Concepções e Práticas de Professores e Expectativas
de Alunos
Tese de Mestrado de Mª Amélia Rafael, DEFCUL,1998
Alexandra Preto
Sílvia Dias
Avaliação das Aprendizagens
Objecto principal da Investigação:
Estudo da relação entre as concepções e as práticas pedagógicas dos professores de Matemática, no âmbito da avaliação dos alunos, no ensino secundário.
AVALIAÇÃO EM MATEMÁTICA NO ENSINO SECUNDÁRIO
Concepções e Práticas de Professores e Expectativas de Alunos
Questões do estudo:
1. Como entendem os professores o papel da avaliação no ensino secundário? 2. Que práticas desenvolvem quando avaliam as aprendizagens dos alunos?
3. De que forma as concepções dos professores se relacionam com as suas práticas de avaliação?
4. Com que dilemas se confrontam?
5. Até que ponto as práticas de avaliação dos professores correspondem às expectativas dos alunos e de que modo influenciam a relação destes com a Matemática?
A importância do estudo decorre das seguintes razões:
O professor é elemento-chave no processo educativo;
As concepções desempenham papel de relevo na tomada de decisões do professor;
Há necessidade de conhecer efectivamente os ambientes onde se processam ensino e aprendizagem;
A avaliação é peça fundamental do processo de ensino-aprendizagem;
A compreensão dos processos de avaliação poderá oferecer algum contributo para estruturar a avaliação informal, diversificar a utilização de instrumentos mais adequados aos alunos;
Pode ser um contributo para a identificação de aspectos relevantes no processo de avaliação, ensino e aprendizagem dos alunos, que possam integrar a formação de professores nesta área.
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Concepções dos professores
Neste estudo,
O termo “concepções” é assumido como sinónimo de beliefs – verdades sustentadas por cada um, derivadas da experiência ou da fantasia, com uma forte componente afectiva e avaliativa (Pajares, 1992)
Admite-se que fazem parte dum sistema dinâmico, constituído por perspectivas, conhecimentos e valores, em constante interacção, onde os seus elementos se influenciam mutuamente determinando as acções do indivíduo, explícita ou implicitamente.
“A investigação tem mostrado que existe uma relação entre as concepções dos professores e as práticas que desenvolvem na sala de aula...”
Thompson, 1992, citado em Rafael, 1998, p. 4
Fundamentação teórica:
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“A concepção de cada um sobre o que é a Matemática afecta a sua concepção de como deve ser ensinada. A maneira que cada um tem de a apresentar é indicação daquilo que acredita ser nela mais essencial (...). A questão, então, não é, «Qual é a melhor forma de ensinar?» mas, «O que é realmente a Matemática?».
Hersh, 1986, citado por Canavarro, 1993, p. 4
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Concepções e Práticas de Professores e Expectativas de Alunos
“A Matemática de hoje não é a Matemática de ontem, ela surge mais dinâmica e está em constante evolução...não pode ser encarada como um corpo de conhecimento, à semelhança de um produto, ou mesmo encarada essencialmente como actividade, à semelhança de um processo.”
Concepções acerca da natureza da Matemática
Segundo Lerman (1983) existem 2 perspectivas: 1. Absolutista
2. Falibilista
Segundo Ernest (1988) existem 3 filosofias da Matemática: 1. Instrumentalista
2. Platonista
3. Resolução de problemas
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Avaliação
“As formas de avaliação dominantes influenciam fortemente o estilo de ensino e de aprendizagem, podendo perverter um processo de renovação ao nível dos objectivos e dos métodos.”
Abrantes, 1988, p.29
Concepções e modalidades de avaliação
Segundo Leal (1992), podemos destacar: Avaliação como medida
Avaliação como congruência
Avaliação como interpretação de medida
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Conceito de avaliação
Num sentido, a avaliação (assessment) é definida como “processo de acumulação de provas sobre o conhecimento dum aluno face à Matemática, a sua capacidade para a usar, e predisposição para a Matemática e de fazer inferências dessa evidência para uma variedade de finalidades” (Webb, 1993a)
Por outro lado, avaliação (evaluation) significa “processo de determinação da importância, ou designação de um valor, a algo na base dum exame ou juízo” (Webb, 1993a)
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As novas orientações e a avaliação da aprendizagem
As Normas Curriculares (1989/91) e as Normas Profissionais(1991/94) do NCTM apresentam como objectivos gerais para todos os alunos:
1. Aprender a dar valor à Matemática; 2. Adquirir confiança na sua capacidade;
3. Tornar-se apto a resolver problemas matemáticos; 4. Aprender a comunicar matematicamente;
5. Aprender a raciocinar matematicamente.
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Abrantes (1988) sistematiza princípios gerais que orientem a avaliação em Matemática: 1. Integração 2. Carácter positivo 3. Generalidade 4. Variedade 5. Consistência
Para que avaliar?
1. Informação para o aluno 2. Informação para o professor 3. Informação para o sistema
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O que avaliar?
As Normas (National Counsil of Teachers of Mathematics, 1989/91) indicam 7 directivas: 1. Poder matemático; 2. Resolução de problemas; 3. Comunicação; 4. Raciocínio; 5. Conceitos; 6. Procedimentos matemáticos;
Como avaliar?
a) Situações problemáticas; b) Observações;
c) Entrevistas abertas ou estruturadas; d) Apresentações orais;
e) Relatórios e ensaios escritos; f) Projectos;
g) Artigos; h) Diários; i) Portfolios;
j) Testes escritos de várias modalidades (ex. testes em duas fases) (k) Trabalhos de casa, entre outros.
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Metodologia
Estudo inserido numa perspectiva qualitativa de investigação, segundo a metodologia dos estudos de caso.
Participantes
3 professores: Filipa, Luís e Maria – com vários anos de serviço, diferentes tipos de formação e participação diferenciada em encontros de professores e cursos de formação.
15 alunos - cinco de cada um dos professores.
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Recolha de dados
Entrevistas semi-estruturadas Observação de aulas
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Defendem que devem ser os alunos a colocar questões e a enfrentar os problemas;
Perspectivam o professor como facilitador das aprendizagens, despertando o gosto pela descoberta da Matemática;
O aluno deve ser responsabilizado pela aprendizagem.
Ciência de grande utilidade que acompanha a evolução do mundo real; Diferenciam a Matemática como ciência da Matemática escolar.
Tarefa difícil, complexa, marcada pela subjectividade;
O tipo de avaliação a desenvolver ao longo do processo de ensino-aprendizagem, avaliação formativa, entra em contradição com os exames nacionais.
Absolutista numa perspectiva mais progressista
Aproxima-se da perspectiva de resolução de problemas Absolutista, com alguma
influência da falibilista Instrumentalista, embora valorize a resolução de problemas Absolutista Platonista e Instrumentalista Matemática Maria Luís Filipa
Alunos como matemáticos; Atribui vantagens à aprendizagem com novas
tecnologias;
Valoriza a comunicação, a relação da matemática com a realidade e o trabalho de grupo Aprendizagem por descoberta
pela via da resolução de problemas
Defende o rigor e a clareza; Valoriza a aquisição
conhecimentos e
desenvolvimento capacidades (resolução de problemas); Treino mental como forma de
aprender. Ensino-Aprendizagem Classificação e Regulação Classificação Classificação Avaliação C o n c e p ç õ e s Professores
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Gosto pela Profissão Gosto pela profissão
Ser professora garante segurança e estabilidade
Decisões relativas à gestão da sala de aula.
Ensino versus empresa onde trabalha
Início da carreira, ensino versus ligação a uma empresa
Análise dos testes escritos, do desempenho dos alunos noutras tarefas e dos instrumentos de registo
das observação que faz na aula Realiza auto-avaliação Testes escritos
Testes escritos
Os exames constituem o eixo condutor da sua prática; Ensino centrado no professor;
Os conteúdos direccionam o trabalho que desenvolvem;
Valorizam a avaliação sumativa, pois a formativa quando realizada acaba por ser convertida como se de sumativa se tratasse.
Defendem os diferentes domínios da aprendizagem mas privilegiam o dos conhecimentos, pois pretendem cumprir o programa;
A falta de pré-requisitos apresenta-se como factor impeditivo do processo das aprendizagens; Dificuldade em seleccionar problemas do 10º ano adaptados ao programa;
Dar resposta a questões que não foram previstas na preparação das aulas; Dilemas Práticas Pedagógicas Maria Luís Filipa Professores
Perspectivas dos alunos
Visão da Matemática associada ao cálculo e à produção de respostas certo-ou-errado.
Idealizam uma Matemática mais viva ligada ao mundo real que acompanha a evolução da sociedade, diferente da que estão habituados.
Defendem a necessidade de integrar na sua aprendizagem as novas tecnologias e novas formas de trabalhar.
Permitem o desenvolvimento de outro tipo de competências
Privilegiam a relação, a comunicação e interacção professor-aluno como aspecto fundamental ao seu envolvimento com a disciplina.
Perspectivam a avaliação como classificação.
Têm a perfeita percepção das limitações dos testes escritos e do tipo de avaliação a que são sujeitos.
Por não terem experiência com outros tipos de avaliação não põem em causa o peso reduzido atribuído à avaliação formativa.
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Reforma dos Currículos
Mudanças das Práticas Pedagógicas Necessidade de novas estratégias de avaliação e instrumentos diversos Exames Nacionais Provas Globais Práticas Pedagógicas Tradicionalistas Competências no domínio dos conhecimentos Desenvolver Competências
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Contexto Institucional
Concepções do professor
Práticas do professor Dilemas
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