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Formação do professor de educação física para atuação na área da saúde

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FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PARA ATUAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE

Physical education teacher formation for work in health area Formación de profesores de educación física para que actuen en área

de la salud

RESUMO

Estruturado a partir de nove produções científicas publicadas no banco de dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), este estudo realiza uma análise sobre a formação do profissional de Educação Física para atuação na área da saúde no período entre 2005 e 2014. Para análise das produções foi utilizada a Análise de Conteúdo descrita por Bardin (2011). Preliminarmente, vale destacar que é escassa a produção científica sobre o tema. Os textos sinalizam o descompasso entre o conhecimento específico e a didática; relação teoria/prática fragmentada e conceito de saúde relacionado à mudança de comportamento. Sinalizam também o período de transição do modelo curricular, no qual, experiências desenvolvidas nessa área vão se consolidando e podem auxiliar a reformulação do currículo dos cursos e a possível elaboração de diretrizes mais adequadas à essa demanda de formação.

Descritores: Formação de Professores, Educação Física, Atuação na Área da Saúde.

ABSTRACT

Structured from nine scientific productions published in the database of the Coordination of Improvement of Higher Level Personnel (CAPES) And Brazilian Digital Library of Theses and Dissertations (BDTD), This study makes an analysis about the formation of the Physical Education professional to work in the health area between 2005 and 2014. To analyze the productions, the Content Analysis described by Bardin (2011) was used. Preliminarily, it is worth noting that the scientific production on the subject is scarce. The texts signal the mismatch between specific knowledge and didactics; Relationship theory/ practice fragmented and health concept related to behavior change. also signal the transition period of the curriculum model, in which experiences developed in this area will be consolidated and can help to redesign the curriculum of the courses

and the possible development of more suited to this demand training guidelines.

Descriptors: Teacher Training, Physical Education, Acting in Health Area.

RESUMEN

Este estudio fue estructurado a partir de nueve trabajos científicos publicados en la base de datos de la Coordinación de Educación Superior de Personal de Mejora (CAPES) y la Biblioteca Digital Brasileña de Tesis y Disertaciones (BDTD), este estudio realiza un análisis de la formación del profesional de la Educación Física el rendimien-to en materia de salud entre 2005 y 2014. Para el análisis de la producción se utilizó el análisis de contenido descrita por Bardin (2011). De manera preliminar, vale la pe-na señalar que hay poca literatura científica sobre el tema. Los textos indican la bre-cha entre el conocimiento y la didáctica específica; relación teoría/ práctica y el con-cepto fragmentada de un cambio de comportamiento relacionado con la salud. Tam-bién señalar el período de transición del modelo de plan de estudios, en el que se consolidarán las experiencias desarrolladas en esta área y pueden ayudar a rediseñar el plan de estudios de los cursos y el posible desarrollo de adaptación a las directrices de formación de ésta demanda.

Descriptores: Formación del Profesorado, Educación Física, Experiencia en la Salud.

Willer Soares Maffei

Educador Físico, Mestrado em Ciências da Motricidade, Doutor em Educação, Docente do Departamento de Educação Física, Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Bauru - Brasil. E-mail: willermaffei@fc.unesp.br

Carlos Eduardo Lopes Verardi

Educador Físico, Mestre em Educação Física, Doutor em Ciências da Saúde, Docente do Departamento de Educação Física, Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Bauru - Brasil. E-mail: verardi@fc.unesp.br

Dalton Müller Pessôa Filho

Educador Físico, Mestrado em Ciências da Motricidade, Doutor em Ciências da Motricidade, Docente do Departamento de Educação Física, Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Bauru - Brasil. E-mail: dmpf@fc.unesp.br

Vinicius Barroso Hirota

Educador Físico, Mestre em Educação Física, Doutor em Distúrbios do Desenvolvimento, Docente do Curso de Educação Física, Faculdade Nossa Cidade - Estácio, São Paulo. E-mail: vbhirota@gmail.com

Henrique Luiz Monteiro

Educador Físico, Mestre em Educação Física, Doutor em Educação Física, Docente do Departamento de Educação Física, Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Bauru - Brasil. E-mail: heu@fc.unesp.br

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I n t r o d u ç ã o

Nas últimas décadas, os trabalhos científicos disponíveis e documentos oficiais têm se apresentado como balizadores para o redirecionamento do processo de formação profissional em Educação Física no Brasil. Muito embora possa ser encarada como reflexo das discussões e encaminhamentos propostos nas décadas anteriores, principalmente a de 1980, a década de 1990 foi marcante para o atual momento, pois, sinalizou um período de intensas discussões sobre o assunto, produzindo extensa literatura fundamentada na tendência mundial de formação profissional, cuja premissa é valorizar as ações referentes às experiências práticas no futuro campo profissional1,2,3 e, mais especificamente na área da Educação Física4,5,6,7,8,9. Muito embora as publicações referenciadas por Ramos9 tenham sido produzidas a mais de dez anos, ainda são amplamente utilizadas nos textos atuais que abordam a formação inicial e que, de certa forma, fundamentaram as mudanças ocorridas na atual legislação para os cursos superiores no país. Entre os documentos legais produzidos frente a este novo momento destacamos a Lei de 9394/96, Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Nacional (DCNs); as Resoluções CNE/CP 01 e 02/200210,11 que instituíram respectivamente as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica e a Duração e a carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de formação de professores da Educação Básica em nível superior; o Parecer CNE/CES 0058/200412, que apresentou o projeto de Resolução para criação das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física; a

Resolução CNE-CES 07/200413, Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física, em nível superior de graduação plena; Resolução CNE/CES 07/2004, altera o art. 10 da Res. CNE/CES 07/200414; Resolução CNE/CES 04/200915, dispõe sobre a carga horária mínima, tempo de integralização e duração dos cursos de graduação na área da saúde, documentos que estruturam a formação do graduado em Educação Física; além de outros documentos também de significativa expressão para a formação.

Ainda que as novas legislações possam ser consideradas como avanço para o processo de formação profissional em Educação Física, apresentando papéis distintos para diferentes formações, coube às instituições superiores a elaboração do currículo desses cursos e a transição de um modelo de formação voltado ao professor de atuação multidisciplinar, para outro, com característica generalista e com possibilidades de propor área específica de aprofundamento, como o caso da formação para atuação na área da saúde.

Em relação à formação do profissional de Educação Física para atuação na área da saúde a Resolução CNE/CES 07/200413,14 instituiu diretrizes para a elaboração dos currículos, procurando definir o objeto de estudo dessa área de conhecimento, o perfil e os princípios orientadores da formação, as competências/habilidades exigidas do futuro profissional e as qualidades pretendidas em relação ao futuro profissional. Determina que, na opção pela escolha de núcleos temáticos de aprofundamento nos cursos de graduação, deve-se atribuir no máximo 20%

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da carga horária total do curso para tal finalidade e destinar 40% da carga horária do estágio para atender tal especificidade. Assim, se configurou um novo momento para os cursos de formação, para a pesquisa e produção do conhecimento referente a essas temáticas.

No entanto, a ênfase nos conteúdos específicos dos cursos, a minimização dos conteúdos da prática profissional e as poucas experiências com algumas áreas de aprofundamento da formação, como é o caso dos cursos com ênfase para atuação na área da saúde, têm propiciado lacunas na formação em relação aos fazeres da futura profissão.

Nesse período de transição desencadeado pela constituição dos novos preceitos legais, parece plausível considerar que, a produção científica brasileira na área se consolidou como um importante campo de pesquisa, produzindo um número crescente de teses e dissertações nos programas de pós-graduação da área 21 em inúmeras universidades brasileiras. Todo conhecimento produzido pela área permite construir um panorama sobre o perfil dos estudos realizados no período, bem como sobre categorias temáticas específicas, apresentando avanços e fragilidades a respeito do tema pesquisado.

Diante disso, os marcos legais, principalmente após o ano de 2002, que passou a vigorar as Resoluções CNE/CP 01 e 02/200210 e posteriormente a Resolução CNE/CES 07/2004, diferenciando a formação do licenciado e do graduado em Educação Física, propondo ainda, a possibilidade da criação de áreas de aprofundamento específicas para a formação desse profissional, foram incisivos para a dissociação da licenciatura ampliada e modificações na estrutura e currículo da formação. Como reflexo

dessas mudanças, no ano de 2005 se formaram as primeiras turmas de licenciados dessa nova organização curricular, Licenciatura e Graduação em Educação Física.

Face ao exposto, o objetivo do presente trabalho foi realizar uma análise sobre as produções científicas referentes à formação do profissional de Educação Física para atuação na área da saúde no período de 2005 a 2014, publicadas nos dois principais bancos de teses e dissertações do país.

Em relação à formação para atuação na área da saúde, a produção intelectual, gerada ao longo de quase uma década, nos ajuda a avaliar e discutir aspectos relativos a esse perfil de formação, bem como, nos dá um parâmetro a respeito do foco das pesquisas na atualidade.

M a t e r i a l e M é t o d o

Na busca pela compreensão sobre o atual cenário dos cursos de formação de professores de Educação Física para atuação na área da saúde o presente estudo se propôs a retomar as produções acadêmicas no Brasil no período de 2005 a 2015 - teses, dissertações e monografias de cursos de especialização do banco de dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e observar: quais aspectos relativos à formação de professores para atuação na área da saúde têm se apresentado como foco das pesquisas nesse período? De que forma os cursos de formação têm preparado os alunos para essa atuação?

Para a coleta de informações, foram realizados dois tipos de busca no banco de dados da CAPES e da

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BDTD pela Internet: uma sobre a produção de dissertações e teses que têm como tema a “Formação Inicial de Professores de Educação Física para atuação na área da saúde” e outra com o mesmo teor, porém, sem aspas no início e no final da frase. Ainda como critério, se utilizou a opção busca “Básica” e “Assunto” no qual foi digitado o tema da pesquisa, sendo que, caso houvesse a opção “todas as palavras” também seria utilizada na busca.

Na análise das produções foi utilizada a técnica da Análise de Conteúdo que segundo Bardin16 designa a aplicar um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por processos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que admitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens16.

De acordo com a autora16, a técnica consiste em três fases fundamentais: 1. Pré-análise; 2. Exploração do material; 3. Tratamento dos resultados. Tais ações são seguidas pela inferência e a interpretação dos dados. Assim, passamos a seguir a apresentação da pesquisa, seguindo as três fases propostas.

Pré Análise

Ao iniciar a busca por produções a respeito da formação inicial para atuação na área da saúde, foi encontrada grande produção a respeito do tema. Assim, foi necessário organizar critérios para busca de informações. Essa fase da pesquisa pressupôs adoção de algumas regras que guiaram a seleção do conteúdo, ou seja, a exaustividade - procurando

abranger a “totalidade da comunicação”;

representatividade - relativa ao universo;

homogeneidade - obter dados por técnicas semelhantes que se refiram aos mesmos temas; pertinência - os documentos levantados precisam ser adequados ao conteúdo e objetivo da pesquisa; exclusividade - não classificar elementos em mais de uma categoria16.

A partir do encaminhamento metodológico proposto, foram identificadas 20 produções no banco de dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e 90 na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), que se alinhavam ao objetivo da busca realizada.

O Banco de dados foi composto com as produções cadastradas a partir do ano de 2005 até o ano de 2014. Com exceção do Banco da CAPES que apresentou as produções apenas de 2010 a 2014. Exploração do Material

Após o diagnóstico inicial da produção acadêmica levantada foi possível perceber um amplo banco de dados, no entanto, ao explorar as 110 produções encontradas, buscando obras pertinentes ao conteúdo e objetivo, apenas uma obra da CAPES e outras 08 da BDTD atenderam aos requisitos, uma vez que, se tratavam da temática específica da formação do profissional de Educação Física para aturar na área da Saúde.

Em meio aos trabalhos não considerados para esse estudo, se encontravam pesquisas de outras áreas da saúde - nutrição, medicina, fisioterapia, processo saúde-doença, entre outras - na área da educação, como demonstrado na tabela a seguir:

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Tabela 1: Apresenta o total de produções encontradas na BDTD e na CAPES

TEMAS BDTD Quantidade de produções por temática CAPES TOTAL

Educação 24 05 29

Educação Física para atuação na Saúde 08 01 09

Formação profissional em Educação Física Apenas 05 03 08

Outras áreas da saúde 23 03 26

Outros temas 03 03 06

Saúde/Doença 27 05 32

Total 90 20 110

R e s u l t a d o s

O passo seguinte ao da construção do banco de dados foi a unitarização do conteúdo e análise da produção a partir da organização de categorias temáticas para interpretação das informações contidas no banco de dados. Nessa fase os dados foram organizados em unidades a partir de três ações distintas: recorte (unidades de registro), no qual a preocupação foi encontrar a (s) principal (is) temática (s) discutida nos documentos; enumeração

(contagem), ou quantificação dos temas levantados e classificação/agregação (categorias) que consistiu em agrupar os temas em categorias. Assim, as informações contidas nas produções encontradas foram organizadas em três categorias temáticas “Fragilidade na formação profissional”, “Subsídios para reformulação dos cursos” e “Atendimento insatisfatório do profissional” conforme apresentado na Tabela 2:

Tabela 2: Apresenta as categorias temáticas de acordo com as produções levantadas

Temas pesquisados Tese Dissertação Monografia Total

Fragilidade na formação profissional -- 06 01 07

Subsídios para reformulação dos cursos 01 03 01 05

Atendimento insatisfatório do profissional -- 02 -- 02

Total 01 11 02 13

Destaca-se no quadro que, a quantidade de temáticas encontradas (13) é maior que o número de produções consultadas (9), visto que, o conteúdo de algumas produções atendeu a mais de uma temática. Nesse sentido, não se trata da classificação de

elementos iguais em mais de uma categoria, mas sim, de elementos distintos de uma mesma produção classificados em mais de uma categoria. O quadro a seguir apresenta algumas informações a respeito dos textos utilizados na pesquisa.

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Quadro 1: Apresenta breve referência sobre os textos utilizados Autor/

ano

Título Local Metodologia/estratégia Resultados Categoria

Anjos, 201217

Mestre UNIFESP Pesquisa exploratória, de caráter descritivo-analítico. Abrangeu o município de São Paulo

em dois momentos: Momento 1: participaram

22 profissionais de EF da Atenção Básica (AB) o instrumento utilizado foi

um questionário tipo Likert que teve suas respostas sistematizadas, tabuladas e o grau de concordância com as assertivas ou discordância apresentado em percentuais através gráficos. Momento 2: destinou-se a 13 coordenadores de cursos

de Educação Física (EF). Foram realizadas

entrevistas semiestruturada cujos

dados foram tratados através da Análise de

Conteúdo.

- Os profissionais de EF da AB são 54,5 % mulheres e 45,5% homens, metade do grupo formou-se há até 5 anos e a AB é seu principal vínculo (95,45%). - A opção pela AB acontece, principalmente, por afinidade com a temática.

- Os coordenadores dos cursos consideram o trabalho na AB

importante com boas

oportunidades e remuneração. - Não houve consenso sobre as contribuições da graduação para a atuação na AB por parte dos coordenadores, mas o grupo de profissionais não a considera satisfatória e 95,45% do grupo faria mudanças no seu próprio curso. Através deste estudo foi identificado que há lacunas entre a formação em EF e as demandas anunciadas pela AB; reconhecem a necessidade de novos estudos abrangendo a temática. - Fragilidade na formação profissional Batista, 201118

Mestre UNIFOR Estudo transversal de cunho descritivo, questionário com 35 concluintes em 2010 dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física da UNIFOR. - A participação em congressos, jornadas, programas de

iniciação à pesquisa se tornam fatores primordiais para o conhecimento e atualizações de como o profissional vem se desenvolvendo no mercado de trabalho, o que reforça a ideia sobre a necessidade de existir mais interações entre as Instituições de Ensino Superior – IES.

- A qualificação dos profissionais de Educação Física ainda é muito básica, muitos ainda só ficam com a graduação, no máximo uma especialização, o que também deve ser muito

- Fragilidade na formação profissional

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trabalhado e discutido em nível de graduação. Coutin

ho, 201119

Doutor USP Pesquisa qualitativa

descritiva, utilizando a técnica de Delphi na busca por consenso entre

profissionais da área a respeito das competências do profissional de Educação Física na atenção básica. Participaram da pesquisa

31 profissionais com formação em Educação Física que atuavam como

coordenador geral, auxiliar ou setorial e profissionais, todos integrantes de programas

de práticas de atividade física na atenção básica, além de pesquisadores

em Educação Física e S.U.S.

- Constatou-se a carência de estudos que apontem caminhos de intervenção do profissional de educação física no contexto da ABS;

- Apontou a necessidade do domínio de três dimensões do conhecimento profissional: competências relacionadas aos conhecimentos historicamente tradicionais para a área da educação física; domínio dos

conhecimentos históricos

referentes a organização do serviço de saúde no Brasil; domínio do conhecimento sobre a diversidade e possibilidades de práticas corporais/atividades existentes no universo da cultura corporal de movimento. - Foram destacadas também competências referentes ao domínio de habilidades técnicas e atitudinais necessárias ao profissional, o que, pode causar desconforto, estranheza e insegurança, pelo fato da proximidade com conceitos e

princípios que não são

habitualmente familiares. - Subsídios para a reformulação do curso Falci, 201320 Especia lista

UFMG Foram utilizados

diferentes instrumentos de coleta de dados: pesquisa documental, grupos focais e entrevista

semiestruturadas. Foram realizados dois grupos focais entre 15 bacharéis em Educação Física, alunos do Curso de

Especialização em Atenção Básica em Saúde

da Família/ UFMG. As entrevistas foram realizadas com um representante da coordenação do curso de - A inserção recente do Profissional de Educação Física na atenção primária trouxe expectativas positivas

- A frágil formação graduada para a atenção primária dificulta a sua inserção nesta área

- São necessárias a

implementação de estratégias que estejam em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde e, para isso, a pós-graduação foi apontada como importante estratégia para minimizar deficiências formativas; - Fragilidade na formação profissional - Subsídios para a reformulação do curso

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especialização, um representante do curso de Graduação em Educação Física (bacharelado)/UFMG e um representante da presidência do Conselho Regional de Educação Física da 6ª região/ Minas

Gerais. Marco

ndes, 200721

Mestre USP Natureza qualitativa

(entrevista), versando sobre a produção da prática profissional do educador físico no âmbito

da assistência à saúde, desenvolvido na unidade

docente assistencial Centro de Saúde Escola do Butantã - USP, âmbito

da Atenção Primária em Saúde, com um grupo de

pessoas heterogêneo, constituído por 13 usuários e 16 trabalhadores do serviço, selecionados aleatoriamente, pertencentes a diferentes faixas etárias.

- Há demanda de trabalho com as práticas corporais no serviço público de saúde, para além da ação direta com os usuários. - A atuação na área da saúde pode se estender para o desenvolvimento de atividades

de consultoria e de

multiplicação de saberes e práticas para as demais atividades do serviço, assim como, contribuir para a

construção de ações

direcionadas à comunidade e aos demais equipamentos da rede social. - Subsídios para a reformulação do curso Montei ro, 200622

Mestre UNIFOR Estudo de abordagem

quantitativa, descritivo e transversal, através de questionário estruturado com perguntas objetivas e

subjetivas. Amostra: 400 profissionais de Educação

Física graduados e cadastrados no CREF

que atuavam nas 84 academias de ginástica do

Município de Fortaleza -CE.

- 265 (66,3%) profissionais, maioria apenas graduado,

trabalhavam com alunos

diabéticos; - a maioria dos participantes não sabia informar os valores glicêmicos para considerar um aluno diabético; - 151 (57%) profissionais afirmaram que solicitavam ou faziam alguma avaliação física prévia nos alunos com diabetes

e apenas 120 (45,3%)

educadores físicos que atuavam com diabéticos solicitavam liberação médica;

- A quase totalidade dos participantes não sabiam informar as situações que contraindicavam o exercício - Fragilidade na formação profissional - Atendimento insatisfatório do profissional

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físico para alunos diabéticos e nem as recomendações e os cuidados habituais que esses alunos deveriam ter;

- A maioria dos profissionais não utilizam o teste de glicemia capilar antes e após o exercício físico. - Faz-se necessária, a qualificação desses profissionais. Paulo, 201323

Mestre UFSCAR Análise dos projetos

pedagógicos de cinco IES públicas do estado de São

Paulo sob a perspectiva da saúde pública a partir

das DCNs; entrevista semiestruturada com os

coordenadores dos cursos.

- Os conteúdos relacionados à saúde ainda são conteúdos novos e estão presentes nos currículos de forma bastante tímida e sem direcionamento específico para tratar esta perspectiva;

- Duas escolas evidenciam

experiências inovadoras,

priorizando uma formação mais engajada com a integralidade do

cuidado e o trabalho

multiprofissional;

- Demonstraram preocupação em romper com formatos

centrados em conteúdos

desconexos, através da

implantação de currículos temáticos; disciplinas de síntese e experiências que valorizam o trabalho multidisciplinar;

- Não indicam com clareza como a indissociabilidade teoria e prática é tratada no curso. Sugere como alternativa à formação:

- A necessidade de parceria entre a formação universitária e os serviços, assim como a capacitação de docentes para atuar nesta área;

- Propõe currículos integrados,

pautados na educação interprofissional, na interdisciplinaridade e no enfoque problematizador. - Fragilidade na formação profissional - Subsídios para a reformulação do curso

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Scabar, 201424

Mestre USP Metodologia

qualiquantitativa: Instrumentos: análise documental, questionários aplicados a 100 alunos e 06 docentes do curso de Graduação em Educação Física de uma instituição privada

do interior paulista.

- Embora o Projeto Pedagógico propusesse a construção de habilidades e competências para Promoção da Saúde (PS), o

curso não propunha

componentes curriculares que

abordassem a PS sob a

perspectiva das Conferências Internacionais e das principais referências em competências para PS, como por exemplo, o Projeto CompHP.

- Estudantes e docentes associaram com frequência PS com práticas físicas e esportivas, em detrimento às questões sociais, culturais e de inclusão, refletindo os conceitos de Saúde e PS que possuem, voltados para o ideal da mudança de comportamento.

- A presença do conteúdo de PS nos cursos de EF é fundamental para atender as demandas sociais, sendo que o Projeto CompHP poderia contribuir para tal.

- É fundamental considerar as

demandas regionais

relacionadas aos setores sociais.

- Fragilidade na formação profissional - Subsídios para a reformulação do curso Silveira, 201225

Mestre UFSE Estudo descritivo, de

natureza qualitativa, no qual foram analisadas a

matriz curricular, as ementas de um dos cursos de educação física

que dispõem de turmas formadas atuando no mercado de trabalho e um instrumento misto de coleta de dados (questionário e identificação do participante) aplicado a profissionais de educação

física que trabalham na atenção à saúde coletiva,

nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Academia da Cidade e na

- Os resultados evidenciam que a formação ocorria de maneira técnico-esportiva, através da

estrutura curricular

fragmentada, que valoriza as disciplinas de cunho biológico em detrimento das disciplinas voltadas para as Ciências Humanas.

- As ações desenvolvidas pelos profissionais e ex-profissionais da Academia da Cidade referem-se à prática de atividades físicas com grupos de idosos, obesos, hipertensos e diabéticos, com dificuldade, e até mesmo, desconhecimento no que se refere à realização de articulação em rede e - Fragilidade na formação profissional - Atendimento insatisfatório do profissional

(11)

Gestão. A amostra foi composta por 21 profissionais, sendo 12 da Academia da Cidade, 04 ex-profissionais da academia da cidade, 03 profissionais de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e 02 profissionais que trabalham na Secretaria de Estado da Saúde, desenvolvendo ações de Gestão na área

da Saúde Mental.

planejamento das ações. - Os profissionais de CAPS realizam práticas corporais e atividades relacionadas ao processo de trabalho do serviço junto a usuários de saúde mental, familiares, profissionais e alguns realizam planejamento e articulações em rede. Os

profissionais da Gestão

relataram desenvolver ações na esfera da gestão em políticas públicas, fazendo supervisão,

planejamento, apoio

institucional, articulação, monitoramento e avaliação dos serviços de saúde mental junto aos trabalhadores da área.

D i s c u s s ã o

Embora a formação de professores de Educação Física, ultimamente, tenha se redirecionado sob diversas influências, tanto de caráter legal quanto epistemológico, asseguramos que, em relação ao processo formativo, ainda existe muito a discutir e observar26 sobre o tema.

Como citado anteriormente, há um movimento crescente nos estudos sobre a temática da formação profissional associando-a ao ensino reflexivo. É chamada atenção para o fato de que a nova demanda da formação voltada à prática reflexiva27 teria assumido um contexto bastante significativo no âmbito educacional, não somente no Brasil.

Muito embora a tônica das discussões referentes à formação profissional tenha assumido uma postura de valorização da dimensão prática/atuação nos cursos superiores4,8, ainda se observa muitos entraves para a construção do currículo da Educação Física para atuação na área da saúde, como por exemplo,

falta de referenciais para a formação, visão e influência dos legisladores frente ao momento e urgência da formulação dos referenciais próprios para atuação na área da saúde, locais adequados para a realização das práticas de âmbito profissional e escassez de conhecimento produzido em relação à formação para atuação na área da saúde. Tais implicações estão reveladas nos dados levantados nessa pesquisa, analisados a seguir.

a) Fragilidade da formação e a falta de experiência com equipes multidisciplinares de atenção à saúde

A formação do profissional de Educação Física que atua na área da saúde ainda ocorre a partir do

currículo técnico-esportivo, biomédico e

fragmentado, não valorizando outras áreas como, por exemplo, de Humanidades25. Afirma também que há diferença significativa entre as práticas desenvolvidas por profissionais que atuam na área da saúde em academias e os que atuam em Centros de Atenção Psicossociais (CAPS). Para a autora, os profissionais

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que atendem clientelas específicas como grupos de idosos, obesos, hipertensos e diabéticos pautam suas intervenções nas atividades nucleares de sua formação, que teve como base um currículo tecnicista e biomédico voltado à prática de atividades físicas. Por outro lado, afirma que as práticas corporais desenvolvidas pelos profissionais de CAPS adaptam-se às necessidades dos usuários, ao processo de trabalho e de cuidado do serviço, sendo que, as ações realizadas no campo da gestão pouco utilizam o saber nuclear da Educação Física.

Ao analisar o conteúdo trazido pelo recorte do trabalho da autora é importante destacar que, embora as práticas e atuação profissional sejam diferentes, a formação inicial desses profissionais não se difere, o que, nos leva a pensar: como nos tornamos profissionais? Quais ações contribuem para que o profissional de Educação Física execute boas práticas no atendimento à saúde?

Dentre os motivos que justificam a má formação profissional estaria a ineficiência do currículo da graduação que não atende a formação do perfil do egresso para atuação na área da saúde e, também, a concepção adotada para o conceito de saúde, na qual, docentes e discentes associam frequentemente as práticas de atividade física e esportiva ao conceito de Saúde e Promoção da Saúde, ou seja, voltado ao enfoque da mudança no comportamento/atitude do sujeito24.

O resultado da má formação desses profissionais de Educação Física se revela na atuação dos profissionais que atuam nessa área específica. Isso foi demonstrado quando, estudou o perfil da atuação de profissionais de Educação Física junto a portadores de Diabetes Mellitus nas academias de Fortaleza22. O

autor percebeu que a maioria dos professores investigados não sabia informar os valores glicêmicos para considerar um aluno diabético, e que, grande parte dos profissionais investigados não realizava avaliações físicas prévias ou solicitavam liberação médica dos alunos com diabetes para realizarem exercícios físicos. Quase que a totalidade dos profissionais não sabia informar contraindicações e recomendações de exercícios para essa clientela específica. Também não foi verificado formas de monitoramento da glicemia antes, durante ou depois do exercício pelos profissionais que recebiam diabéticos.

Para além desses problemas, é importante considerar que, existe uma demanda de trabalhos com práticas corporais no serviço público de saúde, porém, as demandas não se atêm somente a elas, mas, sobretudo, exploram a ação direta com os usuários se estendendo a atividades de consultoria, multiplicação de saberes e práticas, contribuindo para a construção de ações direcionadas à comunidade. Ainda assim, conclui que os cursos de formação de profissionais para a Educação Física têm propiciado pouca ênfase à atuação na área da saúde, principalmente em relação ao cuidado com grupos especiais e atividades na área da gestão21. Ora, se os cursos não têm propiciado formação suficiente para essa atuação, como os profissionais têm trabalhado como multiplicadores e consultores nessa área? Esse questionamento não se direciona a autora, mas sim, aos profissionais que têm assumido tais compromissos.

Tão importante quanto a formação, atuação e currículo dos cursos, é o papel do gestor no curso de formação, uma vê que, ele é um dos responsáveis

(13)

pelo acompanhamento e avaliação da formação oferecida. A esse respeito, ficou constatado que os próprios coordenadores dos cursos de Educação Física estão descontentes com a formação voltada à atuação na área da saúde, sendo que, mais de 90% deles concordam que deveria reformular o currículo do curso em que atuam, visto que, eles não dão a devida preparação para atuação na Atenção Básica à Saúde devido à lacuna existente entre os conteúdos da formação e as reais necessidades das demandas na Atenção Básica17.

Frente às diferentes considerações apresentadas pelos autores, existe uma linha de identificação que permite aproximar as percepções dos pesquisadores. Essa linha indica que a formação para esse tipo de atuação ainda é incipiente e, dentre os fatores apresentados para essa situação estaria a fragilidade do currículo e a falta de experiência nesse tipo de atuação, em especial, com equipes multidisciplinares, o que, expõe a reorganização curricular ocorrida após a Res. CNE/CES 07/200413 à reprodução de modelos consolidados. Esses dois fatores, de certa forma, dificultam a construção do currículo com esse perfil de formação. Essa situação remete, quando asseguram que mudanças em práticas consolidadas pressupõem a crítica ao modelo utilizado, a apresentação de um novo modelo que se quer implementar e a vivência do mesmo, em um processo de desconstrução e de construção de novas concepções28,29,30. Diante dessa importante constatação, é imprescindível acreditar que a primeira crença foi superada, e o atual modelo curricular não dá conta da formação para atuação na área da saúde.

Por outro lado, em meio ao período de construção, adaptação e mudanças nos currículos de

formação, com práticas já consolidadas e conhecimentos produzidos nesses últimos dez anos, nos encontramos em um período de transição, no qual, é pertinente supor que num futuro não muito distante, prazo necessário para os formados consolidarem suas experiências com equipes multidisciplinares da saúde e, também, para que esses mesmos egressos comecem a finalizar seus trabalhos de mestrado e doutorado, surgirá a necessidade de elaborar novos currículos para a formação de profissionais de Educação Física aptos a trabalharem na área da saúde, indicando caminhos que constituirão o perfil desejado para essa atuação. Destaca-se que as experiências consolidadas nessa área e os trabalhos desenvolvidos na pós-graduação somente terão sentido quando realizados no contexto da prática profissional. Aí sim serão imprescindíveis para a construção do currículo, de novas práticas e concepções para os envolvidos no processo de formação, uma vez que, “Se os métodos de ensino não são estudados no contexto no qual serão implementados, os professores podem não saber identificar os aspectos essenciais, nem adaptar as estratégias instrucionais [...] à sua matéria específica

ou novas situações”30, e continuar a reproduzir

antigas práticas consolidadas.

Nesta perspectiva, tanto a prática, quanto a figura do formador se transformam na chave do currículo de formação profissional. A prática enquanto espaço próprio no currículo destinado à reflexão sobre questões inerentes à atuação profissional; a prática restrita ao interior das disciplinas pedagógicas e específicas do curso, objetivando levar o graduando à busca do conhecimento pedagógico e a prática enquanto

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espaço de reflexão sobre a própria atuação profissional.

b) Experiências positivas e iniciativas para o fortalecimento da atuação na área da saúde

Esse período de transição curricular e adaptação ao novo propiciaram diferentes tipos de experiências e análises sobre a formação. Frente à construção de práticas que vão se consolidando, os caminhos começam a ser construídos, possibilitando o redirecionamento da formação. A fala dos autores apresentadas a seguir propõem caminhos tendo como base as experiências que serviram como suporte às suas investigações.

Portanto a inserção recente do profissional de Educação Física na atenção primária trouxe expectativas positivas para a Educação Física, porém, a frágil formação dificulta a sua inserção nessa área. Apresenta como sugestão para a superação do hiato da formação, a implementação de estratégias que estejam em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. Fica sugerido também, a pós-graduação como importante aliada para minimizar deficiências na atuação do profissional20.

As estratégias de preparação do profissional devem ser realizadas ainda na graduação18,23,24. Para tanto, reforçar a ideia da existência de mais interações entre as Instituições de Ensino Superior objetivando a troca de experiências de pesquisas científicas objetivando a ampliação das ações que desenvolvam a promoção da saúde. Como valorosa contribuição para a formação, a ampliação da participação dos graduandos em congressos, jornadas e programas de iniciação científica. De igual importância assinala a discussão na graduação sobre a

importância da formação continuada do profissional, visto que, a sua qualificação ainda é muito básica e restrita aos conhecimentos da graduação18.

A formação mais engajada com a integralidade no cuidado e o trabalho multiprofissional. Sugere também o rompimento com o os conteúdos fragmentados dos currículos de formação e a implementação de currículos temáticos e disciplinas de síntese com experiências que valorizam o trabalho multidisciplinar. Propõem para isso, que a indissossiabilidade entre teoria e prática seja idealizada de forma clara e, para tanto, sugere que mudanças devam ser pensadas, tanto no texto das DCN´s como na concepção dos projetos pedagógicos dos cursos. São emergentes e necessários a criação de parcerias entre a formação universitária e os serviços, bem como a capacitação de docentes para atuar nessa área23.

Também como alternativa promissora para suprir as necessidades de formação na área da saúde, sugerindo que seja melhor delimitado os conceitos de saúde na formação inicial, bem como, que se trabalhe com as competências relativas à promoção da saúde de acordo com o sugerido nas conferências internacionais e, dá como exemplo, as competências sugeridas no projeto CompHP (Competências para a Promoção da Saúde)24.

Por fim, três grandes destaques como necessário ao desenvolvimento de competência para o profissional19:

• Competências relacionadas à utilização dos conhecimentos historicamente tradicionais para a área da Educação Física, tais como, aqueles ligados às ciências biológicas e ao treinamento físico;

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• Competências referentes ao emprego da diversidade de possibilidades de práticas corporais e atividades físicas existentes no universo da cultura corporal de movimento.

Ainda que complexa e, pelos relatos, talvez um pouco distante do que se considera ideal para a formação profissional, devido ao momento de transição vivenciado nos cursos de Educação Física, as produções sobre essa temática, em sua grande maioria, se atêm aos relatos de observações relacionadas ao ensino, currículo e atuação profissional. Ao longo da análise das produções foi observado que são poucas as produções que se proponham a investigar outras experiência e contribuições para os graduandos no decorrer da trajetória formativa no curso. Nessa pesquisa não foram encontrados, por exemplo, investigações que

atestem as contribuições de componentes

curriculares voltados a Pesquisa na Graduação (TCC, Iniciação Científica) e Projetos de Extensão realizadas na área da saúde, atividades que podem também agregar valiosa contribuição ao futuro profissional, na qual foram investigadas a temática na formação de professores de Educação Física31,32,33.

C o n c l u s ã o

Após análise e reflexões sobre as produções, foi observado a existência de uma parca produção a respeito do tema, principalmente no que se refere à formação do profissional de Educação Física para atuação na área da saúde. As produções, objeto de análise nesse estudo, têm como preocupação principal a atuação do profissional de Educação Física para a atuação na área da saúde. Em linhas gerais, voltam seus esforços para a apresentação das

fragilidades na formação/atuação do profissional e propostas para melhoria da constituição específica do perfil do graduando que se espera para essa atuação profissional. Em linhas gerais os textos sinalizam o descompasso entre o conhecimento específico construído no decorrer dos cursos de formação e a sua utilização na prática profissional. Consideram que a relação teoria/prática se apresenta nos cursos de forma fragmentada, problemática, confusa e

portadora de conflitos e antagonismo,

desencadeando certa fragilidade na formação. O estudo levou também a concluir que as produções referentes à formação inicial enfatizam prioritariamente a dimensão do ensino, muito embora, esteja previsto para a formação no nível superior a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Ainda que, o atual momento seja marcado pela transição do modelo curricular que considera novos tempos e espaços para a discussão sobre a atuação específica do profissional de Educação Física na área da saúde, a formação precisa ser repensada como algo que transcenda o currículo técnico-esportivo e biomédico. Além disso, há que se atentar para que as ações formadoras possibilitem ao acadêmico a compreensão desse campo profissional a partir da sua especificidade conceitual e do

acolhimento, atendimento e desempenho

profissional.

Nesse sentido, se evidenciou a necessidade de tempo, estudo e esforços no sentido de produzir e ampliar o conhecimento, na graduação e na pós-graduação, sobre novas práticas que estão se consolidando nesse campo profissional, para que, em um futuro próximo, possam orientar a constituição de novos currículos de formação profissional e práticas

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significativas para a área. Para tanto, se faz necessário que os conhecimentos sejam grados no campo de atuação profissional, gerando saberes contextuais que possam elucidar o processo de formação, gerando novas práticas e currículos compatíveis com essa área específica de aprofundamento curricular. Do contrário, tempo, espaço e estudo serão apenas suficientes para reprodução do que está posto.

Por ora, ainda há carência de respostas para questões que permeiam a formação, o currículo e a atuação do profissional e são fundamentais para elucidar o processo de formação desse profissional de Educação Física para atuação na área da saúde: • Qual a concepção de saúde está presente nos cursos de formação?

• Qual a concepção que os alunos do curso de Educação Física têm sobre saúde e sobre a própria preparação para atuação nessa área?

• Como os alunos recém-formados avaliam a sua formação para atuação na área da saúde?

• Como o profissional de Educação Física que atua na área da saúde constituiu os conhecimentos necessários para sua atuação?

• Como o formador concebe e avalia a formação oferecida no curso de Educação Física para atuação na área da saúde?

• Como estruturar o currículo do curso de Educação Física que têm a saúde como área de formação e aprofundamento, de modo a apresentar uma formação compatível à atuação profissional nessa área?

Por fim, essa pesquisa apresenta limites e possibilidades. Enquanto possibilidade apresenta um compêndio de informações para contribuir com o debate a respeito da formação para um tipo de

atuação balizada na sua própria especificidade. Por outro lado, está limitada a análise parcial das informações contidas em pesquisas publicadas a respeito da temática, e que, não representam a totalidade dos cursos. Apresenta também como limite

a não inclusão de outras bases de

dados/periódicos/bibliotecas online, que poderiam fortalecer o debate. A opção pela utilização de temas e não por palavras-chave e/ou equações de pesquisa (combinação de descritores) pode também ter restringido a busca de dados, se considerarmos que os autores poderiam ter optado por sinônimos ou a não apresentação de todas as palavras. Diante disso, permitir a combinação a partir de operadores booleanos e facilitadores de busca, por termos similares e combinações poderiam permitir maior alcance da busca. Mesmo assim, o conteúdo analisado se apresenta como um instrumento inicial para discussão e com a intenção de contribuir com a reflexão a respeito dos currículos dos cursos de Educação Física e a preparação de profissionais para atuação na área da saúde.

R e f e r ê n c i a s

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10. Brasil. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP 002/2002 dispõe sobre a carga horária mínima para integralização dos cursos de formação de professores. Brasília: MEC, CNE. 2002. 11. Brasil. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP 001/2002 dispõe sobre Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Brasília: MEC, CNE. 2002.

12. Brasil. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CES 0058/2004. Proposta de Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física. Brasília: MEC, CNE. 2004.

13. Brasil. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE-CES 07/2004. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física, em nível superior de graduação plena. Brasília: MEC, CNE. 2004.

14. Brasil. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CES Nº 7, DE 4 DE OUTUBRO DE 2007. Altera o § 3º do art. 10 da Resolução CNE/CES nº 07/2004, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física, em nível superior de graduação plena. Brasília: MEC, CNE. 2007.

15. Brasil. Conselho Nacional de Educação. Resolução Nº 4, DE 6 DE ABRIL DE 2009. Dispõe sobre

carga horária mínima e procedimentos relativos à integralização e duração dos cursos de graduação em Biomedicina, Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição e Terapia Ocupacional, bacharelados, na modalidade presencial. Brasília: MEC, CNE. 2009. 16. Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70. 2011.

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Referências

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