• Nenhum resultado encontrado

SUSTENTABILIDADE NAS COMPRAS PÚBLICAS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "SUSTENTABILIDADE NAS COMPRAS PÚBLICAS"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

SUSTENTABILIDADE NAS

COMPRAS PÚBLICAS

As empresas estão preparadas?

Duas pesquisas sobre a área ambiental e o mundo corporativo, feitas recentemente, vi-raram motivo de preocupação. Uma delas, guiada pela empresa britânica Verdantix, foi realizada com 250 líderes empresariais em 13 países. A outra, elaborada pelo Boston Consulting Group (BCG] em parceria com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT na sigla em inglês, entrevistou 2.300 di-retores de empresas. O resultado das duas pesquisas revelou que a maioria dos execu-tivos só se interessa por sustentabilidade se o assunto significar redução de custos.

De acordo com o resultado das pesquisas, cerca de 90% dos entrevistados contaram que é o fator lucratividade que os fazem in-serir a empresa no mundo "ecologicamente correto". Além disso, poucas empresas in-vestem mais do que 2% em ações de

sus-tentabilidade, o que é preocupante devido ao impacto que a maioria das corporações causa na natu-reza.

Segundo a pesquisa da Verdantix a maioria dos entrevistados afirmou que a sustentabilidade é im-portante, mas não agora.

Para Eduardo Tirlone, coordenador do MBA Perícia, Auditoria e Gestão Ambiental do Instituto de Pós-Graduação e Graduação (IPOG], esse é um dos pontos de deficiência na área de Gestão Ambien-tal em todo o mundo, inclusive no Brasil. Mas o problema não se resume a isso. Segundo ele, quando o planejamento ambiental existe, ele é, na maioria das vezes, bastante falho. Além disso, avalia Tir-lone, as normas e legislações ambientais são ignoradas pelas pessoas e corporações. "O país acaba

(2)

[

MATÉRIA

]

gerando resíduos desnecessários e em grande volume, por causa do crescimento populacional, continua permitindo o desmatamento, desperdi-çando água, e mais uma série de outros proble-mas", alerta.

Empresas brasileiras

Para Sofia Guedes, advogada e consultora da Jacoby Fernandes e Reolon Advogados Associa-dos, autora de diversos artigos sobre gestão de resíduos sólidos e gestão pública, e especialista em sustentabilidade, infelizmente, a maioria das empresas brasileiras também não se preocupa com a sustentabilidade de maneira significativa, o que reflete a cultura da sociedade.

Sofia Guedes, advo-gada e consultora da Jacoby Fernan-des e Reolon Advo-gados Associados, autora de diversos artigos sobre gestão de resíduos sólidos e gestão pública, e especialista em sustentabilidade.

Mas ela dá a dica para os fornecedores brasi-leiros se preparem para participar de licitações sustentáveis no Brasil.

"O Decreto 7.746/12, que regulamenta o art. 3° da Lei 8.666/93, de maneira exemplificativa, es-tabeleceu algumas diretrizes que os licitantes podem adotar para aumentar a possibilidade de êxito na participação de licitações que buscam prestigiar a sustentabilidade. Quais sejam:

[ 16]

O

~oeiro. setembro 2015

Art. 4°

L

.

. l

I - menor impacto sobre recursos natu-rais como flora, fauna, ar, solo e água;

11 - preferência para materiais,

tecnolo-gias e matérias primas de origem local;

111 - maior eficiência na utilização de re-cursos naturais como água e energia; IV - maior geração de empregos, prefe-rencialmente com mão de obra local; V- maior vida útil e menor custo de ma-nutenção do bem e da obra;

VI - uso de inovações que reduzam a pressão sobre recursos naturais;e Vil- origem ambientalmente regular dos recursos naturais utilizados nos bens,

serviços e obras··.

Licitação Sustentável

A Constituição Federal, art. 37, inciso XXI, prevê para a Administração Pública a obrigatoriedade de licitar. Esse artigo foi regulamentado pela Lei 8.666/93, que es-tabeleceu normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-trito Federal e dos Municípios. Segundo o art. 3o da Lei 8.666/1993 Licitação Susten-tável é aquela que destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais van-tajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável. Nesse sentido, pode-se dizer que a licitação sustentável é o procedimento administrati-vo formal que contribui para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável, me-diante a inserção de critérios sociais,

(3)

am-bientais e econômicos nas aquisições de bens, contratações de serviços e execução de obras. Segundo dados do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão [MPOG] nos doze meses de 2014, as compras sustentáveis movimentaram R$ 39,06 milhões na aquisição de bens, por meio de 1.245 processos no âmbito da administração direta, autárquica e fundacional [órgãos SISG]. Essas contratações representaram 0,06% do to-tal das compras públicas. Na comparação com o mesmo período de 2013, as aquisições susten-táveis sofreram um decrescimento de 14%. Em relação às modalidades de aquisição, no ano corrente, 67% dos processos de compras sus-tentáveis foram realizados por meio de pregão eletrônico. Em valores monetários, essa moda-lidade responde por 99% das aquisições econô-mica, social e ambientalmente responsáveis. Em 2014, as MPE responderam por 66,8% das compras sustentáveis, cujo valor foi da ordem de R$ 26 milhões.

No presente ano, os órgãos SISG que mais ad-quiriram bens sustentáveis foram os Ministérios da Educação, Previdência Social e Defesa. Os valores contratados atingiram, respectivamen-te, os montantes de R$ 11,2 milhões [28,9%], 6,9 milhões [17,8%] e 5,7 milhões [14,6%].

No âmbito regional, em 2014, as compras sus-tentáveis ficaram concentradas nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. Juntos, os órgãos SISG localizados nessas regiões mo-vimentaram R$ 29,5 milhões, representando 75,5% dessas contratações. No contexto esta-dual, os órgãos SISG de Pernambuco, Distrito Federal e Minas Gerais foram os que mais ad-quiriram bens sustentáveis. Conjuntamente,

es-ses órgãos foram responsáveis por 61 dessas

compras, com valores contratados da orde

de R$ 8,4 milhões, R$ 7,6 milhões e R$ 3,8

lhões, respectivamente.

Os bens sustentáveis mais adquiridos em 2014 foram Papel A4 [R$ 12,9 milhões]. Aparelho de ar condicionado [R$ 6,3 milhões] e Microcom -putador pessoal notebook [R$ 5,2 milhões]. Esses bens responderam, conjuntamente, por 62,7% do total das contrações econômica, so-cial e ambientalmente responsáveis dos órgãos SISG.

Durante o ano de 2014, 3.563 fornecedores par-ticiparam de processos de contratações sus-tentáveis. Deste quantitativo, 89% eram MPE. A Ora. Sofia Guedes, explica que para mover a máquina pública, são necessárias a compra de um grande volume de produtos e a execução de diversas obras e serviços. Nesse cenário, o Estado assume papel de grande consumidor de recursos naturais, razão pela qual os contratos administrativos possuem singular relevância socioeconômica. "Ciente de que a Constuição Federal estabelece a defesa do meio ambiente como dever do Poder Público, o legislador de-terminou, no art. 3° da Lei 8.666/93, que a lici-tação também se destina a garantir a promoção do desenvolvimento nacional sustentável. Nes-se Nes-sentido, ao contratar, o Poder Público não deve cingir-se apenas à análise das necessida-des atuais, mas também à busca pela garantia de que as gerações futuras terão um meio am-biente ecologicamente equilibrado, por meio da preservação dos recursos. A contratação sus-tentável contribui, então, para a qualidade de vida das gerações futuras", afirma.

Para ela apesar de visíveis avanços, o fato é que o volume de recursos movimentados revela que

(4)

[

MATÉRIA

]

as contratações sustentáveis ainda são insuficientes. "Ciente do problema, o Tribunal de Contas da União vem dando ciência aos entes públicos a respeito da não inclusão dos critérios de sustentabilida-de ambiental nas licitações realizadas, pois trata-se sustentabilida-de impropriedasustentabilida-de nas contratações", conta Sofia.

Como deve funcionar uma contratação sustentável?

Sofia responde que "a Administração deve preocupar-se com a contratação sustentável desde a fase interna da licitação. Ao elaborar o instrumento convocatório, recomenda-se incluir condições para que se prestigie a contratação menos lesiva ao meio ambiente. Pode-se exigir, por exemplo, na aqui-sição de bens, que estes sejam constituídos por material reciclado, atóxico ou biodegradável. O edital pode prever, ainda, que o contratado utilize práticas de sustentabilidade na execução dos serviços e no fornecimento dos bens. Alerte-se, todavia, para o fato de que as exigências devem ser feitas com cuidado para evitar restrição

à

competitividade. A comprovação das exigências contidas no instrumen-to convocatório poderá ser feita mediante certificação emitida por instituição pública oficial ou insti-tuição credenciada. Em caso de inexistência dessa certificação, o licitante poderá realizar diligências para verificar a adequação do bem ou serviço. O fiscal do contrato deve estar atento ao cumprimento dos requisitos contidos no edital, fazendo constar do processo documentos comprobatórios", destaca.

Legislação aplicável às compras e Licitações Sustentáveis no Brasil

• Lei 8.666, de 1993, alterada pela Lei 12.349, de 201 O, que modificou o art. 3°, caput, da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, com vistas

à

promoção do desenvolvimento nacional sustentável.

• Decreto 7. 746, de 2012, que regulamentou o art. 3° da Lei 8.666 de 21 de junho de 1993, para estabelecer critérios, práticas e diretrizes gerais para a promoção do desenvolvi-mento nacional sustentável por meio das contratações realizadas pela administração pública federal direta, autárquica e fundacional e pelas empresas estatais dependentes, e institui a Comissão lnterministerial de Sustentabilidade na Administração Pública- CI-SAP.

• Decreto 5.450, de 2005, que regulamentou o pregão, na forma eletrônica, para aquisição de bens e serviços comuns.

• Instrução Normativa 1, de 201

O,

que estabeleceu critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens, contratação de serviços ou obras na Administração Pública Federal. Regime Diferenciado de Contratações Públicas- RDC

• Lei 12.462, de 2011 -instituiu Regime Diferenciado de Contratações Públicas- RDC para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, Copa das Confederações da Federação In-ternacional de Futebol Associação Fita 2013 e Copa do Mundo de futebol de 2014.

(5)

Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte

• Lei Complementar 123, de 2006, que instituiu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e estabeleceu normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-pios.

• Decreto 6.204, de 2007, que regulamentou o tratamento favorecido, diferenciado e sim-plificado para as microempresas e empresas de pequeno porte nas contratações pú-blicas de bens, serviços e obras, no âmbito da administração pública federal.

Resíduos Sólidos

• Lei 12.305, de 201 O, que estabelece como objetivos a prioridade, nas aquisições e con-tratações governamentais, para produtos reciclados e recicláveis e para bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com padrões de consumo social e am-bientalmente sustentáveis.

• Decreto 7.404, de 201 O, queestabeleceu normas para execução da Política Nacional de Resíduos Sólidos e instituiu o Comitê lnterministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

• Decreto 5.940, de 2006, que instituiu a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis, e dá outras providências.

Energia Elétrica

• Lei 12.187, de 2009, que prevê critérios de preferência nas licitações públicas para propostas que propiciem maior economia de energia, água e outros recursos naturais. • Lei 10.295, de 2001, que trata da Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia e visa à alocação eficiente de recursos energéticos e a preservação do meio ambiente. ·

• Decreto 4.059, de 2001, que regulamentou a Lei 10.295 de 17 de outubro de 2001 e dis-põe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia.

Alimentação

• Lei 11.947, de 2009, que dispõe sobre a alimentação escolar e prevê que 30% dos re-cursos repassados pela União para os Estados e Municípios, devem ser aplicados na compra de produtos provenientes da agricultura familiar.

• Lei 10.831, de 2003, que dispõe sobre a agricultura orgânica.

• Lei 10.696, de 2003, art. 19, que criou o Programa de Aquisição de Alimentos.

• Decreto 7.794, de 2012, que instituiu a Política Nacional de Agroecologia e Produção

(6)

[

MATÉRIA

]

orgânica.

Resolução/CD/FNDE 38, de 2009, quedispõe sobre o atendimento da alimentação

escolar aos alunos da educação básica no Programa Nacional de Alimentação

Escolar - PNAE.

Decreto 8

.

473, de 23 de junho de 2015, estabelece o percentual mínimo- no caso

30% dos gêneros alimentícios- a serem adquiridos pela Administração Pública à

aquisição de gêneros alimentícios de agricultores familiares e suas organizações,

empreendedores familiares rurais e demais beneficiários da Lei 11.326, de 24 de

'

julho de 2006

.

Produtos ou equipamentos que não contenham substâncias degradadoras da camada

de ozônio

Decreto 2

.

783, de 1998- proíbe as entidades do governo federal de comprar

pro-dutos ou equipamentos contendo substâncias degradadoras da camada de ozônio.

Computadores Sustentáveis- TI Verde

Portaria 2, de 201 O, da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do

Mi-nistério do Planejamento Orçamento e Gestão que dispõe sobre as especificações

padrão de bens de Tecnologia da Informação no âmbito da Administração Pública

Federal direta, autárquica e fundacional.

PAC Equipamentos

MP 573/12 que visa a estimular a indústria nacional por meio da compra de

equi-pamentos por nove órgãos federais: Educação, Justiça, Saúde, Transportes,

Pla-nejamento, Desenvolvimento Agrário, Defesa, Integração Nacional e Cidades.

Aplicação de Margem de Preferência

§ 5° da Lei 12

.

349, de 201 O, para aplicação da margem de preferência de até 25%

para produtos manufaturados e serviços nacionais que atendam a normas

técni-cas brasileiras e incorporem inovação.

Decreto 7.546, de 2011

,

que regulamentou o disposto nos§§ 5o a 12 do art. 3o da

Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, e institui a Comissão lnterministerial de

Com-pras Públicas

.

Decreto 7.601, de 2011, que estabeleceu a aplicação de margem de preferência

nas licitações realizadas no âmbito da administração pública federal para

aquisi-ção de produtos de confecções, calçados e artefatos

.

Portaria MDIC 279, de 2011, que instituiu regime de Origem para efeitos de

apli-cação da margem de preferência

.

Referências

Documentos relacionados

todas as doenças dos centros nervosos: as myélites chronicas, as paralysias, certas doenças cancerosas, etc.; vendo os hospitaes, as casas de saúde cada vez mais repletas

O envio de manuscritos e impressos de ambas as partes deu-se sempre seguindo a lógica acima descrita: era de cunho persona- lista e sempre cheio de expectativas e favores da parte

“Meu filho”, retomou o sábio, e prosseguiu, “voltaste para atravessar, guiado por mim, as águas deste rio, e não no corpo em que ainda ficas, uma vez acenado o

Remoção do azul de metileno em presença de peróxido de hidrogênio em função do tempo sobre carvão ativado com hidróxido de sódio (Amostras CANa (¢)) e óxidos de ferro

Silva (2010), também testando o produto Pironin, percebeu que quando este foi aplicado sobre ovos de Anagasta kuehniella (Zeller) (Lepidoptera: Pyralidae) e.. pretiosum, o

O conceito de sustentabilidade, por não haver um consenso, muitas vezes é confundido com outros igualmente importantes, tais como: Produção Limpa, Desenvolvimento Sustentável

Neste concerto, onde, entre outros temas marcantes do seu repertório, se antecipará esse 3º trabalho, caberá a João Martins, André Teixeira e Sérgio Marques (Ginho) a missão de dar

3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, para estabelecer critérios e práticas para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável nas contratações realizadas