Potˆencia el´etrica, Fator de Potˆencia e Corre¸c˜
ao
de Fator de Potˆencia
Prof. C´esar M. Vargas Ben´ıtez
Departamento Acadˆemico de Eletrˆonica,
Universidade Tecnol´ogica Federal do Paran´a (UTFPR)
Sum´
ario
1 Potˆencia el´etrica e fator de potˆencia 3
1.1 Potˆencia em circuito puramente resistivo . . . 3
1.2 Potˆencia em circuito puramente reativo . . . 4
1.3 Potˆencia aparente e fator de potˆencia . . . 5
1.4 Triˆangulo de potˆencias . . . 5
1
Potˆ
encia el´
etrica e fator de potˆ
encia
Um dos parˆametros que mais interessa ´e a potˆencia el´etrica. Por exemplo, ´e importante conhecer a potˆencia fornecida por um alternador, a potˆencia consumida por um motor el´etrico, a potˆencia emitida por uma emissora de radio, entre outros.
A tens˜ao alternada aplicada a um circuito composto por elementos pas-sivos ´e uma fun¸c˜ao no tempo. A corrente resultante tamb´em ´e uma fun¸c˜ao no tempo que depende dos elementos que comp˜oem o circuito.
Por defini¸c˜ao, a potˆencia instantˆanea ´e o produto da tens˜ao pela corrente: p = vi
Para tens˜ao e corrente senoidal :
v = Vmsen(ωt)
i = Imsen(ωt + θ)
A potˆencia instantˆanea ´e dada por:
p = vi = Vmsen(ωt)Imsen(ωt + θ)
Aplicando identidades trigonom´etricas, temos
p = V Icosθ(1 − cos2ωt) + V Isenθ(sen2ωt) Onde,
V e I representam o valor eficaz da tens˜ao e corrente, respectivamente. Estes valores foram obtidos a partir das opera¸c˜oes com as identidades trigonom´e-tricas.
Expandindo a equa¸c˜ao, temos
p = V Icosθ − V Icosθcos2ωt + V Isenθsen2ωt V Icosθ representa o valor m´edio;
V Icosθ e V Isenθ representam o valor pico.
1.1
Potˆ
encia em circuito puramente resistivo
Em um circuito puramente resistivo, a tens˜ao e a corrente est˜ao em fase. Ou seja, θ = 0o .
Substituindo θ na equa¸c˜ao da potˆencia instantˆanea, temos pR= V Icos0o− V Icos0ocos2ωt + V Isen0osen2ωt
Simplificando,
pR = V I − V Icos2ωt
A potˆencia total fornecida ao resistor ´e liberada na forma de calor. A potˆencia m´edia (ou potˆencia ativa) pode ser derivada de pR:
P = V I = VmIm
2 = I
2R = V2
R
Unidade: watts [W]
A energia dissipada pelo resistor ´e dada por W = P t
1.2
Potˆ
encia em circuito puramente reativo
Em um circuito puramente indutivo, θ = 90o. Portanto, temos
pL = V Isen2ωt
Em um circuito puramente capacitivo, θ = −90o. Portanto, temos
pC = −V Isen2ωt
Em um circuito puramente reativo, a potˆencia m´edia tem um valor nulo (n˜ao ´e produzido nenhum trabalho ´util).
Em geral, a potˆencia reativa ´e definida da seguinte maneira: Q = V Isenθ
Unidade: volt-amp`ere reativo [VAR] Para o indutor, temos
QL = V I V = IXL I = V /XL QL = V 2 XL = I 2X L
Para o capacitor, temos
QC = V I V = IXL I = V /XL QC = V 2 XL = I 2X L
1.3
Potˆ
encia aparente e fator de potˆ
encia
A potˆencia aparente ´e definida por S = V I Unidade: volt-amp`ere [VA]
O m´ultiplo mais utilizado ´e o kVA. O Fator de potˆencia ´e definido por
FP = PS = cosθ
Por defini¸c˜ao, o fator de potˆencia ´e um n´umero adimensional entre 0 e 1. Quando o fator de potˆencia ´e igual a zero (0), o fluxo de energia ´e inteiramente reativo, e a energia armazenada ´e devolvida totalmente `a fonte em cada ciclo. Quando o fator de potˆencia ´e 1, toda a energia fornecida pela fonte ´e consumida pela carga.
Normalmente o fator de potˆencia ´e assinalado como atrasado ou adiantado para identificar o sinal do ˆangulo de fase entre corrente e tens˜ao.
1.4
Triˆ
angulo de potˆ
encias
As potˆencias m´edia, reativa e aparente podem ser relacionadas na forma vetorial: S=P+Q Com P=P6 0o QL=QL6 90o QC=QC6 − 90o Na forma fasorial: S=P + jQ Para um circuito RL: S=P + jQL Para um circuito RC: S=P − jQC
De forma geral, a potˆencia complexa pode ser determinada a partir de V e I
S=VI∗
Onde,
I∗ ´e o conjugado da I. P = V Icosθ = ReS Q = V Isenθ = ImS
As Figuras 1(a) e 1(b) apresentam os triˆangulos de potˆencia para circuitos RL e RC, respectivamente.
(a) (b)
Figura 1: Triangulos de potˆencia para circuitos RL e RC
No Brasil, a Agˆencia Nacional de Energia El´etrica - ANEEL estabelece que o fator de potˆencia nas unidades consumidoras deve ser superior a 0,92 capacitivo durante 6 horas da madrugada e 0,92 indutivo durante as outras 18 horas do dia. Este limite ´e determinado pelo Artigo nˇz 64 da Resolu¸c˜ao ANEEL no456 de 29 de novembro de 2000. A mesma resolu¸c˜ao estabelece
que a exigˆencia de medi¸c˜ao do fator de potˆencia pelas concession´arias ´e obri-gat´oria para unidades consumidoras de m´edia tens˜ao (supridas com mais de 2,3kV) e facultativa para unidades consumidoras de baixa tens˜ao (abaixo de 2,3kV, como residˆencias em geral).
1.5
Corre¸
c˜
ao de fator de potˆ
encia
Na industria, a maioria das cargas consome energia reativa indutiva. Por exemplo, motores, transformadores, reatores, fornos de indu¸c˜ao, entre outros. A energia reativa sobrecarrega a instala¸c˜ao el´etrica e inviabiliza sua plena utiliza¸c˜ao. Enquanto a potˆencia ativa ´e sempre consumida na execu¸c˜ao de trabalho, a potˆencia reativa, al´em de n˜ao produzir trabalho, circula entre a carga e a fonte de alimenta¸c˜ao, ocupando um “espa¸co” no sistema el´etrico que poderia ser utilizado para fornecer mais energia ativa.
Um alto fator de potˆencia (idealmente =1) indica uma alta eficiˆencia e um fator de potˆencia baixo indica baixa eficiˆencia energ´etica. Algumas consequˆencias de fator de potˆencia baixo:
• Acr´escimo na conta de energia el´etrica;
• Limita¸c˜ao da capacidade dos transformadores de alimenta¸c˜ao; • Quedas e flutua¸c˜oes de tens˜ao nos circuitos de distribui¸c˜ao;
• Aumento das perdas el´etricas na linha de distribui¸c˜ao por efeito Joule. A introdu¸c˜ao de elementos reativos para aumentar o fator de potˆencia ´e conhecido como corre¸c˜ao de fator de potˆencia.
Para cargas indutivas, o processo envolve a adi¸c˜ao de capacitores em paralelo com a carga. A potˆencia aparente diminui ao aumentar o fator de potˆencia. Portanto, a utiliza¸c˜ao de potˆencia ´e mais eficiente.
Exemplo:
Um motor de 5hp com FP = 0, 6 e eficiˆencia de 92% ´e conectado a 208V,
60Hz.
• Esboce o triˆangulo de potˆencias para a carga;
• Determine o valor do capacitor que deve ser adicionado em paralelo para ter FP = 1 (puramente resistivo);
• Determine a corrente total fornecida pela fonte para o circuito n˜ao compensado e compensado.
Resp.: InaoCompensado = 32, 49A
ICompensado= 19, 49A
• Desenhe o circuito compensado 1hp= 746W
Rendimento: η = 92% = 0, 92 Po= 5 ∗ 746W = 3730W
Potˆencia fornecida pela fonte: Pi = Pηo = 37300,92 = 4054, 35W
θ = 53, 13o Aplicando tgθ = QL Pi, temos QL = tgθPi = 5405, 8VAR S =qP2 i + Q2L= 6757, 25VA
QL deve ser igual `a QC para ter S = P e FP = 1,
pois S = P +jQL - jQC. Assim, QC = QL = 5405, 8VAR Como XC = V 2 QC, temos XC = (208V ) 2 5305,8V AR = 8Ω C = 2πf X1 C = 331, 6µF