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1119.1'.-1 ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA GAB. DES. MANOEL SOARES MONTEIRO

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1119.1'.-1 ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO,

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA GAB. DES. MANOEL SOARES MONTEIRO

ACÓRDÃO

REMESSA OFICIAL N.° 073.2003.012718-41001 — 3 a VARA DA COMARCA DE CABEDELO/PB

RELATOR : Des. MANOEL SOARES MONTEIRO APELANTE : Erly Medeiros Júnior

ADVOGADO : José Olavo C. Rodrigues e Outro

APELADO : Município de Cabedelo, representado por seu Procurador 1110

REMETENTE : Juízo da Terceira Vara Cível da Comarca de Cabedelo

AÇÃO DE CANCELAMENTO DE COBRANÇA DE DEBITO FISCAL. Contribuição de melhoria. Cobrança baseada no valor total da obra. Ausência descriminação da valorização dos imóveis beneficiados. Danos morais e materiais. Procedência parcial. Anulação do débito, condicionada a conclusão da obra. Improcedência dos danos. Remessa conhecida e mantida.

Para a cobrança de contribuição de melhoria, exige a' lei prova efetiva da conclusão da obra, sem essa comprovação, não se justifica a cobrança do tributo.

Para efeito de condenação em danos materiais incumbe ao autor à demonstração dos danos patrimoniais experimentados. Meras afirmações desacompanhadas de provas não autorizam a procedência do pedido.

A expedição de carnê para pagamento de tributo, por si só, não é suficiente para ensejar uma situação aflitiva, a ponto de assegurar uma compensação financeira.

VISTOS,

relatados e discutidos os autos acima referenciados.

A CORDA à Egrégia Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, na conformidade do voto do relator, por votação unânime, CONHECER DA REMESSA E NEGAR-LHE PROVIMENTO, mantendo a sentença na íntegra.

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RELATÓRIO

ERLY MEDEIROS JÚNIOR e CRISTINA MARIA PACHECO MEDEIROS ingressaram com a Ação Ordinária de Cancelamento de Cobrança de Débito Fiscal Municipal com Pedido de Antecipação de Tutela c/c Perdas e Danos Morais e Materiais contra a Prefeitura Municipal de Cabedelo, em razão da cobrança da contribuição de melhoria para pavimentação da avenida onde se encontra localizado seu imóvel residencial.

Primeiramente, alegou que a cobrança da referida contribuição é ilegal, eis que deixou de descriminar no Edital n° 001/02 a valorização atribuída a cada imóvel

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favorecido com a obra pública. Posteriormente, requereu indenização por danos morais e materiais sofridos e, ao final, a antecipação da tutela (fls. 02/21).

O Município, por sua vez, contestou alegando que a cobrança do tributo é legal, pois trará vários benefícios aos moradores do bairro de Intermares, com a conclusão da obra de pavimentação (fls. 70/76).

Seguidos os trâmites legais, a douta magistrada julgou procedente o pedido de anulação de débito fiscal, declarando nulo o lançamento da contribuição na dívida ativa, "ressalvando à administração o direito de cobrá-la, através de novo procedimento, excluído deste a conclusão total da obra e a elaboração de novo laudo", e improcedente a indenização em danos morais e materiais. Custas e honorários pro rata (fls. 129/132).

Não houve recurso voluntário e os autos subiram por impulso oficial.

Instada a se posicionar no feito, a douta Procuradoria de Justiça deixou de emitir parecer (fls. 149/152).

É o relatório.

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VOTO: O Exmo. Des. MANOEL SOARES MONTEIRO (RELATOR)

Consta dos autos que a Prefeitura de Cabedelo fez publicar o Edital n°001/02, no seu Quinzenário Oficial de 08/02/2002, criando a contribuição de melhoria para o Loteamento Intermares, denominando-a de Bacia Sul daquele Município, trazendo benfeitorias com obras de pavimentação, drenagem e urbanização em parte da Praia de lntermares.

Com isso, os moradores daquele bairro foram obrigados a pagar o tributo, em forma de contribuição da melhoria, para execução da obra orçada em R$3.659.781,28 (três milhões, seiscentos e cinqüenta e nove mil, setecentos e oitenta e um reais e vinte e oito centavos).

Os autores se sentiram prejudicados com tal cobrança e acionaram a justiça, buscando cancelar o débito, considerando exorbitante o valor cobrado e, ainda, foi lançado sem a conclusão da obra.

• Aduziram, ainda, que o valor não está nos moldes do art. 81 do Código Tributário Brasileiro, eis que a Prefeitura tomou por base o valor total da obra.

É sabido que a contribuição de melhoria é uma forma encontrada pelo Poder Público de angariar recursos para contribuir com obras de melhorias para bairros localizados em sua circunscrição.

Na obra Curso de Direito Tributário, o Professor Hugo de Brito Machado assim define a contribuição de melhoria: "é um tributo vinculado, cujo fato gerador é a valorização de imóvel do contribuinte, decorrente de obra pública." (26 edição. Malheiros Editores: São Paulo, 2005, p. 432).

O Código Tributário Brasileiro não conceituou a "contribuição de melhoria", porém, define em seus artigos 81 e 82 os elementos necessários para sua aplicação:

"Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

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.1 Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os

seguintes requisitos mínimos:

I — publicação prévia dos seguintes elementos: a)memorial descritivo do projeto;

b)orçamento do custo da obra;

c)determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição;

d)delimitação da zona beneficiada;

e)determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas;"

O edital deve conter todos esses elementos, sob pena de nulidade do ato.

Nesse aspecto, aparentemente o Edital n° 001/02 preenche alguns dos requisitos, exceto quanto à "determinação do fator de absorção do beneficio da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas", que nos termos postos, a meu sentir, não se enquadra na lei.

E, se não bastasse tudo isso, a Edilidade equivocou-se em cobrar o tributo sem a '

410 conclusão da obra, pois inexistem nos autos prova da conclusão, ao menos parcial,

da benfeitoria pública.

É bem verdade que a população deve contribuir para o atendimento das necessidades públicas, na medida da capacidade econômica de cada um. Para isso, o Poder Público arrecada tributos e aplica-os aos recursos correspondentes. Nestas aplicações são incluídos os investimentos em obras públicas, que decorrem da . valorização de imóveis.

Não é justo, que o proprietário do imóvel valorizado, decorrente de obra pública, tire proveito sozinho dessa vantagem onde toda a sociedade contribuiu. Dessa forma, o proprietário de imóvel cujo valor foi acrescido em razão de benfeitoria pública, deve ser chamado a pagar uma contribuição de melhoria, repondo ao Erário o valor ou parte deste aplicado na obra.

Ressalta-se que o fato gerador da contribuição de melhoria não é a obra pública, •

mas a valorização do imóvel em decorrência desta obra.

Hugo de Brito Machado diz que: "O fato gerador da contribuição de melhoria é a valorização do imóvel do qual o contribuinte é proprietário, ou enfiteuta, desde que essa valorização seja decorrente de obra pública. (..) Não é a realização de obra pública que gera a obrigação de pagar contribuição de melhoria. Essa obrigação só nasce se da obra pública decorrer valorização, isto é, se da obra pública decorrer aumento do valor do imóvel do contribuinte."(ob. cit., p. 433).

Dispõe o art. 1° do Decreto-lei n° 195, de 24/02/1967, que: "A contribuição de melhoria, prevista na Constituição Federal, tem como fato gerador o acréscimo do valor do imóvel localizado nas áreas beneficiadas direta ou indiretamente por obras públicas".

O art. 2°, do decreto-lei supra, arrola uma lista taxativa de obras públicas em que valorizam o imóvel de propriedade privada e acarreta a contribuição de melhoria. Assim não estando ali descrito, consequentemente, não ensejará a cobrança de contribuição de melhoria.

Mesmo que o art. 145, III, da atual Constituição Federal, tenha atribuído competência a todos os entes públicos de cobrar a contribuição de melhoria, é importante ressaltar também que nossa Carta Magna atual recepcionou todas as legislações tributárias existentes a época, continuando todas em vigor sem alterar su ess'sncia,

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principalmente no tocante às razões de cabimento para a cobrança da contribuição de melhoria.

Ainda no entendimento do Professor Hugo de Brito Machado: "a contribuição de

melhoria relativa a cada imóvel é determinada tomando á parcela do custo da obra, cujo custeio deva ser feito pelos contribuintes, e fazendo-se o rateio desta pelos imóveis situados na zona beneficiada, em função dos respectivos fatores individuais de valorização (CTN, art. 82, §1°)."(ob. cit., p. 436).

E concluí, "O valor da contribuição a ser paga por cada contribuinte não poderá ser

superior ao acréscimo de valor do imóvel respectivo, nem o total das contribuições arrecadadas poderá ser superior ao custo da obra (CTN, art. 81)."(ob. cit., p. 436).

Quanto ao lançamento, o art. 90 do Decreto-lei n° 195, estabelece que: "só é possível

depois de executada a obra, embora seja admitido com a conclusão parcial desta para justificar a cobrança da contribuição relativamente aos imóveis em relação aos quais a obra se possa considerar concluída. Explica-se: na pavimentação de uma avenida, a contribuição pode ser lançada em relação aos imóveis da área onde vai ficando pronta a pavimentação."(ob. cit., p. 437).

Portanto, como se vê, para a cobrança de contribuição de melhoria, exige a lei prova efetiva da conclusão da obra, sem essa comprovação, não se justifica a cobrança do tributo.

Por outro lado, na inicial, os autores reclamaram prejuízos de ordem patrimonial. Nesse caso, por definição legal, cabe ao autor a prova do pedido, mas a parte não juntou prova alguma nesse sentido.

Para efeito de condenação em danos materiais incumbe ao autor a demonstração dos danos patrimoniais experimentados. Meras afirmações desacompanhadas de provas não autorizam a procedência do pedido.

Enquanto isso, quanto ao dano moral, também não merece melhor sorte, até porque a expedição de carnê para pagamento de tributo, por si só, não é suficiente para ensejar uma situação aflitiva, a ponto de assegurar uma compensação financeira. Assim, feitas estas considerações, NEGO PROVIMENTO a remessa, mantendo a

sentença em todos os seus termos.

É o voto.

Presidiu a Sessão o Exmo. Des. MANOEL SOARES MONTEIRO (Relator). Participaram do julgamento, além de mim Relator, o Exmo. Dr. Manoel Paulino da Luz (Juiz Convocado) e o Exmo. Dr. José Ferreira Ramos Júnior (Juiz Convocado). Presente à Sessão, a Exma. Dra. Sônia Maria Guedes Alcoforado, Procuradora de Justiça.

Sala de Sessões da Egrégia Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em 03 de Agosto de 2006.

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Des. MAN SOARES MONTEIRO RELATOR

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