples, envolvia três etapas: elaboração do plano, consenso e implementação (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000).

De acordo com Porter (1986), a estratégia há de ser percebida como o caminho através do qual a empresa não apenas busca atingir, mas também sustentar a vantagem competitiva com relação aos demais concorrentes do setor a que pertence.

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Segundo Robbins (2003), o planejamento compreende a definição das metas de uma organização, o estabelecimento de uma estratégia global para alcançar essas metas e o desenvolvimento de uma hierarquia de planos abrangente para integrar e coordenar atividades.

Planejamento estratégico, para Oliveira (1999), é definido como uma metodologia administrativa utilizada para estabelecer a melhor direção estratégica da organização, em consonância com seu ambiente. Já para Fischman e Almeida (1991, p. 25), o conceito de planejamento estratégico é definido como uma técnica administrativa que, através da análise do ambiente de uma organização, cria a consciência das suas oportunidades e ameaças, dos seus pontos fortes e fracos para o cumprimento da sua missão e, através desta consciência, estabelece o propósito de direção que a organização deverá seguir para aproveitar as oportunidades e evitar riscos.

Segundo Oliveira (1999), o processo do planejamento estratégico denomina-se plano estratégico, ou, um documento formal. Deve conter as informações geradas pela atividade do planejamento, propiciar uma ótima comunicação por parte dos envolvidos e apresentar quem é responsável por determinadas ações, quando devem ser executadas e quais os recursos.

Uma das ferramentas administrativas que vem sendo utilizada cada vez mais por organizações sociais em direção a sustentabilidade é o planejamento estratégico. Para Hudson (1999), devem ser criadas estratégias especiais para as organizações não governamentais, porque elas precisam reagir a mudanças mais rápidas e necessitam de meios mais explícitos para estabelecer novos objetivos e captar recursos.

De acordo com Oliveira (2007) apud Beggy (2002, pp. 22-23), o plano estratégico de organizações sociais tem as seguintes necessidades, especificadas no Quadro 1.

Quadro 1 - Necessidades do planejamento estratégico nas Organizações Sociais.

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NECESSIDADES ESPECÍFICAS DO PLANO ESTRATÉGICO DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

Sua missão não deve implicar penúria financeira, pois enquanto o objetivo é social, a sustentabilidade é o meio;

Necessidade de adequada atenção ao gerenciamento financeiro;

O foco de programa deve ser a demanda do mercado definido para atuação;

Obtenção de lucro, o qual deve ser integralmente reinvestido;

Minimização de riscos, utilizando-se de outros indicadores, além do financeiro;

Mensuração dos resultados com indicadores apropriados, além dos tradicionais, tais como nível de satisfação das pessoas atendidas.

Fonte: Oliveira (2007)

Portanto, o planejamento estratégico proporciona aos seus colaboradores conhecer a organização e saber seus objetivos, missão; e para os gestores, conhecer seus pontos fortes e fracos.

3 MÉTODO

Esta pesquisa teve como método o estudo multicaso. Esse tipo de pesquisa, segundo Gil (2009, p. 139), “proporciona evidências inseridas em diferentes contextos, concorrendo para a elaboração de uma pesquisa de melhor qualidade”. Esta estratégia foi adotada com objetivo de verificar as contribuições de um programa socioambiental e o impacto no desenvolvimento das organizações sociais beneficiadas. Primeiramente foi realizado um estudo no programa socioambiental em registros, banco de dados da empresa responsável pelo programa social.

O estudo foi desenvolvido por meio de uma pesquisa de natureza qualitativa e quantitativa. Para Michel (2005, p.33), “na pesquisa qualitativa a verdade não se comprova numérica ou estatisticamente, mas convence na forma da experimentação

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empírica, a partir da análise feita de forma detalhada, abrangente, consistente e coerente”.

Quanto ao método qualitativo, classifica-se por ter realizado uma pesquisa, em site, documentos, observação direta, fotos e editais. No que se refere ao quantitativo, por tratar-se de uma entrevista em que dados foram tabulados com o auxilio do software SPSS 16.0, via análise descritiva; e nas respostas das entrevistas utilizou-se da análise de conteúdo, conforme os objetivos específicos deste estudo.

Quanto aos objetivos, classifica-se como exploratória e descritiva, segundo Michel (2005, p. 32), “o estudo exploratório tem como objetivo auxiliar na definição dos mesmos e levantar informações sobre o assunto objeto de estudo; o seu intuito não é resolver o problema em si, mas levantar informações que ajudem a entendê-lo melhor”.

Como plano de coleta de dados, utilizou-se um formulário estruturado aplicado em forma de entrevista, a qual foi gravada, possuindo perguntas abertas e fechadas. Segundo Vergara (2004), a entrevista é um procedimento no qual se faz perguntas a alguém, que oralmente lhe responde. O instrumento foi aplicado a uma amostra de dez organizações beneficiadas pelo programa social, o critério utilizado foi de a organização ter participado, no mínimo, dois anos no programa.

4 O PROGRAMA SOCIAL DA INDÚSTRIA DO RAMO DE BEBIDAS

A indústria do segmento de bebidas foi fundada em 1977, tem sua fábrica instalada na cidade de Santa Maria (RS), possuindo centros de distribuição nas cidades de Passo Fundo e Santa Cruz do Sul, e Cross Dockings (responsável exclusivamente pela distribuição de produtos) em Bagé e Sant’Ana do Livramento.

Atualmente a empresa totaliza 23 mil metros de área construída e opera com quatro linhas (uma de ênfase para latas, duas de embalagens PET e uma de embalagens de vidro). Ela tem capacidade para produzir 298,743 milhões de litros de bebidas por ano.

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Em 2003, a Indústria do ramo de bebidas situada em Santa Maria – RS criou o Programa Social, que tem como público-alvo as organizações sociais sem fins lucrativos e que realizam projetos sociais com atuação em diversas áreas como: saúde, educação, inclusão social, geração de emprego e renda.

A pesquisa revelou que o programa social realizado pela indústria participante do estudo é considerado de suma importância para o desenvolvimento das instituições e empresas vinculadas, bem como verificou que existe aproximadamente uma centena de organizações sociais atuantes na cidade, por meio de voluntários e empresas apoiadoras.

A pesquisa identificou que gestores das organizações não governamentais possuem carências e falta de alguns conhecimentos de gestão, como gestão de custos, gestão de pessoas e projetos. Os principais objetivos do programa são o envolvimento e a mobilização com a comunidade, despertando seu espírito solidário, e divulgação de práticas de responsabilidade social empresarial, realizadas pela empresa, com objetivo de demonstrar o trabalho realizado para que outras empresas visem à busca pelas realizações de ações semelhantes.

O programa social funciona da seguinte maneira: dele podem participar organizações sem fins lucrativos com sede em Santa Maria/RS e com atividades fins desenvolvidas no município; devem efetuar o preenchimento da ficha de inscrição no programa; terão a certificação e selo do programa, que tem dois estágios:

· Certificação estágio 1: voltada às organizações que possuem toda documentação exigida pela legislação vigente;

· Certificação estágio 2: voltada às organizações que possuem o mínimo de documentação requisitado pela legislação vigente.

A avaliação para certificação será feita mediante a verificação da documentação exigida pelo Programa, essa verificação será de competência da Comissão de Certificação do programa, composta por profissionais de Contabilidade. Serão apoiados os projetos sociais das organizações certificadas no estágio 1 e 2, e aprovados pelos programas de incentivo fiscal – Lei da Solidariedade.

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Com base na legislação vigente, o programa de responsabilidade social da empresa irá disponibilizar uma quantia em recursos financeiros para apoiar os projetos, através de Programa de Incentivo Fiscal da Lei da Solidariedade e/ou do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, distribuindo o montante igualmente entre todos os projetos aprovados pelo programa.

No quadro 02 - Observam-se os principais resultados obtidos pelo programa:

PRINCIPAIS RESULTADOS DO PROGRAMA

48 projetos encaminhados a SJDS em 2006, 2007 e 2008; 16 projetos aprovados no FUNCRIANÇA em 2007; 12 projetos aprovados pela SJDS em 2008; 540 pessoas capacitadas pelos cursos e oficinas;

Aproximadamente R$ 800.000,00 investidos pela empresa nas organizações (prêmios, incentivos fiscais, mídia e cursos de capacitação);

Mais de 100 organizações já se inscreveram no programa desde 2003; 50 organizações receberam o investimento financeiro;

Cerca de 23.000 pessoas assistidas, direta e indiretamente, pelas Organizações participantes do programa;

Convênio com o Governo RS para liberação direta de verbas. Fonte: Programa social

Percebe-se, no quadro 04, que 48 projetos das organizações sociais participantes do programa social foram encaminhados em 2006, 2007 e 2008 à Secretaria de Justiça e dos Direitos Humanos (SJDS), 16 projetos aprovados em 2007 pelo Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (FUNCRIANÇA); em 2008, 12 projetos foram aprovados pelo SJDS.

Obteve-se um resultado de 540 pessoas participantes das organizações sociais que foram atingidas com capacitações e cursos proporcionados pelo programa. Capacitações realizadas para educar os gestores das organizações a

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respeito de suas principais atividades administrativas, como: planejar, controlar, investir e recursos.

No quadro 03 - Pode-se observar os objetivos alcançados pelo programa.

OBJETIVOS ALCANÇADOS PELO PROGRAMA SOCIAL

Desenvolver a clareza de Visão em Investimentos Sociais nas organizações ligadas ao programa social: através da certificação, inserção de universitários nas organizações, financiamento de projetos e capacitações;

Envolver e mobilizar a comunidade, despertando seu espírito solidário: através da inserção dos universitários, funcionários nas organizações, e divulgações das informações para o site e informativos;

Divulgar práticas de responsabilidade social empresarial que sirvam de exemplo para outras empresas e organizações.

Fonte: Programa social

Na Figura 1 - Engrenagem do programa.

Fonte: Programa social da Indústria de bebidas

Dar movimento a uma engrenagem de desenvolvimento social, sustentável, através da educação para gestão, voluntariado e investimento social. Incentivar a busca da sustentabilidade pelas organizações, para que elas tornem-se independentes. Tornar a comunidade cada vez mais consciente do seu papel de cidadãos responsáveis.

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013 4.1 O EMPREENDEDORISMO SOCIAL DAS EMPRESAS PESQUISADAS

Partindo do objetivo de verificar o grau de empreendedorismo social das Instituições envolvidas, aplicou-se um formulário estruturado a dez organizações participantes do programa social há mais de dois anos. Quanto ao perfil dos entrevistados das organizações, 50% destes eram do sexo masculino e 40% em idade entre 26 a 35 anos, sendo 50% com nível de formação superior completo. Dos pesquisados, 70% fazem parte das empresas a mais de 10 anos, sendo que 40% ocupam cargos de nível estratégico, 30% de nível tático, 20% em nível operacional e 10% de assessoria.

Na Tabela 01, observa-se o grau de identificação das empresas pesquisadas com relação aos fatores relacionados ao grau de empreendedorismo social, com base na escala (1 - não se identifica, 2 - pouco se identifica, 3 - indiferente, 4 - identifica-se em parte, e 5 - identifica-se totalmente).

Tabela 01 - Grau de empreendedorismo social

N Mínimo Máximo Média Desvio Minha organização tende a operar fora da linha principal do

trabalho filantrópico e sob o radar da mídia; 10 1.00 4.00 3.1000 1.44914

A presença da minha organização, em geral ainda não é percebida pelo setor institucional formal, sem fins lucrativos, nem pela grande sociedade;

10 1.00 5.00 3.6000 1.42984

Minha organização busca romper paradigmas e atuar como

um agente do desenvolvimento social; 10 4.00 5.00 4.9000 .31623

Minha organização é orientada para a promoção de

mudanças sociais significativas; 10 4.00 5.00 4.9000 .31623

Minha organização não tem como base conceitual a

caridade, mas a transformação; 10 1.00 5.00 4.2000 1.22927

Minha organização busca orientação para resultados 10 4.00 5.00 4.9000 .31623

Minha organização fomenta a ética da responsabilidade

social 10 4.00 5.00 4.9000 .31623

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N Mínimo Máximo Média Desvio Minha organização busca ênfase na busca da civilização

das cidades 10 5.00 5.00 5.0000 .00000

Fonte: dados da pesquisa (2012)

Observa-se, na tabela 01, as variáveis relacionadas à organização darem ênfase na busca da civilização das cidades, com média 5, assim como, das organizações buscar romper paradigmas e atuar como um agente do desenvolvimento social, estar orientada para a promoção de mudanças sociais significativas, buscar orientação para resultados, fomentar a ética da responsabilidade social, promoverem a cidadania responsável, igualmente com média de 4,900, mostram-se como as variáveis de maior grau de empreendedorismo social.

De acordo com as organizações pesquisadas, no que tange à organização dar ênfase na busca da civilização das cidades, isto se deve ao próprio o foco das organizações, ou seja, há todo um trabalho de inclusão social das pessoas atendidas pelas organizações, seja por forma de geração de renda, de tirar as pessoas que são atendidas pelas instituições das ruas, sendo que, assim, consequentemente, estarão ajudando na civilização da cidade. As pesquisadas destacaram que participam de conselhos que discutem políticas públicas, sendo que, pelo fato das organizações possuírem colaboradores que recebem renda proveniente das organizações, isso acaba por proporcionar um giro da economia na cidade.

No romper paradigmas e atuar como agente do desenvolvimento social, as organizações destacam a busca por melhorarem a qualidade de vida dos atendidos, como atendimento psicológico e acompanhamento do assistente social, além de todo o trabalho realizado de inclusão social destes indivíduos e da geração de renda, os quais são proporcionados através de oficinas, palestras e cursos profissionalizantes para os familiares e atendidos. Isto se reflete na transformação dos indivíduos e dos familiares atendidos pelas organizações, tendo em vista que as mesmas atendem pessoas com vulnerabilidade social e conflitos familiares, bem como resgatam a dignidade das pessoas atendidas.

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Na busca da orientação para resultados, as organizações declararam estarem atentas às mudanças junto a outros órgãos, como também, em parcerias com conselhos de assistência à criança e ao idoso, a outros programas e orientações multidisciplinares, ou seja, com os vários profissionais atuantes nas organizações.

No quesito fomento da responsabilidade social, o trabalho realizado, por ser filantrópico, já é uma atitude de responsabilidade social por parte das organizações, sendo que as parcerias com organizações privadas, por si só, já estabelecem uma discussão e ações de responsabilidade social.

Na questão levantada sobre a cidadania, verifica-se uma orientação para os atendidos acerca de seus deveres e direitos, principalmente de seus direitos, pois muitas vezes as pessoas não possuem informações necessárias sobre seus direitos. Na questão da cidadania, são trabalhadas, junto aos atendidos e familiares, questões como: consciência ambiental, educação para o trânsito, cultura.

Pode-se observar que as duas questões levantadas de menores médias, que correspondem ao menor grau de empreendedorismo, foram relacionadas à organização tender a operar fora da linha principal do trabalho filantrópico e sob o radar da mídia, com média 3,1000, e a organização não ser percebida pelo setor institucional formal, sem fins lucrativos, pela grande sociedade, com média 3,6000.

Segundo os entrevistados as organizações, na maioria, são filantrópicas, mas não trabalham sob o radar da mídia, tendo em vista que muitos relataram que possuem poucas oportunidades de divulgar seu trabalho na mídia. Grande parte das organizações destacou que seu trabalho não é conhecido e nem reconhecido, principalmente pela grande sociedade e por muitas organizações formais. Neste sentido, observa-se a necessidade das organizações formarem mais parcerias para divulgar seu trabalho, para, assim, serem mais reconhecidas e conhecidas pela sociedade em geral e empresas privadas.

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Visando identificar junto às entidades beneficiadas as contribuições do programa percebidas pelas mesmas, com base no tripé da sustentabilidade, na tabela 02, verifica-se o posicionamento das pesquisadas com base na escala de grau de contribuição (1- não contribuiu, 2 – pouco contribuiu, 3 – indiferente, 4 – contribuiu parcialmente, e 5- contribuiu totalmente).

Tabela 02 - Contribuições do programa social

N Mínimo Máximo Média Desvio

Socialmente 10 2.00 5.00 4.5000 .97183

Ambientalmente 10 1.00 5.00 3.4000 1.71270

Economicamente 10 1.00 5.00 4.0000 1.63299

Fonte: dados da pesquisa (2012)

Segundo os representantes entrevistados das organizações sociais, em relação à contribuição social do programa social com média 4.5000, como pode se observar na tabela 02, isto se dá devido ao desenvolvimento de projetos e ações que levam as organizações a desenvolverem seu trabalho social, além de proporcionar capacitações, principalmente de como elaborar projetos. Destacaram que há alguns anos a contribuição financeira do programa contribui fortemente para que as organizações continuem a executar o seu trabalho, no qual o foco é o social.

Um relato por parte das organizações relaciona-se ao fato de que é benéfico às organizações serem certificadas pelo programa social, o que gera credibilidade das organizações sociais perante a sociedade, perante outras organizações, sejam empresas privadas ou órgãos públicos. Foi evidenciado pelas pesquisadas que lhes é proporcionado toda a assessoria que as organizações precisam, seja na elaboração dos projetos ou outras questões. Outro fato importante, quanto aos benefícios do programa, é que as organizações conseguem enriquecer seu trabalho frente às questões sociais juntos aos atendidos e familiares.

Referente à contribuição do programa social ao econômico das organizações com média de 4.0000, foi informado pelas organizações que os projetos aprovados possuem seu foco na melhoria das organizações, sendo que muitas destas reformaram a parte hidráulica, construíram laboratório de informática.

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No que tange à certificação do programa social, este ponto beneficia as organizações por estas conseguirem ter sua contabilidade em dia, assim poupando as organizações de gastos com a regularização destas. Com isso, os benefícios do projeto proporcionam às organizações sociais poderem participar de outros editais de organizações públicas e privadas, pelo fato da maioria dos editais priorizar a regulamentação contábil.

Em relação aos benefícios ambientais, com média 3.40000, estes se configuraram entre os fatores de menor contribuição do programa social, na visão dos pesquisados. De acordo com as organizações sociais, só alguns projetos elaborados pelas próprias instituições focam o quesito ambiental, o que pode, em parte, configurar-se como contribuição indireta do programa social. Uma questão que todos os pesquisados relataram relacionou-se a todos participarem da edição referente ao ano da arrecadação das garrafas pets. O que se pode observar no momento da entrevista pela pesquisadora é que, mesmo as organizações que declararam que o programa social beneficiou totalmente a questão ambiental, não conseguiram identificar quais as ações relacionavam-se a este quesito.

A última parte da pesquisa partiu do objetivo de verificar o grau de ocorrência dos processos de planejamento e gerenciamento estratégico sustentável nas organizações pesquisadas e, para tanto, partiu da escala de grau de ocorrência (1 – não ocorre, 2 – pouco ocorre, 3 – indiferente, 4 – ocorre parcialmente, e 5 – ocorre totalmente).

Tabela 03 - Planejamento e gerenciamento estratégico nas organizações

N Mínimo Máximo Média Desvio Minha organização realiza a análise externa (mercado –

oportunidade e ameaças) e interna (empresa – pontos fracos e fortes).

10 4.00 5.00 4.6000 .51640

Minha organização fixa seus objetivos de acordo com: princípios e valores organizacionais, pelas oportunidades e ameaças, pelos pontos fortes e fracos a melhorar;

10 4.00 5.00 4.9000 .31623

Minha organização estabelece estratégias e ações:

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N Mínimo Máximo Média Desvio Minha organização coloca em prática as estratégias e

ações estabelecidas; 10 4.00 5.00 4.8000 .42164

Minha organização monitora, controla e avalia o que foi

planejado; 10 2.00 5.00 4.7000 .94868

Minha organização dá a devida atenção ao gerenciamento

financeiro; 10 4.00 5.00 4.9000 .31623

Minha organização mensura os resultados com indicadores apropriados, além dos tradicionais, tais como nível de satisfação das pessoas atendidas;

10 4.00 5.00 4.7000 .48305

Fonte: Dados da pesquisa (2012)

Como se pode observar na tabela 03, uma das variáveis mais positivas se refere às organizações fixarem seus objetivos de acordo com princípios e valores organizacionais, pelas oportunidades e ameaças, pelos pontos fortes e fracos. Na visão das pesquisadas, estas fixam seus objetivos conforme suas necessidades, sendo que há um improviso na fixação de objetivos por parte de algumas organizações, o que ocasionou alguns contrastes nas respostas obtidas das organizações.

Igualmente com média de 4,9000, as organizações demonstraram que buscam melhorar e estabelecer estratégias e ações através de caminhos e atitudes que permitirão alcançar tais objetivos. Neste sentido, verificou-se que as organizações traçam suas metas e estratégias conforme seus projetos, envolvendo todos os profissionais das organizações. E, de acordo com as pesquisadas, o planejamento é realizado no início de cada ano, quando traçam as estratégias e ações de forma a tornar viável o que foi planejado.

Outro ponto positivo relaciona-se ao fato das organizações darem a devida atenção ao gerenciamento financeiro, igualmente com média de 4.9000. Neste ponto, a maioria das organizações relatou que tentam manter em dia suas contas e a parte contábil, além de estabelecerem um planejamento financeiro no começo de cada ano, o qual é seguido rigorosamente. Entretanto, foi destacado que a maioria ainda necessita de doações, tanto advindas do sistema de telemarketing, quanto de

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doações de pessoas jurídicas, sendo que algumas ainda participam e organizam eventos para gerar renda à organização. Outra fonte de recurso financeiro relaciona-se aos projetos, os quais necessitam de controle e acompanhamento financeiro de acordo com o planejamento de cada projeto, para uma adequada prestação de contas. Pode-se verificar que uma das organizações pesquisadas faz o seu gerenciamento com ênfase em ações sustentáveis, como, por exemplo, projetos que visam produzir o que necessitam para consumir, sendo que procura reaproveitar tudo o que pode ser reutilizado pela organização.

A afirmativa relacionada a se as organizações colocam em prática as estratégias e ações estabelecidas, com média de 4.8000, igualmente positiva, de acordo com as organizações, tais práticas são colocadas em prática conforme o cronograma que é elaborado de acordo com o planejamento realizado pelas mesmas no começo de cada ano e conforme as ações planejadas nos seus projetos.

No que tange a mensurar os resultados com indicadores apropriados, além dos tradicionais, tais como nível de satisfação das pessoas atendidas, com média de 4.7000, de acordo com as organizações, são realizadas pesquisas com os colaboradores, principalmente com os atendidos, o que é avaliado levando em consideração a comparação do que foi planejado com os resultados alcançados. Entretanto, observou-se que uma das organizações pesquisadas realiza seu gerenciamento financeiro com base em ações sustentáveis, possuindo indicadores de resultados relacionados na reutilização e reciclagem de produtos.

Observa-se que, dentre as afirmativas que obtiveram menores médias, mas ainda assim positivas, a primeira delas relaciona-se a se as organizações monitoram, controlam e avaliam o que foi planejado, a qual obteve uma média igual a 4,7000. Entretanto, dentre as afirmativas, foi a única que obteve um desvio padrão de 0,94868, e atribuição de um mínimo de 2 e máximo de 5, o que demonstra que existem organizações em que esta variável pouco ocorre. De acordo com as pesquisadas, isto se deve a falta de pessoal, ou seja, são várias as atividades a serem desenvolvidas e, quando percebem, muitas vezes já está ocorrendo o problema, sendo que o mesmo necessita ser resolvido e, não, evitado. O motivo

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deste gargalo é justificado pelas pesquisadas, tendo em vista a não existência do controle e o monitoramento para serem identificados os possíveis problemas. Entretanto, foi ressaltado que algumas organizações conseguem realizar o monitoramento do que esta sendo executado, para tomar as devidas providências, caso algo não esteja dentro do que foi planejado.

A segunda afirmativa que merece atenção relaciona-se a se as organizações realizam a analise externa de seu mercado e interna da própria empresa, com média de 4.6000, e, de acordo com as pesquisadas, não existe pessoal específico para realizar esta análise, e se pode observar que muitas empresas desconsideram a importância em relação à análise externa do mercado.

Observou-se, durante a pesquisa, que algumas organizações desconhecem o verdadeiro significado do conceito de sustentabilidade, mesmo que algumas organizações até pratiquem ações sustentáveis, mas não a identificam como tal. Outro ponto evidenciado é que algumas organizações associam sustentabilidade com conseguir pagar as contas em dia, ou seja, à variável financeira, sendo que, são poucas as organizações que sabem o verdadeiro significado do real alinhamento entre os preceitos sustentáveis, sejam eles, o econômico, o social e o ambiental.

Um fator que se configurou como um grande problema por parte das organizações foi a falta de pessoas, ou seja, colaboradores necessários para dar continuidade aos projetos ou até mesmo para o desenvolvimento destes de maneira eficiente, tendo em vista que a maioria das organizações depende de voluntários, ocorrendo um rodízio muito grande de pessoas, o que acarreta a não continuidade de muitos projetos.

Com base nos relatos das organizações, referente ao processo de planejamento e gerenciamento, observou-se que grande parte das organizações destacou ter conhecimento de como se elabora um planejamento, bem como a análise do gerenciamento de todas as questões administrativas, devido às capacitações e palestras proporcionadas pelo programa social.

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013 5 CONCLUSÃO

Quanto ao objetivo geral de verificar o impacto do programa social para o desenvolvimento do empreendedorismo social, e consequente melhora na gestão das organizações sociais beneficiadas pelo programa, verificou-se uma significativa contribuição do programa para a sustentabilidade das organizações sociais. Ao levantar informações do programa social, pode-se perceber que os objetivos principais do programa são proporcionar a sustentabilidade das organizações sociais e difundir o empreendedorismo social nas próprias organizações sociais, sociedade em geral e empresas privadas, além de proporcionar para as organizações sociais participantes a organização de sua documentação contábil em dia.

Quanto aos objetivos específicos, obteve como resultados, no que tange ao grau de empreendedorismo social das Instituições envolvidas no programa social, de acordo com os dados obtidos na pesquisa, o ponto de maior relevância no fato de as organizações buscarem dar ênfase na civilização das cidades, tendo em vista que o foco de suas atividades é basicamente no social, o que indiretamente proporciona a civilização das cidades. Entretanto, o aspecto de relevância negativa nas pesquisas, está relacionado às organizações ainda não serem percebidas pelo setor institucional formal, sem fins lucrativos, nem pela grande sociedade.

Quanto à contribuição do programa social nos processos de planejamento e gerenciamento estratégico sustentável, junto às organizações beneficiadas pelo projeto, identificou-se que, com referência ao tripé da sustentabilidade (social, ambiental e econômico), o aspecto mais positivo foi o social, ou seja, o Programa beneficia principalmente o trabalho de cunho social das organizações, além de proporcionar a credibilidade social perante outras empresas e órgãos públicos, o que auxilia na viabilização de mais projetos de outros editais, além das parcerias proporcionadas pelo programa social e as capacitações e elaborações de projetos. Entretanto, dentre as variáveis do tripé de menor contribuição, identificou-se a questão ambiental, devido ao fato de muitas organizações possuírem seu foco principal nas questões sociais.

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Quanto ao processo de planejamento e gerenciamento, todas as variáveis pesquisadas configuraram-se em aspectos positivos. Entretanto, evidenciaram-se algumas contradições nas respostas marcadas frente às declarações de como as mesmas eram realizadas na prática.

Pode-se concluir que, de acordo com os resultados da presente pesquisa, o programa social contribui significativamente para a sustentabilidade das organizações sociais analisadas e, visando à melhoria contínua destes resultados, sugere-se que sejam integradas questões de âmbito ambiental. Outro ponto importante, que cabe como sugestão, relaciona-se à necessidade da realização de palestras que evidenciem o verdadeiro conceito da sustentabilidade, e como as práticas e as ações das organizações podem se alinhar aos preceitos sustentáveis.

Entre as limitações do estudo, mencionam-se a dificuldade de aplicar as entrevistas, devido o grande fluxo de entradas e saídas de pessoas nas organizações, pessoas essas que, em muitas vezes, eram responsáveis pela gestão e projetos das organizações.

Esse estudo verificou, como contribuição de sugestões para pesquisas futuras, se as empresas privadas possuem programas socioambientais significativos ou meras ações paliativas.

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Recebido em 06/05/2013. Aceito em 27/09/2013.

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Tabela 01 - Grau de empreendedorismo social
Tabela 03 - Planejamento e gerenciamento estratégico nas organizações

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