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O velho/novo processo de produção: a pesca artesanal.

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MARLÚCIA SALES DE MORAIS

0 VELHO/NOVO PROCESSO OE F

PESCA ARTESANAL

Dissertação de Mestrado apresentada

ao Departamento de Sociologia

e Antropologia da Universidade

Federal da Paraíba.

CAMPINA GRANDE - PARAÍBA

NOVEMBRO - 1982

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S U M Á R I O Pag INTRODUÇÃO , ,' 1 CAPÍTULO I O b j e t o e o b j e t i v o s do e s t u d o . P r o c e -d i m e n t o . M e t o -d o l o g i a 9 CAPÍTULO I I - Município de L u c e n a 18 CAPÍTULO I I I Políticas de D e s e n v o l v i m e n t o da p r o -dução p e s q u e i r a , 23

CAPÍTULO I V - Organização da P e q u e n a Produção de

P e s c a d o Marítimo em L u c e n a 3 1

CAPÍTULO V - Organização das c a p t u r a s n a C o s t a

Ma-rítima «.,.., 39

CAPÍTULO V I - Organização das c a p t u r a s no a l t o m a r , 4 7

CAPÍTULO V I I - A produção do p e s c a d o s e c o 56

CAPÍTULO V I I I - Características G e r a i s do P r o c e s s o

de Comercialização 6 1

CAPÍTULO I X Características e Mudanças n o p r o c e s -so de produção na p e q u e n a produção de

P e s c a d o . 65

CONSIDERAÇÕES F I N A I S 74 BIBLIOGRAFIA , 77

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A G R A D E C I M E N T O S

Q u e r o r e g i s t r a r meus a g r a d e c i m e n t o s a t o d o s aquel e s q u e , d i r e t a o u i n d i r e t a m e n t e , c o aquel a b o r a r a m p a r a e aquel a b o r a -ção d e s t e t r a b a l h o .

Em e s p e c i a l , agradeço a q u e l e s que de f o r m a m a i s d i r e t a c o l a b o r a r a m com a redação f i n a l : João L u i z F o n s e c a e N i l s o n A r a u j o de S o u z a , que c o m e n t a r a m as versões p r e l i m i n a r e s dos t e x t o s e o f e r e c e r a m v a l i o s a s sugestões; G r a z i e -l a de O -l i v e i r a , que r e v i s o u e c o m e n t o u os t e x t o s nas versões f i n a i s ; e G h i s l a i n e Duque, que a c e i t o u a difícil incumbência de s e r o r i e n t a d o r a .

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I N T R O D U Ç Ã O

A p a r t i r do momento em que o c a p i t a l i s m o i n d u s -t r i a l domina um p a í s , a presença de f o r m a s de produção q u e não a p r e s e n t a m as mesmas características das g r a n d e s i n d u s

-t r i a s , p a s s a a s e r c o n s i d e r a d a como e l e m e n -t o anómalo no p r o c e s s o de d e s e n v o l v i m e n t o g l o b a l d e s s e p a í s . No B r a s i l e s s a s f o r m a s anômalas são r e p r e s e n t a d a s p e l a s f o r m a s de produção d e s e n v o l v i d a s p o r p e q u e n o s p r o p r i e -tários, p a r c e i r o s e p o s s e i r o s , e n t r e o u t r o s . A l i t e r a t u r a b r a s i l e i r a r e l a t i v a a e s s a s f o r m a s de produção n a a g r i c u l t u r a e n a indústria de transformação de n o s s o país ê r e l a t i v a m e n t e a b u n d a n t e . C o n t a com diversos e s t u d o s e d i s t i n t a s a b o r d a g e n s ,1

1 Nao e n t r a r e m o s , n e s t e t r a b a l h o , na discussão implícita nessas d i f e -r e n t e s abo-rdagens, uma v e z que nao se-rão u t i l i z a d a s na explicação da pequena produção de pescado. Com relação a essas abordagens, v e r ,

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A reflexão teórica em relação ã p e s c a a r t e s a n a l , e n t r e t a n t o , e d i f e r e n t e . Poucos são os e s t u d o s q u e t r a t a m d e s s e tema e não e de n o s s o c o n h e c i m e n t o (apôs v a s t a p e s -q u i s a bibliográfica) -q u e e x i s t a um d e b a t e teórico, como oc o r r e na a g r i oc u l t u r a , em t o r n o da presença da p e s oc a a r t e s a -n a l em -n o s s o p a í s .

Uma visão g l o b a l de como a pesca artesanal e con-s i d e r a d a e e x p l i c a d a em n o con-s con-s o paícon-s n o con-s é o f e r e c i d a atravécon-s de a n a l i s e s de p l a n o s e p r o j e t o s de órgãos g o v e r n a m e n t a i s l i -gados d i r e t a m e n t e a e s s a a t i v i d a d e econômica e, de e s t u d o s e p e s q u i s a s acadêmicas s o b r e o a s s u n t o . A nível da definição, os t r a b a l h o s a q u i r e l a c i o -n a d o s p a r t e m de um c o -n c e i t o de p e s c a a r t e s a -n a l que c o -n s i s t e b a s i c a m e n t e em c o n s i d e r a r a r t e s a n a l "a pesca que não e f e i

-ta por sociedade de c a p i t a l , e como pescadores a r t e s a n a i s s

como conseqüência, aqueles que não são sócios ou empregados de t a i s empresas",1

E s t e c o n c e i t o i m p l i c a , em última a n a l i s e , o n í v e l tecnológico como e l e m e n t o d e f e r e n c i a d o r do processo p r o d u t i v o e numa caracterização m e r a m e n t e d i s c r i t i v a da r e a l i -dade .

p o r exemplo: Celso F u r t a d o . Dialética do D e s e n v o l v i m e n t o . Ed. Fundo de C u l t u r a , R i o de J a n e i r o , 1964. F r a n c i s c o de O l i v e r i a . A Economia B r a s i l e i r a , Crítica e Razão D u a l i s t a ; Seleção CEBRAP, Ed. B r a s i l i e n -se, Sao P a u l o , 1977. Caio Prado Júnior. A Revolução B r a s i l e i r a . Ed. B r a s i l i e n s e , Sao P a u l o , 1977. Tarcísio Patrício de A r a u j o ( O r g a n i z a -d o r ) . A Pequena Pro-dução Urbana - Uma P r o p o s t a C o n c e i t u r a l - AMPEC, V o l . 2 ,T98Õ.

1 PESCART - DOCUMENTO BÃSICO, Brasília, G r a f i c a Gutemberg. 1974, p.

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Nos t r a b a l h o s a n a l i z a d o s a produção p e s q u e i r a n a -c i o n a l e -c o n s i d e r a d a da s e g u i n t e f o r m a :

"Ao lado de modernas f r o t a s pesqueiras per-tencentes às empresas dedicadas a. pesca em grande e s c a l a , c u j a s embarcações são c o n s t i -tuídas, na sua quase t o t a l i d a d e , de barcos e s t r a n g e i r o s como casco predominantemente de aço, comprimento de 19 a 29 m, parte da

mão-de-obra especializada/importada, bem

remune-rada, está a f r o t a artesanal, integrada de barcos de pequeno porte, na sua esmagadora maioria com casco d.e madeira, a v e l a ou a

re-mo". 1

Os t r a b a l h o s r e a l i z a d o s p o r órgãos e i n s t i t u i -ções g o v e r n a m e n t a i s d i r e t a m e n t e v i n c u l a d o s ã problemática da p e s c a , t r a t a m de c o n h e c e r física e b i o l o g i c a m e n t e o p e s c a

do, a t e c n o l o g i a e m p r e g a d a n a produção p e s q u e i r a , o p o t e n -c i a l dos p e s q u e i r o s , f o r m a s de -comer-cialização e o nível de serviços básicos de c a d a área ou região e s t u d a d a ,

v E s s e s t r a b a l h o s têm corno o b j e t i v o p r i n c i p a l s u b -s i d i a r o-s p r o g r a m a -s d e -s e n v o l v i m e n t i -s t a -s i m p l e m e n t a d o -s p e l o G o v e r n o e p r o j e t o s de i n v e s t i m e n t o s p r i v a d o s ,

E s s e s t r a b a l h o s e x p l i c a m as condições sõcio-eco-n o m i c a s em que v i v e m os p e q u e sõcio-eco-n o s p r o d u t o r e s de p e s c a d o ma-rítimo como d e c o r r e n t e do nível tecnológico e m p r e g a d o , mas, ao mesmo t e m p o , são favoráveis ã permanência, em n o s s a e c o -n o m i a , d e s s a f o r m a de produção -não " c a p i t a l i s t a " .

A idéia básica c o n s i s t e n a constatação de que n a p e s c a a r t e s a n a l p o d e c o e x i s t i r com a produção i n d u s t r i a l e

FCP - F a c u l d a d e de Ciências A g r a r i a s do P a r a . C o n s e l h o N a c i o n a l de D e s e n v o l v i m e n t o Científico e Tecnológico. Relatório do Grupo de

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de que h a c o m p l e m e n t a r i e d a d e e n t r e uma e o u t r a . "Ê impor-tante r e s s a l t a r que a a t i v i d a d e do pescador artesanal é complementar a. indústria e ao mesmo tempo a u x i l i a r y p o i s e f e

-tua um t i p o de captura proximo d c o s t a , onde a pesca indus-t r i a l só poderia operar com prejuízo", c o n s indus-t a indus-t a a SUDEPE p a r a c o n c l u i r q u e "as duas a t i v i d a d e s são complementares e substituirão através do tempo, ambas de modernizando."1

E* e v i d e n t e q u e e s s e s e s t u d o s g o v e r n a m e n t a i s l i m i t a m s e a c o n s t a t a r e d e s c r e v e r os d o i s s e t o r e s sem q u a l -q u e r preocupação teórica. Não b u s c a m e n c o n t r a r as conexões i n t e r n a s ã r e a l i d a d e , q u e p r o p i c i a m a manutenção da p e s c a a r t e s a n a l l a d o a l a d o com a p e s c a i n d u s t r i a l . E" m a n i i e s t o , a i n d a , q u e os e s t u d o s c i t a d o s s u g e r e m um d e s e n v o l v i m e n t o e-conõmico que r e p r o d u z a c o n s t a n t e m e n t e a coexistência dos d o i s s e g m e n t o s .

Os e s t u d o s e p e s q u i s a s acadêmicas t r a t a m b a s i c a m e n t e de l e v a n t a r os p r o c e s s o s de produção, t e n d o como p o n t o de p a r t i d a o nível tecnológico e os e f e i t o s de d e s e n v o l -v i m e n t o do país após os anos 6 0 .

Da mesma f o r m a os p r o j e t o s e p l a n o s g o v e r n a m e n -t a i s , c a r a c -t e r i z a m uma e o u -t r a f o r m a de produção, a p e n a s , p e l o nível tecnológico e c o n s i d e r a m o b a i x o padrão

tecnoló-g i c o como o responsável p e l a s condições sócio-econômicas d o s e n v o l v i d o s n a produção a r t e s a n a l .

E s s e s t r a b a l h o s e x p l i c a m os a s p e c t o s n e g a t i v o s do d e s e n v o l v i m e n t o econômico, após os a n o s 6 0 , como d e c o r

-SUDEPE - D i r e t r i z e s p a r a Formulação do P l a n o de Assistência Técnica aos Empreendimentos P e s q u e i r o s . I n PESCARI - Documento Básico. 1 1 / 12, pãgs.

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r e n t e s de uma política discriminatória que não p o s s i b i l i t a as mesmas o p o r t u n i d a d e s , nem o mesmo t r a t a m e n t o , aos p r o d u -t o r e s de p e s c a d o .

A s s i m como os p r o j e t o s e p l a n o s g o v e r n a m e n t a i s , e s s e s t r a b a l h o s não q u e s t i o n a m o modo de produção v i g e n t e e a c r e d i t a m que uma atuação m a i s e f i c i e n t e do g o v e r n o p o d e r i a r e m e d i a r a miséria em q u e v i v e m os p r o d u t o r e s a r t e s a n a i s da p e s c a . D i s t i n g u e m - s e dos t r a b a l h o s l e v a d o s a cabo p e l a s agências g o v e r n a m e n t a i s , tão s o m e n t e p o r c r i t i c a r e m os e f e i -t o s da polí-tica econômica e a f o r m a de a-tuação dos governos.

P o r t o m a r e m como p o n t o de p a r t i d a apenas o nível tecnológico, i s t o é, os a s p e c t o s que l h e s são a p a r e n t e s do d e s e n v o l v i m e n t o do p r o c e s s o p r o d u t i v o , e s s e s t r a b a l h o s

vêem-se e n v o l v i d o s numa explicação d u a l i s t a d a r e a l i d a d e . Em o u t r a s p a l a v r a s , p o r t e r e m uma compreensão e s t r e i t a do c o n

-c e i t o de forças p r o d u t i v a s e, p o r v i a de -conseqüên-cia, uma compreensão errônea da articulação e x i s t e n t e e n t r e as forças p r o d u t i v a s e as relações de produção, não conseguem u l t r a -p a s s a r a m e r a descrição da r e a l i d a d e .

T o d a v i a , os e s t u d o s e p e s q u i s a s acadêmicas e n -g l o b a m duas tendências d i s t i n t a s . P o r um l a d o , h a os que v e r i f i c a m em c e r t a s regiões a extinção da p e s c a a r t e s a n a l . 0 p r o c e s s o de extinção e s t a r i a em c u r s o de v e z que o d e s e n v o l v i m e n t o da g r a n d e i n d u s t r i a p e s q u e i r a l e v a em última i n s

-tância ã substituição da p e q u e n a produção. P a r a l e l a m e n t e a e s t e c r e s c i m e n t o p r o g r e s s i v o da g r a n d e i n d u s t r i a l , c o l o c a s e a atuação do intermediário, q u e , c o m p r a n d o a p r o d u -ção a b a i x o preço, l e v a o p e q u e n o p r o d u t o r a um p r o g r e s s i v o e m p o b r e c i m e n t o . Somado a e s t e s f a t o r e s e s t a r i a o p a p e l do E s t a d o , q u e , através da criação de l e i s e p r o j e t o s , p r o t e j e

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a g r a n d e i n d u s t r i a em d e t r i m e n t o da p e q u e n a p r o d u ç ã o .1

Do o u t r o l a d o , estão os que e n t e n d e m s e r possível a manutenção da p e s c a a r t e s a n a l no q u a d r o da e c o n o m i a n a -c i o n a l .2

No c o n j u n t o e s s e s t r a b a l h o s , de q u a l q u e r f o r m a , e v i d e n c i a m a existência de desníveis sõcio-econômicos que p e r s i s t e m no q u a d r o econômico n a c i o n a l . A b o r d a n d o , e n t r e

t a n t o , os a s p e c t o s a p a r e n t e s das c a u s a s e e f e i t o s do p r o c e s s o de d e s e n v o l v i m e n t o econômico, não dão c o n t a da r e a l i -dade em s u a c o n c r e t u d e . N e s t e s e n t i d o , q u a n d o t r a t a m da p e s c a i n d u s t r i a l , c o n s i d e r a m - n a c a p i t a l i s t a p o r empregar uma t e c n o l o g i a m o d e r n a e t r a b a l h o a s s a l a r i a d o . A p e s c a a r t e s a -n a l , ao c o -n t r a r i o , ê c o -n s i d e r a d a -não c a p i t a l i s t a p o r empre-g a r t e c n o l o empre-g i a a t r a s a d a e mão-de-obra não e s p e c i a l i z a d a . T a n t o os p r o j e t o s e p l a n o s g o v e r n a m e n t a i s , como os e s t u d o s e p e s q u i s a s acadêmicas d e f i n e m o proprietário que t r a b a l h a nas p e s c a r i a s como p e s c a d o r , i s t o ê, e n g l o b a m uma mesma c a t e g o r i a econômica os p e q u e n o s proprietários e os

t r a b a l h a d o r e s . Porém, e s t e s e s t u d o s não e x p l i c a m p o r que c o n s i d e r a m os p e s c a d o r e s e a r m a d o r - p e s c a d o r como uma mesma c a t e g o r i a econômica,

"0 que d e f i n e o capitalismo como um sistema e s p e c i f i c o de produção, como se dã com r e s p e i t o a qualquer outro sistema, são as r e l a -ções humanas de produção e trabalho, i s t o é,

1 PENNER, M a r i a E u n i c e Soares. "A Dialética da A t i v i d a d e P e s q u e i r a no N o r d e s t e Amazônico". Dissertação de M e s t r a d o . R e c i f e - P E , Mimeo., 1980.

2 SILVA, C a r l o s A l b e r t o . A l g u n s Aspectos da A t i v i d a d e P e s q u e i r a A r t e -s a n a l . 0 ca-so de São Jo-se de Ribamar-MA. Di-s-sertação de M e -s t r a d o . João Pessoa-PB, MÍmeo., 1979.

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o complexo de d i r e i t o s e obrigações que e s tabelecem e n t r e indivíduos humanos p a r t i c i -pantes das a t i v i d a d e s produtivas, e que de-finem a posição r e s p e c t i v a desses indiví-duos ". 1

Segundo M a r x , e s t a s relações que os homens e s t b e l e c e m e n t r e s i no p r o c e s s o de produção s o c i a l , são m o d i f i c a d a s com o d e s e n v o l v i m e n t o das forças p r o -d u t i v a s .2 Dessa f o r m a , as relações de produção não são d e t e r m i n a d a s a r b i t r a r i a m e n t e . Dependem do nível de d e s e n v o l v i m e n t o das forças p r o d u t i v a s . 0 q u e s i g n i f i ca q u e , n a a n a l i s e sõcioeconõmica de uma dada s o c i e -d a -d e , -d e v e - s e c o n s i -d e r a r t a n t o o -d e s e n v o l v i m e n t o -das relações de produção como o d e s e n v o l v i m e n t o das forças p r o d u t i v a s , como d o i s e l e m e n t o s i n t e r l i g a d o s , de ma-n e i r a que um ma-não e x i s t e sem o o u t r o .

E s s a u n i d a d e dialética c o n s t i t u i u a c o n t r a d i -ção básica que f u n d a m e n t a e d e t e r m i n a h i s t o r i c a m e n t e os d i v e r s o s modos de produção f R e u d a l , C a p i t a l i s t a ) .

No modo de produção c a p i t a l i s t a , o d e s e n v o l v i -m e n t o das forças p r o d u t i v a s ê ta-mbé-m o d e s e n v o l v i -m e n t o das

relações s o c i a i s c a p i t a l i s t a s , ou s e j a , o reforço da s u b -missão do t r a b a l h o ao c a p i t a l ,

Com a produção n a c i o n a l é p r e d o m i n a n t e m e n t e c a p i t a l i s t a , a a n a l i s e da p e s c a a r t e s a n a l não pode s e r r e a l i

-1 JÜNIOR, Caio P r a d o , A Revolução B r a s i l e i r a . São P a u l o , Ed. B r a s i l i -ense, 1977, p. 107,

2 As forças p r o d u t i v a s i n c l u e m o nível tecnológico avançado p e l o homem no s e n t i d o de dominar e submeter a n a t u r e z a aos seus o b j e t i v o s .

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z a d a d e s v i n c u l a d a dos r e q u i s i t o s e s t r u t u r a i s e o r g a n i z a c i o -n a i s do modo de produção c a p i t a l i s t a .

Ao c a r a c t e r i z a r as f o r m a s de produção em n o s s a s o c i e d a d e , f a z - s e necessário v e r i f i c a r , não a p a r t i r d e s s a s f o r m a s , mas através d e l a s , o que e l a s r e p r e s e n t a m p a r a as p a r t e s e n v o l v i d a s e com que o b j e t i v o s se c o n c r e t i z a m d e s t a ou d a q u e l a m a n e i r a . I s t o p o r que os o b j e t i v o s f i n a i s da produção s o c i a l c a r a c t e r i z a m e d e f i n e m as relações de p r o -dução e, c o n s e q u e n t e m e n t e , o Modo de Pro-dução.

0 e n t e n d i m e n t o esboçado a c i m a l a s t r e i a o p r e s e n t e e s t u d o de c a s o s o b r e a p e q u e n a produção p e s q u e i r a a r t e -s a n a l d e -s e n v o l v i d a no município de L u c e n a , E -s t a d o da Paraí-b a ,

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C A P Í T U L O I

OBJETO E OBJETIVOS DO ESTUDO. PROCEDIMENTO METO-DOLÓGICO A e s c o l h a do e s t u d o de c a s o como técnica de p e s -q u i s a é j u s t i f i c a d o p e l a p o s s i b i l i d a d e -que e s t a e n s e j a de c o n h e c e r m a i s d e t a l h a d a m e n t e p a r t e de uma r e a l i d a d e d e t e r m i n a d a , o que p o s s i b i l i t a um e n f o q u e , ao mesmo t e m p o , d e s -c r i t i v o e analíti-co do r e a l e s t u d a d o . E s t e t i p o de e s t u d o d e m o n s t r o u s e necessário no p r e s e n t e c a s o de v e z que as r e -lações de produção e s t a b e l e c i d a s n a produção a r t e s a n a l de p e s c a d o não são c o n h e c i d a s e c a r a c t e r i z a d a s em p r o f u n d i d a -d e , como se p o -d e v e r i f i c a r -do l e v a n t a m e n t o bibliográfico, o que d i f i c u l t a e não dá condições de uma análise do d e s e n -v o l -v i m e n t o econômico sem q u e se conheça a f o r m a p e l a q u a l e s t a s relações se e s t a b e l e c e m .

P o r o u t r o lado, o município de L u c e n a e r a i n t e r e s s a n t e p o r c o m p o r t a r ao mesmo tempo a p e q u e n a e a g r a n d e p r o d u -ção p e s q u e i r a . M u i t o embora a p e s c a da b a l e i a não s e j a a q u i d i s c u t i d a , s e u p r o c e s s o de produção f o i p e s q u i s a d o e s e r v e

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como p a n o de f u n d o p a r a as discussões teóricas e m p r e e n d i d a s no c u r s o do p r e s e n t e t r a b a l h o . O e s t u d o e m p r e e n d i d o empenhse em d e s c r e v e r , an a l i s a r e c a r a c t e r i z a r , com f u l c r o s an a s relações de p r o d u -ção, o p r o c e s s o de produção q u e e n v o l v e a p e s c a a r t e s a n a l . A d e m a i s , o e s t u d o propõe-se a v e r i f i c a r as modificações oc o r r i d a s na f o r m a de o r g a n i z a r o p r o oc e s s o de produção a n a -l i s a d o em v i r t u d e da intervenção do E s t a d o , através da Co-lônia de P e s c a d o r e s SUDEPE/PESCART.

P a r a a n a l i s e é o p e r a c i o n a l i z a d o um c o n c e i t o de p e s c a a r t e s a n a l b a s t a n t e d i s t i n t o do c i t a d o a n t e r i o r m e n t e . C o n s i d e r a s e a q u i como p e s c a a r t e s a n a l o p r o c e s s o de p r o d u -ção em que o c a p i t a l não s u b m e t e de f o r m a r e a l o t r a b a l h o , mas o s u b m e t e f o r m a l m e n t e e / o u não o s u b m e t e de f o r m a a l

-guma,

E s s e c o n c e i t o e n g l o b a as características básicas da n a t u r e z a da produção a r t e s a n a l de p e s c a d o , com relação a. de emprego do t r a b a l h o e ao p r o c e s s o de t r a b a l h o . De a c o r -do com e s s e c o n c e i t o , a p e s c a a r t e s a n a l t a n t o d i f e r e das f o r m a s de produção précapitalistas ( f o r m a s a r t e s a n a i s f e u d a i s ) como da i n d u s t r i a m o d e r n a n a q u a l o c a p i t a l t a n t o s u -b o r d i n a o t r a -b a l h o como o modo de t r a -b a l h o .1 A p e s c a a r t e s a n a l , a s s i m c o m p r e e n d i d a , f o i d e n o -m i n a d a e-m s e u c o n j u n t o , c o n s i d e r a n d o - s e e s s e s e g -m e n t o da produção p e s q u e i r a , como p e q u e n a produção de p e s c a d o . Dessa

f o r m a e n g l o b a m o s t o d o s os p r o c e s s o s de t r a b a l h o d e s e n v o l v i d o s , na ãrea em e s t u d o , n e s s e s e g m e n t o da produção p e s q u e i

-1 MARX, K a r l . C a p i t u l o Inédito Do c a p i t a l - r e s u l t a d o da produção ime-d i a t a . Publicações Escorpião, P o r t o , 1975.

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r a .

As d i s t i n t a s f o r m a s de produção são d i s c u t i d a s como e s p e c i f i c i d a d e s da expansão do Modo C a p i t a l i s t a de Produção, onde o e m p r e g o de t e c n o l o g i a não c o n s t i t u i o e l e m e n t o básico p a r a d i s t i n g u i r e s s a s d i f e r e n t e s f o r m a s de p r o d u -ção, 0 t r a b a l h o t r a t a , a i n d a , do E s t a d o e n q u a n t o e l e m e n t o v i a b i l i z a d o r da expansão do c a p i t a l , ã m e d i d a em que assume os i n v e s t i m e n t o s não rentáveis, t r a n s f o r m a n d o os r e c u r s o s públicos em m e i o s de produção c a p i t a l i s t a , i m p l a n t a n d o os serviços necessários aos i n v e s t i m e n t o s e criculação do c a -p i t a l , e n t r e o u t r a s m e d i d a s de -proteção ao c a -p i t a l . Submissão F o r m a l e R e a l do T r a b a l h o ao C a p i t a l Na submissão f o r m a l do t r a b a l h o ao c a p i t a l "o p r o c e s s o de t r a b a l h o subsume-se no c a p i t a l (ê o p r o c e s s o do p i o p r i o c a p i t a l ) , e o c a p i t a l i s t a e n t r a n e l e como d i r i g e n t e , g u i a ; p a r a e s t e ê ao mesmo t e m p o , de m a n e i r a d i r e t a , um p r o c e s s o de exploração do t r a b a l h o a l h e i o . É i s t o o que d e n o -m i n o subsunção f o r -m a l do t r a b a l h o no c a p i t a l , Ê a forma

ge-r a l de q u a l q u e ge-r p ge-r o c e s s o c a p i t a l i s t a de pge-rodução, ê p o ge-r e m , s i m u l t a n e a m e n t e , uma f o r m a p a r t i c u l a r em relação ao modo de produção e s p e c i f i c a m e n t e d e s e n v o l v i d o , já que e s t e último

i n c l u i a p r i m e i r a , p o r e m a p r i m e i r a não i n c l u i n e c e s s a r i a -m e n t e o s e g u n d o .1

Com e f e i t o , na submissão f o r m a l do t r a b a l h o ao c a p i t a l , o t r a b a l h a d o r já está s e p a r a d o d o s m e i o s de p r o d u

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ção, mas a produção cia m a i s - v a l i a o c o r r e com o emprego de uma t e c n o l o g i a q u e não s u b s t i t u i o p r o c e s s o de t r a b a l h o ; a m a q u i n a a i n d a não . s u b s t i t u i u o homem. M o d i f i c a - s e s o m e n t e

o o b j e t i v o da produção, que p a s s a a s e r o do c a p i t a l i s t a , ou s e j a , do proprietário dos m e i o s de produção.

N e s t e c a s o "o c a p i t a l já domina inteiramente a forma, mas ainda não e completamente matéria, ou s e j a , e s s e

processo de trabalho não se tornou ainda homogéneo ao capi-t a l ( . . . ) . 0 Capicapi-tal subsumiu a s i o capi-trabalho enquancapi-to de-terminação econômica, mas ainda não o subsumiu a si enquan-to determinação material".^ 0 Contrário o c o r r e q u a n d o s e dá a submissão r e a l do t r a b a l h o ao c a p i t a l :

"0 Capital subsumiu a s i o trabalho também materialmente, i s t o é, também o c a p i t a l

con-siderado em sua base material subsumiu o tra-balho, enquanto antes o c a p i t a l havia subsu-mido o trabalho apenas em sua determinação

e-conomica",2

De modo d i f e r e n t e , n a submissão r e a l , o c a p i t a l X n s t i t u i um n o v o método de t r a b a l h o no q u a l nenhum t r a b a l h a d o r f a b r i c a um p r o d u t o p o r c o m p l e t o , nem n e c e s s i t a c o n h e c e r t o d a s a» e t a p a s do p r o c e s s o de t r a b a l h o ; c a d a t r a b a -l h a d o r e x e c u t a p a r t e d e s s e p r o c e s s o na produção de uma mer-c a d o r i a .

"Por essa razão, quando o capitalismo f o r -mou—se e difundiu-se de modo estável, e

por-1 NAPOLEONI, Cláudio. Lições s o b r e o Capítulo S e x t o (Inédito) de Marx. L i v r a r i a E d i t o r a de Ciências Humanas, Sao P a u l o , 1 9 8 1 , p. 73.

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tanto i n f l u e n c i o u a tecnologia, o modo p r i n -c i p a l , fundamental de aumento de taxa de mais-v a l i a se dã atramais-vés da formação da mais-mais-valia r e l a t i v a e não da mais-valia absoluta, c o i s a que pode o c o r r e r agora precisamente porque o c a p i t a l sub sumiu materialmente, i s t o é, con-seguiu modificar, q u a l i f i c a r o próprio processo tecnológico no qual o proprocesso de t r a -balho tem lugar". 1

Os c o n c e i t o s , p o i s , de submissão r e a l e f o r m a l do t r a b a l h o ao c a p i t a l p e r m i t e m c a r a c t e r i z a r o e s t a g i o de d e s e n v o l v i m e n t o do modo de produção c a p i t a l i s t a em uma dada formação econômico-social, e x p l i c a n d o a permanência e, até mesmo, recriação de d e t e r m i n a d a s f o r m a s s o c i a i s de produção, e x p l i c a n d o a s como f o r m a s de o c a p i t a l d o m i n a r uma dada r e -a l i d -a d e ,

E n t r e t a n t o , ê inegável que o modo de produção c a -p i t a l i s t a f u n d a m e n t a - s e n a submissão r e a l do t r a b a l h o ao c a p i t a l , f o r m a que p o s s i b i l i t a a reprodução a m p l i a d a do c a p i t a l , c o n f i g u r a d a n a expansão dos m e i o s de produção e m u l tiplicação de indústrias, que l e v a a uma i n c e s s a n t e c e n -tralização de c a p i t a l .

P r o c e d i m e n t o Metodológico

A p e s q u i s a e s t e v e s e m p r e v o l t a d a p a r a c a p t a r , s o b o véu d a aparência, as conexões i n t e r n a s , q u e p e r m i t e m c a r a c t e r i z a r o p r o c e s s o p r o d u t i v o que e n v o l v e a p e q u e n a p r o -dução do p e s c a d o marítimo.

N e s t e s e n t i d o , b u s c o u - s e a p r e n d e r as d i f e r e n t e s formas

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cie c o m b i n a r m e i o s de produção e t r a b a l h o no i n t e n t o de f l a -g r a r na dinâmica do r e a l os o b j e t i v o s com q u e a produção e s t a o r g a n i z a d a .

Os e l e m e n t o s básicos n o s q u a i s o e n t e n d i m e n t o do p r o c e s s o de produção f o i b u s c a d o estão n a s condições histór i c a s e n a t u histór a i s , s o b as q u a i s se d e s e n v o l v e a p e q u e n a p histór o -dução. I n t e n t o u - s e , a i n d a , e s p e c i f i c a r as f o r m a s pelas quais a política g o v e r n a m e n t a l a t i n g e os p r o d u t o r e s e de que modo e l e s se e n g a j a m de d e s e n v o l v i m e n t o d i t a d o p o r essa política .

As d i f e r e n t e s f o r m a s de o r g a n i z a r o p r o c e s s o de produção f o r a m t o m a d a s como a s p e c t o s d i s t i n t o s do d e s e n v o l v i m e n t o c a p i t a l i s t a no B r a s i l , onde c a d a f o r m a assume e s p e -c i f i -c i d a d e própria n a exploração do t r a b a l h o e obtenção de l u c r o ,

0 l e v a n t a m e n t o dos dados necessários ao t r a b a l h o o b e d e c e u às s e g u i n t e s e t a p a s :

a ) R e c o n h e c i m e n t o d a área

Os d a d o s s o b r e a o r i g e m da população e da f u n d a -ção do município, a s s i m como os a s p e c t o s físicos, sõcio-eco-nômicos e políticos, f o r a m c o l h i d o s através de e n t r e v i s t a s r e a l i z a d a s com p e s s o a s hã m u i t o r e s i d e n t e s no município, órgãos o f i c i a i s e de e n t r e v i s t a s com p e s s o a s l i g a d a s as d i -v e r s a s a t i -v i d a d e s econômicas d e s e n -v o l -v i d a s no município. As

informações f o r a m c o m p l e m e n t a d a s com d a d o s do IBGE, d o c u -m e n t o s r e l a c i o n a d o s d i r e t a -m e n t e co-m o d e s e n v o l v i -m e n t o das

a t i v i d a d e s p e s q u i s a d a s e d o c u m e n t o s históricos s o b r e o mu-nicípio e s u a população.

N e s t a p r i m e i r a e t a p a , u t i l i z o u s e como i n s t r u -m e n t o de p e s q u i s a , c o n v e r s a s i n f o r -m a i s , observação e-mpírica

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e e n t r e v i s t a s s e g u i n d o , o u n ã o , r o t e i r o s p r e e s t a b e l e c i d o s . 0 e s t u d o exploratório a c i m a e x p l i c i t a d o t a n t o p o s s i b i l i t o u a elaboração do p e r f i l sócio-econômico, polí^ t i c o e histórico do município de L u c e n a , como a d e t e r m i n a -ção do o b j e t o de e s t u d o que d i r e c i o n o u a p e s q u i s a .

0 e s t u d o exploratório f o i f a c i l i t a d o , s o b r e m a -n e i r a , p e l a perma-nê-ncia da p e s q u i s a d o r a -n a i r e a como hóspe-de ( d u a s semanas - a g o s t o / 1 9 7 9 ) hóspe-de uma ou o u t r a família e, p o s t e r i o r m e n t e , e n t r e s e t e m b r o e d e z e m b r o de 1 9 7 9 , os d i a s que p e r m a n e c e u n a ãrea, f o i em s u a própria residência.

E s t a experiência f a c i l i t o u o e n c a m i n h a m e n t o da p e s q u i s a e p o s s i b i l i t o u um m a i o r a c e s s o às p e s s o a s . Com e f e i t o , m u i t a s informações f o r a m c o l h i d a s n a t u r a l m e n t e ,

a-t r a v e s de c o n v e r s a s i n f o r m a i s e observações empíricas, sem a f o r m a l i d a d e dos questionários e e n t r e v i s t a s , q u a s e s e m p r e i n i b i d o r e s .

P a r a l e l a m e n t e ao e s t u d o exploratório, p r o c e s s o u se o l e v a n t a m e n t o da b i b l i o g r a f i a e da documentação que t r a -t a do e s -t u d o e da explicação das f o r m a s de d e s e n v o l v i m e n -t o das a t i v i d a d e s p e s q u e i r a s no país e no município de L u c e n a .

b) E s t u d o do nível sócio-econômico e d a f o r m a de organização da p e q u e n a produção E s t a e t a p a da p e s q u i s a e f e t i v o u - s e m e d i a n t e a aplicação de 23 questionários e n t r e a r m a d o r e s , p e s c a d o r e s e s e u s f a m i l i a r e s . A l g u n s questionários f o r a m p r e e n c h i d o s na b e i r a m a r , e n q u a n t o p e s c a d o r e s s e l e c i o n a v a m o p e s c a d o , e n a s c a i -çaras, q u a n d o e s t a v a m a r e s t a u r a r ou f a b r i c a r i n s t r u m e n t o s de p e s c a . As l a c u n a s f o r a m c o m p l e m e n t a d a s em s u a s

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residên-16

c i a s , com a a j u d a de s u a s m u l h e r e s e f i l h o s . E s t a c o m p l e -mentação dos questionários n a s residências t i n h a o o b j e t i v o de m e l h o r o b s e r v a r . e a p r e n d e r as condições de v i d a dos e n -v o l -v i d o s na p e q u e n a produção de p e s c a d o marítimo.

Através dos dados c o l h i d o s com o p r e e n c h i m e n t o dos questionários f o i possível c o n h e c e r as d i v e r s a s c a t e g o -r i a s de p -r o d u t o -r e s , e n v o l v i d o s n a p-rodução do p e s c a d o s e c o e do p e s c a d o f r e s c o . P e r m i t i u , a i n d a , a classificação de d i v e r s o s o u t r o s a g e n t e s p r o d u t i v o s , bem como das d i s t i n t a s f o r m a s de organização do p r o c e s s o p r o d u t i v o .

c ) A n a l i s e e caracterização dos g r u p o s que com-põem a p e q u e n a produção de p e s c a d o marítimo A p a r t i r do q u a d r o g e r a l , f o r n e c i d o p e l o s d a d o s dos questionários, p a s s o u s e ao l e v a n t a m e n t o dos d a d o s r e f e r e n t e s a c a d a g r u p o e s p e c i f i c a m e n t e . As informações c o n -s i d e r a d a -s nece-s-sária-s a caracterização e a n a l i -s e de c a d a grupo f o i c o l h i d o m e d i a n t e a realização de e n t r e v i s t a s , com e sem r o t e i r o , e c o n v e r s a s i n f o r m a i s . P o r t e r a p e s q u i s a caráter q u a l i t a t i v o , o número de e n t r e v i s t a d o s c o r r e s p o n d e n t e a c a d a g r u p o não f o i c a l c u l a d o a p a r t i r de uma a m o s t r a d e t e r m i n a d a a p r i o r i , 0 t a m a -nho da a m o s t r a d e t e r m i n a d a f o i l i m i t a d o ã m e d i d a em q u e a p e s c a d o r a p e r c e b i a que jâ d i s p u n h a de informações s u f i c i e n -t e s p a r a o a l c a n c e de s e u s o b j e -t i v o s e q u e as informações o b t i d a s e s t a v a m se t o r n a n d o r e p e t i t i v a s .

Os dados r e f e r e n t e s aos preços dos i n s t r u m e n t o s de t r a b a l h o , p a g a m e n t o de mão-de-obra e preço de c o m p r a e v e n d a do p e s c a d o , f o r a m c o l h i d o s d i r e t a m e n t e dos a g e n t e s

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t r e j a n e i r o e março de 1 9 8 1 ( i s t o e, os preços f o r a m c o l h i -dos n o v a m e n t e ) .

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C A P Í T U L O I I 0 MUNICÍPIO DE LUCENA H i s t o r i c a m e n t e o município de L u c e n a é f r u t o da l u t a p e l a colonização do l i t o r a l p a r a i b a n o . C o n f o r m e o h i s t o r i a d o r p a r a i b a n o Horácio de A l m e i d a , a fundação e c o l o n i zação da C a p i t a n i a da Paraíba d e u s e a p a r t i r da n e c e s s i d a de p e r m a n e n t e de p o v o a r e f e t i v a m e n t e uma área c o n s t a n t e m e n t e a t a c a d a p o r e s t r a n g e i r o s nãoportugueses, como os f r a n -c e s e s e h o l a n d e s e s , -com o i n t u i t o de -c o n t r a b a n d e a r o Pau-B r a s i l ; no c a s o dos f r a n c e s e s , o u de o c u p a r p e l a c o n q u i s t a , c a s o dos h o l a n d e s e s ,1 A a r e a que h o j e c o m p r e e n d e os municípios de B a i a da Traição, L u c e n a e C a b e d e l o , a p r e s e n t a os m e l h o r e s a n c o -r a d o u -r o s n a t u -r a i s do l i t o -r a l p a -r a i b a n o , daí s u a impo-rtância

1 ALMEIDA, Horácio de. H i s t o r i a da Paraíba. E d i t o r a da U n i v e r s i d a d e F e d e r a l da Paraíba, João Pessoa-PB, 1978, v o l . 1 , p. 145.

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estratégica p a r a os p o r t u g u e s e s . 0 que e x p l i c a t e r a área s i d o p a l c o de s a n g r e n t a s b a t a l h a s e r e p e t i d o s c o n f l i t o s na época da colonização, e n v o l v e n d o p o r t u g u e s e s , h o l a n d e s e s e f r a n c e s e s . D e v i d o ã d e b i l i d a d e econômica da C o r o a P o r t u g u e -s a , o p o v o a m e n t o d e u - -s e atravé-s da con-strução de f o r t e -s , i -g r e j a s , e s c o l a s e doação de s e s m a r i a s p a r a construção de e n g e n h o s , f a t o r e s que d e t e r m i n a r i a m as e s p e c i f i c i d a d e s do d e s e n v o l v i m e n t o socio-econômico de c a d a l o c a l i d a d e .1 Os f r a d e s de São B e n t o r e c e b e r a m em 1 5 5 9 , em um l o c a l d e n o m i n a d o Ãgua de J o r g e C a m e l o , uma f a i x a de t e r r a nas p r o x i m i d a d e s do r i o M i r i r i , onde construíram uma i g r e j a da q u a l r e s t a m a p e n a s ruínas. Segundo a tradição, e s t a i -g r e j a c o n s t i t u i u o núcleo i n i c i a l q u e d e u o r i -g e m ã povoação de L u c e n a , E s t e e r a um l o c a l onde se p r o c e s s a v a i n t e n s o comércio e n t r e indígenas e f r a n c e s e s , o que j u s t i f i c a a

doação de p a r t e de s u a área aos p a d r e s de São B e n t o , e e x p l i -ca a o r i g e m do município de L u c e n a .

0 município de L u c e n a , l i m i t a d o ao N o r t e com o município de R i o T i n t o , ao S u l com o município de C a b e d e l o ,

a O e s t e com o município de S a n t a R i t a e a L e s t e com o Ocea-no Atlântico, s i t u a - s e na micro-região p a r a i b a n a do L i t o r a l . Ocupando uma área de 83 k m2 t e m uma população de 6.418 h a -b i t a n t e s , dos q u a i s 4.965 r e s i d e n t e s na z o n a r u r a l e 1.463

distribuídos p e l o s c i n c o p o v o a d o s que compõem a área u r b a n a do m u n i c í p i o .2

1 MONTEIRO, Wilma dos Santos Cardoso. H i s t o r i a da F o r t a l e z a de Santa C a t a r i n a . Imprensa Universitária, João Pessoa-PB, p. 145.

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O município de L u c e n a i n t e r l i g a - s e a João Pessoa, c a p i t a l do e s t a d o da Paraíba, através de um s i s t e m a r o d o v i ário e de um s i s t e m a marítimorodoviario. 0 p r i m e i r o s i s -t e m a c o r r e s p o n d e a uma in-terligação p e l o O e s -t e e o s e g u n d o p e l o L e s t e . ( A n e x o 1)

A inteligação e n t r e João P e s s o a e L u c e n a , p e l o l a d o O e s t e , dã-se através das e s t r a d a s BR-101 e PB-25. A e s t r a d a PB25 l i g a L u c e n a ã e s t r a d a B R 1 0 1 , s e n d o e s t a ú l -t i m a , a que l i g a João P e s s o a â N a -t a l , c a p i -t a l do R i o G r a n d e do N o r t e , A distância e n t r e L u c e n a e João P e s s o a , p o r e s s e s i s t e m a rodoviário, é de 60 quilômetros. A ligação e n t r e L u c e n a e João P e s s o a , p e l o l a d o L e s t e , e f e t i v a s e em duas e t a p a s , Na p r i m e i r a e t a p a , a l i -gação dã-se p o r v i a marítima, através de um braço de mar de 1,8 km que l i g a C o s t i n h a ( o p o v o a d o que f i c a no e x t r e m o s u l do município) ao município de C a b e d e l o . A s e g u n d a etapa dáse através da BR23Q, que l i g a C a b e d e l o a João P e s s o a , p e r -f a z e n d o um t o t a l de 18 quilômetros.

A TELPA Telecomunicações da Paraíba S.A., i n s -t a l o u em j u l h o de 1979. um p o s -t o de serviço n a P r e f e i -t u r a M u n i c i p a l , p e l o q u a l o usuário p a g a p e l o serviço u t i l i z a d o .

0 serviço de comunicação e s c r i t a é e f e t u a d o p e l o C o r r e i o P o s t a l através do s i s t e m a de m a l o t e s n a s s e g u n d a s , terças e s e x t a s f e i r a s . Através d e s s e serviço chegam â l o -c a l i d a d e os j o r n a i s 0 N o r t e , C o r r e i o da Paraíba e o Diário O f i c i a l , v i n d o s da c a p i t a l ,

A informação e a formação c u l t u r a l de s e u s h a b i -t a n -t e s se p r o c e s s a m a-través das e m i s s o r a s da C a p i -t a l do Est a d o , ou s e j a , Rádio T a b a j a r a , Rádio Arapuã e a Rádio C o r r e i o da Paraíba, através dos noticiários e p r o g r a m a s m u s i

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c a i s . A G l o b o de Televisão c o m p l e m e n t a as informações da população através de s u a programação, c u j a s i m a g e n s são c a p t a d a s p o r m e i o de s u a s r e s p e c t i v a s r e p e t i d o r a s de m i c r o o n -das .

Os p o v o a d o s de L u c e n a , P o n t a de L u c e n a , Gameleira, F a g u n d e s e C o s t i n h a , que f o r m a m a ãrea u r b a n a do município, d i s t r i b u e m - s e em r u a s p a r a l e l a s ã o r l a marítima, l i g a d o s e n t r e s i p o r uma e s t r a d a que t e m como p o n t o s e x t r e m o s as povoações de L u c e n a , ao N o r t e , e de C o s t i n h a ao S u l , que d i s t a m a p r o x i m a d a m e n t e 9 km. ( A n e x o 2)

A povoação de L u c e n a c o n s t i u i a s e d e do municí-p i o . A municí-p r e s e n t a , em relação aos d e m a i s municí-p o v o a d o s , um m a i o r

índice de urbanização e c o n t a com l u z elétrica e agua e n c a n a d a . A d e m a i s , ê n a povoação de L u c e n a em que estão i n s t a

-l a d o s os órgãos púb-licos que dão assistência ã t o t a -l i d a d e do município.

A p e q u e n a produção p e s q u e i r a é uma c o n s t a n t e em t o d o s os p o v o a d o s do município. T o d a v i a , a povoação de C o s t i n h a m e r e c e uma m a i o r atenção em v i r t u d e de s e r n e l a que e s t a i n s t a l a d a a u n i d a d e p r o d u t i v a da COPESBRA - C o m p a n h i a de P e s c a do N o r t e do B r a s i l -, m u l t i n a c i o n a l c o n t r o l a d a p o r um g r u p o de j a p o n e s e s , que se d e d i c a à p e s c a e i n d u s t r i a l i

zação da b a l e i a , q u e c o n v i v e com a p e q u e n a produção de p e s -cado marítimo,

E n t r e t a n t o , a p e s c a , q u e r i n d u s t r i a l , q u e r a r t e s a n a l , não é a única a t i v i d a d e p r o d u t i v a de m o n t a do m u n i cípio de L u c e n a , Os próprios m o v i m e n t o s d a população e c o -n o m i c a m e -n t e a t i v a são d e t e r m i -n a d o s p e l a s -n e c e s s i d a d e s da p e s c a e da produção agrícola. As t e r r a s cultiváveis do município são d i v i d i d a s e o c u p a d a s p o r 110 imóveis r u

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r a i s a s s i m d i s t r i b u í d o s :1

- 64 latifúndio p o r exploração, q u a n d o o imóvel c o n t e m o número de m ó d u l o2 s u p e r i o r a 1,00 (um vírgula z e r o z e r o ) e i n f e r i o r a 600,00 ( s e i s c e n t o s vírgula z e r o z e r o ) e não p r e e n c h e as condições de e m p r e s a r u r a l ;

43 minifúndio, os imóveis são a s s i m c o n s i d e r a -dos q u a n d o c o n t e m o número de módulos i n f e r i o r a 1,00 (um vírgula z e r o z e r o ) ,

- 3 e m p r e s a s r u r a i s , q u a n d o a p r e s e n t a mesmo nú-m e r o de nú-mõdu^os s u p e r i o r a 1,00 (unú-m vírgula z e r o z e r o ) e

i n f e r i o r a 600,00 ( s e i s c e n t o s vírgula z e r o z e r o ) e m a i s de 70% de s u a ãrea aproveitável s e j a e x p l o r a d a com q u a l q u e r t i -po de exploração, i n d i c a r em Instituição E s p e c i a l p e l o INCRA.

As p r i n c i p a i s c u l t u r a s c o m e r c i a i s são: c o c o d a -b a h i a , cana-de-açúcar e a m a n d i o c a . T a n t o os minifúndios, q u a n t o os latifúndios e x p l o r a m e s s a s c u l t u r a s . As chamadas c u l t u r a s de subsistências são p r a t i c a m e n t e i n e x i s t e n t e s , p o i s que a força de t r a b a l h o d i v i d e - s e e n t r e o t r a b a l h o temporá-r i o n a a g temporá-r i c u l t u temporá-r a e a a t i v i d a d e p e s q u e i temporá-r a .

A pecuária no município ê p o u c o d e s e n v o l v i d a , sen-do os r e b a n h o s de b o v i n o s e c a p r i n o s os m a i o r e s . Os suínos e a v e s são c r i a d o s nos q u i n t a i s das residências, como f o r m a de a m p l i a r a r e n d a f a m i l i a r .

1 As informações s o b r e a e s t r u t u r a fundiária e a agropecuária do m u n i -cípio de Lucena tem p o r base r e l a t o s dos funcionários da p r e f e i t u r a e dos t r a b a l h a d o r e s l i g a d o s d i r e t a m e n t e a cada uma das c u l t u r a s , a s s i m como informações c o l h i d a s j u n t o ao INCRA.

2 Modulo e a fração mínima c o n s i d e r a d a como necessária p a r a sobrevivên-c i a de uma família. Em Lusobrevivên-cena a fração mínima sobrevivên-contem 10 modelos. F o n t e - INCRA.

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C A P Í T U L O I I I

POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO DA PRODUÇÃO PESQUEIRA

Os g o v e r n o s b r a s i l e i r o s , t r a d i c i o n a l m e n t e , t e m i m p l e m e n t a d o políticas v i s a n d o v i a b i l i z a r a p e s c a como ramo p r o d u t i v o propício a expansão do c a p i t a l . N e s t e s e n t i d o , de uma f o r m a o u de o u t r a , e s s a s políticas r e p e r c u t e m n a p e q u e -n a produção do p e s c a d o . D e s t a s o r t e , r. implantação das Colônias de P e s c a d o r e s e a criação da SUDEPE e d o PESCART a s -sumem um caráter i m p o r t a n t e .

As colônias de P e s c a d o r e s1 f o r a m i n s t i t u c i o n a l i -zadas e i m p l a n t a d a s e n t r e os anos 1919 e 1 9 2 2 . 0 o b j e t i v o e x p r e s s o d a s colônias e r a a d e f e s a dos p e q u e n o s p r o d u t o r e s da exploração d o s " g e l e i r o s "2, c a p i t a l i s t a s e s t r a n g e i r o s que

1 A Colônia de Pescadores e o PESCART englobam no mesmo c o n c e i t o de pescador t a n t o os pequenos proprietários q u a n t o a q u e l e s que apenas t r a b a l h a m nas p e s c a r i a s m e d i a n t e pagamento em d i n h e i r o ou p a r t i c i p a -ção no p r o d u t o .

H l P.N.D.P, - P l a n o N a c i o n a l de D e s e n v o l v i m e n t o da Pesca, p. 05.

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r e c e b i a m a produção dos p e s c a d o r e s em t r o c a dos i n s t r u m e n t o s de p e s c a ,

T o d a v i a , e m b o r a não e x p r e s s o , o o b j e t i v o r e a l da implantação das Colónias de P e s c a d o r e s e r a o de m a n t e r sob vigilância e c o n t r o l e m a i s d i r e t o e e f e t i v o o d e s e n v o l v i -m e n t o da p e q u e n a produção p e s q u e i r a . 0 r e g i s t r o

obrigató-r i o dos q u e f a z e m da p e s c a uma a t i v i d a d e econômica, a s s i m como o r e g i s t r o dos i n s t r u m e n t o s u t i l i z a d o s n a c a p t u r a do p e s c a d o , c o n s t i t u i a f o r m a m a i s e f e t i v a de l e v a r a c a b o e s -se c o n t r o l e .

Com e f e i t o , através das Colônias de P e s c a d o r e s , o G o v e r n o mantêm o c o n t r o l e d i r e t o da p e q u e n a produção de p e s c a d o , É através d a s Colônias de P e s c a d o r e s que o G o v e r -no c o n s e g u e m a n t e r a vigilância s o b r e o c u m p r i m e n t o , ou não, das determinações e resoluções da SUDEPE e das C a p i t a n i a s dos P o r t o s , A o b r i g a t o r i e d a d e do e n v i o a e s s e s d o i s érgãos de c o p i a s d o s relatórios e balanços das a t i v i d a d e s d e s e n -v o l -v i d a s p e l a Colônia i n d i c a a f o r m a com que se e s t a b e l e c e a subordinação.

As Colônias, p o i s , c o n s t i t u e m s e em órgãos o f i -c i a i s que a t u a m em instân-cia l o -c a l em relação d i r e t a -com os p e q u e n o s p r o d u t o r e s e t r a b a l h a d o r e s da p e s c a . E s s a atuação das Colônias e n c o n t r a r e s p a l d o n a legislação v i g e n t e e ê d i r e c i o n a d a no s e n t i d o de r e g u l a m e n t a r e c o n t r o l a r o uso dos i n s t r u m e n t o s e a p e q u e n a produção p e s q u e i r a .

De r e s t o , e s t a não ê uma política r e c e n t e nem ex-c l u s i v a dos G o v e r n o s r e p u b l i ex-c a n o s . Já em 1746 D e ex-c r e t o das C o r t e s de L i s b o a d e t e r m i n a v a o r e g i s t r o dos p e s c a d o r e s e e s t a b e l e c i a r e g r a s p a r a a construção e u s o dos i n s t r u m e n t o s de t r a b a l h o . P e l o mesmo D e c r e t o , as C a p i t a n i a s e r a m i n c u m

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b i d a s de v e l a r p e l o d e s e n v o l v i m e n t o da a t i v i d a d e p e s q u e i r a no B r a s i l .1

Não e n o v i d a d e , p o i s , o p a p e l que d e s e m p e n h a a C a p i t a n i a dos P o r t o s . E n t r e t a n t o , a criação das Colônias vem reforçar e s s e p a p e l . 0 que s e h a de f a z e r e b u s c a r as conexões i n t e r n a s dos fenômenos, que d e t e r m i n a m e s s a c r i a -ção .

0 que ê c e r t o ê que as Colônias dos P e s c a d o r e s s u r g e m no momento em q u e a política econômica do Governo e s -t a v o l -t a d a p a r a a consolidação da indús-tria n a c i o n a l . N e s -t e s e n t i d o , as n o r m a s r e f e r e n t e s ao i n s t r u m e n t a l de t r a b a l h o tem o e s c o p o p r o t e c i o n i s t a de e v i t a r a e n t r a d a de m a n u f a t u -r a d o s em condições de c o n c o -r -r e -r com o s i m i l a -r n a c i o n a l . P o -r o u t r o l a d o , a criação das Colônias de P e s c a d o r e s v i s a a s s e g u r a r um m e r c a d o c o n s u m i d o r p a r a a produção n a c i o n a l de i n s t r u m e n t o s de p e s c a . P o r c o n s e g u i n t e , as Colônias de P e s c a d o r e s v i s a m p o s s i b i l i t a r a expansão de um dado ramo de p r o dução c a p i t a l i s t a e não s e r v i r como õrgão p r o t e t o r da p e q u e n a produção p e s q u e i r a , como a f i r m a v a o G o v e r n o ao i m -p l a n t a - l a s ,

D e s t a s o r t e , as Colônias de P e s c a d o r e s não c o n s t i t u e m um õrgão de c l a s s e nem r e p r e s e n t a m um g r u p o s o c i o económico i s o l a d o , Não a p r e s e n t a m características de p r o -dução e c o m p o r t a m e n t o s o c i a l d i s t i n t o s dos padrões v i g e n t e s no p a í s , como p e r t e n c e s s e m a um o u t r o modo de produção, como q u e r e m m u i t o s ,

Com e f e i t o , as Colônias de P e s c a d o r e s , a r t i c u l a

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das a o u t r o s i n s t r u m e n t o s da política g o v e r n a m e n t a l , v i s a m , p o r um l a d o , v i a b i l i z a r a implantação de e m p r e s a s m o d e r n a s na p e s c a e, p o r o u t r o l a d o , p e r m i t i r a subordinação de p e -q u e n a produção p e s -q u e i r a à lógica da acumulação c a p i t a l i s t a . N e s t e s e n t i d o , n a d a hâ de p r o t e c i o n i s t a n a s Colônias de Pes-c a d o r e s , no q u e t a n g e ã p e q u e n a produção.

J a e n t r e 1 9 3 3 / 1 9 6 0 , a política g o v e r n a m e n t a l v o l -t a - s e p a r a uma a-tuação não de r e c o n h e c i m e n -t o e organização da p e q u e n a produção p e s q u e i r a , mas p a r a uma atuação mais d i -r e t a n o s e n t i d o de p e -r m i t i -r a implantação de e m p -r e s a s mo-d e r n a s n e s s e s e t o r mo-da e c o n o m i a n a c i o n a l , o que ê c o n s t a t a mo-d o p e l a instalação de o b r a s de b a s e v o l t a d a s p a r a a pesca.

Criams e , Criams e t o r de p e Criams q u i Criams a Criams , eCriamstaçõeCriams de b e n e f i c i a m e n t o e p i Criams c i -c u l t u r a p r i n -c i p a l m e n t e n o s e s t a d o s de São P a u l o (Piraçunun-g a ) , do Para.nã ( P o n t a G r o s s a ) e do R i o G r a n d e do S u l (Qua-d r o (Qua-de O s o r i o ) «1 D a t a a i n d a d e s t e período a criação da U n i v e r s i -dade R u r a l do R i o de J a n e i r o e da E s c o l a de P e s c a Tamandare, em P e r n a m b u c o . E s t a t e m o o b j e t i v o e x p r e s s o de p r o m o v e r a especialização de mão-de-obra p a r a a t u a r n a p e s c a i n d u s t r i a l . No período c o n s i d e r a d o , e n t r e os anos de 1960 e 19.75, q u a n d o , jã e s t a v a c o n s o l i d a d a uma i n f r a - e s t r u t u r a bá-s i c a e i n bá-s t a l a d a bá-s g r a n d e bá-s e m p r e bá-s a bá-s p e bá-s q u e i r a bá-s , a política a d o t a d a p e l o s G o v e r n o s v i s a i n t e n s i f i c a r a capitalização dos g r u p o s n a c i o n a i s e x i s t e n t e s e p r o p i c i a r a instalação de em-p r e s a s e s t r a n g e i r a s , A SUDEPE - Suem-perintendência do Desen-v o l Desen-v i m e n t o da P e s c a -, c r i a d a em 1 9 6 2 , ê o i n s t r u m e n t o

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d e s s a p o l í t i c a .1

A b a s e da política i m p l e m e n t a d a p e l a SUDEPE e s t a no i n c e n t i v o a instalação de e m p r e s a s de c a p i t a l a b e r t o . E através da constituição d e s s a s e m p r e s a s q u e se e s t i m u l a a modernização dos i n s t r u m e n t o s de t r a b a l h o e da técnica de produção c o n c e d e n d o s e benefícios f i s c a i s e isenção de i m -p o s t o s aos em-presários q u e t i v e r e m s e u s -p r o j e t o s a -p r o v a d o s p e l a SUDEPE. F i c a e v i d e n t e , p o i s , q u e a política g o v e r n a m e n t a l l e v a em consideração tãosomente as n e c e s s i d a d e s de a l o c a ção de r e c u r s o s , v a l e d i z e r c a p i t a i s , no s e g m e n t o d e s s e r a mo da produção p e s q u e i r a q u e a p r e s e n t a m a i o r c h a n c e de l u -c r o s , p r o t e g e n d o , d e s s a f o r m a , o s g r u p o s de m a i o r p o d e r e-conômico. T o d a v i a , h a u o r pa r t e d o s G o v e r n o s , i n t e r e s s e s específicos no q u e se r e l a c i o n a com a p e q u e n a produção p e s -q u e i r a . Apos cin-qüenta anos de c r i a d a s e i n s t a l a d a s as Co-lônias de P e s c a d o r e s , em 1 9 7 3 com a criação do PESCART P r o g r a m a de Assistência ã P e s c a A r t e s a n a l -, p e l a SUDEPE, a política g o v e r n a m e n t a l v o l t a s e p a r a a p e q u e n a produção p e s -q u e i r a de f o r m a d i r e t a e sistemática. A política do PESCART d i r i g e - s e p a r a o e m p r e g o de i n s t r u m e n t o s m a i s m o d e r n o s p e l o s p e q u e n o s p r o d u t o r e s , p a r a mudança de c o m p o r t a m e n t o socioeconômico e n a f o r m a de o r -g a n i z a r e e s t r u t u r a r a própria v i d a f a m i l i a r . Com e f e i t o , as características d o s p r o j e t o s d e -1 A u t a r q u i a s u b o r d i n a d a ao Ministério da A g r i c u l t u r a , I I I P.N.D.P., Op. c i t . , p. 04.

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sènvolvidos p e l o PESCART v o l t a m s e p a r a uma mudança s u b s t a n c i a l do c o m p o r t a m e n t o das c o m u n i d a d e s a t i n g i d a s . P r o j e -t o s como T e c n o l o g i a de P e s c a , P i s c i c u l -t u r a , Conservação e Comercialização de P e s c a d o , Educação A l i m e n t a r e Sanitária e Administração D o m e s t i c a d i r e c i o n a m - s e p a r a a formação de n o v o s padrões de c o m p o r t a m e n t o e consumo. De r e s t o , o p r o j e t o do C r e d i t o O r i e n t a d o de Pes-ca t o r n a e v i d e n t e os o b j e t i v o s f i n a i s d e s t a polítiPes-ca: c r i a r um m e r c a d o de b e n s de consumo duráveis e de b e n s de p r o d u -ção . Aos q u e b u s c a m os benefícios do p r o j e t o , e x i g e -se um c a d a s t r o de b e n s como g a r a n t i a do f i n a n c i a m e n t o . P a r a i s s o , um e n g e n h e i r o o u um técnico de p e s c a intervêm a f i m de o r i e n t a r a solicitação e obtenção de crédito. A atuação d e s s e e n g e n h e i r o , ou técnico, v o l t a - s e p a r a a demonstração d a s v a n t a g e n s que os n o v o s i n s t r u m e n t o s e uma t e c n o l o g i a m a i s m o d e r n a o f e r e c e m no que t a n g e as p o s s i b i l i d a d e s demaio-res- l u c r o s .

A concessão do crédito s u b o r d i n a - s e aos cálculos que o e n g e n h e i r o r e a l i z a s o b r e os possíveis r e n d i m e n t o s que serão alcançados com a utilização dos n o v o s i n s t r u m e n t o s . E s t e s cálculos, q u a s e s e m p r e , d e m o n s t r a m a p o s s i b i l i d a d e de um e x c e d e n t e que c o b r e t a n t o os c u s t o s da produção, q u a n t o a subsistência do proprietário. C o n c e d i d o o f i n a n c i a m e n t o , e s t e ê l i b e r a d o em p a r c e l a s m e n s a i s o u t r i m e s t r a i s . As p r i m e i r a s p a r c e l a s são e m p r e g a d a s n a c o m p r a do i n s t r u m e n t o e/ou n a c o m p r a do m a t e -r i a l necessá-rio ã s u a const-rução. 0 p a g a m e n t o do f i n a n c i a m e n t o i n i c i a ao f i m de s e i s m e s e s , o u d o i s t r i m e s t r e s , apés a a s s i n a t u r a do c o n

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t r a t o cie concessão de crédito. N e s t e p r a z o e s t a incluído q u a r e n t a ou s e s s e n t a d i a s p a r a a e n t r e g a d o s i n s t r u m e n t o s f i n a n c i a d o s .

Além de j u r o s de 1 0 1 ao a n o , s o b r e o s a l d o d e v e -d o r , o s o l i c i t a n t e -do cré-dito o b r i g a - s e , a i n -d a , a p a g a r a SUDEPE p e l a assistência e orientação p r e s t a d a s p o r e x t e n -s i o n i -s t a -s , o u e n g e n h e i r o -s de p e -s c a , bem como a a r c a r com a-s d e s p e s a s p e r t i n e n t e s ã elaboração do p r o j e t o . A assistência e a orientação p r e s t a d a t e m u m c u s -t o a n u a l de 2% s o b r e o s a l d o d e v e d o r do crédito f o r n e c i d o . A atuação do e x t e n s i o n i s t a v o l t a - s e p a r a a realização de o u t r o s p o r j e t o s , t a i s como T e c n o l o g i a de P e s c a , Conservação de R e c u r s o s P e s q u e i r o , A s s o c i a t i v i s m o P e s q u e i r o e C o n s e r v a -ção e Comercializa-ção de P e s c a d o , E s t e s p r o j e t o s , visam pos-s i b i l i t a r m a i o r e pos-s r e n d i m e n t o pos-s a o pos-s p e q u e n o pos-s proprietáriopos-s, p r i n c i p a l m e n t e q u a n d o e s t e s estão p a g a n d o o crédito de p e s

c a , i n c e n t i v a n d o o s a não a t r a s a r as prestações do f i n a n c i -a m e n t o ,

Quando o p e q u e n o proprietário alcança m a i o r e s r e n d i m e n t o s , e s t e s são c r e d i t a d o s às n o v a s técnicas e i n s t r u m e n t o s . E n t r e t a n t o , se os r e n d i m e n t o s d e c r e s c e m , os r e s u l t a d o s são atribuídos à f a l t a de c o n h e c i m e n t o , à má u t i -lização d a s n o v a s técnicas p e l o p r o d u t o r , e n u n c a à políti-ca i m p l e m e n t a d a no país ou as condições de t r a b a l h o q u e l h e são i m p o s t a s n a légica do modo de produção em que o p r o d u t o r está i n s e r i d o ,

A p a r t i r da introdução de n o v a s técnicas, o PESCART v o l t a - s e , como já f o i a s s i n a l a d o , p a r a a mudança de

c o m p o r t a m e n t o s de consumo d o s a s s o c i a d o s ao p r o g r a m a . Os p r o j e t o s de Educação A l i m e n t a r e Sanitária c Administração

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30 D o m e s t i c a , d e s e n v o l v i d o s p o r e x t e n s i o n i s t a s , s e j a m o u não a s s i s t e n t e s s o c i a i s , b u s c a m o r i e n t a r as famílias dos p e s c a -d o r e s a s s o c i a -d o s ao PESCART n a m a n e i r a -de e -d u c a r os f i l h o s , n a administração do l a r e n a orientação a l i m e n t a r . I n t r o -d u z - s e , -d e s t a r t e , n o v o s pa-drões -de v i -d a no i n t e r i o r -d e s s e s e g m e n t o da população, c o p i a d o s de uma o u t r a camada s o c i a l , que a p r e s e n t a condições sõcio-econômicas m a i s e l e v a d a s e que v i v e uma o u t r a r e a l i d a d e .

F i c a e v i d e n t e p o i s , q u e a SUDEPE e o PESCART c o n s -t i -t u e m f a c e s da mesma moeda. São ins-ti-tuições o f i c i a i s q u e a t u a m no mesmo ramo da produção v i s a n d o a t i n g i r idênticos o b j e t i v o s . U t i l i z a m , e n t r e t a n t o , m e c a n i s m o s d i s t i n t o s , como f o r m a s de a d a p t a r as condições específicas da p e s c a à lógi-ca da expansão do c a p i t a l i s m o .

Através da SUDEPE, o E s t a d o v i a b i l i z a a expansão e o f o r t a l e c i m e n t o da g r a n d e e m p r e s a , Com o PESCART atua no s e n t i d o de i n d u z i r os p e q u e n o s p r o d u t o r e s e p a r t i c i p a r e m de f o r m a d i s t i n t a n o p r o c e s s o de expansão do c a p i t a l , t o r n a n -d o - s e c o n s u m i -d o r e s ae b e n s -de pro-dução, através -da c o m p r a de i n s t r u m e n t o s p r o d u z i d o s p e l a i n d u s t r i a em substituição a s u a própria t e c n o l o g i a , t r a n s f e r i n d o e x c e d e n t e em f o r m a de j u r o s * E s t a m u d a n ç a , t o d a v i a , não a t i n g e o p r o c e s s o de t r a -b a l h o , que c o n t i n u a o mesmo. Através d e s s a política o E s t a d o p o s s i b i l i t a o

I

a u m e n t o da produção e x c e d e n t e n e s s e s e g m e n t o da produção de p e s c a d o , mas, ao mesmo t e m p o , c r i a condições p a r a s u b o r d i n a r e s s e s e x c e d e n t e s ao c a p i t a l d o m i n a n t e . N e s s a s c o n d i ções, a inovação tecnológica só r e s o l v e a questão da e x p a n -são do c a p i t a l .

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C A P Í T U L O I V

ORGANIZAÇÃO DA PEQUENA PRODUÇÃO DE PESCADO MARÍ-TIMO EM LUCENA A p e q u e n a produção p e s q u e i r a p o s s u i uma e s t r u t u -r a c o m p l e t a . E l a s e compõe t a n t c d a c a p t u -r a do p e s c a d o , que e s t a d i v i d i d a em c a p t u r a n a c o s t a marítima e c a p t u r a l o n g e da c o s t a como do p r e p a r o do p e s c a d o s e c o . F o r a a produção p r o p r i a m e n t e d i t a , o u s e j a , c a p t u r a e p r e p a r o do pescado s e c o , t e m o s que c o n s i d e r a r a i n d a o p r o c e s s o de c o m e r c i a l i z a ção do p r o d u t o , P a r a e f e i t o de m a i o r c l a r e z a , v e r e m o s , s e p a r a d a m e n t e , c a d a e t a p a do f u n c i o n a m e n t o da produção p e s -q u e i r a a r t e s a n a l e o i n t e r r e l a c i o n a m e n t o d e s t a s e t a p a s na e s t r u t u r a da produção. Características das p e s c a r i a s A c a p t u r a do p e s c a d o marítimo no município de L u c e n a e r e a l i z a d a p o r p r o d u t o r e s i n d i v i d u a i s , que empregam, na s u a g r a n d e m a i o r i a , i n s t r u m e n t o s de t r a b a l h o de fácil

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32 construção e m a n u s e i o . E s t e s i n t r u m e n t o s c o n s i s t e m em redes de e s p e r a e a r r a s t o , l i n h a s de c o r s o e de m ã o , p o d e n d o s e r c o n f e c c i o n a d o s p e l o s próprios p r o d u t o r e s , o u c o m p r a d o s pron-t a s . C o n f o r m e o u s o , o u n ã o , de embarcações o u , ainda, do t i p o de embarcação e m p r e g a d a , a p e s c a r i a p o d e s e r c l a s -s i f i c a d a , b a -s i c a m e n t e , n o -s -s e g u i n t e -s t i p o -s : p e -s c a r i a em que s e emprega embarcações e p e s c a r i a de pê-no-chão.

EMBARCAÇÕES EXISTENTE EM LUCENA

DISCRIMINAÇÃO QUANTIDADE PARTICIPAÇÃO RELATIVA

Canoas 23

C + )

4 8 , 9 % J a n g a d a s ã remo 13 ( + ) 2 7 , 6 1 J a n g a d a s à v e l a Q7 14,9% B o t e m o t o r i z a d o 04 8,6% '> T O T A L 47 1 0 0 , 0 % (+)• Com e s s a s embarcações as p e s c a r i a s a t i n g e m os p e s q u e i -r o s a t e uma m i l h a C l . 5 8 2 m) .

FONTE; DADOS DA PESQUISA

Na p e s c a r i a em q u e se e m p r e g a embarcações podem s e r d e t e c t a d o s , c o n f o r m e o t i p o de embarcações u t i l i z a d a s , as s e g u i n t e s c a t e g o r i a s : p e s c a r i a em c a n o a , p e s c a r i a em j a n g a d a e p e s c a r i a e m b o t e m o t i r i z a d o . Na p e s c a r i a de pê-no-chão se e m p r e g a nenhum t i p o de embarcação e se p e s c a com o a u x i l i o de p e q u e n a s r e d e s . A classificação do p e s c a d o marítimo se da em f u n

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-ção do t a m a n h o do p e i x e , p o d e n d o s e r de p r i m e i r a , segunda ou t e r c e i r a q u a l i d a d e . E s s a classificação ê u s a d a p a r a d e t e r -m i n a r o v a l o r c o -m e r c i a l do p e s c a d o . 0 t a -m a n h o e a espécie do p e s c a d o v a r i a m c o n f o r m e a d i s t a n c i a dos p e s q u e i r o s em relação a. c o s t a , e d e t e r m i n a m p o r t a n t o a f o r m a p e l a q u a l é o r g a n i z a d a a p e s c a r i a . Com e f e i t o , o p e s c a d o de p r i m e i r a é p r i n c i p a l -m e n t e e n c o n t r a d o e-m a l t o -m a r , o de s e g u n d a e o de t e r c e i r a à p r o x i m i d a d e da c o s t a . C o n f o r m e e s s a classificação, no município de L u -c e n a p r e d o m i n a a produção de p e s -c a d o de t e r -c e i r a -c a t e g o r i a , de v e z que a m a i o r i a das c a p t u r a s são r e a l i z a d a s nas p r o x i -m i d a d e s do l i t o r a l , através da p e s c a r i a de pé-no-chão, de c a n o a e de j a n g a d a à r e m o . A c a p t u r a do p e s c a d o de p r i m e i -r a c a t e g o -r i a é -r e a l i z a d a p -r i n c i p a l m e n t e p o -r p e s c a -r i a s de j a n g a d a s ã v e l a e b o t e s m o t o r i z a d o s . Embora a p a r e n t e m e n t e u n i f o r m e , a p e q u e n a p r o d u ção de p e s c a d o marítimo p e r m i t e d i f e r e n c i a r no s e i o do p r o -c e s s o p r o d u t i v o , a l g u m a s -c a t e g o r i a s de t r a b a l h a d o r e s , q u e p o r s u a f o r m a de a t u a r e v i n c u l a r - s e no p r o c e s s o p r o d u t i v o e x p l i c i t a m s u a subordinação ao c a p i t a l . E n t r e t o d o s os a-g e n t e s da p e s c a r e a-g i s t r a d o s na Colônia dos P e s c a d o r e s de L u c e n a , podemos d e t e c t a r as s e g u i n t e s c a t e g o r i a s ;1

Armador proprietário de embarcação e i n s t r u -m e n t o s de c a p t u r a , que não t r a b a l h a na p e s c a r i a e e -m p r e g a o

t r a b a l h o de p e s c a d o r e s . P r o d u z p a r a o m e r c a d o com o o b j e

-1 E s t a classificação f o i p o r nos e s t a b e l e c i d a e seu e f e i t o e puramente analítico. F o i com a cooperação do p r e s i d e n t e da Colônia, do c a p a t a z da área e de a l g u n s p e s c a d o r e s que conseguimos i d e n t i f i c a r a situação e x a t a de cada a g e n t e .

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34

t i v o de alcançar r e t o r n o s que excedem os c u s t o s de produção. Armador-Pescador - proprietário de embarcação q u e , em v i r t u d e de não d i s p o r de c a p i t a l s u f i c i e n t e p a r a e x p l o r a r o t r a b a l h o a s s a l a r i a d o , e n v o l v e s e p e s s o a l m e n t e no p r o -c e s s o p r o d u t i v o -como p e s -c a d o r .

Pescador-Patrão - proprietário de r e d e s q u e não tem condições econômicas de u t i l i z a r embarcações e e m p r e g a o t r a b a l h o de um p e s c a d o r em s u a p e s c a r i a . G u a r d a d a s as d e v i d a s proporções a s s e m e l h a - s e ao A m a d o r - P e s c a d o r .

P e s c a d o r - é" d e s p r o v i d o dos m e i o s de produção, v e n d e s u a força de t r a b a l h o ao Armador, A r m a d o r - P e s c a d o r ou P e s c a d o r de pê-no-chão. Dada e s s a s condições c o n s i d e r a d o a s s a l a r i a d o . Onde o salário t e m p o r b a s e a q u a n t i d a d e de p r o d u t o em q u e o t r a b a l h o se m a t e r i a l i z o u em c a d a j o r n a d a de t r a b a l h o . T i p o de salário p o r p e ç a s .1

C o n f o r m e l e v a n t a m e n t o r e a l i z a d o e s e g u n d o a c l a s sificação a c i m a , a distribuição dos a g e n t e s p r o d u t i v o s e n v o l v i d o s n a c a p t u r a da p e q u e n a produção p e s q u e i r a a p r e s e n

-t a - s e da s e g u i n -t e f o r m a :

MARX, K a r l , 0 c a p i t a l - C r i t i c a da Economia Política. L i v r o 1 , V. I I 696/646 p. Civilização B r a s i l e i r a , R i o de J a n e i r o .

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35

POPULAÇÃO QUE ATUA NA CAPTURA EM LUCENA

DISCRIMINAÇÃO A r m a d o r 21 4,83 A r m a d o r P e s c a d o r 23 5,29 P e s c a d o r - ( P e s c a d o r de pe-no-chão) 07 1,61 P e s c a d o r e s 384 88,27 T O T A L 435 100,0 QUANTIDADE PARTICIPAÇÃO Q U A I N I RELATIVA O b s e r v a s e f a c i l m e n t e q u e d e s s e t o t a l 5 1 são p r o -prietários dos m e i o s de produção e 384 estão d e s p o j a d o s des-s e des-s m e i o des-s de produção, des-s e n d o o b r i g a d o des-s a v e n d e r des-s u a força de t r a b a l h o . N e s t e s e n t i d o s o m e n t e os últimos è q u e p e dem, e f e t i v a m e n t e , s e r chamados de P e s c a d o r e s e não c o n f o r -me a classificação da SUDEPE, Colônia de P e s c a d o r e s , e t c .

que e n g l o b a m n a mesma c a t e g o r i a p o s s u i d o r e s e não p o s s u i d o -r e s d o s m e i o s de p-rodução.

A p e q u e n a produção p e s q u e i r a não s e l i m i t a p o r e m ã c a p t u r a do p e s c a d o , 0 p r o c e s s o de produção do p e s c a d o s e c o e n v o l v e t o d a uma gama de t r a b a l h o s q u e assumem feições s i n g u l a r e s no p r o c e s s o p r o d u t i v o , A produção do pescado s e -co e f r e s c o . Somam a p r o x i m a d a m e n t e 6 1 e estão distribuídos da s e g u i n t e f o r m a :

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