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Artigo Científico A Prisão Perpétua no Estatuto de Roma*

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Academic year: 2021

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Artigo Científico

A Prisão Perpétua no Estatuto de Roma*

Ten Cel Com Carlos Alberto Dahmer

1. INTRODUÇÃO

Inúmeros conflitos ocorridos ao lon-go de séculos em todo o mundo extrapola-ram seus objetivos militares ou mesmo, tive-ram desde seu início, objetivos de extermínio étnico, genocídio, movimentação de popula-ções, dentre outros, que provocaram sofri-mentos profundos à humanidade.

Como nos expõe Fraidenraij (2001), a primeira proposta no sentido de criar um Tribunal Internacional para julgar crimes de guerra, de genocídio e contra a humanidade, foi feita por Gustave Mounier, em 1864, um dos fundadores do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, durante as negociações para melhoria das condições dos prisioneiros de guerra. Como outros projetos neste sentido, este não se concretizou.

Muito tempo se passou até que, por iniciativa da Assembléia Geral da ONU, foi proposta a criação de um Tribunal Penal In-ternacional (TPI), para julgamento de crimes de guerra, genocídio, crimes contra a huma-nidade e crimes de agressão e que foi efeti-vamente instalado em 11 de março de 2003. A criação desse Tribunal impõe uma adaptação na legislação dos países signatários do Estatuto de Roma, instrumento que lan-çou as bases do Tribunal, e provocará conse-qüências para todos os nacionais dos países que se sujeitam a esta legislação.

RESUMO

Com a criação do Tribunal Penal In-ternacional (TPI) através do Estatuto de Roma, foi instituída a possibilidade de acusa-dos julgaacusa-dos pelo TPI serem condenaacusa-dos à pena de prisão perpétua. Este fato configu-ra-se como uma grande alteração na responsa-bilidade penal para os integrantes do Exército Brasileiro, mesmo que o dispositivo do Esta-tuto de Roma contrarie a vedação constitucio-nal brasileira de aplicação de penas perpétuas. Palavras Chave: Tribunal Penal Interna-cional, Estatuto de Roma, prisão perpétua.

ABSTRACT

With the creation of the Internatio-nal CrimiInternatio-nal Court (ICC) through the Statute of Rome, was instituted the possibility of ac-cused judged by the ICC to be condemned to the perpetual punishment by confinement. This fact is configured as a great alteration in the criminal liability for the integrant of the Brazilian Army, although the rule of the Sta-tute of Rome opposes the Brazilian Consti-tutional prohibition of application of perpe-tual punishment by confinement.

Keywords: Internacional Criminal Court, Statute of Rome, perpetual confinement

* Este artigo científico representa o resumo da dissertação apresentada pelo autor, em cumprimento à exigência curricular para a obtenção da titulação de “Mestre em Ciências Militares”, concedida pela ECEME.

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tivo proposto, conforme a afirmação de Vi-anna (2003, p. 7), quando se refere a pesqui-sa jurídica:

“Ainda que o ideal – até por uma questão de confiabilidade dos dados – seja obter os dados diretamente, vale lembrar que o pesquisador empírico não necessita obrigatoriamente de realizar trabalhos de campo, pois muitos dos dados da realidade social, política e econômi-ca de seu problema podem perfeitamente ser encontrados em material bibliográfico das mais diversas fontes”.

As fontes examinadas foram o texto do Estatuto de Roma, além de diversas obras brasileiras e estrangeiras que abordam o assunto e encontram-se discriminadas nas referências.

3. RESULTADO

Segundo o Estatuto de Roma, em sua versão final aprovada na conferência de Roma, o Tribunal Penal Internacional terá jurisdição de caráter complementar às juris-dições nacionais e jurisdição ratione materiae sobre os crimes de genocídio, de agressão, de guerra e contra a humanidade. Este princípio é chamado de complementaridade.

O Brasil, apesar de ser signatário de todos os tratados de direito internacional hu-manitário, somente em poucos casos provi-denciou a legislação interna para punir os que infringissem as normas contidas nestes trata-dos. Sendo assim, o país não possui o suporte legal para julgar internamente seus nacionais acusados de crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio, estando os nacio-nais, caso acusados de um destes crimes, sujeitos a julgamento pelo TPI. Neste senti-do é a afirmação de Steiner (2003, p. 4), juí-za brasileira no TPI.

corrente das pesquisas realizadas durante a confecção da dissertação relativa ao tema “O Tribunal Penal Internacional e seus possíveis reflexos para a responsabilidade penal dos integrantes do Exército Brasileiro”.

Durante as pesquisas algumas alterações na responsabilidade penal foram encontradas e este artigo apresenta as conclusões, relativas à possibilidade de aplicação da pena de prisão perpétua aos condenados em julgamentos do TPI, incluindo os militares brasileiros.

Para alcançar o objetivo proposto, de encontrar as possíveis alterações relativas a pena de prisão perpétua, foi utilizada a for-ma de pesquisa exploratória, por ser a que apresenta características mais flexíveis de es-truturação e se adapta em ótimas condições aos assuntos novos (SILVA, 2001), como é o caso do TPI.

A pesquisa realizada conclui que o Estatuto de Roma - que criou o TPI, - abriu a possibilidade de aplicação da pena de pri-são perpétua para os brasileiros, apesar de nossa Constituição Federal (BRASIL, 1988) vedar este tipo de pena.

2. MATERIAL E MÉTODO

Como já exposto, o tipo de pesquisa adotada foi a pesquisa exploratória. Em re-lação ao método específico de pesquisa foi selecionado o método comparativo, com o emprego amplo de fontes bibliográficas, para verificar os diferentes posicionamentos dou-trinários e buscar uma conclusão se a ado-ção da pena de prisão perpétua pelo Estatu-to de Roma trouxe alterações na responsa-bilidade penal dos integrantes do Exército Brasileiro ou se a vedação constitucional a este tipo de pena impediria sua aplicação para os brasileiros.

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“Se acontecessem, em tese, por um desses dias alguns crimes contra a humanidade, os acu-sados teriam que ser enviados ao TPI porque não teríamos como julgá-los. Se quisermos evitar que brasileiros sejam entregues ao TPI, temos que aprovar esse anteprojeto”.

Constatado este fato, foram examina-das quais as possíveis penas impostas pelo TPI. O Estatuto de Roma as define em ape-nas quatro artigos, abordando o assunto de maneira genérica.

O artigo 77º do Estatuto de Roma apresenta uma lista de penas aplicáveis para todos os crimes, tendo como penas princi-pais a prisão perpétua e o encarceramento por até trinta anos. A multa e o confisco de bens são penas acessórias e a pena de morte ficou excluída.

Conforme nos expõe Sabóia, (1999), a imposição da prisão perpétua implica na revisão da sentença prevista no artigo 110o, segundo o qual o TPI fará a revisão após 25 anos, verificando se deverá ou não reduzir a pena. Os fatores relevantes para a revisão estão contidos no artigo 110o, parágrafo 4º. No entanto, a norma contida no artigo 77o que determina a possibilidade de encarcera-mento à perpetuidade, contrasta com o disposto no artigo 5º, inciso XLVII, letra b, da Constitui-ção Brasileira (BRASIL, 1988), que proíbe a exis-tência de penas de caráter perpétuo.

Devido a esta contradição passou-se a examinar se é aplicável o princípio da pre-valência dos Tratados Internacionais e, em particular dos direitos humanos, sobre as normas internas, sejam elas constitucionais ou infra constitucionais, de forma a permitir sua aplicação imediata. Esse princípio é de-fendido por alguns autores como Piovesan (1999). A autora afirma que os tratados in-ternacionais que versam sobre direitos hu-manos têm status de norma constitucional,

pois, por força do artigo 5º, parágrafo 2º, da Constituição Federal (BRASIL, 1988), teria ficado estabelecida sua incorporação automá-tica ao ordenamento jurídico pátrio.

Fazendo coro a este posicionamento, encontramos a opinião de Mazzuoli (2001) que afirma ter o já citado parágrafo 2º, do art. 5º, da Constituição Federal de 1988, um caráter eminentemente aberto, dando mar-gem à entrada ao rol dos direitos e garantias consagrados na Constituição de outros direi-tos e garantias, provenientes dos Tratados Internacionais de que o Brasil seja parte.

Em que pese esse entendimento dos autores que defendem a prevalência dos tra-tados internacionais, encontramos posições francamente contrárias, como a de Galaad, (1999) em que afirma existir uma igualdade entre os princípios constitucionais, e sendo eles importantes para a defesa dos interesses do cidadão é necessário o estabelecimento de uma interpretação harmônica e compatí-vel das normas constitucionais; o intérprete deve detectar aquele que seria o valor ou bem de grau superior. Para o autor, nessa escala, o princípio de maior valor é o da soberania. Apesar de existirem outros princípios essen-ciais, como a cidadania, a dignidade da pes-soa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, e o pluralismo político, a própria Constituição em sua ordenação co-loca a soberania no topo da hierarquia dos princípios e, portanto, os Tratados Internaci-onais não são auto-aplicáveis.

Já More (2002, p. 3) apresenta uma posição intermediária diante do fato, aceitan-do a importância da soberania nacional, po-rém limitando-a em sua abrangência quando diante da ordem legal internacional:

“O exercício da soberania interna do Estado é absoluto, pode o Estado criar e revogar leis, inclusive aquelas oriundas de tratados

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prevista no artigo 5º, há autores que sustentam a impossibilidade de que fosse ratificado Esta-tuto de Roma, pois faria ingressar no ordena-mento jurídico brasileiro disposição incompatí-vel com seus fundamentos mais relevantes.

Sobre o tema, Cernicchiaro, (1999, p. 7) sustenta que:

“Todavia, por norma submissa à constitui-ção, ao aceitar o Estatuto, o Brasil, sem dú-vida, por via oblíqua, estará renunciando a própria soberania. É certo que num momen-to em que a política entra na sala, o direimomen-to sai pela janela. Por razões de política inter-nacional, poderá o Brasil querer subscrever sem reserva esse estatuto. Estará, a meu avi-so, afrontando a nossa constituição [...]”

Tokano (1999, p. 3) vai mais longe em sua crítica:

“O Estatuto de Roma, em seu art. 77º, vai de encontro com diversas legislações penais, inclusive a brasileira, ao prever a pena de prisão per pétua para condutas extremas. Não se pode conceber um sistema penal, de abrangência planetária, feito justamente para conter abusos contra a humanidade, que contemple a pena de prisão perpétua – que nada mais é que uma pena de morte permanente –, numa flagrante violação a princípios basilares de direitos humanos”.

Por outro lado, existem autores que acre-ditam na possibilidade de compatibilização en-tre o ordenamento constitucional e o interna-cional, no que se refere à pena perpétua.

A respeito deste assunto assim se manifesta Steiner (2000, p. 4):

“As normas de direito penal da Constituição regulam o sistema punitivo interno. Dão a exata medida do que o constituinte vê como justa retribuição. Não se projeta, assim, para ternacional, a soberania estatal, que em nada

de difere da soberania interna, encontra limi-tes na ordem legal internacional; limilimi-tes deli-neados pelo direito internacional e que visam a regular e harmonizar as relações jurídicas entre os Estados”.

Para Japiassú (2004), se for aceito o princípio da prevalência dos tratados interna-cionais dos direitos humanos, poderíamos ad-mitir que o Estatuto de Roma estaria automa-ticamente incorporado ao ordenamento inter-no brasileiro, porém, inter-no que tange à prisão perpétua, esta pretensão não encontra susten-tação, visto que a norma internacional é me-nos benéfica que a norma nacional, o que contraria a própria lógica do preceito. Não pode ter validade a norma que menos protege os direitos humanos (permite a prisão perpétua), superando a mais protetora (veda esta moda-lidade de prisão). Com base nesse argumento, não há como adequar sem modificações da Constituição as regras relativas às penas do Tribunal Penal Internacional.

Examinada a questão doutrinária da possível incompatibilidade do texto do Esta-tuto de Roma diante da nossa Constituição Federal (BRASIL, 1988), o passo seguinte foi a análise da possibilidade de modificação da Carta Magna, para compatibilizá-la com as normas aprovadas pelo Estatuto de Roma.

No Brasil, o poder de reforma cons-titucional enfrenta limitações impostas pelo Art. 60º, parágrafo 4º, da própria Constitui-ção (BRASIL, 1988), onde está definido que não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos poderes; e “os di-reitos e garantias fundamentais”. São as cha-madas cláusulas pétreas.

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ARTIGO CIENTÍFICO

outros sistemas penais aos quais o país se vincule por força de compromissos internacio-nais. Nesse sentido vem se posicionando a Suprema Corte, deferindo a extradição de pessoas para Estados requerentes onde está prevista a pena de prisão perpétua. Ademais, nossa Constituição prevê pena de morte para crimes militares cometidos em tempo de guer-ra. Essa disposição deixa entrever que, para crimes de maior gravidade, pode-se aplicar pena muito mais grave que a prevista no Estatuto do TPI, que contém inclusive figuras penais semelhantes às previstas em nosso Código Penal Militar, e para as quais pode-se aplicar a pena capital”.

Para a citada autora, se a Constitui-ção, em caso de guerra, admite a pena de morte, que é mais grave que a perpétua, esta seria perfeitamente admissível nos casos da prática de crimes característicos dos confli-tos armados (STEINER, 2000).

Para Japiassú (2004), este não parece ser o entendimento mais adequado, uma vez que a Constituição se refere objetivamente a “guerra declarada”, não admitindo a inter-pretação constitucional que sejam equipara-das situações assemelhaequipara-das de guerra. Afinal, tais delitos nem sempre são cometidos em um contexto de guerra declarada e, ainda mais, podem ocorrer em situações de confli-tos não armados ou de caráter não internaci-onal. Sendo assim, essa posição não parece solucionar o problema.

Com efeito, a atual posição da maio-ria do STF, contramaio-riando entendimento juris-prudencial mais antigo, é de que não deve-mos realizar a “extensão transnacional” da proibição da pena de prisão perpétua. Sendo assim, o país admite extraditar indivíduos, mesmo para países que tenham em seus or-denamentos a previsão de pena de prisão perpétua, sem exigir a comutação destas pe-nas para o máximo de trinta anos, conforme

consta no ordenamento brasileiro, de acordo com o antigo entendimento do STF (STF, 1983). A atual posição jurisprudencial está assim consolidada:

“Extradição. Promessa de reciprocidade: Re-pública Federal da Alemanha. Crime de ho-micídio. Prisão perpétua. (...) 3. A comina-ção de prisão perpétua ao delito de homicídio, prevista em legislação penal estrangeira, não inviabiliza a extradição, consoante reitera-das decisões do Supremo Tribunal Federal. 4. Pedido de extradição deferido. (STF, 1985)”

Este posicionamento do STF de-monstra que a mais alta Corte brasileira ad-mite que, em sistemas jurídicos diferentes, as leis penais podem ser antagônicas, uma vez que a jurisdição é exercida de forma autôno-ma. Ramos (2000) afirma que este posicio-namento do STF coaduna-se com o disposto no Estatuto de Roma, pois condena a “ex-tensão transnacional” de direitos, preservan-do o princípio da territorialidade. A limitação constitucional somente diz respeito a esfera da lei penal interna, não podendo haver limi-tação que atinja o direito internacional de-corrente de uma norma nacional. Para o au-tor não há, portanto, incompatibilidade entre o Estatuto de Roma e a lei brasileira, nem mesmo necessitando qualquer adaptação, uma vez que são sistemas distintos com princípios próprios.

4. DISCUSSÃO

Através da pesquisa, foi constatado que a possibilidade de prisão perpétua para os acusados de crimes da competência do Tribunal Penal Internacional é uma grande inovação em termos de penas introduzida pelo Estatuto de Roma, para os integrantes do Exército Brasileiro.

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Es-tatuto de Roma, passou a aceitar a possibili-dade de ser cominada a pena perpétua aos acusados de crimes de competência do TPI. Esta possibilidade advém do princí-pio da complementaridade, pois o TPI pode avocar a si o julgamento de um brasileiro acusado de um dos crimes de sua competên-cia, em função de nosso país não dispor do suporte legal para realizar o julgamento em seu território.

Com esta possibilidade de conflito le-gal abriu-se uma acalorada discussão entre os doutrinadores, com um grupo alegando a prevalência dos tratados internacionais que tratam de direitos humanos sobre a Consti-tuição, negando, portanto, o conflito legal, enquanto outro grupo rejeitava esta afirma-ção, privilegiando o princípio da soberania da Constituição sobre os tratados internacionais. Esta contenda jurídica, não resolveu o pro-blema surgido com a assinatura do Estatuto de Roma, configurado pela possibilidade de um brasileiro e, em particular, um integrante do Exército Brasileiro, vir a ser julgado e con-denado a uma pena perpétua, mesmo isto sendo vedado em nossa Constituição.

5. CONCLUSÃO

Pelo que foi apresentado, pode-se perceber que a pena de prisão perpétua é uma grande modificação na responsabili-dade penal de todos os brasileiros e, em parti-cular, dos integrantes do Exército Brasileiro.

Mesmo o fato de nossa Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso XLVII, proi-bir de forma clara a aplicação de penas de caráter perpétuo, não impedirá que, eventu-almente, um brasileiro seja condenado à pri-são perpétua pelo TPI.

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ARTIGO CIENTÍFICO

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O autor é bacharel em Ciências Milita-res pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), mestre em Operações Militares pela Escola de Aperfeiçoamen-to de Oficiais (EsAO) e mestre em Ciên-cias Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME). É bacharel em Direito pela Universida-de da Região da Campanha. (E-mail: cadahamer@ig.com.br).

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