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Vista do O Impacto da Dupla Jornada dos Docentes de Ensino Superior na Geração do Estresse

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Academic year: 2021

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O Impacto da Dupla Jornada dos Docentes de Ensino Superior na Geração

do Estresse

Autores:

Camila Carvalho Duarte: graduada em Administração pela Faculdade Canção Nova – FCN

e mestranda em Planejamento e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Taubaté – UNITAU

E-mail: contato.camiladuarte@gmail.com

Henrique Alckmin Prudente: doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade de

São Paulo – USP, professor e diretor acadêmico na Faculdade Canção Nova – FCN. E-mail: diracademica@fcn.edu.br

Resumo

O presente artigo levanta a questão referente à dupla jornada de trabalho dos docentes do Curso de Administração de uma Instituição de Ensino Superior (IES) confessional localizada no Vale do Paraíba, Estado de São Paulo. Foi feita uma análise em relação ao trabalho de docentes com a possível geração do estresse. Para contextualização do ambiente organizacional partiu-se de uma pesquisa sobre as mudanças e as tendências nas formas de trabalho ao longo dos anos, levando-se em consideração exigências próprias vividas pelos trabalhadores de modo geral. Para o levantamento de dados foi aplicada pesquisa de campo por meio de um questionário online. Tal pesquisa detém-se na autoavaliação dos profissionais docentes. Os resultados mostram-se em conformidade com os autores citados na fundamentação teórica. Ilustram, porém, de forma pessoal a questão da dupla jornada de trabalho e da escolha por essa atuação. Outra consideração tão relevante quanto às perdas de desempenho do docente são as perdas produtivas para a IES e, por conseguinte, para o aluno, cliente final do processo ensino-aprendizagem em instituições de ensino.

Palavras-chave: Instituição de ensino superior, Estresse ocupacional, Dupla jornada,

Docência.

Abstratc

This article raises the question of the double journey of teachers from an Administration Course of a confessional higher education institution (HEI) located in the Paraíba Valley, State of São Paulo. It was made an analysis regarding the teachers work with the possibility of stress generation. To contextualize the organizational environment it takes a research of the changes and trends in working arrangements over the years, taking into account specific requirements lived by workers in general. For data collection it was applied a field research through an online questionnaire. Such research holds up in the self-evaluation by the teachers. The results were in agreement with the authors cited in the theoretical foundation. It shows, however, personally the double journey workday issue and the choice for this role. Another consideration, as relevant as the teacher's performance losses, are the performance losses for the HEI and therefore to the student, as the end customer to the teaching-learning process in educational institutions.

Keywords: Higher education institution, Occupational stress, Double journey, Teaching.

1. Introdução

O objetivo desse artigo é analisar os possíveis efeitos do estresse nos docentes do Curso de Administração de uma Instituição de Ensino Superior (IES) confessional e que possuem dupla jornada de trabalho, e suas consequências para o desempenho da instituição. O

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estresse profissional tem se tornado tema frequente de estudos realizados sobre o ambiente de trabalho. Estímulos externos, como a falta de condições necessárias à realização das atividades, falta de estrutura, de reconhecimento, excesso de trabalho dentro da organização e, muitas vezes, fora dela, bem como fatores internos, podendo ser de origem física, emocional ou de problemas pessoais, influenciam fortemente na satisfação e, consequentemente, no desempenho do profissional.

É de se notar que pessoas que passam mais tempo no trabalho estão mais sujeitas a fatores estressores. Para analisar esses aspectos, faz-se uso como objeto de estudo a rotina de professores que atuam em mais de uma instituição de ensino ou organização. Esses profissionais executam seu trabalho em sala de aula, com exposição de conteúdo em contato direto com o aluno, com a criação de formas objetivas e subjetivas de avaliação, mas também em tarefas administrativas, burocráticas, de atendimento e, muitas vezes, auxiliando os discentes até mesmo com questões pessoais de orientação profissio nal, quando necessário.

A disposição do professor para essas atividades varia de acordo com o tempo e com o acúmulo de trabalho, o que pode ocasionar indícios de perda no desempenho profissional. Quando multiplicada essa atuação para mais de uma instituição, considera-se uma possibilidade ainda maior. Assim, indaga-se se esses professores, diante dos vínculos trabalhistas, podem perder sua capacidade criativa, se conseguem responder com exatidão à missão e cultura organizacionais de cada ambiente de atuação, se executam suas atividades com a mesma disposição em todas e se compactuam com a forma de organização e de administração existentes.

Existem muitas comprovações sobre as consequências negativas do estresse profissional na vida do trabalhador, porém, há de se questionar quais seriam as consequências e as possíveis problemáticas desse desgaste pessoal para a instituição empregadora, uma vez que o desempenho desta pode ser prejudicado. Este artigo visa responder a uma das perguntas referentes à relação docente-faculdade que dizem respeito ao desgaste emocional no ambiente de trabalho e analisar as tendências do estresse em professores do Curso de Administração de uma IES confessional que atuam também em outra(s) instituições/organizações, podendo ser de ensino ou não. Tal análise será realizada por meio de estudo de caso.

A faculdade escolhida para análise possui professores que atuam também em outras instituições ou organizações, o que pode indicar um desgaste e, consequentemente, também tende a ocasionar o estresse. Atuam nela 40 professores, sendo que 20 deles ministram aulas no Curso de Administração. Esses vinte professores também lecionam em outra(s) IES ou atuam em organizações, segundo dados do site da própria faculdade e do currículo lattes dos professores.

Justifica-se, dessa forma, fazer um estudo desses professores para analisar os possíveis efeitos do estresse na vida profissional e no seu desempenho acadêmico, que diz respeito à sua relação ensino-aprendizagem com os alunos e na sua relação de identidade com a instituição. Uma vez insatisfeito, o docente deixa de cumprir com qualidade seu papel fundamental: educar. Essa lacuna pode gerar no aluno bloqueios e desmotivações no processo de aprendizagem. Para Aquino (2009, p. 46-47): “A educação precisa ser integral, atingir a totalidade do ser humano, para que ele não fique mutilado”.

Com a pesquisa realizada, espera-se contribuir para a compreensão do tema, observando tendências e, dessa forma, utilizar de métodos preventivos para garantir a qualidade de vida no trabalho do professor, a facilidade de aprendizado do aluno e a segurança da instituição. Sabe-se que a tendência atual à rotina acelerada de trabalho, por si só, já traz exigências em corresponder com a maior eficiência e, muitas vezes, em menor tempo à tarefa de cada profissional. Devido às tantas atividades que cabem à atuação docente, questiona-se se aqueles que possuem dupla jornada de trabalho estarão mais propensos aos

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níveis de estresse e até que ponto esse estado emocional pode prejudicar seu desempenho e o da IES envolvida, consequentemente, causando perdas produtivas.

Como forma de tentar responder a esses questionamentos, o presente artigo utiliza como ferramenta metodológica para possibilidade de investigação e coleta de informações um questionário aplicado a um grupo específico, sendo este composto por professores do Curso de Administração de uma IES confessional localizada no Vale do Paraíba, Estado de São Paulo, e que atuam em mais de uma IES/organização.

2. O mercado de trabalho e sua precarização (Toyotismo)

O desempenho das atividades de trabalho ao longo das décadas vem sofrendo uma série de alterações em sua forma de aplicação. Segundo Harvey (2010), as transformações dos processos de trabalho deixam marcas significativas em aspectos como os hábitos de consumo e as formas geográficas. Embora a predominância da cultura de desenvolvimento econômico esteja muito ligada à produção direta para a geração de lucros, seu modelo de execução capitalista, como sugerido por Henry Ford, por volta de 1914 - 8 horas de trabalho por 5 dólares - já não acompanha mais as evoluções da sociedade e do emprego de suas funções perante seu desenvolvimento.

De acordo com Castells (2010), com o surgimento do Toyotismo em oposição ao Fordismo, apresentou-se um novo modelo de produção que levaria ao sucesso das organizações, mais relacionado à economia mundial e à flexibilidade no sistema de produção. Para o autor, entre as empresas e os profissionais que nelas atuam ambos são beneficiados com a possibilidade de flexibilização do trabalho. Isso acontece pelo fato de que tais trabalhadores têm a possibilidade de agregar à sua atuação profissional outras atividades, como por exemplo, atendimentos em consultoria entre outros, o que resulta por colaborar para o aumento da sua renda.

Fatores relevantes para a mudança no modelo organizacional como a restrição de crédito em tempos de crise e a competitividade exacerbada variam conforme o setor de atuação das organizações. Os novos arranjos na organização do trabalho formal são consequências deste fato. Para Harvey (2010, p. 143):

O mercado de trabalho, por exemplo, passou por uma radical reestruturação: diante da forte volatilidade do mercado, do aumento da competição e do estreitamento das margens de lucro, os padrões tiraram proveito do enfraquecimento do poder sindical e da grande quantidade de mão de obra excedente (desempregados ou subempregados) para impor regimes de con tratos de trabalho mais flexíveis. (...) Mesmo para os empregados regulares, sistemas como “nove dias corridos” ou jornadas de trabalho que têm em média quarenta horas semanais ao longo do ano, mas obrigam o empregado a trabalhar bem mais em períodos de picos de demanda, compensando com menos horas em períodos de redução da demanda, vêm se tornando muito mais comuns. Mais importante do que isso é a aparente redução do emprego regular em favor do crescente uso do trabalho em tempo parcial, temporário ou subordinado.

De acordo com Faria e Kremer (2004), a precarização do trabalho se refere a um artifício responsável por envolver a deterioração das condições de desenvolvimento das atividades de trabalho e empregatícias, tanto para as pessoas que executam atividades formais, informais, atuantes em tempo parcial, temporário ou mesmo a ausência de trabalho, no caso dos desempregados. Sendo assim, os autores levantam a importância da análise na relação entre a reestruturação produtiva e o empregado. Isso porque, devido ao regime que a reestruturação se apresenta, o trabalhador não deve ser prejudicado com a nova estrutura, nem mesmo saia dos limites políticos e judiciais.

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Após o processo de industrialização e da passagem pela modernização dos modelos produtivo-administrativos, no qual visava à linha formal de produção e de colheita de resultados de trabalho, os trabalhadores também fizeram uma passagem. Não apenas para operação de máquinas, como nos processos de industrialização, mas, especialmente na atualidade, pelas várias formas de execução de trabalho, existem vários aspectos a se levar em consideração. Entretanto, essa diversificação de possibilidades gera também certa insegurança no ambiente profissional. Ainda para Faria e Kremer (2004, p. 14):

Temos, então, um cenário no qual o vínculo formal de trabalho se torna muito tênue, fazendo com que o trabalhador tenha sempre presente a possibilidade de perda do emprego e de sua incorporação ao contingente de trabalhadores desempregados, que vão alimentar o trabalho temporário ou, em situação ainda mais precária, o trabalho informal, sem qualquer tipo de garantia e excluído de todos os benefícios sociais.

Sobre as mudanças nas formas de trabalho, Pastore (1995) declara que o desejo do homem contemporâneo encontra-se em um dilema: ele quer ter disponível um bom emprego com o salário desejado. Porém essa expectativa pode ser frustrada por conta do que as empresas podem oferecer, no qual, muitas vezes, é apenas o bom emprego.

O cenário contemporâneo de mudanças globais nas formas de gestão e nos variados tipos de organização do trabalho interfere diretamente nos interesses das pessoas por dedicação, especialização e busca de trabalhos com perfis diversificados. Faria e Kremer (2004, p. 18) declaram que “o desemprego estrutural, aliado a modalidades de desemprego, forma a reserva de mão de obra disposta a ocupar postos de trabalho com salários inferiores, o que é facilitado pela intercambiabilidade dos trabalhadores da nova base técnica flexível (...)”.

Também para Pastore (1995, p. 31), “o desemprego no mundo não é determinado apenas pelos métodos que poupam trabalho. Ele é causado também pela escassez de capitais para investimentos e pela carência de mão de obra qualificada para trabalhar nas novas condições de tecnologia e de administração”. Este fato, unindo-se à insegurança, pode servir como evidência para a possibilidade de existir um aumento no número de trabalhadores que buscam manter-se vinculados profissionalmente a mais de um lugar ao mesmo tempo.

No que diz respeito às mudanças do ambiente organizacional onde atuam os trabalhadores comuns, mas falando especialmente sobre os docentes, Bloise (2009, p. 1) conclui que: “essas transformações acabam levando à cobrança por eficiência e produtividade, repercutindo em competitividade acirrada. Este excesso de competitividade gera sentimentos múltiplos, como insegurança, ameaça, culpa, baixa autoestima, insatisfação, desmotivação”.

Desta forma, notando-se o crescente número de desgastes emocionais que ocorrem aos trabalhadores de modo geral, considera-se que, entre eles, alguns também apresentam reações físicas ou psicológicas. Por outro lado, as empresas começam a se empenhar para utilizar de inúmeras formas de prevenção, alterando até mesmo a rotina e a burocracia próprias das organizações. Ainda assim, tais alterações não impedem que as pessoas sejam atingidas por problemáticas originárias do ambiente de trabalho.

3. Estresse ocupacional e suas consequências para a organização

Segundo Filgueiras e Hippert (1999), o estresse (antes nomeado como Síndrome Geral de Adaptação) pode ser dividida em 3 fases. A primeira, chamada de alarme e representada por fortes manifestações. A segunda fase seria a de resistência, sem a presença dessas manifestações. Por fim, a terceira fase, é chamada de exaustão, que se trata do retorno das reações apresentadas na primeira, podendo levar ao colapso do organismo. Ao longo dos anos os estudos sobre o assunto levaram a compreendê-lo como sendo de ordem comportamental. Para Margis et al. (2003, p. 5):

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As respostas comportamentais básicas diante de um estressor são: enfrentamento (ataque), evitação (fuga), passividade (colapso). As habilidades do sujeito para dar respostas adequadas a cada estressor dependem de um aprendizado prévio das condutas pertinentes e de se a emissão de respostas recebeu reforço nas situações similares precedentes. Além disto, a resposta de enfrentamento será modulada por suas consequências. A resposta de enfrentamento selecionada define a forma de ativação do sujeito, os recursos e estruturas fisiológicas a serem mobilizadas e os possíveis transtornos psicofisiológicos que possam ocorrer. A resposta ao estressor pode ser preditiva de transtornos es pecíficos como no caso de fuga e evitação, ser preditiva de agorafobia ou fobia social (...).

De acordo com Wagner e Hollenbeck (2009), o estresse se define como sendo um estado emocional desagradável que é ocasionado pela insegurança e incerteza da capacidade sentida pelas pessoas frente a um desafio de grande valor.

Segundo Margis et al. (2003), a terminologia representa o estado causado devido à percepção de estímulos que provocam excitação emocional e, atingindo a homeostasia, lançam o início da adaptação do organismo, provocando uma série de reações e distúrbios físicos e psicológicos. Tais autores esclarecem, ainda, que mudanças significativas podem gerar uma resposta estressante nas pessoas, como o início de um novo emprego, casamento ou separação, o nascimento de um filho, ser vítima de algum acidente etc. Portanto, os efeitos desse estado emocional podem afetar tanto a saúde quanto a vida social, seja familiar ou profissional do indivíduo. Carvalho (2004, p. 3), observa que:

Por considerarmos o ser humano como biopsicossocial, cujas dimensões estão interligadas durante o processo de reação do organismo, definimos o estresse humano como o julgamento dos desafios originados da interação da pessoa com o meio, dos recursos que esta dispõe para enfrentá-los, bem como das suas respostas psicológicas e biológicas diante desses.

Para os autores Szabo, Tache e Somogyi (2012), referindo-se a Hans Selye (endocrinologista canadense que, na década de 1930, foi reconhecido por ser o primeiro a conceituar o estresse), declaram que o médico compreendeu que as reações de estresse são diferentes, pois variam de acordo com a emoção e a percepção do indivíduo. Dessa forma, classifica-se o estresse em dois tipos: eustress e distress. O primeiro é considerado como aquele responsável por impulsionar a pessoa, colocando-a a frente dos desafios, de forma positiva e agradável. Esse último está relacionado à reação negativa, ao que afeta de forma incômoda o indivíduo.

Em entrevista para a revista da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2006), Dejours diz que o medo é um fator presente no trabalho, indicando vários tipos de riscos e quaisquer atividades estão sujeitas a ele. Os trabalhadores sentem medo de não alcançar os objetivos de rendimento que lhes são pedidos, o que pode trazer perda no prazer pelo trabalho, porém as estratégias de mudança são difíceis de lidar.

A rotina dos trabalhadores de modo geral tem assumido uma característica cada vez mais acelerada. As exigências de capacitação, atualização e o desenvolvimento de habilidades de liderança, por exemplo, tornam-se diferenciais para os trabalhadores de quaisquer áreas sejam de relacionamentos com pessoas como para atividades operacionais e de tarefas. As consequências desse cenário podem ser positivas e negativas. Para Israel (2010, p. 12):

O mundo moderno exige um estilo de vida que favorece o surgimento do estresse no ambiente de trabalho. A demanda intensa de atividades dos profissionais, num ritmo desenfreado, está aumentando a incidência de pessoas estressadas. Caso estes níveis de estresse se tornem excessivos, há um comprometimento na qualidade de vida da pessoa.

Estando o estresse relacionado com atividades de rotina, comprova-se o que Wagner e Hollenbeck (2009) dizem a respeito, em que tais atividades que englobam relacionamento com pessoas afetam a produtividade do profissional, apresentando-lhe um ambiente

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desafiador e gerador de insegurança, o que impacta negativamente na organização. Melo et. al (2013) identificam, ainda, que existem alguns fatores como o ambiente e suas condições, bem como a indisposição de ferramentas necessárias à execução das atividades, também podem influenciar na geração do estresse ocupacional, pois seus agentes estressores relacionam-se com o desenvolvimento das tarefas próprias do trabalho. Tais agentes variam em sua derivação, tendo como origem física, química, biológica, psicológica ou social. Benke e Carvalho (2008) compreendem que o agravamento do estresse ocupacional acontece quando o indivíduo nota as suas responsabilidades e, frente a elas, sua falta de autonomia e de controle. O estresse acontece, como consequência, pela dificuldade de adaptação a esses desafios. O que pode levar a pessoa a uma resposta positiva (adaptação), segundo os autores, serão algumas variáveis inerentes a ela, como suas crenças, sua visão do mundo e seu comportamento. De acordo com Matos (2010), o estresse ocupacional é um fator influente e responsável por desencadear nos trabalhadores sintomas em vários aspectos. Inocente (2005, p. 100), ao falar do sono como um desses distúrbios ocasionados pelo estresse, diz que eles:

(...) têm custo social alto, devido ao aumento de risco de acidentes de transito, o uso abusivo de medicamentos para dormir, no caso da insônia, e de medicament os para não dormir, principalmente em trabalhadores noturnos, motoristas e professores, o que contribui para o detrimento da qualidade de vida.

As referências pesquisadas apontam que alguns desses sintomas de estresse, em grau mais elevado, podem variar até mesmo entre síndromes e quadros de depressão.

4. Empregos simultâneos e suas consequências para gestores e empregados: a rotina dos docentes de IES’s

A Legislação Trabalhista permite atuação em mais de um emprego ao mesmo tempo. Na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) não há nenhum impedimento para isso. Portanto, é permitido ao funcionário estabelecer vínculo empregatício com outras organizações em seu horário livre, ou seja, fora da jornada de trabalho habitual. Porém, do ponto de vista comportamental, segundo o Guia Trabalhista (2014), profissionais que possuem empregos simultâneos podem gerar riscos tanto para si como para seus empregadores.

Aconselha-se que, entre os empregadores, também por questões éticas, ambos tenham conhecimento da outra atividade de seu empregado, para que compreendam as condições de trabalho deste profissional. Esse alerta, segundo o mesmo autor, é relevante porque a realidade enfrentada pela pessoa no seu ambiente profissional (quando vivido entre pressão, horas de trabalho excessivas, falta de material para o desempenho das atividades entre outros) pode influenciar de forma negativa a sua saúde.

Diante dos fatores organizacionais e da preocupação com a vida dos trabalhadores, segundo as bibliografias pesquisadas, também as empresas têm a necessidade de corresponder positivamente às expectativas desse ambiente. Os autores Benke e Carvalho (2008, p. 2) percebem que:

A gestão das organizações normalmente relega a um segundo plano a necessidade de um ambiente saudável, classificando o mal-estar como um problema exclusivo do colaborador. Mas as empresas mais esclarecidas já o corrigem, pois sabem que a performance do funcionário afeta diretamente os resultados corporativos e a competência dos colaboradores passa a ser reconhecida como o ativo principal da empresa.

Atuar em mais de uma instituição é uma característica evidente de boa parte dos professores, sejam elas instituições de ensino ou não, o que pode tornar ainda mais desgastante a rotina de trabalho em vista dos diferentes tipos de relação e de necessidade de

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adaptação. Entre os docentes, muitas são as exigências na postura e no desempenho profissional. Outro ponto determinante, segundo Santos (2006, p. 130), é o fato de que:

(...) os baixos salários pagos são um grande obstáculo à produtividade e qualidade, uma vez que obriga o professor a um esforço maior na tentativa de ampliar carga horária para ter acesso a bens e serviços produzidos na sociedade. Por outro lado, esse mesmo fator o impede ter acesso a tais bens pela indisponibilidade de tempo.

Ao encarar o desafio do ambiente de trabalho, Santos (2006, p. 129) também afirma que: “surgem, então, as estratégias defensivas e de enfrentamento às adversidades do contexto organizacional que emergem do confronto entre o modo como as subjetividades são tensionadas pelos indivíduos quando em atividade produtiva”.

Outra característica da atuação docente é a possibilidade de flexibilizar seu horário de trabalho. Sobre o que é positivo nesta rotina profissional, Schermerhorn Jr.; Hunt e Osborn (1999) dizem que, as vantagens do horário flexível alargam a autonomia, dando permissão para que os funcionários escolham o tempo em que querem se dedicar ao trabalho, o que também lhes possibilita assumir compromissos pessoais, como ir para atendimentos médicos, realizar tarefas familiares etc., isso sem originar falta ao trabalho. Dessa forma, a espera é de que essa flexibilidade desperte no trabalhador um comprometimento maior com a organização a qual colabora.

Os desafios de equilibrar a relação professor-aluno, unindo às competências profissionais esperadas da atuação docente, submete à gestão de Instituições de Ensino Superior a importante tarefa de favorecer um ambiente adequado para que o processo de aprendizagem aconteça. Colombo et al (2004), quanto à questão administrativa de uma IES, dizem que o processo gerencial e de decisão preocupa seus dirigentes em grande escala, devido ao ambiente, à complexidade de organização e ao alto compromisso com o futuro da instituição. Schermerhorn Jr.; Hunt e Osborn (1999) declaram também que o alcance do bom desempenho resulta do nível de satisfação do trabalho realizado e do seu ambiente. De acordo com Benke e Carvalho (2008), são as organizações as grandes responsáveis por disseminar o conhecimento das pessoas. E fazem isso por meio de estratégias adotadas internamente a fim de estimular e gerar a eficiência desejada dos empregados, não apenas pelos resultados, mas também por valores que esses empregados portam, como a lealdade e a facilidade nos relacionamentos com clientes.

Tratando-se ainda de gestão educacional, Reis (2012, p. 7) declara que: “do líder, espera-se a transformação da instituição em que atua. Uma transformação inovadora e sustentável”. Gestores de ensino superior enfrentam, dessa forma, uma série de desafios que acabam por englobar as suas esferas econômicas, sociais e de desempenho de alunos e professores. Para o mesmo autor, é preciso haver sabedoria por parte dos gestores e líderes da área para que se mantenham fieis à instituição à qual atuam, à sua missão, à sociedade e ao conhecimento da realidade do século atual.

O compromisso com o trabalho, com o aprimoramento constante e com a habilidade de lidar com as adversidades faz parte da rotina de todo trabalhador. Porém as empresas e, da mesma forma, as instituições educacionais, precisam reconhecer a relação entre as áreas que apontam problemas e que afetam esse compromisso. Segundo Costa (2010), isso se faz possível através da percepção do nível de desempenho, do uso da criatividade, da colaboração, da segurança sentida no trabalho e da satisfação e identificação com a carreira alcançada e exercida.

Um processo avaliativo contínuo não deve ser apenas de responsabilidade da instituição, mas, sobretudo, do próprio docente, a fim de que seja pontual na sua realidade e perspectivas de atuação. Stronge (2010 apud GOMES, 2012), sugere que essa avaliação feita pelos próprios docentes pode incidir no aumento do seu desempenho, consequentemente no seu desenvolvimento profissional e pessoal.

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Ao docente, cabe ainda como responsabilidade o compromisso de cumprir também com atividades operacionais que, de igual modo, competem ao exercício dessa função. Compreende-se que o dia a dia do professor não se trata apenas de atuar nas IES’s, como em sala de aula, mas também em casa ou escritório, com as tarefas que lhe tocam, como corrigir trabalhos e provas, preencher formulários e desenvolver pesquisas e estudos para se manter atualizado. Isso comprova ainda mais sua rotina extra de trabalho. Garcia e Pereira (2003, p. 76), ao citarem sobre a rotina docente, explanam que:

Na realidade do cotidiano dos docentes, pode-se observar a correria do dia a dia; as alterações de humor que ocorrem nas relações professor-aluno; a sobrecarga de tarefas, que precisa desdobrar-se em leituras para preparação de aulas, correção de trabalhos. No caso dos professores universitários, somam-se a estas, outras atividades como a participação em comissões, consultoria ad-hoc, a pressão institucional por publicação e pesquisa, de ren dimento e melhoria na formação do aluno, a aprendizagem de novos recursos tecnológicos; a submissão a normas e regras técnicas da própria instituição de ensino e as governamentais (CNPq, MEC etc.), para enumerar apenas algumas das mais evidentes. Tais atividades levam a uma rotina exaustiva, que deve ser administrada e incorporada às demais dimensões e papéis assumidos pelos professores no âmbito de sua vida privada, o que nem sempre se dá (...).

Em uma pesquisa realizada em Instituições de Ensino Superior abordando a mesma problemática, os resultados esclarecem que existem várias atividades que são de responsabilidade do docente dentro da IES. Essa variedade de competências, dentro da mesma pesquisa, aponta a sensação que tais atividades causam nestes profissionais. Ao citarem estes dados, Emmendoefer e Dias (2007, p. 397) comprovam que os professores têm uma percepção de dedicação de tempo para sua atuação em um número consideravelmente maior, porém, agregado ao aprendizado significativo: “O docente em sua casa ou escritório tem a consciência de suas obrigações, porém todos os entrevistados atribuem a essas obrigações um significado maior, envolvendo a possibilidade de aprendizagem e aprimoramento intelectual”.

Santos (2006) afirma que o fato é que os professores se empenham em realizar outras formas de atividades na prática docente, a fim de resolver algo difícil que vivenciem ou mesmo para que sua rotina seja menos desgastante e cansativa. Outro dado interessante, ainda segundo Santos (2006, p. 130) é que: “a falta de material pedagógico e de funcionários que dão apoio à atividade docente também se configura como obstáculo, uma vez que vai exigir do professor um esforço maior no exercício do ensinar, acelerando o desgaste profissional”.

Ao apontar os resultados de uma análise feita para abordar as práticas de professores de Curso de Administração em uma Instituição de Ensino Superior privada, Bloise (2009, p. 11) chegou à conclusão de que: “as fontes de pressão apresentadas, dizem mais respeito à realidade de professores de universidades e faculdades privadas de grandes cidades, que vivem situações diferentes de seus colegas de cidades menores ou funcionários de universidades públicas”. Também sobre as consequências do estresse para empresas e funcionários, Silva (2000), compreende que esse estado vivido dentro das organizações interfere diretamente na produtividade do trabalhador, pois resulta em ausências, redução da carga horária de trabalho e perda de instrumentos de trabalho, além da elevação no custo com assistência médica, o que, sem dúvidas, pode depreciar a imagem da empresa.

Na atuação docente, Santos (2006) compreende que o critério para fuga ou enfrentamento do estresse presente no ambiente educacional é subjetivo, o que pode ocasionar a precariedade do processo educativo. Para o gestor de IES, o acompanhamento do desenvolvimento dos alunos é feito de maneira mais generalizada, analisando especificamente apenas aqueles casos que são mais pontuais. Porém, de forma muito mais conexa, cabe também a esse gestor a desafiadora missão de aumentar suas habilidades interpessoais para com todos, especialmente na relação com os docentes.

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Gomes (2012) considera fatores relevantes para a supervisão da avaliação docente: “Sensibilidade, capacidade para perceber, exprimir, são essas palavras que mostram como o supervisor se deve relacionar com o professor. Uma relação que permita envolver-se de forma a criar um clima favorável, empático, cordial, de colaboração e de entre ajuda entre eles”. Uma vez que o foco de todo o trabalho para a melhoria no desempenho é a boa formação do discente como resultado final, entre as formas e técnicas de avaliação, Stronge (2010 apud GOMES, 2012, p. 13) diz que:

(...) é necessário um esforço para estabelecer uma ligação lógica entre o desenvolvimento profissional e a prestação de contas na avaliação de professores, sobretudo quando o objetivo dos sistemas de avaliação de professores está direcionado na melhoria da qualidade da educação. Nesse sentido, sugere que os dois propósitos se apoiem mutuamente de modo que ao funcionarem em conjunto se possa equacionar a melhoria do ensino, que por sua vez, conduzirá à melhoria da escola. O ideal é que o desenvolvimento profissional contribua para a melhoria do conhecimento e das práticas de ensino, para que possa contribuir individual e coletivamente para a melhoria da escola.

Para Reis (2014), o perfil contemporâneo das IES que empregam docentes de meio período compreende em conhecer menos estes profissionais que atuam frente aos alunos, isso porque aqueles passam menos tempo na instituição, levando a IES ao questionamento quanto ao grau de aprendizado dos discentes, e podendo ainda deixar de realizar outra tarefa importante e esperada pelos alunos: o desenvolvimento pessoal e acadêmico.

5. Resultados

Como instrumento para a coleta de resultados foi empregado um questionário estruturado predominantemente com perguntas fechadas. A metodologia utilizada para aplicação deste instrumento foi o Google através de e-mail contendo o link http://goo.gl/forms/nu8B9oxjFQ. Os professores foram contatados através de e-mail para participação na pesquisa. Foi dado um prazo de aproximadamente 20 dias para coleta das respostas. Apenas 4 professores não retornaram, sendo que 16 efetivaram o retorno correspondendo a 80% dos professores previamente selecionados. A primeira variável foi a identificação do sexo dos participantes da pesquisa. Para a amostra selecionada 63% são homens e 37% mulheres.

Gráfico 1 – Sexo

Fonte: Dados da pesquisa

A segunda variável levantou o grau de escolaridade dos docentes. O índice de escolaridade preponderante entre os docentes é o Mestrado, representando 63%, maioria da amostra. Em segundo lugar situam-se os que possuem Doutorado / Pós-Doutorado, com 25% da amostra. Em seguida aparecem os docentes com Especialização, que obtiveram 12% da

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amostra. Aproximadamente 90% da amostra é constituída por professores com titulação stricto sensu.

Gráfico 2 – Grau de escolaridade

Fonte: Dados da pesquisa

A variável atuação profissional indicou as atividades dos docentes. Sobressaíram aqueles que atuam em mais de uma IES, apontando 44% em relação ao total da amostra. Em seguida aparecem os que atuam em mais de uma IES e possuem outra atividade profissional: 37%. Por fim encontram-se os que atuam somente em uma IES e possuem outra atividade profissional: 19%.

Gráfico 3 – Atuação profissional

Fonte: Elaborado pelos autores

A quarta variável indagou sobre os motivos que levaram tais docentes a trabalhar em dupla jornada. Em relação ao total da amostra, 44% ressaltam que optaram pela dupla jornada por conta do complemento financeiro familiar. Em segundo lugar, com 31%, estão situados os que revelaram ter como prioridade a possibilidade de desenvolvimento profissional / pessoal, 31%. Por fim 25%, um quarto do total da amostra escolheram NDA (nenhuma das alternativas).

Gráfico 4 – Qual o principal motivo pelo qual escolheu atuar em trabalhos

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Fonte: Elaborado pelos autores

A fim de conceder a possibilidade de dar uma resposta pessoal nesta variável, o próximo gráfico apresenta as respostas daqueles participantes que optaram pela alternativa NDA na variável de número 4. Entre os motivos 75% uniram o desenvolvimento profissional ao complemento no orçamento familiar. O restante da amostra (25%) fez essa opção pelo recebimento de convite de atuação na IES e também percebendo que poderia ajudar no orçamento familiar.

Gráfico 5 – Se você escolheu a opção NDA na pergunta anterior, responda. Qual outro

motivo?

Fonte: Elaborado pelos autores

A quinta variável almejou questionar quanto à satisfação dos docentes no desempenho de suas atividades acadêmicas. Quando indagados sobre a satisfação do desempenho, 37% disseram que desempenham bem seus compromissos acadêmicos. A insatisfação quanto ao desempenho foi a resposta de 31% dos docentes, equivalendo a quase um terço da amostra. Os que percebem que poderiam se dedicar mais totalizaram 19%; 13% afirmaram que superam as próprias expectativas sobre o desempenho profissional.

Gráfico 6 – Qual a sua satisfação quanto ao desempenho das suas atividades acadêmicas? Total da amostra: 16

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Fonte: Elaborado pelos autores

A variável de número 6 pergunta a respeito do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. A grande maioria, 63%, disseram que quase sempre conseguem manter equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Porém este contingente tem a tendência a levar atividades do trabalho para casa devido à falta de tempo. Praticamente um terço do total da amostra, 31%, conseguem equilibrar a vida profissional e pessoal, separadamente. Apenas 6% revelaram ter dificuldades, levando problemas pessoais para o trabalho e vice-versa.

Gráfico 7 - Consegue equilibrar a sua vida pessoal e profissional? Total da amostra: 16

Fonte: Elaborado pelos autores

A sétima variável identificou o que o público alvo costuma fazer durante os dias de folga. A maioria, 56%, descansa e pratica outras atividades de lazer. Parcela da amostra que reveza entre tempo de folga e atividades de trabalho constituiu 38%. Somente 6% da amostra levam trabalho para casa. Nenhum dos participantes disse ficar ansioso pelo próximo dia de trabalho.

Gráfico 8 - O que costuma fazer nos dias de folga? Total da amostra: 16

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Fonte: Elaborado pelos autores

A autoavaliação sobre a saúde física e psicológica foi o questionamento feito na oitava variável. A maioria dos participantes, 38%, disseram não possuir nenhum problema de saúde. Entre os demais 31% disseram apresentar desgaste, fadiga e cansaço físico. Também 31% identificaram desgaste, fadiga, cansaço físico e mental.

Gráfico 9 - Como considera sua saúde física e psicológica? Total da amostra: 16

Fonte: Elaborado pelos autores

Para análise do momento de atuação profissional, a variável 9 desejou indagar a respeito da disposição e motivação para o trabalho. A sugestão de resposta que apresentou ânimo na atuação correspondeu a 50% metade amostra. Outros 50% corresponderam aos que disseram que se sentem parcialmente animados. Portanto, nenhum dos participantes disse que trabalha sem ânimo e sem cumprir as tarefas profissionais.

Gráfico 10 - Como está sua disposição e motivação para o trabalho? Total da amostra: 16

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Fonte: Elaborado pelos autores

Faz-se relevante identificar a distribuição da atenção profissional para trabalhadores que atuam em dupla jornada. Para isso foi sugerida a variável de número 10. Os que procuram dividir o tempo de atuação específico para cada instituição corresponderam a 75%, maioria absoluta da amostra. Alguns afirmaram que desenvolvem suas atividades profissionais utilizando o horário em que precisariam se empenhar em outra instituição, o que representou 13%. Logo 12% dedicam mais atenção e disposição à instituição à qual se identificam mais.

Gráfico 11 - Na conciliação dos trabalhos simultâneos tende a dar mais atenção e disposição

a uma instituição específica dentre as quais atua profissionalmente?

Total da amostra: 16

Fonte: Elaborado pelos autores

Considerando que as metas que gestores esperam dos profissionais podem ser fatores influentes para a geração do estresse, a variável 11 levantou um questionamento em relação a este aspecto. A exigência dos gestores está dentro do esperado para 62% dos docentes. Consideram nível de exigência razoável 25%; 13% restantes disseram existir exagero nas cobranças dos gestores.

Gráfico 12 - Como considera o nível de exigências e cobranças por parte dos gestores? Total da amostra: 16

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Fonte: Elaborado pelos autores

Para a administração do tempo de trabalho com as pausas de descanso durante o expediente, a variável 12 indaga os participantes se conseguem cumprir com essas interrupções. Mais de 40% (44%) revelaram que conseguem cumprir com seus horários de intervalo. Também foram 44% os que o fazem parcialmente. Os que não procuram dar pausas nos intervalos correspondem a 12% em relação ao total da amostra.

Gráfico 13 - Consegue fazer seu horário de almoço e intervalos? Total da amostra: 16

Fonte: Elaborado pelos autores

Devido ao possível acúmulo de trabalho os profissionais podem ser acometidos por alguns tipos de perda. Para descobrir se essas perdas atingem ao grupo de docentes escolhido, a variável 13 questiona suas percepções. A maioria dos participantes, 38%, escolheu a opção NDA. Não há prejuízo pelo acúmulo de trabalho para 37%. Perceberam a má qualidade de atuação em sala de aula, indisposição e intolerância 19%. Por fim 6% revelam ter atraso para chegar ao local de trabalho, bem como no cumprimento dos prazos e faltas por cansaço ou doença.

Gráfico 14 - Quais as perdas que percebe em seu desempenho por ter muita atividade

acumulada?

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Fonte: Elaborado pelos autores

Contudo, essa mesma variável permitiu aos docentes que escolheram NDA uma resposta sobre motivos pessoais. Tais respostas que se apresentam no gráfico expressam perda por protelar, 20%; perda pessoal por cansaço, 20%; poucos atrasos e faltas por participação em eventos, não por doença, 20%; prejuízo pelo acúmulo que não acarreta em perda de desempenho, 20%.

Gráfico 15 - Se você escolheu a opção NDA na pergunta anterior, responda. Qual a perda de

desempenho?

Total das amostras: 16

Fonte: Elaborado pelos autores

Como uma sugestão para melhora de desempenho profissional, a variável 14 pode ressaltar pontos relevantes para os docentes como forma de reflexão e para propostas de decisões a serem tomadas pelos gestores de IES. A maior parcela dos docentes, 44%, disseram que atuar em apenas uma IES ou somente dar aulas poderia ajudar a melhorar seu desempenho profissional. Ter mais tempo para o preparo das aulas foi a escolha de 31% do

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total da amostra. A possibilidade de atuar mais em sala de aula e menos em trabalhos burocráticos acadêmicos foi a escolha de 25%.

Gráfico 16 - O que acha que poderia contribuir para melhorar seu desempenho profissional? Total da amostra: 16

Fonte: Elaborado pelos autores

A variável de número 15 propõe uma possibilidade de escolha dos docentes na sua atuação profissional. Os que prefeririam atuar em apenas uma instituição foram 44%. De igual modo, também 44%, disseram que a atuação em mais de uma organização concede experiência para a atuação docente. Por fim 12% preferem atuar em mais de uma organização pela segurança financeira que isso pode trazer.

Gráfico 17 - Se pudesse escolher, atuaria em apenas um lugar? Total da amostra: 16

Fonte: Elaborado pelos autores

6. Considerações Finais

A possibilidade de flexibilização de trabalho vivida pelos docentes de Ensino Superior, a liberdade de escolha pela disciplina que prefere lecionar, a conciliação de várias atividades profissionais e pessoais oferecem, muitas vezes, um leque de oportunidades financeiras e experiências de trabalho.

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Acompanhadas de oportunidades de trabalho em organizações e em Instituições de Ensino Superior, estão as cobranças dos gestores, dos discentes, dos próprios docentes constituintes da amostra pesquisada, devido à concorrência do mercado de trabalho e de uma constante atualização e profissionalização.

Com a análise objetivada no artigo, o estudo das tendências ao estresse dos docentes revela que, ainda que a dupla jornada de trabalho seja mais exigente quando comparada à carga horária mais comum nas empresas e instituições, a escolha desses profissionais pela dupla jornada não se dá apenas por uma justificativa.

A partir da pesquisa feita os resultados apontam várias possibilidades de escolha de atuação; algumas dessas escolhas se dão pelo fator financeiro, como possibilidade de maior rendimento; outras revelam que os docentes optam pela atuação em mais ambientes organizacionais, prioritariamente para aperfeiçoar seu desenvolvimento profissional.

Os docentes participantes responderam à problemática proposta quanto às tendências ao estresse para os que atuam em dupla jornada. A amostra demonstrou haver certo prejuízo no desempenho de sua atuação. Alguns docentes pesquisados expressam insatisfação quanto ao desejo que têm de se empenhar mais em sala de aula, no preparo das atividades para os alunos entre outras atribuições, embora a maioria relate que consegue desempenhar bem as atividades e cumprir o tempo de dedicação ao trabalho. Porém, sendo o estresse um conjunto de desgastes emocionais que, muitas vezes, não é percebido pelas pessoas atingidas, especialmente pelos silenciosos fatores estressores, salienta-se que tanto o profissional docente quanto a gestão da IES devem estar atentos aos sinais indicadores, a fim de evitar problemas posteriores.

Sugere-se como continuidade de pesquisa a relevante participação das Instituições de Ensino Superior na tarefa de análise e proposição de melhores condições aos docentes para que se sintam mais preparados para a atuação, especialmente em sala de aula na relação com os alunos, minimizando tendência de causas do estresse organizacional.

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