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Casas Brutalistas em Porto Alegre

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Academic year: 2021

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XIII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis

XIII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 27 de novembro a 01 de dezembro de 2017

Casas Brutalistas em Porto Alegre

Daniela Biasuz Trevisan

Arquiteta e Urbanista

Centro Universitário Ritter dos Reis danibiasuz@hotmail.com

Resumo: O presente trabalho tem como tema a arquitetura residencial de viés

brutalista na cidade de Porto Alegre, realizadas no final dos anos de 1960 e início de 1970. O brutalismo é um termo que possui inúmeros significados e vertentes na historia arquitetônica, assim sendo, foi optado por selecionar a Escola Paulista como referência. O Brutalismo Paulista – com auge de produção nos anos 1960 – tem como características a exposição do concreto aparente, a valorização da estrutura e dos componentes complementares e o uso de produtos industrializados. O objetivo desse trabalho é identificar residências gaúchas com essas características brutalistas. Os projetos foram selecionados – através de observação iconográfica – a partir do livro Arquitetura Moderna em Porto Alegre de Alberto Xavier e Ivan Mizoguchi, e as obras escolhidas foram brevemente analisadas por critérios definidos com base em bibliografia consultada. Os resultados mostram que a cidade de Porto Alegre, apresenta uma arquitetura de viés brutalista nas construções residenciais.

1 Introdução

Os primeiros exemplares da arquitetura brutalista podem ser encontrados na Europa no período pós 2˚ Guerra Mundial, onde as cidades necessitavam de uma rápida reconstrução. Essa tipologia de arquitetura permitia uma ágil execução, visto que utilizava materiais industrializados, uso de concreto aparente com a marcação das formas de madeira, exposição da estrutura e dos sistemas complementares, sem qualquer revestimento ou requinte. De acordo com Zein (2007), o termo brutalismo é um tanto quanto complexo e é difícil de conseguir apenas uma definição – os vários conceitos se sobrepõem e acabam se complementando. O primeiro momento brutalista pode ser caracterizado por Le Corbusier, em 1946, através da obra da Unité

d’Habitation em Marselha. A Inglaterra sediou o segundo momento brutalista –

ou o novo brutalismo – através das obras dos arquitetos Alison e Peter Smithson, principalmente pelo projeto da Escola de Hunstanton, em 1949, que valorizava e demonstrava a técnica construtiva, com instalações e estrutura expostas. Nos Estados Unidos, a presença do brutalismo estava representada por Mies Van der Rohe e com seguidores de Frank Lloyd Wright (SANVITTO, 1994). Mies desenvolveu, em solo norte americano, uma renovação na sua arquitetura – um pouco diferente das suas obras antecedentes europeias – procurava formas volumétricas mais simples (resumindo-se em caixas de vidro), promovendo uma ideia diferente do convencional movimento moderno, através de um espaço universal, ou seja, que os espaços aceitassem todo tipo

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de função. Apesar do Brutalismo ser frequentemente associado ao concreto aparente, ele deve ser caracterizado pela verdade dos materiais, seja ele concreto, alvenaria ou metal.

No Brasil, essa vertente, representada pela Escola Paulista, começou a difundir-se a partir da segunda metade da década de 50. O Brutalismo Paulista desenvolveu características próprias e teve o ápice da sua produção nos anos 60, ocasionando a disseminação dessa corrente em outros estados brasileiros. Para definir a Escola Paulista deve-se prestar atenção em inúmeros fatores, inclusive “nem tudo que é paulista, nem tudo que é de concreto” (ZEIN, 2006, p.1) é considerado pertencente à essa corrente. A Escola Paulista, também conhecida como Escola Paulista Brutalista, foi uma linha arquitetônica desenvolvida entre os anos de 1950 e 1970, tendo como principal característica a utilização de volumes em concreto aparente. Inicialmente usado em pilares, vigas e lajes, o concreto passou a incorporar outros elementos, garantindo novas formas e características plásticas às construções. Sanvitto (1994) consegue fazer uma conceituação simplificada do Brutalismo Paulista, sendo aquela arquitetura que mostra a verdade dos materiais, a honestidade estrutural. Para fins de estudo e seleção das obras a serem analisas nessa pesquisa, tomou-se como definição de conceito as residências que possuíssem o concreto armado, com volumes únicos – de formas simplificadas – e com valorização da estrutura.

A metodologia utilizada para o desenvolvimento dessa pesquisa tomou como universo de pesquisa a publicação livro/catálogo Arquitetura Moderna em Porto Alegre, de Alberto Xavier e Ivan Mizoguichi, de 1987. O exemplar elenca 160 tipos de construções com características modernistas, datadas de 1935 a 1985, de valor arquitetônico e relevância cultural para a cidade. Dessas 160 construções, 39 são residências. A triagem das casas para o estudo obedeceu determinados critérios, tais como expressividade dos materiais, valorização da estrutura e univolumetria, e que apresentassem uma visível linhagem brutalista. Por fim, foram encontrados oito projetos que se encaixaram no perfil solicitado. O objetivo desse estudo é analisar brevemente os projetos dessas residências encontradas baseado em características formais, funcionais e técnicas.

2 Arquitetura Brutalista em Porto Alegre

Segundo Luccas (2000), a arquitetura porto-alegrense é feita através de uma composição estilística ao longo dos anos. Pode-se começar citando pelo inicio do século XX, com obras art-nouveau, ecléticas e até mesmo classicistas. Já pelos anos 30, apresentava sua própria versão art-déco e, ainda conforme

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Luccas (2000), os projetos modernistas, na Capital Gaúcha, começaram a aparecer por volta do final da década de 50, inicialmente, com influências cariocas. Petroli (2014) afirma que havia um contexto favorável de circunstâncias políticas no período pós Estado Novo (1937-1945), no qual a Arquitetura Moderna se afirmou em Porto Alegre através do desenvolvimento de novas construções – os primeiros arranha-céus e abertura de avenidas – com exploração do concreto armado. Pereira e Alvarez (2013) alegam que entre o final da década de 50 e o início da de 60 a Escola Carioca estava perdendo sua influência no cenário nacional, abrindo caminhos para os princípios brutalistas oriundos da Escola Paulista. Além da visível inspiração do brutalismo paulista, Luccas (2013) afirma que Le Corbusier e Mies Van der Rohe encontram-se entre as referências para as obras produzidas em Porto Alegre no período dos anos de 1960 e 1970.

Ainda de acordo com Luccas (2013), a Arquitetura Brutalista em Porto Alegre pode ser dividida em dois períodos: de 1959 a 1968 com os primeiros ensaios e edificações hibridas e após 1968 com a consolidação da linhagem na Capital. Para a fase das edificações híbridas, o maior exemplo que pode ser citado é o Centro Evangélico de Porto Alegre, datado em 1959 e de autoria de Carlos Maximiliano Fayet e Susy Therezinha Brücker Fayet. A edificação é composta por grandes superfícies de tijolo e concreto aparente com as marcas das formas, assim como o aproveitamento desses materiais em outros elementos, tais como calhas de iluminação e guarda-corpos. A REFAP – Refinaria Alberto Pasqualini – de 1960, é outro exemplo desse período. Com projeto de Carlos Fayet, Cláudio Luiz Araújo, Moacyr Moojen Marques e Miguel Pereira, a Refinaria apresenta características brutalistas como o uso de materiais aparentes, a valorização e generosidade estrutural. Outra característica da obra, é a utilização de estruturas pré-moldadas, sendo pioneira no Estado. Para o período em análise, inúmeras outras obras poderiam ser citadas, tais com o a Secretaria Municipal de Obras e Viação e o Hospital Presidente Vargas, ambos de 1966. As residências também foram laboratório para a exploração do concreto aparente. Em 1963, a Residência José Algarves, de Miguel Pereira e João Carlos Paiva da Silva, já utilizava grandes superfícies de concreto aparente em balanço, assim como os demais materiais da edificação expostos.

O final da década de 1960 começa a caracterizar a segunda fase desse movimento brutalista no Estado. O concreto, que anteriormente era de uso exclusivo da estrutura, nessa nova etapa, aparece como protagonista nas edificações – em muitos dos casos, torna-se o único material opaco da construção, acompanhado apenas dos fechamentos em vidro. A Agência José

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do Patrocínio da Caixa Econômica Federal (CEF), realizado em 1973 e de autoria de Jorge Debiagi, é uma amostra do período. Situado em um lote de esquina, o projeto apresenta um grande prisma de base retangular com uma platibanda em balanço, a laje nervurada de cobertura apoia-se sobre quatro pilares cruciformes de concreto. Além desse projeto da CEF, Debiagi realizou outras Agências similares nas avenidas Azenha e Protásio Alves. César Dorfman e Edenor Buchholz também foram responsáveis por alguns projetos de agências bancárias: a CEF Moinhos de Vento (1973) e a CEF Independência (1976), esta última, também com laje nervurada e trabalhada no concreto aparente, foram outros exemplos de construções brutalistas desenvolvidas no período.

3 Casas Brutalistas em Porto Alegre

Sanvitto (1994) afirma que as primeiras aparições da arquitetura brutalista em São Paulo podem ser vistas em exemplares residenciais. Eram nas casas que os arquitetos poderiam testar e experimentar as inúmeras maneiras de aplicação do concreto. A Arquitetura Residencial Brutalista chegou ao auge nos anos 60. Os arquitetos, com uma visão politica bastante social, preocupavam-se com a habitação popular, porém eram nas habitações burguesas que faziam os testes e praticavam essa nova forma arquitetônica. Ainda de acordo com a autora, havia dois conceitos geradores de partido volumétrico para essas casas: o prisma elevado e o grande abrigo. O prisma elevado é aquele projeto com um volume principal desvinculado do solo e configurado por pilotis (ou com o térreo recuado ou envidraçado), com um subsolo e algum outro elemento compositivo secundário. O grande abrigo configura-se por uma volumetria que chega até as divisas do terreno, quando isso não ocorre, há o fechamento com transparências ou com as vedações recuadas dos limites do lote. Com relação ao ordenamento interno a distribuição pode ser feita a partir de duas estratégias. A primeira a partir de um núcleo central, podendo ser ele um jardim interno, uma escadaria, um pé direito duplo, ou um espaço central com iluminação zenital. A segunda estratégia é através da unificação espacial, isto é, sem convencionais divisões dos compartimentos, com paredes de alturas mais baixas que o pé direito, permitindo a continuidade visual da cobertura. Nas residências brutalistas, a continuidade visual é usualmente encontrada nas áreas sociais, com estar, jantar e lazer unificados.

Assim como aconteceu em São Paulo, em Porto Alegre os caminhos foram quase os mesmos: a arquitetura residencial – leia-se: casas – servia

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como experimento para obras maiores. Uma das primeiras residências a “quebrar” o cenário arquitetônico vigente até o momento foi a Residência Edvaldo Paiva (1948), de autoria de Edgar Graeff, com características cariocas. Após essa ruptura, arquitetura residencial brutalista foi aos poucos conquistando espaço em solo gaúcho. Começou por edificações hibridas – com mistura de tendências – até conseguir representar com maior fidelidade as características da Escola Paulista. O Edifício FAM moradia dos autores do projeto – Carlos Fayet, Cláudio Araújo e Moacyr Marques – é um exemplo dessa fase de estilos híbridos: apresenta empenas laterais que representam os preceitos brutalistas com a estrutura demarcada e rusticidade no acabamento dos revestimentos e a fachada frontal com painel de venezianas, típico da Escola Carioca. A edificação limite dessa transição de períodos, pode ser representada pela Residência David Kopstein (1965), de Cláudio Araújo, a qual apresenta os materiais exibidos de acordo com as teorias paulistas, o concreto na estrutura apoiado sobre paredes portantes, porém, aqui, essas paredes são de tijolos à mostra – distanciando-se um pouco do preceito brutalista paulista. O Edifício Residencial Palácio de Versailles (1970), de David Léo Bondar e Arnaldo Knijnik é um dos poucos exemplares residenciais com exploração integral do concreto: apresenta pilotis de pilares chanfrados no térreo, as vigas demarcadas em cada pavimento, na fachada principal uma composição de grandes esquadrias com elementos verticais em concreto, e nas elevações laterais empenas deixando a estrutura em evidência (LUCCAS, 2013).

Os oito projetos de residências selecionadas para a breve análise, foram elencadas a partir do livro/catálogo de Alberto Xavier e Ivan Mizoguchi, Arquitetura Moderna em Porto Alegre de 1987. As análises foram feitas com bases técnicas, formais e funcionais, baseando-se nos seguintes itens: a) distribuição espacial: presença de um núcleo ordenador do projeto, continuidade visual entre ambientes ou interior e exterior; b) setorização e compartimentação: acessos e fluxos; c) sistema estrutural: técnica construtiva utilizando o concreto, valorização da estrutura.

Residência Germano Vollmer Filho - Arq. João Carlos Paiva da Silva (1967): o projeto toma partido da declividade do terreno, apresentando, dessa

forma, dois pavimentos, sendo um térreo e um inferior, semienterrado. No térreo, pavimento de acesso, está locado o abrigo para veículos e um gabinete. Meio nível acima, encontra-se sua continuação, dispondo o setor íntimo, com três dormitórios, sendo uma suíte máster com banheiro e closet, um banheiro para os demais quartos e um mezanino para o andar inferior. O pavimento ainda apresenta acessos independentes social e de serviços. No pavimento semienterrado, estão dispostas as áreas de serviço e social. De conexão direta

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ao acesso de serviços, estão ligadas a cozinha, lavanderia, dependência de empregada e adega. A parte social engloba a sala de estar – que possui pé-direito duplo em uma parte, resultando em uma ligação visual com o pavimento térreo, servindo como núcleo ordenador de projeto –, unindo a sala de jantar e estar encontra-se uma lareira, além de um lavabo e a ligação direta com o pátio dos fundos. Alguns mobiliários foram executados em conjunto com a residência, tais como o sofá da sala de estar, que engloba a declividade e encontra-se em um ponto focal do projeto – podendo ser observado pelo mezanino – e os armários dos dormitórios, todos embutidos. Iluminação zenital nos dormitórios garantiram conforto térmico e luminoso. A estrutura toda foi feita em concreto armado com revestimentos em reboco desempenado.

Figura 1: Residência Germano Vollmer Filho (1967)

Fonte: Xavier e Mizoguchi, 1987, p. 223

Residência Marco Aurélio Rosa - Arq. David Léo Bondar (1969): esse

projeto, localizado em um lote de esquina, apresenta dois pavimentos. Sendo o andar térreo com as áreas de serviço e social, garagem, dependência de empregada, depósito, lavanderia, cozinha, copa, salas de jantar e estar e o gabinete estão dispostos com diferença de nível de um degrau (16cm). O pavimento superior, apresenta três dormitórios, sendo um deles suíte, o outro com um grande vestiário, e o terceiro com varanda, além disso, um banheiro que auxilia os dois dormitórios. Os acessos social e de serviços são independentes, sendo feitos um pela lavanderia e outro pelo vestíbulo. Essa residência foi projetada voltando-se para a área interna do terreno, dessa forma, poucas aberturas foram feitas nas fachadas externas. Sua volumetria e aplicação de materiais, possibilita observar a valorização da estrutura realizada em concreto e utilização dos diferentes materiais. Apresenta, também, a definição de mobiliário a partir da construção da residência, com armários embutidos. A iluminação zenital também foi utilizada nesse projeto, fornecendo ao lavabo e as salas de estar e jantar, iluminação direta e conforto luminoso.

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Este projeto não apresenta um núcleo ordenador de partido, assim como percebe-se a ausência da continuidade visual entre os compartimentos.

Figura 4: Residência Marco Aurélio Rosa (1969)

Fonte: Xavier e Mizoguchi, 1987, p. 234

Residência Marcello Blaya - Arq. Carlos e Suzy Fayet (1970): é uma

edificação com mais de 600m2 que comporta o local de moradia e trabalho do proprietário. A parte frontal do terreno apresenta um volume com dois pavimentos, sendo no segundo o consultório médico do proprietário, com acesso independente da residência. O consultório apresenta a recepção, sala de espera e lavabo, e possui ligação com a residência através de duas maneiras, a primeira pelo terraço que leva direto aos dormitórios ou pelas escadas que dão acesso à garagem. Os ambientes do consultório apresentam aberturas zenitais, fornecendo, na sala de espera e hall, conforto aos pacientes. O volume da moradia é locado na parte posterior do lote, configurando um jardim interno com piscina, que conecta esses dois blocos, e uma galeria com terraço. O volume da residência apresenta dois pavimentos e o acesso é feito pela lateral na fachada que percorre a longa galeria do pátio. No pavimento térreo estão dispostas as salas de estar e jantar interligadas entre si e com portas para o pátio, a cozinha e copa, área de serviço, dormitório de empregada e despensa, possui também um pequeno pátio de serviços nos fundos do lote. O pavimento superior apresenta a sala de estudos, os sanitários e os quatro dormitórios voltados para o pátio interno e com comunicação para o terraço que fornece acesso ao consultório. Na cozinha e dormitórios, armários são realizados a partir da construção. A estrutura da construção é feita em alvenaria de tijolos na vedação e, na sustentação, com lajes e vigas de concreto impermeabilizadas. Possui revestimento de tinta branca, em toda a construção, ficando difícil evidenciar a e estrutura e utilização do concreto.

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Figura 5: Residência Marcello Blaya (1970)

Fonte: Xavier e Mizoguchi, 1987, p. 236

Residência Luiz Carlos Madeira - Arq. Roque Fiori (1970): a residência

apresenta um projeto bastante interiorizado. Ao tirar partido do desnível do terreno a casa configurou dois pavimentos – um térreo e um inferior. Os acessos de serviços e social são feitos de maneira independente no térreo. Apresenta quatro dormitórios, sendo um deles suíte, e interligados por um jardim intimo; uma cozinha e lavanderia, com limitação visual a meia altura; grandes salas de estar e jantar, comedor e um amplo jardim interno fornecendo iluminação e ventilação natural. O pavimento inferior apresenta sala de jogos, depósitos, adega, dependência de empregada, um gabinete e o acesso à garagem – o acesso de veículos é feito por uma rampa lateral. Além do jardim interno – que é considerado o elemento ordenador do projeto -, os compartimentos situados no meio da planta – tais como banheiros, cozinha e lavanderia – possuem aberturas zenitais. A estrutura da residência foi realizada em concreto armado aparente, sendo destacado nas fachadas.

Figura 6: Residência Luiz Carlos Madeira (1970)

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Residência Selso Maffessoni - Arq. Selso Maffessoni (1972): Com mais

de 350m2 de área construída, a casa divide-se em dois pavimentos: um térreo e um subsolo semienterrado. No subsolo estão locadas a garagem, áreas de máquinas, depósitos e acesso de serviço. O andar térreo apresenta todos os outros setores: social, intimo e serviços. Sendo três dormitórios, com banheiros locados em um núcleo central ordenador, iluminados e ventilados através de abertura zenital, ampla sala de estar, jantar e estudos voltados para a varanda de acesso, cozinha, lavanderia e acesso ao pátio dos fundos. A estrutura da residência foi toda feita em concreto armado aparente, com demonstração e valorização da estrutura, fechamentos em vidro e apresenta permeabilidade e continuidade visual entre os ambientes.

Figura 7: Residência Selso Maffessoni (1972)

Fonte: Xavier e Mizoguchi, 1987, p. 259

Residência César Dorfman - Arq. César Dorfman (1972): utiliza o

avantajado desnível do terreno para o desenvolvimento da residência. É dividida três pavimentos: o térreo, intermediário e inferior. O acesso social e de serviços é feito pela mesma entrada no térreo - através do abrigo de veículos –, que apresenta a cozinha e lavanderia, um lavabo e uma grande área com sala de jantar e estar compostas por lareira – com permeabilidade visual para os andares inferiores: por um lado a visual do canto de estudos e jardim interno, por outro o pátio dos fundos através de cobogós da varanda. O pavimento intermediário é exclusivamente de uso intimo, apresenta três dormitórios com varanda, sendo um dos quartos uma suíte, um ambiente de estudo voltado para o jardim interno, que também se conecta a uma área coberta e a sala de música. O pavimento inferior, apresenta uma grande área coberta que se liga ao pátio dos fundos, além do dormitório de empregada e um depósito. A cobertura do jardim interno é feita por um prolongamento de vigas de concreto da cobertura até o passeio. A casa foi projetada com estrutura em concreto

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armado aparente e fechamentos em vidro. Mobiliários foram feitos a partir da construção, tais como a mesa de jantar, mesa de estudo e armários embutidos.

Figura 8: Residência César Dorfman (1969)

Fonte: Xavier e Mizoguchi, 1987, p. 260

Residência Gildo Milman - Arq. David Bondar e Arnaldo Knijnik (1972):

tirou partido do desnível do terreno – 6 metros – configurando três pavimentos, um andar superior, um intermediário e o inferior. O pavimento inferior é de uso exclusivo do setor de serviços, com dependência de empregada, depósito e lavanderia – situa-se no nível mais baixo, sendo semienterrado. No pavimento intermediário, encontra-se a cozinha, salas de jantar e estar – com pé-direito duplo – a churrasqueira e a garagem. O pavimento superior é completamente íntimo, com os dormitórios, gabinete e um estar íntimo com lareira que possui ligação visual e uma escada direta com a sala de estar. A residência foi feita em concreto armado aparente, com vedação em alvenaria. É composta pela cobertura em laje impermeabilizada com módulos que apresentam um pequeno desnível, possibilitando aos dormitórios, iluminação zenital.

Figura 4: Residência Gildo Milman (1972)

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Residência Jorge Debiagi - Arq. Jorge Debiagi (1972): utiliza do mesmo

partido das demais: o desnível do terreno configurando os pavimentos. Sendo assim, é composta por três pavimentos: o térreo – configurado como o andar de acesso –, um superior e outro pavimento inferior. No andar superior, estão localizados um ateliê com lavabo e um dormitório com banheiro. Acessados através de dois módulos de circulação vertical: uma escada que é elemento focal e central do projeto e outra escada circular de serviços enclausurada. O térreo apresenta a garagem e três dormitórios com varanda. O pavimento inferior conta com o setor social e de serviços, com sala de estar e jantar, jardim interno, churrasqueira, cozinha, lavanderia e dependência de empregada. Esse andar também possui uma ligação direta com o pátio dos fundos. A cobertura da residência é feita com uma laje impermeabilizada inclinada, parte coberta por vegetação, e parte translucida, fornecendo ao interior da casa, iluminação zenital. Sua estrutura foi feita em concreto armado aparente e vedações em alvenaria de tijolos.

Figura 4: Residência Jorge Debiagi (1972)

Fonte: Xavier e Mizoguchi, 1987, p. 284

4 Considerações Finais

Após breve análise e descrição das residências selecionadas, apenas duas não completaram o checklist dos critérios estabelecidos. A Residência Marco Aurélio Rosa, de David Bondar, não exibe um núcleo ordenador de projeto e peca na continuidade visual dos ambientes, seja ela entre compartimentos internos ou em relação com o exterior, visto que há poucas aberturas para o exterior – sendo elas a maioria zenital ou esguias, apenas para a entrada de luz. Apesar desses dois fatos, a Residência apresenta a valorização da estrutura – que pode ser observado pela fachada –, bem como a utilização do concreto armado. A Residência Marcello Blaya, de Carlos e Suzy Fayet, também não apresenta todos os itens de análise, ao ser revestida

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com tinta branca, a estrutura da residência não foi valorizada e não se percebe a distinção dos materiais de estrutura e vedação. Apesar de possuir continuidade visual entre os compartimentos e pátios, e a escada ser o núcleo ordenador de projeto, no volume do consultório não há essa mesma continuidade ou ordenador projetual.

Em conclusão, apesar dessas duas Residências não preencherem todos os quesitos, as outras seis completaram com totalidade as características, confirmando que em Porto Alegre há a influência e utilização de características brutalistas paulistas nas residências projetadas.

Referências

LUCCAS, L. H. H. Arquitetura Moderna em Porto Alegre: uma história recente. Arqtexto, Porto Alegre, 2000. 22-30.

LUCCAS, L. H. H. Concreto aparente e valorização da estrutura: A influência estética do brutalismo em Porto Alegre nos anos 60/70. Anais do X Seminário Docomomo Brasil: Conexões Brutalistas 1955-75, Curitiba, 2013.

PEREIRA, C. C.; ALVAREZ, C. Duas igrejas gaúchas em tempos de

brutalismo. Anais do X Seminário Docomomo Brasil: Conexões Brutalistas 1955-75, Curitiba, 2013.

PETROLI, M. A. Arquitetura bancária gaúcha nos anos 70: A influência brutalista. Dissertação de mestrado. Porto Alegre: PROPAR - UFRGS. 2014. SANVITTO, M. L. A. Brutalismo Paulista: Uma Análise Compositiva de Residências Paulistanas Entre 1957 e 1972. Dissertação de Mestrado. Porto Alegre: PROPAR - UFRGS. 1994.

XAVIER, A.; MIZOGUICHI, I. Arquitetura Moderna em Porto Alegre. São Paulo: Pini, 1987.

ZEIN, R. V. Breve introdução à Arquitetura da Escola Paulista

Brutalista. Arquitextos, São Paulo, ano 06, n. 069.01, Vitruvius, fev. 2006. Disponível em: <https://goo.gl/SiZKV8>. Acesso em 16 jun 2017.

ZEIN, R. V. Brutalismo, sobre sua definição (ou, de como um rótulo superficial é, por isso mesmo, adequado). Arquitextos, São Paulo, ano 07, n. 084.00, Vitruvius, maio 2007. Disponível em:<https://goo.gl/KoQ9qg>. Acesso em 16 Jun 2017.

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