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Formação do professor do aluno surdo usuário de implante coclear: uma proposta em parceria com o fonoaudiólogo

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Academic year: 2021

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Formação do professor do aluno surdo usuário de implante

coclear: uma proposta em parceria com o fonoaudiólogo

Ana Claudia Tenor

Secretaria Municipal de Educação de Botucatu e-mail: anatenor@yahoo.com.br

Comunicação Oral Relato de Experiência

Resumo

O objetivo desse estudo foi acompanhar o desenvolvimento de linguagem do aluno surdo usuário de implante coclear e capacitar os professores que atuavam com esses alunos. O trabalho foi desenvolvido em um núcleo do interior do estado de São Paulo que desenvolve um trabalho de suporte à inclusão e aos professores. Participaram do trabalho a coordenadora do núcleo, cinco professores do ensino regular e duas professoras de sala de recursos multifuncionais que atendiam esses alunos.O estudo foi desenvolvido em quatro etapas: na primeira etapa a fonoaudióloga acompanhou o desenvolvimento de linguagem dos alunos, na segunda etapa conversou sobre a comunicação dos alunos surdos junto a coordenadora e professoras de sala de recursos; na terceira etapa realizou uma reunião com a coordenadora, professores que atendiam esses alunos e ministrou uma palestra; na quarta etapa conversou com os pais desses alunos para discutir sobre o trabalho desenvolvido em parceria com os professores e identificar suas expectativas em relação ao desenvolvimento de linguagem da criança surda. Os professores de sala de recursos e do ensino regular reconheciam a importância do ensino de Libras e da inserção de Libras em sala de aula para o melhor desenvolvimento dos alunos surdos. Os pais se mostraram resistentes ao ensino de Libras e tinham como expectativa o desenvolvimento da comunicação oral. É necessário o desenvolvimento de um trabalho envolvendo as famílias, professores do AEE e do ensino regular.

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2 Introdução

O implante coclear é uma prótese eletrônica usada para promover a estimulação auditiva nos indivíduos com perda neurossensorial profunda bilateral, que tem como finalidade melhorar a capacidade de comunicação oral destes indivíduos (SCARANELLO, 2005).

Os estudos evidenciaram que o nível de envolvimento familiar é um aspecto a ser considerado, sendo que o grau de comprometimento dos pais no processo de (re) habilitação da criança é decisivo para o sucesso do tratamento (MOELLER, 2000; BEVILACQUA; FORMIGONI, 2005; MORET et. 2006; RESEGUI-COPPI, 2008). A literatura evidenciou que um número significativo de pais que optam pelo implante coclear deposita na cirurgia a última esperança de fazer o filho ouvir e falar. Entretanto, essa tecnologia não assegura o desenvolvimento das habilidades auditivas e de linguagem oral, pois isso depende de inúmeros fatores, tais como: a capacidade de memória auditiva, adequada estimulação no ambiente familiar, intervenção fonoaudiológica precoce, entre outros (SANTANA, 2005; 2007; YAMANAKA et al. 2010; GALE, 2011; MOMENSHON-SANTOS; OLIVEIRA; HAYASHI, 2011; VALADAO et al. 2012; LEDERBERG; SCHICK; SPENCER, 2013).

Nesse sentido, pesquisadores têm debatido o uso de implante coclear e o ensino da língua de sinais, considerando que as crianças surdas usuárias desse dispositivo e inseridas em um ambiente bilíngue podem se beneficiar, além de a inserção da língua de sinais não interferir de forma negativa no desenvolvimento auditivo e linguístico dessas crianças (GALE, 2011; GUIMARÃES; KELMAN; NASCIMENTO, 2011; KELMAN et al. 2011; VALADAO et al. 2012).

O trabalho de linguagem com a criança surda sofre influência da orientação dos profissionais aos pais e a escola. O fonoaudiólogo enquanto profissional que atua com as questões de linguagem poderá auxiliar os professores a compreenderem as habilidades e necessidades linguísticas do aluno surdo.

Nessa perspectiva o fonoaudiólogo poderia oferecer parcerias às escolas, auxiliando o professor a avaliar o desenvolvimento linguístico do aluno surdo, a compreender as dificuldades de comunicação, bem como estabelecer estratégias para superá-las (LAMÔNICA; MATUMOTO; MOURA, 2013).

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Sendo assim, o objetivo desse estudo foi acompanhar o desenvolvimento de linguagem do aluno surdo usuário de implante coclear e capacitar os professores que atuavam com esses alunos.

Metodologia

O estudo foi desenvolvido no ano de 2011, em um núcleo do interior paulista, que desenvolvia um trabalho de apoio à inclusão de alunos surdos no ensino regular. Participaram do trabalho a coordenadora do núcleo, cinco professoras do ensino regular e duas da sala de recursos multifuncionais. A pesquisadora era a fonoaudióloga que atendia cinco alunos usuários de implante coclear, sendo três da Educação Infantil (dois do gênero masculino e um do gênero feminino), dois do Ensino Fundamental (um do gênero masculino e um do gênero feminino).

Dois alunos da Educação Infantil cursavam a Etapa 1 e um a Etapa 2, e os dois alunos do Ensino Fundamental cursavam o 2º ano. Na primeira etapa a fonoaudióloga avaliou a linguagem dos alunos surdos. Na segunda etapa discutiu a respeito do desenvolvimento de linguagem dos alunos surdos junto a coordenadora e professoras de salas de recursos multifuncionais. Na terceira etapa agendou uma reunião da qual participou a coordenadora do núcleo, cinco professoras do ensino regular, duas professoras da sala de recursos e ministrou uma palestra abordando os temas: recursos tecnológicos para o aluno deficiente auditivo, desenvolvimento de linguagem, estratégias de comunicação, sugestões de atividades para trabalhar as habilidades auditivas e linguagem no contexto escolar. Na quarta etapa ocorreu uma reunião com os pais dos alunos, da qual participaram a coordenadora do núcleo e as duas professoras da sala de recursos. Foi apresentado o trabalho desenvolvido em parceria com as escolas, fonoaudiólogo e professores de sala de recursos, bem como identificada as expectativas das famílias em relação ao desenvolvimento de linguagem da criança surda.

Resultados e discussão

Os alunos surdos apesar de fazerem uso de implante coclear, ainda não tinham desenvolvido a linguagem oral. As famílias tinham a expectativa de desenvolvimento da oralidade e não aceitavam o ensino de Libras aos filhos surdos. Os professores se demonstravam preocupados com o fato dos alunos surdos não apresentarem

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uma língua constituída, bem como com as dificuldades que vinham ocorrendo no processo de ensino e aprendizagem desses alunos e consideravam necessário o ensino de Libras para auxiliar no processo de letramento. As professoras de sala de recursos multifuncionais também consideravam importante o ensino de Libras aos alunos com surdez, principalmente para os que cursavam o Ensino Fundamental e apresentavam dificuldades escolares em decorrência da falta de uma língua constituída, mas respeitavam a opção da família e não ensinavam Libras sem o consentimento dos pais.

O estudo apontou a necessidade de o fonoaudiólogo desenvolver um trabalho junto às famílias dos alunos surdos e também com a escola.

Conclusões

Os resultados apontaram a necessidade de um trabalho com as famílias das crianças surdas, buscando sensibilizá-las para a importância do ensino de Libras e envolvê-las com a escola. Além do trabalho com as famílias é importante o fonoaudiólogo estender sua ação a toda equipe escolar e fortalecer a atuação em parceria com o professor de sala de recursos multifuncionais e professor de ensino regular para que juntos possam pensar em ações e estratégias que auxiliem o desenvolvimento do aluno surdo.

Referências

BEVILACQUA, M.C.; FORMIGONI, G.M.P. O desenvolvimento das habilidades auditivas.In:BEVILACQUA,M.C.; MORET, A.L.M. Deficiência auditiva: conversando com familiares e profissionais da saúde. São José dos Campos: Pulso, 2005, p. 179-201.

GALE, E. Exploring perspectives on cochlear implants and language acquisition within the deaf community. Journal of Deaf Studies and Deaf Education, v. 16, n. 1, Winter, 2011.

GUIMARAES, A.D.S.; KELMAN, C.A.; NASCIMENTO, R.T. Expectativas dos pais quanto aos benefícios do implante coclear em contextos educacionais bilíngues. In:Anais... VII Congresso Brasileiro Multidisciplinar de Educação Especial, VIII

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Encontro da Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial, Londrina, 2013, p. 2304-2311.

KELMAN, C.A. et. al. Surdez e família: facetas das relações parentais no cotidiano comunicativo bilíngue. Linhas Críticas, Brasília, v. 17, n. 33, p. 349-365, maio/ago. 2011.

LAMÔNICA, D.A.C.; MATUMOTO, M.A.S.; MOURA, M.C. O atendimento educacional especializado e a atuação do fonoaudiólogo educacional junto a serviços de educação especial. In: Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª Região/SP (Org.). Fonoaudiologia na Educação: A Inclusão em Foco. Expressão e Arte Editora, 2013, p. 73- 132.

LEDERBERG, A.R.; SCHICK, B.; SPENCER, P.E. Language and literacy development of deaf and hard- of- hearing children: successes and challenges.

Developmental Psychology, v. 49, n. 1, p. 15-30, 2013.

MOELLER, P.M. Early intervention and language development in children who are deaf and hard of hearing. Pediatrics, v. 106, n. 3, p. 43-52, 2000.

MOMENSOHN -SANTOS, T.M.M., OLIVEIRA, A.P.; HAYASHI, N.Y. Descrição das expectativas e dos sentimentos das famílias de crianças deficientes auditivas usuárias de implante coclear. Revista Distúrbios da Comunicação, São Paulo, v. 23, n. 3, p. 307-315, 2011.

MORET, A.L.M. et al. Orientação e aconselhamento familiar na terapia fonoaudiológica de crianças com necessidades especiais. In: GENARO, K.F.; LAMÔNICA, D.A.C.; BEVILACQUA, M.C. O processo de comunicação: contribuição para a formação de professores na inclusão de indivíduos com necessidades educacionais especiais. São José dos Campos: Pulso, 2006, p.277-287.

RESEGUI- COPPI, M.M. Desenvolvendo as habilidades auditivas em crianças

usuárias de implante coclear: estratégias terapêuticas. 2008. 183 f. Dissertação

(mestrado)- Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, Bauru, 2008.

SANTANA, A.P. O processo de aquisição da linguagem: estudo comparativo de duas crianças usuárias de implante coclear. Revista Distúrbios da Comunicação, São Paulo, v. 17, n.2, p. 233- 243, 2005.

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_______. Surdez e linguagem: aspectos e implicações neuroliguísticas. In: SANTANA, A.P. (Org.). 3ª ed. São Paulo: Plexus, 2007.

SCARANELLO, C.A. Reabilitação auditiva pós implante coclear. Medicina (Ribeirão Preto), v. 38, n. 3/4, p. 273-278, 2005.

VALADAO, M. N. et. al. Língua brasileira de sinais e implante coclear: relato de um caso. Revista Educação Especial, Santa Maria v. 25, n. 42, p. 89-100, 2012.

YAMANAKA, D.A.R. et al. Implante coclear em crianças: a visão dos pais.

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