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MORFOANATOMIA DE POLYGONUM RUBRICAULE E POLYGONUM STELLIGERUM OCORRENTES NA REPRESA ALAGADOS, PONTA GROSSA - PR.

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MORFOANATOMIA DE POLYGONUM RUBRICAULE E POLYGONUM STELLIGERUM OCORRENTES NA REPRESA ALAGADOS, PONTA

GROSSA - PR.

Bianca Muchinski (PIBIC/UEPG), Dalva Cassie Rocha (Orientadora), e-mail: dalva_rocha@uol.com.br

Universidade Estadual de Ponta Grossa/Departamento de Biologia Geral/Ponta Grossa, PR.

Ciências Biológicas/ Botânica.

Palavras-chave: macrófitas, Polygonum, epiderme foliar. Resumo

Polygonaceae é uma família representada por cerca de quarenta gêneros e oitocentas espécies que freqüentemente ocorrem em brejos e por isso podem ser consideradas macrófitas aquáticas. O objetivo desse trabalho é analisar morfoanatomicamente duas espécies: Polygonum stelligerum Cham. e Polygonum rubricaule Cham., conhecidas como “erva-de-bicho”. Foram realizadas coletas na represa Alagados em Ponta Grossa, Paraná, e o material está depositado no HUPG. Os órgãos vegetativos para análise foram armazenados em etanol 70%. Para o estudo, foi elaborado um laminário histológico a partir de sessões transversais e paradérmicas de folha e somente transversais de caule das duas espécies selecionadas, conforme técnicas usuais em anatomia vegetal discutidas na literatura. A análise anatômica das espécies revelou a presença de estômatos paracíticos, mesofilo dorsiventral, drusas e tricomas multicelulares e glandulares. A morfologia das folhas e do caule das espécies diferem e somente em P. stelligerum são observados tricomas ramificados.

Introdução

A família Polygonaceae é representada por aproximadamente quarenta gêneros e cerca de oitocentas espécies que freqüentemente ocorrem em brejos e ambientes verdadeiramente aquáticos e por isso podem ser consideradas macrófitas aquáticas.

As espécies do gênero Polygonum são popularmente conhecidas como “erva-de-bicho” (Correa, 1978), e alguns de seus representantes possuem propriedades medicinais (Sartor, 1997) e existem espécies consideradas plantas daninha (Lorenzi, 2000).

A análise morfoanatomica da epiderme em diversas espécies pode revelar diferenças para a identificação dessas, inclusive usado como ferramenta de controle de qualidade para fitoterápicos conforme ressaltam Alquini & Takemori (2000).

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O objetivo desse trabalho é analisar morfoanatomicamente os órgãos vegetativos de duas espécies: Polygonum stelligerum Cham. e Polygonum rubricaule Cham..

Material e métodos

Foram realizadas coletas na represa Alagados em Ponta Grossa, Paraná, e o material está depositado no Herbário da Universidade de Ponta Grossa - HUPG.

Folhas e caule foram fixados em solução de formol, ácido acético glacial e álcool 70% nas proporções 5:5:90 (v/v), ou seja, FAA 70 e posteriormente armazenados em etanol 70% e a raiz foi fixada e armazenada em solução de formol, ácido propiônico e álcool 70% nas proporções 5:5:90 (v/v), isto é, FPA 70. Para o estudo, foi elaborado um laminário histológico a partir de sessões transversais e paradérmicas de folha e somente transversais de caule das duas espécies selecionadas, conforme técnicas usuais em anatomia vegetal (Kraus e Arduim, 1997). As sessões transversais da região mediana do limbo e as sessões paradérmicas foram feitas a mão livre, em material fixado. Foi utilizada a região mediana do limbo, pois está é a menos variável (Wilkinson, 1979). A coloração dos cortes transversais foi feita com azul de Astra e fucsina, já os cortes paradérmicos foram corados somente com fucsina (Kraus e Arduim, 1997). Para melhor observação dos estômatos e das células epidérmicas foi utilizada a técnica da impressão epidérmica (Nabais, 2008). As fotomicrografias foram realizadas com equipamento fotográfico acoplado ao microscópio, adquirido pela Universidade Estadual de Ponta Grossa(UEPG).

A contagem de estômatos foi realizada em três sessões (exemplares) de cada face epidérmica (tratamento), de três folhas de cada espécie, e em cada folha foram analisados três campos de visão diferentes (repetições), com pelo menos um campo próximo a nervura principal da folha e outro mais próximo a borda foliar. Ressalta-se que a medida do campo de observação em aumento de 400x é de 0,12mm2, sendo necessário converter os dados

de unidade de estomatos para mm2 (Nabais, 2008).

Resultados e Discussão

Morfologicamente, as plantas diferem no formato e no tamanho das folhas, no comprimento e diâmetro do caule. A análise anatômica da epiderme revelou que elas também diferem quanto à presença de tricomas (Fig. 1A, 1B, 1C).

Silva-Bambrilla e Moscheta (2001) verificaram tricomas tectores estrelados e, segundo estes “podem ser considerados como um caráter significante para a determinação de uma taxa natural, uma vez que alguns parecem ser restritos a certas espécies”.

Nas duas faces da epiderme, em vista frontal, em ambas espécies estômatos somente do tipo paracíticos foram observados (Fig. 1D e 1F). Esta classe de estômatos é descrito por Metcalfe e Chalk (1950) como tendo

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mesmos autores afirmaram que dentro da família Polygonaceae os estômatos são quase sempre do tipo anomociticos, ou seja, sem células subsidiárias distintas. No entanto, Mitchell (1971) menciona que uma ampla gama de tipos de estômatos é registrada para a família Polygonaceae, incluindo o tipo anisocítico (com três células subsidiárias ao redor das células-guarda). O estômato tipo paracítico também foi observado por Silva-Bambrilla e Moscheta (2001) para P. stelligerum.

A densidade estomática (número de estômatos por mm²), a largura e comprimento médio das folhas são mostrados na Tabela 1. Observando esta relação, nota-se que a folha de P. stelligerum tem o dobro do tamanho da folha de P. rubricaule e que a densidade estomática na face abaxial, em ambas as éspécies, é maior em relação à face adaxial. Contudo, ressalta-se que P. rubricaule, cuja folha é menor, tem maior densidade estomática na face abaxial que P. stelligerum.

Tabela 1. Quantificação de estômatos e valores médios de comprimento e largura da folha de duas espécies de Polygonum

Espécie Vegetal

Estômatos/ mm² Valores médios (cm) Face Adaxial Face Abaxial Comprimento Largura P.

stelligerum 92

bA 247aB 11,78ªA 2,12bA

P. rubricaule 90bA 439aA 6,16aB 1,2bB

Letras minúsculas comparam as médias na mesma linha e maiúsculas, na mesma coluna.

A densidade estomática está relacionada com a taxa fotossintética e de transpiração da planta (Nabais, 2008). Estes dados podem revelar diferenças adaptativas dessas duas espécies com respeito à capacidade de suportar períodos secos, uma vez que ambas são encontradas às margens de cursos de água.

Figura 1 – (A). Tricoma ramificado e tricoma glandular(

*

) de P. stelligerum na face adaxial da epiderme foliar. (B) Tricoma tector multicelular de P. stelligerum face adaxial da epiderme foliar. (C) Tricoma ramificado de P. stelligerum. na face adaxial da epiderme foliar. (D) Estômato paracítico de P. stelligerum na face abaxial da epiderme foliar. (E) Drusas em

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Quanto aos tricomas, nas duas espécies foram observados tricomas glandulares com 4 células (Fig. 1A) e tectores multicelulares (Fig. 1B). De acordo com Silva-Bambrilla e Moscheta (2001), os tricomas glandulares em Polygonum spp. têm uma cabeça com 4 ou 8 células. Os tricomas estão concentrados, principalmente ao longo da nervura mediana, como apresentado por Mitchell (1971) para P. punctatum.

A análise anatômica das sessões transversais da folha indicou que o mesofilo possui parênquima paliçádico e lacunoso, com presença de drusas (Fig.1E), também observadas por Silva-Bambrilla e Moscheta (2001) e Budel et a. (2007). Estas drusas são cristais de oxalato de cálcio, substâncias largamente distribuídas nas angiospermas que podem ser usados como caráter taxonômico.

Em relação ao caule, tanto P. stelligerum quanto P. rubricaule possuem caules circulares, com esclerênquima ao redor do feixe e lacuna medular. Somente em P. rubricaule foram observadas drusas no córtex. Conclusões

P. stelligerum e P. rubricaule tem folhas anfiestomáticas, com estômatos somente do tipo paracíticos, mas diferem quanto á densidade estomática na face abaxial, quanto à presença de tricomas tectores ramificados (estrelados) e quanto à presença de drusas no córtex caulinar.

Referências

ALQUINI, Y; TAKEMORI, N. K. Organização estrutural de espécies vegetais de interesse farmacológico. Curitiba: Herbarium Laboratório Botânico, 2000. BUDEL, J. M. et al. Morphoanatomical study of the cladodes of Homalocladium platycladum (F.J. Muell.) L.H. Bailey (Polygonaceae) Rev. bras. farmacogn. vol.17, n.1, João Pessoa, Jan./Mar. 2007

CORRÊA, M.P. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas, Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, v. 5. 1978.

KRAUS, J. E.; ARDUIN, M. Manual básico de métodos em morfologia vegetal. EDUR, Seropédica. 1997.

LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil. 3ª edição. Nova Odessa: Instituto Plantarum de Estudos da Flora. 2000.

METCALFE, C.R., CHALK, L., Anatomy of the dicotyledons. Oxford University Press, Oxford, p. 724. 1950.

MITCHELL, R., Comparative leaf structure of aquatic Polygonum species. American Journal of Botany, v.58, p.342–360. 1971.

NABAIS, C. Correlação entre a densidade estomática e as condições ambientais. Ecologia Funcional., 2008.

SARTOR, C. F. P. Estudo químico e avaliação de atividade antibacteriana e anticancerígena da espécie Polygonum stelligerum Cham. (Polygonaceae). Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de Maringá, 1997.

SILVA-BAMBRILLA, M. G.; MOSCHETA, I. S. Anatomia foliar de Polygonaceae (Angiospermae) da planície de inundação do alto rio Paraná. Acta Scientiarum. v. 23, n.2, p.571-585. 2001.

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WILKINSON, H.P., The plant surface (mainly leaf), In: Metcalfe, C.R., Chalk, L. (Eds.), Anatomy of the dicotyledons: I, 2nd ed. Oxford University Press, pp. 97–165. 1979.

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