1
A visão da ciência sobre a importância
dos investimentos na Primeira Infância:
O desenvolvimento de valores éticos na infância.
João Augusto Figueiró Instituto Zero a Seis
2
www.excellence-jeunesenfants.ca
3
Violência
Cidadania
Violência
Barbárie
Animal
Instinto
Cidadania
Civilização
Humano
Sublimação
Como transformar?
Instinto
Egoísmo
Indiferença
Sublimação
Cooperativismo
Empatia
4 “Dado que a guerra
começa na mente do homem, é na mente do homem d que devemos edificar a defesa para paz”. Unesco
6
Violência e Cidadania
Multideterminadas
Um recorte possível
Ciência
Novo recorte
7
Sigmund Freud em 1922 - já dizia que, cedo ou tarde, g j q , , se encontrariam alterações nos cérebros de indivíduos com alterações do funcionamento mental.
8
De sua própria natureza;
O adolescente e o adulto resultam:
De sua própria natureza;
Das figuras parentais;
Da família;
Dos grupos sociais em que vive;
Da escola;
Da escola;
Da cultura e sociedade com:
valores,
crenças,
normas e
normas e
práticas.
9
Mente Criminal – Século XXI
Novidade: Novidade:
Aumento do reconhecimento de que fatores genéticos e neurobiológicos são igualmente importantes na modelagem do comportamento criminoso.
Fatores neurobiológicos =
Genética
e
ambiente
Fatores neurobiológicos =Genética
e
ambiente
.
Nature
and
nurture
.
A visão do Século XX:
Pobreza, desigualdade social e más companhias geram a violência.
10
11
Cerébro - Evolução
OS CÉREBROS FICARAM MAIORES – e cada vez mais, ao longo do tempo,
energeticamente exigentes. O cérebro humano moderno responde por 10 a 12% da
12
13
14
Cerébro: Área pré frontal
15
• A área pré-frontal desenvolveu-se muito, durante
Cerébro: Área pré frontal – Lesões
p
,
a evolução dos mamíferos, é particularmente
extensa e a última a desenvolver-se no homem.
• Quando lesado, o indivíduo perde:
– Senso responsabilidades sociais
• Comportamento desinibido • Tipo psicopático
• Embotamento emocional • Embotamento autonômico
• Tomada de decisão inadequada.
– Em julgamentos são considerados inimputáveis, ou seja, não se aplica pena.
16
Porque investir prioritariamente na
primeira infância
Comparação por Tomografia
entre dois cerébros:
17
IBGE e BID + Senado
• Cada dólar investido em políticas públicas para a • Cada dólar investido em políticas públicas para a
primeira infância, se economiza sete dólares que
teriam de ser investidos em assistência social, atendimento a doenças mentais, manutenção de sistemas prisionais, repetência e evasão escolar.
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
• 13 milhões de crianças de zero a seis, pertencentes a famílias carentes, estão fora de qualquer
equipamento ou programa primeira infância.
Agencia Senado Agencia Senado
18 Ministério da Educação divulga dados sobre a pré-escola
18/06/2009
• Crianças que freqüentam a pré-escola, até três anos, têm 32% a mais de chances de concluir o ensino médio
32% a mais de chances de concluir o ensino médio,
segundo dados divulgados na quarta-feira, dia 17, no Rio de Janeiro, pelo ministro da Educação, Fernando Haddad durante a Conferencia Global sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância.
• De acordo com o ministro, “esse é um dado muito i t t t d i t P i t
importante em termos de impacto. Por isso temos,
imediatamente, que aumentar a rede física de creches públicas e de creches conveniadas.
• Muitas vezes, a fotografia com o problema só é
revelada quando a pessoa tem 15 anos, mas ele já existe desde os três ou aos seis anos”.
e ste desde os t ês ou aos se s a os
• Haddad acredita que para mudar esta realidade vai ser preciso fazer o “caminho de volta” e pensar na pré-escola e na educação de zero a três anos.
19 Prefeituras do interior ficam sem verbas do
Pró-Infância - São Paulo
• Cinqüenta e cinco cidades da região de Ribeirão Preto (SP) deixaram de receber verbas do Pró Infância programa do deixaram de receber verbas do Pró-Infância, programa do Ministério da Educação (MEC), criado em 2007, que envia recursos às prefeituras para a construção de creches. Segundo o MEC, a maior parte das administrações municipais brasileiras que pleitearam as verbas foi contemplada.
• No entanto, na região de Ribeirão Preto, 22 municípios tiveram o projeto negado e outras 33 prefeituras não
pediram a verba. O Ministério informou que as cidades
que não conseguiram a verba não provaram ser donas dos terrenos escolhidos para construir a unidade ou não
comprovaram a necessidade de novas creches. p
• Por outro lado, algumas prefeituras não aprovadas alegam que mandaram a documentação correta e que há demanda para a construção das creches.
20 Prefeituras do interior ficam sem verbas do
Pró-Infância - São Paulo
• O Pró-Infância foi criado justamente por causa de reclamações das prefeituras, que se queixam da falta de
dinheiro para cuidar da educação infantil que é de dinheiro para cuidar da educação infantil, que é de competência municipal.
• Um outro fator que atrapalha alguns municípios é que, desde o ano passado, o MEC passou a exigir um novo documento, o Plano de Ações Estratégicas (PAR), uma
espécie de diagnóstico feito na cidade que aponta qual é p g q p q a estrutura disponível, quais as falhas e uma relação de metas, incluindo o número de crianças sem escolas e quantas unidades devem ser construídas.
• A cidade que teve o recurso recusado poderá se inscrever novamente no projeto. O Governo Federal dá prioridade a municípios cuja população seja superior a 150 mil
municípios cuja população seja superior a 150 mil
habitantes e que obtiveram nota abaixo de 4,2 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
• Até 2011, o Governo espera ter liberado R$ 1,8 bilhão para creches de todo o País. Folha de S. Paulo (SP),
21 Economista americano James Heckman
Premio Nobel Economia em 2000 (Reportagem de Veja – Paginas Amarelas)
• “Tentar sedimentar num adolescente o conhecimento que
d i t id t d l d t t i
deveria ter sido apresentado a ele dez anos antes custa mais e é menos eficiente, sai algo como 60% mais caro ”
• “Quanto antes os estímulos vierem, mais chances a criança terá de se tornar um adulto bem-sucedido”.
• “Hoje não se vai muito longe sem aquilo que poderíamos chamar de traquejo social, ou a capacidade de manter o
t l di t d it õ d I d
controle diante de situações adversas. Isso pode ser desenvolvido. E, quanto mais cedo, melhor”.
• “Está provado que a família é o fator isolado que mais explica as desigualdades numa sociedade como a brasileira”.
• Nesse cenário, não há melhor aplicação do que canalizar o
dinheiro para a formação de crianças em seus primeiros p ç ç p anos de vida. Insisto nisso porque são os países que já estão
nesse caminho justamente os que se tornam mais competitivos – e despontaram na economia mundial.
22
Economista americano James Heckman
Premio Nobel Economia em 2000
• “As lacunas da primeira infância atrapalham muito. Sempre ascomparo aos alicerces de um prédio. Se a base for ruim, o edifício p p , desmoronará”.
• “É verdade que, por volta dos 10 anos, como mostram os estudos científicos, as habilidades cognitivas já estão cristalizadas e se torna bem mais difícil desenvolvê-las. Mas não é impossível. A questão central é que isso demandará mais tempo, custará mais caro e não necessariamente produzirá os mesmos resultados”
não necessariamente produzirá os mesmos resultados .
• “A ausência de bons incentivos na primeira infância está
associada a uma série de indicadores ruins, como evasão escolar e gravidez na adolescência. Isso representa um custo enorme às sociedades”;
• “Na educação, há sempre a tentação de reduzir tudo à luta do
capitalismo contra o marxismo. Um país ganha muito quando retira o debate do terreno político e o põe sobre bases científicas e econômicas”
23
Desenvolvimento do Cérebro.
• Construção inicia na quinta semana de gestação;
• Temos 100 bilhões de neurônios antes da 20 semana de • Temos 100 bilhões de neurônios antes da 20 semana de
gestação;
• há um pico de produção de neurônios entre a 12ª. e 16ª semana;
• Ritmo de produção chega a 5 mil por segundo; • Seu desenvolvimento resulta da interação entre os • Seu desenvolvimento resulta da interação entre os
genes e as experiências;
• As experiências iniciais afetam a forma como os cérebros se desenvolvem;
• Existem janelas de oportunidades, ou seja, períodos preciosos que demandam de ambiente propício. p ec osos que de a da de a b e e p op c o
24
Evolução do Cérebro
• Recém-nascido a termo 330 gramas • 18 meses 800 gramas • 3 anos 1 110 gramas
• 6 anos 80-90% - quatrilhões sinapses
• Adulto 1 400 gramas
A t d t í d
• Aumento de quatro vezes no período.
• Após o nascimento, a conexão entre os neurônios (sinapses) é que proporciona o aumento do volume cerebral
25
A rede de Conexão dos Neurônios
Em três períodos da vida:
26
Cérebro: construção e história
• O cérebro é construído dentro de um modelo homeostático (auto ajustado buscando o equilíbrio) dentro de uma tríade (mãe / pai / sociedade). Suas Influências são:
– Genética,
– Influência da vida intra-uterina, – Experiências durante o nascimento,
– Amamentação no pós-parto exclusiva e de preferência até 6 meses,
(E t é lh did d ã l f ti i l)
(Esta é a melhor medida de prevenção neuronal, afetiva e social); – Primeiros dias de vida extra-uterina,
– Tipo de amparo, acolhimento e recepção.
• O período intra-uterino é o período de maior crescimento. • De acordo com experiências pós natais(físicas e afetivas,
positivas ou negativas) é que se formarão os novos caminhos neuronais.
27
Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) Imagens seccionais do cérebro vivo
Usa cores para representar diferentes graus de atividade.
28
Imagens PET do cérebro de uma pessoa normal (esquerda), um assassino com história de privação na infância (centro) e um assassino
sem história de privação (direita).
As áreas em vermelho e amarelo mostram uma atividade metabólica mais alta, e em preto e azul, uma atividade metabólica mais baixa.
O cérebro de m sociopata (direita) tem ma ati idade m ito bai a em O cérebro de um sociopata (direita) tem uma atividade muito baixa em muitas áreas.
29
30
Modelo cientifico da ativação crônica de Resposta ao Estresse FATOR ESTRESSANTE Respostas comportamentais Hipocampo Respostas metabólicas Respostas eletrofisiológicas Hipófise Hiperatividade do Eixo HPA Locus coeruleus CRF metabólicas Respostas autonômicas
Adaptado de: Arborelius L, et al. J Endocrinol. 1999;160:1-12. Adrenalina
Noradrenalina Glicocorticóides
Noradrenalina
31
O Estresse e a Morte Celular
ESTRESSE
Glicocorticóides BDNF Ramificação dendrítica Sobrevivência At fi / t normal e crescimentoBDNF=fator neurotrófico derivado do cérebro. Sapolsky RM. Arch Gen Psychiatry. 2000;57:925-935. Duman RS, et al. Biol Psychiatry. 2000;48:732-739.
Atrofia/morte dos neurônios
32
Principais
Principais componentescomponentes e e suassuas subdivisõessubdivisões
O Cérebro Moral
O Cérebro Moral
Moll J, Zahn R, Oliveira-Souza R, Krueger F, Grafman J. Nature Rev Neurosc, 2005
Unidade de Neurociência Cognitiva e Comportamental
33 Ex., Compaixão ÆElementos perceptuais (expressão f i l d t i t ) facial de tristeza) ÆElementos semânticos abstratos (desamparo de uma criança órfã)ç ) ÆEstados motivacionais básicos (tristeza, empatia afetiva) ÆPredição do futuro (chances de adoção sao baixas)
34 Baseado em cultura: cultura: Afiliação à terceiros mediada por valores Não familiar comuns Aversões culturalmente-mediadas familiar mediadas Familiar Maior estímulo à cooperação (além da reciprocidade)
35
LOBOS FRONTAIS
• Muitos comportamentos associados às relações sociais são controlados pelo lobo frontal;p ;
• Todos os primatas sociais desenvolveram bastante o cérebro frontal, e a espécie humana tem o maior
36
Evidência de regiões envolvidas no julgamento moral e sentimentos morais (estudos de lesão cerebral e neuroimagem funcional);
Cerebro Moral: Conclusões
Conjunto bem definido de componentes neurais, confirmado por estudos independentes;
Através da integração de áreas cerebrais há a emergência de fenômenos morais complexos (sentimentos morais, valores, etc.);
As mesmas áreas cerebrais são ativadas quando uma pessoa toma uma
ó à
decisão visando só recompensa financeira ou visando recompensa moral às custas de prejuízo financeiro;
O córtex frontal e temporal são ativados enquanto voluntários saudáveis desenvolvem determinada tarefa que envolve julgamento moral;
Disfunções específicas destas áreas (neurais, genéticas, do desenvolvimento) levam a perfis comportamentais anormais;
Há integração entre razão e emoção mesmo em contextos sócio-culturais complexos.
37
Comportamento Anti‐Social Anormal
Ausência ou debilitação do “sentido moral” com preservação da capacidade intelectual de discernir o certo do errado.
38 MAPEAMENTO
DAS EMOÇÕES:
Indivíduos normais e psicopatas comunitários submetidos ao teste
Esquerda: Pessoa normal
Faz julgamentos morais, ativa as comunitários submetidos ao teste Bateria de Emoções Morais (BEM) e ressonância magnética funcional.
áreas pré-frontais (laranja e roxo), responsáveis pelos aspectos cognitivos do julgamento – que são frios e racionais.
Também são ativados o
hipotálamo (azul), relacionado às emoções básicas como raiva e
Direita: Psicopata:
Diminui sensivelmente a ativação das áreas relacionadas tanto àsemoções
emoções básicas, como raiva e medo, e o lobo temporal anterior (vermelho), ligado às emoções morais, tipicamente humanas.
áreas relacionadas tanto às emoções primárias (azul) quanto às morais (vermelho) e aumenta a atividade nas
áreas pré-frontais (laranja e roxo),
ligadas aos circuitos cognitivos, de razão pura.
39
Estudos Funcionais – PetScan
• Assassinos e infratores impulsivos violentos mostram redução funcional no córtex pré-frontal;
• Sugere que esta região age como um “freio de
emergência” para emoções desenfreadas geradas por t t lí bi
estruturas límbicas;
• Corroboram estudos neuropsicológicos, neurológicos e psicofisiológicos, indicando a robustez destes achados.
40
Papel do ambiente social
• O ambiente social pode interagir com fatores de risco genéticos e biológicos para comportamento anti-social; • O comportamento violento e criminoso está
exponencialmente aumentado quando combinado com fatores de risco sociais e biológicos;
fatores de risco sociais e biológicos;
• Estudos de diversos países demonstraram que
complicações ao nascimento interagem com ambientes familiares negativos (rejeição materna precoce) para predispor à infração violenta na vida adulta;
predispor à infração violenta na vida adulta;
42
Evidências:
• Há um número crescente de evidências de anormalidades cerebrais em grupos anti-sociais;
• Fortes evidências para o envolvimento do córtex pré-frontal;
• Desequilíbrio anatômico e funcional entre diferentes áreas cerebrais;
• Prejuízos anatômicos correspondem a prejuízos funcionais;j p p j ;
43
Genética
e
ambiente
.
Nature
and
nurture
.
• Biologia não é destino;
É
• É possível modular os fatores de risco
neurobiológicos!!!
44
1970 British Cohort Study (BCS70)
• O 1970 British Cohort Study (BCS70) é um estudo longitudinal multidisciplinar contínuo que tem como sujeitos todos os nascidos na Inglaterra, Escócia e Gales em uma determinada semana de Abril de 1970 e estes estão sendo acompanhados até hoje, ou
e estes estão sendo acompanhados até hoje, ou seja, estão com 38 a 39 anos de idade com todas suas caracteristicas mapeadas..
Informações sobre o British Cohort Study em:
45
Projeto “Vacina”
• Instituto Zero a Seis;
• FIA-FEA-USP;
• Mais de 200 pesquisadores e estudiosos.
• Estudo dos Fatores de Risco e Fatores de
Proteção na Primeira Infância
46
Causas da violência:
• Genética • Constitucional: • Constitucional: – Metabólicas – Químicas – Enzimáticas. • Tóxicas• Doenças Físicas e mentaisç
• Psicológicas – vítimas de violência
• Sociais – pobreza e miséria + humilhação + consumo + incapacidades + impotência;
• Instrumentais
• Culturais – culturas belicosas e culturas pacíficasCu tu a s cu tu as be cosas e cu tu as pac cas • Religiosas
47
Prevenção da Violência
• 80% da violência é transgeracional,
passa de uma geração a outra;
passa de uma geração a outra;
• É possível prevenir esta violência e a vacina é o
apego seguro
com o desenvolvimento da
empatia na formação do individuo
E t
ã d
d d
b
• Esta prevenção depende de uma
base
segura
, da sensibilidade e da
resiliência,
que é a capacidade deste individuo de lidar com
problemas e superar obstáculos;
A
i
ã
i l difi
lt
• A privação social dificulta
o
48
Multideterminação da Violência
• “O comportamento agressivo normalmente é fruto da combinação de genes, desenvolvimento anormal dos lobos frontais e gatilhos ambientais”.
Jordan Grafman, chefe da Seção de Neurociência Instituto Nacional de Doenças Neurológicas e Instituto Nacional de Doenças Neurológicas e Derrame
49
Richard Rhodes/ Dorothy Lewis - EUA
• Richard Rhodes - Estudou criminosos e observou que todos falavam sobre sua primeira infância na qual passaram dificuldades, algumas até caóticas, como violência física sexual e negligência
violência física, sexual e negligência.
Dorothy Lewis - Estudou jovens criminosos e chegou à conclusão similar; todos tinham tido uma primeira
50
Ruther (Inglaterra), Werner (E.U.),
Cyrulnik (França)
• Muitos seres humanos conseguem se adaptar à vida apesar de fatores estressantes e adversos;
• Essa capacidade não é inata, nem mágica e se i h d iliê i
convencionou chamar de resiliência;
• E pode ser adquirida pelas ações de políticas integradas e com significativa participação da comunidade, suas lideranças, organizações culturais e políticas.
51
Algumas experiências:
• Gessé Souza (Brasil) - Sociologia Universidade de Brasília e Heidelberg e
Juiz de Fora e coordenador do Centro de Estudos da Desigualdade Social escreveu “A Invisibilidade da desigualdade brasileira” e “A construção social g ç da subcidadania” analisa o sentimento de ganhador ou perdedor já aos 4-5 anos de idade;
• Bernard Golse (França) - primeiros 20 e 50 minutos de vida pós-natal,
engatinhar e tropismo pelo seio, diferenças nos padrões relacionais posteriores – estudo cohorte;
• Michael Meaney e Lisa Weinstock (Holanda e Israel) – estresse gestacional
e estresse nos dois primeiros anos de vida e involução do hipocampo, maior ti id d t d l ê i id d lt
reatividade ao estresse na adolescência e vida adulta;
• Hubert Montagner (França) – diferentes interações sociais já aos quatro
meses, mães normais e deprimidas e padrões de relação e coerência com observações posteriores socialização e formas de interação já presentes aos 4 meses de idade, permanecem no vida adulta como padrão;
• Philippe Rochat (USA) – juízo moral entre 3 e 5 anos;
• Joseph Murray (Inglaterra) - Sintomas e sinais de fatores de risco – desde a
t ã 1970 2008 1970 B iti h St d gestação –– 1970-2008 – 1970 British Study;
• Mary Stuart (Holanda) – parteiras, estudos cohorte e estudos comparativos;
52
•A ciência tem comprovado a enorme importância da educação e dos cuidados de qualidade durante os
O que diz a ciência?
educação e dos cuidados de qualidade durante os primeiros anos de uma criança para o seu sucesso na escola e na vida;
•O período que vai da gestação até o sexto ano de vida, e particularmente de 0 a 3 anos incluindo o gestacional, são os mais importantes na preparação dos alicerces das
competências, habilidades emocionais e cognitivas futuras;
•É neste período que a criança aprende, com mais intensidade, a fazer, a se relacionar, a ser, e a , , , ,
desenvolver importantes valores a partir de suas relações na família, na escola e na comunidade.
53
O que as pesquisas informam?
Particularmente do nascimento até os três anos de idade, vive-se um período crucial no qual vive-se formam mais de 90% das conexões cerebrais graças à interação do bebê com os estímulos do ambiente.
Todas as pesquisas pesquisadores e ciências posteriores Todas as pesquisas, pesquisadores e ciências posteriores ratificam a importância vital destas primeiras interações precoces no desenvolvimento futuro do ser humano;
“Pá de cal” sobre as teorias “fixistas” desenvolvidas há mais de 2500 anos, com suas terríveis conseqüências ideológicas,
líti i éti
54
Evidências da convergência:
Nature
and
nurture
Genética
e
ambiente
.
• O homem é um animal imaturo, prematuro e totalmente dependente ao nascer que, através dos mecanismos de apego e neuroplasticidade irá promover a construção e constituição do sujeito e seu ingresso normal ou
patológico na cultura; patológico na cultura;
• Ressalta-se neste processo o fundamental papel parental, de seus substitutos e da sociedade na
apresentação do mundo, o papel das identificações e do di d t l t ã d i l
55
Inclinações Construídas
• O temperamento de uma pessoa e a forma desta conduzir-se na sociedade não é mais um “destino”
inexorável resultante de “traços inatos”, mas dependente e o á e esu ta te de t aços atos , as depe de te de inclinações construídas em um meio ecológico e
histórico socialmente determinados principalmente pelo entorno afetivo e valores que cada um de nós encontra em seu meio social.
56
Violência x Infância x Guerras x Cidadania
• “Posto que as guerras nasçam na mente dos homens é na mente dos homens que devemos erigir-se os
baluartes da paz” - Unesco
• Os cuidados básicos na primeira infância são base sólida para todos os demais aprendizados e formam os sólida para todos os demais aprendizados e formam os pilares fundamentais para a prevenção da violência e para a construção da cidadania com a melhor relação custo-beneficio.
• A violência nasce com a violência nutre-seA violência nasce com a violência, nutre se,
desenvolve-se e morre com a violência. É necessária uma radical mudança de valores.
57
Conclusão
• Diferentes paradigmas clínicos da neurociência estão começando a convergir para a mesma conclusão:
– Há uma significativa base cerebral no comportamento anti-social;
E t b é t íd i t ã
– Esta base é construída na interação com os ambientes sociais;
– Estes processos neurocomportamentais são
relevantes para entender a violência cotidiana na sociedade contemporânea.
58
Conclusões
• Uma nova geração de pesquisas em neurociência clínica que engloba imagens cerebrais e genética molecular está originando o conceito de que genes
ífi i bi ( i l
específicos interagem com o ambiente (material e social) e a cultura resultando em disfunções cerebrais funcionais e estruturais que predispõem ao
59
Há muito por ser feito; Há muito por ser feito;
60 Se há tanta clareza sobre os benefícios de programas que
mirem os primeiros anos de vida de uma criança, por que os governos ainda resistem a essa idéia?
J H k Há dú id h l i â i
• James Heckman: Há, sem dúvida nenhuma, alguma ignorância
sobre o que a ciência já desvendou – mas isso é só uma parte do
problema. A outra diz respeito a uma questão mais política. Para investir em programas com o objetivo de intervir nas famílias, é preciso, antes de tudo, reconhecer que há algo de errado com elas. Um ônus com o qual os políticos não querem arcar.
• Eles passam ao largo dos fatos e, pior ainda, divulgam uma
imagem mistificada. Nessa visão ingênua, a família é uma unidade inabalável, que invariavelmente proporciona às crianças bem-estar. Além de não corresponder à realidade, essa imagem idílica só atrapalha, uma vez que ofusca o problema.
M i d 10% d i i ã i d j d
• Mais de 10% das crianças americanas são indesejadas, e
muitas dessas jamais chegam a conhecer seus pais. Que tipo de incentivo para aprender se pode esperar numa situação dessas?
61
RNPI/PNPI
• [...] a criança não pode mais ter seus direitos fracionados em torno de diversas agências governamentais que
muitas vezes não dialogam e que competem entre si por recursos. É preciso desenvolver um sistema que articule
ó ã tid d t i ã t i
órgãos e entidades governamentais e não governamentais para que as políticas sejam mais efetivas e eficazes.
• O momento atual pede que as políticas públicas voltadas para a infância investiguem as raízes dos nossos
problemas sociais.
62
Podemos criar este contexto
favorável?
63
Constituição Federal – 5/10/1988
Artigo 227
•É dever da família, da sociedade e do Estado
assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de
toda forma de negligência, discriminação, exploração,
i lê
i
ld d
64
Talvez seja hora dos políticos, governantes, indivíduos e a sociedade como um todo incluírem a ‘compaixão
social’ nas suas pautas e agendas de trabalho.
65
O ponto-chave:
É impossível hoje falar em
desenvolvimento de uma nação
como o Brasil sem considerar a
como o Brasil, sem considerar a
importância do cumprimento de
políticas públicas voltadas para a
promoção de uma infância
dá
l
66
Questões para discussão.
• O que é importante e precisa ser feito no município? C f i i lti fi i i ?
• Como fazer via equipes multiprofissionais?
• Quais são os efeitos e resultados desta negligência? • Município vai gastar mais?
• Creche é a solução?
• Existem alternativas mais simples e de baixo custo? • Que recursos da comunidade podem ser utilizados?
• É possível economizar recursos financeiros nos municípios com projetos da primeira infância?
• “Vacina” pode ser base para a implantação de políticas públicas municipais?
• O que a Aliança Compromisso com o Futuro, a IPA e o
Instituto Zero a Seis podem fazer neste sentido em parceria com os municípios?
67 Instituto Primeira Infância
e Cultura de Paz
www.zeroaseis.org www.zeroaseis.org