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Estudo eletromiografico comparativo dos musculos masseter, temporal e orbicular da boca entre jovens com maloclusão classe II, 1 divisão e com oclusão normal

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

MEIRE ALVES DE SOUSA

Cirurgiã-Dentista

ESTUDO ELETROMIOGRÁFICO COMPARATIVO DOS

MÚSCULOS MASSÉTER, TEMPORAL E ORBICULAR DA

BOCA ENTRE JOVENS COM MALOCLUSÃO CLASSE II, 1ª

DIVISÃO E COM OCLUSÃO NORMAL.

Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ortodontia.

PIRACICABA 2004

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

MEIRE ALVES DE SOUSA

Cirurgiã-Dentista

ESTUDO ELETROMIOGRÁFICO COMPARATIVO DOS

MÚSCULOS MASSÉTER, TEMPORAL E ORBICULAR DA

BOCA ENTRE JOVENS COM MALOCLUSÃO CLASSE II, 1ª

DIVISÃO E COM OCLUSÃO NORMAL.

Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ortodontia.

Orientadora: Profª. Drª. Vânia Célia Vieira de Siqueira.

PIRACICABA 2004

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F i c h a C a t a l o g r á f i c a

So85e

Sousa, Meire Alves de.

Estudo eletromiográfico comparativo dos músculos masséter, temporal e orbicular da boca entre jovens com maloclusão classe II, 1a. divisão e com oclusão normal. / Meire Alves de Sousa. – Piracicaba, SP : [s.n.], 2004.

xii, 85p. : il.

Orientador : Profa Dra Vânia Célia Vieira de Siqueira.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Odontologia de Piracicaba.

1. Eletromiografia. 2. Ortodontia. I. Siqueira, Vânia Célia Vieira de. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Odontologia de Piracicaba. III. Título.

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marilene Girello CRB/8–6159, da

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(5)

D

edico este trabalho

Aos meus pais, Sebastião Sousa Santos e Maria do Rosário Alves Santos, exemplo para minha vida, que com muito amor, sempre apoiaram as minhas decisões, sem medir esforços para a minha formação.

A toda minha família pelo incentivo e apoio em todos os momentos. Com atitudes encorajadoras, fizeram-me acreditar que eu era capaz.

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Agradeço a Deus, que em sua infinita sabedoria e bondade, auxiliou-me a percorrer todo o caminho para chegar até aqui.

(7)

A

gradecimento especial

À Professora Drª Vânia Célia Vieira de Siqueira, da área de Ortodontia do Departamento de Odontologia Infantil da Faculdade de Odontologia de Piracicaba - UNICAMP, meus sinceros agradecimentos pelo sentido verdadeiro da palavra orientação, pelos ensinamentos valiosos transmitidos em todo o decorrer do curso, pela confiança e pela amizade acima de tudo.

(8)

Ao Professor Dr. Darcy Flávio Nouer, Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Ortodontia, nível de Mestrado, do Departamento de Odontologia Infantil da Faculdade de Odontologia de Piracicaba - UNICAMP, pelos ensinamentos constantes, pela amizade e pela oportunidade de realização da minha pós-graduação nesta instituição.

À Professora Drª Maria Beatriz Borges de Araújo Magnani, da área de Ortodontia do Departamento de Odontologia Infantil da Faculdade de Odontologia de Piracicaba - UNICAMP, pelo carinho, amizade e ensinamentos transmitidos.

Ao Professor Dr. João Sarmento Pereira Neto, da área de Ortodontia do Departamento de Odontologia Infantil da Faculdade de Odontologia de Piracicaba - UNICAMP, pelo apoio à minha formação profissional e amizade.

Ao Professor Dr. Fausto Bérzin, da área de Anatomia do Departamento de Morfologia da Faculdade de Odontologia de Piracicaba - UNICAMP, pela atenção, amizade e inestimável colaboração na realização deste trabalho.

(9)

A

gradeço ainda:

Á Faculdade de Odontologia de Piracicaba –UNICAMP, na pessoa de seu Digníssimo Diretor, Professor Dr. Thales Rocha de Mattos Filho.

Ao Coordenador dos Cursos de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP, Professor Dr. Pedro Luiz Rosalen.

À Universidade Vale do Rio Doce - UNIVALE, na pessoa do seu Magnífico Reitor, Professor Dr. Marcelo Marigo, pelo apoio imprescindível à realização deste curso.

Ao Departamento de Morfologia, área de Anatomia, da Faculdade de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP, na pessoa do Professor Dr. Fausto Bérzin, pelo auxílio na realização dos exames eletromiográficos.

Ao Departamento de Radiologia da Faculdade de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP, na pessoa do Professor Dr. Francisco Haiter Neto, pelo auxílio na realização das radiografias.

À Professora Drª Gláucia Maria Bovi Ambrosiano, da área de Bioestatística do Departamento de Odontologia Social da Faculdade de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP, pelo auxílio na elaboração da análise estatística.

À Professora Drª Cecília Gatti Guirado, da área de Odontopediatria do Departamento de Odontologia Infantil da Faculdade de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP, pelo apoio e amizade.

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Á Marlise e Regiane, pela amizade, carinho e apoio em todos os momentos.

Aos colegas do Curso de Mestrado em Ortodontia, Adriana Viotti, Fábio, Glauce, Jussara, Maria Júlia e Nádia, pelo companheirismo e amizade durante todo o curso.

Aos colegas do Curso de Doutorado em Ortodontia, Adriana Lucato, Bruno, Edvaldo, Emerson, Fernando, Heloísa, Ivana, Mayuri, Sílvia e Stênyo pela amizade e auxílio constante.

Às funcionárias do Departamento de Odontologia Infantil da Faculdade de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP, Paloma e Tuca , pela atenção e simpatia com que sempre me atenderam.

Aos funcionários do Departamento de Radiologia da Faculdade de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP, Antônio, Fernando e Waldeck, pela disponibilidade na execução das radiografias deste trabalho.

À funcionária do Departamento de Morfologia, área de Anatomia, da Faculdade de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP, Joelma, pela sua constante atenção.

Aos funcionários da Biblioteca, em especial Heloísa Ceccotti, pela competência e atenção.

Às jovens voluntárias e seus pais ou responsáveis, por acreditarem neste trabalho, pela confiança e pelo carinho.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão de uma bolsa de estudo, que possibilitou a realização deste trabalho.

A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a concretização deste trabalho, meus sinceros agradecimentos.

(11)

Ter a consciência de que tudo o que fizemos nunca ficou aquém da nossa capacidade e ter a certeza de que tudo o que foi feito ainda pode ser melhorado. Talvez seja esta a única forma de poder dizer: “Obrigado Senhor pelo dom da vida”. (Sérgio Rosseto)

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SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS 1 RESUMO 2 ABSTRAT 3 1 INTRODUÇÃO 4 2 REVISÃO DA LITERATURA 6

2.1 Eletromiografia – Considerações Gerais 6

2.2 Eletromiografia e a Odontologia 10 3 PROPOSIÇÃO 35 4 MATERIAL E MÉTODOS 36 4.1 Seleção da amostra 36 4.2 Documentação ortodôntica 37 4.3 Análise eletromiográfica 39 4.3.1 Instrumentação 39

4.3.2 Coleta do sinal eletromiográfico 41

4.3.3 Análise do sinal eletromiográfico 45

4.4 Análise estatística 49

5 RESULTADOS 50

6 DISCUSSÃO 58

6.1 Considerações sobre a amostra estudada 58

6.2 Considerações sobre o emprego da eletromiografia 58

6.3 Considerações sobre os resultados 61

6.4 Considerações clínicas 67

7 CONCLUSÃO 68

REFERÊNCIAS 69 ANEXOS 79

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LISTA DE ABREVIATURAS

A/D - Analógico/digital

Ag - Prata

AgCl - Cloreto de prata

ANB - Ângulo formado pela intersecção das linhas NA e NB. ANOVA - Análise de variância

bpm - Batimentos por minuto

CMRR - Relação de rejeição em modo comum

dB - Decibéis

EMG - Eletromiografia

FMA - Ângulo formado pela intersecção dos planos horizontal de Frankfurt e mandibular

GΩ - Giga Ohms

IMPA - Ângulo formado pela intersecção do plano mandibular e linha do longo eixo do incisivo central inferior

Hz - Hertz

MD - Músculo masséter direito ME - Músculo masséter esquerdo

OI - Músculo orbicular da boca, segmento inferior OS - Músculo orbicular da boca, segmento superior RMS - “Root Mean Square” (raiz quadrada da média)

SAS - “Statistical Analysis System” (sistema de análise estatística) SNA - Ângulo formado pela intersecção das linha SN e NA

SNB - Ângulo formado pela intersecção das linhas SN e NB TD - Músculo temporal direito

TE - Músculo temporal esquerdo µV - Microvolt

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RESUMO

Objetivou-se neste estudo comparar eletromiograficamente os potenciais de ação da porção superficial do músculo masséter, da porção anterior do músculo temporal e dos segmentos superior e inferior do músculo orbicular da boca, bilateralmente, em jovens com maloclusão do tipo Classe II, 1ª divisão e com oclusão normal, verificando a ocorrência ou não de atividade eletromiográfica diferente entre os mesmos. A amostra consistiu de 50 jovens, do sexo feminino, leucodermas, com idade variando entre 8 e 10 anos, que nunca se submeteram a tratamento ortodôntico, distribuídas em dois grupos: 25 jovens com oclusão normal e 25 com maloclusão do tipo Classe II, 1a divisão. Para a captação dos sinais eletromiográficos dos músculos masséter e temporal utilizou-se eletrodos de superfície ativos diferenciais simples, e para o músculo orbicular da boca, eletrodos de superfície passivos de Ag/AgCl. Realizou-se a coleta do sinal na situação de repouso, na contração isométrica e na contração isotônica e por meio de software específico, determinou-se o valor da RMS de cada movimento realizado. Submeteu-se os dados coletados à análise estatística, empregando-se a análise de variância (ANOVA) para medidas repetidas e o teste de Tukey (α=0,05). Os resultados demonstraram que ocorreu atividade eletromiográfica diferente entre os grupos. Esta atividade apresentou-se maior nos jovens com maloclusão. Os músculos estudados apresentaram potenciais de ação mais elevados durante a contração isométrica, entretanto esta diferença não apresentou-se estatisticamente significante para o segmento inferior do músculo orbicular da boca. Durante a situação de repouso observou-se discreta atividade muscular em ambos os grupos.

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ABSTRACT

The purpose of this study was to compare electromyographically the action potential of the superficial masseter muscle, the anterior temporal muscle, the orbicularis oris muscle, upper and lower segment, bilaterally, in young females with Class II division 1 malocclusion and with normal occlusion, in order to verify the occurrence or not of the electromyographic activity different between them. The sample consisted of 50 females, aged ranging from 8 to 10 years old, with no previous orthodontic treatment, divided into two groups: 25 with normal occlusion and 25 with Class II division 1 malocclusion. The electromyographic signals of the masseter and temporal muscles were adquired by active single differential surface electrodes, and of the orbicularis oris muscle by passive surface electrodes of the Ag/AgCl. Muscle activity was recorded in resting position, in isometric contraction and in isotonic contraction and through of specific software was determined the RMS values of each movement. The data collected were submitted to the statistical analyses of variance and Tukey test (α=0,05). The results showed that there was electromyographic activity difference between the groups. The muscle activity was higher in young females with malocclusion than in young females with normal occlusion. The muscle activity was higher in the isometric contraction than in isotonic contraction, but that difference was not statistically significant for the orbicularis oris muscle lower segment. During the resting position was observed slight muscle activity in both groups.

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1- INTRODUÇÃO

A análise eletromiográfica dos músculos da mastigação representa um importante instrumento complementar no diagnóstico ortodôntico, pois uma cuidadosa avaliação da atividade muscular antes e durante o tratamento orienta o profissional na eleição adequada da contenção, minimizando recidivas.

Moyers48, em 1949, introduziu a eletromiografia na pesquisa odontológica, realizando um extenso estudo eletromiográfico sobre os músculos da mastigação. Constatou que existem diferenças nos resultados eletromiográficos dos pacientes com maloclusão e de pacientes com oclusão clinicamente normal.

Segundo Rogers64, em 1950, a estrutura óssea dos maxilares, com suas inserções musculares, seus tendões e seus ligamentos formam uma unidade funcional. A ocorrência de uma função anormal em algum desses elementos, suficiente para provocar mudança em seu uso, certamente ocasionará um desequilíbrio dessa unidade funcional.

Pruzansky60, em 1952, demonstrou que os padrões sinérgicos do comportamento muscular diferem com relação às anomalias da oclusão, relevando a importância da aplicação da eletromiografia na odontologia.

Na concepção de Subtelny74, em 1970, para a correção da atividade muscular anormal, torna-se imprescindível a correção da forma, sem a qual não se alcança resultados satisfatórios.

Yuen e colaboradores89, em 1990, demonstraram que a análise da atividade

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estudo das contrações musculares durante o tratamento ortodôntico e das alterações durante o crescimento.

Entretanto, torna-se importante compreender que a relação entre o sinal eletromiográfico e a força produzida por um músculo é bastante complexa, embora existam atualmente equipamentos eletromiográficos computadorizados, com softwares adequados, que possibilitam um estudo mais objetivo sobre o comportamento elétrico dos músculos.

Segundo Portney59, em 1993, o profissional precisa usar sabiamente a eletromiografia, reconhecendo suas limitações como instrumento de mensuração. Ela não é capaz de determinar a efetividade do tratamento em atingir os resultados funcionais previstos, ou avaliar se o músculo tornou-se mais forte ou mais fraco, ou se encontra hipertônico ou hipotônico. Determinam-se estas alterações por meio da avaliação clínica. Entretanto, a eletromiografia pode fornecer informações antes e durante o tratamento, capazes de aumentar a sua eficácia, tornando-se, desta forma, um auxiliar importantíssimo à intervenção e avaliação terapêutica.

Tendo em vista que conhecimentos sobre a atividade dos músculos mastigatórios nas maloclusões auxiliam enormemente o desenvolvimento de estratégias de tratamento ortodôntico, nos propomos nesta pesquisa a analisar eletromiograficamente os potenciais de ação dos músculos masséter, temporal e orbicular da boca em jovens com maloclusão Classe II, 1ª divisão, de Angle, comparando-os com um grupo de jovens com oclusão normal.

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2- REVISÃO DA LITERATURA

Para uma melhor compreensão, optou-se em dividir este capítulo em dois tópicos. No primeiro, abordaram-se algumas considerações gerais sobre eletromiografia, não por ordem cronológica e sim observando uma seqüência lógica, por motivos didáticos. No segundo, abordou-se a utilização da eletromiografia em odontologia, desta vez seguindo uma ordem cronológica.

2.1- Eletromiografia - Considerações Gerais

De acordo com Basmajian & De Luca5, em 1985 e Portney59, em 1993, a primeira publicação sobre a atividade elétrica dos músculos ocorreu em 1791, quando Luigi Galvani demonstrou evidências sobre a relação entre contração muscular e eletricidade, em músculos de rãs. Esse fato passou despercebido por cerca de um século. Posteriormente, após o desenvolvimento de tecnologia que tornou confiável e válido o registro de tal atividade, outros autores se dedicaram ao assunto, mas somente em 1949, Duchenne13 realizou experimentos nos quais investigou a dinâmica e a função muscular por meio da estimulação elétrica “in vivo” e em cadáveres.

Segundo Lehmkuhl & Smith37, em 1989, define-se eletromiografia como a coleta de informações sobre a atividade elétrica muscular, por meio de eletrodos conectados a equipamentos para amplificação e registro dos sinais.

Para Portney59, em 1993, a eletromiografia é o estudo da atividade das unidades motoras de uma contração muscular, auxiliando na avaliação de doenças neuromusculares ou de traumatismos, assim como no estudo da função muscular. Unidades motoras se compõem de uma célula do corno anterior, um axônio, suas junções neuromusculares e

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todas as fibras musculares inervadas por este axônio. O axônio conduz um impulso para as suas fibras musculares, que se despolarizam de modo relativamente simultâneo, gerando atividade elétrica, que é graficamente registrada como o eletromiograma.

Soderberg & Cook70, em 1984, e Portney59, em 1993, consideraram as seguintes informações:

• Para o registro do eletromiograma necessita-se de um sistema com eletrodos que capturem os potenciais elétricos do músculo em contração (fase de entrada de informação), um amplificador que processe o pequeno sinal elétrico (fase de processamento) e um decodificador que permita a visualização gráfica e/ou audição dos sons emitidos, o que possibilitará a completa análise dos dados (fase de saída de informação).

• Na monitorização do sinal mioelétrico utilizam-se eletrodos de superfície ou de agulha.

Eletrodos de superfície: indicados no estudo de grandes músculos ou grupos de

músculos superficiais, para teste de condução nervosa e nas investigações cinesiológicas. Representam uma técnica não invasiva, de fácil colocação e confortável para o paciente. Apresentam como limitações a atenuação causada pelo tecido subcutâneo e a possível contaminação do registro por atividade elétrica oriunda de outros músculos ou grupos musculares, conhecida como

crosstalk. Classificam-se em passivos ou ativos. Os eletrodos passivos

representam sistemas simples constituídos por uma porção metálica, que pode ou não estar envolvida em um material isolante, por um cabo e por um pino conector. Permitem o registro de alguns músculos pequenos. Os eletrodos ativos ou diferenciais representam sistemas mais complexos que possuem dispositivos eletrônicos que excluem sinais comuns por diferenciação e amplificam o sinal eletromiográfico bem próximo à origem, reduzindo a contaminação por ruído ambiente e a interferência do movimento dos cabos conectores.

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Eletrodos de agulha: indicados no estudo de músculos pequenos e profundos.

• Além dos eletrodos registradores, aplica-se um eletrodo “terra” para permitir um mecanismo de cancelamento do efeito de interferência do ruído elétrico externo, causado por luzes fluorescentes, instrumentos de radiodifusão, equipamentos de diatermia e outros aparelhos elétricos. O eletrodo “terra” consiste de um eletrodo superficial em placa, aderido à pele nas proximidades dos eletrodos registradores, mas não usualmente sobre um músculo.

De acordo com De Luca12, em 1997, atualmente encontramos dois tipos de eletrodos diferenciais, o eletrodo de diferenciação simples e o eletrodo de dupla diferenciação, com este último apresentando a vantagem de eliminar ou reduzir com maior eficiência os sinais originados à distância do eletrodo, tornando-se uma alternativa para reduzir o crosstalk. O autor sugeriu a colocação dos eletrodos diferenciais de superfície na linha média do ventre muscular, entre o ponto motor e o tendão, paralelamente às fibras musculares, porém, com sua superfície de detecção orientada perpendicularmente a elas, garantindo-se, assim, uma aquisição com amplitude e espectro de freqüência ótimos.

Soderberg & Knutson71, em 2000, descreveram sobre a facilidade de utilização técnica e instrumental da eletromiografia, mas chamaram a atenção para a complexidade do processo desde a coleta até a análise dos dados, destacando a importância da sistematização para uma correta aplicação desses dados.

Com o propósito de facilitar a quantificação dos dados brutos, manipula-se eletronicamente o sinal eletromiográfico. Uma das formas de manipulação do sinal é a determinação da raiz quadrada da média (Root Mean Square – RMS). De acordo com Basmajian & De Luca5, em 1985, este representa o melhor método, pois contempla as alterações fisiológicas do sinal eletromiográfico, reflete o número, a freqüência de disparo e a forma dos potenciais de ação das unidades motoras ativas, permitindo ainda uma análise da amplitude do sinal eletromiográfico.

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De acordo com De Luca12, em 1997, a eletromiografia de superfície mostra-se uma excelente forma de avaliar os processos fisiológicos dos músculos esqueléticos sem procedimentos invasivos. Porém apresenta limitações, como colocação dos eletrodos, características fisiológicas, anatômicas e bioquímicas do músculo estudado, o tipo de fibra muscular ativada, a quantidade de tecido entre a superfície do músculo e o eletrodo, dentre outras, que devem ser entendidas e consideradas para o sucesso da sua utilização.

Segundo Knutson e colaboradores35, em 1994, e Ervilha e colaboradores15, em 1998, a literatura científica descreve a necessidade de normalização do sinal eletromiográfico para criar um referencial comum aos diferentes dados eletromiográficos e reduzir a variabilidade intersujeitos. Define-se normalização como a tentativa de reduzir as diferenças entre registros de um mesmo sujeito, ou de sujeitos diferentes, de forma a tornar a interpretação de dados reprodutível.

Entretanto, de acordo com De Luca12, em 1997, a normalização fornece dados semelhantes aos diferentes sujeitos, tendendo a suprimir as distinções nos dados associadas com casos anormais ou patológicos.

Oliveira52, em 2000, Semeghini68, em 2000, Biasotto7, em 2002, e Gadotti21, em 2003, também constataram que o procedimento de normalização ao se comparar dados de voluntários com alterações musculares com dados de voluntários clinicamente normais, não evidencia as diferenças de amplitude entre os grupos. Enquanto que a não normalização permite observar diferenças significativas da amplitude eletromiográfica entre os grupos.

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2.2- Eletromiografia e a Odontologia

Moyers48, em 1949, introduziu a eletromiografia na pesquisa odontológica, realizando um extenso estudo eletromiográfico sobre os músculos da mastigação. Analisou os músculos temporal, masséter, pterigóideos, mentoniano e supra-hióideos, nos movimentos de elevação, abaixamento e lateralidade da mandíbula, em 16 jovens na faixa etária entre 4 anos e 6 meses a 16 anos, de ambos os sexos, com maloclusão Classe II, 1ª divisão, de Angle, comparando-os com um grupo similar de jovens com oclusão normal. Observou que todos os jovens com maloclusão apresentaram alterações na musculatura intimamente ligada à articulação têmporo-mandibular e que o tratamento ortodôntico pode alterar o potencial de ação de alguns desses músculos.

Brodie8, em 1952, observou que os dentes, uma vez erupcionados, sofrem influências das ações musculares. Suas posições vestíbulo-linguais determinam-se pelo equilíbrio entre a língua, os lábios e as bochechas. Observou ainda que após o tratamento ortodôntico das maloclusões Classe II, 1ª ou 2ª divisão, geralmente ocorre uma correção espontânea da disfunção muscular.

Ainda em 1952, Pruzansky60 salientou a importância da aplicação da eletromiografia na odontologia, demonstrando que os padrões sinérgicos do comportamento muscular diferem com relação às anomalias da oclusão e correlacionando tal fato à existência ou não de eficiência do mecanismo mastigatório.

MacDougall & Andrew44, em 1953, estudaram eletromiograficamente os músculos masséter e temporal em 12 adultos com oclusão clinicamente normal, com idades entre 20 e 35 anos, utilizando eletrodos de superfície. Observaram que:

• No repouso mandibular o músculo masséter e o temporal apresentaram leve atividade;

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• Na mordida incisiva, o músculo masséter apresentou maior atividade do que o temporal, enquanto que na oclusão molar ambos os músculos apresentaram atividade similar;

• Na protrusão da mandíbula ocorreu considerável atividade do músculo masséter, enquanto que na retração ocorreu maior atividade na porção posterior do músculo temporal;

• Na abertura livre da boca ambos os músculos não se contraíram, entretanto mantiveram-se ativos na abertura máxima, atividade interpretada como um mecanismo protetor para prevenir o deslocamento da articulação têmporo-mandibular.

• Na abertura contra-resistência ambos os músculos permaneceram inativos.

Tulley80, em 1953, por meio de estudos eletromiográficos dos músculos masséter e peribucais durante a deglutição, observou que os pacientes com deglutição normal apresentavam acentuada contração do músculo masséter e pouca atividade dos músculos peribucais, enquanto que os pacientes com deglutição atípica apresentavam maior atividade dos músculos peribucais.

Perry Jr58, em 1955, analisou eletromiograficamente os músculos temporal e masséter de voluntários com maloclusão Classe II, 1ª divisão e com oclusão normal, por meio de eletrodos de superfície, durante movimentos de mastigação. Verificou que no grupo com oclusão normal, o músculo temporal do lado de trabalho manifestou potencial de ação antes dos músculos temporal e masséter do lado oposto, enquanto no grupo com maloclusão não existiu um padrão característico. Ocorreu uma maior sinergia entre os músculos em função no grupo com oclusão normal.

Greenfield & Wyke24, em 1956, desenvolveram uma técnica eletromiográfica padrão, para estudar os músculos masséter e temporal, durante a realização de diversos movimentos mandibulares, em pessoas com oclusão normal. Verificaram que cada movimento produziu um eletromiograma característico. O músculo temporal, porção

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anterior e posterior, apresentou maior número de unidades motoras ativas na oclusão cêntrica, na retrusão mandibular e na oclusão molar ipsilateral, com poucas unidades motoras ativas na protrusão mandibular, na mordida incisiva e na oclusão molar contralateral. A porção ântero-inferior do músculo masséter apresentou um grande número de unidades motoras ativas na oclusão cêntrica, na protrusão mandibular, na oclusão molar contralateral e na mordida incisiva. A porção póstero-superior do músculo masséter mostrou o maior número de unidades motoras ativas na mordida ipsilateral e na retrusão da mandíbula. Concluíram que, uma vez estabelecido o padrão característico do comportamento muscular, torna-se possível estudar as maloclusões antes, durante e após o tratamento.

Latif36, em 1957, usando eletrodos bipolares de superfície, estudou a atividade eletromiográfica das partes anterior e posterior do músculo temporal, em 25 jovens com oclusão normal, com idade entre 10 e 14 anos, de ambos os sexos. Encontrou atividade predominante na região posterior na posição de repouso da mandíbula. Durante a mordida incisiva verificou atividade em todas as partes do músculo, com suave predominância na região anterior. Na oclusão molar observou atividade marcante em todas as regiões.

Em 1958, Graber23 ressaltou a necessidade de fornecer maior importância à pressão constante exercida pelos tecidos tegumentares da face, o qual é um fator determinante na posição dos dentes.

Baril & Moyers4, em 1960, analisaram eletromiograficamente os padrões de comportamento dos músculos temporal, bucinador, mentoniano e orbicular da boca, durante os movimentos de deglutição, leve contato dos dentes, oclusão forçada e sucção, em 24 voluntários, com idade variando de 5 anos e 10 meses a 10 anos e 11 meses, com hábitos ativos de sucção digital. Verificaram a existência de um padrão muscular característico, com predominância de atividade do músculo orbicular da boca ou do mentoniano e, durante a sucção, uma mínima contração do músculo temporal. Concluíram que na presença de hábitos de sucção, os padrões anormais de comportamento se mostram

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categoricamente estabelecidos. Consideraram esta observação de grande valia clínica, uma vez que não basta a correção do hábito se persistir o padrão muscular.

Findlay & Kilpatrick18, em 1960, estudaram a participação dos músculos temporal e masséter na deglutição de saliva, em 12 pacientes normais e 12 anormais, assim denominados de acordo com a presença ou ausência de sinais e sintomas de distúrbios funcionais bucais, de ambos os sexos, com idade entre 11 a 38 anos. Utilizaram eletrodos bipolares de superfície, colocados bilateralmente sobre as fibras anteriores e posteriores do músculo temporal e fibras superficiais e profundas do masséter. Comprovaram uma atividade simétrica dos músculos temporal e masséter na deglutição. Não ocorreu evidência clara de diferenças de potencial nos músculos envolvidos, nos diferentes pacientes testados. Concluíram que a porção posterior do músculo temporal e a porção superficial do músculo masséter predominaram na deglutição, enquanto a porção anterior do músculo temporal apresentou uma menor atividade do que esses dois, mas maior que o músculo masséter profundo.

Liebmann & Cozenza39, em 1960, avaliaram os músculos temporal e masséter, por meio de eletromiografia de superfície, em pacientes com oclusão normal e com diferentes tipos de maloclusão, com o objetivo de verificar se os mesmos apresentavam um padrão muscular característico. Concluíram que não ocorreu distinção do padrão de atividade elétrica dos pacientes com maloclusão e dos com oclusão normal, nem tampouco um padrão específico para cada grupo.

Nieberg51, em 1960, analisou o complexo muscular peribucal, por meio de registros eletromiográficos e cefalométricos, em 29 jovens leucodermas, com idade variando de 8 anos a 12 anos e 11 meses, selecionadas ao acaso. Verificou dentre outras coisas que:

• Pacientes com IMPA baixo ou alto exibiram uma predominância da musculatura labial inferior. Aqueles com o IMPA mais baixo apresentaram consideravelmente mais atividade.

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• Pacientes com o lábio superior longo, ou seja, medindo metade ou mais do comprimento total do lábio, apresentaram maior atividade da musculatura labial superior.

• Não existiu correlação entre o comprimento do lábio e o grau de protrusão dos incisivos superiores.

• Existem 3 padrões básicos de deglutição: o primeiro, chamado “normal”, exibiu uma acentuada contração do músculo masséter e atividade limitada da musculatura labial e mentoniana. O segundo padrão, referido como “tipo visceral”, demonstrou pequena ou nenhuma atividade do masséter, contração considerável do músculo mentoniano e uma atividade suave do orbicular da boca, segmento inferior. O terceiro padrão apresentou atividade marcante do segmento inferior do orbicular da boca e do mentoniano, contração considerável do segmento superior do orbicular da boca e mínima atividade do masséter. • Muitas crianças exibiram uma posição de repouso com os lábios separados e nesta posição, registrou-se pouca ou nenhuma atividade da musculatura peribucal. Quando os lábios entravam em contato, ocorria uma notável atividade muscular.

• Não existiu correlação entre lábio incompetente e o FMA.

• Ambos os segmentos do músculo orbicular da boca funcionaram como entidades separadas e independentes.

Avaliando os músculos temporal e masséter, por meio de eletromiografia de superfície, Grossman e colaboradores26, em 1961, constataram que na mordida normal todos os músculos apresentaram considerável atividade, entretanto a porção posterior do músculo masséter mostrou menor atividade que a porção anterior. Na mordida incisiva ou protrusão da mandíbula ocorreu uma baixa atividade na porção posterior do músculo temporal e uma atividade semelhante nas duas porções do músculo masséter. Com o deslocamento da mandíbula para a posição retrusiva forçada, ocorreu uma alta atividade na porção posterior do músculo temporal e uma baixa atividade na porção anterior, enquanto

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que a atividade da porção superficial do músculo masséter sofreu um declínio, com uma atividade maior da porção posterior.

Weinstein e colaboradores88, em 1963, revelaram aspectos importantes da função dos músculos peribucais. Verificaram que uma força de 4g é suficiente para provocar a movimentação de um dente e que as forças exercidas pelos tecidos tegumentares contra os dentes são suficientes para promover movimentos dentários da mesma forma que os aparelhos ortodônticos.

Quirch61, em 1965, descreveu as bases gerais para a captação e interpretação de registros eletromiográficos em relação à oclusão. Salientou que a eletromiografia consiste de um valioso auxiliar na atividade clínica para complementação do estudo neuromuscular do sistema mastigatório. O autor apresentou alterações de comportamento nos músculos mastigatórios de pacientes com maloclusões, durante a realização de alguns movimentos mandibulares, caracterizados por um aumento acentuado de suas atividades, quando comparados com pacientes com oclusão clinicamente normal.

Thilander & Filipsson76, em 1966, estudaram a atividade eletromiográfica dos músculos masséter, temporal e suprahióideo em 14 jovens do sexo masculino, com 10anos de idade, que apresentavam maloclusão do tipo Classe II, 1ª divisão, de Angle, e retrusão mandibular, com o objetivo de comparar a resposta muscular durante o uso de dois tipos de aparelhos: o ativador e a tração intermaxilar. Verificaram uma atividade muscular insignificante com os aparelhos em repouso (ausência de movimentos espontâneos da mandíbula), mas intensa com os aparelhos em função (presença de movimentos espontâneos da mandíbula). Verificaram também uma atividade muscular semelhante durante o uso de ambos os aparelhos.

Em 1969, Griffin & Munro25 constataram, a partir de estudos eletromiográficos dos principais músculos mastigatórios, uma atividade mínima dos músculos masséter e temporal anterior durante a fase de abertura da boca, enquanto que na fase de fechamento a atividade sofreu um aumento, com o músculo temporal precedendo o masséter.

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Ainda em 1969, Jacobs31 enfatizou a importância do conhecimento dos vetores de força musculares, a fim de controlar o curso e o final do tratamento ortodôntico. Defendeu o acompanhamento das medidas de força muscular durante o tratamento, o posicionamento da oclusão em uma atmosfera equilibrada, desprezando, se possível, metas cefalométricas, caso os registros comportamentais musculares sugerissem um possível comprometimento no período de contenção.

Ahlgren e colaboradores2, em 1973, compararam a atividade eletromiográfica dos músculos temporal, masséter e orbicular da boca, durante os movimentos de mastigação, deglutição e repouso, em 15 jovens com oclusão normal e 15 com maloclusão do tipo Classe II, 1ª divisão, de Angle, com idade variando entre 9 e 13 anos. Registraram a atividade eletromiográfica unilateralmente, utilizando eletrodos de superfície para o músculo masséter e segmento superior do orbicular da boca, e eletrodos de agulha para a porção anterior e posterior do temporal. Na posição de repouso não encontraram nenhuma diferença de atividade eletromiográfica entre os dois grupos de jovens. Na mastigação e deglutição, os jovens com maloclusão apresentaram tendência a menor atividade eletromiográfica em todos os músculos, quando comparados àqueles com oclusão normal.

Ainda em 1973, Frame e colaboradores19 analisaram o músculo masséter em condições normais, alternando apenas os dias dos registros eletromiográficos. As análises de variações ocorridas nos eletromiogramas realizados no mesmo dia não mostraram diferenças estatísticas, entretanto as realizadas em outros dias mostraram-se significantemente diferentes. Considerando os resultados de outros autores, concluíram que a origem da diferença entre os dias provavelmente ocorreu devido a um erro de precisão na colocação dos eletrodos, ocasionando variação na atividade muscular masseterina.

Ingervall & Thilander29, em 1974, por meio de eletromiografia, telerradiografias tomadas em norma lateral e análise de modelos de gesso, estudaram a relação entre atividade muscular e morfologia facial em 25 jovens do sexo masculino e 27 do sexo feminino, com oclusão normal e com idade entre 9 e 11 anos. Analisaram bilateralmente a atividade eletromiográfica da porção anterior e posterior do músculo

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temporal, o músculo masséter e o segmento superior do músculo orbicular da boca, na posição de repouso e durante os movimentos de mastigação, deglutição e oclusão cêntrica. Não ocorreram diferenças estatisticamente significantes na atividade muscular entre os sexos e entre os lados direito e esquerdo. Concluíram que existiu uma interdependência entre morfologia facial e atividade dos músculos mastigatórios.

Gustafsson & Ahlgren27, em 1975, analisaram a atividade dos músculos orbicular da boca e mentoniano em jovens com maloclusão, não submetidos a tratamento ortodôntico, e correlacionaram esta atividade com a morfologia dentofacial. A amostra consistiu de 10 jovens, 5 do sexo feminino e 5 do masculino, com idade média de 12,1 anos, apresentando lábios competentes, denominada grupo 1; e 10 jovens, 5 do sexo feminino e 5 do masculino, com idade média de 12 anos, apresentando lábios incompetentes, denominada grupo 2. Definiram como lábios incompetentes os jovens que apresentavam contração marcante do músculo mentoniano no selamento labial. Examinaram os músculos em posição de repouso, nos movimentos de selamento dos lábios, de mastigação e de deglutição. Nenhuma atividade eletromiográfica ocorreu durante o estado de repouso para os dois grupos estudados. Os jovens com lábios incompetentes apresentaram atividade eletromiográfica maior durante os movimentos de selamento dos lábios, de mastigação e de deglutição. A avaliação cefalométrica mostrou que os jovens com lábios incompetentes apresentaram altura facial ântero-inferior aumentada, plano mandibular com inclinação acentuada no sentido horário, discrepância ântero-posterior entre as bases ósseas e protrusão dos incisivos.

Moss47, em 1975, com o objetivo de avaliar as relações funcionais dos arcos dentários em pacientes com maloclusão Classe II, 1ª e 2ª divisão, e Classe III, de Angle, analisou eletromiograficamente os músculos temporal e masséter, antes e após tratamento ortodôntico, comparando-os com um grupo de pacientes com oclusão normal. Verificou que existiu um padrão típico de atividade muscular em adultos e jovens com oclusão normal, que diferiram entre si. Os pacientes com maloclusão apresentaram um padrão diferente de atividade muscular, característico de cada grupo, que após o tratamento sofreu

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alterações. O autor concluiu que a atividade muscular após o tratamento ortodôntico orienta o profissional sobre a estabilidade do caso e a necessidade ou não de ajuste oclusal.

Devido à escassez de estudos eletromiográficos dos músculos mastigatórios na dentadura decídua, Vitti & Basmajian85, em 1975, analisaram os músculos temporal, masséter e depressores da mandíbula em 15 jovens de 3 a 6 anos de idade, de ambos os sexos, leucodermas, com oclusão normal, durante a posição de repouso, durante vários movimentos da mandíbula e durante a deglutição. Concluíram que a atividade muscular destes não difere daquela apresentada por adultos com oclusão normal.

Ainda em 1975, Vitti e colaboradores86 analisaram a influência do segmento superior e inferior do músculo orbicular da boca, do bucinador e do genioglosso, na forma do arco dentário, por meio de exame eletromiográfico com eletrodos bipolares de agulha, de 11 voluntários com oclusão normal, com idades variando entre 19 e 47 anos. Em repouso, não observaram atividade naqueles músculos. Verificaram, também, que as pressões exercidas sobre os dentes pela língua e musculatura peribucal durante a maioria das funções bucais normais, não se apresentaram relativamente maiores que as pressões exercidas em repouso. No movimento de sucção do polegar, observaram uma atividade muscular bastante aumentada para os músculos orbicular da boca e genioglosso, e levemente aumentada para o bucinador. Os autores sugerem que isto explica a clássica forma do arco dental superior apresentada naqueles com o hábito de sucção digital, com mordida aberta anterior e estreitamento do arco na região dos pré-molares. Na região anterior, a maior atividade do genioglosso, associada à ação do polegar, suplanta a atividade do orbicular, entretanto, a pressão da língua e do polegar não se manifesta na região dos pré-molares, não se opondo à atividade aumentada do orbicular, alterando a forma do arco.

Warner87, em 1976, enfatizou que estrutura e função, ou seja, a forma dos arcos dentários e a atividade da musculatura bucofacial, agem reciprocamente uma sobre a outra, salientando a maior importância deste fato sobre a tentativa de se estabelecer uma relação de causa e efeito entre ambas.

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Essenfelder & Vitti16, em 1977, estudaram eletromiograficamente os segmentos superior e inferior do músculo orbicular da boca, em 19 jovens leucodermas, de ambos os sexos, com idade entre 14 e 15 anos e oclusão normal, com o objetivo de determinar um padrão de comportamento deste músculo, na ausência de maloclusões. Verificaram ausência de atividade eletromiográfica significativa neste músculo durante a mastigação e deglutição, bem como no estado de repouso. As regiões laterais e mediais, segmentos superior e inferior, podem funcionar como órgãos independentes entre si, apesar de constituírem um mesmo músculo.

Simpson69, em 1977, estudou a atividade eletromiográfica dos músculos orbicular da boca, mentoniano e supra-hiódeos, em 21 voluntários com maloclusão Classe II, 1ª divisão, de Angle, tratados com extrações de 2 dentes superiores. Obteve os registros da atividade muscular antes e após o tratamento, na posição de repouso, no selamento labial e na deglutição. O autor realizou, também, avaliação cefalométrica antes e após o tratamento, para observar a inclinação dos incisivos superiores e inferiores com o plano palatino, a inclinação dos incisivos inferiores com o plano mandibular, o ângulo interincisivos e o trespasse horizontal. Os resultados mostraram que após a retração dos incisivos superiores ocorreu redução significativa da atividade dos músculos orbicular da boca e mentoniano, durante o selamento labial. Os lábios considerados incompetentes antes do tratamento tornaram-se competentes em aproximadamente 25% dos casos estudados. Não existiu correlação entre a forma do arco superior e a atividade da musculatura peribucal, uma vez que a redução dessa atividade não se relacionou com a quantidade de retração dos incisivos superiores.

Em 1979, Freeland20, por meio de estudos eletromiográficos, relatou que pacientes com oclusão normal se diferenciavam dos pacientes com maloclusões do tipo Classe II, baseando-se nas diferentes atividades dos músculos durante a mastigação e deglutição. Constatou que durante essas duas fases, os pacientes com oclusão normal exibiram maior atividade no músculo masséter, maior sincronismo entre os músculos da mastigação e expressão facial e uma seqüência ordenada de atividade muscular. Nos pacientes com maloclusão do tipo Classe II ocorreu um padrão de contração muscular

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definido somente durante a mastigação, embora diferente do comportamento do padrão de atividade muscular dos pacientes com oclusão normal.

Com o objetivo de verificar as diferenças na atividade muscular da língua e da mandíbula, em resposta à rotação mandibular, Lowe & Johnston40, em 1979, analisaram eletromiograficamente os músculos genioglosso, masséter e orbicular da boca em 20 voluntários com oclusão normal e 9 com mordida aberta anterior, durante o movimento de abertura voluntária da boca. Verificaram que não ocorreu nenhuma diferença estatisticamente significante na atividade dos músculos masséter e orbicular da boca entre os dois grupos. Entretanto, ocorreu um aumento da atividade do músculo genioglosso em todos os voluntários, indicando que a atividade postural da língua representa um importante papel no desenvolvimento da dentadura anterior.

Ainda em 1979, Sales & Vitti66 analisaram eletromiograficamente a atividade dos segmentos superior e inferior do músculo orbicular da boca, em 10 jovens leucodermas, de ambos os sexos, com idades entre 11 e 14 anos, com maloclusão Classe I, de Angle e apinhamento de incisivos em ambos os arcos dentários, antes e após o tratamento ortodôntico. Utilizaram também os dados de jovens com oclusão normal provenientes do estudo de Essenfelder & Vitti16, em 1977. Os resultados mostraram que existe uma diferença de atividade no músculo orbicular da boca entre jovens com oclusão normal e aqueles com maloclusão Classe I. Em repouso e nos demais movimentos estudados, a atividade das regiões lateral e medial dos segmentos do orbicular diminuiu após o alinhamento dos incisivos superiores e inferiores, se aproximando da atividade encontrada em jovens com oclusão normal. Os segmentos superior e inferior funcionaram independentemente durante os vários movimentos estudados.

Pancherz56, em 1980, analisou a atividade eletromiográfica dos músculos masséter e temporal em 23 jovens, com idade entre 10 e 13 anos, e 21 adultos, com idade entre 23 e 33 anos, com oclusão normal, do sexo masculino, sem história de tratamento ortodôntico prévio. Registrou a eletromiografia integrada dos músculos, bilateralmente, analisando quantitativamente a posição de máxima intercuspidação e durante a mastigação

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de amendoim, observando o ciclo mastigatório. No caso de voluntários com o padrão de mastigação bilateral utilizou o valor médio da atividade dos músculos masséter direito e esquerdo. Na mastigação unilateral utilizou apenas o lado de trabalho. Verificou que o músculo masséter apresentou atividade eletromiográfica aumentada no grupo de adultos, comparado aos jovens. A atividade do músculo temporal permaneceu a mesma em ambos os grupos. A atividade do músculo masséter aumentou em relação à do temporal nos adultos. Nos jovens, encontrou a mesma atividade para os dois músculos. A atividade mastigatória para o músculo temporal apresentou correlação positiva com a posição de máxima intercuspidação em ambos os grupos. Para o músculo masséter encontrou uma correlação clara entre a mastigação e a posição de máxima intercuspidação apenas no grupo dos jovens. Atribuiu a diferença na atividade eletromiográfica encontrada entre adultos e jovens à diferença de idade, estado da dentadura e/ou efeito da atividade do músculo masséter que ocorre durante a função normal da mandíbula com a maturação. Além disso, não excluiu a hipótese de que as mudanças que ocorrem durante o crescimento também afetam a função muscular.

Em um novo estudo, também em 1980, Pancherz57 realizou o mesmo experimento anterior, utilizando agora um grupo de 23 jovens do sexo masculino, com maloclusão do tipo Classe II, 1ª divisão e média de idade de 11 anos e 9 meses. Comparou os resultados com um grupo de 23 jovens do sexo masculino, com oclusão normal e média de idade de 11 anos e 6 meses. Os resultados revelaram que durante a máxima intercuspidação os jovens com Classe II exibiram menos atividade eletromiográfica nos músculos masséter e temporal do que os jovens com oclusão normal, com uma redução mais efetiva no músculo masséter. Durante a mastigação os jovens com Classe II mostraram menos atividade eletromiográfica no músculo masséter do que os jovens com oclusão normal. Para o músculo temporal, não existiram diferenças entre os dois grupos. Ocorreu uma alta correlação positiva entre a atividade eletromiográfica durante a máxima intercuspidação e a mastigação para ambos os músculos nos dois grupos.

Lowe e colaboradores42, em 1983, por meio de análises cefalométricas e eletromiográficas, avaliaram a relação entre a morfologia craniofacial e a atividade

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muscular, em 20 jovens, com média de idade de 11 anos e 6 meses, apresentando maloclusão do tipo Classe II, 1ª divisão, de Angle. Analisaram os músculos temporal, porção anterior, o masséter e orbicular da boca, durante o repouso, a máxima intercuspidação e o apertamento. Os autores observaram, durante o repouso, uma discreta atividade de todos os músculos analisados. Na máxima intercuspidação ocorreu uma significante atividade do temporal anterior, mas o masséter e orbicular da boca se mantiveram relativamente constantes. No apertamento todos os músculos apresentaram um aumento de atividade quando comparados com a atividade registrada na máxima intercuspidação. Observaram ainda a existência de uma interdependência entre atividade muscular e morfologia craniofacial nos jovens com Classe II, 1ª divisão, sugerindo que a musculatura contribui para o desenvolvimento e a manutenção da dentadura.

Lowe & Takada41, em 1984, utilizando a cefalometria e a eletromiografia, quantificaram a relação entre atividade muscular e variáveis craniofaciais específicas, numa amostra composta de 18 jovens com maloclusão do tipo Classe I, 25 jovens com maloclusão do tipo Classe II, 1ª divisão e 12 jovens com maloclusão do tipo Classe II, 2ª divisão. Realizaram registros eletromiográficos dos músculos temporal, masséter e orbicular da boca na posição de repouso, na máxima intercuspidação habitual, no apertamento, na abertura da boca e na deglutição. Observaram uma menor atividade dos músculos temporal e masséter durante o apertamento em pacientes com Classe II, 1ª divisão do que em pacientes com Classe I ou com Classe II, 2ª divisão. Durante a deglutição, o masséter apresentou menor atividade nos pacientes com Classe II, 2ª divisão. Na abertura da boca, o masséter apresentou menor atividade nos pacientes com Classe II, 1ª divisão. Os resultados sugeriram um possível impacto da atividade do músculo orbicular da boca na posição final dos dentes nas arcadas dentárias, especialmente na Classe II, 1ª e 2ª divisão.

Takada e colaboradores75, em 1984, estudaram, por meio de telerradiografias tomadas em norma lateral, as associações entre a orientação da porção superficial do músculo masséter e do músculo temporal, relacionando-as com a morfologia dento-esquelética e o plano oclusal. Utilizaram uma amostra de 55 jovens, com idades entre 9 e 14 anos, com diversos tipos de maloclusões e sem história de tratamento ortodôntico

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prévio. Determinaram a região de inserção dos músculos mastigatórios e a direção de suas fibras, baseados na observação de crânios desarticulados, verificando que os mesmos apresentavam diversas variações morfológicas. Observaram que a porção superficial do músculo masséter não corresponde a toda força vetorial nele existente quando em contração. Igualmente, a angulação do músculo temporal, expressada pela combinação linear de 3 diferentes angulações, não é necessariamente equivalente à direção combinada das forças musculares distribuídas. Concluíram, portanto, que uma musculatura complexa provavelmente exibe atividade diferencial. Apesar disso, as variáveis de orientação muscular quantificadas podem auxiliar no esclarecimento da interdependência entre o arranjo geométrico dos principais músculos mastigatórios e suas estruturas dento-esqueléticas associadas.

Ahlgren e colaboradores3, em 1985, registraram a atividade eletromiográfica das regiões anterior, média e posterior do músculo temporal, por meio de eletrodos de agulha, em 10 jovens, do sexo masculino, com oclusão normal, na posição de repouso mandibular, na máxima intercuspidação habitual, na mordida incisiva e na posição de contato retrusivo, correlacionando esta atividade com a morfologia craniofacial. Os resultados mostraram que a porção posterior do músculo temporal mantém a postura mandibular. Na posição intercuspídica não ocorreram diferenças estatisticamente significantes na atividade entre as três porções do músculo, mas existiram variações individuais no padrão eletromiográfico. Com o aumento da força de mordida, a atividade eletromiográfica aumentou proporcionalmente em todas as partes do músculo. Na posição de contato retrusivo predominou o temporal posterior. Existiu uma correlação entre atividade eletromiográfica do músculo temporal e a forma e a posição da mandíbula.

Em 1986, Ingerval & Bitsanis28 realizaram um estudo eletromiográfico dos músculos masséter e temporal anterior e posterior em 15 jovens, de ambos os sexos, com idade média de 10 anos e 10 meses, com maloclusão do tipo Classe II, 1ª divisão, antes e após 6 meses de uso de aparelho ativador. Realizaram os registros na posição de repouso da mandíbula, na mastigação, na deglutição e na máxima intercuspidação habitual. Verificaram que a atividade muscular na posição de repouso permaneceu baixa, com a

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porção posterior do músculo temporal apresentando comparativamente mais atividade no início do tratamento, mas diminuindo durante o período de observação. A atividade dos músculos masséter e temporal durante a máxima intercuspidação habitual e mastigação sofreu influência da instabilidade criada durante o tratamento.

Stalberg e colaboradores72, em 1986, relataram que, de acordo com Carlsöö10, em 1958, existem 1452 unidades motoras e 640 fibras por unidade motora no músculo masséter e 1331 e 936, respectivamente, no músculo temporal. Em alguns músculos que desempenham tarefas de altíssima precisão, como os dos olhos e os das mãos, existem poucas fibras por unidade motora. Este fato reforça a teoria de que uma solicitação neuromuscular acentuada dos músculos temporal e masséter aumentará proporcionalmente a atividade de suas fibras, sem que ocorra, contudo, variações na quantidade das mesmas.

Ogura e colaboradores53, em 1987, por meio de eletromiografia de superfície,

avaliaram a ação dos músculos mastigatórios, em 50 jovens, com idade entre 4 anos e 9 meses e 12 anos e 6 meses, de ambos os sexos, com oclusão normal, observando as mudanças que ocorrem no período de transição entre as dentaduras decídua e permanente. Concluíram que, no período entre as duas dentaduras, existem diferenças na atividade dos músculos mastigatórios, sendo a dentadura decídua caracterizada pela maior ação dos músculos temporais, enquanto que na permanente predomina a ação do músculo masseter.

Segundo Lund & Widmer43, em 1989, para que a eletromiografia se torne um método auxiliar de diagnóstico mais confiável, torna-se necessário descrever melhor a população normal e sua variabilidade, e os efeitos da idade, sexo, peso e tipo esquelético nos parâmetros eletromiográficos. Possibilitando, desta forma, discernir se certos grupos de pacientes diferem de maneira significativa da população em geral.

Naeije e colaboradores50, em 1989, ao avaliarem a atividade eletromiográfica dos músculos mastigatórios em pacientes com oclusão normal durante a posição intercuspídea máxima, verificaram que a distribuição da atividade muscular depende do nível de contração. Essa dependência encontra-se de acordo com a teoria de que o músculo

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temporal anterior relaciona-se com a estabilidade e o músculo masséter, com o grau de contratilidade muscular.

De acordo com Van Der Linden83, em 1990, existe uma forte influência da função muscular sobre o esqueleto e a dentadura. Os tecidos de revestimento internos e externos, e os componentes funcionais influenciam-se mutuamente e, de certo modo, competem entre si. Existindo um equilíbrio entre os fatores, a face se desenvolverá sem nenhuma mudança acentuada na configuração, nem rotação.

Ingervall & Thüer30, em 1991, utilizando eletrodos de agulha, avaliaram a atividade eletromiográfica da porção anterior e posterior do músculo temporal, em resposta ao tratamento com ativador, num grupo de 24 jovens com maloclusão do tipo Classe II, 1ª divisão e idade média de 10 anos e 4 meses. Compararam o efeito da atividade muscular com um grupo similar de 15 jovens, com idade média de 10 anos e 2 meses, em tratamento com aparelho extrabucal e com um grupo controle de 16 jovens, com idade média de 12 anos e 6 meses, em tratamento para maloclusão do tipo Classe I. Realizaram os registros eletromiográficos com a mandíbula na posição de repouso e durante a máxima intercuspidação habitual, antes do início do tratamento e em três ocasiões posteriores, com intervalo de quatro meses. A atividade na posição de repouso permaneceu constante durante o período de observação em todos os grupos. Durante a máxima intercuspidação habitual, a atividade da porção posterior do músculo temporal diminuiu significantemente no grupo com extrabucal, no grupo controle e no grupo com ativadores que apresentavam mordida construtiva de no mínimo 8mm. Essa diminuição ocorreu devido à instabilidade oclusal causada pelo tratamento. Não ocorreram evidências de diminuição da atividade da porção posterior do músculo temporal durante a posição de repouso, embora se relacione essa diminuição com o deslocamento anterior da mandíbula durante o tratamento com aparelhos funcionais.

Em 1991, com o objetivo de comparar a atividade dos músculos mastigatórios nas diferentes funções requeridas pelo sistema estomatognático, Miralles e colaboradores46 avaliaram eletromiograficamente o músculos masséter e a porção anterior do temporal, em

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33 pacientes adultos, de ambos os sexos, com idades entre 16 a 30 anos, com diferentes características craniofaciais, classificados de acordo com o ângulo ANB, sem história de tratamento ortodôntico prévio. Observaram que na posição de repouso ocorreu uma maior atividade de ambos os músculos naqueles pacientes classificados como Classe III, enquanto que nos pacientes classificados como Classe II e Classe I esta atividade apresentava-se similar. Durante a deglutição, o masséter apresentou maior atividade nos pacientes com Classe III, enquanto não ocorreu diferença na atividade do temporal anterior entre os pacientes com Classe III e com Classe I. Na contração voluntária máxima não existiram diferenças entre as classes. Concluíram que existiu uma alta correlação entre a atividade eletromiográfica dos músculos estudados e o ângulo ANB.

Moyers49, em 1991, afirmou que as atividades normais de mastigação, deglutição, respiração e fonação produzem mudanças contínuas e variadas nas forças que afetam os dentes e os ossos. E que padrões alterados de contrações da musculatura dentofacial podem resultar em crescimento distorcido dos ossos faciais ou em posições anormais dos dentes. Portanto, o exame das funções neuromusculares torna-se parte necessária do diagnóstico ortodôntico completo. Na presença de maloclusões de origem neuromuscular, deve-se instituir o tratamento adequado o mais precoce possível.

Kayukawa34, em 1992, comparou a atividade eletromiográfica dos músculos temporal e masséter durante a mastigação em pacientes com diversos tipos de maloclusão como: progenia, mordida cruzada, mordida profunda e mordida de topo. Observou que os pacientes com mordida profunda apresentaram atividade muscular significantemente mais alta do que os demais, e que os pacientes com mordida de topo, onde o padrão mastigatório é ineficiente, a atividade do músculo temporal mostrou-se maior no lado de balanceio do que no lado de trabalho. Concluiu que a avaliação clínica dos músculos mastigatórios auxilia no tratamento ortodôntico e na definição do período de contenção, sugerindo a associação da terapia miofuncional na correção de anormalidades estruturais.

Enlow14, em 1993, afirmou que existe uma relação entre o crescimento global dos ossos e os músculos a ele conectados. Conforme o esqueleto cresce, existe um ajuste

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constante nas relações entre os músculos e os ossos. O uso e o crescimento desses músculos, por sua vez, impõe novas demandas para os ossos em que os músculos se inserem e sobre os quais aplicam forças. Dentro de um nítido sistema estímulo-resposta, observam-se mudanças específicas do sistema músculo-esquelético associada à função.

Ferrario e colaboradores17, em 1993, analisaram a atividade eletromiográfica dos músculos masséter e temporal, bilateralmente, em 92 jovens saudáveis, sendo 43 do sexo feminino e 49 do masculino, com idade variando entre 20 a 27 anos, com dentaduras hígidas, durante a posição de repouso, oclusão cêntrica e mastigação. Verificaram que na posição de repouso ocorreu atividade muscular mínima para ambos os sexos. Na mastigação, o sexo masculino apresentou maior atividade do músculo masséter, enquanto o sexo feminino apresentou níveis de contração similares para os dois músculos. Na oclusão cêntrica, ocorreu maior atividade do músculo temporal para ambos os sexos. Concluíram que para posições de repouso mandibular e seus movimentos bordejantes, existe em pessoas saudáveis uma assimetria muscular fisiológica, tanto para o músculo masséter, quanto para o músculo temporal, dependendo do nível de contração. Para esses autores, a perfeita simetria não existe, como também implica em um critério de normalidade extremamente severo.

Em 1994, Deguchi e colaboradores11 analisaram eletromiograficamente os músculos masséter e temporal, bilateralmente, durante a mastigação, em uma amostra de 40 jovens japonesas, 20 com oclusão normal, com idades entre 19 e 27 anos e 20 com maloclusão do tipo Classe II, 1ª divisão, de Angle, com idades entre 10 e 17 anos. Observaram que ambos os grupos apresentaram alta atividade nos músculos estudados, com o masséter apresentando maior atividade do que o temporal. Entretanto, o grupo com maloclusão apresentou um padrão mastigatório mais irregular.

Sá Filho65, também em 1994, afirmou que na face existe uma musculatura muito diferenciada em ações, responsável pela motricidade. E que a atrofia muscular ocorre pelo desuso, como conseqüência de pouca atividade funcional. Observou que naqueles com motricidade dos músculos faciais falha, poderá ocorrer oclusão incorreta, em função da

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relação entre músculos, ossos e dentes. E que a eletromiografia torna-se útil para medir contração isométrica e torna-se não confiável no registro do tônus muscular em repouso.

Em 1994, Zilli90 estudou a atividade dos segmentos superior e inferior do músculo orbicular da boca em 15 jovens com maloclusão do tipo Classe I, de Angle, na faixa etária de 13 a 16 anos. Obteve os registros eletromiográficos em situação de repouso e em alguns movimentos lábio-mandibulares, comparando-os com os dados de jovens com oclusão normal provenientes do estudo de Essenfelder & Vitti16, em 1977. Observou que existiu diferença de atividade elétrica do músculo estudado entre os jovens com Classe I e aqueles com oclusão normal. Ressaltou, ainda, que nos jovens com Classe I, o segmento inferior do músculo orbicular da boca exibiu uma participação mais efetiva em relação ao segmento superior durante os movimentos executados e que esses segmentos funcionaram de maneira independente.

Marchiori & Vitti45, em 1996, utilizando a eletromiografia, avaliaram os segmentos superior e inferior do músculo orbicular da boca, durante o repouso e alguns movimentos lábio-mandibulares. Analisaram 30 jovens, de ambos os sexos, com idades entre 12 e 19 anos, com maloclusões dos tipos Classe I, Classe II, 1ª divisão e Classe III, de Angle, comparando-os com 10 jovens com oclusão normal, na mesma faixa etária. Concluíram que os jovens com Classe I e III desenvolveram padrões de contração do segmento superior do músculo orbicular da boca mais intensos do que os jovens com Classe II, 1ª divisão. Já o segmento inferior do músculo orbicular da boca demonstrou maior atividade e maior estabilidade que o superior, não sofrendo variações comportamentais significativas entre os jovens com maloclusões.

Palomari-Tobo e colaboradores54, em 1996, estudaram eletromiograficamente o músculo masséter em suas regiões superior, média e inferior, em 10 pacientes com oclusão normal e 10 com maloclusão do tipo Classe I, de Angle, com faixa etária entre 17 e 40 anos e de ambos os sexos. Verificaram uma menor atividade muscular nas diferentes regiões do masséter, na maioria dos movimentos mandibulares, naqueles pacientes com Classe I, de Angle, quando comparados aos clinicamente normais, e uma inatividade muscular em

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ambos os grupos no repouso mandibular, no retrocesso da propulsão e no retrocesso da posição normal. Evidenciaram a influência das maloclusões em todas as funções estudadas, quando comparadas às oclusões clinicamente normais.

Com o objetivo de analisar a atividade muscular e a espessura do orbicular da boca, Rasheed & Munshi62, em 1996, avaliaram 30 jovens, na faixa etária de 8 a 12 anos, com maloclusão do tipo Classe I, de Angle, por meio de eletromiografia e ultra-sonografia. Dividiram a amostra em três grupos, de acordo com as características clínicas da maloclusão: no primeiro, os jovens apresentavam relação anterior vertical normal; no segundo, apresentavam mordida profunda e no terceiro, mordida aberta. Os resultados demonstraram que o lábio superior apresentou-se menos espesso nos jovens com mordida aberta, quando comparado aos outros dois grupos, enquanto o lábio inferior apresentou-se mais espesso nos jovens com mordida profunda. Os jovens com mordida profunda apresentaram as maiores atividades no lábio superior e inferior. Sugeriram uma possível relação entre uma maior espessura do lábio e uma maior atividade muscular, mas não necessariamente influenciando a posição dos dentes ou a inclinação dos incisivos.

Ainda em 1996, Rasheed e colaboradores63, utilizando a mesma metodologia e a mesma amostra anterior, avaliaram a espessura e a atividade dos músculos masséter e porção anterior do temporal. Os resultados demonstraram um aumento de espessura do temporal nos jovens com mordida profunda e mordida aberta. O masséter não mostrou nenhuma diferença de espessura nas diferentes maloclusões. Ambos os músculos apresentaram alta atividade naqueles com mordida profunda e mordida aberta, quando comparados com os jovens com relação anterior vertical normal. Somente o músculo temporal nos jovens com relação anterior vertical normal mostrou correlação significativa entre espessura e atividade muscular. O músculo masséter contribuiu com alta atividade no apertamento.

Tomé & Marchiori77, em 1998, avaliaram a atividade eletromiográfica dos segmentos superior e inferior do músculo orbicular da boca, por meio de eletrodos de superfície, em 30 jovens, na faixa etária de 4 a 6 anos e 8 meses, distribuídos em dois

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grupos, de acordo com o modo respiratório predominante bucal ou nasal. Avaliaram cada jovem na situação de repouso sem e com contato labial. Concluíram que ocorreu uma maior atividade do músculo em jovens com respiração predominantemente bucal do que em jovens com respiração predominantemente nasal nas duas situações avaliadas.

Tosello e colaboradores78,79, em 1998 e 1999, verificaram eletromiograficamente a função e os níveis de atividade dos segmentos superior e inferior do músculo orbicular da boca e do mentoniano em repouso e em diversos movimentos, numa amostra de 18 jovens, com idades entre 8 e 12 anos, divididos em três grupos: grupo com maloclusão do tipo Classe II, 1ª divisão e lábios competentes; grupo com maloclusão do tipo Classe II, 1ª divisão e lábios incompetentes e grupo com oclusão clinicamente normal, todos sem história de tratamento ortodôntico prévio. Observaram que na posição de repouso com lábios entreabertos, não ocorreu atividade em nenhum dos músculos, porém, com os lábios selados, registrou-se potenciais de ação nestes músculos no grupo de jovens com lábios incompetentes. Concluíram que os músculos estudados apresentaram maior potencial de ação nos jovens com maloclusão, deglutição atípica e lábios incompetentes, em comparação com os jovens com maloclusão e lábios competentes ou oclusão clinicamente normal.

Ainda em 1998, Ueda e colaboradores81 investigaram a relação entre a atividade diurna dos músculos mastigatórios e a morfologia craniofacial, por meio de eletromiografia e de telerradiografias tomadas em norma lateral. A amostra consistiu de 30 voluntários, 20 do sexo masculino e 10 do feminino, com idade entre 15 a 28 anos, apresentando relação esquelética ântero-posterior normal e dentadura completa ou quase completa, sem maloclusão séria ou disfunção têmporo-mandibular. Registraram a atividade dos músculos masséter, temporal e digástrico por 3 horas durante o dia, excluindo os horários durante as refeições, o sono e os exercícios. O músculo digástrico apresentou uma atividade mais duradoura do que o temporal ou o masséter. As atividades dos músculos masséter e digástrico mostraram correlação negativa significante com a morfologia craniofacial, enquanto o temporal apresentou correlação positiva. As atividades de todos os músculos consistiram de episódios de baixa amplitude.

Referências

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