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Munir Lutfe Ayoub* Palavras chave: Viking; realeza; datação. Key words: Viking; royalties; dating.

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Academic year: 2021

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A datação do início das realezas do período Viking.

Munir Lutfe Ayoub* Resumo: O presente trabalho pretende desmistificar as imagens vinculadas com os povos Vikings e repensar a datação do período. Para, por fim, conseguir datar o início das realezas assim como o início do período Viking nas diferentes regiões da Escandinávia.

Abstract: This essay is intended to demystify images which are related to the Vikings. Thinking over about dates and periods so that it makes redating the beginning of royalties possible as well as the initial Viking period on different regions in Scandinavia.

Palavras chave: Viking; realeza; datação. Key words: Viking; royalties; dating.

Os Vikings são lembrados como piratas que destruíram e espalharam pavor por toda Europa, por essa compreensão o período foi datado como tendo início no ano de 789 quando ocorreu o ataque nórdico a Inglaterra, mais precisamente na região de Lindisfarne, a historiografia atual, no entanto, tem se esforçado para uma maior compreensão destes homens e de sua sociedade tentando compreender este povo com outros olhares (Richards, 2005: 2-7; Sawyer, 2010: 49-50; Roesdahl, 1998: 9-11; Griffith, 2004: 13-46).

Começamos essa desmistificação do período Viking pela análise do próprio termo Viking, a primeira vez que podemos observar a utilização deste termo fora nas Crônicas anglo-saxônicas, nesta fonte o termo se refere a atividades de saques e pirataria, no entanto quando olhamos para fontes escritas em Old Norse a língua dos habitantes da Escandinávia no período Viking o termo adquire muitas formas como, por exemplo, na Knutsdrapa onde as tropas do rei Cnut são lembradas como Víkingar, nesse caso a fonte pretende ressaltar a ferocidade destes homens (Richards, 2005: 2-7). Portanto dizemos que esse termo durante a Idade Média era compreendido de uma forma muito múltipla, não estando necessariamente vinculada aos ataques de saques e pirataria, contudo nos perguntamos quando nasce a compreensão moderna do termo Viking?

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• Historiador formado pela PUC de São Paulo, mestrando na PUC de São Paulo em história social, membro do NEVE (Núcleo de estudos Vikings e escandinavos) desde 2011. Email: munirlutfe@gmail.com.

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A origem da atual utilização da terminologia Viking fora muito discutida pelos historiadores e Julian D. Richards sintetiza essas inúmeras discussões em seu trabalho:

“The actual derivation of the term viking has been much debated. It has been suggested that both the Old English and Old Norse forms are parallel developments from a common Germanic verb meaning ‘to withdraw, leave or depart’; that it is related to the Old Icelandic vik, meaning a bay or creek; that it refers to those from the area of Vik or Viken around the Oslofjord who embarked on the raiding of England to escape Danish hegemony; that it derives from vika, a turn on duty, or relay oarsmen; that it derives from an Old Icelandic verb vikya, meaning ‘to turn aside’, or the Old English wic, or armed camp.” (Richards, 2005: 4). Pela descrição da historiadora Julian D. Richards começamos a perceber que é a compreensão moderna da palavra e do período que acabou por vincular estes homens aos ataques de pirataria e saque, além de vincula-los a ideia de que estes eram bárbaros ferozes que atacavam as igrejas no período medieval, saqueavam as mais diversas localidades da Europa, matavam muitos clérigos além de serem até mesmo considerados como verdadeiros demônios na terra.

Esses homens têm de passar a ser entendidos como pertencentes há seu tempo, devemos entendê-los não mais como selvagens guerreiros, porém como homens que tinham suas fazendas, famílias, que viviam em sociedades com disputas de poderes e que sobre tudo partilhavam de uma cultura, uma linguagem, uma religião e um entendimento de mundo muito voltado para a guerra, fazendo por sua vez adotarem assim estes valores. Essa desmistificação da imagem dos Vikings fora demonstrado pelo historiador Paddy Griffith:

“La mayoría de ellos eran poco más que <<civiles con un elevado grado de concienciación sobre temas de seguridad>>, individuos preocupados por el riesgo de agresión presente en la gestión de sus transacciones habituales. Para un vikingo, un <<soldado>> equivalía, acaso, a <<ciudadano ordinário que comprende que vive en un entorno humano peligroso>>. Alguien que necessitaba asegurar su protección personal y que dominaba una fuerza que podía llegar a ser letal si las circunstancias lo requerían, aunque sin dejar de ser por ello un <<hombre para todo>>, un navegante, un marido o un atleta.” (Griffith, 2004: 26). Por fim dizemos que os povos da Escandinávia medieval são entendidos como Vikings, porém devemos ter um grande cuidado com este nome, com sua datação e com sua compreensão, pois assim começaram a ser no século XIX. Os escandinavos deste período não se identificavam com este termo, esses na verdade se identificavam pela nomenclatura de suas regiões como os homens da Jutland, Vestfold, Horland e tantas outras localidades.

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A historiografia moderna ao buscar a desmistificação destes povos iníciou outra observação sobre esse período pautada em perguntas como: O que marcou o início do período Viking? O período Viking tem de ser observado por quais modificações sociais?

O período Viking tem como sua principal marca uma forte expansão marítima, onde os escandinavos praticavam uma série de excursões com o objetivo de saques, pilhagens, comércios ou até mesmo com o intuito de habitarem regiões que hoje conhecemos como Inglaterra, Escócia, Irlanda, Islândia, Shetland, Orkney e até mesmo Rússia, Finlândia e o norte da América (Sawyer, 2001:1-8).

Contudo não podemos nos esquecer de que o período também foi marcado pelo desenvolvimento de cidades caracterizadas pelas produções manufatureiras e por uma forte atividade comercial além do início da centralização da autoridade, sendo assim qual a principal modificação social que daria impulso a estas atividades comerciais, ao surgimento destas cidades e a estas viagens de colonização e saques?

Sua principal modificação social é o surgimento de uma realeza que como símbolo tem o próprio rei, portanto não podemos mais datar o período Viking somente pelos anos de 789, pois essa datação não busca a formação de uma realeza, das cidades e de uma forte atividade comercial e manufatureira, buscando apenas um ataque nórdico a ilha da Inglaterra. Portanto quando ocorreu o início do período Viking e de sua realeza?

Para respondermos a essa pergunta precisamos nesse momento pensar quais as fontes que nos possibilitam o estudo do mundo Viking e quais destas apontam para a datação e compreensão do início desse período.

Temos como fontes para o estudo desse período as sagas e as eddas, as primeiras tendo como característica a narração das histórias de reis e heróis expondo por muitas vezes os cultos religiosos, as batalhas e tantas outras atividades do mundo Viking, já a segunda fonte tem como característica os temas mitológicos como poesias ou histórias em prosa sobre os deuses desta antiga fé. As sagas como as eddas nos apresentam uma problemática muito próxima que provem do fato destas terem sido compiladas apenas a partir do século XIII, portanto muito tempo depois do início do período Viking que é datado para o século VIII e depois da conversão ao cristianismo que ocorreu a partir do ano 1000 (Schjødt, 2009: 9-22).

Essa temporalidade das compilações das Sagas e das Eddas trazem problemas como, por exemplo, o fato das sagas não recordarem o início das primeiras realezas como as dinamarquesas e as suecas, além de não apresentarem a pluralidade que existia no mundo Viking tanto na religiosidade como na sociedade. A pluralidade é apresentada como uma

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variante que depende das questões territoriais e temporais como poderemos acompanhar na formação das cidades e das realezas, contudo as fontes que nos relatam o período foram produzidas após o termino do mesmo, portanto dificultando a percepção sobre essa variação (Schjødt, 2009: 9-22).

O último problema advindo da temporalidade de compilação destas obras e que devemos aqui ressaltar é o fato destas mesclarem nas histórias dos mais antigos reis e heróis eventos e personagens mitológicos dificultando uma compreensão histórica dos fatos, além de lançarem olhares cristãos sobre os deuses, cultos e costumes da antiga fé nórdica o que acaba por dificultar na percepção das cosmovisões, dos símbolos e das crenças presentes no período.

Os relatos dos povos escandinavos escritos por outros povos como, por exemplo, os francos e germânicos também são apresentados, porém estas fontes tem como sua principal problemática o fato de utilizarem parâmetros de observação pautados nas compreensões sociais e até mesmo cosmológicas de outros povos, portanto não nos permitindo uma compreensão direta dos homens escandinavos daquele período. Essa problemática colocada pelas fontes externas foi trabalhada por Julian D. Richards quando a arqueóloga procura datar as fontes mais antigas a relatarem uma realeza escandinava:

“In his History of the Franks, Gregory of Tours (538/9-94) reported that in 515 a Danish fleet under a King Chlochillaich invaded Gaul from the sea. It is not know where the Danes referred to came from, or how large an area their king ruled, nor indeed what sort of power he exercised there, although Gregory explicitly uses the term rex for the Danish king. Further 6th-century sources mention the Danes as a powerful force and Procopius (c.500- c.565) tells of how the Heruli had to pass through the territory of the Danoi on their way to Scandinavia. But care is required in interpreting such reports; we should not impose either later medieval or Roman concept of ‘king’ or ‘peoples’ onto other situations.” (Richards, 2005: 10-12). Ao observar todas as problemáticas apresentadas por estas fontes os historiadores buscaram fontes alternativas que permitissem uma melhor compreensão sobre o passado escandinavo como, por exemplo, as fontes arqueológicas. Essas novas fontes têm como objetivo a confirmação das fontes literárias, o seu questionamento ou até mesmo a busca de completar as informações que por vezes não estão presentes nos textos.

As fontes arqueológicas devem ser logo separadas em grupos diferentes como, por exemplo, as estelas onde encontramos apenas imagens que nos remetem a antiga religiosidade nórdica, as runestones que contam com inscrições do alfabeto rúnico, os amuletos que podem demonstrar a crença em uma proteção pessoal e até mesmo os resquícios de cidades e salões que nos permite a observação das atividades do cotidiano desse povo, de sua aristocracia e de

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sua realeza. Porém quais fontes arqueológicas nos permite a observação da formação destas cidades?

As fontes arqueológicas que nos levam a observação da formação destas cidades e que nos sugerem o início de uma realeza são obras como diques, portos e muralhas que permitiriam o comércio e seu controle em uma determinada região, além dos resquícios de ferramentas utilizadas pelos artesãos e suas obras como joias e armas que permitem a observação das atividades manufatureiras (Richards, 2005:29-38). Sendo assim as cidades medievais escandinavas são compreendidas como locais opostos aos campos, opostos pelas atividades comerciais e manufatureiras que diferenciavam as cidades das produções agropecuárias.

Levando em consideração estes diferentes tipos de fontes buscaremos compreender os diferentes períodos de formação da realeza nessas diversas partes do território escandinavo, para tanto necessitaremos aqui levantarmos três questões primordiais: Como se encontrava formatada a questão territorial nessas diferentes localidades? Como essas influenciaram e nos ajudam a compreender a formação das primeiras realezas no mundo escandinavo? Quando essas realezas surgiram?

Iniciando nossa observação pelo território dinamarquês podemos dizer que esse durante o período viking contava com maiores proporções do que o atual, os territórios Daneses vikings incluíam áreas como Skåne, Halland e Blekinge atualmente Suecas e suas fronteiras ao sul detinham a área de Jutland que hoje em dia se encontra na Alemanha.

A Dinamarca no período viking tinha a característica de uma região muito arborizada, porém também contando com dunas de areia e charnecas, a maior característica dessa região se deve ao fato de qualquer localidade daquele período se encontrar não mais do que 55 quilômetros distante do mar, fonte principal de sobrevivência.

Na região da Dinamarca é que encontramos a primeira formação do poder dos chefes locais, justamente pelas terras férteis que não eram tão montanhosas como as da Noruega e também pela sua proximidade, pelo estabelecimento de comercio e pelas influências culturais proporcionados pelos territórios Germânicos e também pelo Romano (Richards, 2005: 8-38).

A Dinamarca é a região que as fontes arqueológicas conseguem sugerir um primeiro processo de consolidação do poder, esse poder é marcado pelo surgimento de fortes, canais marítimos e concentração de riquezas em determinadas áreas onde as edificações dificilmente modificariam seus padrões, marcando assim o início do que viriam a serem as cidades medievais.

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No caso dinamarquês logo encontramos em Jutland no século oito os primeiros vestígios arqueológicos, na ilha de Samsø com uma importante localização para os mares do leste foi construído um canal de madeira de quinhentos metros de longitude e onze metros de largura ligando o mar do oeste com a baia protegida do leste. O canal chamado Kanhave possivelmente comportava navios com calados de até 1,25 metros e sua datação feita pelos seus anéis de madeira indica sua construção para os anos de 726, reparação nos anos de 750 e possivelmente sua utilização até os anos de 885 (Richards, 2005: 8-38).

Nas fronteiras ao sul de Jutland encontramos o Danevirke, um sistema de fortificação de 14 quilômetros de longitude, esse protegia a região de Schleswig passando entre o fjord de Schlei cortando esse em direção ao leste e as áreas pantanosas em volta dos rios que fluem para os mares do norte em sentido oeste, a primeira parte do Danevirke tem sua construção datada para os anos de 737 e se estende até o período do rei Godfred em 808 (Richards, 2005: 8-38).

Essas duas construções nos indicam um poder centralizado preocupado com um controle sobre o comercio, sobre a circulação de bens e sobre a circulação de pessoas, possivelmente nos indicando certa centralização do poder.

Além desses vestígios tantos outros também foram achados na atual Dinamarca, em regiões como Gudme ao sudoeste finlandês foram encontradas 50 fazendas que se estendiam pela área de um quilometro quadrado, nestas fazendas 7,000 objetos de metais datados entre os anos de 200 e 1000 foram achados, incluindo seis enterramentos de ouro e cinco de prata, as escavações indicaram que muitas das fazendas pertenciam a ferreiros que trabalhavam esses metais, a região ainda contava com um salão principal, provavelmente um salão aristocrata onde foram encontrados copos e tigelas romanas, o que demonstra os contatos e as trocas entre esses dois mundos. Gudme provavelmente tinha uma importância religiosa que até hoje está marcada em seu nome que pode ser traduzido como ‘casa dos deuses’ (Richards, 2005: 8-38).

No entanto a região de Vorbasse em Jutland foi onde ocorreu à primeira escavação de tamanho suficiente para demonstrar o processo de formação destes assentamentos, de 1974 até 1992 260,000 quilômetros quadrados foram escavados, revelando no mínimo oito assentamentos diferentes entre os séculos um e onze D.C.

Durante o século oito a região de Vorbasse contava com oito fazendas de tamanhos iguais, cada qual com seu salão principal que eram divididos em alguns quartos e frequentemente contavam com estábulos ao fundo, sua maioria com poços de água e uma das

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fazendas contando com uma forja. O fato de estas fazendas terem permanecido do século oito ao onze sem modificações possivelmente demonstra um poder centralizado onde os habitantes não seriam livres fazendeiros, porém provavelmente tenentes de um chefe local que regulava as fazendas diretamente ou por auxiliares (Richards, 2005: 8-38).

Indicamos assim a Dinamarca com um possível poder centralizado desde o século oito, poder esse devido às influências externas trazida de Roma e da Germânia e pelas boas condições de seus solos férteis e não muito montanhosos.

A Suécia por sua vez era formada por uma grande variedade de paisagens, pelos mais diversos solos, climas e relevos e como já citado tinha parte de seu território durante o período Viking sobre domínio dos Daneses, a sua outra parte central era dividida entre densas florestas e regiões férteis, habitavam essas regiões férteis dois grupos diferentes os Svears que tinham seu centro na cidade de Uppland e os Gotars a leste da região de Vanar, ao extremo norte suas terras eram dominadas por densas florestas e regiões rochosas com pouca densidade populacional.

No báltico as ilhas de Gotland e Öland tinham boas fazendas e eram pontos estratégicos do período Viking, ao sul e ao centro a Suécia tinha um clima essencialmente costeiro, porém ao norte seu clima de inverno era severamente rigoroso. As florestas coníferas cobriam 57 por cento do território e sua proximidade com o litoral era marcante, essas duas características tornavam a caça e a pesca como as atividades mais comuns da Suécia no período Viking.

Dominada pelos Daneses o sul da Suécia teve seu poder centralizado também no século oito, regiões como as de Uppåkra em Skåne são poderes centrais desde a Idade do ferro romana, porém mantém suas funções manufatureiras, religiosas e de comercio até os anos 1000 D.C., nessas regiões objetos de metais foram achados por uma área de mais de quarenta hectares, sendo incluso nos achados até mesmo moedas árabes, carolíngias, amuletos e até mesmo plaquetas de ouros com inscrições votivas (Richards, 2005: 8-38).

Por último a Noruega foi à região onde a centralização do poder ocorreu tardiamente devido a sua geografia e pelos seus chefes locais. Sua costa é formada na maior parte por fjords que medem 20,000 quilômetros, as montanhas crescem diretamente da costa oeste e forma a maior parte da paisagem norueguesa, tendo a metade do país uma altitude acima de 600 metros e poucos solos férteis.

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A população viking se encontrava assim confinada a viver nas bordas estreitas perto da costa, nas pequenas planícies nas pontas dos fjords onde se estabeleciam em relativo isolamento cada uma com suas respectivas variações das tradições e cultura nórdica.

A Noruega teve sua primeira unificação relatada pelas sagas em 880 quando Harald Finehair reinou sobre a região, os vestígios arqueológicos, no entanto, não conseguem apontar no período Viking uma forte centralização em suas áreas. Historiadores como Sverre Bagge já fizeram fortemente a crítica a estas sagas e mostraram como Harald na verdade não pode ser considerado um unificador da Noruega:

“The kingdom of Norway is the next in the series. The sagas depict Harald Finehair as its founder and either state or imply that he conquered various smaller principalities until he had made himself lord of the whole country. The most widespread opinion today is that Harald´s kingdom was confined to Western Norway, with suzerainty over or possibly in alliance with Trøndelag and Northern Norway, whereas the southeastern part of the country belonged to the Danish sphere of influence and the inner parts were ruled by local magnates. Very little is known about Harald; most of the details in the later sagas are unreliable. According to the Icelander Ari the Wise in the first half of the twelfth century, Harald ruled from 870 until 931/32. We do not know the evidence for this and consequently cannot trust it.” (Bagge, 2010: 25).

O centro que podemos tomar como exemplificação dos poderes das chefias locais da Noruega se localiza em Borg, o fato dessa localidade estar tão distante da Dinamarca quanto de Roma dificulta a possibilidade de pensarmos uma influência externa forte que ajudaria a centralização dessa localidade.

A primeira grande casa de Borg teve sua construção datada para os séculos cinco ou seis, porém durante o século sete a mesma foi reconstruída e teve seu espaço ampliado, essa casa e seu salão continuaram a serem utilizados por três séculos, porém foram reconstruídos por algumas vezes. A manutenção de seu estilo possivelmente indica a perpetuação da mesma família no poder desta região, contudo suas contínuas reformas não nos deixa acreditar em um poder centralizador destas pequenas chefias.

A pesca e a criação de gado foram de suma importância para esse povo, essas atividades podem ser indicadas pelos anzóis e pelos cercados encontrados pelas escavações, contudo dificilmente podemos datar uma forte centralização de poder e uma formação de regiões manufatureiras e comerciais nos territórios da Noruega, pois os chefes locais sempre tiveram grandes conflitos pelo maior acumulo de poder possível.

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A Noruega assim não foi uma região de forte centralização de poder durante o período Viking tendo seus chefes sendo submetidos a constantes disputas e exílios que os tornavam verdadeiros reis dos mares, reis que exilados de suas terras buscavam o acumulo de riquezas para um estabelecimento no exterior ou para um possível retorno e retomada de poder em suas antigas terras, o historiador Sverre Bagge comentou em seus trabalhos estas constantes disputas:

“In contrast to the Picture represented by the saga tradition and to some extent also by modern historiography, there was no potential kingdom of Norway waiting to be united, nor any conqueror who had decided to carry out the unification. Instead, we are dealing with a number of individuals attempting to gain as much wealth and power as possible and fighting one another to achieve these aims.” (Bagge, 2010: 33).

Por não se poder determinar um período de centralização de poder e de criação de centro urbanos no território norueguês o mesmo foi considerado como pertencente ao período Viking apenas nos anos 800, anos que presenciaram as primeiras excursões de colonização, pirataria e saque. Os habitantes da região da Noruega partiriam assim em expedições como as que ocorreram à ilha da Inglaterra nos anos de 793 ou da Islândia nos anos 870.

Por fim indicamos o início do período Viking pelas escavações arqueológicas para os anos de 750 nos países que hoje denominamos Suécia e Dinamarca e pela falta de provas de uma centralização do poder e das criações de centros urbanos continuamos a datar a região da Noruega para os anos de 800, periodização que deflagra as múltiplas vivências e influências que marcariam a história das diferentes partes do território escandinavo.

Além de indicarmos o mapa escandinavo também com grandes diferenças em suas diversas regiões, diferenças em relação a características como as presenças de centros urbanos em certas regiões e a ausência destes em outras, delimitando assim as formatações geopolíticas escandinavas dos séculos VIII ao XII com a Suécia dividida entre os Götar, Svear e Danes; a Noruega dividida entre inúmeros chefes locais com sua parte ao sul contando por uma forte influência Danesa e o território Danes muito maior do que o da atual Dinamarca.

Bibliografia

BAGGE, Sverre. FROM VIKINGS STRONGHOLD to CHRISTIAN KINGDOM. Copenhagen: Museum Tusculanum Press, 2010.

GRIFFITH, Paddy. Los Vikingos El terror de Europa. TraduçãoSasot Mateus, Albert. Barcelona: Editorial Ariel, S. A., 2004.

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RICHARDS, Julian D. THE VIKINGS A Very Short Introduction. New York: OXFORD University Press, 2005.

ROESDAHL, Else. THE VIKINGS. Tradução Margeson M., Susan e Williams, Kirsten. Londres: Penguin Books, 1998.

SAWYER, Peter. The Oxford illustrated History of the Vikings. New York: Oxford University Press, 2001.

SAWYER, Birgit and Peter. MEDIEVAL SCANDINAVIA: from conversion to reformation circa 800-1500. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2010.

SCHJøDT, Jens Peter. Diversity and its consequences for the study of Old Norse religion what is it we are trying to reconstruct?. In:SLUPECKI, Leszek P. e MORAWIEC, Jakub (org.). Between Paganism and Christianity in the North. Rzeszów: Wydawnictwo Uniwersytetu Rzeszowskiego, 2009.

Referências

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