FUNÇÕES SINTÁTICAS
FUNÇÕES SINTÁTICAS A NÍVEL DA FRASE
1. Sujeito
A função sintática de sujeito é desempenhada pelo constituinte da frase que
con-trola a concordância verbal.
Esta função sintática pode ser desempenhada por um grupo nominal (isto é, um grupo de palavras cujo constituinte principal é um nome ou um pronome e que funciona como uma unidade sintática) (a), por uma oração subordinada substantiva relativa (b) ou por uma oração subordinada substantiva completiva (c).
Exs.: a) A amiga da Maria é muito inteligente. b) Quem muito fala pouco acerta.
c) É fantástico que tenhas conseguido vencer a corrida.
Quando a função sintática de sujeito é desempenhada por um grupo nominal ou uma oração subordinada substantiva relativa, é possível identificar este constituinte atra-vés da sua substituição pela forma nominativa dos pronomes pessoais (eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas).
Exs.: a) A amiga da Maria é muito inteligente. → Ela é muito inteligente. b) Quem muito fala pouco acerta. → Ele pouco acerta.
Quando a função sintática de sujeito é desempenhada por uma oração subordinada substantiva completiva, podemos identificar este constituinte através da sua substituição pelo pronome demonstrativo invariável «isso», que deve ser colocado antes do verbo.
Ex.: É fantástico que tenhas conseguido vencer a corrida. → Isso é fantástico.
Classificação do sujeito
Quando o sujeito está expresso na frase, pode ser classificado como simples ou composto.
• Sujeito simples — é constituído apenas por um grupo nominal (a) ou por uma
oração (b).
Exs.: a) O João pintou a casa.
b) É essencial que conheças esta obra.
• Sujeito composto — é constituído por grupos nominais coordenados (a) ou por
orações (b) que surgem coordenadas entre si.
Exs.: a) Eu e a Joana jantámos num restaurante ótimo.
A Raquel, o Manuel e o Ricardo também foram juntos ao concerto. b) Quem leu a obra e quem foi às aulas obteve melhor resultado na prova. Quando o sujeito não está expresso na frase, estamos perante um sujeito nulo. O sujeito nulo pode ser subentendido, indeterminado ou expletivo.
• Sujeito nulo subentendido — surge quando é possível identificar o sujeito através
da pessoa e do número da forma verbal.
Ex.: Comprámos um carro novo. (Através da forma verbal «comprámos», é possível identificar o sujeito: «nós».)
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• Sujeito nulo indeterminado — neste caso, o verbo encontra-se na terceira pessoa
do singular e é seguido do pronome pessoal «-se» (a) ou encontra-se na terceira pessoa do plural (b). Este sujeito não designa uma entidade específica, pelo que pode ser parafraseado por «alguém».
Exs.: a) Conta-se que nesta floresta vivia uma fada.
b) Dizem que as pessoas desta aldeia são muito acolhedoras.
• Sujeito nulo expletivo — ocorre quando o verbo é impessoal, não podendo, por
isso, ter sujeito. São impessoais os verbos meteorológicos (a), o verbo «haver» (quando o seu significado é «existir») (b) e o verbo «ser» nas expressões que indicam tempo (c).
Exs.: a) Ontem choveu no norte do País.
Na semana passada, nevou na serra da Estrela. b) Há livros interessantes na biblioteca.
c) É tarde.
2. Predicado
A função sintática de predicado é desempenhada pelo grupo verbal da frase (ou
seja, um grupo de palavras que tem como constituinte principal o verbo e que funciona como uma unidade sintática) (a), do qual fazem parte os complementos (b) e modifica-dores (c) do verbo.
Exs.: a) O António adormeceu. b) A Maria telefonou à irmã. c) O João chegou agora.
3. Modificador (da frase)
A função sintática de modificador é desempenhada por um constituinte que não é
selecionado pelos elementos do grupo sintático de que faz parte. Uma vez que não é exigido por estes, em geral pode ser omitido, sem que isso ponha em causa a gramati-calidade da frase.
Esta função sintática pode ser desempenhada por um grupo adverbial (isto é, um grupo de palavras cujo principal constituinte é um advérbio e que funciona como uma unidade sintática) (a), uma oração subordinada adverbial condicional (b) ou uma oração subordinada adverbial concessiva (c). Este constituinte não se inclui no predicado.
Exs.: a) Felizmente, eles conseguiram chegar a tempo à reunião. b) Se estiver sol, iremos passear.
c) Ainda que o percurso seja difícil, vale a pena realizá-lo.
4. Vocativo
A função sintática de vocativo é desempenhada pelo constituinte utilizado para
interpelar o interlocutor. O vocativo ocorre, em geral, em frases do tipo interrogativo, exclamativo e imperativo.
FUNÇÕES SINTÁTICAS INTERNAS AO GRUPO VERBAL
1. Complemento direto
O complemento direto é selecionado pelo verbo. Esta função sintática pode ser
desempenhada por um grupo nominal (a) ou por uma oração subordinada substantiva (b). Exs.: a) Ele desvendou o mistério.
b) O João garantiu que terminaria o trabalho hoje. Eles perguntaram se queríamos ir passear.
O grupo nominal com a função sintática de complemento direto pode ser substi-tuído pela forma acusativa do pronome pessoal — «o/a» ou «os/as» (a). Quando esta função é desempenhada por uma oração subordinada substantiva completiva, este constituinte pode ser substituído pelo pronome demonstrativo «o» (b).
Exs.: a) Ele desvendou o mistério. → Ele desvendou-o.
b) O João garantiu que terminaria o trabalho hoje. → O João garantiu-o.
2. Complemento indireto
O complemento indireto é selecionado pelo verbo. Esta função sintática é
desem-penhada por um grupo preposicional, ou seja, um grupo cujo constituinte principal é uma preposição (frequentemente «a») e que funciona como uma unidade sintática (a).
O grupo preposicional com a função sintática de complemento indireto pode ser substituído pelo pronome pessoal «lhe/lhes» (b).
Exs.: a) Ela telefonou à irmã.
b) Ela telefonou à irmã. → Ela telefonou-lhe.
3. Complemento oblíquo
O complemento oblíquo é selecionado pelo verbo. Esta função sintática pode ser
desempenhada por um grupo preposicional — que, ao contrário do que sucede com o complemento indireto, não pode ser substituído pelo pronome «lhe/lhes» (a) —, por um grupo adverbial, isto é, um grupo que tem um advérbio como principal constituinte e que funciona como uma unidade sintática (b), ou pelos dois elementos, coordenados entre si (c).
Exs.: a) O Manuel faltou à aula. → *O Manuel faltou-lhe. b) Eles moram aqui.
c) Vives aqui ou em Lisboa?
4. Complemento agente da passiva
A função sintática de complemento agente da passiva é desempenhada por um
grupo preposicional nas frases passivas, correspondendo ao constituinte que desempe-nha a função sintática de sujeito na frase equivalente na voz ativa.
Ex.: O exercício foi elaborado pelos alunos. (frase passiva) Os alunos elaboraram o exercício. (frase ativa)
5. Predicativo do sujeito
A função sintática de predicativo do sujeito é desempenhada pelo constituinte
que surge em frases com verbos copulativos (ser, estar, ficar, parecer, permanecer, continuar, tornar-se) e que predica algo sobre o sujeito.
O constituinte com esta função sintática pode ser um grupo nominal (a), um grupo adjetival — grupo de palavras cujo constituinte principal é um adjetivo e que funciona como uma unidade sintática (b) —, um grupo preposicional (c) ou um grupo adverbial — grupo de palavras que tem como principal constituinte um advérbio e que funciona como uma unidade sintática (d).
Exs.: a) Eles são cientistas. b) Elas ficaram felizes. c) A Maria ficou na escola. d) Os livros continuam aí.
6. Predicativo do complemento direto
A função sintática de predicativo do complemento direto é desempenhada por um
constituinte selecionado por um verbo transitivo predicativo — verbo que seleciona um sujeito, um complemento direto e um predicativo do complemento direto (achar, cha-mar, considerar, julgar, tratar, eleger, nomear). Este constituinte predica algo sobre o complemento direto e pode ser um grupo nominal (a), um grupo adjetival (b) ou um grupo preposicional (c).
Exs.: a) Ela considera a Maria uma amiga fantástica. b) Eles achavam-no tímido.
c) Os colegas tratavam-no por Zé.
7. Modificador (do grupo verbal)
Tal como o complemento oblíquo, o modificador do grupo verbal pode também ser
um grupo preposicional (a) ou adverbial (b). No entanto, distingue-se daquele consti-tuinte por não ser selecionado pelo verbo. O modificador que se inclui no grupo verbal pode também ser uma oração subordinada adverbial causal (c), temporal (d) ou final (e).
Exs.: a) Ela leu um livro interessantíssimo na biblioteca. b) Ela entrou em casa silenciosamente.
c) Ela não conseguiu nadar no rio, porque a água estava gelada. d) Enquanto nós líamos, eles ouviam música.
e) Ele esforçou-se muito para que todos os convidados se sentissem bem.
Teste para distinguir complementos oblíquos de modificadores (do grupo verbal)
Pergunta: O que é que + sujeito + verbo «fazer» + constituinte a testar?
(ou) O que é que aconteceu a + sujeito + constituinte a testar?
Resposta: Verbo (+ restantes complementos e/ou modificadores).
Quando o resultado é gramatical, estamos perante um modificador (do grupo verbal). Caso seja agramatical, o constituinte é um complemento oblíquo.
Exs.: a) O Mário viu o filme em casa. O que é que o Mário fez em casa?
Viu o filme. → O resultado é gramatical, pelo que «em casa» é um modificador do grupo verbal. b) O João morou em Évora.
*O que é que aconteceu ao João em Évora? * Morou. → O resultado é agramatical, pelo que
FUNÇÕES SINTÁTICAS INTERNAS AO GRUPO NOMINAL
1. Complemento do nome
A função sintática de complemento do nome é desempenhada por um constituinte
selecionado pelo nome. Pode ser um grupo preposicional (a) — que pode surgir sob a forma de uma oração (b) — ou, embora com menos frequência, um grupo adjetival (c).
Exs.: a) O acesso à educação é um direito fundamental do Homem. b) A ideia de que eles não apreciariam esta homenagem é absurda. c) Registou-se um considerável avanço tecnológico a partir de meados
do século XX.
Nomes que pedem complemento:
• Nomes epistémicos (do campo do conhecimento) — ex.: «ideia», «hipótese»;
• Nomes icónicos (referentes a imagens) — ex.: «fotografia», «gravura»;
• Nomes de parentesco — ex.: «tio», «primo»;
• Nomes deverbais (que têm origem em verbos) — ex.: «regresso», «adoção».
2. Modificador restritivo (do nome)
A função sintática de modificador restritivo é desempenhada por um constituinte
que não é selecionado pelo nome. Pode ser um grupo adjetival (a), um grupo preposi-cional (b) ou uma oração subordinada relativa restritiva (c). Como o seu nome indica, este modificador restringe a referência do nome, não podendo ser separado dele por vírgula.
Exs.: a) Comprei um casaco azul.
b) A menina de tranças é a minha filha.
c) Os alunos que participaram na viagem divertiram-se muito.
3. Modificador apositivo (do nome)
Tal como o modificador restritivo, o constituinte com a função sintática de modi- ficador apositivo não é selecionado pelo nome. No entanto, ao contrário do anterior, o
modificador apositivo não restringe a referência do nome, sendo possível separá-lo dele por vírgula. Em geral, é um grupo nominal (a) ou uma oração subordinada adjetiva rela-tiva explicarela-tiva (b).
Exs.: a) D. Sebastião, o Desejado, sonhava regressar à guerra de cruzada. b) Os meninos, que não esperavam a chegada dos colegas,
ficaram agradavelmente surpreendidos.
FUNÇÃO SINTÁTICA INTERNA AO GRUPO ADJETIVAL
1. Complemento do adjetivo
A função sintática de complemento do adjetivo é desempenhada por um
consti-tuinte selecionado pelo adjetivo, sendo um grupo preposicional (a), que ocorre, por vezes, sob a forma de oração (b).
Exs.: a) Ele está convicto da inocência do seu cliente.