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Atitudes em relação à Estatística de graduandos de Ciências Agrárias

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Academic year: 2021

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Atitudes em relação à Estatística de graduandos de Ciências

Agrárias

Ulisses Vieira Guimarães1 Vinícius de Sousa Santos2 Verônica Yumi Kataoka3 1 Introdução

O ensino da Estatística está previsto em diversas áreas do conhecimento, o que se justifica pelo princípio da unidade da ciência, no que se refere à necessidade de um padrão nas validações para todas as hipóteses de qualquer área. Na área de ciências agrárias é bem evidente a utilização de técnicas estatísticas na otimização de processos de produção, na administração rural etc, e, por conseguinte, no apoio a tomada de decisões. De acordo com [3], muitos estudantes encontram dificuldades com as disciplinas de Estatística, levando-os a baixo desempenho e interesse. De acordo com [5], quanto mais favorável a atitude, melhor é o desempenho na disciplina. Diversas escalas, como por exemplo, SAS - Statistics Attitudes Survey; ATS - Attitudes Toward Statistics; SATS - Survey of Attitudes Towards Statistics; EAE - Escala de Atitudes em relação à Estatística [2], vem sendo propostas para medir a atitude de um indivíduo em relação à essa disciplina. Neste trabalho utilizamos a EAE, que é uma escala brasileira, tipo likert, composta com itens que expressam o componente afetivo envolvido no processo de ensino e aprendizagem.

O objetivo deste artigo foi traçar um perfil atitudinal de alunos do cursos de Graduação de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Sergipe.

2 Material e métodos

Foram sujeitos da pesquisa 98 alunos dos cursos de graduação da Universidade Federal de Sergipe da área de Ciências Agrárias (Ciências Biológicas, Engenharia Agronômica, Engenharia Florestal, Zootecnia, Engenharia Agrícola) que cursaram as disciplinas Introdução à Estatística ou Bioestatística. A amostragem foi do tipo não probabilística.

Os alunos foram solicitados a responder dois instrumentos, do tipo papel e lápis, na sala de aula, no início do segundo semestre de 2011, sendo a participação voluntária. O

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DECAT - UFS / Doutorando em Educação Matemática - UNIBAN. e-mail: ulisses@ufs.br

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Graduando em Estatística. DECAT-UFS.

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primeiro instrumento aplicado foi a EAE, composta de 20 itens, sendo 10 positivos (itens 3, 4, 5, 9, 11, 14, 15, 18, 19, 20) e 10 negativos (itens 1, 2, 6, 7, 8, 10, 12, 13, 16, 17), cada um com quatro possibilidades de respostas: discordo totalmente (1), discordo (2), concordo (3),

concordo totalmente (4) para os itens positivos, invertendo-se os pesos para os itens

negativos. Dessa maneira a pontuação total da escala variou de 20 a 80 pontos, sendo o ponto médio igual a 50. O segundo, um questionário que tinha como objetivo colher informações de perfil, tais como: curso, gênero, idade, entre outras.

Para analisar a pontuação na escala geral de acordo com as variáveis levantadas no questionário, foram utilizados testes t, com nível nominal de significância de 5%. Para descrever a estrutura de dependência dos itens da escala (identificar as dimensões) foi utilizada a técnica multivariada de análise fatorial. O método para a estimação dos fatores baseou-se na análise de componentes principais com uma rotação promax. Para avaliar a consistência interna da escala foi utilizado o coeficiente Alfa de Cronbrach e para o estudo da viabilidade utilizou-se os testes de Kaiser- Meyer-Olkin - KMO e de esfericidade de Bartlett. Para todas as análises estatísticas foi utilizado o software R 2.10.1 [4].

3 Resultados e discussões

Dos 98 alunos, 52% são do sexo masculino, com média de idade de 20,38±3,95 anos, faixa etária de 17 a 44 anos, 84,69% deles estavam cursando a disciplina pela primeira vez e 86,73% nunca cursaram outra disciplina que envolvesse a Estatística.

De acordo com teste de esfericidade de Bartlett e o índice de adequação da amostra (χ2

= 1128,101, p=0,000, KMO=0,8969) a estrutura dos dados mostrou-se adequada para se aplicar a análise fatorial com método de extração dos fatores por componentes principais. Em decorrência dessa análise, foram determinadas duas dimensões da escala, uma agrupando os itens positivos e a outra os itens negativos (Tabela 1).

Tabela 1 – Dimensões da escala determinadas pela Análise Fatorial.

Fator Denominação Questões da Escala % acumulada de variância explicada 1 Afetivo positivo 3,4,5,9,11,14,15,18,19,20 57,92

2 Afetivo negativo 1,2,6,7,8,10,12,13,16,17 65,54

Observa-se pelos resultados da Tabela 1 que a variância total explicada foi de 65,54%, sendo que o primeiro fator explica 57,92% da variância total, indicando sua dominância e confirmando a unidimensionalidade da escala composta com itens apenas do componente afetivo da atitude. A escala apresentou excelente consistência interna, medida pelo

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Coeficiente Alpha de Cronbach (α), igual a 0,932. A distribuição de frequência percentual dos participantes em cada item encontra-se na Tabela 2.

Tabela 2 - Distribuição de frequência percentual (n =98) dos alunos em cada item na EAE

Item DT D C CT

1 Eu fico sob uma terrível tensão na aula de Estatística. 34,69 57,14 6,12 2,04 2 Eu não gosto de Estatística e me assusta ter que fazer essa matéria. 40,82 51,02 8,16 0,00 3 Eu acho Estatística muito interessante e gosto das aulas de Estatística. 2,04 18,37 71,43 8,16 4 A Estatística é fascinante e divertida. 3,06 54,08 36,73 6,12 5 A Estatística me faz sentir seguro(a) e é, ao mesmo tempo,

estimulante. 3,06 59,18 35,71 2,04

6 “Dá branco” na minha cabeça e não consigo pensar claramente quando

estudo Estatística. 16,33 62,24 18,37 3,06

7 Eu tenho a sensação de insegurança quando me esforço em Estatística. 13,27 66,33 18,37 2,04 8 A Estatística me deixa inquieto(a), descontente, irritado(a) e

impaciente. 22,45 59,18 18,37 0,00

9 O sentimento que eu tenho em relação à Estatística é bom. 2,04 17,35 73,47 7,14 10 A Estatística me faz sentir como se estivesse perdido(a) em uma selva

de números sem encontrar a saída. 25,51 55,10 18,37 1,02 11 A Estatística é algo que eu aprecio grandemente. 3,06 51,02 42,86 3,06 12 Quando eu ouço a palavra Estatística eu tenho um sentimento de

aversão. 17,35 69,39 11,22 2,04

13 Eu encaro a Estatística com um sentimento de indecisão, que é

resultado do medo de não ser capaz em Estatística. 16,33 64,29 17,35 2,04 14 Eu gosto realmente de Estatística. 4,08 45,92 46,94 3,06 15 A Estatística é uma das matérias que eu realmente gosto de estudar na

universidade. 8,16 48,98 37,76 5,10

16 Pensar sobre a obrigação de resolver um problema de Estatística me

deixa nervoso(a). 10,20 63,27 24,49 2,04

17 Eu nunca gostei de Estatística e é a matéria que me dá mais medo. 29,59 63,27 7,14 0,00 18 Eu fico mais feliz na aula de estatística do que na aula de qualquer

outra matéria. 18,37 68,37 11,22 2,04

19 Eu me sinto tranqüilo(a) em Estatística e gosto muito dessa matéria. 6,12 47,96 39,80 6,12 20 Eu tenho uma relação definitivamente positiva com relação à

Estatística: Eu gosto e aprecio essa matéria. 4,08 39,80 45,92 10,20 DT: Discordo totalmente; D: Discordo; C: Concordo; CT: Concordo totalmente

Dos participantes, 80,61% afirmaram ter sentimento bom em relação à Estatística (item 9) enquanto que apenas 8,16% concordam que não gostam desta disciplina e se assustam ao ter que cursá-la (item 2) e 50,00% deles afirmam que gostam realmente de Estatística (item 14). A maioria dos participantes discorda de que a Estatística é fascinante e divertida (item 4), sentem-se inseguros e desestimulados (item 5 e 7), no entanto, aproximadamente 80% deles a consideram interessante e gostam das aulas (item 3). 86,74% dos alunos não se sentem felizes na aula de Estatística quando comparada com a aula de outras matérias (item 18), mas não se sentem nervosos, 73,47%, ao resolver um problema de Estatística (item 16) e discordam, 92,86%, na afirmação de que nunca gostaram de Estatística e é a matéria que mais dá medo (item 17).

Avaliando as respostas dos alunos na escala, verificou-se que as pontuações variaram de 36,00 a 75,00, com média de 55,44 pontos e desvio padrão de 8,45 pontos. O perfil

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atitudinal dos alunos pode ser considerado como positivo, pois mais de 50% dos alunos apresentaram pontuação na escala de atitudes superior à pontuação média total na escala. No entanto, 75% dos participantes apresentaram pontuação igual ou inferior a 60 pontos na escala de um total de 80, isto é, poderíamos definir a atitude de alunos de graduação da área de ciências agráriasda UFS como "timidamente" positiva.

Na Tabela 3 encontram-se as estatísticas descritivas e as comparações entre as pontuações médias das atitudes de acordo com as categorias de respostas de algumas variáveis do questionário de perfil, utilizando o teste t.

Tabela 3 - Estatísticas descritivas e comparações por grupo de variáveis das pontuações nas escalas de atitudes em relação à Estatística.

Variáveis de interesse N Média Desvio Padrão Alpha de Cronbach Teste p Gênero t 0,3451 Feminino 47 54,91 9,53 0,9454 0,5583 Masculino 51 55,92 7,38 0,9128 Ensino Fundamental t 4,9938 Particular 53 53,72 8,45 0,9307 0,02776 * Pública 45 57,47 8,07 0,9281 Ensino Médio t 1,2912 Particular 43 54,42 8,89 0,9375 0,2587 Pública 53 56,38 7,98 0,9256 Uso da Estatística t 0,1273 Não 63 55,67 8,41 0,9321 0,7221 Sim 35 55,03 8,62 0,9335 Cotas t 1,4222 Não 54 54,54 9,04 0,9397 0,2361 Sim 41 56,61 7,45 0,9170

Comparando as atitudes entre os alunos do gênero masculino e feminino, verifica-se que não houve diferença significativa entre as médias. Este mesmo resultado também foi encontrado por [2], [1], [5]. Não houve diferença significativa também para a pontuação na escala geral quando comparada por: tipo de escola no ensino médio, ingresso na UFS beneficiados pelos sistemas de cotas ou não. Houve diferença significativa por tipo de escola no Ensino Fundamental, ou seja, os alunos oriundos de escolas públicas possuem atitude mais positiva do que aqueles oriundos de escola do Ensino Particular.

Procurou-se, também, identificar se os alunos já tiveram contato com a Estatística na prática com a seguinte pergunta: "Você já usou a Estatística na prática, seja em pesquisas ou

no trabalho?". Dos 98 alunos participantes da pesquisa, 64,29% responderam que não.

Espera-se que os alunos que já tiveram a necessidade de utilizar os conhecimentos estatísticos na prática tenham atitudes mais favoráveis do que aqueles que nunca a utilizaram. Comparando-se as médias das atitudes desses alunos, o que não foi confirmado pelo teste t.

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5 4 Conclusões

Os resultados mostraram que existem evidências de validade da escala EAE aplicada aos 98 alunos desse estudo, por apresentar uma alta consistência interna (Alpha de Cronbach igual a 0,932) e ser composta de apenas dois fatores altamente correlacionadas, confirmando a unidimensionalidade da escala composta com itens apenas do componente afetivo da atitude Esses resultados estão em consonância com os encontrados no estudo de [2], que validaram essa mesma escala com 1154 alunos de cursos de graduação.

De uma maneira geral, os alunos afirmam que gostam da Estatística, no entanto não é a matéria mais interessante para eles, sendo o perfil atitudinal desses alunos considerado como "timidamente" positivo. Conhecer as atitudes dos alunos em relação à Estatística e os fatores associados à sua formação, manutenção ou modificação é de extrema importância para proposição de estratégias de ensino mais adequadas, por conseguinte, tornar o processo ensino e aprendizagem mais eficiente.

5 Bibliografia

[1] BONAFÉ, F.S.S; LOFFREDO, L.C.M; CAMPOS, J.A.D.B. Atitudes em relação à Bioestatística de discentes e docentes da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara - UNESP. Rev Ciênc Farm Básica Apl., 2010;31(2):143-147. ISSN 1808-4532.

[2] CAZORLA, I. M.; SILVA, C. B; VENDRAMINI, C. M. M.; BRITO, M. F. R. (1999). Adaptação e validação de uma escala de atitudes em relação à estatística. Anais da conferência internacional: experiências e perspectivas do ensino da estatística, Florianópolis, Santa Catarina, 45-57.

[3] QUINTINO, Calerno Alcides Amorim; GUEDES, Terezinha Aparecida; MARTINS, Ana Beatriz Tozzo. Análise estatística das atitudes dos alunos de iniciação cientifica da Universidade Estadual de Maringá, em relação à disciplina Estatística - 2000. Acta Scientiarum, Maringá, v. 23, n.6, p. 1523-1529, 2001.

[4] R Development Core Team (2009). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. ISBN 3-900051-07-0. Disponível em: http://www.R-project.org.

[5] SILVA, C. B.; BRITO, M. R. F.; CARZOLA, I. M.; VENDRAMINI, C. M. M. Atitudes em relação à estatística e à matemática. PsicoUSF, v. 7, n. 2, p.219-228, jul/dez 2002.

Referências

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