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Eixo Temático – Ciências Biológicas e sustentabilidade – sala nº 25 (ARTIGO)

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XII ERIC – (ISSN 1808-6004)

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XII ERIC – (ISSN 1808-6004) TRÊS NOTAS EM RELAÇÃO AO SETOR SUCROENERGÉTICO PARANAENSE,

TENDO COMO REFERÊNCIA O PLANO NACIONAL DE AGROENERGIA. Juliana Cristina Teixeira Domingues (Unespar/Apucarana, julianadomingues77@gmail.com) Roberto José de Brito Neto (Unespar/Apucarana, betorjbn@hotmail.com)

Apresentação: Comunicação Oral 1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste pesquisa é entender como funciona o setor sucroenergético paranaense e analisar os resultados obtidos por este no quinquênio 2006/2011, estabelecidos pelo Plano Nacional de Agroenergia-PNA, considerando que hodiernamente o Paraná está entre os primeiros colocados no país, com uma produção anual de aproximadamente 37 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, cultivadas em uma área de 610 mil hectares, ocupando o quarto lugar, entre os Estados brasileiros. Tendo com expectativas que o Estado produza 1,5 bilhão de litros de etanol e 3 milhões de toneladas de açúcar, gerando uma receita de mais de R$ 1,6 bilhão ao ano (CREA-PR1, 2014).

Dentro desta conjuntura vários temas emergem em torno da Industria Canavieira, gerando debates sobre questões ambientais, segurança alimentar, consolidação de grandes latifúndios, diminuição de poluição e, sobretudo, a busca de alternativas energéticas que possam substituir fontes de energia não renováveis, detém a atenção no mundo científico (DOMINGUES, 2014).

Para alcançar tal objetivo, além desta parte introdutória, o trabalho foi dividido em outras quatro partes, denominadas: Um breve histórico do Setor Agrícola Brasileiro o Setor Sucroenergético brasileiro: o sucesso do programa nacional de álcool- PROÁLCOOL, a mundialização do Setor Sucroenergético e o Plano Nacional de Agroenergia e resultados. Como apresentado a seguir.

2. UM BREVE HISTÓRICO DO SETOR AGRÍCOLA BRASILEIRO.

O Brasil é conhecido mundialmente como um dos principais celeiros mundiais, sendo o segundo produtor mundial de grãos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos (BRASIL, 2011). De acordo com a CONAB2 o país pode chegar a produzir 202,4 milhões de toneladas de grão na safra de 2015/2016 (CONAB, 2016.), além de liderar o ranking de exportação mundial de carne bovina e de frango (BRASIL, 2016). Tornando-o, nesta conjuntura, um dos

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Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná. 2 Companhia Nacional de Abastecimento.

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principais países exportadores em âmbito mundial, abastecendo quase 200 (duzentos) países com produtos genuinamente agrícolas (NAVARRO, 2010).

Embora esses números impressionem, a riqueza produzida pelo setor está longe de proporcionar internamente uma distribuição de renda. Pelo contrário, cada vez mais verifica-se a preverifica-sença do grande capital nas lavouras brasileiras. Ideia essa que não é recente, já que, paralelamente, desde o período colonial nota-se a presença da Companhia das Índias Ocidentais3, constatando a importância do setor agrícola nacional, para as multinacionais, desde os primórdios de sua história (ALBANO; SÁ, 2011).

Em alguns textos escritos por Mueller (2010:1983), Lopes e Lopes (2010), Delgado (2005) e Belik e Paulilo (2001) fica nítido o caráter discriminatória e exploratório que o setor agrícola presenciou entorno de sua história, usado em prol da manutenção do capitalismo, e visto como suporte de crescimento a outros nichos econômicos, como por exemplo o crescimento urbano-industrial, ocorrido no período ditatorial, sob a égide da modernização conservadora e as propostas da Revolução Verde.

Há reflexo de seu histórico, na contemporaneidade, a agricultura brasileira presencia uma exploração maciça e agressiva, causada pelas políticas neoliberais através da mundialização da economia. Tal fato é exposto pela fixação de inúmeras empresas multinacionais em solo brasileiro e pela transformação de várias empresas nacionais em internacionais, sem contar com o processo que transforma produtos como soja, milho, trigo, arroz, algodão, cacau, café, açúcar, suco de laranja, farelo e óleo de soja, álcool, entre outros, em commodities4 comercializados em bolsas de valores ( DOMINGUES, 2014).

Diante de tantas transformações, em detrimento aos pequenos produtores, a agricultura familiar, ao desenvolvimento social, a reforma agrária, à própria natureza, a regulação do setor agrícola passa do Estado para o mercado, fazendo com que as necessidades deste fique ligado as necessidades externas, ou seja, as mesmas do sistema capitalista. E ao Estado sobra apenas garantir a manutenção do status quo do setor através de planos, programas e projetos,

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A Companhia das Índias Ocidentais foi uma empresa multinacional de capital misto, que já no século XVII atuava no Brasil na região do Nordeste, na época da invasão holandesa. Estas empresa tinham com o objetivo comprar matéria prima da colônia, ajudando a manter o crescimento do capitalismo europeu (DOMINGUES, 2014, P. 59).

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Determinado bem ou produto de origem primária comercializado nas bolsas de mercadorias e valores de todo o mundo, possui um grande valor comercial e estratégico. Geralmente, trata-se de recursos minerais, vegetais ou agrícolas. Esses produtos, em grande parte, influenciam o comportamento de determinados setores econômicos ou até da economia como um todo (PENA, 2008, S/P).

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como por exemplo, o Plano Nacional de Agroenergia-PNA, que será uma das bases desta pesquisa (DOMINGUES, 2014).

3. O SETOR SUCROENERGÉTICO BRASILEIRO: O SUCESSO DO PROGRAMA NACIONAL DE ÁLCOOL- PROÁLCOOL.

A cana-de-açúcar foi introduzida no Brasil na primeira metade do século XVI, dando sustentação ao período colonial, transformando-se em uma das principais culturas da economia brasileira (VIEIRA, et al. 2007). Atualmente o País se encontra no topo da produção de cana, conquistando também o primeiro lugar em produção mundial de açúcar e etanol (MAPA, 2016). Em especial a produção de etanol ou álcool a partir da biomassa de cana-de- açúcar, vem chamando a atenção mundialmente pela sua alta competitividade técnica e econômica (DOMINGUES, 2014).

Todavia, a grande expansão do setor sucroenergético se deve pela criação do Programa Nacional de Álcool -PROÁLCOOL, criado estrategicamente, em 1975, pelo governo federal para suprir os problemas econômicos provenientes da grande crise do petróleo, o Proálcool tinha como finalidade substituir fontes de energia petrolíferas pelo uso de álcool. Estruturado para a realização de concessões e subsídios fiscais, que favoreciam tanto as industrias quanto a agricultura relacionadas ao setor5 (MOREIRA e TARGINO, 2009). O programa foi basicamente dividido em duas fases distintas, a primeira fase refere-se ao álcool anidro, ou seja, tinha como objetivo a mistura deste com gasolina; a segunda, por sua vez, era relacionada ao álcool hidratado, e tinha como alvo produzir uma frota de veículos movidos somente a álcool (PACZYK, 2009).

O impacto exercido pelo programa foi significativo, a ponto de expandir a produção de álcool anidro e hidratado, chegando na década de 80, a produzir 12 bilhões de litros, fixando a comercialização de carros movidos a álcool em quase 90% (PNA, 2006), propiciando uma frota de quase 4,5 milhões de carros, além do aumentando considerável de áreas cultivadas de cana-de-açúcar, e a introdução da culturas em novas regiões, como por exemplo o Paraná (VIEIRA, et al. 2007).

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3.1. O Setor Sucroenergético Paranaense

Os primeiros registros de empresas canavieiras e produção de cana-de-açúcar em escala industrial no Estado do Paraná, mais precisamente ao norte paranaense, remontam a década de 1940 (IPARDES6, 1983). Todavia sua expressividade no cenário nacional era quase nula, e a representatividade dentro da economia estadual era de 0,55%, resultados estes transformados a partir do PROÁLCOOL.

O Estado que noutros tempos era cafeeiro, passa a ter a introdução de novas culturas, como a cana-de-açúcar, após a geada negra7 de 1975, que ampliou o espaço para novos plantios (PACZYK, 2009). Após tal fenômeno climática a economia paranaense se alterar drasticamente, tomando novos rumos. Junto ao Proálcool, o Plano de Desenvolvimento do Estado do Paraná-PLADEP orquestrado pelo governo de Ney Braga, ajudava a desenvolver a indústria canavieira paranaense.

No período compreendido pelas safras 77/78 a 81/82 ocorrem importantes alterações na agroindústria de cana-de-açúcar no Paraná. Nessa época inicia-se o processo de instalação das destilarias autônomas financiadas pelo Programa Nacional do Álcool, além da modernização e ampliação das destilarias anexas às usinas tradicionais (IPARDES, 1983, P. 51).

De quase nula a representatividade do Estado do Paraná dentro do setor sucroenergético, passa a conhece um crescimento impressionante, chegando a conquistar o segundo lugar de produção nacional, perdendo apenas para São Paulo.

Entre as regiões que mais detinham investimentos relacionados ao setor, eram a região Noroeste e Norte, posto que as indústrias se instalaram nas regiões onde estavam mas próximas ao cultivo de cana, o que facilitava o escoamento e barateava custos. Sem contar que esta região já era a pioneira no plantio de cana e no que se tratava de industrias canavieiras. Em 1979, com o segundo choque do petróleo, houve um grande aumento da demanda da nova alternativa energética, consolidando toda a produção do setor sucroenergético paranaense (VIEIRA, et al.2007). Atualmente o Estado do Paraná possui 30

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Instituto Paranaenses de Desenvolvimento Econômico e Social. 7

O prejuízo chegava a 600 milhões de cruzeiros, na época esse valor equivalia a 75 milhões de dólares. Estima-se que 850 milhões de pés de café foram queimados. (ANTONELLI, 2015)

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unidades produtoras de açúcar e álcool, com impacto econômico sobre 142 municípios (ALCOPAR8).

4. A MUNDIALIZAÇÃO DO SETOR SUCROENERGÉTICO E O PLANO NACIONAL DE AGROENÉRGIA.

Mesmo mediante deste histórico de sucesso, na década de 90, sob os novos parâmetros estruturais impostos ao Brasil, assim como em todos os setores agrícolas o setor sucroenergético sofre mudanças significativas e perante todas as transformações que o país presenciava, tendo como metas a minimização de um Estado intervencionista, o setor primário brasileiro presencia o hasteamento da bandeira da liberdade comercial (ALBANO e COSTA, 2005).

O aumento da frota e produção da indústria automobilística, causada por estas transformações político-econômicas, fez com que a demanda de álcool aumentasse, fragilizada a indústria canavieira não consegue suprir a oferta interna, sendo assim, a produção de álcool perde sua credibilidade perante ao consumidor (DOMINGUES, 2014).

Para os consumidores ainda era mais atrativo não comprar carros movidos a gasolina devido aos preços menores resultantes da redução dos impostos. Mas os produtores recebiam menos pelos seus produtos, o que desestimulava o plantio de novas áreas da cana-de-açúcar e a sua transformação em combustível (PACZYK, 2009, P. 3).

Diante disto, pressionado pelos mecanismos internacionais e pela baixa lucratividade do setor sucroenergético o Estado brasileiro rompe toda a forma de regulação com as indústrias canavieiras, deixando-as sob a regulação do mercado. Perante os novos moldes capitalistas, a indústria canavieira, volta a crescer e adentra o novo milênio, em um grande momento expansivo (OLIVEIRA, 2012).

Além da substituição do petróleo por uma fonte renovável, o agravamento dos conflitos no oriente médio9 e as especulações financeiras em torno dos commodities agrícolas, o setor sucroenergético brasileiro que já tinha uma grande experiência de quatro décadas, um grande território para expansão e mão-de-obra abundante, foi estimulado pelo baixo custo de

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Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do estado do Paraná.

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produção e pelas exigências internacionais relacionadas aos setores ambientais, ligados ao protocolo de Quioto10 a ser um dos novo filões financeiros do mercado capitalista.

Perante o bom momento setorial, o Brasil vislumbra na Indústria canavieira, um potencial de desenvolvimento econômico, e novamente, a exemplo do PROALCOOL, firma parceria com a o setor sucroenergético e automobilístico, aumentando novamente a adição de álcool anidro na gasolina, e criando uma nova versão de carros movidos a álcool, com a tecnologia flex fuel11 (DOMINGUES, 2014).

Dentro desta conjuntura, uma gama de fatores com: o crescimento apresentado pelo setor, os interesses econômicos envoltos a indústria canavieira, juntamente com os vários produtos oferecidos por esta12, e o álcool combustível, favorecem a criação em 2005, do Plano Nacional de Agroenergia-PNA (referente ao quinquênio de 2006-2011) que presou pela criação de bioenergia em quatro vertentes sendo estas: etanol e cogeração de energia provenientes da cana-de-açúcar (referente ao setor sucroenergético); biodiesel de fontes lipídicas; biomassa florestal e resíduos e dejetos agropecuários e agroindústrias (PNA, 2006). Este plano tratava-se de múltiplas estratégias pautadas na missão de promover o desenvolvimento sustentável e a competitividade do setor em beneficio a sociedade brasileira, dando suporte as políticas públicas voltadas a inclusão social. Perante seu caráter consolidado, o setor reuni características que qualificam-no a liderar, mundialmente, a agricultura de energia e o mercado de biocombustível, favorecendo um grande crescimento econômico ao Brasil (PNA, 2006).

Os objetivos apresentados neste plano são: assegurar o aumento da participação de energia renováveis no balanço Energético Nacional-BEN; garantir a interiorização e a regionalização do desenvolvimento, baseados na expansão agrícola de energia; expandir as oportunidades de emprego ligadas ao setor, inclusive ligado aos pequenos produtores; ajudar no comprimento do compromisso brasileiro perante ao Protocolo de Quioto e criar mecanismos para aumentar o mercado interno de biocombustível, garantindo a liderança setorial do Brasil. Todavia, com

10

Este protocolo tem como finalidade, dar ênfase na obrigatoriedade dos países, em reduzir os índices de emissão de CO2 na atmosfera (DOMINGUES, 2014, P .42).

11

A tecnologia flex fuel caracteriza-se por inserir a flexibilização de abastecer com duas formas de combustível, possibilitando três formas de uso, apenas a gasolina, apenas a álcool ou a mistura do mesmo (DOMINGUES, 2014, p. 45).

12 No início do novo milênio, o setor sucroenergético, caracterizou-se pelo salto de qualidade em relação a gama de produtos oferecidos pela indústria canavieira, além da produção, já consolidada, de açúcar e álcool, outros produtos como: bioplástico a partir de química fina, resinas especiais, embalagens, querosene para a aviação e bioeletrecidade através do bagaço da cana-de-açúcar, deram grande destaque ao setor nacional (DOMINGUES, 2014, P. 45).

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atuações conectadas ao meio ambiente, a economia e ao desenvolvimento social, além de ações que alavanquem a substituição de fontes fosseis, por fontes ligadas a agricultura de energia (PNA, 2006).

Contudo as críticas relacionadas a este plano, são rígidas, Carvalho e Marin (2008), por exemplo, elucidam:

Nesse programa são apresentadas e problematizadas as questões que justificam a retomada dessa política pelo Estado. As justificativas para a produção de biocombustível estão relacionadas ao ideário do tão propalado “desenvolvimento sustentável”, utilizado para camuflar seus reais objetivos e, com isso, receber a aprovação da sociedade ao programa (CARVALHO e MARIN, 2008, S/P).

Domingues (2014), deixa sua contribuição, dizendo:

[...] torna-se evidente a opção do Estado brasileiro com relação aos rumos que a política agrícola nacional vem assumindo na manutenção dos modos de produção do capitalismo contemporâneo, fundamentados especialmente na mundialização do capital e commodities agrícolas (mercadorias primárias para a industrialização) em detrimento à agricultura familiar, ao agravamento da questão agrária e aos problemas relacionados ao assalariamento do trabalhador rural. Esse posicionamento político perante o grande capital é um fenômeno histórico, principalmente com relação à agricultura, a qual sempre foi responsável por manter o equilíbrio na balança comercial nacional. Neste contexto, alguns setores agrícolas tornam-se cruciais para a manutenção desse status quo, como é o caso do Setor Sucroenergético (DOMINGUES, 2014, P. 46-47).

Sem contar com todos os questionamentos em torno da expansão das lavouras agroenergéticas, que podem chegar a afetar outros tipos de culturas que são relacionadas à segurança alimentar do país, além do caráter especulativo que o capital exerce sob o setor, deixando límpidas as reais necessidades em expandir o setor sucroenergético por meio do PNA, que não necessariamente são ligadas aos objetivos expostos pelo plano (OLIVEIRA, 2012).

5. RESULTADOS

Neste contexto, o problema central desta pesquisa se apresenta nos seguintes questionamentos: Quais os resultados obtidos no Estado do Paraná ao terminado do

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quinquênio 2006-2011 estabelecidos pelo Plano Nacional de Agroenergia, referentes: a participação do Setor Sucroenergético no Balanço Energético do Paraná; os indicadores sociais em relação ao mercado de trabalho sucroenergético e o Índice de Desenvolvimento social e humano Paranaense relacionado ao setor?

Antes de explicitar os resultados cabe elucidar quais foram as ferramentas usadas para orientaram a pesquisa até a obtenção dos resultados finais:

 No que se refere a participação do setor sucroenergético no Balanço energético,

utilizou-se do Balanço Energético do Paraná, disponível no endereço eletrônico: http://www.copel.com/hpcopel/root/nivel2.jsp?endereco=%2Fhpcopel%2Froot%2Fpagco

pel2.nsf%2Fdocs%2FC824D47B05308F650325740C00438020, este material apresenta um histórico de produção de energia primaria e oferta interna de energia, com um recorte temporal dos anos de 1980, 1990, 2000, 2006, 2007, 2008 e 2009.

 Com relação aos indicadores sociais em relação ao mercado de trabalho sucroenergético, foram utilizadas pesquisas em documentos relacionados ao Código Nacional de Atividades Econômicas-CNAE, nas categorias estabelecidas pelo Ministério de Trabalho e Emprego –MTE, referentes ao setor sucroenergético, disponível em: http://portal.mte.gov.br/portal-pdet, sendo estas: Classe 01139 – Cultivo de cana-de-açúcar; Classe 15610 – Usinas de Açúcar; Classe 15628 – Refino e Moagem de Açúcar; Classe 23400 – Produção de Álcool, em âmbito estadual;

 E por último, os Índice de Desenvolvimento Social e Humano Paranaense relacionado ao setor, sendo utilizados os documentos referentes ao Índice de Desenvolvimento Humano Médio -IDHM, em uma série histórica dos anos de 1991, 2000 e 2010, disponível em: http://www.pnud.org.br/IDH/DH.aspx?indiceAccordion=0&li=li_DHHome;

5.1. Primeira Nota: Participação do Setor Sucroenergético no Balanço Energético do Paraná.

O objetivo deste tópico é apresentar os resultados referentes aos índices de participação da biomassa de cana-de-açúcar, no balanço energético paranaense, como um dos objetivos centrais do PNA. De acordo com o plano, o etanol, assim como as outras três vertentes, seriam estimuladas a crescer gradativamente, objetivando a diminuição da utilização de fontes de energia não renováveis, como por exemplo o petróleo (PNA, 2006).

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Para obtenção do resultado, foram realizado pesquisas dentro do banco de dados da Companhia Paranaense de Energia-COPEL, e colhido informações no Balanço Energético do Paraná, correspondentes aos anos de: 1980, 1990, 2000, 2006, 2007, 2008 e 2009. O objetivo primeiro da pesquisa seria analisar todo o período do quinquênio do plano, referente a 2006 a 2011, porem a COPEL dispõem apenas dos balanços até o ano base de 200913.

Sendo assim, os dados obtido a partir deste recorte temporal, concluiu que realmente existiu um crescimento da participação de energia renováveis referentes ao setor sucroenergético. Porem este crescimento não pode ser considerado significativo a ponto de diminuir mesmo que gradativamente a utilização de outras fontes de energia não renováveis. Se analisado a oferta interna do Estado, nota-se que, na realidade o crescimento foi referente a demanda do produto, o que alavancou a produção. Deixando claro que a produção ocorreu em função ao mercado interno do Estado, ou seja, pela lei da oferta e da procura.

Pode se dizer que a falta de crescimento suficiente para suprir a demanda do PNA, está relacionada a uma série de motivos, que não foram levados em conta na hora da elaboração do plano entre eles destaca-se os problemas climáticos, que podem afetar a produção gerando um choque entre os produtos derivados da cana-de-açúcar, e a crise econômica mundial, que leva na retração de investimentos por parte do Estado no setor sucroenergético (DOMINGUES, 2014).

Como resultado final, verificou-se que o setor não está avançando em relação ao objetivo proposto pelo PNA, assegurando o aumento da participação de energias renováveis no Balanço energético.

5.2. Segunda Nota: Indicativos de mercado de trabalho sucroenergético

O objetivo deste tópico é apresentar os resultados que indicam a oferta de postos de trabalho referentes ao setor canavieiro paranaense, tendo como analise o crescimento deste no quinquênio referente ao PNA. O plano tem como uns de seus objetivos expandir as oportunidades de emprego ligadas ao setor, inclusive no que se refere ao aumento de oportunidades de trabalho aos pequenos produtores (PNA, 2006).

13 Quando contatada, a Companhia Paranaense de Energia-COPEL, respondeu que o balanço energético foi descontinuado em 2010.

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A partir deste propósito, para chegar ao resultado final a pesquisa usou de ferramentas oferecidas pelo Ministério de Trabalho e Emprego-MTE por meio do Programa de Disseminação de Estatísticas do Trabalho-PDET, onde através do Código Nacional de Atividades Econômicas-CNAE, foi possibilitado o acesso a informações referentes as categorias relacionadas ao setor sucroenergético, entre elas: Classe 01139 – Cultivo de cana-de-açúcar; Classe 15610 – Usinas de Açúcar; Classe 15628 – Refino e Moagem de Açúcar; Classe 23400 – Produção de Álcool, com um recorte temporal de 1994 a 2014. A contribuição destas ferramentas possibilitou na obtenção dos resultados descritos abaixo.

Se observado o número total de empregos gerados pelo setor sucroenergético, nota-se que o plano foi bem sucedido. Dentro da linha temporal estudada na pesquisa, os empregos cresceram consideravelmente no quinquênio do PNA.

Gráfico 1: Número total de Empregos relacionados ao setor Sucroenergético.

Fonte: Programa de Disseminação de Estatísticas do Trabalho-PDET.

Porem se analisado pormenor as categorias, percebe-se que em detrimento de algumas, outras categorias cresceram muito mais, demostrando um caráter não linear de crescimento de empregos relacionados ao setor canavieiro paranaense.

0 20.000 40.000 60.000 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 -

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Gráfico 2: Números de empregos gerados no setor sucroenergético paranaense, por categoria.

Fonte: Programa de Disseminação de Estatísticas do Trabalho-PDET.

Como mostra o gráfico 1, existe um crescimento em três das quatro categorias estudadas, referentes a transição do ano de 2005 ao de 2006 que é o primeiro ano correspondente ao PNA, sendo: Cultivo de cana-de-açúcar, Usinas de Açúcar e Produção de Álcool. Não há crescimento considerável na categoria Refino e Moagem de Açúcar, pelo contrário, em todo o quinquênio referenciado no plano, ao invés de crescer esta categoria perde cada vez mais postos de trabalho.

Nos anos seguintes, mas especifico após o ano de 2008, a um decline em duas categorias, Cultivo de cana-de-açúcar e Produção de Álcool, as quais junto a Refino e Moagem de Açúcar perdem campo de emprego gradativamente até o fim do plano em 2011.

Já a categoria Usina de Açúcar, cresce em todo o quinquênio estipulado, apenas tem um queda no ano de 2008, porem volta a crescer até o último ano do plano.

Sendo assim, nota-se que apenas existiu crescimento real em uma da categorias estudas, em detrimento as outras três. Todavia de acordo com um dos objetivos do plano, “Criar oportunidades de expansão de emprego e de geração de renda no âmbito do agronegócio, com mais participação dos pequenos produtores” (PNA, 2006, P.8), percebesse que não houve êxito nesta especificidade.

Domingues et al. (2016) expõem em seus estudos sobre o setor que:

Caso ocorra algum crescimento[...]estaria vinculado ao trabalho qualificado e não agrícola no qual se insere o produtor rural. Isso 0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Empregos gerados no setor Sucroenergético paranaense

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porque as mudanças ocorridas nas últimas décadas com relação ao processo de colheita de cana-de-açúcar, está substituindo a colheita manual pela mecânica. Sendo assim, há maior tendência de ocorrer aumento apenas no postos de trabalho especializados, havendo uma forte diminuição nos de referência agrícola (DOMINGUES, et al., 2016, S/P).

5.3. Terceira Nota: Os Índice de Desenvolvimento Social e Humano Paranaense relacionado ao Setor Sucroenergético.

Este último tópico tem como finalidade, analisar o desenvolvimento humano nas regiões onde estão presentes industrias sucroenergéticas, observando se houve resultados referentes ao caráter esboçado no PNA, sobre a inclusão social. Faz-se necessário dizer que a ferramenta usada para analisar tal inclusão, está relacionada ao Índice de Desenvolvimento Humano Médio-IDHM, estabelecido pela média de três categorias que são: Renda, Longevidade e Educação, de cada região analisada. Este instrumental está disponível através do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento-PNUD. Foram utilizados os rankings municipais de 3 décadas, 1991, 2000 e 2010.

Antes de elucidar os resultados é importante frisar quais as regiões onde a indústria canavieira está instalada, juntamente com as maiores regiões produtoras de cana-de-açúcar, para termos clareza do seu desenvolvimento, sendo estas as mesorregiões: Noroeste, Norte Central, Norte Pioneiro e Centro Ocidental e a maior incidência de plantio de cana-de-açúcar está dentro deste mesmo cerco geográfico (ADAPAR14).

Os resultados foram obtidos através dos IDHM, das regiões, mas específicos das cidades onde o setor sucroenergético está consolidado, contrapostos com os índices de desenvolvimento, de cidades com o mesmo porte, onde não existe indústria canavieira, e onde os identificadores de plantio de cana-de-açúcar são quase nulos. Segue uma tabela comparativa de 5 (cinco) das 30 (trinta) cidades estudadas.

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Tabela 3: Tabela comparativa de crescimento de IDMH. Municípios N° de Habitantes em 2010 Presença do setor Sucroenergético Área colhida de cana-de-açúcar/Hec. Crescimento de IDHM entre 2000/2010

São Pedro do Ivaí 10.167 Sim 8.659 0,83

Itaipulândia 9.026 Não 106 0,105

Jandaia do sul 20.269 Sim 2.703 0,87

Tibagi 19.344 Não 0 0,142

Marialva 31.959 Sim 4.200 0,88

Pinhão 30.208 Não 2 0,128

Cornélio Procópio 46.928 Sim 2.600 0,70

São Mateus do sul 41.257 Não 0 0,120

Rolândia 57.862 Sim 2.387 0,80

Irati 56.207 Não 0 0,109

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE e Programa das Nações Unidas para

Desenvolvimento- PNUD

Quando contrapostas, nenhuma das 30 (trinta) cidades sedes do setor sucroenergético, tiveram desempenho sequer igual aos das cidades onde não existe empresas canavieiras. As cidades onde o setor é quase nulo, tiveram índices de crescimento de IDMH, maiores dentro dos anos referentes ao quinquênio estipulado pelo plano. Ou seja, o crescimento do IDMH das cidades paranaenses não está ligado ao setor sucroenergético. Deixando nítido que está última nota, assim como as duas anteriores teve resultados negativos, se rebatidos aos objetivos centrais do Plano nacional de Agroenergia-PNA.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa deixa claro o real interesse do sistema capitalista sobe o setor sucroenergético brasileiro, colocando em cheque a criação do PNA, e expondo o real proposito deste. Os resultados negativos expostos nesta pesquisa refletem o verdadeiro papel do Estado brasileiro, sendo peça chave na manutenção do sistema econômico atual.

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Mostrando um paralelo exploratório entorno do setor sucroenergético, exatamente igual ao processo que o setor agrícola nacional vem sofrendo, desde os primórdios de sua história.

7. REFERÊNCIAS

ALBANO, G. P. e COSTA, A. A. Globalização da Agricultura: a atuação das

multinacionais no Campo Brasileiro. In: X Encontro de Geógrafos da América Latina, 2005, São Paulo, Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina, São Paulo: Universidade de São Paulo, 2005. P. 276- 297. Disponível em:

<http://observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal10/Geografiasocioeconomica/Geogra fiaagricola/01.pdf>. Acesso em: 02, Junho, 2016, 16:00.

ALBANO, G. P. e SÁ, A. J. Globalização da Agricultura: Multinacionais no Campo Brasileiro, 2011. Disponível em:

<Http://www.revista.ufpe.br/revistageografia/index.php/revista/article/viewFile/459/335>. Acesso em: 03, Junho, 2016, 17:10.

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XII ERIC – (ISSN 1808-6004) FEZES E POLUIÇÃO

OS ANIMAIS DOMÉSTICOS E A CIDADE

Autor: Aparicío Lopes Junior Universidade Estadual de Londrina – PR e-mail: lopesjr@uel.br Orientador: José Henrique Rollo Gonçalves Universidade Estadual de Maringá – PR e-mail: zrollo@uol.com.br

Categoria de apresentação: Comunicação Oral

De acordo com a FastCoExist, nos Estados Unidos os cães produzem cerca de 10 milhões de toneladas de detritos a cada ano, e a maior parte de resíduo vai para aterros sanitários, onde produzem metano, um gás do efeito estufa, que vai para atmosfera. Os resíduos do cão também poluem as bacias hidrográficas. Em Seattle, cerca de 20 por cento das bactérias encontradas nas águas locais provinham de fezes de cães. (MÁQUINA..., 2016).

Segundo van der Wel (1995), um grama de fezes caninas contém 23 milhões de bactérias coliformes fecais, quase o dobro das existentes nas fezes humanas.

Existe, no Brasil, uma gama muito grande de animais de estimação (Fig. 1). No entanto, os cães e os gatos são, geralmente, os preferidos e são encontrados em quase todos os lares urbanos e rurais. Estudos comprovam que as duas espécies juntas podem transmitir cerca de 30 a 40 diferentes enfermidades de caráter zoonótico (WESTGARTH et al., 2007).

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Figura 1 - Animais domésticos

Fonte: www.cidadedaspatinhas.com. Acesso em 02/08/2015.

O aumento desenfreado do número desses animais de estimação, nos centros urbanos, especialmente cães e gatos que são espécies multíparas, bem como suas causas e consequências, não vem sendo acompanhado, com a devida atenção, pela população e nem mesmo pelo poder público, tendo em vista as recorrentes ações imediatistas desencadeadas somente quando um problema urbano toma proporções insustentáveis, como por exemplo: a expressiva quantidade de fezes de pombos depositadas na região central do município de Londrina-PR, que são lavadas, por agentes públicos, sem nenhum tipo de desinfecção prévia e despejadas “in natura” nas galerias pluviais. Aparentemente, os agentes públicos preferem combater e, se possível, resolver os problemas a preveni-los e evita-los, pois, ao agente público, o combate e a possível resolução de problemas dá mais visibilidade política do que a prevenção dos mesmos, buscando evita-los.

Partindo da verificação da lógica que determina/orienta a concentração territorial numérica aproximada, desses animais (DIAS et al., 2004), podemos fazer uma avaliação preliminar dos impactos ambientais decorrentes desse procedimento, principalmente no que se refere às águas superficiais, que concentram componentes da base da cadeia alimentar que podem se tornar agentes transmissores de doenças precursoras de mortandade de determinadas espécies da fauna e da flora, ocasionando desequilíbrios ambientais pontuais ou generalizados, podendo, ainda,

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trazer riscos à saúde humana, quando da ingestão dessa água em atividades de lazer ou do consumo do pescado proveniente desses locais.

O convívio diário (Fig. 2) leva o ser humano, na maioria das vezes, a atitudes cotidianas e a hábitos inadequados de manutenção desses animais de companhia, que tendem a antropomorfização do ser animal, passando o homem, inadvertidamente, a não mais observar e respeitar seu funcionamento biológico e fisiológico e a tomar atitudes, desprovidas do devido cuidado sanitário, que podem trazer prejuízos à saúde animal, à saúde pública e ao meio ambiente.

Figura 2 - Atitudes e hábitos inadequados

Fonte: http://www.voceligadoaqui.info/o-cao-o-melhor-amigo-do-homem/. Acesso em 08/08/2015

Situações como procriação descontrolada e abandono contribuem para o aumento de problemas de relacionamento entre as espécies, como por exemplo, ataques, mordeduras, arranhaduras, manejo inadequado de fezes e de carcaças, maus tratos, entre outros fatores que podem contribuir para disseminação de zoonoses e potenciais riscos ao meio ambiente e a saúde pública.

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A exemplo do que ocorre com os excrementos de origem humana, de acordo com Acha e Szyfres (2003), existem também, algumas doenças que os animais domésticos podem transmitir, principalmente por meio das fezes (Fig. 3).

Figura 3 - Excrementos de cão

Fonte: www.lobocao.com. Acesso em 08/08/2015

As fezes de animais domésticos, depositadas nas ruas ou descartadas junto de resíduos orgânicos, que são carregadas pelas águas das chuvas para as galerias pluviais e despejadas nos córregos e lagos da região central do município de Londrina-PR, são fontes potenciais de contaminação das águas superficiais, dessa região, por meio da disseminação de agentes patogênicos, existentes nessas fezes, nocivos ao meio ambiente e a saúde humana e animal.

É provável que com a modernização da rede de atendimento a saúde pública, exista hoje, nos centros urbanos, suporte para tratamento de doenças transmitidas por animais domésticos (Fig. 4), o que não impede que grande parte dos casos ainda possa ocorrer pela falta de conhecimento da população, acerca do modo e dos meios de transmissão dessas doenças e esse quadro precisa ser analisado e assistido com maior rigor.

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Figura 4 - Falta de conhecimento da população de possíveis meios de transmissão de zoonoses

Fonte: www.allgenius.com. Acesso em 08/08/2015

Ações que alertem e conscientizem principalmente os proprietários de animais sobre guarda responsável, manejo adequado de fezes e outros resíduos de origem animal e dos riscos de transmissão de zoonoses, são fundamentais para a prevenção e diminuição de problemas de saúde pública relacionados a essas causas. Entretanto, faz-se necessária uma rigorosa investigação prévia, para a propositura de qualquer processo educativo, que busque diagnosticar a situação da realidade local e o dimensionamento do problema.

O município de Londrina não é diferente de outras cidades brasileiras e passa, constantemente, pelas mesmas dificuldades de falta de orçamento e diversidade de

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recursos humanos com poder de decisão (o primeiro e segundo escalão das prefeituras são totalmente alterados de quatro em quatro anos), fatores necessários ao bom andamento das atividades de gestão ambiental e político-administrativa, sem os quais todo planejamento de uma gestão fica inutilizado ou imobilizado na seguinte. Assim, as prioridades são definidas e planejadas levando-se em conta valores e opiniões divergentes e diferentes que, na maioria das vezes, dão preferência à aplicação e desenvolvimento de especificidades cotidianas sem a devida atenção às questões ambientais e de saúde pública existentes, que não são objeto de cobrança por parte da população.

O crescimento populacional de animais domésticos na região metropolitana do município de Londrina - PR, a partir de 1980, constitui-se hoje em um problema de dimensão preocupante, quando, de acordo com estudo publicado em 2004, realizado em conjunto por membros da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura Municipal de São Paulo e Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura Municipal de Taboão da Serra, “Estimativa de populações canina e felina domiciliadas em zona urbana do Estado de São Paulo”, estabeleceu-se o número de um animal doméstico para cada cinco habitantes e de um animal abandonado para cada cento e cinquenta habitantes da zona urbana do Estado de São Paulo, para a população desses animais (DIAS et al., 2004). Assim, utilizando-se desses parâmetros, totalizamos, aproximadamente, 103.000 animais domésticos em Londrina-PR, cidade com cerca de quinhentos mil habitantes. De acordo com dados obtidos por meio de entrevistas realizadas com residentes e docentes do curso de medicina veterinária da Universidade Estadual de Londrina, a quantidade média de produção de excrementos desses animais, considerando-se a variedade de raças e portes, é de cerca de 250 gramas/dia por animal, multiplicando-se a produção diária, por animal, pelo total de animais, temos 32.500 kg/dia e por 30 dias chegamos a um total de 975.000 kg de fezes por mês. Esse número ainda pode ser incrementado pelos semoventes e pássaros urbanos (Fig. 5).

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Figura 5 - Calçada do Bosque Central em Londrina-PR

Fonte: RPCTV – www.noticiasparana.com. Acesso em 10/08/2015

O problema está especificamente na destinação final desse resíduo, o bolo fecal é depositado nos quintais das residências, nos pisos dos apartamentos ou nas ruas. Nos apartamentos são recolhidos e descartados como resíduo comum sendo encaminhados ao aterro sanitário, nas residências são lavados e vão para as galerias pluviais e despejados nos rios e lagos da cidade (Fig. 6), assim como os excrementos depositados nas ruas são levados pela água da chuva para o mesmo destino.

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Figura 6 - Nascente do Ribeirão Cambezinho que forma o Lago Igapó, com galeria pluvial ao fundo

Foto: Roberto Custódio

A hipótese deste trabalho é que a detecção de contaminação fecal, em fontes de água ou solo, pode ser configurada como sendo de origem animal, em locais livres de despejo ou descarte de excrementos de origem humana, essa contaminação pode ser verificada e comprovada por meio de exames específicos, que determinam a presença da bactéria Escherichia coli. A presença dessa bactéria indica a contaminação fecal e uma grande possibilidade da existência de organismos nocivos a saúde humana e animal e ao meio ambiente.

Nos dois bairros estudados, apesar do bom nível sócio econômico detectado, os entrevistados apresentaram um grau de conhecimento, que podemos considerar baixo, quanto a questões relevantes, inerentes ao manejo e descarte de fezes de animais domésticos de estimação, a impactos ambientais causados por esses

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dejetos, bem como àquelas que tratam de doenças transmitidas entre animais e entre animais e seres humanos, as zoonoses e suas várias formas de contágio.

Outro ponto que não deve passar despercebido é que o bom poder aquisitivo detectado em ambos deve influenciar nas atitudes de guarda responsável, como por exemplo, a procura aos serviços de assistência veterinária e vacinações, onde o médico veterinário pode e deve desenvolver um trabalho de orientação e de esclarecimento, a população, sobre temas que abordem possíveis métodos de prevenção que busquem evitar a transmissão de doenças, que orientem sobre manejo e descarte correto de fezes e de outros resíduos de origem animal e que ressaltem a importância de se praticar a guarda responsável, entre outros. Diante disso, faz-se necessário uma campanha de conscientização salientando a responsabilidade e o dever de ofício, desses profissionais, relativos à saúde pública.

É provável que a boa condição econômica encontrada nesses bairros também possa justificar o elevado índice de animal por habitante aferido em ambos, aproximadamente um animal para cada dois habitantes quando, de acordo com o 2º Senso Animal de Londrina, estatisticamente, o município possui 192 mil cães e 30.336 mil gatos,ou um cão para cada quatro pessoas, sendo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a proporção de um cão para cada sete pessoas (ROSA, 2016).

Ainda com relação ao grande número de animais encontrados nessa região da cidade, próxima ao lago Igapó, observamos que a quantidade média de excrementos produzidas por animal, calculada em cerca de 400 gramas por dia, deve alertar o poder público quanto a necessidade de elaboração e gestão de políticas públicas que tratem, especificamente, do manejo e do descarte correto desses dejetos, tendo em vista a imensa quantidade diária de excrementos produzidas por animais domésticos de estimação, aproximadamente 50 toneladas de dejetos animais descartados “in natura”, sem nenhum tipo de tratamento, todos os dias nas ruas da cidade e no lixo comum, podendo ser esse um dos motivos da alta concentração de coliformes fecais encontrados sistematicamente no Lago Igapó e em seus afluentes.

Essas informações devem dar alguma visibilidade, junto ao poder público e a população em geral, ao problema que o manejo e o descarte incorretos, desses

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resíduos, podem causar ao meio ambiente, a saúde animal e a saúde pública, podendo ainda, respaldar decisões dos agentes públicos quanto a necessidade de aplicação de recursos para programas educativos que tratem dos vários temas ligados a animais domésticos, de maneira continuada, nas escolas de todos os níveis, nos bairros, em clínicas veterinárias e em locais de grandes concentrações populacionais, podendo nesses casos, com o devido planejamento, ser realizado por meio de panfletos educativos, jornais informativos e outras formas de conscientização que apresentem baixo custo monetário e um bom nível de esclarecimento e que, para tanto, atinjam o maior número possível de habitantes. Paralelamente a todas essas ações se faz necessário a implantação de um centro de zoonoses que atenda todo o munícipio atuando no controle da população animal e facilitando os serviços de atenção veterinária á todos os cidadãos.

Uma política pública destinada especificamente para dar solução aos problemas gerados por essa imensa quantidade de fezes produzidas diariamente por animais domésticos do município passa, necessariamente, por um bom planejamento e por etapas próprias que demandariam estudos mais aprofundados que definissem qual a forma correta ou a qual a melhor forma de manejo e descarte de resíduos de origem animal, sobretudo os detritos. Como sugestão podemos indicar uma possível solução, ecológica e economicamente viável, dentre outras que possam surgir como resultado de estudos futuros: A implantação do centro municipal de controle de zoonoses e neste a construção de biodigestores que dessem conta de eliminar toda essa carga de dejetos.

Figura 16 - Exemplo de biodigestor anaeróbico, projeto desenvolvido em parceria entre a

Embrapa Instrumentação Agropecuária, o Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, as empresas Firestone Building Productts Latin America e Ecosys e a Prefeitura de Cabrália Paulista.

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Fonte: http://verdefato.blogspot.com.br/2009/04/biodigestor-anaerobico-biogas-embrapa.html

O poder público desencadearia uma grande campanha educativa, inclusive com força de lei, como a Lei Municipal No 11.468/2001 e outras (Anexos I, II, III e IV), se necessário, onde, depois de adequadamente esclarecida, a população seria orientada a colher e descartar separadamente os resíduos animais, em locais pré-determinados, assim como é feito com o lixo reciclável, onde agentes públicos treinados para esse fim, recolheriam e encaminhariam esses dejetos ao centro municipal de controle de zoonoses e dai aos biodigestores. Um dos resultados esperados desse processo é a produção de biogás e de insumos para fertilização do solo. O biogás pode ser aproveitado no próprio centro de controle de zoonoses para, entre outras utilidades, produzir energia e os insumos fertilizantes, depois de adequadamente analisados e aprovados para uso, distribuídos para as muitas hortas comunitárias existentes na cidade, em sua área urbana e rural.

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XII ERIC – (ISSN 1808-6004) ESTUDO SOBRE O POTENCIAL DA PRODUÇÃO DE ENERGIA SUSTENTÁVEL

POR CASCAS DE COCO VERDE

Ériton Cardoso, eriton-cardoso@hotmail.com, UTFPR; Aloísio Henrique Pereira de Souza, aloisio_rick@yahoo.com.br, IFMS; Aline Kirie Gohara,

alinekgohara@hotmail.com, UEM; Gylles Ricardo Stroher, gylles@utfpr.edu.br, UTFPR, Nilson Evelázio de Souza, UEM, nesouza@uem.br; Sandra Terezinha Marques Gomes, stmg@uem.br, UEM; Makoto Matsushita, mmakoto@uem.br, UEM; Grisiely Yara Stroher Neves, gribiologia@gmail.com, FAFIMAN; Gisely Luzia Stroher, gisely@utfpr.edu.br, UTFPR

Comunicação Oral RESUMO

A cultura do coqueiro (Cocos nucifera) está em constante expansão no Brasil, em função da alta demanda tanto para a produção industrial de água de coco, quanto para o consumo in natura. Em contrapartida a essa expansão, observa-se que a geração de resíduos provenientes da sua produção também aumenta, tornando-se necessária a busca por uma destinação adequada para as cascas. Neste contexto, surge a oportunidade de desenvolver um novo carvão vegetal obtido a partir destes rejeitos, visando contribuições ambientais em termos de sustentabilidade energética e gerenciamento de resíduos sólidos. Neste trabalho foi desenvolvida uma metodologia simples que utiliza material alternativo para produção de carvão vegetal tendo como matéria-prima as cascas de coco verde. Os resultados obtidos a partir dos experimentos realizados mostraram uma taxa de rendimento de 86 ± 3 %, com razão de massa de matéria-prima utilizada por massa produzida de carvão de 1,17 ± 0,04 g.g-1. Dos resultados obtidos, a produção de carvão vegetal a partir de cascas de coco verde se mostra viável economicamente e com potencial de geração de energia sem que haja desmatamentos, colaborando, desta forma, para a preservação do meio ambiente.

Palavras-Chave: casca de coco verde, resíduo sólido e sustentabilidade.

INTRODUÇÃO

É notada a alta necessidade de fontes energéticas renováveis e também a grande geração de resíduos de casca de coco verde no Brasil. Fatos estes que

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despertam iniciativas de elaborar uma solução eficaz tanto para a economia quanto para o meio ambiente. (ROCHA et al., 2010; ANDRADE et al., 2004; IBGE, 2003).

A casca do coco verde corresponde em média à cerca de 85% do seu peso bruto, podendo este variar principalmente com as condições climáticas, adubação e a variedade cultivada. Esse material é geralmente descartado como resíduo em aterros sanitários ou lixões (ANDRADE et al., 2004; EMBRAPA, 2010).

Considerado como rejeito de difícil degradação, leva em torno de oito a doze anos para sua completa decomposição e requer maior espaço em função da sua forma, volume e constituição (ROCHA, 2010). No entanto, como toda matéria orgânica, possivelmente poderá contaminar o solo e corpos d'água. Adicionalmente é foco proliferador de vetores transmissores de doenças e, também, se submetido a condições anaeróbicas de decomposição, emite gás metano, um dos principais gases responsáveis pelo aquecimento global.

De acordo com dados do IBGE (2003), estima-se que o consumo de água de coco em 2001 foi de 1,42 bilhão de cocos no Brasil. No Estado do Rio de Janeiro foram gerados 41,04 milhões de resíduos de cocos, sendo 16,52 milhões somente na região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro. De modo geral cerca de 70% de todo o lixo gerado nas praias brasileiras são cascas de coco verde (ANDRADE et al., 2004).

Para Ferreira (2006) nas cidades litorâneas e turísticas do Brasil, principais consumidoras do coco verde in natura, o deslocamento constante de pessoas aumenta a produção de bens e serviços possibilitando geração de renda. Em contrapartida, a população residente se torna vítima dos efeitos do turismo e sofre com alguns impactos negativos, como por exemplo, agressões naturais e culturais, além da principal delas, que é o acúmulo exacerbado de rejeitos, dentre eles as cascas de coco verde. Contribuindo com a geração de tais rejeitos, estão as empresas que comercializam a parte comestível ou mesmo a água desse fruto.

Conforme Andrade et al. (2004) algumas formas de aproveitamento do resíduo do coco já são existentes, dentre as quais se destacam a utilização das fibras do mesocarpo maduro na produção de uma gama de produtos, como vestuário, sacarias, almofadas, colchões, acolchoados para a indústria automobilística, escovas, pincéis, cordas marítimas, cortiça isolante, xaxim para o cultivo de plantas

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entre outras, além da possível obtenção de compósitos a partir da mistura com politereftalato de etileno (PET).

No entanto, Rosa et al. (2009) ressalta que o consumo no Brasil é majoritariamente do fruto imaturo, inviabilizando a utilização das fibras, fazendo com que as cascas residuais não sejam aproveitadas em todo o seu potencial.

Rocha et al. (2010) enfatiza que materiais renováveis, reciclados e reutilizados são tendência crescente no século XXI, sendo assim, o aproveitamento integral do coco verde tem grande valor agregado, pois se trata de um método que ajuda a conservar o meio ambiente, uma vez que matérias-primas vindas de outras origens deixam de ser extraídas. Além de ser uma prática de uso sustentável de recursos, se tais rejeitos são revertidos à matéria-prima, gerarão renda, ajudando na sobrevivência de pequenas famílias e tendo como consequência uma ação de estímulo de desenvolvimento econômico para as regiões produtoras.

Assim como advertido por Valle (1995), um material deixa de ser considerado resíduo quando é valorizado como matéria-prima, assim que sua utilização para a produção de novos produtos é efetivada.

De acordo com Carvalho (2009), as cascas de coco verde podem ser utilizadas como fonte de energia alternativa se transformadas em carvão por meio do processo de pirólise, sendo considerado um “carvão ecológico”, com alto poder calorífico e alta qualidade, podendo substituir com enormes vantagens a queima de óleo combustível e madeira em fornos, e ainda, tal solução tecnológica ajuda a reduzir custos e reaproveitar de forma ambientalmente correta tais rejeitos.

Portanto, surge a oportunidade de se inovar a obtenção de energia no Brasil. No presente trabalho foi desenvolvido um método de produção de carvão vegetal a partir de cascas de coco verde, e que conforme os dados obtidos durante os experimentos se mostrou um método rentável de produção, levando em consideração a grande disponibilidade de resíduos de coco verde e a taxa de rendimento e relação de produção de carvão a partir dos mesmos, disponibilizando assim ao mercado, uma nova fonte de energia e renda para pequenos núcleos produtores, além de uma solução ambiental sólida e eficaz para estes rejeitos.

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MATERIAIS E PROCEDIMENTOS

As cascas de coco verde foram recolhidas no comércio local da cidade de Apucarana, estado do Paraná, Brasil. Dividiram-se as cascas, em média, de 4 a 6 partes, de tamanho total variando entre 10 e 15 cm, destas medidas, de 0,1 a 0,4 cm são as medidas das espessuras da casca externa (epicarpo) e interna (endocarpo), as mesmas foram dispostas ao ar livre em ambiente aberto durante 72 horas, objetivando a diminuição do excesso de umidade.

Em uma lata de aço reaproveitada (lata de tinta de 18L), fizeram-se furos de pequeno diâmetro, pelos quais foi possível a entrada de pequena quantidade de ar atmosférico, alimentando assim a chama inicialmente induzida; acomodou-se tal lata em uma pequena vala aberta no solo contendo uma fogueira como fonte de calor, assim, introduziu-se as cascas de coco com umidade previamente reduzida ao ambiente dentro da lata, e aguardou-se aproximadamente 3h, até o término de liberação da fumaça branca, proveniente da eliminação de água e outros compostos voláteis.

Em seguida a essa etapa, fechou-se o recipiente, e após aproximadamente 24h, reabriu-se o mesmo, obtendo-se assim, o novo carvão vegetal advindo do processo de pirólise das cascas do coco verde.

Determinou-se o teor de umidade tanto na matéria prima, quanto no produto final, segundo a metodologia proposta pela Association of Official Analytical Chemists (AOAC,1998). Os resultados obtidos foram submetidos à análise da Anova, pelo teste Tukey, ao nível de 5% de confiança.

Comparou-se o poder calorífico do novo carvão com o carvão comercializado de madeira, por meio do uso de bomba calorimétrica adiabática ILKA, C 200, conforme a metodologia da ABNT NBR 8633 (ABNT, 1983).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tabela 1 apresenta os resultados dos testes de porcentagem de umidade e voláteis obtidos na matéria-prima (base úmida) utilizada na produção do carvão vegetal e também no produto resultante do experimento.

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Tabela 1: Resultado das análises de teor de umidade e voláteis.

Amostra % umidade e voláteis (b.u.)

Carvão 4,53  0,02 ª

Fibra 36,58  1,21 b

Casca + Fibra + Polpa 46,65  3,38 c

Resultados expressos como Média  Desvio padrão de análises em triplicata. Índices diferentes indicam diferença significativa dos valores dado pelo Teste Tukey em nível de 5% de confiança.

Os dados de umidade e voláteis da fibra foram iguais a 36,58  1,21 % valores estes menores e significativamente diferentes pelo teste de Tukey (p<0,05) que os da mistura de casca, fibra e polpa que apresentou valor de 46,65  3,38 %. Valores percentuais de umidade e voláteis elevados é um fator negativo para a produção, pois quanto maior o valor da umidade presente no produto, mais energia é requerida para vaporizar a água e menos energia, então, é fornecida na reação exotérmica (a queima).

O carvão vegetal obtido neste trabalho apresentou valor médio de 4,53  0,02% de umidade e voláteis, este valor reduzido demonstra a alta potencialidade deste para ser utilizado como fonte energética, pois para Farinhaque (1981), pensando-se em carvões produzidos a partir de madeira convencional, como por exemplo, madeira de eucalipto, um aproveitamento energético satisfatório por meio de combustão já se dá em teores de umidade de até 25% base seca.

Conforme apresentado na tabela 2, foram realizados quatro experimentos individuais de produção de carvão vegetal a partir dos rejeitos de coco; a menor produção obteve um rendimento em peso de 82% enquanto que a maior produção atingiu o rendimento de 90% sendo obtida uma média de produção igual a 86 ± 3%.

Tabela 2: Taxa de rendimento e relação de produção obtidos pelo novo carvão vegetal.

Experimento

1 2 3 4

Rendimento* 87 82 85 90

Produção** 1,15 1,22 1,18 1,12

* valores expressos em percentagem (%). ** valores expressos em unidade de relação massa-massa (g/g).

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Carioca e Arora (1984) constataram que para produção de carvão, é possível chegar a até 40% de rendimento em peso, utilizando madeira como matéria prima. No entanto Silva, Barrichelo e Brito (1986), demonstraram que o carvão produzido a partir da madeira de eucalipto em fornos de alvenaria pode alcançar até 37% de rendimento. Valores estes 50% inferiores aos obtidos com as cascas de coco verde.

A madeira é uma matéria-prima onerosa e muitas vezes proveniente do desmatamento ilegal, os resíduos da cultura do coco são um material considerado sem valor, porém com alta potencialidade para geração energética (ANDRADE et al., 2004).

Além disso, a razão de massa de matéria-prima utilizada por massa produzida de carvão demonstrou-se pelos experimentos ser em média de 1,17 ± 0,04 g.g-1. De acordo com Santos (2012) e Junior (2012), para a produção de uma tonelada de carvão vegetal utilizando eucalipto como material inicial, é necessária uma proporção de 4,5 a 5 toneladas de matéria-prima, ou seja, uma relação de produção de 4,5 a 5 g.g-1, este dado indica outro ponto positivo para a potencialidade econômica para este novo produto.

A tabela 3 apresenta dados teóricos de poder calorífico superior de alguns resíduos que podem ser utilizadas como fonte de energia, neste caso in natura, não transformados em outro tipo de produto, e o resultado obtido de poder calorífico superior do carvão vegetal produzido a partir das cascas de coco verde resultante deste trabalho.

Tabela 3: Poder calorífico superior de algumas biomassas.

Biomassa Poder calorífico superior (MJ/Kg)

Sabugo de milho 8,9

Palha de trigo 13,4

Casca de arroz 15,3

Bagaço de cana-de-açúcar 20,3

Serragem de madeira 20,4

Madeira convencional (eucalipto) 29,3

Carvão de casca de coco verde* 15,9*

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O valor de poder calorífico superior alcançado pelo carvão vegetal obtido neste trabalho foi de 15,9 MJ/Kg (ou 3.800 Kcal/Kg). A utilização destes resíduos na produção de carvão vegetal é de grande interesse, visto que tem boa capacidade energética concentrada em um volume considerado diminuto ao ser comparado a outros tipos de resíduos (COUTO, 2014; VIEIRA, 2012).

Portanto, a produção de energia limpa, renovável e economicamente viável é possível pela transformação das cascas de coco verde em carvão. Esta destinação para o resíduo sólido em questão elimina os impactos ambientais de contaminação do solo, água, proliferação de bactérias e vetores transmissores de doenças, proporcionando aos seus produtores renda na comercialização deste novo produto.

CONCLUSÃO

De acordo com os estudos e pesquisa propostos, a produção de carvão vegetal proveniente do reaproveitamento das cascas de coco verde, antes tida como resíduo inutilizável, foi possível e obtida com grande percentual de rendimento.

Pela análise dos resultados obtidos neste trabalho, permite-se concluir grande viabilidade e aceitabilidade comercial do uso das cascas de coco verde na produção de carvão vegetal, visto que um fator de forte peso na escolha do seu uso seria a grande disponibilidade destes resíduos que ainda enfrentam a ausência de uma destinação final adequada.

Ao se comparar a alta necessidade de investimento em mão de obra, o impacto ambiental e instalações no uso da madeira como fonte energética, o uso do carvão advindo de cascas de coco verde se torna uma opção simples com geração de economia, energia limpa e com relação direta à melhoria da qualidade ambiental e consequentemente da saúde populacional.

As propriedades avaliadas (poder calorífico superior, teor de umidade e voláteis, taxa de rendimento e relação de produção) indicam aptidão para o uso dos resíduos de coco verde transformado em carvão para a utilização como fonte energética.

O baixo teor de umidade e de materiais voláteis, alto poder calorífico e alta taxa de rendimento, características apresentadas pelo novo carvão vegetal obtido,

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indicam um carvão de excelente qualidade; é sugerido, a partir dos resultados obtidos pelos experimentos realizados, que o melhor uso deste novo carvão vegetal seja para geração de energia doméstica e em pequenos núcleos produtores através de queima direta, considerando seu ótimo poder calorífico concentrado em uma quantidade relativamente reduzida de massa.

AGRADECIMENTOS:

Referências

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