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Efeito da dexametasona e do meloxicam sobre o extravasamento plasmatico induzido por carragenina na ATM de ratos

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UNICA.MP

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA DEPARTAMENTO DE CIENCIAS FISIOLOGICAS

DANIELA DE CASSIA FAGLIONI BOLETA

Cirurgiã-Dentista

EFEITO DA DEXAMETASONA E DO MELOXICAM

SOBRE O EXTRAVASAMENTO PLASMÁTICO

INDUZIDO POR CARRAGENINA NA ATM DE RATO.

Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas, para obtenção do grau de Mestre em Odontologia, área de concentração Fisiologia Oral.

Piracicaba-SP

-2002-

UNICAMP

BIBLIOTECA CENTRAL

SEÇÃO CIRCULANTE

(2)

UNICAMP

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FISIOLÓGICAS

DANIELA DE CASSIA FAGLIONI BOLETA Cirurgiã-Dentista

EFEITO DA DEXAMETASONA E DO MELOXICAM

SOBRE O EXTRAVASAMENTO PLASMÁTICO

INDUZIDO POR CARRAGENINA NA ATM DE RATOS

Dissertação apresentada

à

Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade

Estadual de Campinas, para obtenção do grau de Mestre em Odontologia, área de concentração Fisiologia Oral.

Comissão Examinadora: Prof'. Dr.0

: Antonio Renzi Prof'. Dr.a: José Ranali

Prof'. Dr.a: Maria Beatriz Duarte Gavião

Piracicaba-SP

(3)

-2002-UNIDADE _,.Ç})"-e::;:---N" CHAMADAT/ iJtJ! C-11('!1 P

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5

B637e Ficha Catalográfica

Boleta, Daniela de Cassia Faglioni.

Efeito da dexametasona e do meloxicam sobre o extravasamento plasmático induzido por carragenina na ATM de ratos. I Danie~ de Cassia Faglioni Boleta. --Piracicaba, SP: [s.n.], 2002. ~

X, 89f. : il.

Orientadora : Prof"

nr•

Maria Cecilia Ferraz Arruda Veiga.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual lle Campinas, F acuidade de Odontologia de Piracicaba.

I. Antiinflamatórios. 2. Articulação temporomandibular. I. Veiga, Maria Cecilia Ferraz de Arruda. TI. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Odontologia de Piracicaba. ill. Título.

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marilene Girello CRB/8-6159, da Biblioteca da Faculdade de Odontologia de Piracicaba- T.JNICAMP.

(4)

UNICAMP

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa de Tese de MESTRADO, em

sessão pública realizada em 12 de Março de 2002, considerou a

(5)

DEDICATÓRIA

"A Deus, que se revela a cada momento, seja por um sorriso, seja pela

brisa que inspira um instante de reflexão e concede-me oportunidade

para lutar por dias melhores"

"Aos meus pais, Antonio e Therezinha, pelo empenho e esmero com

que me encaminharam para a vida, pelo precioso consolo nos

momentos de aflição, pelo carinho sempre farto e pelo amor

transmitido desde meu nascimento"

"Ao meu irmão Douglas que, apesar dos desentendimentos comuns

entre irmãos, tanto prezo"

"Ao meu noivo Ricardo, que mesmo enfrentado a distância soube

compreender e me apoiar nos momentos difíceis, sempre com muito

(6)

~~

AGRADECIMENTO ESPECIAL

I~

A Deus por ter me permitido conquistar mais essa batalha na

grande guerra da vida, da qual

sou vencedora desde o momento de

minha concepção.

À

professora Dr.a Maria Cecília Ferraz de Arruda Veiga,

(7)

AGRADECIMENTOS

Aos professores doutores Cláudia Herrera Tambeli, Cecília

Gatti Guirado, Maria Cristina Volpato, Silvana Pereira Barros, Antonio

Renzi, José Ranali e Maria Beatriz Duarte Gavião, por dispensarem

seu tempo na análise deste trabalho e pelas sugestões dadas.

À

professora Fernanda Klein Marcondes pelos conselhos que

tanto me ajudaram a superar obstáculos.

À

secretária Shirley Rosana Sbravatti Moreto, além da ajuda

profissional, obrigada pelas conversas que muitas vezes me fizeram

distrair, enquanto criava coragem para recomeçar.

Ao senhor Carlos Alberto Feliciano, pela ajuda, não apenas

técnica, mas moral no sentido de que nada é fácil, portanto, nunca se

deve desistir.

A toda a equipe do laboratório de histologia, sem eles não

seria possível a realização de parte desse trabalho.

À

Heloísa Maria Ceccoti, pela revisão das referências

bibliográficas.

Aos amigos Ana Paula, Dany, Marcelo, Eduardo, Alexandre,

Franco, Leonardo e Elizabeth, pelos momentos de alegria que

compartilhamos e pela força nos momentos de tristeza.

(8)

À minha

2a

mãe, Dona Marlene, pelo· calor e carinho de um

outro lar, pelos cuidados e dedicação dados a uma estudante fora do

aconchego da família.

A todas minhas companheiras de residência e amigas, que

compartilharam

comigo

cada

passo

para chegar até

aqui,

principalmente

à

Rosana, lsa e Belkys, obrigada pelo carinho.

Ao professor Cleto M. Piazzeta, se não fosse pelo seu

incentivo desde a graduação, hoje não estaria aqui no árduo, porém,

gratificante caminho da docência.

À Universidade Paranaense (UNIPAR) por ter me dado a

oportunidade de ausentar-me parcialmente de minhas atividades para

a concretização desse sonho.

A todos aqueles que direta ou indiretamente possibilitaram a

realização deste trabalho.

(9)

Sumário:

Lista de abreviaturas

Lista de figuras 01

02

04 05 07

09

11 12 12 16 16 Lista de tabelas RESUMO ABSTRACT 1. INTRODUÇÃO 2. PROPOSIÇÃO 3. REVISÃO DA LITERATURA 3.1 Disfunções Temporomandibulares 3.2 Inflamação 3.2.1 Considerações Gerais

3.2.2 Eventos vasculares e celulares da reação inflamatória 18

3.2.3 Inflamação e dor 22

3.2.4 Mediadores inflamatórios e as DTMs 22 3.2.5 Inflamação neurogênica e não-neurogênica 25 3.2.6 Carragenina e a inflamação não-neurogênica 25

3.3. Antiinflamatórios 35

3.3.1 Mecanismo de ação das drogas antiinflamatórias 35

3.3.2 Meloxicam 38

3.3.3 Dexametasona 42

4. MATERIAL E MÉTODOS 48

4.1 Animais experimentais 48

4.2 Soluções utilizadas 48

4.3 Preparo cirúrgico e indução da inflamação 49

4.4 Quantificação do EP do corante AE 52

(10)

4.6. Indução do EP por diferentes concentrações de CA 54

4.7 Efeito da terapia medicamentosa 55

4.8 Avaliação morfológica 56

4.9 Análise estatística 57

5. RESULTADOS 58

5.1 Avaliação temporal do EP induzido por CA na ATM de ratos 58 5.2 Avaliação do EP induzido por diferentes concentrações 59

deCAna ATM de ratos, no período de 60 minutos

5.3 Efeito da administração i.p. de diferentes doses de 61 dexametasona (2,3; 4,6 e 6,9 mg/Kg) 2 h antes da

administração de CA (300J.tg/50J.tL) na região da ATM de ratos, sobre o EP pari-articular

5.4 Análise do efeito da injeção i.p. de diferentes doses de 62 meloxicam (7, 14 e 21 mg/Kg) 60 minutos antes da injeção

de CA (300J.tg/50J.tL) sobre o EP pari-articular 5.5 Análise morfológica 64 6. DISCUSSÃO 66 7. CONCLUSÕES 75 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 76 APÊNDICE 86

ANEXO 1 -Protocolo de Aprovação do Comitê de Ética em 89 Experimentação Animal

(11)

Lista de abreviaturas:

DTM: Disfunção temporomandibular ATM: Articulação temporomandibular OM: Óleo de mostarda

PA: periarticular IP: intraperitoneal

EP: Extravasamento plasmático AE: Azul de Evans

CA: Carragenina PGs: Prostaglandinas PGE2: Prostaglandina E2 PGI2: Prostaciclina

TNF-o.: Fator de necrose tumoral o. TXA2: Tromboxano A2

lgG: lmunoglobulina G lgM: lmunoglobulina M HE: Hematoxilina e eosina

AINE: Antiinflamatório não esteróide DEXA: Dexametasona

MEL: Meloxicam INDO: lndometacina

(12)

Lista de Figuras

FIGURA 1- Resumo de algumas das interações entre os produtos de 37 células imunes, alguns mediadores químicos e fibras sensoriais durante hiperalgesia inflamatória. Nem todos os mediadores são mostrados. CGRP; COX-2; 5-HT; IL-1, IL-6, IL-8, interleucinas 1, 6 e 8; FCN; PGs e TNF-a

FIGURA 2- Canulação da veia femural, inicialmente com injeção 51

de salina

FIGURA 3- Injeção do corante Azul Evans 51

FIGURA 4- Demonstração do local para a punção da agulha durante a 51 injeção (à direita) e Agulha calibre 30 acoplada a uma

microseringa Hamilton por intermédio de uma cânula

de polietileno PE 50

FIGURA 5 - Demonstração do local correto da injeção do corante após 52

perfusão e do tecido a ser coletado para análises

FIGURA 6- Leitor de microplacas (Anthos 2020, versão 1.2) 52

FIGURA 7 - Extravasamento plasmático (Jlg/g) induzido por CA 100 Jlg/50!ll 59

nos períodos de 60, 120 e 180 minutos e seus respectivos controles (salina 0,9%)

FIGURA 8 - Extravasamento plasmático induzido por diferentes

concentrações de carragenina (100, 300 e 450 llg) no

período de 60 minutos

(13)

FIGURA 9 - Efeito da administração de diferentes doses de dexametasona (2,3; 4,6 e 6,9 mg/Kg) sobre o EP

induzido por CA 300).tg

62

FIGURA 1 O - Efeito da administração de diferentes doses de meloxicam 64

(7, 14 e 21 mg/Kg) e de salina sobre o EP induzido pela

CA (300 llg/50).tl)

FIGURA 11 - Biópsia da região da ATM de ratos 3 horas após a injeção de 65

CA 300 ).tg/501-lL Note-se a destruição do trabeculado ósseo.

Coloração HE (125x)

FIGURA 12 - Biópsia da região da ATM de ratos submetidos ao pré- 65 tratamento com meloxicam (21 mg/Kg), 2 horas antes da administração periarticular de CA 300 llg/50 1-1L, revela que a matriz óssea exibe um trabeculado característico (setas). Coloração HE (125x)

(14)

Lista de tabelas:

TABELA 1: Grupos nos quais foram divididos os animais da primeira 53

fase do experimento, com os respectivos tempos utilizados

TABELA 2: Grupos nos quais foram divididos os animais para o estudo do 54 efeito de diferentes concentrações de CA sobre o EP periarticular TABELA 3: Grupos nos quais foram divididos os animais para o estudo 55

do efeito de diferentes doses de dexametasona e de meloxicam TABELA 4: Grupos nos quais foram divididos os animais para o estudo 56

histológico do processo inflamatório induzido pela CA

TABELA 5: Valores médios do EP (J.lg/g) induzido porCA 100 J.lQ/50).11 58 e seus respectivos desvios-padrão, nos diferentes tempos

estudados. Os valores representam a média ± desvio-padrão

TABELA 6: Valores médios do EP (J.lg/g) induzido por 100 J.1Q/50J.11, 300 e 60 450 J.1Q/50J.1I e salina, juntamente com seus respectivos

desvios-padrão, no tempo de 60 minutos. Os valores representam a média ±desvio-padrão

TABELA 7: Efeito da administração IP de diferentes doses de DEXA sobre o 61 EP induzido pela administração de CA (300 J.19) na ATM de ratos Dados expressos como média ± desvio-padrão

TABELA 8: Valores médios do EP (J.lg/g) induzido porCA 300 J.JQ/50 J.JI, 63 após o tratamento intra-peritoneal com salina e meloxicam

nas doses de 7, 14 e 21 mg/Kg, acompanhado de seus desvios-padrão, no tempo de 60 minutos. Os valores representam a média± desvio-padrão

(15)

RESUMO

Pouco se sabe sobre os mecanismos fisiopatológicos envolvidos com a

inflamação e a dor inflamatória que acompanham as disfunções

temporomandibulares. O objetivo desse trabalho foi padronizar um modelo para o

estudo da inflamação aguda na região da articulação temporomandibular (ATM)

de ratos utilizando carragenina (CA) e verificar os possíveis efeitos de drogas

antiinflamatórias nesse modelo. Para tanto, CA 100 1Jg/501JL (ATM esquerda) e

salina (ATM direita) foram administradas periarticularmente para determinar o

extravasamento plasmático segundo a técnica descrita por FlORENTINO, et ai.,

(1999), em diferentes tempos (60, 120 e 180 minutos) (3 grupos n=5). A seguir, foi

realizada a administração periarticular deCAem diferentes concentrações (100,

300 e 450 IJg/50 IJL) (ATM esquerda) e salina 0,9% (ATM direita) e o

extravasamento plasmático foi avaliado no tempo de 60 minutos (4 grupos n=6).

Em grupos adicionais foram administrados dexametasona {2,3; 4,6 e 6,9 mg/Kg) e

meloxicam (7, 14 e 21 mg/Kg) intra-peritonealmente 2 horas antes da

administração periarticular de CA 300 !lg/50 11L (ATM esquerda) e de salina (ATM

direita), após 60 minutos o extravasamento plasmático foi determinado.

Realizou-se um estudo morfológico em outros 2 grupos de animais (n=3), nos quais

meloxicam (21 mg/Kg) ou salina 0,9% foram administrados via intraperitoneal, 2

horas antes da administração periarticular de CA 3001Jg/50 IJL (ATM esquerda) e

salina (ATM direita), após 180 minutos os animais foram sacrificados, as cabeças

(16)

HE. Os resultados demonstraram que a administração de CA 100 J,tg/50 !J.L produz

um extravasamento plasmático quantificável somente no período de 60 minutos.

Entre as diferentes concentrações de CA utilizadas, a análise de comparações

múltiplas indicou que apenas as de 300 e 450 !lg diferem significativamente

(p<0,05) em relação ao controle. O pré-tratamento com dexametasona (4,6 e 6,9

mg/Kg) e com meloxicam (14 e 21mg/Kg) foi capaz de inibir significativamente o

extravasamento plasmático induzido pela CA 300 IJ.Q/50 J.tL quando comparado ao

controle salina 0,9%. A análise morfológica demonstrou que o pré-tratamento com

meloxicam (21 mg/Kg) foi capaz de minimizar a destruição óssea provocada pela

CA Dessa forma, pode-se concluir que o pico de EP induzido pela administração

periarticular de CA ocorre em 60 minutos; o EP induzido pela CA pode ser inibido

pelos antiinflamatórios dexametasona e meloxicam e que a destruição óssea

desencadeada pela administração de CAna ATM de ratos pode ser minimizada

(17)

ABSTRACT:

Little is known about the mechanism(s) involved in both initiation and

maintenance of inflammation and pain related to the temporomandibular joint

(TMJ). Thus, in 1992, HASS, et ai, developed an orofacial model of acute

inflammation in the rat, quantifying the protein plasma extravasation induced by

mustard oil (MO). The carrageenan (CA) is different from the MO because it

causes a non-neurogenic inflammation. The purposes of this work were to

standardize a study model using CA in the TMJ of rats, test the effect of

intra-peritoneal (IP) administration of anti-inflammatory drugs on the plasma

extravasation and on the histological aspect of inflammation induced by CA. Firstly,

CA 100 ~g/50~L and the control saline (contralateral joint) were used to test

different times (60, 120 e 180 minutes) of plasma extravasation caused by CA (3

groups n =5), measured by the Evans blue method using the technique developed

by FlORENTINO, et ai., 1990. This study confirmed that there is a significant

difference of the plasma extravasation after CA intra-articular administration in 60

minutes compared to the contrai. Secondly, we tested different concentration of CA

(100, 300 e 450 ~gl50 ~L) and saline administered into TMJ (3 groups n = 5), in 60

minutes. Although CA 100 IJ.Q/501J.L was different from the control, multiple

comparison (Dunn test) demonstrated that among the concentrations used, only

300 and 450 IJ.Q/501J.L were statistically significant (p<0,05). Meloxicam (7, 14 e 21

(18)

drugs were able to reduce the plasma extravasation significantly only in high doses

(meloxicam 14 and 21 mg/Kg and dexamethasone 4,6 e 6,9 mg/Kg). A

morphological study was accomplished to prove the inflammation induced by CA

and the inhibition caused by the meloxicam. The results showed that the CA could

cause bone destruction in the TMJ and that the pre-treatrnent with meloxicam

reduced this destruction. In conclusion: 1) the intra-articular administration of CA in

rats can induce a quantified plasma extravasation in 60 minutes; 2) the

pre-treatment with meloxicam and dexamethasone minimizes the plasma extravasation

induced by CA, 3) the intra-articular CA administration causes bone destruction

(19)

1. INTRODUÇÃO

As condições dolorosas relacionadas às disfunções

temporomandibulares (DTMs) representam um importante desafio à Odontologia

em virtude da sua alta incidência, do grande desconforto que causam nos

pacientes e dos numerosos casos de insucessos no tratamento das mesmas.

Apesar da alta incidência dessas disfunções, particularmente as que

afetam a ATM (articulação temporomandibular) e da dor orofacial estar

comumente relacionada a processos inflamatórios muitas vezes refratários aos

tratamentos existentes, há poucos estudos específicos sobre a inflamação nos

tecidos orais e faciais (HARGREAVES & COSTELLO, 1990).

Em 1992, HASS et ai, desenvolveram um modelo específico para o

estudo do processo inflamatório agudo em ATM de ratos, no qual usaram óleo de

mostarda (OM), agente inflamatório e estimulante de fibra-C, através da

administração periarticular (PA), e provaram que este produz um extravasamento

plasmático (EP) quantificável nos tecidos periarticulares.

A técnica de HASS consistiu na injeção, em diferentes tempos, de

diferentes volumes de OM a 20% em uma das ATMs de ratos, sob anestesia,

seguida pela administração endovenosa do corante Azul de Evans (AE). Após 10

minutos da administração do AE, os animais eram sacrificados e os tecidos

(20)

visto que o AE tem a propriedade de se ligar às proteínas plasmáticas

extravasadas durante o processo inflamatório agudo.

Outros agentes irritantes também são empregados em estudos de

processos inflamatórios; dentre estes, se destaca a carragenina (CA), um

polissacáride de algas marinhas, descrito pela primeira vez como inflamógeno em

1962, por WINTER,

et

a/., ao demonstrarem o edema induzido por este agente na pata de ratos. Esses autores, após testarem uma variedade de substâncias,

consideraram a CA um excelente agente para avaliar drogas anti inflamatórias.

Os agentes antiinflamatórios desempenham um importante papel como

coadjuvantes no tratamento das DTMs, principalmente nas primeiras fases, em que

o alívio da dor é imprescindível. Além disso, permitem a realização de tratamentos

subseqüentes mais específicos (análise oclusal, desgastes oclusais, fisioterapia,

instalações de placas oclusais, administração de corticóides intra-articulares).

A utilização de modelos experimentais para a avaliação da inflamação

em tecidos profundos como a ATM, pode contribuir para a elucidação do

mecanismo de ação de drogas antiinflamatórias normalmente utilizadas no

tratamento das DTMs. O uso de CA como agente inflamatório na ATM de ratos é

inexistente. Sendo assim, este trabalho tem por objetivo padronizar um modelo de

estudo da resposta inflamatória induzida porCA na ATM de ratos e testar o efeito

(21)

2. PROPOSIÇÃO:

1) Padronizar um modelo de estudo da resposta inflamatória aguda

induzida porCA na ATM de ratos;

2) Avaliar o efeito da dexametasona e do meloxicam sobre a inflamação

provocada pela CA;

3) Analisar, histologicamente, o processo inflamatório induzido pela CA

(22)

3. REVISTA DA LITERATURA

3.1. Disfunções Temporomandibulares

DTM é um termo geral que engloba um grande número de problemas

clínicos, os quais envolvem a musculatura mastigatória, a ATM e estruturas

relacionadas. As DTMs, termo sinônimo de desordens craniomandibulares

(DCMs), têm sido identificadas como a maior causa de dor de origem não dentária

na região orofacial e são consideradas como uma subclassificação das desordens

músculo-esqueléticas (BELL, 1989).

O sintoma mais freqüente apresentado por aqueles que sofrem de DTM

é a dor, que usualmente se localiza nos músculos locais, na área pré-auricular

e/ou na ATM e que é usualmente agravada pela mastigação ou por outra função

mandibular. Além da dor, os pacientes apresentam freqüentemente movimentos

mandibulares limitados ou assimétricos, e apresentam ruídos articulares

(McNEILL, 1993). Outras queixas comuns dos pacientes incluem dor nos

maxilares, dores de ouvido, cefaléias e dor facial. Os subtipos mais comuns de

DTMs nas populações clínicas parecem ser a dor miofacial e a artralgia, seguidas

por deslocamentos de disco sem redução (TRUELOVE, et a/., 1992).

O histórico das DTMs revela um processo de evolução notável; ganhou

um grande ímpeto após a publicação de COSTEN, em 1934, que observou que

(23)

sensação de pressão no ouvido e dificuldade na mastigação, pareciam ter a

sintomatologia minimizada com a alteração da dimensão vertical de oclusão.

Devido ao fato da má-oclusão ter sido percebida como uma provável causa das

DTMs, o tratamento destas desordens e de uma grande variedade de outros

fenômenos de dor orofacial, passou a ser da alçada do cirurgião dentista

(McNEILL, 1993).

Pouco tempo depois os dentistas especialistas em oclusão perceberam

que a desarmonia oclusal, mais do que a alteração da dimensão vertical era o

fator etiológico primário, e muitas técnicas restauradoras para equilibrar ou

estabilizar a oclusão surgiram durante o período do final da década de 30 até a

era pós Segunda Guerra Mundial (McNEILL, 1993).

O verdadeiro papel da oclusão na etiologia das DTMs tornou-se claro

no final dos anos 50, com ênfase sobre o equilíbrio ou ajuste oclusal

(KROUGH-POULSON & OLSON., 1966). Nos anos 60, a qualidade da investigação clínica e a pesquisa nas áreas básicas se tornaram cada vez mais sofisticadas

(THILANDER, 1961; STOREY, 1968) e houve uma gradual redução da ênfase

quanto ao papel da oclusão na etiologia das DTMs.

A década de 70 trouxe avanços nas técnicas de diagnóstico por

imagens, o que resultou numa melhor visualização das estruturas intra-capsulares

(McNEILL, 1993). Tais técnicas, especialmente a imagem por ressonância

(24)

forneceram informações para um diagnóstico articular mais específico (DWORKIN

etal, 1990; NITZAN & DOLWICK, 1991).

Nos anos subseqüentes, tornou-se evidente que linhas guias para o

diagnóstico e o tratamento das DTMS eram de essencial importância, gerando

uma grande proliferação de métodos diagnósticos e terapêuticos para essas

patologias. Em 1982, a American Dental Association (ADA) realizou uma

conferência sobre exame, diagnóstico e tratamento das DTMs (GRIFFITHS,

1983). A partir de então, o reconhecimento das dores orofaciais crônicas e o uso

de programas multi e interdisciplinares se tornaram comuns.

A etiologia das DTMs, assim como ocorre com problemas ortopédicos

em geral, freqüentemente é multifatorial e difícil de ser claramente determinada.

Contudo, CLARK et a/ (1987) declararam que as cinco maiores causas que podem

ser consideradas como as etiologias mais prováveis das DTMs são: macrotrauma,

microtrauma, doença artrítica, carga biomecânica anormal e tensão muscular.

Por não haver uma definição precisa para DTMs como um termo global,

agrupando uma variedade de subtipos, os graus de prevalência relatados para

essa síndrome têm variado largamente. Em 1997, LeRESCHE elaborou uma

revisão sobre a distribuição e prevalência da dor temporomandibular na

população, verificando que a prevalência desse tipo de dor era maior entre as

(25)

Com relação à idade, a revisão de LeRESCHE (1997) demonstrou que

a dor na região temporomandibular é menos freqüente em crianças dos 7 aos 17

anos, e tende a aumentar com o avançar da idade. A prevalência maior detectada

em mulheres na fase adulta não foi observada entre crianças e adolescentes.

Em 1992, ALDER et ai, sugeriram que cerca de 32% da população

adulta estaria sujeita a algum tipo de DTM e que 70% dos casos seriam

(26)

3.2. Inflamação

3.2.1. Considerações Gerais

A inflamação é definida como uma reação tissular que ocorre no tecido

conjuntivo devido a uma agressão local. Ela pode ser considerada como uma

resposta estereotipada dos tecidos, de caráter defensivo, com a pretensão de

eliminar a causa e proteger a integridade dos mesmos quando estes estão sob os

efeitos de estímulos nocivos (COTRAN, et ai., 1996).

Os seres primitivos possuem suas próprias respostas a uma agressão

local, entre elas a fagocitose do agente agressor, a inibição do agente irritante por

células especializadas, que depois o ingerem, e a neutralização dos estímulos

nocivos por hipertrofia da célula ou de uma de suas organelas. Já nas formas

superiores de vida, o que caracteriza o processo inflamatório é a reação dos vasos

sangüíneos, levando ao acúmulo de líquidos e de células sangüíneas (COTRAN,

et a/., 1996).

A inflamação, cuja história é rica e antiga, já era citada desde o primeiro

século pelo escritor romano Comelius Celsus, que descreveu os quatro sinais

cardinais da inflamação: rubor, tumor, calor e dor.

O processo inflamatório divide-se em agudo e crônico. A inflamação

aguda tem uma duração relativamente curta, perdurando alguns minutos, algumas

(27)

líquido e de proteínas plasmáticas, o que ocasiona edema, e a migração de

leucócitos, principalmente neutrófilos. Entretanto, independente da natureza do

agente que a tenha iniciado, a inflamação aguda é mais ou menos estereotipada,

isso é, obedece a um padrão semelhante de desenvolvimento. Já a inflamação

crônica é menos homogênea; tem uma maior duração, e caracteriza-se,

histologicamente, por certo número de linfócitos e macrófagos e pela proliferação

de vasos e de tecido conjuntivo.

As causas que levam à inflamação são múltiplas e de natureza bastante

variável, podendo ser relacionadas aos seguintes tipos de agentes flogogênicos:

(1) biológicos: como bactérias, helmintos, vírus, protozoários, etc; (2) físicos: calor

excessivo, frio exagerado, raios ultravioleta, eletricidade, radiações ionizantes ou

fatores mecânicos, como traumas, fraturas, incisões; (3) químicos: são de

natureza muito vasta como álcalis, ácidos, óleo de croton, cáusticos, terebentina,

nitrato de prata 5-10%, mercúrio, formaldeído, proteínas vegetais (carragenina), e

também substâncias liberadas de células hipóxicas lesadas ou por tumores em

necrobiose; (4) imunes: embora sempre de natureza defensiva, química ou celular,

por si só podem constituir causa freqüente de inflamação (DOUGLAS, 1998).

O processo inflamatório está intimamente relacionado ao processo de

reparo. A inflamação visa destruir, diluir ou imobilizar o agente agressor, que com

o tempo deflagra uma série de eventos fisiológicos que induzem a cura e a

(28)

fases da inflamação, mas atinge seu auge geralmente após ter sido neutralizada a

influência agressora (COTRAN, et ai., 1996).

Por outro lado, a inflamação, em determinados casos, pode ser

potencialmente nociva, devido a isso se busca incessantemente o

desenvolvimento de drogas antiinflamatórias que sejam capazes de potencializar

os efeitos benéficos da inflamação e ao mesmo tempo minimizar os seus efeitos

nocivos.

3.2.2

Eventos

vasculares e celulares

da

reação

inflamatória:

A maioria das respostas vasculares e celulares da inflamação é

mediada por fatores químicos decorrentes da ação do estímulo inflamatório sobre

o plasma ou sobre as células (COTRAN, et ai., 1996). Esses mediadores, agindo

conjuntamente ou em seqüência, são decisivos na evolução da resposta

inflamatória.

As alterações vasculares surgem logo no início da lesão e são

diretamente proporcionais à gravidade da mesma. A primeira resposta é o

desenvolvimento de uma vasoconstrição transitória das arteríolas, que em lesões

discretas, dura apenas 3 a 5 segundos. Depois ocorre uma vasodilatação,

envolvendo primeiramente as arteríolas, e em seguida ocorre aumento do fluxo

(29)

hemodinâmicas iniciais da inflamação aguda e leva ao desenvolvimento do calor e

rubor. Durante este período, com o aumento do volume sangüíneo pode-se ter

elevação da pressão hidrostática local, gerando uma exudação transitória de

líquido com escassa quantidade de proteínas para o interstício. Na seqüência,

devido ao aumento da permeabilidade vascular, ocorre extravasamento de líquido

rico em proteínas para os tecidos extravasculares, iniciando o edema local

(COTRAN, et ai., 1996). Todavia, as alterações nos vasos da região lesionada não

acontecem ao acaso. Elas são mediadas por certas substâncias químicas

liberadas no local, denominadas de mediadores químicos do processo

inflamatório.

Dentre estas substâncias, o grupo das aminas vasoativas (serotonina

(5HT) e histamina, substância P (SP), bradicinina (iBK), C3 e Cs, os leucotrienos

C4, D4 e ~e o fator de ativação plaquetária (FAP), são os principais responsáveis

pelo aumento da permeabilidade vascular, enquanto que a vasodilatação resulta

da associação de outros mediadores químicos que agem sobre o endotélio

vascular como as prostaglandinas (PGs), o peptídeo relacionado com o gene da

calcitonina (CGRP) e o óxido nítrico (ON) (DRAY, 1995; COTRAN, et ai., 1996).

Os leucotrienos-84 (LB4) e as PGs são substâncias que surgem à partir

do metabolismo do ácido aracdônico, um ácido graxo que constitui as membranas

celulares e é liberado por intermédio de fosfolipases celulares quando estas são

(30)

da inflamação. Quando liberado, o ácido aracdônico pode ser metabolizado por

duas diferentes enzimas, a cicloxigenase (COX) e a lipoxigenase (LIPOX).

Em 1995, VANE & BOTTING verificaram que há duas isoformas de

cicloxigenase: a cicloxigenase-1 (COX-1) e a cicloxigenase-2 (COX-2). A COX-1 é

denominada de "enzima constitutiva" pelo fato de ser encontrada normalmente em

tecidos e células como plaquetas, no endotélio vascular, na mucosa gástrica e nos

rins, sendo que a sua ativação causa a liberação de tromboxano-A2 (TXA2),

prostaciclina (PGI2) ou prostaglandina E2 (PGE2), que exercem efeitos fisiológicos

nos tecidos e órgãos onde são liberados. Como exemplo, temos a ação da PGE2

na mucosa gástrica que é de suma importância na citoproteção, impedindo que o

ácido estomacal aja contra o tecido local.

Em 1995 acreditava-se que a COX-2 não se encontrava nos tecidos em

estados normais e era produzida rapidamente durante um processo inflamatório,

cujo resultado final era a liberação de PGs que, nessas condições, agiriam como

mediadores inflamatórios. Contudo, estudos mais recentes (SIMON, 2001) têm

proposto que a COX-2 desempenha um importante papel no balanço de eletrólitos

e água, visto que, em indivíduos desidratados ou em pacientes com estados

patológicos associados a reduções no fluxo plasmático renal, assim como

insuficiência cardíaca congestiva ou cirrose, a atividade da COX-2 e da COX-1 é

aumentada para ajudar a maximizar o fluxo sangüíneo nos rins, tanto por efeitos

diretos sobre os vasos renais quanto por aumentar a reabsorção de água através

(31)

A SP e o CGRP, neuropeptídeos constitutivos de fibras nervosas sensoriais, possuem a sua produção regulada pelo fator de crescimento neuronal (FCN), que é normalmente liberado pelos tecidos que formam os campos receptivos de tais fibras, por fibroblastos e pelas células de Schawnn (DRAY, 1995). Todavia, durante a inflamação, mediadores inflamatórios provenientes de macrófagos, como a interleucina 1 f3 (IL-1 [3), interleucina 6, 6), interleucina 8 (IL-8) e o fator de necrose tumoral (FNT), induzem uma maior produção e liberação de FCN junto aos neurônios sensoriais. O FCN causa aumento na produção dos neuropeptídeos SP e CGRP, que por sua vez passam a exercer efeitos pró-inflamatórios, produzindo, respectivamente aumento da permeabilidade vascular e vasodilatação local (DRAY, 1995).

O ON é considerado um fator de relaxamento endotelial e, em condições fisiológicas, um regulador da pressão sangüínea, do tônus vascular, da sinalização neuronal e da função imunológica. Mas, em processos inflamatórios, uma forma induzida da enzima óxido nítrico sintetase (ONs) é ativada, e o ON assim formado atua como mediador inflamatório por produzir vasodilatação (HUGHES et a/., 1990).

Outro aspecto importante da inflamação aguda é a migração leucocitária para a periferia dos vasos. Os leucócitos começam a se aderir às paredes do endotélio e migrar por diapedese para o tecido inflamado, obedecendo à ação de fatores quimiotáticos (LB4, Cs, FAP, IL-1, IL-8, FNT-a

e

proteínas

(32)

fim de que eles alcancem o agente irritante no tecido lesado e possam, na

seqüência, neutralizá-lo (COTRAN, et ai., 1996).

3.2.3 Inflamação e dor

Segundo DRAY (1995), a dor associada à resposta inflamatória resulta

da ação de mediadores inflamatórios sobre os nociceptores, que ao terem sua

estrutura alterada, ficam mais excitáveis. O aumento da sensibilidade a estímulos

dolorosos recebe o nome de hiperalgesia, ao passo que, ao fenômeno de

sensibilização dos nociceptores a estímulos que normalmente não provocariam

dor dá-se o nome de alodinia. A ação dos mediadores químicos sobre os

nociceptores pode ser através da interação com proteínas da membrana, as quais

formam canais iônicos, e assim, modificam a permeabilidade da célula ou, o que

ocorre mais comumente, é a interação com receptores de membrana que estão

ligados com intermediários regulatórios como a proteína G e segundos

mensageiros, que são capazes de regular a excitabilidade da membrana,

resultando em um aumento da excitabilidade.

3.2.4 Mediadores inflamatórios e as DTMs

Muitos estudos têm sido conduzidos com o intuito de detectar as

possíveis células e mediadores inflamatórios que participam no processo de

inflamação associado com as DTMs.

UNICAMP

BIBLIOTECA CENTRAL

(33)

Em 1983, KOPP et ai, analisando amostras de fluido sinovial de pacientes com DTMs, notaram a presença de proteínas plasmáticas características do processo inflamatório como a haptoglobulina, a seruloplasmina, o C3, e o fibrinogênio. Também foram identificadas as imunoglobulinas lgG e lgM.

QUINN & BAZAN (1990), analisando amostras de pacientes que sofriam de dor e desarranjo interno de disco, e que tinham se submetido à cirurgia de artroscopia da ATM, verificaram uma correlação positiva entre os níveis de PGE2, L TB4 e FAP e a presença de inflamação.

Em 1992, ALDER et ai., induzindo inflamação na ATM de coelhos pela administração intra-articular de partículas de sílica, demonstraram que era possível detectar, através de espectroscopia por ressonância magnética, a redução do pH e o aumento dos metabólitos de fosfato de alta energia nos tecidos adjacentes à ATM inflamada. Durante o processo inflamatório agudo, as alterações vasculares induzem um estado de isquemia e anóxia. Assim, ocorre a inibição da fosforilação oxidativa, moléculas de alta energia como a fosfocreatina e a adenosina trifosfato (ATP) são hidrolisadas e a via glicolítica se torna a única fonte energética. Como resultado há um aumento na produção de ácido láctico e de fósforo inorgânico e redução do pH.

SHAFER et ai. (1994) notaram a presença de TNF-a no fluído sinovial de pacientes que se apresentavam com desarranjo interno de disco articular.

(34)

FU

et

a/. (1995) observaram que os níveis de IL-6 no fluído sinovial de

pacientes com DTM correlacionavam-se positivamente com a presença de dor e

com as alterações radiográficas características das doenças degenerativas das

articulações.

Estudos de inflamação sinovial feitos em modelos experimentais de

artrite têm demonstrado que o ON está relacionado com a inflamação sinovial

apresentada nestes modelos. TAKAHASHI

et ai.

(1996), através de coleta e

análise do fluido sinovial de pacientes com tais alterações observaram aumentos

nos níveis de ON e concluíram que o ON pode estar relacionado com a patogenia

da sinovite, bem como as alterações degenerativas de cartilagem e osso de

algumas DTMs.

Em 1997, KUBOTA

et

a/. detectaram a presença de IL-1~ no líquido

sinovial de pacientes que apresentavam osteoartrite na ATM.

Posteriormente, TAKAHASHI

et

a/. (1998), analisaram o fluido sinovial

de pacientes com desarranjo interno de disco e osteartrite e observaram a

presença de citocinas IL-1~, IL-6, IL-8 e FNT-cr, o que os levou à conclusão de que

há uma forte relação entre dor e a presença da IL-1~ próximo à articulação em

(35)

3.2.5. Inflamação neurogênica e não-neurogênica

Desenvolver modelos de estudo experimental de inflamação é de suma

importância para que se possa entender as patologias relacionadas a processos

inflamatórios, bem como para se testar drogas que possam ser eficazes para

prevenção, controle ou tratamento definitivo das respostas inflamatórias, às quais

o organismo está vulneráveL

Com o objetivo de desenvolver tais modelos, vários agentes irritantes

como o OM, levedura, ácido acético, CA, caulim, formalina, 5-HT e outros são

utilizados em cobaias para a indução de inflamação e/ou dor (WHEELER-ACETO,

et ai., 1990). Esses agentes são capazes de induzir processos inflamatórios de dois tipos distintos, que recebem o nome de inflamação neurogênica e inflamação

não-neurogênica. Segundo DONNERER, et a/. (1991), para a indução de

inflamação neurogênica e não-neurogênica, podem ser utilizados,

respectivamente, o OM e a CA.

A inflamação neurogênica é decorrente da liberação de neuropeptídeos

pelos nervos sensoriais de pequeno diâmetro, ao passo que a inflamação

não-neurogênica é evocada pela liberação de mediadores (PGs, histamina,

5-hidroxitriptamina) de células migratórias tissulares (DONNERER, et ai., 1991).

3.2.6. Carragenina e a inflamação não-neurogênica

(36)

única de formar uma variedade quase infinita de géis à temperatura ambiente. A

família da CA inclui as formas denominadas kappa, iota e lambda, que são bem

diferenciadas em termos de suas propriedades e reatividade protéica.

Em 1960, GARDNER analisou a capacidade da CAem produzir artrite.

Para tanto, realizou um estudo experimental utilizando mini-porcos e coelhos; nos

primeiros o autor injetou CA intra-dermicamente e intra-articularmente e nos

últimos foram feitas somente injeções intra-articulares. Após as injeções de O, 1 ml

de diferentes concentrações de CA (0,25; 0,5; 1 e 2%), a pele dos porcos foi

retirada e submetida à análise histológica, demonstrando que a concentração de

1% induzia urna inflamação significativa. Da mesma forma, para a injeção

intra-articular a concentração de 1% foi a que melhor produziu a reação inflamatória.

Quando foram analisados os resultados das injeções intra-articulares de CA 1%

em coelhos, feitas em intervalos de 3 a 7 dias para produzir uma resposta artrítica

prolongada, verificou-se que entre 6 a 1 O semanas a região articular mostrava

uma proliferação inflamatória com aumento da celularidade. Posteriormente, foram

comparadas as articulações dos animais do estudo com aquelas de pacientes que

tinham ido a óbito e sofriam de artrite reumatóide, e encontraram áreas

morfologicamente muito similares entre os tecidos animais e os humanos.

Segundo o autor, a CA não é conhecida como antigênica, não causa efeitos

sistêmicos e tem um alto grau de reprodutividade e, além disso, é de fácil

(37)

mucopolissacarídeos sendo, portanto, uma substância bastante adequada para o

estudo do processo inflamatório.

Da mesma forma, WINTER, et ai. em 1962, após testarem uma

variedade de agentes causadores de edema, concluíram que a CA é uma droga

flogística indicada para o estudo de antiinflamatórios, por possuir vantagens

distintas sobre as outras substâncias indutoras de inflamação. Uma das vantagens

se refere ao fato de que doses orais únicas de antiinflamatórios, em níveis não

tóxicos, são efetivas para coibir a inflamação causada por esse irritante.

Em 1973, GARCIA LEME, et ai., através da análise do processo

inflamatório agudo induzido pela injeção de CA na pata de rato, observaram que o

EP do corante AE e o edema produzido não tinham uma correlação temporal

positiva, visto que o EP alcançava seu pico 1 hora após a injeção do agente

irritante, sendo reduzido posteriormente, enquanto que o edema continuava

aumentando até 4-5 horas após a injeção da CA e era proporcional à dose

utilizada. Assim, há uma resposta vascular precoce, na qual as proteínas

plasmáticas extravasam para os tecidos intersticiais e o edema continua

aumentando nos períodos subseqüentes devido à saída de água dos vasos,

sendo esta fase menos influenciada pelas drogas antiinflamatórias.

BOLAM et ai. (1974}, estudaram a atividade antiinflamatória de uma

fração de plasma humano, sobre o edema induzido por CA na pata de ratos. Os

(38)

fração isolada do plasma humano afeta tanto o desenvolvimento do edema quanto

à infiltração de proteínas plasmáticas no teste de edema de pata induzido porCA.

Contrariando os achados de GARCIA-LEME et ai (1973}, os presentes autores

não observaram diferenças significativas em relação ao tempo entre o EP e o

edema induzido pela injeção de CA, pois verificaram que o EP ocorria durante

todo o processo de formação do edema. Os autores ainda discutem a

possibilidade da fração de plasma empregada no estudo ter sua ação

antiinflamatória devido à interação com outros mediadores químicos, como o

sistema complemento, as PGs e os fatores que afetam a migração leucocitária.

Segundo DOHERTY & ROBINSON (1975}, a fase precoce da reação à

injeção sub-plantar de CA é devido ao trauma de injeção, pois também é

observada após a injeção de salina (0,9%) e independa da quantidade de CA

injetada e, segundo os mesmos autores, não é visualizada após a injeção

intra-pleural.

VI NEGAR, et a/. (1976) estudaram os cursos de tempo da formação de

edema após a injeção de CA na região intra-pleural e sub-plantar de ratos, e

observaram que, na pata, a curva tempo-edema tinha dois períodos de formação

acelerada, sendo uma resposta bifásica. O desenvolvimento da primeira fase

iniciava-se logo após a injeção do irritante, acelerava-se rapidamente e depois

diminuía entre 20 minutos e 1 hora e a segunda fase desenvolvia-se a partir da

(39)

cavidade pleural uma mesma dose de CA (500 !lg), produziu uma resposta

edematosa monofásica durante as primeiras 7 (sete) horas.

ZANIN & FERREIRA (1978), realizaram um estudo para comparar a relação entre edema e EP na inflamação produzida por CA na pata de ratos. Para

tanto, os autores usaram duas doses diferentes de CA, uma alta (500 !lg) e uma

baixa (100 !lg), que mostraram padrões distintos na produção de edema e na

exudação. A dose menor de CA causou um aumento transitório no EP, que atingiu

seu valor mais alto na primeira hora e depois foi diminuindo progressivamente,

estando baixo no ponto em que o edema era máximo. Já altas doses de CA

causaram um EP estável durante as 4 horas estudadas, enquanto o edema

aumentava de forma progressiva. Os autores concluíram que enquanto o EP

estava sendo reduzido, a permanência do edema poderia ser resultado de uma

combinação de insuficiência da ação dos linfáticos associada a um aumento da

pressão oncótica pelas proteínas restantes e pelas liberadas de células lesadas.

Ao estudarem a ação da indometacina, na dose de 2 mg/kg injetada por via IP, no

mesmo experimento, concluíram que esse antiinflamatório não-esteróide (AINE)

inibia tanto o EP quanto o edema quando aplicado antes da injeção de 100 llg de

CA, mas se utilizado 2 h após a injeção do agente, inibia somente o EP, isso

porque ao se usar baixas doses do agente irritante, esses dois fatores não se

correlacionam. Entretanto, quando se utilizou uma alta dose do agente irritante

(40)

edema, pois ainda havia agente irritante para ser fagocitado, o que mantinha o EP

pela geração de mediadores químicos.

LABRECQUE, et ai., (1981) estudaram a variação circadiana do edema

induzido por carragenina na pata de ratos adrenalectomizados e de ratos "sham"

operados, e demonstraram que nos animais "sham" o aparecimento do edema era

muito mais rápido de madrugada do que à tarde (edema produzido depois de 2 e 5

horas, respectivamente, no período das 3:00 h e 15:00 h), já nos ratos

adrenalectomizados, o edema máximo ocorria 4 horas após a administração do

agente, ou seja, em um tempo maior. Quando era feita a reposição de

corticosteróides nos ratos adrenalectomizados, com o objetivo de produzir o

mesmo efeito causado nos ratos "sham" operados, os autores notaram que uma

dose menor de hidrocortisona (abaixo de 2 mg/kg) era necessária no período das

20:00h, comparada à dose necessária para se atingir o mesmo objetivo às 9:00 h

(18 rng/kg). Assim sendo, os resultados sugeriram que o ritmo do edema

produzido por carragenina está relacionado à variação circadiana do sistema

corticosteróide. Além disso, os autores acreditam que o fato do pico de edema não

coincidir com o do EP pode ser devido à escassez de vasos linfáticos na região,

ou seja, continua ocorrendo um extravasamento de líquidos sem proteínas, capaz

de exacerbar o edema.

VINEGAR, et a/., (1982) estudando a ação de drogas na inflamação

causada pela injeção intrapleural de CA, observaram que a primeira fase

(41)

(aspirina e indometacina), e que apesar dos neutrófilos serem requeridos para

iniciar o primeiro processo exudativo, as células da pleura produzem um

intermediário reativo de PG que aumenta a permeabilidade vascular resultando na

formação de exudato. Os autores observaram que a segunda fase era altamente

sensível a hidrocortisona (20 mg/Kg).

Posteriormente, LABRECQUE, et a/., (1984) analisaram o curso do

tempo da exudação de proteínas plasmáticas e da formação do edema após a

injeção de CA na pata de ratos e demonstraram que o grau do EP e da formação

do edema em resposta à injeção intra-plantar de CA, não é constante durante

todos os períodos do dia. Os autores realizaram experimentos em diferentes

horários para observarem a variação circadiana do EP induzido pela CA e notaram

que nos experimentos realizados nos períodos da 19:00 h, 21:00 h e 1:00 h , os

graus de exudação e de aparecimento de edema foram mais rápidos do que em

qualquer outro momento. Também foi demonstrado através desse estudo, uma

diferença estatisticamente significante entre os experimentos realizados nos

horários supra citados e aqueles realizados às 16:00 horas. Além disso, os

autores demonstraram uma relação diretamente proporcional entre o EP e o

edema na pata, e sugeriram a possibilidade das variações circadianas observadas

estarem relacionadas a alterações no número de leucócitos, uma vez que essas

células são requeridas para a produção do edema induzido por CA e também

estão envolvidas no controle do efluxo de fluído pela parede do endotélio, o que

(42)

Em 1987, VINEGAR et ai. estudaram os mecanismos envolvidos na

inflamação induzida por CA na pata de ratos e concluíram, a partir de análises

histológicas, que a resposta inflamatória a CA era composta por duas fases.

Primeiramente, os autores fizeram o exame histológico do tecido subplantar 20

minutos após a injeção do agente e não detectaram nenhuma alteração celular,

quando compararam aos tecidos não injetados. Em seguida, foram feitos estudos

180 minutos após a injeção de CA, e nestes, eles observaram uma intensa

resposta inflamatória fagocítica com grande número de neutrófilos e edema

tissular, a qual era precedida por uma resposta inflamatória não fagocítica.

OTTERNESS & MOORE (1988), testaram a produção de edema em

pata de rato após a injeção de CA através de medidas do aumento do volume da

mesma, e observaram que o inchaço é sensível à temperatura. Dessa forma, os

autores declararam a importância em se manter constante a temperatura no

laboratório durante os experimentos que estudam edema produzido por CA.

Tem sido demonstrado que o peptídeo relacionado ao gene da

calcitonina e a substância P podem desempenhar um papel nas respostas

inflamatórias neurogênicas. LOUIS et ai., (1989), estudaram em ratos imunizados

com peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, os efeitos desse peptídeo sobre

as respostas à inflamação induzida por OM, na qual acredita-se ter um

componente neurogênico e naquela induzida por CA, ou seja, inflamação do tipo

não-neurogênica, e demonstraram que a depleção do peptídeo relacionado ao

(43)

OM, mas não aquela causada por CA, o que solidifica a idéia de que a inflamação

causada por CA é do tipo não neurogênica.

DONNERER

et

a/., (1991) realizaram estudos para determinar a

contribuição de fibras noradrenérgicas simpáticas nas respostas mediadas por

neurônios e na inflamação não-neurogênica realizados na pele de pata de ratos.

Demonstraram que o EP neurogênico é quase que exclusivamente controlado

pelos nervos aferentes, pois o pré-tratamento com capsaicina, que afeta somente

as fibras C aferentes na pele, torna ausente o EP produzido por OM, mas não

afeta aquele induzido pela CA.

Em 1998, SWIFT

et

a/., numa tentativa de melhor compreender a

produção de mediadores inflamatórios e a sua liberação na doença articular

inflamatória, estabeleceram um modelo de inflamação aguda na ATM de coelhos,

no qual examinaram os efeitos de drogas administradas sistemicamente (I.P.) ou

localmente (PA) sobre a modulação dos níveis tissulares de dois mediadores

inflamatórios, a prostaglandina E2 (PGE2) e a bradicinina (iBK). Para tanto,

administraram CAna ATM de coelhos para induzir o processo inflamatório, o qual

foi avaliado através de alterações da temperatura local, por meio de um micro

termômetro inserido numa cânula colocada no espaço articular superior, e através

de uma sonda de microdiálise inserida nas áreas pré-auriculares, com o objetivo

de perfundir com salina (0,9%) a articulação, para fazer a recuperação de PGE2 e

(44)

atingindo um máximo de 2°C de temperatura acima da temperatura normal em

150 minutos. Os níveis máximos de concentração de PGE2 no espaço articular

inflamado ocorreram 240 minutos após a injeção de CA e os níveis de iBK foram

máximos 270 minutos após a administração do agente inflamatório, quando

comparados com um grupo controle no qual foi injetado o veículo da carragenina

(salina). As drogas antiinflamatórias testadas neste modelo de estudo foram o

Ketorolac (50 J.!g), um AINE e a dexametasona (DEXA) (dose de 1 a 1,2 mg/Kg),

que suprimiram, respectivamente, 88% e 65% a produção de iBK. Tanto a injeção

intra-articular quanto a intra-peritoneal de Ketorolac reduziram os níveis de iBK e

de PGE2, ao passo que a injeção de DEXA, por ambas as vias, apenas foi capaz

de reduzir os níveis de iBK, não tendo efeitos sobre a produção de PGE2.

TONUSSI & FERREIRA (1999), estudaram a relação do TNF-u, uma citoquinina com grande potencial no desenvolvimento de hiperalgesia inflamatória,

com a inflamação induzida por CA no joelho de ratos; os resultados obtidos

sugerem fortemente que o TNF-u seja um importante mediador da resposta

(45)

3.3. Antiinflamatórios

3.3.1 Mecanismo de ação das drogas antiinflamatórias.

Drogas antiinflamatórias têm sido constantemente utilizadas na clínica

odontológica como coadjuvantes no tratamento de condições dolorosas

temporomandibulares. Entretanto, o mecanismo e o sítio de ação dessas drogas

ainda são pouco conhecidos (BEREITER & BEREITER, 2000).

Os efeitos analgésicos e anti inflamatórios dos AINEs são primariamente

devido à inibição da enzima COX. As duas isoformas da cicloxigenase catalisam o

passo inicial na formação de prostanóides biologicamente importantes, assim

como a PGE2 e o TXA2, em uma variedade de processos patofisiológicos. Estes

incluem a modulação da reação inflamatória, a citoproteção e a ulceração

gastrointestinal, angiogênese e câncer, hemostasia e trombose, hemodinâmica

renal e progressão de doenças renais. Dessa forma, não é surpresa que as

drogas que inibem a atividade das isoenzimas cicloxigenase possam ter efeitos

desejáveis, bem como indesejáveis, quando utilizadas em uma variedade de

doenças (PATRONO, et ai 2001; SIMON, L. S., 2001).

Outro mecanismo pelo qual os esteróides promovem seus efeitos

antiinflamatórios é pela ativação de receptores intracelulares específicos que

regulam a transcrição de alguns genes importantes na regulação de certas

(46)

cicloxigenase 2 e a óxido nítrico sintetase. A ativação de receptores intracelulares,

também inibe a transcrição gênica responsável pela formação das citocinas L-1 e

TNF-a., importantes para a manutenção de inflamação do tipo crônica (VANE & BOTTING, 1995).

Os AINEs, na sua maioria, inibem de forma não seletiva a COX-1 e a

COX-2, ou têm seletividade um pouco mais alta para a COX-1, fato que explica

seus efeitos colaterais sobre o trato gastrointestinal. Por exemplo, a indometacina,

um AINE bastante conhecido pelo seu potente efeito lesivo sobre o trato

gastrointestinal, é 60 vezes mais seletiva para a COX-1 do que para a COX-2.

Felizmente, outros AINES são mais seletivos para a COX-2, caso do diclofenaco e

do naproxeno (VANE & BOTTING, 1995).

Desde a descoberta da COX-2, os laboratórios lançaram-se à procura

de novas drogas que fossem mais seletivas para a COX-2, como é o caso do

meloxicam (MEL), que demonstrou ser 3 vezes mais seletivo para a COX-2,

através de um estudo "in vitro" realizado por ENGELHARDT et ai. (1996), em

macrófagos intactos, provenientes do peritôneo de cobaia.

Os glicocorticóides são substâncias com ação antiinflamatória mais

ampla do que os AINEs. Os corticóides têm a capacidade de inibir a atividade da

fosfolipase A2 (PLA2), que reduz a liberação de ácido aracdônico. Portanto, essas

drogas, em última análise, inibem a formação de PGs, TXA2 e leucotrienos (Figura

(47)

corticóides, de uma proteína inibitória denominada lipocortina (WALLNER et ai., 1986). Lesão Tecidual ----+ neutró:filo

CJ

l

rf:j

macrófago

l\-o.

tcox-2

<U~/

j

r

i

Receptbradior

~

a cmma H+

braf"

/ )cmma .. Sensibilidade/dor Extravasamento plasmático nemogênico

FIGURA 1 - Resumo de algumas das interações entre os produtos de

células imunes, alguns mediadores químicos e fibras sensoriais durante

hiperalgesia inflamatória. Nem todos os mediadores são mostrados. Peptídeo

relacionado ao gene da calcitonina (CGRP); cicloxigenase-2 (COX-2); serotonina

(5-HT); interleucina-1 (IL-1}, interleucina-6 (IL-6}, interleucinas-8 (IL-8); fator de

crescimento neuronal (FCN); prostaglandinas (PGs) e fator de necrose tumoral

a

(48)

3.3.2. Meloxicam:

O MEL é um antiinflamatório que possui atividade analgésica,

antipirética e antiinflamatória similares ou superiores às de outros AINEs, dos

quais difere por possuir ação seletiva na inflamação. Seu melhor perfil

farmacológico pode ser explicado através da inibição de forma seletiva da enzima

cicloxigenase-2 demonstrada por vários métodos de pesquisa "in vitro", incluindo

células animais, enzimas recombinantes humanas e células humanas, bem como

"in vivo", quando foi analisada a inibição da síntese de PGs em tecidos normais

(estômago e rim) e em tecidos inflamados (ENGELHARDT et ai., 1996).

TÜRCK et ai (1996) analisaram a absorção do MEL pelas vias

intramuscular, via oral e retal. Este antiinflamatório é quase que completamente

absorvido via oral, com biodisponibilidade de 89% após dose única de 30 mg, a

absorção não é alterada pela ingestão concomitante de alimentos.

Após sua absorção, 99% ou mais do MEL liga-se às albuminas

plasmáticas. Em ratos e miniporcos, a farmacocinética do MEL sugere que as

concentrações mais elevadas desse antiinflamatório podem ser encontradas nos

rins, fígado e pulmões e mais baixas no sistema nervoso central (TÜRCK et ai,

1996).

O MEL é metabolizado em quatro metabólitos principais biologicamente

(49)

A sua meia vida de eliminação é de aproximadamente 20 h, o que o torna ideal

para ser utilizado em dose diária única (TÜRCK et a/, 1996).

Numerosos estudos têm sido realizados em modelos experimentais

clássicos para investigar os efeitos do MEL na exsudação e na migração celular:

edema de pata de rato induzido por carragenina e caulim, teste de bolsa de

granuloma, pleuris induzida por carragenina e formação de granuloma após

implante de pelotas de algodão em ratos. Os resultados indicam que o MEL

apresenta um efeito antiinflamatório mais prolongado e sustentável no edema

induzido por carragenina do que o piroxicam. naproxeno e diclofenaco. Além

disso, o MEL (1-8 mg/Kg) foi eqüipotente ao piroxicam (0.5-8 mg/Kg), à INDO (2-8

mg/Kg) e ao diclofenaco (2-16 mg/Kg) no controle de edema induzido por caulim

(ENGELHARDT et a/., 1995).

No teste de pleuris induzida por carragenina. o MEL (4 mg/Kg) em dose

4 vezes menor que o piroxicam (16 mg/Kg) foi capaz de inibir de forma

dose-dependente o exsudato e a migração leucocitária. Já na técnica da bolsa de

granuloma, o MEL teve efeito anti-exsudativo máximo inferior ao da hidrocortisona.

No teste da pelota de algodão demonstrou um efeito inibitório, dose-dependente,

sobre a formação de granuloma de corpo estranho, mais potente que o piroxicam,

diclofenaco e a INDO (ENGELHARDT et ai., 1995).

O MEL também foi testado num modelo de artrite adjuvante em ratos e

(50)

que em ratos Lewis o MEL exerceu uma redução dose~dependente do edema de pata, tanto na reação primária não específica proveniente da injeção de micobactéria, como no edema induzido pela reação secundária mediada imunologicamente. Além do mais, o MEL apresentou-se mais eficiente que o piroxicam, o diclofenaco e o tenidap na diminuição de ambas as reações (ENGELHARDT et ai., 1995).

O MEL também foi eficaz

em

reduzir a febre induzida pela administração subcutânea de levedura dissolvida em solução fisiológica (ENGELHARDT et ai., 1995).

O aparecimento de úlceras gástricas, efeito adverso limitante para o uso dos AINEs, foi testado em ratos por ENGELHARDT et ai. (1995). A totalidade de AINEs testada causou lesões gástricas em uma forma dose-dependente. Entretanto, o MEL teve um menor potencial em causar úlceras do que o piroxicam. A determinação do risco/benefício da droga, contra a reação secundária do rato com artrite adjuvante, indicou que o MEL tem uma pequena ulcerogenicidade, quando comparada à sua eficácia antiinflamatória. Nestes casos, o MEL (1-8 mg/Kg) teve uma eficiência antiinflamatória 3 vezes maior do que o piroxicam (0,5-8 mg/Kg), a indometacina (2-(0,5-8 mg/Kg) e o diclofenaco (2-16 mg/Kg)) e 100 vezes maior que o naproxeno (2,5-20 mg/Kg). Além disso, esses autores também demonstraram que o MEL é um fraco inibidor da síntese da PGE2 na mucosa gástrica de ratos.

(51)

Em 1995, AUVINET et a/, em um estudo com 114 pacientes portadores

de dor ciática, administraram MEL na dose de 15 mg/Kg (administração única), e

verificaram que esse antiinflamatório era eficaz quando administrado tanto por via

oral quanto por via intra-articular.

Administrações diárias de supositórios de MEL (15 mg) ou piroxicam (20 mg) em 325 pacientes foram igualmente eficazes para o tratamento de

osteoartrite de quadril ou de joelho (CARRABBA et ai., 1995).

Muitos estudos clínicos também têm comparado os feitos

antiinflamatórios do MEL com outros AINEs. Dessa forma, GHOZLAN et a/.

(1996), trataram pacientes portadores de osteoartrite e de artrite reumatóide com

MEL numa dose intramuscular de 15 mg/kg ou com piroxicam na dose de 20

mg/kg pela mesma via. Os autores verificaram uma melhor eficácia no tratamento

(52)

3.3.3. Dexametasona

Desde que HENCH

et

ai (1949) descobriram as potentes propriedades

antiinflamatórias da cortisona, este composto e uma série de outros novos

corticosteróides têm sido utilizados em quase todas as especialidades da

medicina. Na literatura há muitos trabalhos demonstrando o sucesso do emprego

clínico dos corticosteróides, particularmente nas áreas de reumatologia,

dermatologia, alergia e oftalmologia.

Em doses farmacológicas, os glicocorticóides são potentes inibidores

inespecíficos da resposta inflamatória, por bloquear o aumento da permeabilidade

capilar produzida por fatores como a histamina e as cininas, reduzindo assim a

formação de edema (SCHAVER, 1974). O corticosteróide interfere com a

migração de neutrófilos e fagócitos mononucleares para o local da inflamação e

também reduz a capacidade fagocítica e digestiva dos macrófagos. Em geral, a

potência anti inflamatória dos glicocorticóides advém de sua capacidade de inibir a

síntese de proteínas. Esta relação sugere que uma redução da capacidade de

síntese protéica dos tecidos e de células inflamatórias é básica para a ação dos

glicocorticóides na inflamação (YAGIELA & NEIDLE, 2000).

DI ROSA

et

a/ (1985) sugeriram que o mecanismo de ação dos

corticosteróides está centralizado na formação de um complexo receptor-esteróide

citoplasmático que, penetrando no núcleo de células alvo estimula um RNA, que

por sua vez induz a síntese de proteínas efetoras. Essas proteínas seriam as

Referências

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