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O CÁLCULO CUSTOMIZADO DA TAXA DE ENCARGOS SOCIAIS PARA OBRAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL EM ORÇAMENTOS E EM AUDITORIAS DE ENGENHARIA.

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O CÁLCULO CUSTOMIZADO DA TAXA DE

ENCARGOS

SOCIAIS

PARA

OBRAS

DE

CONSTRUÇÃO CIVIL EM ORÇAMENTOS E EM

AUDITORIAS DE ENGENHARIA.

Artigo Técnico

(Publicado em www.ibraeng.org)

Fortaleza, CE Janeiro, 2013

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1. INTRODUÇÃO

1.1. A Importância da Análise Adequada da Taxa de Encargos Sociais

O preço global de uma obra de construção civil resulta da composição de vários elementos. Um deles é a taxa de encargos sociais e trabalhistas aplicada aos salários dos operários, que ocupa significativo percentual do custo de uma obra. Para que se tenha uma idéia estimativa da importância do adequado estudo da taxa de encargos sociais de uma obra, observe-se que essa taxa gira em torno de 130% (cento e trinta por cento) do custo da mão-de-obra, ou seja, mais do que “dobra” o custo da mão-de-obra na engenharia civil. Diversas estatísticas publicadas em revistas especializadas apontam que o custo da mão-de-obra na construção civil aproxima-se de 40 ou 50% (quarenta a cinqüenta por cento) do custo de uma obra. Pode-se inferir, então, que 20 a 25% (vinte a vinte cinco por cento) do custo de uma obra correspondem à taxa de encargos sociais. Daí a motivação para o aprofundamento do estudo dessa taxa.

1.2. Adotar Taxas “Fechadas” Publicadas por Edições Especializadas Pode Conduzir a Graves Erros Na Análise De Custos

Outro aspecto importante a ser considerado na questão de custos e preços, é que cada obra possui suas peculiaridades. Não se devem analisar todas as obras a partir de um só referencial, como se fossem todas iguais. É uma prática corrente entre os profissionais não especializados neste assunto, adotar nos orçamentos e nas análises auditoriais, taxas encontradas em publicações técnicas ou sugeridas pelos sindicatos estaduais de construtores, sem que se proceda a uma análise da adequação dessas taxas à situação específica, o que pode resultar em distorções de custo. Os mais estudiosos sabem que a taxa de encargos sociais varia não só em função da legislação local, mas também das características fisiográficas e culturais da região onde se situa a obra, do tipo de contrato celebrado com os operários, do prazo da obra, etc. Observe-se, como exemplo, que, na região metropolitana de Fortaleza-CE, existe um encargo que não há em várias outras regiões do país: a participação nos lucros. Além disso, para auxiliar a compreensão, os valores dos salários de operários, que são usados no cálculo de muitos encargos que compõem a taxa, variam de região para região, de estado para estado e até de cidade para cidade. Tantas variáveis tornam bastante trabalhoso o cálculo da taxa de encargos sociais, e, a menos que se disponha de uma ferramenta informatizada, esse cálculo é preterido em função da adoção das referidas taxas publicadas “fechadas”. É isso o que acontece na grande maioria dos casos, quando engenheiros e arquitetos elaboram ou analisam orçamentos. E o problema é que quando se adota uma taxa fechada, não se tem ideia do erro que está sendo cometido no cálculo.

1.3. A Maioria dos Softwares de Orçamentos Existentes no Brasil Não Resolve Adequadamente a Questão

No Brasil, existem alguns softwares especializados em orçamento de obras de construção civil, e, na maioria deles, a taxa de encargos sociais é solicitada ao usuário como se fosse um “valor fechado” e não o resultado de um cálculo. Um ou outro programa possui um módulo

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especializado para o cálculo dos encargos sociais da obra, porém não considera aspectos regionais. Nos dias atuais, há diversas unidades de engenharia dos Tribunais de Contas e de outros órgãos de controle público implementando softwares para análise orçamentária, e, portanto, considera-se que o momento é apropriado para a discussão do tema. Alguns que já possuem seus softwares em funcionamento podem refletir sobre a questão e aperfeiçoar este aspecto dos sistemas.

1.4. A Solução Desenvolvida

Diante desta problemática, e visando aprimorar e, ao mesmo tempo, facilitar a análise das taxas de encargos sociais das obras auditadas, esse autor está desenvolvendo um aplicativo que permitirá ao usuário o cálculo preciso, detalhado e específico da taxa de encargos sociais e trabalhistas para cada obra de construção civil. Com uma interface e uma funcionalidade simples (para Windows), o sistema solicitará ao usuário, como entrada, alguns dados relativos a estatísticas regionais, preços de alguns elementos que compõem a taxa de Encargos Sociais e os dados gerais de cenário da obra a calcular ou analisar. Na programação do aplicativo estão sendo consideradas as diversas equações e dados constantes em várias publicações relativas ao assunto, feitas por editoras e entidades nacionais da Construção Civil, e permitirá ao usuário a customização do cálculo para cada obra.

2. PRINCIPAIS VARIÁVEIS QUE INFLUENCIAM O CÁLCULO DA TAXA DE ENCARGOS SOCIAIS E TRABALHISTAS DE UMA OBRA DE ENGENHARIA.

2.1. Registro de Operários

Pode até parecer redundante, mas a maior variação da taxa de encargos sociais e trabalhistas ocorre em decorrência de estarem ou não (todos) os operários devidamente registrados. Os auditores de obras de engenharia precisam certificar-se do fato, mediante observação da guia de informações à previdência (GFIP) da obra e dos recolhimentos feitos ao INSS, a cada medição e pagamento. A simples matrícula da obra (que hoje pode ser feita até via Internet) não garante que os encargos sociais da obra foram ou estão sendo devidamente recolhidos. Se não houver o recolhimento do percentual de encargos sociais e trabalhistas, a taxa, que incide nas composições será igual a zero, implicando em forte impacto nos orçamentos e avaliações.

2.2. Tipo de Contrato Entre Construtor e Operários

Alguns encargos sociais e trabalhistas dependerão do tipo de contrato celebrado entre construtor e os operários. Na legislação brasileira há três tipos de contratos permitidos:

1. Por prazo indeterminado – quando os operários são contratados como funcionários permanentes da empresa. Neste tipo de contrato o operário tem direito a todos os encargos. As empresas que contratam todos os operários por prazo indeterminado são aquelas, principalmente de maior porte, que possuem uma carteira permanente de obras,

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dentre as de iniciativa privada e também obras públicas. As demais possuem apenas uma parte dos operários como equipe permanente.

2. Por obra certa e prazo determinado – As empresas podem contratar os operários especificamente para uma determinada obra, em função de seu prazo. É comum isto acontecer em empresas médias e pequenas, que possuem pequena carteira de obras por ano. Neste tipo de contrato, o operário não tem direito aos encargos indenizatórios: Depósito por rescisão sem justa causa e Aviso prévio.

3. De experiência – Este tipo de contrato é o menos comum na construção civil, embora possa também ocorrer. É o tipo de contrato com tempo determinado de três meses (com prorrogação de mais um mês, caso necessário). Pequenas obras podem apresentar este tipo de contrato. No contrato de experiência, também o operário não tem direito ao Depósito por rescisão sem justa causa nem ao Aviso prévio.

É importante ressaltar que há acordos coletivos regionais/locais que não admitem contratação do tipo “Por obra certa e prazo determinado” e nem “De experiência”. Orçamentistas e auditores precisam observar este detalhe quando do cálculo ou análise dos custos de uma obra.

2.3. Prazo da Obra

O encargo “participação nos resultados” (ou participação nos lucros) é influenciado pelo tempo de serviço prestado pelo operário à empresa, durante o exercício financeiro. No acordo coletivo da região metropolitana de Fortaleza, por exemplo, a cada seis meses de trabalho, os operários têm direito a 40% do valor do salário médio regional, a título de participação nos resultados. O software aqui referido realizará esse cálculo, considerando a equivalência com os prazos executivos de cada cuja taxa de encargos sociais está sendo calculada.

2.4. Região Coberta Pelo Acordo Coletivo

Cada acordo coletivo possui uma área ou região de jurisprudência. Deve-se ter atenção ao calcular ou analisar a taxa de encargos sociais de uma obra, pois, às vezes, em um mesmo estado da federação, existem mais de um acordo coletivo. Em vários estados, como é o caso do Ceará, é celebrado anualmente um acordo específico com os trabalhadores da construção civil da região metropolitana (no entorno da capital) e um ou mais acordos com trabalhadores do interior do estado. Alguns encargos variam, não só com relação aos seus valores percentuais, mas também até deixam de existir em certos acordos, nos municípios do interior de alguns estados.

As principais diferenças, no tocante às características de cada acordo específico, ocorrerão quanto aos seguintes encargos:

 Contribuição ao Serviço Social da Indústria da construção e do Mobiliário –SECONCI (somente para São Paulo e Rio de janeiro);

 Vale transporte;

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 Participação nos lucros;

 Complemento do auxílio enfermidade;  Complemento do auxílio acidente;  Uniforme;

 Equipamentos de proteção individual (EPI – botas, luvas e capacete);  Seguro de vida.

O software para o cálculo da taxa de Encargos Sociais que está sendo desenvolvido por este autor permitirá ao usuário escolher a região (entre metropolitana e interior), bem como alterar os valores dos elementos locais/regionais, tais como: café da manhã, almoço, vale transporte, uniforme, EPI, salário médio, etc., no banco de dados.

2.5. Inclusão de Vale-Transporte e Vale-Refeição na Taxa de Encargos Sociais e Trabalhistas A maioria dos acordos coletivos incluem o Vale-Transporte e o Vale-Refeição nos direitos sociais e trabalhistas. Esses dois direitos sociais/trabalhistas podem, caso seja facultado em cada acordo, ser substituídos pela concessão dos próprios benefícios, nesses casos, essas taxas não incidem, portanto, na taxa de Encargos Sociais da obra. Em geral, o Vale-Refeição não tem sido dado aos operários. Os construtores preferem fornecer a própria refeição na obra, pois conseguem reduzir o custo desse direito. O mesmo pode acontecer com relação ao Vale-Transporte. Quando isso ocorre, a taxa de encargos sociais não inclui esses benefícios. Vale ressaltar que na maioria das publicações sobre o assunto, o cálculo do transporte e do vale-refeição não consta no cálculo da taxa ou é optativo.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como se pode perceber, a taxa de encargos sociais varia bastante, em função do cenário específico de cada obra. O registro (ou não) de todos os que trabalham em uma obra é a variável de maior influência no cálculo. O prazo da obra também influencia os encargos locais. Os preços/valores regionais dos benefícios dados aos operários também variam de cidade em cidade. Os orçamentistas e auditores de obras precisam estar conscientes do fato e realizar suas análises de forma adequada a cada caso. Sistemas tais como o que está sendo desenvolvido por este autor, ou planilhas eletrônicas de cálculo que considerem adequadamente essas diferenças regionais, são ferramentas que podem facilitar e agilizar imensamente o trabalho do cálculo correto da taxa de encargos sociais de cada obra de Engenharia.

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RESENHA CURRICULAR DO AUTOR:

Marcio Soares da Rocha: Engenheiro Civil; Mestre em Gestão Pública; Presidente do

Instituto Brasileiro de Auditoria de Engenharia (IBRAENG-CE); Diretor Regional do Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos (IBEC) no Ceará; Técnico de Controle Externo do Tribunal de Contas dos Municípios do Ceará (TCM-CE), autor do livro "Controle Gerencial de Obras Públicas Municipais"; Conselheiro do Crea-CE; experiente em orçamentos, perícias judiciais, avaliações e auditorias de Engenharia para empresas e órgãos públicos.

Referências

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