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TESTE DO PEZINHO: CONHECIMENTO DE PUÉRPERAS / GUTHRIE TEST: KNOWLEDGE OF PUERPERAS

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Takemoto AY, Lima LM, Michalczyszyn KC,

Vieira BAJ, Ichisato SMT.

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REPENF – Rev. Parana. Enferm. Jan-Dez 2020; 3(1): 30-37. TESTE DO PEZINHO: CONHECIMENTO DE PUÉRPERAS

GUTHRIE TEST: KNOWLEDGE OF PUERPERAS

PRUEBA DE PUNCIÓN DEL TALÓN: CONOCIMIENTO DE PUÉRPERAS

Angélica Yukari Takemoto1; Letícia Medeiros de Lima2; Kelly Cristina Michalczyszyn3; Bruna Alves de Jesus Vieira4; Sueli Mutsumi Tsukuda Ichisato5 RESUMO

Objetivo: identificar o conhecimento de puérperas sobre a realização do teste do pezinho. Método: estudo descritivo, de natureza qualitativa, realizada no setor da maternidade de um hospital filantrópico, localizado no município de Guarapuava, sul do Brasil. Os dados foram coletados no mês de julho de 2015, por meio de entrevistas gravadas, as quais foram submetidos à análise temática de Minayo. Resultados: foram entrevistadas quinze puérperas. A partir da análise das falas, foram constituídas duas categorias: 1) O conhecimento das mães referente ao Teste do Pezinho e 2) Assistência de enfermagem frente o Teste do Pezinho: realidade versus ideário. Considerações Finais: foi possível identificar o nível superficial do conhecimento das puérperas sobre o teste do pezinho. Esses achados tornam evidente a necessidade da orientação sobre o assunto entre as puérperas. Cabe ao enfermeiro, se comprometer com a assistência prestada, provendo o conhecimento necessário e esclarecendo as dúvidas pertinentes sobre o teste do pezinho. Descritores: Triagem Neonatal; Recém-Nascido; Saúde da Criança; Educação em Saúde; Cuidados de Enfermagem. ABSTRACT

Objective: to identify the knowledge of puerperas about the performance of Guthrie test. Method: descriptive study, of qualitative nature, carried out in the maternity sector of a philanthropic hospital, located in the city of Guarapuava, southern Brazil. Data were collected in July 2015, through recorded interviews, which were submitted to Minayo’s thematic analysis. Results: fifteen puerperas were interviewed. From the analysis of the statements, two categories were constituted: 1) Mothers’ knowledge regarding Guthrie Test and 2) Nursing care before Guthrie Test: reality versus ideology. Final Thoughts: it was possible to identify the superficial level of the puerperas’ knowledge about Guthrie test. These findings evidence the need for guiding the puerperas on the subject. The nurse is responsible for being committed to the care provided, providing the necessary knowledge and clarifying the pertinent doubts about Guthrie test.

Descriptors: Neonatal Screening; Infant, Newborn; Child Health; Health Education; Nursing Care. RESUMEN

Objetivo: identificar el conocimiento de las puérperas sobre la realización de la prueba de punción del talón. Método: estudio descriptivo, cualitativo, realizado en el sector de maternidad de un hospital filantrópico, ubicado en el municipio de Guarapuava, sur de Brasil. Los datos fueron recogidos en julio de 2015, a través de entrevistas grabadas, las cuales fueron sometidas al análisis temático de Minayo. Resultados: se entrevistaron quince puérperas. A partir del análisis de los enunciados, se constituyeron dos categorías: 1) Conocimiento de las madres sobre la prueba de punción del talón y 2) Asistencia de enfermería ante la prueba de punción del talón: realidad versus ideal. Consideraciones finales: fue posible identificar el nivel superficial de conocimiento de las puérperas sobre la prueba de punción del talón. Estos hallazgos evidencian la necesidad de una orientación sobre el tema entre las puérperas. Corresponde a la enfermera comprometerse con la asistencia ofertada, aportando los conocimientos necesarios y aclarando las dudas pertinentes sobre la prueba de punción del talón.

Descriptores: Tamizaje Neonatal; Recién Nacido; Salud del Niño; Educación en Salud; Atención de Enfermería. ____________________

1 Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá. Coordenadora do Curso de Enfermagem

da Faculdade Guairacá. E-mail: angelica.takemoto@hotmail.com

2 Enfermeira do Centro de Reprodução Assistida de Guarapuava. E-mail: leticia-lima1993@hotmail.com 3 Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Guairacá. E-mail: kellymichalcris@gmail.com

4 Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). E-mail:

brunaalves.enfermagem@gmail.com

5 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfermagem e Programa de Pós-Graduação em

Enfermagem da UEM. E-mail: sichisato@hotmail.com

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INTRODUÇÃO

A triagem neonatal ou teste do pezinho (TP) tem a finalidade de identificar doenças

metabólicas, endócrinas, hematológicas,

infecciosas e genéticas na fase pré-sintomática no recém-nascido. O teste é realizado a partir de amostras de sangue colhidas em papel filtro especial, no qual é feito um conjunto de exames. Recomenda-se realizar o procedimento, no bebê, entre o terceiroe quinto dia de vida, antes de transfusões sanguíneas e que tenha recebido, pelo menos dois dias de dieta com proteína, pois possibilitará rastrear a doença genética denominada fenilcetonúria. Porém, o TP pode ser realizado até 30 dias de vida(1).

É um procedimento de caráter obrigatório em âmbito nacional, incorporado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 1992, quando triava hipotireoidismo congênito e fenilcetonú-ria. Por meio da Portaria GM/MS nº. 822 de 6 de junho de 2001, foi estabelecido o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) amplian-do os testes, com a inclusão da triagem de hemoglobinopatias – anemia falciforme (AF) e a deficiência de biotinidade –, a fibrose cística(2) e recentemente a toxoplasmose

congênita(3). No Paraná, inclui-se o diagnóstico

precoce da hiperplasia adrenal congênita(4).

Desse modo, o PNTN promove a detecção de doenças congênitas por meio dos exames laboratoriais, efetua a busca ativa dos suspeitos, realiza a confirmação diagnóstica, o tratamento e acompanhamento especializado permitindo o tratamento precoce, reduzindo o risco de gerar sequelas graves e irreversíveis no crescimento e desenvolvimento da criança(5).

O desconhecimento pode influenciar

negativamente na realização do teste,

comprometendo o diagnóstico precoce, o início do tratamento e a sua continuidade(6). Alguns

estudos realizados têm mostrado um conheci-mento superficial sobre o teste tanto por parte das mães(7,8), como dos profissionais de saúde(9).

Portanto, melhorar o conhecimento das mães sobre o TP, bem como divulgar informa-ções que possam esclarecer profissionais de saúde e população geral acerca do assunto, são estratégias importantes para aumentar a adesão ao teste e reduzir possíveis complica-ções geradas a partir da ocorrência das doenças identificáveis. A sensibilização das mães faz parte da responsabilidade da enfermagem, uma vez que é dever do enfermeiro proporcionar informações aos pacientes, descrevendo o procedimento, suas características e as patologias triadas(10).

Ressalta-se que o enfermeiro atua como educador e deve orientar as mães, tanto no período pré-natal como após o parto, acerca da importância do TP nos primeiros dias de vida

da criança. Além disso, deve esclarecer dúvidas e afirmar que o exame é importante para a saúde do bebê, tendo em vista que detecta doenças que levam, inclusive, à deficiência mental(11).

Assim, considerando que as mães são as figuras comumente designadas ao cuidado dos seus filhos, especialmente os recém-nascidos, e o baixo número de evidências científicas atuais sobre o TP e a sua relação com a prática assistencial de enfermagem, busca-se neste estudo responder a seguinte questão: qual o conhecimento das puérperas sobre o TP? Supõe-se que a obtenção de informações corretas e em tempo adequado sobre o procedimento fará com que as mães estejam sensibilidzadas acerca de sua importância, evitando possíveis sequelas. Além disso, os resultados poderão subsidiar a elaboração de propostas para incentivar a adesão das mães por meio da excelência na assistência dispensada pela equipe de enfermagem na promoção da saúde e o bem-estar do neonato. Portanto, este estudo teve como objetivo identificar o conhecimento de puérperas sobre a realização do TP.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo, de natureza qualitativa, realizado no setor da maternidade de um hospital filantrópico, loca-lizado no município de Guarapuava, sul do Brasil. A maternidade conta com 20 leitos, distribuídos em quatro leitos particulares, quatro para convênios e doze pertencentes ao SUS. Ainda, este setor é referência para o atendimento de gestações de risco habitual, intermediário e alto risco, com média de partos anual de aproximadamente 1.600 atendimen-tos. É permitida a presença do acompanhante durante todo o processo de parturição, porém, o hospital não é credenciado na Iniciativa Hospital Amigo da Criança.

Fizeram parte do estudo puérperas,

selecionadas aleatoriamente, de forma

intencional, independente do período pós-parto que se encontravam e que atenderam aos seguintes critérios de inclusão: possuir idade igual ou superior a 18 anos, hígidas (com boa saúde) e serem residentes no município de Guarapuava. Foram excluídas do estudo as puérperas que se encontravam em instabili-dade clínica. O número de participantes foi definido a partir dos discursos e da saturação de dados(12), portanto, participaram do estudo

quinze mulheres.

Os dados foram coletados no mês de julho de 2015. A abordagem para a coleta dos dados foi realizada no momento mais adequado indicado pelas puérperas, evitando momentos em que elas estavam ocupadas com os

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REPENF – Rev. Parana. Enferm. Jan-Dez 2020; 3(1): 30-37. dos com o filho ou durante as visitas recebidas

no hospital. Iniciou-se o estudo pelo esclarecimento da pesquisa, seguida da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, na própria maternidade, em uma sala reservada para a realização da entrevista e sem a presença do acompanhante.

A coleta das informações foi realizada a partir de entrevistas gravadas em áudio, guiadas por um instrumento com questões

semiestruturadas. Este instrumento foi

constituído de duas partes: a primeira com dados objetivos quanto à caracterização das participantes e a segunda mediante uma questão norteadora, a saber: Qual o seu conhecimento sobre o Teste do Pezinho? O tempo médio de cada entrevista foi de 30 minutos. Em seguida, os depoimentos foram ouvidos e transcritos integralmente.

Na sequência, as transcrições foram submetidas à análise temática de Minayo para a identificação e organização das categorias. Procedeu-se a análise, buscando extrair os dados mais significativos para a pesquisa. A análise de dados seguiu os seguintes passos: organização das informações para análise; leitura de todos os depoimentos; análise detalhada com processo de codificação; apresentação dos temas encontrados da narrativa qualitativa; identificação dos significados; e elaboração de categorias temáticas(13).

O estudo foi desenvolvido seguindo os preceitos éticos estabelecidos pela Resolução 466/2012, do Conselho Nacional da Saúde, sendo seu projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Centro-Oeste, com o parecer no 1.111.956 (CAEE: 45821115.9.0000.0106). O anonimato e o sigilo da identidade de cada participante foram preservados pela substituição dos seus nomes pela letra P (puérpera), acrescido do número conforme a sequência de realização das entrevistas (por exemplo: P1).

RESULTADOS

Caracterização das participantes

Entre as quinze puérperas que fizeram parte deste estudo, a idade variou entre 18 a 40 anos. A maioria era casada (n=9), com ensino médio completo (n=4) e do lar (n=8). Quanto à paridade, a maioria era multípara (n=9).

Após a análise das falas, constituíram-se duas categorias: “O conhecimento das mães referente ao Teste do Pezinho” e “Assistência de enfermagem frente o Teste do Pezinho: realidade versus ideário”, as quais passarão a ser apresentadas e descritas a seguir.

O conhecimento das mães referente ao

Teste do Pezinho

Observou-se que algumas mães, apesar de reconhecerem a realização do TP como um procedimento importante, possuem um conhe-cimento superficial sobre o assunto, como é possível verificar nas falas a seguir:

É um teste que vê várias doenças, não é mesmo? E acho que tiram ‘sanguinho’ do pé do neném e vai para análise (P5).

O teste do pezinho eu acho que é pra detectar se o neném tem alguma doença, por isso que eu acho ele importante, vai que descobre alguma coisa (P6).

O teste do pezinho serve pra diagnosticar doenças, que podem vir a aparecer (P12).

Porém, a partir da fala de algumas participantes foi possível identificar o des-conhecimento acerca do momento adequado para a realização do TP e sua finalidade. Não sei, nunca ouvi falar nesse exame. Que exame é esse? Ele faz esse exame aqui no hospital? (P3).

Para mim, eu acho que é um teste para identificar alguma doença degenerativa no neném, mas não tenho certeza (P13).

Talvez seja para ver doenças no neném, mas não sei que exame é esse. Nunca ouvi e ninguém falou desse teste (P14).

Quando indagadas sobre a descrição da técnica para o TP, poucas entrevistadas soube-ram descrever o procedimento e ao tentarem explica-lo, elas demonstraram conhecimento incipiente sobre o assunto. Esta situação pode ser observada nas seguintes falas:

Deve ser no pé.. fura o calcanhar? Acho que é isso

(P4).

Eu acho que é uma ‘agulhadinha’ no calcanhar ali do neném, eu acho que tem alguma coisa na tira de papel, alguma coisa assim, não sei dizer assim bem ao certo (P5).

Acho que deve ser um ‘furinho’ no pé do neném, mas não sei dizer se está certo (P9).

Eu acho que é uma pequena picada no calcanhar da criança, mas não sei se tem mais alguma coisa e nem o que eles fazem com essa picada (P12).

Em contrapartida, foi notório o

desconhecimento da técnica de coleta por algumas entrevistadas, mesmo nos casos de mulheres que já tiveram outros filhos, inclusive com diagnóstico de alteração genética, descoberta a partir do TP.

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O da minha outra menina quando descobriu a mutação que ela tinha, foi pelo teste do pezinho, só que eu não sei como faz (P2).

Eu não sei falar como é feito. Não sei se é exame de sangue, se tira o sangue do pé, por isso que tem o nome de teste do pezinho, não sei explicar (P7). Quanto ao momento ideal para a realização do exame, a maioria das participan-tes não soube mencionar o momento exato para a realização do TP. Estas afirmativas ficam evidentes nos seguintes relatos:

O teste é feito depois que nasce, três dias depois, isso? (P3).

[...] logo que ele nasce, é feito tanto exame, acho

que esse teste do pezinho deve ser feito junto

(P7).

[...] no momento certo, acho que depois que ele

sai do hospital, acho que orientam a gente para ir fazer esse exame (P8).

[...] é nas 24 horas de vida do bebê, daí faz esse

exame no hospital (P11).

Apenas duas participantes relataram de forma correta o tempo ideal para a realização do TP. Contudo, elas não sabiam explicar o motivo de realizar o procedimento com este período de tempo.

[...] é depois das 48 horas. Mas o porquê? Não sei

dizer o motivo (P1).

[...] é no momento da alta, geralmente com dois

dias, mas não sei explicar o porquê (P6).

Referente às patologias e agravos detectados no TP, nenhuma mãe entrevistada soube relatar especificamente sobre esse assunto, o que pode ser verificado nos depoimentos a seguir:

As doenças não sei dizer quais são detectadas não. O bebê faz o exame, mas não sei quais doenças que o teste investiga (P5).

Eu não sei quais são as doenças identificadas. Acho que todo tipo de doença ele detecta (P7). Das doenças, essas eu não sei não qual tem nesse teste do pezinho (P9).

Nunca me falaram das doenças do teste do pezinho. Mas deve ser doença grave (P15).

Em síntese, nessa categoria foi possível identificar um grande déficit no conhecimento das mães acerca do TP em todos os seus aspectos: conceito, importância, procedimen-to, patologias e agravos. Entretanprocedimen-to, os resultados evidenciaram que mesmo sem

conhecer o exame, as entrevistadas reconhe-cem a importância do mesmo para manter um pleno crescimento e desenvolvimento do recém-nascido.

Assistência de enfermagem frente o Teste do Pezinho: realidade versus ideário

Quanto a assistência de enfermagem prestada, no que se refere à prática de orientações sobre o TP, apenas uma das entrevistadas mencionou ter recebido algum tipo de informação sobre o procedimento ainda na gestação, observado pela seguinte fala: Recebi durante o pré-natal pouca coisa, mas a enfermeira do posto de saúde que passou. Aqui no hospital ainda não recebi nenhuma informação, só comentou que tinha um exame para fazer no pezinho, alguma coisa assim (P9).

As demais participantes citaram que não receberam nenhum tipo de informação sobre o assunto, tanto no pré-natal, como no hospital. Percebe-se nas falas das participantes que os profissionais de saúde apenas referem que é preciso realizar o exame, sem ao menos prestar as devidas orientações, acerca dos motivos, da técnica, doenças identificáveis, entre outros aspectos.

Aqui no hospital falaram que o teste do pezinho será feito amanhã, que eu já recebo alta, mas não recebi nenhuma outra informação ainda (P1). No pré-natal [...] só falaram do teste da mãezinha. Aqui no hospital ainda não falaram nada também. A mulher só falou que vai pegar ele amanhã para fazer o teste do pezinho (P2). Aqui no hospital só falaram que tem que fazer e que é um exame importante (P4).

A gente sabe que tem que ser feito, que é preciso, mas não me falaram nada disso não (P12).

Quando indagadas sobre a importância de receber informações sobre o tema a partir de cartilhas informativas, por exemplo, ou encon-tros para discussão, todas as entrevistadas consideraram tais estratégias relevantes, haja vista que a falta de informações é evidente. [...] porque ali a gente vai saber tudo, se ele é

importante ou não, a gente vai saber (P7).

[...]porque é interessante, daí a gente fica

sabendo de tudo, para que é feito esse exame, quando é feito, essas coisas (P8).

[...]é bom ficar sabendo dessas coisas, porque daí

a gente entende do porquê o bebê precisa fazer este exame (P15).

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Takemoto AY, Lima LM, Michalczyszyn KC,

Vieira BAJ, Ichisato SMT.

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REPENF – Rev. Parana. Enferm. Jan-Dez 2020; 3(1): 30-37. momento para receber informações atinentes

ao TP é ainda durante o pré-natal, conforme verifica-se nos seguintes discursos:

Eu acho que essas coisas, a gente precisa saber durante o pré-natal, para gente ficar mais informado e saber de tudo (P3).

No pré-natal seria o melhor, porque você já entra no hospital sabendo do exame, que ele é importante e que o neném tem que fazer (P9). O certo seria a gente saber no pré-natal, para saber e vim mais preparado para o hospital (P13). Outras entrevistadas consideraram o melhor momento para ter essas orientações durante a permanência no ambiente hospita-lar, no período pós-parto.

Eu acho que aqui no hospital, para saber como que é, o que é, para que serve. Já que é aqui que faz né, acho melhor saber no hospital mesmo (P4). Acho que agora no hospital, porque muita coisa do pré-natal a gente acaba esquecendo. O ideal que fosse antes, durante e depois, mas se tiver de escolher, eu acho que nos dias de fazer aqui no hospital que daí você já sabe o que está fazendo (P5).

Dado o exposto, os resultados apontam para a deficiência nas orientações efetuadas às gestantes e/ou puérperas pela equipe de saúde, tanto no acompanhamento pré-natal, quanto no ambiente hospitalar. Foi possível notar que não ocorreu a transmissão completa das informações sobre a triagem neonatal, sua finalidade, seu objetivo, a técnica realizada para a coleta do exame, constatando-se que tais informações foram substituídas pela simples frase de que será realizado o TP, sem maiores informações complementares.

DISCUSSÃO

As atividades de educação em saúde podem ser realizadas em qualquer oportu-nidade que o profissional de saúde, em especial, o enfermeiro, julgar conveniente.

Por meio dos resultados deste estudo foi possível identificar que as puérperas possuíam pouco conhecimento sobre a necessidade de realização, técnica de coleta e doenças triadas pelo TP. Estudo realizado em um município do sudeste brasileiro junto a 160 gestantes identificou que 75,0% delas não sabia relatar quais eram as patologias triadas pelo TP, sendo que 16,3% citou que as doenças possivelmente detectadas tem etiologia genética e 82,0% sentiam necessidade de maiores informações sobre o exame(8). Esta situação não se limita

somente ao contexto brasileiro. Estudo

realizado na Irlanda do Sul, obteve um resultado semelhante no qual ficou evidente o desconhecimento dos pais sobre o TP e que estava associado à falta de informação(14).

Esses achados ressaltam a necessidade da orientação por parte dos profissionais de saúde sobre o exame de triagem nesta população.

Outros fatores podem contribuir negativa-mente para a ocorrência de um baixo conhecimento acerca do assunto. Dentre eles, destacam-se: a baixa escolaridade, as diferenças sócio-econômicas, a falta de vínculo entre profissionais de saúde/clientela e o despreparo da equipe de saúde no momento de realizar a educação em saúde(7,9).

Importante salientar que a principal finalidade do exame é identificar doenças congênitas para iniciar o tratamento, precocemente diminuindo os danos e agravos à saúde das crianças(15).

Os achados do presente estudo ressaltam que o TP, apesar de indispensável para a promoção da saúde do recém-nascido, parece receber pouca importância por parte dos profissionais de saúde tanto no âmbito da Atenção Primária à Saúde, durante o pré-natal, como daqueles inseridos no ambiente hospitalar de acompanhamento à puérpera. Investigações sugerem que, durante a realização dos grupos de educação em saúde para gestantes, os temas mais trabalhados envolvem os cuidados com o neonato, a amamentação e a higiene pessoal da mulher durante o período gestacional(16,17).

Analisando as falas das participantes a respeito do TP, verificou-se que, em alguns casos, os profissionais de saúde até referem sobre a necessidade de se realizar o exame, mas sem prestar as devidas orientações ou

esclarecimento quanto as dúvidas e

questionamentos das mulheres. Em um estudo realizado no Canadá, foi possível verificar que os pais desejavam receber mais informações sobre o TP e, inclusive, serem consultados quanto ao consentimento em relação ao exame. Isso mostrou que apesar do procedi-mento ser de caráter obrigatório, os pais queriam ter o direito de responder a favor da realização do exame(18).

Em alguns estudos, há consenso de que o pré-natal é o melhor momento para realizar ações educativas com as mães. Pesquisas mostram que a orientação sobre o TP deve ser realizada ainda durante o pré-natal, mesmo que as mães venham a esquecer alguns detalhes, pois este é o momento que favorece o aprendizado, visto que há um tempo maior para que as dúvidas sejam esclarecidas(14,19).

Além disso, no período pós-parto, as puérperas

vivenciam novas emoções e outros

sentimentos na presença do neonato e podem acabar não estando atentas o suficiente às informações fornecidas(8).

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importante na efetividade e execução do TP. Trata-se do profissional com maior contato direto com a clientela alvo desde o pré-natal, na Unidade Básica de Saúde. Dessa forma, suas atividades frente a esta temática compreendem: informar, esclarecer e orientar as gestantes sobre o exame, o método e o período de coleta, sua importância, finalidade e patologias triadas(8), de maneira estruturada

e sistematizada(14).

É importante ressaltar que o enfermeiro tem garantido seu espaço em meio às ações inerentes à Atenção Primária em Saúde. Seu foco está na melhoria da qualidade de vida da população, com base na organização do processo de trabalho e direcionado para a resolutividade dos problemas de saúde da população(10,20). Nesse caso, é preciso que

cada profissional de saúde, especialmente o enfermeiro, esteja sensibilizado acerca da importância do TP e que, voluntariamente, seja agente multiplicador na divulgação das informações acerca do procedimento para as mães e comunidade em geral(4).

Uma das oportunidades que deve ser utilizada pelo enfermeiro é durante a prática de educação em saúde na formação de grupos, como estratégia propulsora, de reflexão, de mudança de comportamentos e atitudes, aliada a ações que busquem inserir as participantes em suas próprias realidades. É uma das formas de tecnologia leve para que o enfermeiro realize um cuidado humanizado, favoreça o seu papel enquanto educador e melhore a qualidade da assistência de enfermagem prestada a esta clientela(21).

Outra oportunidade é durante a consulta de enfermagem, uma atividade independente, individualizada e realizada privativamente pelo enfermeiro. Tem como princípio proporcionar condições para a promoção da saúde, a pre-venção de doenças e a manutenção da quali-dade de vida da gestante, mediante uma abor-dagem contextualizada e participativa. Duran-te a consulta, além da competência técnica, o enfermeiro deve demonstrar interesse pela gestante e pelo seu modo de vida(22).

A abordagem individual é importante para que a mulher exponha suas preocupações, dúvidas e angústias de maneira mais confortável. Isso porque a assistência do enfermeiro deve ser baseada nos pressupostos do cuidado humanizado, reconhecendo a individualidade dos sujeitos no atendimento e estabelecendo com cada gestante um vínculo, de forma a perceber suas reais necessidades de saúde(23).

Por intermédio de uma relação de empatia e confiança entre enfermeiro e cliente, o profissional transmite a segurança às mães oferecendo informações, esclarecendo dúvidas e lhes impondo a responsabilidade de assegu-rar a saúde de seus bebês, prevenindo agravos

e promovendo a melhoria da qualidade de vida. De modo geral, as evidências do presente estudo revelam a deficiência nas orientações efetuadas às gestantes e/ou puérperas sobre o TP pelo enfermeiro, seja no acompanhamento pré-natal, ou na maternidade. Enfatiza-se que o enfermeiro atua como educador e transmis-sor de conhecimento, sendo de sua responsa-bilidade orientar as gestantes e/ou mães sobre o assunto, visando uma melhor compreensão acerca do procedimento e proporcionar um atendimento humanizado e de qualidade.

Este estudo apresenta limitações metodo-lógicas. Uma delas se relaciona ao fato de terem sido incluídas apenas as perspectivas das mães. Talvez, o conhecimento/percepções dos pais

pudessem ser diferentes, ampliando o

entendimento do fenômeno em investigação. Além disso, o fato de as entrevistas terem sido realizadas durante o puerpério mediato, ainda na internação hospitalar, pode ter influenciado sobre os dados coletados, já que as mulheres poderiam estar mais preocupadas com os cuidados com o

recém-nascido, a amamentação e sua

recuperação. Dessa forma, sugere-se novos estudos envolvendo a família nesta temática, com entrevistas realizadas ainda durante a gestação ou após a alta hospitalar, a fim de validar os achados desta pesquisa e ampliá-los.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio do presente estudo, pode-se evidenciar que o conhecimento das puérperas sobre o TP ainda permanece como insuficiente. Entretanto, os resultados apontam que muitas mães reconhecem a sua importância para garantir o crescimento e desenvolvimento saudável do recém-nascido, bem como demonstraram grande interesse em receber mais informações sobre o TP, seja por meio de encontros, palestras ou cartilhas informativas. Quanto à assistência de enfermagem,

observou-se, de forma indireta, que

possivelmente há falhas nos cuidados prestados pela equipe, durante o pré-natal e na maternidade. Evidencia-se a importância do enfermeiro na condução da educação em saúde e a capacitação técnica dos profissionais a respeito do TP, para ampliar os conhecimentos e melhorar a qualidade da assistência à população infantil.

Por fim, acredita-se que os resultados encontrados contribuem de forma significativa para o aprofundamento da temática, gerando um importante conhecimento sobre as falhas na assistência de enfermagem no tocante à orientação sobre o TP. Tais informações representam um conhecimento primordial para o atendimento das necessidades de saúde dessa população de forma integral e humanizada.

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Vieira BAJ, Ichisato SMT.

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REPENF – Rev. Parana. Enferm. Jan-Dez 2020; 3(1): 30-37. Contribuição individual dos autores: Takemoto AY e Lima LM: Participaram na concepção e redação do

projeto; coleta, análise e interpretação dos dados; redação do artigo e aprovação final da versão a ser publicada. Michalczyszyn KC e Vieira BAJ: contribuíram na redação do artigo e análise crítica relevante do conteúdo intelectual. Ichisato SMT: contribuiu na redação do artigo; análise crítica relevante do conteúdo intelectual e aprovação da versão final a ser publicada. Todos os autores declaram ser responsáveis por todos os aspectos do trabalho, garantindo sua precisão e integridade.

Submetido: 29/06/2020 Aceito em: 18/08/2020

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Referências

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